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2020/2

Psiquismo e Subjetividade
em Psicanálise
Prof. Luciana Balestrin Redivo

- O Sujeito da Psicanálise;
- Construção de Psiquismo e Produção de Subjetividade;
- Infância e o infantil: a psicossexualidade, organização pré-genital e conflitiva edípica. -
Expressões da infância: a função do brincar;
- Latência e Puberdade: especificidades;
- Adolescência: ressignificações no ciclo de vida;
- Idade Adulta: Sexualidade Adulta e alteridade, masculinidade, feminilidade e a construção da
família;
- Velhice e Morte

O Sujeito da Psicanálise
O sujeito na Psicanálise // para a construção de um sujeito, há:

- Produção de subjetividade
- Construção do Psiquismo
Psiquismo = inconsciente = universalidade do aparato

- Aparelho psíquico, movimentado por aspectos inconscientes


- Com modos particulares que vão emergir a subjetividade
- Singularidade humana —> como cada energia psíquica circula pelas instâncias -
Organizações psíquicas (instâncias) universais; independe de cultura e localização
1. Id

2. Ego

3. Superego

Subjetividade = o que remete ao sujeito; posição de sujeito; socialização/cultura

- Subjetividade = 2 ordens de funcionamento

- Consciente
- Inconsciente
- Interrelação/Efeito entre o que é da estrutura (psiquismo) e o que é da socialização/cultura
- Marca a sua personalidade
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Produção de subjetividade: produção da singularidade humana no cruzamento das questões
universais e reações particulares

Como se constitui o sujeito? - Freud

- Conceito do sujeito e do inconsciente - pedra angular psicanálise, onde se pode entender a


construção subjetiva

- Existência inconsciente - escuta - histerias - fantasias


- Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade (1905)
• A vida adulta se mistura com o que foi vivido na infância

• Crianças tinham um registro de prazer/sexualidade

• Texto revisado inúmeras vezes

O sujeito da Psicanálise

- Sujeito do desejo
- Noção do inconsciente
- Marcado pela falta
- Tomado pelo desejo do outro
- Mediado por um terceiro // por isso, os indivíduos tendem a se manter em relações a vida
toda

- Ser desamparado e dependente —> intensa proximidade entre bebê e objeto de cuidado //
- Objeto de cuidado entrega seu narcisismo // permite que a criança, no futuro, reconhece seus
afetos e intensidades

- Marca de sensação de satisfação que o aparelho psíquico nunca esquece, até na vida
adulta Como o sujeito se constitui?

- Retomada do conceito de pulsão


- Processo de pulsionalização/erotização do corpo infantil
- 1a e 2a tópicas

- Ordem e representação/caos e desordem // aparelho se organiza quando encontra objeto


de satisfação
- Pulsão: limite do somático e do psíquico // força que movimenta o aparelho psíquico
- Apoio: pulsões sexuais e autoconservação // primeiro encontro nasce do autoconservativo e
da necessidade —> registro da primeira marca de satisfação/prazer/completude (pulsões
sexuais)

• sacia a fome (necessidades fisiológicas) + plus de prazer

• a condição sexual se apoia no autoconservativo; depois se afasta do autoconservativo


—> movido pela pulsão
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• autoerotismo: condição do bebê de autoinvestimento (chupar bico/dedo)

• a forma como cada um obtém prazer é construída nessa idade // tendência de


repetição; pontos de fixação

• pontos de fixação: aquelas experiências que nos demandaram mais, foram mais
investidas, foram muito intensas (de um jeito positivo ou frustrado) (incluindo a falha) //
eles tendem a retornar, não necessariamente desencadeiam patologias; sempre será
subjetivo

- quanto mais distribuidos durante o desenvolvimento, mais saudável


- marcam o trajeto que a pulsão pode se dar

• marcas mnêmicas podem ser escritas desde antes o nascimento; discursos feitos
antes que se inscrevem; criança, ao ser subjetivada, compreende isso e inclui no seu
psiquismo, mesmo que inconsciente

• tirar a roupa de um recém-nascido, provocando choro = ele não tem noção do eu ainda,
então pensa que está sendo “despedaçado”; não compreende os limites do seu corpo
ainda

Freud - Pulsão e seus destino (1915)

- Pulsão

• Parcialidade: quando uma criança tem prazer em mamar, ela reproduz um prazer da
zona erógena (parte do corpo) // sexualidade infantil, apenas uma zona erógena

• Totalização: genitalidade // integração do corpo nas várias possibilidades de satisfação

• “Uma pulsão nunca pode passar a ser objeto da consciência, só pode se-lo a
representação que é seu representante” - Freud, 1915, p.173 // só se percebe a pulsão
pelo seu objeto investido

• tende à descarga

• pulsão de morte não se liga à nenhuma representação

- Desejo
• Inaugurado pelo encontro com o objeto de cuidado

• Busca da reprodução da satisfação original

• Forma alucinatória // chupar o dedo

• Atrelado a satisfação de um objeto não mais encontrado

• Representante na ordem do simbólico

• No cerne do desejo está a falta

Lacan - Seminário 11 (1973)

- Desejo humano é o desejo do outro

- O que se deseja é ser reconhecido pelo outro, amado, desejado


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- Vazio infindável que o objeto não consegue satisfazer
Marcas da subjetivação e estruturação psíquica

A. Noção de inconsciente

B. Sexualidade como organizadora da vida psíquica

C. Estrutura de linguagem

• Criança ao nascer precisa do outro que lhe dê um lugar de existência, necessidade de


linguagem (possibilidade de inscrição de representações, quais são os desejos, que
lugar a criança ocupa)

D. Noção de falta do objeto

E. Desamparo fundamental (Hilflosigkeit)

• Bebê humano carente de todos os cuidados, para que venha a se subjetivar, precisa de
alguém que o suporte física e psiquicamente, através de inscrições de certas operações

- Passar de carne e osso a sujeito


- Entre a presença e a ausência abrirá espaço de falta; falta é organizadora do psiquismo
- Sistema psíquico grava como significantes certas experiências vividas
- Formação da memória e nos impacta no presente e na vida adulta
- Formando vias de facilitação; caminhos psíquicos mais facilmente percorridos serão
aqueles que serão reproduzidos nas relações

- Percurso percorrido, rastro deixado pela passagem da energia psíquica produzida nesse
aparelho, facilitando a circulação de energia no aparelho por uma determinada via já traçada

O que é vivido pela mãe e filho opera registros simbólicos

“Para que se estruture um sujeito, a falta é necessária, pois o ato da provocação gera nesta criança
a pulsão como representante do biológico, a qual só pode ser aliviada por meio do outro (objeto). É
esse outro que pela repetição vai inscrever no filho o traço de memória. Desta forma, a mãe
amamenta seu filho aplacando sua fome (mal-estar) e ao retirar o seio (satisfação) desperta no
bebê uma tensão no sentido de desejar que esse outro (mãe) deseje suprir o que sempre vai faltar.
A marca que fica pelo objeto faltante é o que desenha no inconsciente o objeto do desejo. A pulsão,
assim, é a propulsora do desejo.”

Sexualidade em Psicanálise e suas características


Em Psicanálise, a sexualidade humana é considerada muito mais ampla que a
genitalidade;
Chama-se de sexual toda a conduta que parte de uma região erógena do corpo e,
apoiando-se numa fantasia, gera um certo tipo de prazer. // sexual tem a ver com um enlace
entre o corpo e um registro psíquico

O motor da vida psíquica é a sexualidade (gerar prazer e evitar desprazer)


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Psicossexualidade

- Em Psicanálise, a dimensão da sexualidade é o enlace entre o corpo e o psíquico. Por


isso, Freud propõe a ideia de Psicossexualidade.
- Isso significa que “a concepção freudiana da sexualidade se relaciona ao papel de
organizador psíquico que tem o prazer [...], sendo um impulsionador do desenvolvimento
psíquico” // prazer é organizador e desenvolvedor

Puslão

-“Processo dinâmico que consiste numa pressão ou força que faz o organismo tender para um
objetivo. Segundo Freud, uma pulsão tem a sua fonte numa excitação corporal; seu
objetivo ou meta é suprimir o estado de tensão; é no objeto ou graças a ele que a pulsão
pode atingir sua meta”.

- pulsão como ponte entre o corpo e o psíquico


- fonte da pulsão é sempre uma zona erógena
- 4 termos da Pulsão
• Fonte; sempre somática e proveniente do corpo erogeneizado

• Meta/Finalidade: descarga (satisfação)

• Pressão/Força, sobre o funcionamento do aparelho psíquico, exigência de trabalho ao


psíquico

• Objeto: sempre variáveis e contingentes; construído por cada sujeito de uma forma
singular; na construção da sexualidade de cada um é que determinamos os objetos em
que haverá descarga da pulsão

Pulsão sexual

- “Pressão interna que atua num campo muito mais vasto do que as atividades sexuais no
sentido corrente do termo. Do ponto de vista econômico, Freud postula a existência de uma
energia única nas vicissitudes da pulsão sexual: a libido. Do ponto de vista dinâmico,
Freud vê na pulsão sexual um pólo presente no conflito psíquico: é objeto previlegiado do
recalcamento no inconsciente”.

