Você está na página 1de 23

MICROBIOLOGIA ORAL - TP

Estreptococos

Guilhermina Fragoso

Género:
Streptococcus

• Cocos Gram +
• Apresentam células esféricas que podem ser ovais ou
alongadas
• Em meio sólido as células ocorrem em pares,
aglomerados ou em cadeias curtas, mas em meio líquido
ocorrem em cadeias características
• Anaeróbios facultativos e capnófilos. O crescimento em
aerobiose é estimulado pela presença de 5 a 10% de CO2.
• Algumas espécies são anaeróbias

1
CARACTERISTICAS GERAIS (2)

• Imóveis
• Não formam endoesporos
• Algumas espécies formam cápsulas polissacarídicas
• Várias espécies produzem grandes quantidades de
polissacáridos extracelulares (EPS) – dextranos
(poliglucanos) e levanos (polifrutanos) quando crescem na
presença de frutose.
• Presença de fimbrias em diversas espécies, que medeiam
a aderência e agregação entre espécies.
• Originam colónias brancas, mas que podem aparecer
verdes como resultado de alfa hemólise.

CARACTERISTICAS GERAIS (3)


• As colónias que contém polímeros, podem ser aderentes ao
agar ou não, o que vai depender das espécies e em algumas, as
colónias podem parecer húmidas como resultado da natureza
higroscópica do polímero
• São fermentativos e como produtos finais apresentam grandes
quantidades de ácido láctico. Alguns ácidos orgânicos e
aminoácidos também podem ser fermentados. Algumas
espécies podem produzir peróxido de hidrogénio.
• Catalase negativa.
• Oxidase negativa (ausência de citocromos).
• Necessidades nutricionais de aminoácidos, vitaminas, purinas e
pirimidinas.
• Sensibilidade à bacitracina - Verifica-se um halo de inibição para
os B-hemóliticos.

2
CARACTERISTICAS GERAIS (4)
Habitat:
• Os estreptococos fazem parte da flora comensal humana e de
outros animais, encontram-se:
– na pele,
– nas mucosas da nasofaringe,
– no tracto gastrointestinal e no tracto urogenital.

• A boca é o maior habitat das espécies orais que parecem estar


bem adaptadas para colonizar:
– a mucosa oral (S. salivarius)
– ou as superfícies duras - esmalte do dente (S. sanguis e S.
mutans).

CARACTERISTICAS GERAIS (5)


• As espécies patogénicos do género Estreptococos são β-
hemoliticos (S. pyogenes) e causam várias infecções como a
escarlatina, febre reumática, impetigo e outras infecções do
tracto respiratório.
• A maioria dos estreptococos não β-hemoliticos são patogénicos
oportunistas numa grande variedade de infecções,
nomeadamente têm uma grande afinidade para o tecido
cardíaco, podendo ser responsáveis por endocardites.
• Na cavidade oral, S. mutans tem sido considerado o principal
responsável por cáries dentárias. A cariogenicidade deste m.o.
é atribuída à produção de ácido láctico que vai dissolver o
esmalte do dente; a produção de polissacáridos extracelulares
na presença de sucrose é o factor principal na colonização do
dente por este organismo e contribui para iniciar cáries.
• Em relação à doença periondontal, algumas espécies como S.
sanguis podem ter um papel protector.

3
CARACTERISTICAS GERAIS (6)

DIGNÓSTICO LABORATORIAL:

A – ISOLAMENTO
1. Exame directo
2. Exame cultural

B - CARACTERIZAÇÃO

A - ISOLAMENTO

1. Exame Directo
1.1. Exame a fresco – entre lâmina e lamela
1.2. Exame após fixação e coloração
2. Exame Cultural
2.1. Meios de cultura (MDC) não selectivos
O MDC pode ser gelose sangue.
Ex: Meio de tripticase, soja e 5% de sangue de cavalo ou de
carneiro.

2.2. Meios de cultura semi-selectivos


MDC selectivos para β-hemóliticos: adicionados de antibióticos
como a gentamicina, ácido nalidixico e cristal violeta.
MDC selectivos para Estreptococos orais: adicionados de 5% de
sucrose (TYC; MSB; GSTB; TYCSB). Estes meios também ajudam a
diferenciar as diferentes espécies de Estreptococos orais com base na sua
morfologia.

