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Capítulo 03

Sáb, 25 de Dezembro de 2010 17:18

- E qual era o conteúdo que estava no outro cubo? – Perguntou o arqueólogo, que estava
amarrado no barco dos caçadores de relíquias.

- Assim como no que vocês encontraram, o cubo estava cheio de tábuas de argila cosida,
todas escritas com caracteres cuneiformes.

- E vocês as destruíram? – Gritou nervosamente o arqueólogo.

- As tábuas foram traduzidas e, chegamos à conclusão que a revelação de seu conteúdo seria
inadequado.

- Quem são vocês para decidir isso, todos devem saber – falou o investidor -, e saberão,
através de nossa descoberta.

- Infelizmente não. – Falou o fumante, acendendo outro cigarro – Nunca contei esta história a
ninguém. Senti que precisava contá-la e, realmente me fez sentir melhor. – Tragou novamente
- Sabem por que eu contei a vocês esta história?

Todos se olharam e mexeram a cabeça negativamente.

- Simples. – Falou o homem - Porque os mortos são muito bons para guardar segredo!

Em meio aos protestos e pedidos de socorro dos prisioneiros, o fumante chamou o chefe dos
soldados vestidos de preto do lado de fora e falou.

- Transformem este barco, em um barco fantasma!

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O soldado respondeu afirmativamente, sem apresentar nenhuma expressão, afinal, era um


profissional treinado.

Barcos fantasma é um fenômeno misterioso e comum na literatura naval. Tratasse de barcos


ou navios, que são encontrados a deriva, depois de dias, meses ou até anos de seu
desaparecimento. O curioso é que, normalmente, não se encontra nenhum vestígio da
tripulação, que parece tê-lo abandonado, nem mesmo sinais de saques ou algum tipo de
violência é encontrado. Muitas vezes o diário de bordo está atualizado até a data do
desaparecimento, sem nenhum relato fora do normal ou diferente do rotineiro.

O fumante entrou em um dos barcos ancorado e voltou ao navio, juntamente com o cubo de
vidro. Alguns soldados levantaram ancora do barco dos caçadores de tesouros e, os levaram
para alto mar, com a intenção de, sumirem com os corpos, e criar, outro barco fantasma.

***

Quando vi o cubo de vidro, cheio de tábuas de argila cozida, sabia que precisava salvar as
informações. Não sei se o seu conteúdo é o mesmo que estava no cubo que foi destruído,
provavelmente, nunca saberemos já que, todos os envolvidos na primeira tradução, estão
mortos. O que sei é que, é muito importante, e deve ser revelado ao mundo, pois, mudará a
forma como vemos a nós mesmos.

Arrisquei minha vida tirando o decalque de todas as tábuas, e lhe enviando. Infelizmente, não
posso revelar quem sou eu. Só posso adiantar que nos conhecemos, e sei que é uma pessoa
integra, e que, estando no Brasil poderá trabalhar na tradução com menos riscos.

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Para provar que não é uma farsa, estou enviando, junto com os decalques, uma das tábuas
originais. Guarde-a muito bem, pois, neste momento, certamente é a única que sobrou. É
nossa única prova, e foi escrita a mais de 150 mil anos, sabe-se lá, por quem.

***

Após ler esta carta, fiquei sem ação, apenas olhando para seu conteúdo, um grande maço de
folhas de decalque com escritas cuneiformes e, uma tábua de argila cozida, com a mesma
escrita. Confesso que, a principio, pensei se tratar de um trote, quem sabe algum amigo, afinal,
a tábua de argila está em ótimas condições, como se acabasse de sair do forno, e a carta,
afirmava que possuía mais de 150 mil anos, o que seria impossível, afinal, a escrita mais antiga
que conhecemos, que é realmente cuneiforme, foi encontrada na mesopotâmia, e tem somente
6000 anos.

Deixei as folhas de decalque e a tábua jogadas em um canto do apartamento, realmente não


dei atenção.

Chegou o final de semana e, como de praxe em Curitiba, estava chovendo, ótimo para jogar
vídeo game. Após fechar um jogo, e depois de algumas cervejas, já estava entediado. Olhei
para o canto, e vi a caixa com os decalques. Na falta de ter o que fazer, peguei a tábua de
argila e, resolvi tentar traduzi-la, ciente de que, ou não faria sentido, ou seria alguma
mensagem de algum amigo, tirando sarro pela minha curiosidade.

Para minha surpresa, não era nem uma coisa, nem outra.

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