- energia (libido) da pulsão sexual está inscrita no psiquismo —> atua como desejo
- sexualidade opera pela força da pulsão sexual

Sexualidade: construção que se dá de forma bifásica

- Sexualidade infantil: se inicia num tempo pré-genital; organização da sexualidade, de como


ela surge e de como se complexiza

- Genitalidade: condições se criam para que se alcance a genitalidade


Pulsão parcial // característica da sexualidade infantil
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- A pulsão sexual não está integrada desde o início, mas começa fragmentada em pulsões
parciais cuja satisfação é local (prazer do órgão). “As pulsões parciais funcionam primeiro
independentemente e tendem a unir-se nas diversas organizações libidinais”

- partem e se satisfazem nas zonas erógenas // pulsão oral, epistemofílica, exibicionista,


- são parciais por não serem hierárquicas // sexualidade infantil caótica por haver pulsões
anárquicas

Erogeneidade

- Corpo erógeno
• Todo o corpo (e suas funções) é potencialmente erógeno (capaz de ser enlaçado pela
sexualidade)

• corpo enlaçado pelo sexual; todas as partes do corpo são potencialmente erógenas

• criança com capacidade motora de caminhar, mas sem o interesse/estímulo para


caminhar

- Zona erógena

• “Qualquer região suscetível de se tornar sede de uma excitação de tipo sexual.


Mais especificamente, certas regiões que são, fuincionalmente, sedes dessa excitação”.

Disposição Perversa Polimorfa

- É uma característica da sexualidade infantil ser Parcial e Polimorfa

- Perversa porque a sexualidade infantil é PARCIAL (e, portanto, não genital) // não ésinônimo
de patologia

- Polimorfa porque qualquer parte do corpo é passível se tornar uma zona erógena (essa é
uma construção singular) // assume múltiplas formas por possuirmos múltiplas zonas
erógenas

Teoria do Apoio

- “Termo introduzido por Freud para designar a relação primitiva das pulsões sexuais com a
autoconservação: as pulsões sexuais, que só secundarimente se tornam independentes,
apoiam-se nas funções vitais que lhe fornecem uma fonte orgânica, uma direção e um objeto”

- Sexualidade se inaugura e se inscreve no Apoio


O Aparelho psíquico freudiano é um aparato de captura, de contenção e transformação de algo
que lhe chega a partir do externo (externo ao aparato)

- Aparelho psíquico sempre em ligação com o externo e é invadido por intensidades -


Transformações constantes // para o aparelho se complexizar, formas primitivas precisam ser
recalcadas —> renúncias

- satisfações orais se perpetuam, mas de formas diferentes (comer, por


exemplo) Curso mais ou menos ordenado do desenvolvimento
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Etapas do desenvolvimento psicossexual podem sobrepor-se e podem estar presentes lado a lado

- desenvolvimento como forma de complexização // processo progressivo e regressivo, não linear

“… A vida sexual não emerge como algo pronto e nem tem seu desenvolvimento ulterior ditado pelo
seu próprio aspecto inicial, mas passa por uma série de fases sucessivas que não parecem entre
si...” Freud

Organizações pré-genitais

- “Chamaremos de pré-genitais às organizações da vida sexual em que as zonas genitais ainda não
assumiram seu papel preponderante”.

- organização oral, anal e fálica —> sexualidade parcial

Sexualidade, tema fundamental para a Psicanálise


Sexualidade fala de marcas do aparelho psíquico e que marcam o inconsciente e seu funcionamento
Vai além da genitalidade, fala do registro do prazer

A sexualidade então está presente desde muito cedo, no encontro com o objeto primordial- o
cuidador, num primeiro encontro de prazer. Esse cuidador, ao amamentar, cuidar, higienizar, está
fundando um aparelho psíquico sobretudo pela inauguração do movimento pulsional.

Noção de fantasia

Satisfação inicialmente se dá por um objeto externo

Cada sujeito busca, por meio de objeto, se aliviar das tensões que invadem o aparelho psíquico — >
definidora da ação humana; aparelho psíquico tende a repetir a experiência de satisfação // acarreta
em marcas e a estruturação de cada sujeito e sua singularidade

Essa movimentação da pulsão no aparelho psíquico vai sempre buscar uma descarga. É por meio
do objeto que a pulsão pode atingir essa finalidade.

Autoerotismo: pulsão sexual não é direcionada a um objeto diferenciado, podendo se satisfazer no


próprio corpo // o que caracteriza a sexualidade infantil é que a fonte e o objeto da pulsão são o
próprio corpo do sujeito —> pulsões se satisfazem no nível do corpo

Disposição Perverso Polimorfa: não se limita ao genital; pulsão se desliga da autoconservação e se


transforma em autoerótica // eu ainda não está totalmente formado

Auto-erotismo e narcisismo

- Unidade do ego formada necessária para que haja o narcisismo


- Noção da falta e o desprazer —> é o que forma a noção de eu
Teoria do Apoio > ver resumo de Metapsicologia (2º semestre) 7
A infância e o infantil
Enquanto a sexualidade animal é regida pela reprodução, a sexualidade humana é regida pelo
princípio do prazer

Infantil: aquilo que se inscreve no aparelho psíquico e não cessa; acompanha toda a vida do
sujeito

Conferência XXI: 1916 - 1917

- Freud, discutindo a perversão


• indivíduo que não tem capacidade de investir em um objeto externo e que acaba
por investir em si mesmo, não tendo o órgão genital como fim preponderante

- Psíquico ≠ consciente
- Sexual ≠ reprodução
- Portanto, existe o sexual que não é genital
- Estudo das perversões e da sexualidade infantil —> modifica o conceito de sexualidade
• Antes, o sexual representava sempre conexão com a função reprodutiva

• Perversões permitem afirmar que a sexualidade e reprodução não coincidem


- Trabalha com dois argumentos

• Perversão: prazer sexual não genital; adulto que ainda não conquistou a totalidade de
sua sexualidade —> segue na pulsão parcial // ponto de fixação na sexualidade infantil;
fetiche; se abastece na sexualidade infantil; se a sexualidade existe de forma não genital
no adulto, ela também existe na criança

• Histeria: prazer sexual deslocado para outras partes do corpo // condições de uma mulher
impossibilitada de tomar suas relações de forma satisfatória, fato que se colocava no
corpo —> paralisia, cegueira, não sendo biológico como causa; condição psíquica

- prazer que se desloca para o biológico; desejo que não pode ser satisfeito,
proveniente do Complexo de Édipo e da angústia de castração // sintoma é sempre
uma busca por realização de um desejo

• Freud considerava homossexualidade como perversão; transexuais como psicóticos

• “Como sabem, dizemos serem sexuais as atividades imprecisas e indefiníveis do início da


infância, porque no decurso da análise, chegamos a elas a partir dos sintomas, após
examinarmos material indiscutivelmente sexual”

• Sexualidade normal e sexualidade pervertida têm sua origem na sexualidade infantil


• Sexualidade normal: subordinação das pulsões parciais à genitalidade

• Freud gera polêmica ao AFIRMAR e COMPROVAR a existência da sexualidade


infantil: “... É sexual o prazer obtido nas atividades do lactente”.

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- Teoria do Apoio
• “Termo introduzido por Freud para designar a relação primitiva das pulsões sexuais com
as pulsões de autoconservação; as pulsões sexuais, que só secundarimente se tornam
independentes, apoiam-se nas funções vitais que lhe fornecem uma fonte orgânica, uma
direção e um objeto” // encontro com o objeto como fundamental; função do cuidador,
criando o primeiro registro de prazer

- Freud conclui que


• A partir do 3º ano de vida

- A criança já mostra excitação nos genitais (pulsão sexual parcial)


- Se apresentam fenômenos sociais e mentais da vida sexual
- Escolha de objeto: preferência carinhosa, ciúme
- “Os fins sexuais, neste período da vida, estão intimamente relacionados com as
investigações sexuais, que a criança, nesta época empreende...”

• “Alguns dos componentes do pulsão sexual têm, portanto, desde o início, um objeto e
aderem a este” —> zonas erógenas

• crianças funcionam por organizações especificas —> definem a forma como o sujeito se
relaciona consigo, com o outro, presença da angustia de castração, narcisismo e
autoerotismo

Zona erógena

- “Qualquer região do investimento cutâneo-mucoso suscetível de se tornar sede de uma


excitação de tipo sexual. De forma mais específica, certas regiões que são funcionalmente
sedes dessa excitação” // dão condições de se conhecer, conhecer o outro, o prazer e o
desprazer

Pontos de fixação

- “No quadro da teoria freudiana do inconsciente é visto como “um modo de inscrição de certos
conteúdos representativos (experiências, imagos, fantasias) que persistem no inconsciente de
forma inalterada e aos quais a pulsão permanece ligada”

- marcas deixadas que caracterizam o psiquismo do indivíduo e sua organização


Organizações pré-genitais

- “Chamaremos de pré-genitais às organizações da vida sexual em que as zonas genitais ainda


não assumiram seu papel preponderante”

Pulsão
- Definição: Processo dinâmico que consiste numa pressão ou força que faz o organismo
tender para um objetivo. Segundo Freud, uma pulsão tem a sua fonte numa excitação
corporal; seu objetivo ou meta é suprimir o estado de tensão; é no objeto ou graças a ele
que a pulsão pode atingir sua meta”.