4
B - CARACTERIZAÇ
CARACTERIZAÇÃO

1. Identificação
1. Das colónias isoladas
- Coloração de GRAM
- Catalase
2. Estudo do padrão de hemólise
3. Provas de patogenicidade – teste de sensibilidade à
bacitracina
4. Serologia – agrupamento de acordo com a
classificação de Lancefield

CLASSIFICAÇÃO
Os estreptococos podem ser classificados
de acordo com 4 sistemas diferentes:
1. Caracterí
Características clí
clínicas
2. Propriedades hemolí
hemolíticas (α
(α, β, γ)
3.Caracterí
3.Características seroló
serológicas - segundo
Lancefield (A-
(A-H, K-
K-M, O-
O-V) - A classificação
serológica baseia-se nas propriedades antigénicas
específicas do Grupo, conferidas pelos Carbohidratos
da parede ou pelo ác. teicóico.

4. Propriedades bioquí
bioquímicas (características
fisiológicas)

5
CLASSIFICAÇÃO
Os estreptococos podem ser classificados
de acordo com 4 sistemas diferentes (cont
(cont.)
.):
1. Caracterí
Características clí
clínicas

• estreptococos piogé
piogénicos
• estreptococos orais
• estreptococos enté
entéricos

2. Propriedades hemolí
hemolíticas (α
(α, β, γ)
• α-hemó
hemólise - hemólise parcial que produz cor
verde no meio à volta da colónia como
resultado da produção de peróxido de
hidrogénio quando as células são incubadas na
presença de ar. Ex: S. pneumoniae, S. do grupo
viridans

6
• β-hemó lise hemólise completa, com uma zona
hemólise:
clara bem definida à volta da colónia, produzida
por hemolisinas especificas libertadas pelas
células. Ex: S. piogenes, S. dysgalactiae

• γ-hemó lise ausência de hemólise


hemólise:

7
Classificação dos estreptococos mais comuns:

Classificaç
Classificação Classificaç
Classificação Padrão de
bioquí
bioquímica seroló
serológica hemó
hemólise
S. pyogenes A β
Grupo S. anginosus A, C, F, G e não β, ocasional/ α ou γ
agrupá
agrupável
S. agalactiae B β, ocasional/ γ
S. dysgalactiae CeG β
S. bovis
E. fecalis D α ou γ, ocasional/ β
E. faecium
S. pneumoniae Não agrupá
agrupável α
S. mitis Viridans (não
S. sanguis agrupá
agrupáveis) α ou γ
S. vestibularis
S. salivarius, etc.

STREPTOCOCCUS DO GRUPO A (GAS)

S. pyogenes

8
STREPTOCOCCUS DO GRUPO A (GAS)
Fisiologia e estrutura
• Cadeias curtas ou longas.
• Crescimento óptimo em meio de agár-sangue.
• Inibido por sucrose em altas concentrações.
• β-hemólise após 24h de incubação.

Epidemiologia
• Colonizador da orofaringe.
• Colonização é transitória, depende da imunidade
contra a prot. M.
• Doença é causada por estirpes recentes, em que há
capacidade de colonizar a faringe antes de haver
hipótese de se desencadear a resposta imunológica

Factores de virulência do S. pyogenes:


pyogenes:
Constituintes somá
somáticos (1)

9
Factores de virulência do S. pyogenes:
pyogenes:
Produtos extracelulares (2)

Patogenicidade do S. pyogenes (1)

• Aderência à superfície da célula hospedeira


• verifica-se inicialmente uma interacção fraca entre o
ácido lipoteicóico e os ácidos gordos das células
epiteliais
• Interacções entre as proteínas M e F e os
receptores da célula hospedeira

• Invasão das células epiteliais pelas bactérias


• Mediada pelas proteínas M e F
• Importante na manutenção da infecção persistente

10
Mecanismo de acção da proteína M

Patogenicidade do S. pyogenes (2)

• Evita a opsonização e a fagocitose


• A proteína M pode ligar-se à β-globulina do soro
(factor H), que é uma proteína reguladora de
activação da via alternativa do complemento
• O factor H destabiliza o componente C3b do
complemento, prevenindo a fagocitose
• A proteína M pode ligar-se ao fibrinogénio e
bloquear a activação do complemento pela via
alternativa
• A peptidase C5a inactiva a C5a, bloqueando assim
a quimiotaxia

