Sedimentação Discreta (Tipo I)

10.5 - Decantação
Processo de separação sólido-líquido que Propriedade da Sedimentação Discreta
tem como força propulsora a ação da gravidade
DECANTAÇÃO Filtração
1
Vs <Vsc
Vs >Vsc Vh
Coagulação Floculação Flotação Filtração H Vsc
B
Filtração
L
Sedimentação dos flocos formados na mistura lenta
Serão removidas por filtração A dimensão física da partícula velocidade de
permanece inalterada durante o sedimentação
seu processo de sedimentação → constante
gravitacional
TH028 - Saneamento Ambiental I 4 TH028 - Saneamento Ambiental I 7
CLASSIFICAÇÃO DOS PROCESSOS DE SEDIMENTAÇÃO Sedimentação Discreta (Tipo I)
As partículas permanecem com dimensões e velocidades constantes ao longo do
• Sedimentação discreta (Tipo 1) processo de sedimentação, não ocorrendo interação entre as mesmas
• As partículas permanecem com dimensão e
velocidades constantes ao longo do processo
de sedimentação. 1
• Sedimentação floculenta (Tipo 2) Vh
• As partículas se aglomeram e aumentam sua H Vs
dimensão e velocidade ao longo do processo
de sedimentação. B
• Sedimentação em zona (Tipo 3) L
• As partículas sedimentam em massa (i.e.,
adição de cal). As partículas ficam próximas e Vh = L / t Taxa de aplicação
Q.H
interagem. V .H Vsc = superficial (TAS)
V = h
sc B.H .L
• Sedimentação por compressão (Tipo 4) Vsc = H / t L 𝑇𝐴𝑆 =
𝑄
• As partículas se compactam como lodo. Q Q Q Q 𝐴𝑆
Vh = = Vsc = =
B.L As
A B.H
TH028 - Saneamento Ambiental I 6 8
Análise do Equacionamento Matemático
Sedimentação Discreta (Tipo I)
Floculação e Sedimentação
VS Água bruta
Partículas com Vs superiores a TAS Água floculada
𝑉𝑠 ≥ 𝑇𝐴𝑆 serão removidas durante o processo
Água coagulada
Q de sedimentação gravitacional
q=
TAS
dp > dc

Frequência relativa
As
Partículas
Vs=Velocidade de sedimentação (m/s) sedimentáveis
TAS=Taxa de aplicação superficial (m3/m2/dia)
► TAS é função somente da geometria do decantador,
portanto, é um parâmetro de projeto
► Vs é uma propriedade da partícula, podendo esta ser
manipulada mediante a operação dos processos de
Diâmetro crítico Diâmetro das
coagulação-floculação partículas
TH028 - Saneamento Ambiental I 9 Fonte: EPUSP TH028 - Saneamento Ambiental I 11
Floculação e Sedimentação
SEDIMENTAÇÃO FLOCULENTA (TIPO II)
Água bruta dc apresenta Vsc
Água coagulada
• Partículas se agregam ao longo do processo de sedimentação
Se Vs > q, todas as • velocidade de sedimentação das partículas não é mais constante
Frequência relativa

partículas com diâmetro • Com o aumento do diâmetro das partículas

superior a dc serão
• aumento de sua velocidade de sedimentação ao longo da altura
removidas
Diâmetro das
Diâmetro crítico
partículas
Fonte: modifcado de EPUSP TH028 - Saneamento Ambiental I 10 TH028 - Saneamento Ambiental I 12
 Sedimentação Floculenta (Tipo II)
Sedimentação Floculenta (Tipo II)
Propriedade da Sedimentação Floculenta
Vh
1 Vh
Vs
Vs Vh
H
Vs
B
L Zona de Zona de repouso
turbilhonamento Zona de decantação É onde se acumula Zona de ascensão
É a zona situada Nesta zona não há o lodo. Esta zona
na entrada da Os flocos que não
A dimensão física da partícula é agitação e as não sofre alcançam a zona de
água, observa-se partículas avançam e
velocidade de influência da repouso seguem o
alterada durante o seu processo nesta zona uma descem lentamente.
sedimentação certa agitação corrente de água movimento da água
de sedimentação gravitacional do decantador em
→ variável onde a localização e aumentam a
(floculação por sedimentação condições normais
das partículas é velocidade.
diferencial) variável. de operação.
