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DONALD WINNICOTT

BIOGRAFIA → Posso imaginar a ideia do que é o outro, podendo Cultura: brincar, criatividade, arte, sentimentos,
ser um monstro, mas para poder saber eu preciso ter religiosidade, sonhar, fetichismo, mentir, sentimentos
Nasceu em 1896 em Plymouth/IN. afetuosos, drogas etc.
interações com esse outro.
1924 – Pediatra.
→ Pode virar objeto fetiche ou representar fezes.
Analista didata pela sociedade.
As crianças usam objetos para passar de uma
Psicanalista britânico. dependência para uma independência.
Forte influência da psicanálise Kleiniana. Fenômenos transicionais (defesa contra a ansiedade,
principalmente antes de dormir):
Se mantem neutro no conflito entre Klein e Anna Freud OBJETO TRANSICIONAL
na SPB. a) Levar o objeto a boca.
“Área intermediária de experiência entre o polegar e o b) Chupar o objeto.
Observação de bebês e da relação mães-bebês. ursinho, entre o erotismo oral e a verdadeira relação de c) Acariciar o objeto.
Técnica: jogo das garatujas. objeto, entre a atividade criativa primária e a projeção d) Balbucios.
do que já foi introjetado, entre o desconhecimento
OBJETOS TRANSICIONAIS E FENOMÊNOS primário da dívida e o reconhecimento desta (...). Uso 4 a 12 meses (para ambos os sexos)
TRANSICIONAIS que é dado a objetos que não fazem parte do corpo do MÃE SUFICIENTEMENTE BOA
bebê, embora ainda não sejam plenamente
Cada um é uma pessoa, pensando no seu interior. Capacidade de se adaptar as necessidades do bebê.
reconhecidos como pertencentes a realidade externa”
→ A mãe é o primeiro não eu que o bebê entra em (Winnicott, 1971).
→ O bebê tem horários diferentes dos pais, então
contato, sendo a mãe a representação de todo o precisam criar uma rotina para se adaptarem a esse
→ O objeto transicional pode vir do seio ou objeto da
ambiente. horário do bebê.
primeira relação.
É biológico essa dependência do bebê com a mãe e a Responsiva: perceber a criança, através da
→ Precede o teste de realidade.
mãe com o bebê, se transformando numa sensibilidade.
interdependência. → O bebê passa o controle onipotente (o mundo é o
que eu quero que seja) para o controle da manipulação. Ajuda o bebê a tolerar a frustração (distância).
Indivíduo que chegou a uma unidade, com membrana
limitadora e um exterior e um interior. Existe uma → Primeira posse (objeto) não-eu. → Quais são os momentos de ela frustrar (falhar) com
realidade interna e externa diferentes. o bebê.
→ Substituto simbólico de um objeto parcial, como o
→ Essa membrana vai ser construída aos poucos no seio da mãe, no entanto, o importante não é o seu valor Mãe que diz NÃO: coloca limites e ajuda a criança a
psíquico da criança através do teste de realidade: simbólico, mas sua realidade. perceber a realidade.
Teste de realidade: habilidade de reconhecer e aceitar → No adulto perde o significado e se torna difuso: Apresentação de objetos.
a realidade como diferente da ilusão. cultura. Holding: processo de acolhimento.
→ Quando a criança está angustiada, a mãe ajuda a I. Desenvolvimento emocional do lactente: II. Handling (manejo ou manipulação).
criança a se regular. dependência absoluta (fase inicial) → III. Holding (sustentação).
dependência relativa → rumo a
SELF VERDADEIRO OU CENTRAL
independência.
Potencial herdado que experimenta uma continuidade
Princípio de prazer → princípio de realidade. do ser que experimenta uma realidade psíquica e um
Autoerotismo → relações objetais. esquema corporal. O self atinge significativa relação
entre a criança e a soma das identificações que (depois
II. Cuidados maternos: adaptação ativa as de bastante incorporação e projeção de representações
necessidades do bebê → desadaptação mentais) se organizam em torno de uma realidade
gradativa (de acordo com a capacidade de interna psíquica viva.
Não é o objeto que é naturalmente transicional. Ele tolerância a frustração do bebê).
1. Dependência absoluta: lact mãe.
representa a transição do bebê de um estado em que
Ambiente facilitador: aquele que permite que a
está fundido com a mãe para um estado em que está Quando a criança não consegue diferenciar o dentro
tendencia inata a integração (processo de maturação)
em relação com ela como algo externo e separado. dela mesma, está totalmente dependente do corpo da
venha, de fato, a se efetivar.
mãe.
