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Ações de conservação

O táxon está contemplado no Plano de Ação Nacional para Conservação das Aves da Mata Atlântica629.

Presença em unidades de conservação

ao Sistema Nacional de Unidades de Conservação.

Celeus obrieni Short, 1973


Túlio Dornas & Renato Torres Pinheiro

Ordem: Piciformes
Família: Picidae

Nome comum: pica-pau-do-parnaíba

Categoria de risco de extinção e critérios


Vulnerável (VU) C1

Celeus obrieni ocorre no centro-norte e nordeste do Brasil entre os estados do Piauí, Maranhão,

taboca (Guadua paniculata) onde se alimenta de formigas. Com a descoberta de novos pontos de registro,
estima-se que a população total tenha pouco mais de 5.000 indivíduos maduros. Considerando-se que
a taxa de desmatamento do Cerrado para o futuro próximo será de 1,1% ao ano, infere-se que haverá
perda de mais de 16% do habitat em três gerações (15 anos). Em virtude dessa perda de habitat, espera-
se um declínio populacional continuado maior que 10% em três gerações. Dessa forma, foi
categorizada como Vulnerável (VU), pelo critério C1.

Outras avaliações
Avaliação nacional anterior762,814 DD
Novas ou melhores informações disponíveis
Listas estaduais de espécies ameaçadas Não consta
Avaliação global173 EN C2a(ii)

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Outros nomes aplicados ao táxon
Celeus spectabilis obrieni Short, 1973.

Ocorre no centro-norte e nordeste do Brasil417,418,951.

História natural
Redescoberto após 80 anos sem registros em Goaitins, nordeste de Tocantins966, Celeus obrieni ocorre
predominantemente nos limites do bioma Cerrado, em áreas de cerradão ou mata ciliar entremeada
de bambu/taboca (Guadua paniculata)381,417,713,951, exceto pelos registros efetuados na Amazônia
maranhense, extremo oeste do Maranhão418. Alimenta-se exclusivamente de formigas, principalmente
das espécies Camponotus depressus e Azteca fasciata, retiradas do interior das tabocas por meio de
perfurações feitas com o bico713.
2
, a presença da espécie está
quase sempre associada à ocorrência de habitat
381,713
. Raramente é registrada em área sem a presença de
bambu, utilizando áreas abundantes em embaúbas (Cecropia
Maranhão1065 e no Centro de Pesquisa Canguçu, às margens do rio Javaés, oeste do Tocantins392.

a tabocais, no oeste de Tocantins, demostraram uma área de vida variando entre 30 a 570 hectares,
entretanto, com forte tendência ao uso superior a 200 hectares381. O tempo geracional de é
estimado em cinco anos .144

População
Em estudo realizado em 2009 e 2010, Pinheiro 950
vistoriaram cerca de 20.000 ha de Cerrado,
em 24 municípios de Goiás, sendo registradas 14 ocorrências de Celeus obrieni, em fragmentos cuja
área variou de 3 a 3.000 ha.
Acreditava-se que a espécie estava extinta em áreas onde há registros históricos, como no município

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de Guapó, em Goiás (1967), hoje dominado por atividades agropecuárias, e no encontro dos rios
Barragem e Tocantins, em Niquelândia (1988), área hoje alagada devido à construção da UHE Serra
da Mesa421. Entretanto, registros recentes na região de Guapó e Cezarina mostram que a espécie ainda
persiste698,950,1012, provavelmente em população bem reduzida.
As regiões de Pium, no sudoeste do Tocantins e Caxias, no nordeste do Maranhão tem se destacado
com grande número de registros advindos principalmente da prática de . Embora vários

dezenas de indivíduos nesses locais. Na região de Pedro Afonso, na porção central do Tocantins, em
estudos regulares entre 2010 e 2012 foram contabilizados pelo menos de 25 a 30 indivíduos (T. Dornas,
obs. pess.).
Infelizmente, não há estimativas populacionais seguras, sendo este um grande gargalo a respeito
da biologia da espécie atualmente, porém estima-se a existência de pouco mais de 5.000 indivíduos
maduros com base nos novos registros e na distribuição potencial da espécie (T. Dornas, obs. pess.