- Fantasia —> diz respeito às relações // análise da realidade psíquica e não da factual 9
- instinto: sobrevivência; herança da espécie —> autoconservação
- ao responder aos instintos de sobrevivência, mas se intercepta com o prazer —> acabamos
por procurar o prazer em todas os momentos, mesmo que de autopreservação (ir além)

- problemas nas traduções de Freud —> instinto significando pulsão


- relação intrínseca entre corpo e psiquismo
- inscrição psíquica da criança conhecendo o corpo // filme: bebês

- Pulsão sexual
• Pressão interna que atua num campo muito mais vasto do que as atividades sexuais no
sentido corrente do termo. Do ponto de vista econômico, Freud postula a existência de
uma energia única nas vicissitudes da pulsão sexual: a libido. Do ponto de vista
dinâmico, Freud vê na pulsão sexual um pólo presente no conflito psíquico: é objeto
previlegiado do recalcamento no inconsciente”.

- Pulsão parcial

• A pulsão sexual não está integrada desde o início, mas começa fragmentada em pulsões
parciais cuja satisfação é local (prazer do órgão, ligado a uma zona erógena). “As pulsões
parciais funcionam primeiro independentemente e tendem a unir-se nas diversas
organizações libidinais”

• também é sexual

• em crianças, ainda não construíram sua sexualidade por completo

- O objetivo da pulsão é a satisfação


- A pulsão sexual é inicialmente independente de seu objeto
- Qualquer objeto pode ser objeto da pulsão
Teoria da libido

- O Aparelho psíquico freudiano é um aparato de captura, de contenção e transformação de


algo que lhe chega a partir do externo (externo ao aparato)

• não só o que vem do externo (cuidadores, ambiente, etc), mas também o interno
(fome, frio, desconforto), invadem o aparelho psíquico, deixando marcas

- Aparato pode ser pensado a partir da metáfora da hidrelétrica: grande aparato que captura,
armazena e transforma a água de um rio gerando eletricidade // deixa marcas e constrói
transformações

- se dá em quantidade (investimento, fantasia, intensidade, quantidade de excitação do


aparelho) e em qualidade (como se dá, suas formas)

- autoerotismo também se inclui aqui

Organização pré-genital ORAL

- Zona erógena da boca com papel principal


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- Atividade sexual de sucção

- Primeiro objeto do componente oral é o seio materno: satisfaz a necessidade de alimento

- A mãe é o primeiro objeto de amor da criança. O processo de repressão já está iniciado,


subtraindo do consciente os fins sexuais do prazer da mãe // da ordem da cultura: como é
bom amamentar, vínculo e nutrientes

- Organização Sexual Pré-genital ORAL ou CANIBALESCA


- Alvo sexual consiste na incorporação do objeto
- 2 sub fases
A. Fase Oral precoce: sucção

B. Fase Oral Canibalística: mordedura (aparecimento dos dentes: defesa daquilo que o
incomoda)

- Prazer oral
• Alimentação + prazer se sugar

• Pode abandonar o objeto externo

• Se tornando auto-erótico

• Chuchar desligada da função de alimentação

• Marcas de prazer e também prazer

• Prazer auto-erótico vai ser abandonado para entrar em outra fase, a da primazia
anal (sensações do trato intestinal e anal)

Organização Pré-genital Anal ou Sádico-Anal

- Período inicial da infância


- sadismo: colocar o outro ao seu serviço, controle da família —> posição mais ativa
- Em primeiro plano os componentes sádicos e anais
- Ainda não tem a diferença entre
- Contraste entre Passivo X Ativo
- Passividade se vincula, nesta fase, na zona erógena do anus, pulsão de dominação através
da musculatura do corpo.
- Questões de controle e de narcisismo
- Genitais desempenham seu papel somente pela urina
- Fase Anal
• A satisfação é então “procurada na agressão e na função excretória”.
• Sadismo (fusão dos impulsos agressivos e libidinais)

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• Sub-fase: anal expulsiva —> prazer com aquilo que sai do próprio corpo

• Sub-fase: Anal retentiva —> controle

- “A organização sádico-anal é o precursor imediato da fase da primazia genital” —> conflitiva


edípica

A partir do 3 ano

- A vida sexual da criança mostra semelhança com a do adulto


- Falta organização estável da primazia dos genitais
- Intensidade muito menor de toda a tendência sexual
- Depende das fases anteriores do desenvolvimento da libido

“O menino, sem dúvida, percebe a distinção entre homens e mulheres, porém no início, não tem
ocasião de vinculá-la a uma diferença nos órgãos genitais dele. Para ele é natural presumir que
todos os outros seres vivos, humanos e animais, possuem um órgão genital como o seu
próprio....”(Freud, 1923, p.2) // presença do falo como algo desejado por todos

A partir de uma leitura clássica freudiana, a organização genital infantil do menino -

É natural que todos tem pênis como ele

- Mulheres da época invejariam o pênis justamente por ser sinônimo de liberdade (sociedade
patriarcal)

- Inicia as pesquisas sexuais: quer ver de outras pessoas


- Conclui que o pênis não é posse de todas as crianças
- Rejeita essa percepção: “alguns são pequenos, mas ainda crescerão”
- Conclusão de que o pênis estivera lá, mas foi retirado
- Falta de pênis é vista como resultado da castração
- Se defronta com a possibilidade de sua própria castração —> angústia de castração daquilo
que fere o narcisismo (atinge todos)

- Fantasia de que mulheres que não tem pênis devem ter sido punidas por
impulsos inadmissíveis como o seu.

- Antítese: órgão genital masculino X ser castrado


Fase fálica

- Monismo fálico - todos iguais


- Pesquisas sexuais infantis- nova condição da criança, examinando sua própria história
- Complexo de Édipo
- Castração
- A partir dessa fase, o caminho de meninos e meninas divergem

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- O pênis e o clitóris são apenas os suportes concretos e reais de um objeto fantasiado


chamado falo // fantasia a partir da organização singular do sujeito
- Superestimação do pênis —> pelo poder que ele representa
- Desta época em diante o indivíduo humano tem de se dedicar à grande tarefa de
desvincular-se dos seus pais e, enquanto esta tarefa não for cumprida, ele não pode deixar
de ser uma criança para se tornar membro da comunidade social” // registro do recalcamento

A partir do 6º ao 8º ano

- Parada e um retrocesso no desenvolvimento sexual


- Período de latência

- Amnésia infantil: esquecimento das experiências anteriores/ repressão


Amnésia infantil

- Durante esses anos, dos quais só preservamos a memória de algumas lembranças


incompreensíveis e fragmentadas, reagíamos com vivacidade frente às impressões...”.
(Freud, 1905, p.1)

- “As mesmas impressões por nós esquecidas deixaram, ainda assim, os mais profundos
rastros em nossa vida anímica e se tornaram determinantes para todo o nosso
desenvolvimento posterior.

- Impedimento da consciência = recalcamento

Latência

- Pausa na evolução da sexualidade


- Diminuição das atividades sexuais
- Dessexualização das relações de objeto e dos seus sentimentos

- Ternura sobre os desejos sexuais (antes era amor)


- Aparecimento sentimentos de pudor e repugnância
- Aspirações morais e estéticas
- Formações sociais —> presença do Superego —> Reforçam a latência sexual- Não é

considerada por Freud como uma fase e sim como um período —> não há uma zonaerógena

- Embora se possa observar manifestações sexuais, não há uma NOVA ORGANIZAÇÃO da


sexualidade.
- “Podemos supor que em essência, a regressão da libido, por exemplo, da fase genital para a
fase oral-sádica, esteja calcada sobre a defusão das pulsões. Diremos também que,
inversamente, a progressão de fases anteriores para a fase genital definitiva, depende de um
acréscimo de componentes eróticos”

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• é esperado que tanto as pulsões, quanto a libido, possam ter a liberdade de religar a
novos e velhos objetos —> marca uma história e um psiquismo

“... A vida sexual não emerge como algo pronto e nem tem seu desenvolvimento ulterior ditado pelo
seu próprio aspecto inicial, mas passa por uma série de fases sucessivas que não parecem entre
si...”

- Ponto crítico desse desenvolvimento: subordinação de todos as pulsões parciais à

primazia dos genitais // crise/demanda psíquica = adolescência

- Anarquia: atividade independente das pulsões parciais buscando o prazer do órgão na


infância

- Anarquia é mitigada por inícios infrutíferos de organizações pré-genitais


- Processo evolutivo da libido (universal e também singular)
Pontos importantes

- Em psicanálise, a sexualidade humana é considerada muito mais ampla que a genitalidade


- Chama-se de sexual toda a conduta que parte de uma região erógena do corpo e apoiando
se numa fantasia, gera um certo tipo de prazer.