TEORIA DO DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL
Processo de maturação: refere-se à evolução do ego e
do self e inclui a história do id, das pulsões e de suas “O ambiente favorável torna possível o progresso
A teoria do desenvolvimento emocional esta alicerçada
vicissitudes e a história das defesas do ego relativa as continuado dos processos de maturação. Mas o
em 2 pressupostos:
pulsões. ambiente não faz a criança. Na melhor das hipóteses
1. Tendencia inata a integração: o potencial possibilita a criança concretizar seu potencial.”
herdado de um lactente não pode se tornar um → Ir constituindo tanto o eu quanto deixar que o self
lactente a menos que ligado ao cuidado (nosso interior, potencial, o que a gente é) apareça. → Vai possibilitar ou não a criança concretizar o seu
materno. potencial.
Ego: parte da personalidade constituída pelo potencial
2. Criatividade originaria: é finita e necessita ser → Esse ambiente vai ser representado inicialmente
herdado que possa vivenciar uma continuidade de ser
exercida para que sobreviva, cria formas de ter pela mãe.
e que tende a integrar-se numa unidade.
afeto.
Self: definido como “a pessoa que eu sou, que possui → O ambiente não eu é responsável pelo ambiente
“Seu exercício, nos momentos iniciais, só poderá ser facilitador (holding, apresentação dos objetos,
uma totalidade baseada na operação do processo
efetuado diante de um ambiente facilitador (mãe frustração, responsiva) para a criança.
maturativo”.
suficientemente boa), isto é, somente uma mãe que se
encontra em sintonia com seu bebê terá condições de AS FUNÇÕES DO AMBIENTE FACILITADOR A mãe também é dependente do bebê, ela se identifica
decodificar e atender as necessidades deste quando com o bebê como se fosse parte do corpo dela, como
elas surgirem.” Objetivo: promoção da integração do bebê em um self se ela soubesse o que o bebê precisa.
unitário.
A teoria do desenvolvimento emocional segue dois → É um sentimento criado.
caminhos que se intercruzam: 3 tarefas:
I. Apresentação de objetos.
O bebê não dispõe de meios para tomar conhecimento A integração, personalização e realização faz parte → Personalidade não-integrada = desintegração
da maternagem. Não pode ter controle do que é feito desse processo. primária.
com ele.
3. Rumo a independência: adolescência e → Corpo despedaçado, não se reconhece no espelho.
→ Garante a sobrevivência do bebê essa maturidade
independência, aprende que as formas de controlar a → Chave para a psicose.
“Círculos cada vez mais abrangentes da vida social e a
mãe são de maneiras rudimentares (chorar, fazer ⎯ 5 meses
criança se identifica com a sociedade, por que a
necessidades etc.) e percebe que isso faz ele ter
sociedade local é um exemplo do seu próprio mundo Começa a diferenciar o eu do não eu, usando objetos
controle sobre a mãe.
pessoal, bem como exemplo de fenômenos internos nessa diferenciação (objeto transicional).
2. Dependência relativa: frustração verdadeiramente externos.”
Capaz de pegar um objeto que está vendo e levá-lo a
“Adaptação a uma falha gradual dessa própria → A criança se torna gradativamente capaz de se boca.
adaptação.” defrontar com o mundo e todas as suas complexidades.
Através dos jogos demonstra que tem compreensão de
→ A mãe não obedece ao bebê. O bebê desenvolve meios de viver relativamente sem que tem um interior e que as coisas vêm de fora, um
os cuidados reais, o que ele consegue acumulando exterior.
“Perfeição pertence as máquinas, o que uma criança lembranças de cuidados, a projeção de necessidades
consegue é justamente o que ela precisa, o cuidado e pessoais e a introjeção de detalhes de cuidado, com o É enriquecido pelo que incorpora.
a atenção de alguém que é continuamente ela mesma.” desenvolvimento da confiança no ambiente; e
Pode se livrar do que já usou.
→ Não tem como a mãe estar 100% disponível as compreensão do ambiente.
necessidades do bebê e ser responsiva. Admite que sua mãe também tem interior, ou seja, é um
→ Entender o que é a sua fantasia, o seu interior e seu
outro ser, e começa a se preocupar com ela.
