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CAPÍTULO VI
OPERAÇÕES DE CONTROLE DE DISTÚRBIOS
6.1 GENERALIDADES
- Este capítulo visa a orientar, em nível tático, o emprego de tropa em operações
de controle de distúrbios urbanos ou rurais, em atendimento ao prescrito no Ma-
nual de Fundamentos EB20-MF-10.102 – Doutrina Militar Terrestre e no manual
OPERAÇÕES DE CONTROLE DE DISTÚRBIOS - C 19-15, 3ª edição, 1997.
6.2 CONCEITOS
6.2.1 AGLOMERAÇÃO: grande número de pessoas temporariamente reunidas.
a) Geralmente, os membros de uma aglomeração pensam e agem como elementos
isolados e não organizados.
b) A aglomeração pode, também, resultar da reunião acidental e transitória de
pessoas, tal como acontece na área comercial de uma cidade no horário de tra-
balho ou nas estações ferroviárias em determinados instantes.
6.2.2 MULTIDÃO: .
- A formação da multidão caracteriza-se pelo aparecimento do pronome “nós”
estamos aqui pela cultura”, “nós estamos aqui para prestar solidariedade” ou
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turba ou se originar de um tumulto.
6.2.6 MANIFESTAÇÃO: demonstração, por pessoas reunidas, de sentimento
hostil ou simpático a determinada autoridade ou alguma condição ou movimento
político, econômico ou social.
6.2.7 ANONIMATO: a pessoa se anonimiza, perde a identidade e, consequente-
mente, o senso de responsabilidade, o comportamento deixa de ser social para
se tornar coletivo.
6.2.8 AGENTES DE PERTURBAÇÃO DA ORDEM PÚBLICA: são pessoas ou
grupos de pessoas cuja atuação momentaneamente comprometa a preservação
da ordem pública ou ameace a incolumidade das pessoas e do patrimônio.
6.2.9 AMEAÇAS: são atos ou tentativas potencialmente capazes de comprometer
a preservação da ordem pública ou ameaçar a incolumidade das pessoas e do
patrimônio.
6.2.10 MASSA: grande quantidade de pessoas.
6.2.11 MASSAS PACÍFICAS:
própria característica do grupo não demonstra atitudes radicais. São exemplos:
6.2.12 MASSAS ORGANIZADAS: são grupos que possuem uma liderança mais
6.2.13 MASSAS VIOLENTAS: são grupos que, muito das vezes, não possuem
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6.3.2 PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA O EMPREGO
6.3.2.1 Massa
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f) Equipe de Apoio;
g) Equipe de Busca; e
f) Reserva.
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6.5.2.2
impacto psicológico nos manifestantes.
da ordem pública.
6.5.3 FORÇA DE CHOQUE
a) Constituída por tropa (s) de choque, equipada(s) com material e munições espe-
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6.5.5 EQUIPE DE OBSERVAÇÃO E BASE DE FOGOS
-
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6.5.6.2 -
nharia, podem reforçar esta equipe, pela capacidade de auxiliar a captura, faro/
detecção e neutralização de explosivos.
6.5.7 RESERVA
- Constituída de forças ECD ser empregada como qualquer fração da OCD, com
exceção da Força de Reação.
Utilizada para dar suporte às ações da tropa. Poderá ser prevista uma viatura
cisterna de água, tanto para atuar no combate ao fogo imediato de barreiras
provocadas por vândalos, ou ainda, para dispersão de multidão, por meio do jato
direcional de água.
b) Equipes de serviços públicos e especiais serão utilizadas, SFC, para reparação
das redes elétrica, telefônica, de água e outros serviços.
c) Equipes de serviços gerais serão úteis para a recuperação do patrimônio
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6.5.9 EMPREGO DE OUTRAS AGÊNCIAS
- No caso de outras agências serem incorporadas à tropa da OCD, o Cmdo deve
avaliar as capacidades que podem ser utilizadas em proveito da missão e incor-
porar ou estabelecer ligações com a fração mais apropriada. Exemplo: guarda
municipal, bombeiros, polícia militar.
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6.7 DESCRIÇÃO DAS FASES DA OPERAÇÃO
6.7.1 NEGOCIAÇÃO
6.7.1.1 A negociação deverá ocorrer “durante todas as fases da operação”,
valendo-se para isso dos recursos das operações psicológicas, da comunicação
social e de reuniões pessoais com as lideranças.