• Prazer por satisfazer uma necessidade fisiológica

• Prazer sexual

- Descrição da diferença fundamental existente entre a vida sexual das crianças e a dos
adultos

- Descrição das organizações pré-genitais da libido (oral, anal, fálica)


- Desenvolvimento bifásico da sexualidade humana (fase antes e depois da
latência) - Subordinação das pulsões parciais à primazia da genitalidade

- Descrição da conflitiva edípica como estruturante da personalidade


- Papel dos pais na vivência edípica infantil e narcísica
- Reedição da temática edípica na adolescência
- Afirmação do Complexo de Édipo como núcleo das neuroses
Organizações Sexuais Infantis
Não entender como fase, mas sim como uma organização (psíquica) // usa do seu tempo para se
desenvolver/se conhecer e desenvolver suas formas de satisfação
Nascimento

- Desamparo
- Não tem condição de se manter viva, se não com a ajuda de um cuidador
- Impacto psíquico do outro na constituição psíquica

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- Ação do cuidador sobre o


bebê se faz necessária, para
que ele possa registrar o
que é fundamental (prazer)
—>nascimentodo
psiquismo

Organização Oral

- Busca pelo objeto (seio) por


instinto, para manter-se vivo
// autoconservativo

- Encontro com o objeto,


amamentação

- Teoria do Apoio —> Pulsão // sustenta que o encontro do prazer com o autoconservativo gera
uma força no psiquismo (pulsão)

- Prazer em sugar —> registros psíquicos/marcas mnêmicas, fazendo com que o sujeito tenda
a repetir a ação

- Zona erógena - boca // se reconhece a si e o mundo através da boca; se defende com a


boca/dentes

- Prazer auto-erótico: toma a si mesmo como objeto de prazer —> angústia na falta do bico;
prazer e calma na presença do bico // bico representante do prazer (não é do
autoconservativo)

- Inicialmente não existe uma integração do Eu; vai se construindo com a vivência a partir da
boca

- Primeira mamada: bebê fechado nele mesmo, fazendo o que é do instinto // primeiro
encontro: bebê (corpo) —> sujeito psíquico

- Registro de satisfação: ao dormir, reproduz o mamar

Organização anal

- Maior condição de entender o que se passa dentro de si; sensações do corpo


- Controle; fezes como produção própria (presente) + condição narcísica
- Autonomia e contraste entre Passivo X Ativo
- Funções biológicas criam marcas psíquicas, a partir da sua subjetividade
- Controle dos pais/ambiente —> momento de birras
- Genitais desempenham seu papel somente pela urina

Organização fálica

- Angústia de castração: sensação de não ter algo

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- Alteridade: construção da noção do outro; parte do pressuposto que a criança sai do lugar
voltada a si, entende que o outro é diferente e talvez precise se reorganizar para entrar no
mundo social

- Zona erógena: genital


- Descoberta do prazer - masturbação // diferente do registro de sexualidade do adulto
- Descoberta do corpo e de quem é

- Descoberta das diferenças: masculino/feminino, diferença entre pais e filhos (gerações)

// não é definitivo em termos de identidade/gênero, mas sim de estruturação do


psiquismo

- Complexo de Édipo

Latência // não é considerado uma organização

- Momento chave para organização psíquica // barreira contra pulsões/desejos “inadequados”


- Recalcamento: barreia que divide o aparelho psíquico e toma uma grande parte dele como
inconsciente; energia das zonas erógenas passa a ir para destinos não sexuais

- Energia para atividades não sexuais // criança não encontra conflito por desejar o que deseja
- Ainda é sexualidade —> realocada do corpo

- Preparo para a adolescência


- Sem zona erógena
Organizações se perpetuam, como bagagens

Narcisismo
Conceito metapsicológico do narcisismo

Mito = ajuda Freud a abordar a problemática identitária e o investimento libidinal do eu nos


objetos
Freud (1914)

- À Guisa de Introdução ao narcisismo.


- Um dos mais importantes trabalhos de Freud - ponto de inflexão na evolução de conceitos -
modificação na teoria das pulsões, identificação, e abre caminho para a segunda tópica
Narcisismo

- 1909 - Citado por Freud - 1a vez


- Reunião Sociedade Psicanalítica de Viena
- Estágio necessário entre o autoerotismo e o amor objetal // entre o primeiro tempo em que a
criança descobre a si mesmo como objeto de investimento e o outro tempo em que esse
investimento vai para o objeto

16

- 1911- caso Schreber- narcisismo no fenômeno psicótico

• Narcisismo como estágio normal da evolução da libido e não designa somente um tipo
de eleição do objeto; estrutura o tempo da infância e dá origem a autoestima

• Sujeito psicótico retira a energia libidinal de fora e coloca para dentro de si - 1914:
aspecto da vida amorosa relacionado com a auto-estima // investimento no eu e no outro
também garante uma reserva de investimento dentro de si = narcisismo

- Adoecimento - retração dos investimentos libidinais do mundo externo para o eu


- Eu - processo de auto-organização entre o ser e o ter // sujeito precisa construir um eu para
saber quem é (ser); também quer ter algo posteriormente —> objeto externo de investimento
(ter)

- “De início, a libido objetal encobria nossa visão da libido do Eu, também na escolha objetal da
criança pequena (e das maiores). O único fato que se pode primeiro observar é que a criança
toma seus objetos sexuais a partir de suas experiências de satisfação. … //

• quando a criança procura nos seus cuidadores uma relação, ela procura para que ela
possa manter sua experiencia de satisfação; posteriormente, a criança encontra outras
formas de satisfação

-“As primeiras satisfações sexuais auto-eróticas são vividas em conexão com funções vitais
que servem ao propósito da autoconservação (Teoria do Apoio). As pulsões sexuais apoiam
se, a princípio, no processo de satisfação das pulsões do Eu para veicularem-se, e só
mais tarde tornam-se independente delas”.

• independência = autoerotismo // objeto não se faz tão necessário, apenas quando se está
com fome, por exemplo

-“Uma unidade comparável ao ego não pode existir no indivíduo desde o começo, o ego tem
de ser desenvolvido” (Freud 1914, p.93)

• noção do eu precisa ser desenvolvida —> necessidade de uma nova ação psíquica -

Autoerotismo - etapa prévia à formação do Eu (narcisismo primário), estando relacionado


com a existência primordial das pulsões parciais

• segue investindo em si independente do outro, assim como no autoerotismo

Auto-erotismo + Noção integrada de si mesmo (nova ação psíquica) = Narcisismo (o bebê


passa a reconhecer-se discriminado do outro)

- Sexualidade e Adolescência: retorno a um aspecto narcísico, para depois depender de um


objeto para satisfazer-ser

Três Ensaios (1905) - situou sexualidade no campo do prazer // prazer não está preso às questões
autoconservativas

Nocão do apoio (1895) - sexualidade originalmente apoiada em função vital que se independiza
posteriormente no autoerotismo

17

Zonas erógenas - satisfação prescinde os objetos externos.

- Próprio corpo como objeto de satisfação


- Independente do mundo externo que não consegue dominar // frustração fica fora -
Fundamental para o surgimento do NARSCISIMO.

Modalidades de prazer pulsional próprias da parcialidade precisam de um objeto externo para


serem instauradas, porém o objeto ainda não é reconhecido como discriminado do Eu”( Macedo
et al, 2015, p.133)

O Eu se constitui desde os outros primordiais, os quais, por meio de cuidados demandados, criam
condições de:

- excitação com a satisfação,


- frustração (falta),
- atribuição de sentido (reconhecimento dos cuidadores do que se passa com o
bebê; repetição)

- gratificação,
- proteção.

“A mãe oferece um seio desejante, historizante (marcas mnêmicas) e historiado (marcas mnêmicas
da mãe). Transmite quase tudo: palavras, carícias, gestos, cuidados. O bebê tem momentos
fusionais com a mãe, mas passa longos períodos só. Essa alternância entre fusão e separação é
essencial. De seu ritmo depende de o outro ser a presença estruturante em vez de presença
arrasadora (que impede a construção do eu)”. (Hornstein, 2008, p. 28)

Antes: autoerotismo

- se inicia com a primeira ação do cuidador


- inscreve a noção de prazer e sexualidade —> agora não mais depende do outro
- sem a noção do eu ainda
- díade mãe-bebê

Narcisismo primário

- Narcisismo dos pais - investimento narcisizante parental para a constituição do Eu // filho


como construção narcísica

- Sua majestade, o bebê —> noção de eu já existe


- cuidador se afasta —> falta

- Ainda há o autoerotismo, agora com a noção do eu // construção mais

elaborada- EU IDEAL: não tem falta, não tem desprazer

- Perfeição/fantasia

18

- Completude
- Aquilo que mantém a autoestima para a vida toda, sustento da noção de eu
- vontade da criança deve ser realizada imediatamente

Angústia de castração —> recalque

- tempo em que a criança se depara com aquilo que ela não é e não pode conquistar —>
limites

- sensação de perda
- Conflitiva edípica; se depara com as diferenças e com aquilo que não é o ideal

Narcisismo secundário (pós-Édipo)

- IDEAL DO EU, criado pela falta


- se abastece do primário; o que nos sustenta é o narcisismo, mas um pouco mais baseado nas
normas culturais

- ainda há investimento no eu, mas de formas diferentes


- Sujeito Faltante: falta constitui o desejo —> sujeito desejante
- Projeto de Futuro; movimento de querer ser o eu ideal para a vida toda, até na vida adulta —
> retomada do prazer que um dia o bebê teve