TH028 - Saneamento Ambiental I 13 TH028 - Saneamento Ambiental I 17
Sedimentação Floculenta (Tipo II)
Tipos de decantadores em ETA
• Em função da direção do
escoamento:
• horizontal
• vertical
• Em função do princípio de
funcionamento:
• Convencional, clássico ou de baixa
taxa(esc. Turbulento) Do floculador para o decantador
• Simples
• Mecanizados
• Alta taxa, de elementos tubulares,
de placas (esc. Laminar)
TH028 - Saneamento Ambiental I 14 TH028 – Saneamento Ambiental I 19
 Sempre que possível projetar as
unidades de floculação e sedimentação
Decantador – Seção retangular formando uma estrutura única. Canal de água floculada (Canal de acesso ao decantador)
Consultar NBR 12216/92
Velocidade ao longo do canal:
• Maior que 0,15 m/s → para evitar sedimentação (senão devem ser previstas facilidades para limpeza
(declividade, registros de descarga, etc)
• No máximo igual à metade da velocidade nas aberturas de entrada nos decantadores
Seção transversal:
• Decrescente ao longo do
comprimento
Comportas:
• Objetivo: distribuir equitativamente a água no
decantador
• Gradiente de velocidade (G): menor ou igual à última
Vianna, 1997
Fonte: CARLOS EDUARDO F MELLO (UFOP) câmara de floculação
TH028 - Saneamento Ambiental I 20 TH028 - Saneamento Ambiental I 25
Decantador - Seção circular Cortina distribuidora
Objetivo: Uniformizar o fluxo de água floculada
Velocidade: Material:
• Muito baixa: distribui mal • Alvenaria
• Muito alta: Quebra o floco • Madeira
• Concreto
Fonte: CARLOS EDUARDO F MELLO (UFOP) Vianna, 1997
TH028 - Saneamento Ambiental I 24 TH028 - Saneamento Ambiental I 26
Cortina distribuidora
Gradiente de velocidade:
G = gradiente de velocidade (s-1)
D = diâmetro do orifício (m)
S= espaçamento entre os eixos de
dois orifícios adjacentes (m)
U = velocidade média de passagem
Coleta de água decantada
de água através do orifício (m/s)
ν= viscosidade cinemática da água
(m²/s)
x = distância percorrida pelos jatos
até que haja interferência entre eles
(m)
Vianna, 1997
TH028 - Saneamento Ambiental I 27 TH028 – Saneamento Ambiental I 29
Consultar NBR 12216/92
Distância entre orifícios ≤ 0,5 m
Distância da entrada = 1,5 H a/A
Sendo:
H – Altura útil do decantador (m)
a – área total dos orifícios (m²)
A – Seção transversal do decantador (m²)
a/A ≤ 0,5
Gradiente de velocidade nos orifícios ≤ 20 s-1
Se a parede da cortina tiver espessura inferior à dimensão que caracteriza as aberturas de
passagem da água, estas devem receber bocais de comprimento pelo menos igual à referida
dimensão.
TH028 - Saneamento Ambiental I 28 TH028 - Saneamento Ambiental I
Fonte: EPUSP 30
 DECANTADORES CONVENCIONAIS
PARÂMETROS DE PROJETO
► Taxa de aplicação superficial: TAS em função da vazão tratada
20 a 60 m3/m2/dia na ETA (ABNT, 1992):
(Em função das características de sedimentabilidade
Vazão TAS (m3m-2d-1)
do floco, definidas pelas etapas de coagulação-
tratada na
floculação → ensaio)
ETA (m³/d)
► Altura do decantador: 3 a 5 metros.
