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RESUMO DE PSICANÁLISE PARA N2


Winnicott e Lacan

SUMÁRIO

1)LACAN:...............................................................................................................................................2
–>Estádio do Espelho:................................................................................................................ 2
–>Os 3 Pilares Fundamentais:.................................................................................................... 2
–>O Outro:....................................................................................................................3
–>Muro da Linguagem:.............................................................................................................. 3
–>Eu ideal:.................................................................................................................................. 4
–>Signo:...................................................................................................................................... 4
–>Narcisismo:...............................................................................................................4
–>Complexo de Édipo para Lacan:.............................................................................. 5
–>Esquema L (Incerto):.............................................................................................................. 6
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1)LACAN:

–>Estádio do Espelho:
Se refere à fase em que uma criança começa a reconhecer sua própria imagem no
espelho e a perceber que essa imagem é uma representação de si mesma.
Ocorre dos 6-18 meses de idade, quando a criança começa a ter controle suficiente
sobre seu corpo para se mover e se posicionar diante do espelho. Nesse momento, ela
experimenta uma sensação de unidade e totalidade ao identificar sua imagem refletida como
um "eu" completo.
Essa experiência não reflete uma compreensão verdadeira da identidade individual,
mas sim uma ilusão. A criança ainda não tem uma noção completa de si mesma e depende da
imagem especular como uma referência externa. Essa imagem do "eu" no espelho torna-se
um ideal inatingível e, portanto, gera uma sensação de falta e desejo de completude.
O Estádio do Espelho é considerado um momento crucial na formação do eu e no
desenvolvimento da identidade, pois introduz a criança no mundo simbólico e no
reconhecimento do outro.
Essa imagem é apenas uma representação externa e a verdadeira identidade e sentido
de si mesmo são construídos através das interações simbólicas e das relações com os outros.

–>Os 3 Pilares Fundamentais:


1. O Real: Refere-se à dimensão do impossível, ao núcleo da realidade que escapa à
simbolização e à linguagem. O Real é aquilo que não pode ser totalmente representado ou
compreendido, é o elemento que resiste à simbolização e à tentativa de significação. É a
experiência do vazio, da falta, e muitas vezes está associada ao trauma. O Real é inacessível e
se manifesta através de sintomas, lapsos e sonhos, revelando as falhas da simbolização.
2. O Simbólico: Refere-se à dimensão da linguagem e das estruturas simbólicas que
organizam a realidade. É o domínio dos significantes, dos sistemas de signos e da ordem
social. O Simbólico é onde os significados são atribuídos e as identidades são construídas
através da linguagem e das normas culturais. É a dimensão da lei e das estruturas simbólicas
que moldam a experiência humana.
3. O Imaginário: Refere-se à dimensão das imagens, das representações mentais e
das fantasias. O Imaginário é onde se desenvolvem as imagens do eu e do outro, onde são
formadas as identidades e as relações intersubjetivas. É o domínio das projeções e das
ilusões, onde a realidade é filtrada e reinterpretada através das lentes das imagens e das
representações. O Imaginário está relacionado à construção do eu e à busca de uma
identidade coerente.
A formação do Eu, de acordo com Lacan, é um processo contínuo e dinâmico,
influenciado pelas interações sociais, pelas estruturas linguísticas e pelos aspectos
inconscientes da mente
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–>O Outro:
O Outro não se refere simplesmente a uma pessoa específica, mas sim a um espaço
simbólico que representa a alteridade, ou seja, tudo aquilo que está fora do sujeito e que
influencia a sua constituição psíquica.
Lacan diferencia o Outro com "O" maiúsculo do outro com "o" minúsculo. O outro
com "o" minúsculo é o outro individual, uma pessoa real e concreta. Já o Outro com "O"
maiúsculo é o lugar onde se encontram as normas, os valores, as regras sociais, a linguagem e
o sistema simbólico que moldam o sujeito e sua percepção do mundo.
O sujeito se constitui através do acesso à linguagem e da entrada no universo
simbólico do Outro. O Outro é responsável por fornecer os significados e as normas que
estruturam o discurso e as relações sociais. O sujeito busca reconhecimento e identificação no
Outro, mas também experimenta a falta e o desejo, pois nunca consegue se tornar plenamente
igual ao Outro.
A relação com o Outro está intrinsecamente ligada à busca de reconhecimento, à
formação do eu e à construção do sentido de si mesmo.