- Mecanismos de defesa do Ego


- Investimento no outro
- procura incessante pela satisfação —> salvação do psiquismo // desejastes no
reconhecimento da falta

Enunciados identificatórios: “O eu se constitui num campo intersubjetivo, é o que é um conjunto de


desejos, comportamentos e discurso dos pais que produz uma série de enunciados
identificatórios” (Hornstein, 1989, p. 201)

- enunciados que os cuidadores passam para a criança


- identificação primária —> noção de eu

Eu ideal - efeito do discurso dos pais- investimento que produz uma imagem
idealizada; permanece vigente na sexualidade infantil e reorganizada a partir da experiência
edípica

Estrutura narcisista dual - eu ideal- é rompida pela estrutura edípica que faz com que a criança se
depare com a incompletude // estruturante para o convívio em sociedade; concessões em prol do
projeto futuro

- estrutura dual do eu: formação em díade, a partir do outro desejante (bebê não devolve o
investimento)

- criança é ativa e responsável pelo que recebe


- encontro entre dois psiquismos

19

- narcisismo dos pais tem efeito nas crianças // narcisismo revivido


Eu ideal passa por transformação - leva a possibilidade de investir nos ideais

Percepção do desejo materno pelo outro - impõe ao eu ideal a ruptura da ilusão da completude —
> tema do édipo; cuidador também investe em outros

A criança na experiência edípica se vê confrontada com um ideal que não é ela e com o qual se
compara.

“A partir daí, o objetivo é agradar, fazer-se amar e reconquistar o amor do outro, o qual a
criança julga ter perdido pela experiência de decepção narcísica"(Macedo et al, 2015, p.133)

- abalo narcísico; modifica a versão que tinha sobre ela mesma


Complexo de Édipo irrompe o complexo de castração - percepção da falta, da diferença e das
imperfeições.

A angustia de castração produz profundas transformações no Eu

Instalação do Ideal do Eu

- Contém os valores internalizados da vida


- Define em cada sujeito o que será objeto de recalque
- Regula a auto-estima
- Abre dimensão temporal // projeto de futuro
- Perda que abre espaço para planos futuros que possam ser narcisicamente investidos
// investimento diferente em relação aos cuidadores
Narcisismo Secundário - capacidade de investir também em objetos

Complexo de Édipo - impulsiona a busca no outro do que falta no sujeito


Relações de objeto passam a ser fundamentais para a busca e consolidação dos ideias // interesse
nos outros, para que também seja reconhecida e investida por esses

“Uma carga de investimento, porém, precisa manter-se no Eu como uma reserva de libido para a
auto-estima. Dessa forma, assim como o Eu investe no objeto, o objeto deve investir no Eu,
obtendo-se com isso, um equilíbrio de investimentos. (Macedo et al, 2015, p.133).

- reserva de libido: economia libidinal // tiramos do reservatório inicial nossos primeiros


investimentos

- na medida em que a criança investe para fora do eu (outros), precisa ainda assim manter um
investimento no eu —> autoestima

- para que volte a sentir como sentia antes, precisa investir nos objetos
- investimos no outro também para recebermos investimento
- descargas dos investimentos dos relacionamentos antigos
Luto: perda de alguma parte de si —> viés narcísico

20

Pais com expectativas que se sobrepõe a individualidade da criança:

- criança vista como complemento


- falha na castração dos pais —> não produziram a diferença entre limite e satisfação
- para a criança construir um narcisismo, ela precisa ter um lugar de amor
- se o processo da castração permite aceitar e ter o encontro com o outro, é saudável, mesmo
que de forma sofrida

- filhos sempre se colocam à prova dos narcisismos dos seus pais

Complexo de Édipo > ver resumo de Metapsicologia (2º


semestre) pênis é um lugar especial de investimento

- genitalidade e zona erógena; masturbação

- onipotência e narcisismo

- atributo ao falo
escolha objetal e identificação

- escolha objetal de amor (pai, mãe); que é negada, gera frustração // escolha narcísica; seu
intuito é produzir relações baseadas na alteridades - adolescência
- saída da conflitiva edípica via identificação

- se da conta de um sujeito castrado; se identifica com um objeto que parece estar mais próximo
do ideal (pai, mãe, representante) // relação heterossexual: escolha objetal era o pai; vai se
identificar com a mãe
Formação Reativa e sua ligação com a castração

-formação reativa: mecanismo de defesa que aponta a reação oposta: o que era desejo, vira
nojo // castração causa a formação reativa; nojo na latência: transformada pela criança em
proibição

angústia de castração causa a construção de diques e recalcamento

Período de Latência: Reorganização e Complexização


do Psiquismo
Anteriormente:

- sexualidade se organizava parcialmente e de forma caótica // polimorfa = qualquer parte e


função do corpo é potencialmente erógena

- noção de eu = identidade, investimentos, autoestima


- Édipo = experiência da castração

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Saída do Complexo de Édipo

- Dessexualização dos desejos destinados ao objeto amoroso edípico incestuoso


- Identificação // objetos no eu como modelos/parâmetros identificatorios

- Inibição dos sentimentos hostis


- Redirecionamento da libido para objetos exogâmicos
- Viabilizam a entrada no período de latência // não pode ser chamado de fase
“O término do complexo de Édipo, na concepção freudiana, é seguido do período de latência,
devendo ser entendido como a aceitação do interdito do incesto e o reconhecimento por
parte da criança da condição de ser ainda fisicamente imatura para ter uma relação sexual
genital.” - cultura organizadora dessas noções

- diferenciação entre gerações construída a partir desse reconhecimento da imaturidade


Sexualidade fica latente —> não expressa francamente como vinha sendo até então

"Mas, com o adiamento da maturação sexual, ganhou-se tempo para que a criança construa, entre
outras restrições à sexualidade, a barreira contra o incesto e possa assim incorporar em si os
preceitos morais que expressamente EXCLUEM de sua escolha de objeto, como parentes
consanguíneos, as pessoas que amou na infância”

- pra além da noção de imaturidade, a criança é atravessada por proibições que vão a
acompanhar pro resto da vida —> ingressa o sujeito no registro da cultura // cabe aqui o
questionamento acerca dessa cultura;

- novo posicionamento subjetivo: não posso ter e ser tudo o que eu quero —> transformações
na ordem do psiquismo

“ É durante este período de latência total ou apenas parcial que se constroem as forças psíquicas
que irão mais tarde impedir o curso da pulsão sexual e, como barreiras, restringir seu fluxo – a
repugnância, os sentimentos de vergonha e as exigências dos ideais estéticos e morais”.

- se explicita a regulação dos diques psíquicos

- contrainvestimento: possibilidade de manter longe da consciência os nossos impulsos


sexuais infantis // ação do recalque e que vai na direção oposta da satisfação —>
possibilidade de desorganizar o psíquico

Período preparatório para a adolescência: há uma influência direta nas condições que jovem terá
(ou não) para processar psiquicamente o que a puberdade/adolescência lhe reserva.

- NÃO é um período em que nada ocorre


• Organização

• Diferenciação

• Sofisticação

• Ampliação do aparelho psíquico

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- Na Latência, ocorre uma reordenação dinâmica e estrutural das Pulsões.


O que conta na qualidade da Latência

- Qualidade das vivências dos primeiros anos;


- Interação mais complexa com o ambiente - cultura e o mundo exogâmico; relações
intersubjetivas

- Possibilidade de relação independente – não mediada pelos pais – fora do ambiente familiar
(EXOGAMIA) // ter tido chance de investir em outros objetos; pais precisam suportar essa
ideia narcisicamente

Aquisições psíquicas que viabilizam o Período de Latência

- capacidade de ligação, controle de impulsos e identificação —> complexização do eu


- vivência e manejo da frustração,

- perda da onipotência,
- passagem de uma ligação simbiótica com os pais para interesses pelo mundo e pelo grupo de
iguais
- Ação superegóica., que se consolida no final do Édipo
- raciocínio que encadeia os resultados das experiencias anteriores para as próximas
- não se pode desarticular uma etapa de outra; fixações em questões anteriores geram
consequências nas próximas

Uma vez que o psiquismo estruturou capacidades de inibição dos impulsos, via RECALCAMENTO
(Contra-investimento) e via FORMAÇÃO REATIVA —> SUBLIMAÇÃO

- “Processo postulado para dar conta das atividades humanas que não têm aparente relação
com a sexualidade, mas que encontram sua força no campo da pulsão sexual. Esta foi
derivada para um novo fim, e agora aponta para atividades valorizadas pelo Ideal do Eu de
um sujeito em particular”

- Formação reativa: ao invés de apreciarmos as questões da analidade (sujeira), apreciamos as


virtudes morais, a estética e a limpeza

- Complexizacao da capacidade de sublimação


- novo destino da pulsão; novos caminhos da satisfação que atendam aos ideais do sujeito, da
cultura, do superego

- sublimação: satisfação narcisicamente sustentada pelo ideal daquele sujeito!!


