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FUNÇÃO DE ESPELHO
Função exercida inicialmente pela mãe.
O reconhecimento do outro possibilita a sua própria existência enquanto ser.
É o ato do terapeuta devolver ao paciente o que ele traz de si mesmo. Essa
experiência de caráter estético traz ao paciente uma experiencia de satisfação, de
encanto, de alegria ou de beleza.
O reflexo especular (Winnicott,1967) fornecido pelo outro abre a possibilidade de o
paciente encontrar a si mesmo e, ao mesmo tempo, ao outro.
A experiência de encanto anuncia o emolduramento de aspectos fundamentais do self
do paciente, que aguardavam a possibilidade de vir-a-ser.
O encontro com qualidades estéticas abre inúmeras possibilidades de
desenvolvimento para a criança, iniciando também o surgimento de formas que
apresentarão o estilo de ser do indivíduo, elementos que estamos denominando
símbolos de self.
No encontro humano, em que a experiência estética inaugura a possibilidade de existir
como ser frente a um outro, dando ao indivíduo em uma capacidade de articulação de
símbolos de self, constituindo o seu existir em seu estilo singular de ser.
Ao longo do desenvolvimento do indivíduo há um processo contínuo de criação
destes símbolos de self. Mãe e pai fornecem à criança, com suas presenças vivas, um
campo simbólico, um repertório simbólico e, após, os símbolos do self vão ser
encontrados no campo cultural. Inicia-se um movimento simbolizante.
Ao ser possível o acontecimento do processo de criação de símbolos do self em uma
relação intersubjetiva, há o aparecimento da experiência estética. No jogo de
especularidade, a partir do momento em que o indivíduo é reconhecido pelo outro, o
mundo pode ser criado e pode vir a ser conhecido com satisfação.
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CHAUI
Para aquelas que utilizam a teoria winnicottiana isto surge no discurso como a mãe
suficientemente boa que acolhe, sustenta, oferece condições para que o paciente, em um
ambiente favorável, se desenvolva. Não é esperada do at uma intervenção interpretativa,
mas esperase que ele seja capaz de “escutar” aquele que geralmente ninguém escuta.
Natureza afetiva do vínculo, que é e deve ser estabelecido pelos ats. Esse vínculo, na
época das comunidades terapêuticas, era visto como o que propiciaria um ambiente
acolhedor e, portanto, terapêutico ao paciente. Na fala de nossas entrevistadas o vínculo
surge como o elemento que propicia um “encontro transformador”. Assim, permanece a
idéia de que é a afetividade que permitirá a criação de um “ambiente terapêutico” ou de
um “encontro transformador”.
Entretanto, essas redes, de maneira geral, não são coisa dada, elas precisam ser
construídas e entendemos que seja papel do at ajudar nessa construção. É pela criação
dos projetos de vida elaborados com os pacientes, projetos estes que, por sua vez,
surgem da escuta atenta dos desejos, que o at irá contribuir para a formação das redes.
O at busca a criação de vínculos entre o paciente e seu entorno. Ou seja, para nós a
construção de redes é a construção de vínculos, construção de relações que, como
vimos, é o que dá ao sujeito identidade, sentimento de pertença, sentido para a vida.