6.7.1.2 O êxito da negociação depende, em grande parte, do efeito dissuasório
da demonstração de força.
6.7.1.3
evitando-se o emprego da força.
6.7.1.4 Poderá ser estabelecido um prazo para que seja cumprida a determinação
da autoridade legal.
6.7.2 ISOLAMENTO DA ÁREA DE OPERAÇÕES
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- O isolamento da área de operações é realizado mediante o estabelecimento de
dos manifestantes; caso haja pressão, proceder conforme previsto nas regras
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de engajamento. Em algumas situações, em função do espaço para manobra,
poderá não existir a linha de cobertura;
6.7.3.6 A segunda posição é para ser defendida, não se cedendo espaço; deve
ser constituída pela Força de Choque que atuará de forma vigorosa, buscando,
em última instância, repelir a turba. Caso prossiga pressão sobre esta segunda
-
primento da missão de garantia da ordem pública, a Força de Choque deverá
passar então a uma atitude ofensiva, realizando o INVESTIMENTO sobre a turba.
6.7.3.7 Uma outra linha de cerco, semelhante à prevista para as ações de natu-
reza ofensiva, poderá ser estabelecida, buscando ocupar previamente posições
ao redor de toda a área onde estão sendo realizadas as manifestações. Esse
investimento.
6.7.4 DEMONSTRAÇÃO DE FORÇA
6.7.4.1 A demonstração de força é caracterizada, em primeira instância, pelo
próprio desembarque e tomada do dispositivo inicial pela tropa.
6.7.4.2 Deve-se buscar a dissuasão pelo efeito da massa.
6.7.4.3 Deve-se expor meios de grande poder de destruição, tais como helicópte-
ros, veículos blindados e outros armamentos pesados devem ser utilizados como
fator de intimidação.
6.7.4.4 Não se deve usar munição de festim em nenhuma hipótese.
6.7.5 INVESTIMENTO
6.7.5.1 O investimento é, normalmente, a ação decisiva, com o objetivo de controlar
um distúrbio quando se esgotam todas as medidas preventivas.
6.7.5.2 Com base na hipótese mais desfavorável, ou seja, a real necessidade de
se ter que desencadear a ação ofensiva - num cenário em que alguns APOP mais
radicais reajam com coquetéis “molotov” ou mesmo armas de fogo - devem ser
previamente posicionados os elementos ou equipes especializadas.
6.7.5.3 O investimento sobre uma turba de manifestantes será executado, Mdt
O, quando as negociações não surtirem o efeito desejado, realizando-se uma
ultrapassagem, em um ou mais setores da linha de cerco.
6.7.5.4 Durante a ultrapassagem do cerco, o Comandante da tropa
manobrará com as posições de bloqueio com vistas a:
6.7.5.4.1 Possibilitar que nos momentos iniciais do investimento, os manifestantes
que não desejarem o confronto se evadam por um ou mais pontos da linha de
cerco, devendo para isso ser(em) prevista(s) ROTA(S) DE FUGA/ESCAPE.
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6.7.5.4.2 Impedir que os manifestantes que permaneceram na área e optaram
pelo confronto se evadam (particularmente os líderes e os que cometeram atos
mais violentos).
6.7.5.4.3 Impedir o acesso de manifestantes à determinada área sensível
6.7.5.4 Proposta de equipes para o investimento:
6.7.5.4.1 Equipe de Observação e Base de Fogos
em tais situações.
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6.7.6.5.9 A reação pelo fogo real só deve ocorrer quando determinada pelo Cmt
e de acordo com as regras de engajamento estabelecidas.
6.7.7 VASCULHAMENTO DA ÁREA
6.7.7.1 É a operação que, normalmente, se segue ao investimento, em que pre-
ponderam as ações de busca e apreensão.
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a) capturar líderes, elementos que cometeram atos violentos e procurados pela
justiça ou polícia; e
b) neutralizar e apreender armas, munições, explosivos e outras provas materiais.
6.7.7.3 É executado por equipes de busca previamente designadas, compostas
por elementos de fora da Força de Choque que recebem normalmente encargos
por área ou grupos de pessoas a serem revistadas.
6.7.7.4 As tropas mais adequadas à execução do vasculhamento são as de PE,
podendo, em alguns casos, ser realizada, no todo ou em parte, por outras Unida-
des do Exército. As tropas PE podem ser reforçadas por Equipes ou elementos
de ameaças explosivas.