11
Patogenicidade do S. pyogenes (3)
• Produz uma variedade de exotoxinas e enzimas
• Exotoxinas pirogé
pirogénicas (SpeA, SpeB e SpeC)
• actuam como superantigénios e induzem a libertação de
citoquinas
• Medeiam o schock e o falhanço dos órgãos e o rash na
escarlatina
• Produzem enzimas
• Estreptolisina S – estável ao oxigénio (produz na presença
de soro, β-hemolisinas, que provocam a lise celular incluindo
dos fagócitos)
• Estreptolisina O – sensível ao oxigénio (lise das células)
• Estreptoquinase A e B – lise de coágulos sanguíneos
• Desoxiribonucleases – não citolítica, reduz a viscosidade
do pus
• C5a peptidase – degrada C5a do complemento
• Outras enzimas

Patologia do S. pyogenes
Os GAS são responsáveis por infecções agudas e também
por sequelas pós-infecção supurativas e não supurativas:

• Complicações/Doenças supurativas
• Faringite aguda/ Amigdalite pultácea
• Escarlatina
• Erisipela
• Otite média
• Fasciitis necrotizante
• Meningite
• Bacterémia

• Complicações/Doenças não supurativas


• Febre reumática
• Glomerulonefrite aguda

12
Faringite aguda

• 15% de todas as causas


de faringite
• Infecção da orofaringe e
amígdalas pelo GAS
• Crianças 5-15 anos -
Adulto jovem
• Febre, garganta inchada,
amigdalas com pontos de
pus

Escarlatina

• Complicação da amigdalite
Estreptococcica
• Após 1-2 dias surge o ‘rash’
eritematoso na zona do
peito, abdómen, pregas
cutâneas e extremidades
• Atinge a língua -> " língua
de framboesa "
• ‘Rash’ desaparece após 5-7
dias, seguido de
descamação das palmas
das mãos e planta dos pés

13
Impetigo

• Atinge essencialmente
crianças entre os 2-5 anos
• Surge nos meses quentes e
húmidos do verão
• Vesículas purulentas
• Raramente há sinais de
infecção sistémica

Erisipela

• Infecção da pele e
tecidos moles
• É uma Celulite
superficial, com
desenvolvimento
linfático.
• Afecta face, tronco e
extremidades

14
Fasciitis necrotizante
• Danos extensos na pele e
tecidos subcutâneos
• “bactéria devoradora de
carne”
• Sintomas sistémicos e
schock
• Morbilidade elevada (>50%)
• Paralelamente à terapia
antibacteriana, é nec. retirar
os tecidos necróticos por
cirurgia

Febre reumática
• Provocada pelo Streptococcus do grupo A
• Alterações inflamatórias do
- Coração (válvulas); Articulação; Vasos
- Tecido Celular Subcutâneo
• Afecta essencialmente crianças em idade escolar, F>M
• Segue-se à faringite por Streptococcus
• Não se encontra relacionada com infecções a nível da pele

Glomerulonefrite Aguda
• Doença inflamatória aguda dos glomérulos renais
• Edema - Hipertensão - Proteinúria
• Ocorre após o paciente ter tido impetigo e faringite
• Geralmente tem um prognóstico benigno, especialmente em
crianças
• Pode evoluir para Insuficiência Renal

15
Diagnóstico de infecção por
S . pyogenes (1)
O diagnóstico baseia-se na utilização conjunta de vários
métodos :

• Microscopia - Cocos Gram+ em cadeias ou pares


• Serologia - Detecção dos Ag de Grupo A (polissacárido)
- Aglutinação de partículas de látex
• Cultura - Identificação das colónias, após cultura do
produto da colheita, em meio de gelose de sangue.
• Identificação - colónias -hemolíticas (não específica)
- apresentam sensibilidade à Bacitracina
- Serologia (confirmação)

Diagnóstico de infecção por


S . pyogenes (2)

Como método de Despiste e Monitorização da Infecção


Streptococcica utiliza-se ainda a determinação do

TASO
(Título de Antiestreptolisina O)

