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Prof.

ª Kaira Moraes Porto


UNISO
2022/02
Filho de peixe,
peixinho é

É de pequenino
que se torce o Pau que nasce
pepino torto, morre torto
▪ Cotidiano:
▪ “ É no cotidiano que tudo flui, que as coisas acontecem, que nos
sentimos vivos, que sentimos a realidade”;
▪ Ciência:
▪ Atividade eminentemente reflexiva;
▪ Procura compreender, elucidar e alterar esse cotidianos, a partir
de seu estudo sistemático;
▪ “Quando fazemos ciência, baseamo-nos na realidade cotidiana e
pensamos sobre ela. Afastamo-nos dela para refletir e conhecer
além de suas aparências”;
▪ A ciência se refere ao real, mas ao toma-lo como objeto de
investigação, busca explica-lo em suas múltiplas determinações e
relações;
▪ Objeto específico, linguagem rigorosa, métodos e técnicas
específicas, processo cumulativo do conhecimento e objetividade;
▪ Comportamento humano

▪ Inconsciente

▪ Consciência

▪ Personalidade
▪ Como explicar essa diversidade de objetos?

▪A Psicologia constituiu-se como área do conhecimento


científico só muito recentemente (final do século XIX);

▪ Cientista confundir-se com o objeto pesquisado;

▪ SER HUMANO
▪ A gênese da psicologia científica correlaciona-se com as necessidades
concretas do contexto histórico no qual ela emerge, afirmando-se como
ciência no final do século XIX e início do século XX (TULESKI, 2012, p. 107);

▪ Período reacionário da sociedade burguesa, que imprimiu à psicologia


nascente a marca de dualismos rígidos:

▪ Subjetividade X objetividade
▪ Normal X Patológico
▪ Social X Individual
▪ Orgânico X Mental
O ser humano tem
características definidas e O ser humano é
que não mudam, a despeito corrompido pela
das condições sociais a que sociedade;
esteja submetido;

Ser social: determinado


pelas condições
históricas e sociais que o
cercam;
▪É o ser humano em todas as suas expressões, as visíveis (nosso
comportamento) e as invisíveis (nossos sentimentos), as singulares e as
genéricas;

▪ “A subjetividade é a síntese singular e individual que cada um de nós vai


constituindo conforme vamos nos desenvolvendo e vivenciando as
experiências da vida social e cultural; é uma síntese que nos identifica, de um
lado, por ser única, e nos iguala, de outro lado, na medida em que os
elementos que a constituem são experenciados no campo comum da
objetividade social”;

▪ “Essa síntese – a subjetividade – é o mundo de ideias, significados e emoções


construído internamente pelo sujeito a partir de suas relações sociais, de suas
vivências e de sua constituição biológica; é, também, fonte de suas
manifestações afetivas e comportamentais”;
▪ É a maneira de sentir, pensar, fantasiar, sonhar, amar e fazer de cada um;
▪ É o que constitui o nosso modo de ser;

▪ A síntese que a subjetividade representa não é inata;


▪ Movimento e transformação são elementos básicos;

“ O importante e bonito do mundo é isso: que as pessoas


não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas,
mas que elas vão sempre mudando. Afinam e desafinam”
(Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas);
“Esse é o papel de uma ciência crítica, da compreensão, da
comunicação e do encontro do ser humano com o mundo
em que vive, já que o ser humano que compreende a
história tamb ém compreende a si mesmo, e o ser humano
que compreende a si mesmo pode compreender o
engendramento do mundo e criar novas rotas e utopias”;
E QUAIS SÃO OS
DETERMINANTES DESSA
SUBJETIVIDADE NA
SOCIEDADE EM QUE
VIVEMOS?
Fabiano ia satisfeito. Sim senhor, arrumara-se. Chegara naquele estado, com a família
morrendo de fome, comendo raízes. Caíra no fim do pátio, debaixo de um juazeiro,
depois tomara conta da casa deserta. Ele, a mulher e os filhos tinham-se habituado à
camarinha escura, pareciam ratos - e a lembrança dos sofrimentos passados esmorecera.

Pisou com firmeza no chão gretado, puxou a faca de ponta, esgaravatou as unhas sujas.
Tirou do aió um pedaço de fumo, picou-o, fez um cigarro com palha de milho, acendeu-o
ao binga, pôs-se a fumar regalado.

- Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta.


Conteve-se, notou que os meninos estavam perto, com certeza iam admirar-se ouvindo-o falar só. E,
pensando bem, ele não era homem: era apenas um cabra ocupado em guardar coisas dos outros.
Vermelho, queimado, tinha os olhos azuis, a barba e os cabelos ruivos; mas como vivia em terra alheia,
cuidava de animais alheios, descobria-se, encolhia-se na presença dos brancos e julgava-se cabra.

Olhou em torno, com receio de que, fora os meninos, alguém tivesse percebido a frase imprudente.
Corrigiu-a, murmurando: - Você é um bicho, Fabiano.

Isto para ele era motivo de orgulho. Sim senhor, um bicho, capaz de vencer dificuldades.

Chegara naquela situação medonha - e ali estava, forte, até gordo, fumando o seu cigarro de palha.

- Um bicho, Fabiano.
Lembrou-se de seu Tomás da bolandeira. Dos homens do sertão o mais arrasado era seu Tomás
da bolandeira. Porquê? Só se era porque lia demais.

Ele, Fabiano, muitas vezes dissera: - "seu Tomás, vossemecê não regula. Para que tanto papel?
Quando a desgraça chegar, seu Tomás se estrepa, igualzinho aos outros." Pois viera a seca, o
pobre do velho, tão bom e tão lido, perdera tudo, andava por aí, mole. Talvez já tivesse dado o
couro às varas, que pessoa como ele não podia agüentar verão puxado.

Certamente aquela sabedoria inspirava respeito. Quando seu Tomás da bolandeira passava,
amarelo, sisudo, corcunda, montado num cavalo cego, pé aqui, pé acolá, Fabiano e outros
semelhantes descobriam-se. E seu Tomás respondia tocando na beira do chapéu de palha, virava-
se para um lado e para outro, abrindo muito as pernas calçadas em botas pretas com remendos
vermelhos.
Em horas de maluqueira Fabiano desejava imitá-lo: dizia palavras difíceis, truncando tudo, o
convencia-se de que melhorava. Tolice. Via-se perfeitamente que um sujeito como ele não tinha
nascido para falar certo.

Seu Tomás da bolandeira falava bem, estragava os olhos em cima de jornais e livros, mas não sabia
mandar: pedia. Esquisitice um homem remediado ser cortês. Até o povo censurava aquelas maneiras.
Mas todos obedeciam a ele. Ah! Quem disse que não obedeciam?

Os outros brancos eram diferentes. O patrão atual, por exemplo, berrava sem precisão. Quase nunca
vinha à fazenda, só botava os pés nela para achar tudo ruim. O gado aumentava, o serviço ia bem,
mas o proprietário descompunha o vaqueiro. Natural. Descompunha porque podia descompor, o
Fabiano ouvia as descomposturas com o chapéu de couro debaixo do braço, desculpava-se e
prometia emendar-se. Mentalmente jurava não emendar na da, porque estava tudo em ordem, e o
amo só queria mostrar autoridade, gritar que era dono. Quem tinha dúvida?
▪ Crítica à psicologia que surge ao final do século XIX:

▪ Negação do ser humano como ser histórico;

▪ Estabelece estágios do desenvolvimento (motores, afetivos e cognitivos)


que independem da origem social ou cultural dos indivíduos;
▪ Psicologiza as diferenças de classe por meio da ideologia dos talentos e
inclinações naturais que justificam, entre outras coisas, a própria divisão do
trabalho;

▪ Deslocamento dos problemas da sociedade para o indivíduo;


“Depende das forças que se

apoderam dela! Coloquem suas


forças em batalha para produzirem

uma psicologia afirmativa”

(Cláudio Ulpiano, s/d).


Possíveis temas:

▪ Mídia e produções de subjetividade: questões sobre gênero e sexualidade


▪ Mídia e produções de subjetividade: questões do corpo
▪ Mídia e produções de subjetividade: questões da violência
▪ Mídia e produções de subjetividade: questões de racismo
▪Mídia e produções de subjetividade: questões da infância
e adolescência
▪ Mídia e produções de subjetividade: a questão de saúde mental
▪ Mídia e produções de subjetividade: a questão dos direitos humanos

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