- Sublimação: processo no qual a satisfação se da a partir da seualidade, por vias que
aparentemente não tem a ver com ela —> não há satisfação direta, narcísico; movimento
culturalmente respaldado // não deixa de ser sexual —> forca da sublimação se dá pela
satisfação sexual sublimada

- A sublimação depende da passagem do sujeito pelo Édipo e pela aceitação da

castração,rumo ao registro do Ideal do Eu para que se pudesse falar em um sujeito que


desinveste os

23

objetos primordiais de amor (objetos primários) e reinveste, criando novos objetos de


investimento amoroso, mediante novas formas de ligação da pulsão.

- não é a repetição dos objetos primários

Características da Latência

- Psiquismo diferenciado em tópicas —> relações dinâmicas entre os sistemas


- Amnésia infantil

- Desenvolvimento e consolidação da função simbólica;


- Eficácia do Recalcamento/censura; vias simbólicas de expressão
- Reestruturação da Memória;
- Estabelecimento da constância comportamental —> mais “educadas”; controle de
impulsos

- Capacidade de respostas mais adaptativas ( impulsividade e da capacidade de verbalização);


- Expressão e regulação dos investimentos pelos diques psíquicos; inibição pela
vergonha/ nojo

- Equilíbrio entre impulsos e defesas (bom comportamento, da conformidade e educabilidade);


comportamentos regulados e aceitos culturalmente

- Desligamento progressivo dos cuidadores; exogamia; investimento no mundo externo —.


novos objetos de investimentos

- Sentimento de competência; autoestima; avaliação de performance e retorno narcísico dado


por ela mesma

- Capacidades de diferenciar fantasia e realidade; faz de conta não é mais pleno; pensamentos
não se passam necessariamente na realidade

- Maior diferenciação entre o público e o privado // gradação e diferenciação entre as várias


formas

Período de adiamento via inatividade

- Adia-se o tema da retomada das questões edípicas e o acesso à Genitalidade (serão


retomados na Adolescência)

- Adiamento das transformações rumo a genitalidade por uma contenção da atividade sexual
direta —> criança ainda sem condições de fazer o acesso a genitalidade; momento
preparatório para que possa ter recursos na adolescência

- O Édipo é deixado de lado na infância para poder ser retomado na adolescência —>
condições se dão na latência: regulação por diques, sublimação…

- Será esse DESVIO que impulsionará a criança, por exemplo, para os prazeres da
socialização, da alfabetização, dos jogos, da convivência em grupo, etc.

24

- Logo, NÃO é um período de AUSÊNCIA de sexualidade, mas, sim, de DESVIO da


sexualidade autoeróticas e narcísicas para vias mais simbólicas e sublimadas de
satisfação.

As expressões da infância: corpo, comportamento e


brinquedo
A compreensão do brinquedo se dá a partir da noção do inconsciente.

“A criança brinca não somente para viver situações satisfatórias mas também para elaborar as que
lhe foram dolorosas e traumáticas”. (Outeral, 1998, p. 26)

Brincar
- Espaço potencial
• “essa área do brincar não é a realidade psíquica interna. Esta fora do indivíduo, mas não
é o mundo externo”(Winnicott, 1975, 76-77).

- Objeto transicional
- Brincar- sentido de saúde e sentido de existência

- Experência criadora, mutativa e subjetivante


- Brincar pode ser uma forma de acesso a questões mais inconscientes - ludodiagnóstico
• espontâneo; sentido de existência psíquica

- Fornece organização para o inicio das relações emocionais —> propicia desenvolvimento de
contatos sociais // brinquedo e objetos externos —> primórdios de contato social

- O brincar como um elo


• Realidade interna

• Realidade externa

• Fantasias conscientes

• Fantasias inconscientes

Formas de expressão

- Uso de palavras X imagens, sons e gestos


- Função simbólica (Lacan) constitui um universo no qual tudo deve ordenar-se. (Santa
Rosa, 1993)

- Freud- Jogo do Fort-da: acesso da criança ao simbólico


• Fort( fora) da (aqui): 1920- conceito de pulsão de morte

• Simboliza a presença e a ausência

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Jogo do carretel

- Tríplice retorno:
• A criança faz a si mesmo o que lhe fizeram // provoca a sensação de estar e não estar mais com o
objeto

• Produz passagem do passivo para o ativo - mudança de lugares

• Transforma desprazer em prazer (Pelento, 1991) // brincar como representante do desejo - Jogo
tem caráter auto-erótico

- Vivência dolorosa da ausência da mãe, como tentativa de dominar a angústia Jogo


- Representante do desejo
- Desejo dominante da criança: tornar-se adulta

- Noção de conteúdo e regras

- COMPULSÃO À REPETIÇÃO: tentativa de elaborar algo impressionante: da pulsão de morte


para a sexual - campo das representações // representação daquilo que é do assustador

- 2º dualismo pulsional:
• Pulsão sexual: ligação; representações

• Pulsão de morte: energia livre

- “Vinculado à constituição do sujeito, o jogo torna-se um protótipo de uma atividade simbólica: o


carretel e seus movimentos são símbolos, bem como as palavras que acompanham os gestos”.
(Santa- Rosa, 1993, p. 52)

- Brincar: forma de ligar aquilo que é uma energia livre —> formas de representação e marcas
mnêmicas

- Lacan- jogos de ocultação: antecipação da ausência e da presença


O brincar em Freud

- “Não deveríamos buscar já na infância os primeiros vestígios do trabalho de elaboração poética? A


ocupação preferida e mais intensa da criança é o brincar. Teríamos então o direito de dizer: toda a
criança que brinca se comporta como um poeta, pois cria um mundo próprio, ou, melhor
dizendo, insere as coisas de seu mundo numa nova ordem que lhe agrada”. (Freud, 1908)

- Primórdios
• 1905: criança sexuada

• Atendimento Hans (1909): Analista o próprio pai —> Primeiro relato minuncioso 26

• Escritos Criativos e Devaneios (1907): Raiz do trabalho criativo no poeta; criança “cria
um mundo próprio” // criança brinca para ser adulto

- Noção da realidade psíquica ≠ realidade material


- Realidade psíquica =
• desejos inconscientes + fantasia

• Pano de fundo é a sexualidade infantil

- Fantasia= guia de acesso para o inconsciente

- Criança - jogo - fantasia

- Adulto - devaneios - fantasia


- Suspensão da realidade material —> não existe renúncia à satisfação que o objeto lúdico
proporciona —> fantasia satisfaz o desejo

O fantasiar

- Nexo temporal: pode simbolizar simultaneamente passado, presente e futuro


(semelhante ao inconsciente, que é atemporal)

- Relação da fantasia com os objetos originais


- Desejo inconsciente vinculado a sexualidade infantil
• Realidade psíquica (dá o tom do brincar; subjetivo) e complexo de Édipo (estruturação do
psiquismo) // manter o lugar de ideal fica evidente

- Possibilita convívio com diversidade de personagens


• Policiais e bandidos, fortes e fracos, feios e bonitos…

• Construção dos mecanismos próprios para lidar com tais possibilidades da vida
Melanie Klein

- Equivalência do brincar com a associação livre


- Brinquedo como técnica privilegiada
- Cisão: objetos internos são projetados sobre os brinquedos
- Personificação: permite que as identificações primitivas se separem e se expulsem
- Passagem de imagos que inspiram angústia para outras mais benévolas
- Diferencia mundo interno e mundo externo
- Impulso de reparar- teoria da posição depressiva
Brincar em Winnicott

- Supervisão com Klein


• Analista ocupando lugar que a criança necessita

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- Centrado nos processos e mecanismo que operam o brinquedo para as condições que
tornam o brinquedo possível

- Brincar implica uma condição no sujeito


- O brinquedo é curativo em si mesmo
- Por que brincam as crianças?
• Busca de prazer; carga pulsional

• Expressar agressão

• Controlar a ansiedade e ideias/impulsos

• Dominar/organizar as angústias
• Estabelecer contatos sociais

• Realizar integração da personalidade

• Comunicação com as pessoas

• Aquisição de experiência

- Função materna
• Objeto subjetivo

• Objeto transicional
• Objeto objetivamente percebido

- Espontaneidade está ligada à criatividade e é expressividade do verdadeiro self -


Sublimação= transformação de elementos destrutivos em atividades construtivas -
Realidade externa + realidade interna e pessoal

- Capacidade criadora na brincadeira; pais devem ofertar espaços para a brincadeira - não
devem impedir

Rodulfo - Psicanalista argentino

- Papel fundante e originário do brincar


- Criança como “máquina subjetivante” de criar mundos e a si mesmo
- Tudo que entra nessa máquina, sai subjetivado

Jogo Narcisista: auto-erótico

- O bebê joga com partes do corpo e com partes do corpo da mãe, sem distinção nítida entre
ambos

- 4 meses:
• Início do desmame

• Início da atividade lúdica

28

• Objeto transicional: faz a transição entre o bebe e o cuidador; algo que representa o
cuidador na ausência —> bico, paninho

- 6 meses
• Tenta mitigar a ansiedade quando a mãe se afasta na brincadeira

• Brinca com seu corpo e os objetos: tapa-se com lençol e volta a aparecer.