→ Quando a mãe falha é onde ela é percebida como exterior (teste de realidade).
sujeito. ⎯ Desenvolvimento neurótico
DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL PRIMITIVO
A criança se torna consciente da dependência – → Integração.
⎯ Contexto
ansiedade com a falta – sabe que a mãe é necessária.
Reconhecer-se.
< 5 anos:
→ Surgimento da ansiedade. Técnicas de cuidado: manter a temperatura, manipular,
→ Anna Freud: O importante é o modo como o bebê é
→ Começa a ter noção da falta do outro, que o mundo banhar, embalar, nomear, acariciar.
cuidado.
pode se afastar e que ela é dependente. Mãe: toque, voz, cheiro, rosto vão ganhando um nome.
→ Bowlby: Não são individualizados, são menos
O tratamento reproduz isso na transferência, relaciona afetados pela falta da mãe. Conseguir compreender o meu corpo.
a maternagem aos impulsos pessoais.
→ Winnicott: fase decisiva para o desenvolvimento → Personalização.
→ Refazer o processo de maternagem, pois podem ter psíquico da criança: acarretando a escolha da neurose
ficado fixadas em algum ponto. Estar dentro do corpo.
ou psicose.
Técnicas de cuidado corporal repetidas e tranquilas.
< 5 meses:
Experiência pulsional: tornar a personalidade uma a Não foi feito o processo de Integração Comportamentos que não seguem a norma da
partir do interior. satisfatoriamente, ou seja, o processo de Holding (ou sociedade.
envelopamento) ficou incompleto.
Compreender que ela terá um eu interior e expressaria COMPULSÃO POR ROUBAR
isso para fora. ⎯ Mãe
Interpretação: “roubo de atenção dos pais”.
→ Realização. Fator ambiental: estável, a mãe significa o mundo aos
Reparação.
poucos.
Dissociação: não-integração, ambivalência, ser-outro.
Sintoma transgeracional – Segredo.
Maternagem: Holding, cuidados maternos, estímulos
Adaptação à realidade: Relação primária com a baixos. "Sintoma dos filhos - sintoma dos pais.”
realidade (bebê-seio), ilusão ou alucinação, realidade
externa como ponto de basta. Mãe suficientemente boa: previsível, falha de modo Fase antissocial dela própria: pai disciplinador.
confiável (singularidade).
Crueldade Primitiva: em relação a mãe = ambivalência. “Quando ajudamos pais a ajudarem seus filhos, na
Funções: verdade os estamos ajudando também em relação a si
elação de um objeto percebido, uma realidade externa.
mesmos.”
→ Sustentar - pegar acariciar, nomear, ninar =
⎯ Fantasia integração – unidade corporal e história (tempo e ANÁLISE: MANEJO, TORLERÂNCIA E
A fantasia que o paciente cria sobre sua organização espaço). COMPREENSÃO
interna é muito importante.
→ Manejar. "A tendência antissocial não é um diagnóstico.”
Mais primária que a realidade externa: o objeto é
→ Presença objeta. → Pode ser encontrada em indivíduos de qualquer
autocriado, onipotência infantil, é regido por leis
idade e entre neuróticos, psicóticos ou pessoas
mágicas e existe quando é desejado. DEFESA X TENDÊNCIA: ANTISSOCIAL normais.
Ambivalência: em relação à mãe e ao analista. Defesa antissocial.
→ É um estado, uma defesa.
Analista. Sobrecarregada por ganhos secundários.
“A tendência antissocial caracteriza-se por um
Lida com a ambivalência. → Dos ganhos secundários que a pessoa vai ter com elemento que compele o ambiente a tornar-se
tal comportamento. importante. O paciente, devido a impulsos
Analisa a fantasia do paciente sobre seu interior e seu inconscientes, obriga alguém a encarregar-se de cuidar
exterior, suas defesas e mecanismos persecutórios. Reações sociais. dele.”
⎯ Psicose Dificuldades inerentes ao desenvolvimento social. → O “chamar atenção” para a criança.
Falso-self: não necessariamente coincide com o corpo. Visa proteger o verdadeiro self através do falso self ESPERANÇA
Não integração primária. → A criança não se sentiu o suficientemente segura “A tendência antissocial implica em esperança.”
Regressão a uma desintegração primária da para mostrar o verdadeiro self.
Manejo significa reviver na transferência essa
personalidade. esperança.