6.7.7.5 A Força de Reação e a Reserva podem receber a missão de realizar o
vasculhamento e, para isso, são reorganizadas em equipes de busca, cada uma
tempo de paz.
6.7.7.8 A revista de pessoas nas ruas é feita também pelas equipes que partici-
param do cerco, do isolamento e da segurança da população.
6.7.8 SEGURANÇA DE CIVIS E INSTALAÇÕES
6.7.8.1 Essas ações, apesar de preponderarem nas fases subsequentes ao in-
vestimento, podem ocorrer durante toda a OCD.
6.7.8.2 Caracterizam-se por um patrulhamento intensivo da área e o estabeleci-
mento de Postos de Segurança Estáticos (PSE).
6.7.8.3 Durante as ações, deve ser mantido o isolamento da área de operações
e, dependendo da situação, também as posições de cerco.
6.7.8.4 Caracteriza-se também pelo estabelecimento de um rigoroso controle da
população e, em grande parte, confunde-se com as próprias ações de vasculha-
mento da área.
6.7.8.5 Devem ser reprimidas quaisquer tentativas de aglomerações posteriores,
no local ou nas proximidades e, para tal, patrulhas motorizadas ou a cavalo devem
percorrer a área.
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6.8 FORÇA DE CHOQUE NAS OPERAÇÕES DE CONTROLE DE DISTÚRBIOS
6.8.1 ORGANIZAÇÃO (PROPOSTA)
6.8.1.1 Força de Choque nível Pelotão (32 militares)
a) Grupo de Comando (Gp Cmdo); e
b) três Grupos de Choque (Gp Chq).
6.8.1.2 Grupo de Comando
6.8.1.2.1 Comandante de Pelotão: é responsável pela coordenação e controle
do Pelotão de Choque.
6.8.1.2.2 Sargento Adjunto: é o auxiliar do Comandante de Pelotão no controle
do efetivo.
6.8.1.2.3 Homem Extintor / Homem Saúde: opera o extintor no caso da
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6.8.2.2 Devido à possibilidade do emprego de armas de fogo e meios incendiários
por parte da turba, cresce de importância a proteção balística nos escudos e
capacetes, além de trajes anti-tumulto, luvas e balaclavas confeccionadas em
material antichama.
MATERIAIS
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6.8.5.3.1 Tropa com iniciativa de movimento:
a) a Força de Choque deve entrar em posição a uma distância considerável da
turba, dentro do alcance de lançamento de granada do armamento AM 600 dos
Lançadores do Pelotão; e
-
tando o contato físico e o arremesso de objetos contra a fração, além de manter
as distâncias de segurança para utilização das munições de impacto controlado.
A tropa deve sempre procurar progredir, mantendo a distância da turba até que
essa possa ser repelida.
c) durante a progressão da F Chq, o escalão imediatamente superior destacará
uma fração (valor mínimo de uma esquadra) para progredir à retaguarda dessa
força, mantendo uma distância de segurança, com a função de capturar/deter os
para o cartório militar. Nesse caso, uma outra fração deverá substituí-la.
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urina, bolas de gude ou ouriços miguelitos (contra a tropa a cavalo). atentar
para objetos lançados de edifícios ou pontos altos, estacionamento e viaturas,
pedras, frutas, madeira, rojões, etc;
f) impulsionar veículos ou objetos contra a tropa: emboscadas em pontos estra-
tégicos atingindo a tropa de surpresa;
g) realização de ações em pontos estratégicos ou de relevância como monu-
mentos, pontes, estradas, meios de transportes e estabelecimentos comerciais;
i) outras ações, como: linha de frente com a presença de crianças, idosos, mu-
-
ros de som bloqueando a via, dentre outras.
6.8.6 FORMAÇÕES DO PELOTÃO DE CHOQUE
6.8.6.1 Formações Básicas
6.8.6.1.1 Por três: normalmente utilizada para deslocamentos em geral, para a
enumeração das funções, conferência dos efetivos ou formaturas da Força de
Choque. Sugere-se empregar o 1º Grupo de Choque sempre ao centro do dis-
positivo, como uma base do Pelotão, de forma a balizar as entradas em posição
dos 2º e 3º Grupos de Choque à sua direita e à sua esquerda, respectivamente.
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6.8.6.2.2 Em Cunha
a) emprega-se essa formação quando o terreno não permitir a formação “em
linha” ou quando se pretende dividir a turba; e
b) deve-se atentar para que os escudos sejam mantidos para a direção 12 horas
em relação ao Pelotão, apesar das linhas diagonais adotadas pela frente da
tropa.