- Única com capacidade Imunológica


- Detecção de Ac contra a Estreptolisina O
- ↑a Faringite Recente
- ↑ a F. Reumática

16
STREPTOCOCCUS DO GRUPO B

S. agalactiae

STREPTOCOCCUS DO GRUPO B

Fisiologia e estrutura
• Cocos Gram+ em cadeia
• Crescimento em meio enriquecido
• β-hemólise
• Polissacárido específico de Grupo (N-acetilglicosamina;
Ramnose e Galactose)
• Serologia - Grupo B

Epidemiologia
• Colonizam o tracto respiratório superior e vagina.
• Infecção do recém-nascido, no parto.

17
PATOLOGIA
Os GBS são responsáveis por infecções neonatais e pós-
parto:

• Doença Neonatal
• Adquirida no parto ou pós-parto (Bacteriémia; Meningite;
Pneumonia)
• Prematuridade, baixo peso são factores agravantes
• Diminuição do complemento
• Falta de imunidade tipo específica

• Pós-parto
• Afecta a mãe
• Endometrite
• Complicações graves - Meningite e Cardite

DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO
POR S . agalactiae
• Exame cultural e isolamento
• Identificação:
• Aglutinação em látex (Ag grupo B)
• CAMP test. (+) (Prova -hemólise nos Estafilo)
• Hidrólise do Hipurato

A estria vertical <> estirpe de Staphylococcus


aureus produtora de beta-hemolisina
(1) Enterococcus faecalis, (2) Streptococcus
salivarius, (3) S. agalactiae, e (4) E. durans.

18
STREPTOCOCCUS NÃO AGRUPÁVEIS

• Streptococcus pneumoniae

• Streptococcus orais

STREPTOCOCCUS PNEUMONIAE
Fisiologia e estrutura
• Diplococcus Gram+
• Cápsula inibidora da fagocitose
• Crescimento em meio enriquecido com suplemento de sangue
• Metaboliza os HC. produzindo ác. láctico
• Não tem catalase
• Sensível à Optoquina e à Bílis
• Parede: N-acetilglicosamina e Ac. N-acetilmurâmico; Ac. teicóico
é o seu maior componente
• Este está exposto à superfície da célula
• Subs. C - estimula a Prot. C reactiva (-globulina)

Epidemiologia
• Habitante comum da faringe e nasofaringe de indivíduos sãos
• Causa doença por infecção a partir do sítio inicial de colonização
• Pneumonia da comunidade

19
Patologia do S. pneumoniae
• PNEUMONIA
• Causada por aspiração de microorganismos da flora oral.
• Associada a agressão viral
• Febre, calafrios, tosse, dor. torácica.

• SINUSITE E OTITE MÉDIA AGUDA


• Infecções após infecção viral

• MENINGITE
• Mortalidade superior às outras etiologias de meningite.
• Progressão a partir do ouvido médio ou seios perinasais.
• Traumatismo com comunicação entre o espaço entre as
meninges.

STREPTOCOCCUS ORAIS
Os estreptococos orais são os componentes
maioritários da placa supragengival e também
são encontrados na placa subgengival.

Incluem 4 grupos:
• Grupo do S. oralis
• Grupo do S. milleri
• Grupo do S. mutans
• Grupo do S. salivarius

20
Grupo do S. oralis
• S. sanguis
• S. gordonii
• S. oralis
• S. mitis

Grupo do S. milleri
• S. anginosus
• S. constellatus
• S. intermedius

21
Grupo do S. mutans

Grupo do S. mutans
Estreptococos do grupo ‘Mutans’
Espécies Serotipo Hospedeiro
S. mutans c, e, f Humano
S. sobrinus d, g Humano
S. cricetus a Humano, animal
S. ferus . Rato
S. ratti (rattus) b Humano,
Roedores
S. macacae . Macaco
S. downei h Macaco
http://www.db.od.mah.se/mutans/mutgen00-.html

22
DETERMINANTES VILURENTAS DE
S. mutans

1- Síntese de glucanos insolúveis em água


2- Síntese de polissacaridos intracelulares
(IPS)
3- Tolerância à acidez
4- Acidogenicidade láctica
5- Produção de Endodextranase

23

Você também pode gostar