• Leva os objetos à boca

• Balbucio e barulhos que faz

- 6 meses a 1 ano
• Já pode engatinhar e sentar —> forma autônoma de viver
• Descobre que algo oco pode conter objetos

• Investigação de buracos

- Ansiedade de perda e esvaziamento


- Sensação de solidão proveniente da separação

Jogo Pré-Edípico

- Relação com figura materna (é diferente, percepção mais clara do afastamento da mãe)
- Ansiedades de separação, temor do abandono, necessidade de elaborar cuidados maternos,
de satisfazer curiosidades em relação ao corpo e de lidar com a ambivalência (controle
esfincteriano)

- Brinquedo: esconder, armar, encher, abrir, fechar, misturar e construir —> autonomia e eu
ideal

- 1 a 3 anos
• Marcha, linguagem e controle esficteriano

• Jogo paralelo - cada criança com o seu brinquedo; vigência do eu ideal

• Brinquedos mais diversificados: caixas, carros, bonecos, água, papel,

desenhos... • Pequenos contos e músicas

Jogo Edípico

- Inicia aos três anos - organização genital

- Brinquedo: dramatizações (papai-mamãe; médico-hospital), conteúdo de cunho social


(mesmo que não esteja brincando com outras pessoas tem a inclusão de outros
elementos)

- Desejos e fantasias edípicas, desejo onipotente de fazer o mesmo que os adultos, fantasia
mais rica

- Vivenciando as gerações
- 3 a 6 anos

29

- Jogos sexuais
• Casinha, mamãe-papai, médico - enfermeira

- Amigos imaginários

Jogos pós-edípicas - Latência

- Necessidade de assimilar regras da família, da escola e da sociedade (por conta do


recalcamento)

- Estabelecimento do princípio da realidade, luta pela conquista do mundo, ansiedade


(construção do superego)
- Brinquedo: ludo, dominó, banco imobiliário, esportes, dramatizações baseadas na realidade
—> brincadeira de regras; fantasia deixada mais de lado

- Relação com companheiros assume grande importância (grupo de iguais).


- 6 a 10 anos
• Mecanismo de defesa - sublimação - energia desviada para outros fins sexuais
• Brincam representando escola, professor-aluno

• Jogos de regras compartilhadas

• Formação de grupos

• Coleções: mecanismo obsessivo para reprimir impulsos sexuais; brincar de controlar


Puberdade

- Formas lúdicas de transição?


- Mundo do brinquedo é abandonado, substituídas por experiências amorosas (ficar como
ensaio para a sexualidade) // verdade e consequência: conteúdo sexual sustentado no jogo
com regras

- O brinquedo é substituído pelo corpo, em que há uma linguagem simbólica para


expressar o que sente.

Adulto

- Potencial criativo do adulto tem relação com o infantil


- Composição a partir da fantasia e outras formas
O Jogo e o brincar refletem a evolução da libido! —> jeito especifico de manifestar o brincar a
partir de cada idade

30

A psicanálise e os contos de fadas


Contos de fadas

- Histórias transmitidas oralmente de geração a geração e mesmo com toda a tecnologia


existente, mantêm seu espaço de destaque narrativo

- Escritos de Platão
• mulheres mais velhas empregavam suas histórias recheadas de simbologia na educação
de crianças.
• histórias eram recheadas de cenas de adultério, canibalismo, incesto, mortes hediondas e
outros componentes do imaginário dos adultos

- "Os contos de fadas distinguem-se das demais histórias infantis por características como o uso
de magia e encantamentos, um núcleo problemático existencial no qual o herói ou a heroína
busca sua realização pessoal e, finalmente, a existência de obstáculos a serem enfrentados
pelos heróis”.

- Na forma como atualmente são conhecidos, os contos de fadas surgiram na Europa, (França
e na Alemanha), no final do século XVII e XVIII

- Construção da criança, via fantasia, daquilo que é um potencial


- Intensidade das historias na fantasia das crianças // criação de representação do seu mundo
psíquico
Perrault (1628-1703)

- registrava as histórias com base em narrações populares


- adaptava-as e as floreava conforme a necessidade da corte francesa da época
• acrescentando proeminências e censurando detalhes da cultura pagã e da sexualidade
humana.

- Seus contos recheados de uma mensagem moral explícita


- finalidade servir de orientação e de ensinamento aos que a ouvissem.
• Chapeuzinho Vermelho (o Lobo sair vitorioso ao final).

• A Bela Adormecida,

• Barba Azul,

• O Gato de Botas,

• As Fadas,

• Cinderela,

• Pequeno Polegar

Irmãos Grimm

- Jacob Grimm (1785-1863) e Wilhelm Grimm (1786-1859)

31

- Influência movimento romântico


- Os aspectos mais agressivos ainda se mostram presentes, porém, ao final, impera a
esperança, a confiança na vida e o indispensável final feliz.

- Publicaram (1812-1822) 210 histórias para crianças e adultos.


- Contos povoados por madrastas malvadas, príncipes encantados, casas de chocolate,
bruxas perversas, feras, entre outros personagens singulares

- A Bela e a Fera,
- Os Músicos de Bremen,
- Branca de Neve
- Sete Anões,
- Chapeuzinho Vermelho
- Gata Borralheira.
Cenário Brasileiro

- Monteiro Lobato
- Ruth Rocha
- Ziraldo
- Mauricio de Sousa
- Ana Marian Machado
Os contos de Fadas e a Psicanálise

-Históriastransmitidasoralmentedegeraçãoageraçãoemesmo
com toda a tecnologia existente, mantêm seu espaço de destaque narrativo.

- favorece a introspecção. A criança tem a possibilidade de pensar sobre seus sentimentos e


tem a esperança de que o sofrimento que a acomete venha a ser passageiro.

- A universalização dos problemas é uma garantia de que ela não se encontra sozinha na sua
dor.

- Os contos são fonte de prazer para as crianças tanto pelo ouvir quanto pela sua
representação.

- Bruno Bettelheim
• “Como educador e terapeuta de crianças gravemente perturbadas, minha tarefa principal
foi a de restaurar um significado na vida delas”

• “Fui confrontado com o problema de deduzir quais as experiências na vida infantil mais
adequadas para promover sua capacidade de encontrar sentido na vida, dotar a vida, em
geral, de significados(p.5)”.

• ”A criança encontra esse significado nos contos de fadas”. (p.5)

32

• Os contos falam de pressões internas graves de um modo que a criança


inconscientemente entende e oferecem soluções tanto temporárias como permanentes
para dificuldades prementes.

• O mal é tão onipresente quanto a virtude nos contos

Para dominar as questões do crescimento

- A criança precisa entender o que se passa dentro dela, construir


representações: - Decepções narcisistas

• Dilemas edípicos

• Rivalidades fraternas

• Dependência infantil

• Construir sentimento de individualidade

Corso e corso - Fadas no divã

Patinho Feio

- Possibilidades de análise
• A chegada da criança na família // criança idealizada

• Dificuldade de encontrar um espaço // psiquismo se constitui na presença do outro; eu


ideal

• História que agrada crianças pequenas

• Processo identificatória

• Sem tramas amorosos ou bruxas vingativas

• Sintetiza duas fantasias assustadoras:

- Pais- ter os filhos trocados


- Crianças- serem adotadas.
• O Laço biológico não oferece garantias necessárias para se sentir amado.

• O Volume do ventre materno é preenchido pela fantasia do filho perfeito.

• O bebê que nasce é o Patinho Feio.

• Embora o amor a primeira vista possa ser fulminante, não é automático, nem
infalível. Três Porquinhos

- Possibilidades de análise
• História simples, poucos personagens, bons e maus separados.

• Fantasia de ser incorporado.

• Mãe não tem mais condição de sustentar os filhos, saem para construção das suas c

s.
3

• Todos recebem alguma ajuda, o que muda é a disposição para o trabalho.

• Lobo que seduz com apetitosas iguarias


• “Gracas ao lobo, a criança poderá simbolizar o medo de desaparecer dentro do corpo da
mãe”

• Medo = controle do objeto fóbico.

• Na história inglesa, o porquinho come o lobo ensopado no jantar.

• Quem veio comer acabou sendo devorado.

• ”Sucessivas paredes, cada vez mais bem construídas, demarcarão os territórios entre a
criança e o adulto”.

• Toca crianças pequenas

• Um dia terão que sair de casas e cuidar-se sozinhas

• Tema da separação da criança dos cuidados.

Turma da Mônica

- Possibilidades de análise
• Cebolinha

- Intelectual da turma, mas não consegue pronunciar R


- Poucos cabelos- ainda longe de ser homem
- Mais maduro e perserverante
- Aponta certo feminismo
- “Todos os homens começam sua carreira à mercê de uma mulher mais forte: a
mãe”.

• Mônica

- Apesar de pequena, é forte.


- Resolve tudo pela força, a coelhadas
- Demarcação de espaços e a confusão existente nesse processo
- Objeto transicional- para momentos de fragilidade ou desafios; condição eu/não eu
• Cascão

- Objeto fóbico: papai noel, palhaço. Agua e escuro estão por todos os lados, fonte
inesgotável de sustos
- Crianças sentem que não estão sozinhas em seus medos
- Dificuldade com hábitos de higiene é a insurreição contra o poder dos pais -
Protesto contra as regras

34

• Magali

- Oralidade sem regras


- Prazer nunca é suficiente
• Louco

- Representação mais digna das psicose


- Outra lógica, seria feliz a seu modo e com sua excentricidade
Conclusão

- Contos e literatura infantil:


• estímulo à vida imaginária

• capacidade de simbolização,

• Capacidade de pensar.