Considerando-se que as políticas de ocupação do Cerrado do início deste século serão mantidas,
estima-se que serão perdidos 1,1% de área natural ao ano nesse bioma769, inferindo-se, então, uma perda
de mais de 16% do habitat de em 15 anos (três gerações). Projeta-se um declínio populacional
futuro de ao menos 10%, em três gerações, devido à perda de habitat
declinando.

Ameaças
Desmatamento, fragmentação e queimadas são sérias ameaças à espécie780, situações predominantes
no Cerrado, bioma que vem sendo altamente pressionado e já perdeu mais da metade de sua vegetação
original.
A alteração dos habitat onde ocorre é causada principalmente pelo avanço da agropecuária,
obras de infraestrutura e construção de hidrelétricas de pequeno e grande porte950. Em alguns estados,
421

a situação é mais crítica, devido à maior pressão antrópica. Em Goiás, por exemplo, mais de 63% da sua
cobertura original foi alterada e a taxa de desmatamento continua elevada780.
O risco de conversão da vegetação natural remanescente em Goiás é elevado, variando entre 57% e
99%950. A situação é agravada pelo fato de não haver registros da espécie para unidades de conservação
de proteção integral417,950 e pela escassez dos requisitos ambientais exigidos para manutenção da espécie
381,780
.
Não há informações sobre a capacidade de atravessar matrizes antrópicas, de modo que a
fragmentação da paisagem pode acelerar o processo de extinção da espécie780. Em campo, foi observada
a travessia de pelo menos 150 metros de pastagens entre bordas de fragmentos de matas (T. Dornas,
dados não publicados).

Ações de conservação

Celeus obrieni está contemplado no Plano de Ação Nacional (PAN) para Conservação das Aves do

de corredores ecológicos nas áreas de ocorrência dessa espécie. Pretende-se também incentivar a criação
de unidades de conservação que contemplem populações desse táxon631.

Necessárias
a) proteção da espécie: estabelecimento de unidades de conservação de proteção integral em sua área
de distribuição417,
b) criação e manutenção de corredores de vegetação nativa em áreas de paisagem altamente
781
,

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c) proteção dos remanescentes de vegetação natural (manutenção de aceiros, cercamento, averbação
de Reserva Legal)781.

Goiás, estado com menor índice de vegetação nativa preservada dentro da área de distribuição de
Celeus obrieni: uma primeira área protegeria as várzeas de inundação e matas ciliares ao longo do rio

49°44’14.41”W); a segunda área protegeria a região denominada “Morro do Gigante” (17°05’05.44”S,


51°36’08.08”W) no município de Caiapônia, que concentra contínuos e extensos remanescentes de
cerradão950.
Está em processo de criação a APA Estadual da Serra da Cangalha, e o Monumento Natural da Serra
da Cangalha, no nordeste de Tocantins, entre Goiatins e Campos Lindos. Essas unidades contemplam

Dornas, obs. pess.) e onde a espécie foi redescoberta966. Existe outra proposta, de criação de um Parque
Estadual das Águas de Paranã, com mais de 80 mil hectares, no extremo sul do Tocantins, em região
421,912
.
É também importante o incentivo à formação de RPPNs em áreas de ocorrência da espécie,
especialmente em uma grande área de mata ciliar com taboca ao longo do rio Tocantins, com cerca de
2.500 ha, no município de Minaçu (13°10’36.8”S, 48°09’35.5”W)950.

Presença em unidades de conservação


Não há registro da espécie em unidades de conservação.

Pesquisas
O Grupo de Pesquisa em Ecologia e Conservação de Aves da Universidade Federal de Tocantins -
Ecoaves/UFT tem focado esforços em pesquisas sobre esta espécie, sobretudo no conhecimento de sua
distribuição e de uso do habitat e em estratégias para sua conservação.

Celeus torquatus pieteroyensi Oren, 1992


Sidnei de Melo Dantas & André De Luca

Ordem: Piciformes
Família: Picidae

Nome comum: pica-pau-de-coleira

Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção ICMBio 243

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