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- Emprega-se os mesmos princípios da formação anterior, mas com o objetivo de
direcionar a massa para a esquerda.
6.8.6.2.5 Meia-lua
agressões, ou quando a via é muito estreita para a adoção de qualquer uma das
formações anteriores.
6.8.6.2.6 Formação em L
- A formação visa prover proteção durante o deslocamento isolado (CARÁTER
EXCEPCIONAL) da Força de Choque para transpor um cruzamento de ruas e/
c) Escudos Acima:
1) essa formação será utilizada quando o pelotão tiver que adentrar em algu-
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ma construção ou passar por locais em que a via de acesso seja estreita e haja
perigo de lançamentos de objetos sobre a tropa; e
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6.8.6.4.1
tropa a cavalo não adota um dispositivo em linha para execução de uma carga.
6.8.6.4.3
os comandos.
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6.8.7.5 Comandos para a execução da carga de cassetete
- Advertência:
Pelotão Atenção!
- Direção:
12 horas!
- Posição:
10 m à frente!
- Execução:
Preparar para a carga!
Carga!
6.8.8 FORMAÇÕES DA COMPANHIA COMO FORÇA DE CHOQUE
6.8.8.1 Apoio Lateral
6.8.8.1.1 Essa formação será utilizada nas situações em ocorra a necessidade
de uma atitude defensiva temporária, durante o deslocamento da força de cho-
que, quando seja necessário transpor um cruzamento de ruas e exista a neces-
sidade de deslocamento por vias com a frente compatível de um pelotão, até a
adoção de uma nova formação.
6.8.8.1.2 Nessa formação será mantida a frente de um pelotão, nas seguintes
situações:
-
dade.
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b) Companhia a três pelotões (todos em linha).
6.8.8.2 Em linha
- Nessa formação todos os pelotões estarão em linha.
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6.8.8.5 Em Escalão
- Nessa formação todos os pelotões estarão em escalão.
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6.9.5 Os blindados devem se posicionar intercalados na formação.
6.9.6 As viaturas blindadas são também utilizadas como apoios de comunicações
no apoio tático à Infantaria e como viaturas de transporte.
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c) Forragem e água para os animais;
d) Material de combate a incêndios; e
e) Locais para a permanência dos animais.
f) Desembarque em local adequado, quanto ao espaço para os animais, bem
como em segurança para os ajustes iniciais.
g) Equipamentos para a proteção dos equinos, como caneleira, boleteira, manta
de proteção anti-chamas, ferradura de borracha, etc.
h) Previsão de militares com a missão de guarda-cavalos, para cuidar de animais
que sejam retirados do local de confronto, para animais em reserva etc.
i) Equipamentos rádio do tipo lapela para a comunicação entre os membros da
fração e seus Cmt.
6.10.5 O EMPREGO CONJUNTO COM A TROPA A PÉ:
a) Importância do estabelecimento de medidas de coordenação e controle, bem
como de um mínimo de treinamento integrado, de forma a maximizar os efeitos
de dissuasão.
b) Valorização dos princípios de guerra da ofensiva, da massa, da surpresa e da
economia de meios.
-
pomóvel, analisada a situação, devidamente assessorada pelo Cmt fração Hipo.
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6.10.7 SOBRE O LOCAL DE ATUAÇÃO
-
jáveis.
d) Para permitir a carga a cavalo, além das condições do terreno serem propícias
para manobras a cavalo, é necessário que à retaguarda da massa existam vias
de escoamento para a dispersão dos manifestantes, devido ao pânico que pode
tomar a multidão.
e) A carga, lançada em locais cujas vias de escoamento não comportem a multidão,
pode ocasionar pânico incontrolável, originando depredações, pisoteamentos,
ferimentos e até mesmo mortes.
f) Pontos de reunião, embarque e desembarque devem estar em segurança.
meio à multidão.
6.11.4 Não convêm que o cão seja utilizado junto à linha de escudeiros, ou utili-
zado junto à tropa responsável pelo investimento, zelando assim pela integridade
física do animal, evitando que o seja atingido por materiais incendiários, pérfuro
cortantes e/ou contundentes.
6.11.5 Este assunto está detalhado nos cadernos de instrução EB70-CI-11.002
(Emprego de Cão de Guerra) e EB70-CI-11.426 (Adestramento de Cães de Po-
lícia do Exército).
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