Até 1.000 Até 25
► Relação Comprimento/Largura
1.000 a Até 35 (bom nível
Sistemas de remoção de lodo
2,5 < L/B < 10 (usual: L/B  4)
10.000 operacional)
4 < L/h < 25 Até 25 (outros
► Re  20.000 (Verificação) casos)
► Fr  10-5 > 10.000 Até 40
► Tempo de detenção: 1,5 a 3 h (usual: 2 a 2,5 h)
Valor prático: t = 2 horas
TH028 – Saneamento Ambiental I 35 TH028 - Saneamento Ambiental I 43
Projeto Operação TAS t
(m3/m2.d) (h)
Instalações pequenas Precária 20 - 30 3-4
Nova tecnologia
(Floculação) Boa 35 - 45 1,5 - 2,5
Nova tecnologia
Dimensionamento
(Floculação) Excelente 40 - 60 1,5 – 2,5
• Número de unidades
Q < 10.000 m3/d → mínimo 2 unidades (limpeza)
Q > 10.000 m3/d → critérios econômicos (terreno, forma, tamanho)
TH028 – Saneamento Ambiental I 42 TH028 - Saneamento Ambiental I 44
Dimensionamento das calhas de coleta de água decantada Resposta:
ql  0,018.H .q 12,0 m
ql=vazão linear nas calhas de coleta de água decantada (l/s/m) 9,0 m
H=altura útil do decantador (m)
vs= velocidade de sedimentação (m3/m2/dia)
1,0 m
Em casos de impossibilidade de ensaio em laboratório da velocidade de sedimentação: 2,0 m
Taxa de escoamento linear (vertedor)  1,8 l/s/m
45,0 m
TH028 - Saneamento Ambiental I 45 TH028 - Saneamento Ambiental I 47
Exercício: Dimensionamento de unidades de
sedimentação
• Dados:
• Vazão: 1,0 m3/s
Decantadores laminares,
• Adota-se: tubulares ou
• Número de unidades de sedimentação: 04
• Profundidade da lâmina líquida=4,5 m de altas taxas de escoamento superficial
TH028 - Saneamento Ambiental I 46 TH028 - Saneamento Ambiental I 48
 Decantador convencional de fluxo horizontal
Decantador de fundo múltiplo
Todas as partículas dotadas de vs>vsc serão removidas, ao
longo do comprimento L durante um determinado tempo T.
1
Vs <Vsc
Vs >Vsc
Vh
H Vsc
B
Decantador de fundo múltiplo
L
Fonte: Richter
TH028 - Saneamento Ambiental I 49 TH028 - Saneamento Ambiental I 51
Decantadores de andares e de fundo múltiplo Floculação Decantador Filtros
Coagulante
Se for colocada uma bandeja a uma altura H menor que H0, as mesmas
partículas poderiam ser removidas num comprimento menor, reduzindo também o
tempo necessário para a remoção.
a)
) 5°
Vx
H/3 Vy
Problemas: Descarga de água de lavagem
• Aumento da frequência de remoção do lodo
• Não apresentou eficiência esperada
Vx Floculação Decantador Filtros
H/3 Bandejas →problema no regime do escoamento que Coagulante
H interferia no processo de sedimentação (Re
Vy entre 2.000 e 20.000)
Vx
H/3
Vy
b) ) 60°
4 ∙ 𝑅ℎ ∙ 𝑉
𝑅𝑒 =
L/3 𝜈
Descarga de água de lavagem
TH028 - Saneamento Ambiental I 50 TH028 - Saneamento Ambiental I 52
DECANTADORES LAMINARES OU DE ALTAS TAXAS DE
ESCOAMENTO SUPERFICIAL
Decantadores laminares
• Com o objetivo de aumentar a eficiência e diminuir o tempo de detenção surgiram os decantadores de Canal de Água
Floculada
andares ou de fundos múltiplos.
• Estocolmo – 2 andares;
• Tóquio e Paris – 3 andares. Canal de Água Decantada
• O problema prático a ser resolvido seria a remoção do lodo que deveria repetir-se com maior frequência;
• A solução encontrada foi a utilização de raspadores mecânicos.
• Porém, estes decantadores não apresentam a eficiência esperada.
• Estudos demonstraram que o problema estava no regime de escoamento, com Re entre 2.000 a 200.000,
o que interferia no fenômeno da sedimentação. 4 ∙ 𝑅ℎ ∙ 𝑉
• Sugeriu-se, então, que se mantivesse Re < 500 𝑅𝑒 =
𝜈
Escoamento preferencial
• Logo, para diminuir o 𝑅𝑒 dever-se-ia diminuir o 𝑅ℎ , ou seja, aumentar o número de células.