“Ir ao encontro do momento de esperança e TIPOS DE TENDÊNCIA ANTISSOCIAL → Testar os impulsos do ID e descobrir o ambiente
corresponder-lhe.”
1. Roubo → Apoio do terapeuta.
De-privação: perda de algo bom.
Criança procura algo no lugar errado. → Ambiente fornecer uma nova chance para a
→ Perdeu algo bom que achava que tinha. racionalidade do Ego.
Primeiros sinais:
Privação: a ilusão não ocorreu ou não se sustentou de
forma satisfatória. → Comportamento tirânico.

→ Não conseguiu nem criara na cabeça da criança que → Sofreguidão – comilona.


ela teria a atenção. → Inibição do apetite.
Deprivação ou Desapossamento: ocorreu a ilusão, mas → Mãe também deve falhar ao se adaptar.
há a falta. A tendência antissocial é uma tentativa de
recuperar a posse desse objeto criado na ilusão. → Todo bebê é de-privado: mão não responde ao ID.
→ Atenção era dela a passou a não ser mais, começa → Mãe ou analista permite que o ódio do bebê se
a exigir essa atenção. expresse - de-priva.
Placement: em alguns casos, apenas a mudança de 2. Destrutividade
ambiente provoca grandes alterações.
Busca a quantidade de estabilidade ambiental
→ Manejo. necessária para suportar o embate do comportamento
impulsivo.
→ Oferecer para a criança a atenção que ela achava
que ela não tinha. “Provoca reações totais do ambiente, como se
buscasse uma moldura cada vez mais ampla, um
Repressão e cuidados. círculo que teria como seu primeiro exemplo os braços
TENDÊNCIA ANTISSOCIAL CAUSA INCÔMODO E ou o corpo da mãe.”
COMPELE O AMBIENTE A CUIDAR PERDA ORIGINAL
Furto, roubo, mentira, destrutividade, “vadiagem”, “Na base da tendência antissocial existe uma
conduta caótica, avidez, sujeira, compulsão por experiência inicial boa que foi perdida. Com toda a
compras. certeza, um dos aspectos essenciais é o de que o bebê
“Atuação, masturbação, superego patológico e culpa tenha alcançado a capacidade de perceber que a causa
inconsciente, estágios do desenvolvimento libidinal, do desastre foi devida a uma falha do ambiente.”
compulsão a repetição, regressão a ausência de Tratamento:
compaixão, defesa paranoia, ligação entre sexo e
sintomatologia.” → Fornecimento de um ambiente que cuida.
JACQUES LACAN
Importância para o mundo simbólico (cultura). A partir de 1920, o termo mudou de estatuto, sendo representação psíquica do som (ou imagem acústica),
conceituado por Freud como uma instância psíquica, no em oposição à outra parte, ou significado, que remete
Outro (referente simbólico do que seria o outro dentro a contexto de uma segunda tópica que abrangia outras ao conceito.
sociedade) X outro (estamos falando do semelhante, duas instâncias: o supereu e o isso. O eu tornou-se
uma relação imaginária com as pessoas ao me redor, a então, em grande parte, inconsciente Retomado por Lacan como um conceito central em seu
imagem que eu crio das pessoas). sistema de pensamento, o significante transformou-se,
Essa segunda tópica (eu/isso/supereu) deu origem a em psicanálise*, no elemento significativo do discurso
Nosso psiquismo vai se constituir a partir de 3 registros três leituras divergentes da doutrina freudiana: (consciente ou inconsciente) que determina os atos, as
que ficam entrelaçados: palavras e o destino do sujeito, à sua revelia e à
1. Eu concebido como um polo de defesa ou de maneira de uma nomeação simbólica.
1. Imaginário. adaptação à realidade (Ego Psychology,
2. Simbólico. annafreudismo). → Saussure.
3. Real. 2. Mergulha o eu no isso, divide-o num eu [moi] e
Relação intrapsíquica: está dando um privilégio para o num Eu [je] (sujeito), este determinado por um
nosso psiquismo, não é somente os cuidados da mãe, significante (lacanismo).
eu enquanto sujeito crio uma imagem que é uma certa 3. Inclui o eu numa fenomenologia do si mesmo
lente que eu vou usar para olhar o mundo e o outro e o ou da relação de objeto (Self Psychology,
outro é um objeto que eu vou olhar. kleinismo).

→ Regra geral que eu uso para criar esse imaginário PRINCIPAIS PONTOS Significado ligado ao significante, seguindo um conceito
do outro. Retorno a Freud. que irá ligar a uma imagem acústica.