–>Muro da Linguagem:
O "Muro da Linguagem" é um conceito para descrever a barreira simbólica que
separa a experiência humana da realidade em si.
A linguagem é a principal ferramenta pela qual nos relacionamos com o mundo e com
os outros. No entanto, a linguagem também introduz uma série de limitações e distorções na
nossa compreensão da realidade.
O Muro da Linguagem representa a ideia de que a linguagem é fundamentalmente
inadequada para capturar a experiência humana em sua totalidade. Através da linguagem,
somos capazes de representar o mundo e expressar nossos desejos e pensamentos, mas essa
representação sempre será imperfeita e parcial.
Ele sugere que a linguagem é responsável pela constituição do sujeito, ou seja, da
identidade e da subjetividade de cada indivíduo. No entanto, essa constituição é sempre
mediada pela linguagem e pelas estruturas simbólicas que ela impõe. O sujeito é, portanto,
alienado pela linguagem e pelas demandas da sociedade.
O Muro da Linguagem também está relacionado à noção de falta fundamental ou
"falta-a-ser" presente na teoria lacaniana. Essa falta é uma consequência da incompletude da
linguagem e da impossibilidade de expressar plenamente os desejos e as necessidades
humanas. A busca incessante pelo preenchimento dessa falta é o que impulsiona o sujeito na
sua relação com o mundo.
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–>Eu ideal:
Imagem idealizada que uma pessoa tem de si mesma.
Para Lacan, o Eu Ideal é formado por influências externas, como as expectativas e
demandas da sociedade, da cultura e da família. É uma construção imaginária que cada
indivíduo internaliza e busca alcançar. O Eu Ideal é um ideal inatingível, uma vez que é
baseado em uma imagem perfeita e irrealista.
Lacan enfatiza que o Eu Ideal é uma ilusão que está além do alcance da realidade. Ele
argumenta que essa busca incessante pelo Eu Ideal pode levar a um sentimento de
inadequação e insatisfação constantes, causando angústia e ansiedade. As pessoas podem se
esforçar para atender às expectativas do Eu Ideal, mas acabam se sentindo frustradas e
incompletas.
Essa noção de Eu Ideal também está relacionada ao conceito de "o Outro" em Lacan,
que é a representação do mundo externo e da sociedade. O Eu Ideal é moldado pelas normas,
valores e ideais desse Outro, e o indivíduo busca se adequar a essas expectativas para ser
aceito e valorizado.

–>Signo:
O signo é uma unidade fundamental da linguagem e da comunicação humana.
Composto por duas partes: O significante é a parte material ou perceptível do signo, como um
som, uma palavra escrita ou um gesto. O significado é a parte simbólica ou conceitual do
signo, referindo-se a um conceito, objeto ou experiência.
O significante e o significado não estão ligados de forma estável ou direta, mas são mediados
por uma terceira entidade chamada "objeto a", que representa o desejo inconsciente do sujeito
que alimenta o desejo humano e está constantemente fora de alcance.
Ele enfatizou que o significado não é fixo nem estável, mas está sujeito a múltiplas
interpretações e deslizamentos de sentido, refletindo a natureza complexa e ambígua da
psique humana.

–>Narcisismo:
O narcisismo é uma fase inicial do desenvolvimento psíquico em que o bebê se
percebe como uma unidade separada do mundo externo. Nessa fase, o bebê está voltado para
si mesmo e não diferencia claramente entre o eu e o outro. O bebê encontra prazer e
satisfação na contemplação da própria imagem, seja no espelho ou na resposta dos
cuidadores.
O narcisismo não é uma fase que seja superada definitivamente. Em vez disso, o
narcisismo está sempre presente na estrutura do sujeito ao longo da vida. Ele descreve o
narcisismo como uma parte integrante do eu, um ponto de referência em relação ao qual o
indivíduo se constrói e se relaciona com o mundo.
A dimensão simbólica do narcisismo, em que o eu se forma através da identificação
com imagens e representações simbólicas que estão presentes na sociedade. A pessoa busca
reconhecimento e validação dessas imagens e, ao fazê-lo, molda sua identidade e autoestima.
Ele não vê o narcisismo apenas como um traço de personalidade negativo, mas como
uma parte essencial da constituição psíquica de um sujeito.
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–>Complexo de Édipo para Lacan:


Ocorre durante a fase fálica do desenvolvimento psicossexual, por volta dos 3 a 5
anos de idade. Nessa fase, a criança desenvolve sentimentos amorosos em relação ao genitor
do sexo oposto (o chamado "amor infantil") e experimenta rivalidade e hostilidade em
relação ao genitor do mesmo sexo. Esses sentimentos são influenciados pela consciência da
diferença anatômica entre os sexos.
Lacan enfatiza que o Complexo de Édipo não é apenas uma questão individual, mas
também está enraizado na linguagem e na estrutura simbólica. Ele argumenta que o desejo da
criança pelo genitor do sexo oposto é mediado pelo simbólico e pelo imaginário, ao invés de
ser uma simples atração biológica. A criança busca a aprovação do genitor do sexo oposto,
procurando assimilar os valores e as normas sociais transmitidas por ele.
O Complexo de Édipo não é resolvido de forma definitiva durante a infância, mas
continua a influenciar a vida adulta por meio do inconsciente e da relação com o Outro
simbólico. O desejo e os conflitos relacionados ao Complexo de Édipo podem se manifestar
de maneiras variadas na vida adulta, moldando as escolhas amorosas, as relações sociais e a
construção da identidade.
Essa dinâmica é influenciada pela linguagem e pela estrutura simbólica, e suas
ramificações podem ser observadas ao longo da vida adulta.

–>Desejo Humano:
Lacan argumenta que o desejo não está simplesmente ligado à satisfação de
necessidades básicas ou impulsos biológicos, mas sim à busca contínua de completude e
realização. Ele descreve o desejo como um processo psíquico que é moldado pela falta e pela
linguagem.
Lacan afirma que o desejo humano surge da experiência da falta, ou seja, da sensação
de que algo está faltando ou incompleto. Essa falta é inerente à condição humana e é gerada
pelo rompimento inicial com o objeto primordial de satisfação, que é a relação simbiótica
com a mãe. A separação desse objeto gera uma sensação de perda e incompletude que
acompanha o indivíduo ao longo da vida.
O desejo, para Lacan, não é direcionado a um objeto específico e fixo, mas é
constantemente mediado pela linguagem e pela cultura. Ele argumenta que a linguagem é a
principal ferramenta que os indivíduos usam para expressar e buscar a satisfação de seus
desejos. No entanto, a linguagem também introduz uma série de significados e simbolismos
que podem obscurecer ou distorcer o desejo verdadeiro.
Assim, o desejo humano em Lacan não é algo que pode ser completamente satisfeito,
mas é um processo contínuo de busca e insatisfação. Ele acredita que o desejo é alimentado
pela falta e pela impossibilidade de alcançar uma completude absoluta. É através desse desejo
que os indivíduos se envolvem em uma série de atividades e relações, buscando
constantemente formas de preencher a falta e encontrar uma sensação de plenitude.
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–>Esquema L (Incerto):
O Esquema L é uma representação gráfica.
O Eixo Imaginário é formado pelo “(a) outro” e pelo “(eu) a”. O (eu)a é uma
imagem que a criança tem de si mesma, construída com base no (a)outro ideal, que sofre
influência, por exemplo, de elogios maternos (Ex.: “Você é lindo”. Então a criança começa a
se achar linda). Entretanto, essa relação é imaginária/irreal/incondizente com a realidade.
Quem faz esse choque (Choque Narcísico) é o Outro, que representa os valores morais da
sociedade, normalmente protagonizado pelo outro Pai. Então quando o Pai (No caso do
Édipo), faz essa cisão dessa imagem imaginária, a criança passa a se ver como “(Es) S”, que
ainda não é uma imagem exata da realidade (afinal isso é impossível) mas é algo mais perto
do que a realidade, porém essa imagem nova de si mesma é falha, e falta algo para ser
completa. E por ser completa Lacan se refere a ser igual à “(a) outro”, surgindo a seta da
esquerda para a direita, em que o Eu passa a buscar se tornar esse outro imaginário
perfeito/ideal. Entretanto isso é impossível e ele vai passar a vida tentando alcançar essa
totalidade novamente.
Resumindo de forma mais clara, inicialmente a criança se vê como uma só com o
outro, o resto do mundo, em uma imagem perfeita, totalitária e imaginária. Entretanto surge o
Outro, que representa os valores da sociedade, normalmente papel ocupado pelo pai. Esse
Outro faz uma ruptura dessa Relação Imaginária, de tal forma que surge um novo Eu, que se
enxerga como separado das outras coisas da realidade, entretanto esse Eu novo se sente
incompleto e busca se tornar o outro imaginário no qual ele se antes se considerava igual.
Essa busca será constante e frustrante, afinal esse outro é impossível e imaginário.

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