• Surgiu, então, os decantadores laminares ou de altas taxas
• Os decantadores de altas taxas consistem essencialmente de uma série de tubos: circulares, quadrados
ou hexagonais;
• Ou lâminas planas paralelas colocadas em um tanque apropriado; Descarga de
• Com um ângulo  de inclinação (usualmente entre 50 a 60°); Lodo
• O que permite uma auto limpeza devido ao escoamento continuo do lodo. Prof. Selma Cubas
TH028 - Saneamento Ambiental I 53 TH028 - Saneamento Ambiental I 55
DECANTADORES DE FLUXO LAMINAR
Decantador laminar ou de alta taxa
TH028 - Saneamento Ambiental I 54 TH028 - Saneamento Ambiental I 58
 Decantadores
DecantadorConfiguração
tubulartípica
laminares ou de altas
taxas
TH028 - Saneamento Ambiental I 59 TH028 - Saneamento Ambiental I 61
Decantador tubular adaptado a partir de decantador clássico retangular
Lâminas Série de tubos:
planas circulares, quadrados
paralelas ou hexagonais
Ângulo  de
inclinação
(usualmente
entre 50 a 60°)
Fonte: CARLOS EDUARDO F MELLO (UFOP)
TH028 - Saneamento Ambiental I 60 TH028 - Saneamento Ambiental I 75
 Bases teóricas para dimensionamento dos decantadores de altas taxas
Eficiência de um sistema de decantação tubular varia com sua configuração
segundo um fator S:
• Sc = constante crítica = fator de eficiência S c ve
Vcs =
• Placas planas – S = 1 sen + r cos 
• Placas onduladas – S =1,3
Sendo r = l/d
• Tubos circulares – S = 4/3
• Condutos quadrados – S =11/8
Dimensionamento •  = ângulo de inclinação das placas ou tubos
A eficiência dos decantadores decresce à medida que se aumenta a
inclinação além de 60°
• Obs. Manter Re <500 (preferencialmente manter Re<250)
TH028 – Saneamento Ambiental I 76 TH028 - Saneamento Ambiental I 78
Bases teóricas para
dimensionamento dos decantadores de altas taxas
Decantador convencional x de alta taxa
ve
 ve
Decantador convencional Decantador de alta taxa
 vcs,h
vcs,v • Escoamento horizontal • Introdução de dutos/placas
vcs ....... h • TAS < 50 m3m-2d-1 • TAS → 150 m3m-2d-1
vcs
• Tempo de residência (θH ): 2-4 h • Tempo de residência (θH ): <60min → 10 a 30
𝑣𝑐𝑠,𝑣 = 𝑣𝑐𝑠 𝑠𝑒𝑛𝜃 min e obtém-se em fluxo mais estável que os
d
𝑣𝑐𝑠,ℎ = 𝑣𝑐𝑠 𝑐𝑜𝑠𝜃  decantadores convencionais →Área menor
Trajetória crítica
𝑙
𝑣𝑒 − 𝑣𝑐𝑠𝑣 =
𝑡 l d l ve − vcs sen Remoção de lodo:
t= = =
𝑑 ve − vcsv vcsh d v cos  • Mecânica ou manual
𝑣𝑐𝑠ℎ = cs
𝑡 • Frequência=f(conc. de sólidos), mas não pode ser longo demais para não
vcs = velocidade crítica de sedimentação solubilizar metais/impurezas
77
ve = velocidade no sentido do escoamento
l = comprimento das placas
TH028 - Saneamento Ambiental I 83
d = distância entre unidades sucessivas de placas paralelas ou diâmetro interno do elemento tubular
DECANTADORES LAMINARES
PARÂMETROS DE PROJETO
► Velocidade de sedimentação: 20 a 60 m/dia
(Em função das características do floco, definidas pelas etapas de
coagulação e floculação)
► Ângulo das placas com a horizontal: 60º
► Comprimento da placa: 0,6 a 1,2 metros
► Espaçamento entre as placas: 4 a 8 cm
► Altura do decantador: 4 a 6 metros
► Relação Comprimento/Largura  2
► Taxa de escoamento linear (vertedor)  1,8 l/s/m de
Em casos de impossibilidade
ensaio em laboratório da
velocidade de sedimentação
ql  0,018.H .Vs ql=vazão linear nas calhas de coleta de água decantada (l/s/m)
H=altura útil do decantador (m)
vs= velocidade de sedimentação (m3/m2/dia)
TH028 - Saneamento Ambiental I 84