→ Experiência. Eu – Realidade psíquica x física. → Lacan.
→ Imagens da cultura. RSI.
A partir dessa imagem que eu crio, eu também crio uma Linguística de Suassure: Significante/significado.
relação.
Tempo Lógico – mudança da técnica.
O inconsciente se estrutura como linguagem. No nosso inconsciente temos uma inverso, primeiro o
Estruturalismo de Lévi-Strauss. significante e embaixo temos o significado, ou seja,
EU embaixo é o que temos o que queremos dizer com
Novos conceitos: desejo, Outro, outro, objeto a,
Termo empregado na filosofia e na psicologia para repetição, transferência (sujeito do suposto saber), aquilo.
designar a pessoa humana como consciente de si e fantasia. A) Metáfora – condensação.
objeto do pensamento. B) Metonímia – deslocamento.
SIGNIFICANTE
A sede da consciência. O eu foi então delimitado num
sistema chamado primeira tópica, que abrangia o Termo introduzido por Ferdinand de Saussure (1857-
consciente, o pré-consciente e o inconsciente. 1913), no quadro de sua teoria estrutural da língua, para
designar a parte do signo linguístico que remete à
ESTRUTURALISMO categorizam animais, árvores, e assim por diante, eram ESTADIO DO ESPELHO
baseados em séries de antônimos. Mais tarde, em seu
Ferdinand de Saussure (1916), que se propunha a trabalho mais popular, "O Cru e o Cozido", descreveu 1. Confusão entre si e o mundo.
abordar qualquer língua como um sistema no qual cada contos populares amplamente dispersos da América do
um dos elementos só pode ser definido pelas relações A princípio a criança tem um corpo despedaçado
Sul tribal como inter-relacionados através de uma série (imagem fragmentada), não sabe se o seio é do corpo
de equivalência ou de oposição que mantém com os de transformações - como um antônimo aqui
demais elementos. Esse conjunto de relações forma a dela o da mãe, não consegue perceber o que é a
transformava-se em outro antônimo ali. criança e o que é a mãe.
estrutura.
→ 2 leis: não pode incesto e parricídio. → Função paterna (cultura) > lei.
De um modo geral, o estruturalismo procura explorar as
inter-relações (as "estruturas") através das quais o → Com a troca de mulheres cria um vínculo, criando Inscrição da lei, quando a criança começa a perceber
significado é produzido dentro de uma cultura. Um uso relações maiores entre os grupos e vivemos em que não pode ter a mãe só para ela.
secundário do estruturalismo tem sido visto sociedade.
recentemente na filosofia da matemática. De acordo Não precisa ser necessariamente a figura do pai, tem a
com a teoria estrutural, os significados dentro de uma → Estrutura os mitos que se repete. ver com o objeto de desejo da mãe.
cultura são produzidos e reproduzidos através de várias ESTRUTURALISMO NA LINGUAGEM Castração, momento em que a criança se vê impedida
práticas, fenômenos e atividades que servem como de ser o objeto de desejo da mãe.
sistemas de significação. Um estruturalista estuda → Língua: sistema no qual cada um dos elementos só
atividades tão diversas como rituais de preparação e do pode ser definido pelas relações de equivalência ou de → Figura materna (natureza).
servir de alimentos, rituais religiosos, jogos, textos oposição que mantém com os demais elementos.
(literários e não-literários) e outras formas de A mãe é essa que completa, primeiro não eu quem fez
entretenimento para descobrir as estruturas profundas Esse conjunto de relações forma a estrutura. esse momento de completude.
pelas quais o significado é produzido e reproduzido em Inter-relações (nas “estruturas) através das quais o 2. Assujeitada ao imaginário.
uma cultura. significado é produzido dentro de uma cultura.
Aquilo que se espera dela.
Claude Lévi-Strauss , analisou fenômenos culturais → Significados: produzidos e reproduzidos através de
incluindo mitologia, relações de família e preparação de Imagem do outro X Realidade do outro
várias práticas, fenômenos e atividades que servem
alimentos. como sistemas de significação. A criança cria uma imagem desse outro e isso confunde
Lévi-Strauss explicou que os antônimos estão na base a imagem do que realmente é esse outro.
Rituais de preparação e do servir de alimentos, rituais
da estrutura sócio-cultural. Em seus primeiros trabalhos religiosos, jogos, textos (literários e não-literários) e A ideia onipotente não funciona mais, a função paterna
demonstrou que os grupos familiares tribais eram outras formas de entretenimento para descobrir as quebra essa onipotência.
geralmente encontrados em pares, ou em grupos estruturas profundas pelas quais o significado
emparelhados nos quais ambos se opunham e se produzido e reproduzido em uma cultura. 3. Criança está segura do reflexo no espelho.
necessitavam ao mesmo tempo. Na Bacia Amazônica,
→ Significante: imagem acústica. É um fenômeno que vai acontecer entre os 6 meses aos
por exemplo, duas grandes famílias construíram suas
10 meses de vida do bebê, quando inicialmente esse
casas em dois semi-círculos frente-a-frente, formando
→ Signo: quando tem junto o significante e o bebe não se reconhece na imagem do espelho, e após
um grande círculo. Também mostrou que os mapas
significado. os 6 meses ele vai começar a se identificar nessa
cognitivos, as maneiras através das quais os povos
imagem.
→ Uma criança quando olha para o espelho, ele vê A matriz simbólica em que o eu se precipita numa forma
outra criança (supondo inicialmente que aquela imagem primordial, antes de se objetivar na dialética da
não é ele). identificação com o outro e antes que a linguagem lhe
restitua, no universal, sua função de sujeito. Essa
→ O eu é um outro inicialmente. forma, aliás, mais deveria ser designada por [eu] –
FORMAÇÃO DO EU ideal.

Fantasia e ideal de eu. RECONHECIMENTO


MURO DA LINGUAGEM
Continente e conteúdo – Bion. Tanto ao reconhecer o outro, como ao nos
O muro da linguagem demonstra, portanto, a obstrução comunicarmos através da linguagem, existe uma
O sujeito é anterior ao nascimento do eu. que impede a comunicação direta entre dois sujeitos. interferência a priori, pois o Outro (A) interfere na
É a partir da ordem definida pelo muro da linguagem articulação da palavra,
→ Quando a criança nasce ela é recebida por inúmeras
ideias de eu que a mãe (parentes, sociedade…) faz que o imaginário toma sua falsa realidade, que é, O Outro é isto diante do que nós fazemos reconhecer.
sobre como vai ser o bebe, sendo a primeira ideia não contudo, uma realidade verificada. O eu, tal como o Esse mais além da palavra de onde provém esta
eu da criança que a criança faz a partir de tudo isso. entendemos, o outro, o semelhante, estes imaginários mensagem implícita é o Outro, que contribui assim para
todos, são objetos. subordinar a linguagem humana a uma forma de
→ Esse não é criado a partir de uma série e comunicação onde a nossa mensagem vem do Outro
identificações. São, efetivamente, objetos por serem assim
denominados num sistema organizado que é o do muro sob uma forma invertida.
Estádio do espelho – constituição subjetiva. da linguagem. Quando o sujeito fala com seus Assim, o desejo do sujeito é formado nesse processo
semelhantes, fala na linguagem comum, que considera de reconhecimento, que tem a interferência do Outro,
O estádio do espelho bem-sucedido gera a capacidade
os eus imaginários como coisas não unicamente do laço social e do que acreditamos que esperam de
de brincar – e a criatividade.
existentes, porém reais. nós.
ESQUEMA L
Por não poder saber o que se acha no campo em que
O Esquema L ilustra que a relação que o sujeito o diálogo concreto se dá, ele lida com um certo número
mantém consigo mesmo é mediada por uma linha de de personagens, a', a. Na medida em que o sujeito os
ficção (a’ – a), em outras palavras, a relação que o põe em relação com sua própria imagem, aqueles com
sujeito dividido ($) mantém com a imagem que faz de si quem fala são também aqueles com que quem se
mesmo, Eu (Moi), está na dependência do outro (a) seu identifica.
semelhante.
EU IDEAL
A relação que o sujeito dividido ($) estabelece com o
Basta compreender o estadio do espelho como uma
Outro, tesouro dos significantes, está interposta
identificação, no sentido pleno que a análise atribui a
também pelo eixo imaginário (a’ – a), estabelecendo o
esse termo, ou seja, a transformação produzida no
que Lacan chamou de "muro da linguagem". Ou seja,
sujeito quando ele assume uma imagem.
quando um sujeito se comunica com um outro sujeito, a
comunicação é sempre mediada pelo imaginário.

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