As transformações da puberdade
“Com a chega da puberdade, operam-se mudanças destinadas a dar à vida sexual infantil sua
forma final normal. A pulsão sexual fora até então predominantemente auto-erótica; encontra agora
um objeto sexual” (Freud, 1905, p. 213)

- Operação nova no aparelho psíquico: nova organização das pulsões


- vida sexual próxima a dos adultos
Transformações

- Pulsões parciais produzindo uma integração


- Desenvolvimento e crescimento manifesto dos órgãos genitais;

- Subordinação das pulsões parciais à primazia da genitalidade;


- Genitalidade tem relação com a condição psíquica

- Zonas erógenas desempenham o papel de pré-prazer —> preliminares


- Retorno de uma questão adiada:
• Reedição edípica – revivência da castração

• Latência: incorporação da proibição do incesto X maturação dos órgãos genitais

• Adolescente investe em outro objeto —> conforme tenha sido a latência, mais ou menos
facilidade ele tera para construir relações exogâmicas

- Escolha do objeto de amor, sem que fique claramente relacionado ao primeiro objeto
- Abandono do objeto de desejo interditado → investimento no outro → relações com objetos
exogâmicos

35

Puberdade

- Configuração da sexualidade definitiva


- Reacomodação com as mudanças do corpo
- Pulsão
• Antes: auto-erótica

• Agora: destinada a um objeto sexual

- Primado da zona genital


- Conta com as disposições originárias
Adolescência como processo

- Modificações corporais na puberdade + Incremento pulsional (movimento do corpo, corpo que


excita)

• pulsões ganham forca com o corpo capaz de investir em um objeto —> tarefas da
adolescência

- Rompimento do equilíbrio intersistêmico (Id, Ego, Superego) —> Latência •


a partir desse incremento pulsional

- Desajuste —> Trabalho psíquico de reestruturação das instâncias e da relação entre

elas• transformações do ideal de eu // mais consolidadas

Subdivisões da temática

Sobre o impacto das mudanças corporais no psiquismo


Sobre a família, identificações e história

Sobre autoridade, autonomia e subjetivação Mudanças na puberdade

Mudanças da puberdade

- Psiquismo relativamente equilibrado na latência


- Confronto da imagem corporal
- Criança impactada e desorientada // mudanças não são orientadas pelo desejo, planejadas
- Sentimentos de impotência; corpo não visto como o ideal
- “O jovem sente novas e intensas sensações, que por sua vez reativam as representações
prévias, mas ele não consegue significá-las”.

• sexualidade infantil segue vigente (marcas psíquicas e pontos de fixações seguem


tensionando) e o adolescente ainda não tem formas de significar a experiência vivida

Observador passivo e inoperante frente as mudanças do corpo

- O que acontece com seu corpo, lhe pertence ou é externo?

36

- Ego fracassa na tentativa de dominar o fenômeno


- Emergem transformações inesperadas
- “Ante a essa vivência ‘alheia’ e a desproteção frente ao embate pulsional crescente e as
modificações corporais contínuas, gera-se uma espécie de desorganização no psiquismo, e o
ego, perturbado e transbordado, defensivamente produz uma regressão, que reativa todos os
elementos de sua psicossexualidade infantil e também de modalidades egóicas, operando de
forma alternativa e, às vezes, confusa”.

• processo necessário para a constituição do eu; não é patologia

Cenários se alertam e se mesclam

- Criança que se afasta e ainda persiste


- Jovem que está emergindo
- Adulto que ainda não é
- Público que anima, critica, exige, limita, oferece, etc
- Problema que o Ego terá que resolver
Modificações

- Morfologia externa, corporal


- Modificações endócrinas
- Afetos
• vida anterior de menor conflito intrapsíquico

• afetivamente, responde de um jeito diferente

• que lugar o adolescente tem nesse mundo ainda não tem resposta

• amores platônicos como forma de experimentação, anterior aos relacionamentos


reais, necessita se exercitar em fantasia

• esconde de quem se gosta - herança do Édipo, proibição

- Esquema e imagem corporal - entre criança e adulto


- Lugar que se outorga à genitalidade e sua relação com o prazer
- Processo desarmônico
• Exige elaboração psíquica
• Estruturas e suas relações

• Relações sociais

Espelho

- Não se reconhece; não se satisfaz apenas com o olhar de fora


- Aumenta angústia

37

- Gera desconforto
- Procura dos ideais, muitas vezes inalcançáveis nesse momento da vida
Desarmonia

- Diversos e flutuantes estados afetivos


- Flutuações bruscas de auto-estima // a partir dos ideais
- Corpo muda em função de determinantes genéticos e condições biológicas
- Descontrole dos produtos corporais - menstruação, cólicas, ejaculação e ereção = sensação
de impotência

“O corpo passa a ser uma vitrine na qual é possível visualizar o íntimo e o

pessoal”. - Contrações musculares

- Transpiração excessiva
- Face ruborizada
- Perplexidade e Impotência
- Outro - “descobre” sua intimidade, quando o eu ainda não deu conta disso tudo -
Ferida narcísica: reorganização do investimento libidinal

• não se saber quem é, não possuir controle sobre o que acontece com o corpo •

modificações externas de mudanças que internamente ainda não foram

processadas • mexe na autoestima; sempre longe do ideal

• feminilidades e masculinidades

Puberdade e Trauma

- Intensidade das emoções e afetos irrompe violentamente


- Inunda aparelho psíquico
- Impacto no sentimento de identidade
- Construção da versão e entendimento sobre si —> retomada de alguns temas da sexualidade
infantil (desamparo)

- Elementos da sexualidade infantil e latência para preparar para momentos


Grau de qualidade do desajuste na adolescência
• Singularidade da história do sujeito

• Qualidade das aquisições e vivências de prazer

• Solidez narcisismo - que recursos guarda, investimentos recebidos e feitos

em si • Desenlace edípico - que saída do Édipo teve, novas formas de

satisfação

38

• Trabalho da latência- ampliação recursos do Ego


• como essas questões poderiam ser vistas

Crescentes potencialidades físicas e Complexo de Édipo

- Reativa conflitiva edípica


- Crime do incesto e parricídio se tornam possíveis
- Distância física dos objetos primários
- Alteração dos comportamentos (vestuário, música, gírias, etc..) // comportamentos
próprios em que os pais estão excluídos

- Condições horizontais em relação aos primeiros objetos —> distanciamento fisico;


isolamento; priorizar grupos de amigos; necessidades de reorganizar as possibilidades de
relacionamento

- narcisismo dos pais influencia no adolescer do filho

Sobre Família, Identificações e História


Processo adolescente

- Período do ciclo vital que faz a intermediação da infância e da idade adulta;

- Período de intenso trabalho psíquico, no qual operar-se-ão todas as mudanças


necessárias para alcançar a adultez;

• Aquisição da genitalidade e consolidação da capacidade de alteridade (reconhecimento


do outro e sua diferença)

• genitalidade para além da relação social; o inicio da vida sexual às vezes pode vir antes
da genitalidade, seria o autoerotismo, se dando de forma narcísica

• pais ganham um lugar de volta quando a alteridade é conquistada

- Tempo de retomadas e transformações do que foi patrimônio da sexualidade infantil;


• Não deve ser retomado para repetir, e sim dar uma nova apropriação/colorido do que
foi construído num tempo anterior
- Marca a ocorrência de um conjunto de vivências impregnadas de incertezas e
dificuldades, que fazem dessa fase da vida um momento decisivo;

• Deixar de ser algo que não é mais e ainda não sabe ser adulto

- Crise vital que promove o autoconhecimento e o crescimento, por gerar movimentos de


transformações e possibilitar o acesso a diferentes condições psíquicas.

• Patologias eclodem se tais transformações não eclodam

- Subordinação das pulsões parciais (próprias da sexualidade infantil) à primazia da


genitalidade;

39

- Zonas erógenas desempenham o papel de pré-prazer → Prazer preliminar, prazeres


preparatórios

- Retorno de uma questão adiada pela Latência:


• Reedição edípica – revivência da castração = reorganização a fim de atender as
exigências edípicas

• Reorganização no campo do desejo e da posição subjetiva que o individuo ocupa em


relação ao desejo // precisa deixar para trás os amores infantis e objetos primários

• genitalidade é alcançada na exogamia e no registro de alteridade // objetos de eleição


própria

• prazer da genitalidade: encontro de dois objetos marcados por suas diferenças -


Abandono do objeto de desejo interditado → investimento no outro → relações com objetos
exogâmicos

Quem sou eu?

- A adolescência é o período do ciclo vital no qual o jovem precisa dar conta de intensas
demandas pulsionais, biológicas e sociais, que provocam transformações importantes, tanto
em seu mundo intrapsíquico, como em seus processos inter-relacionais

- Neste jogo armado entre as demandas sociais e seus impulsos pulsionais, do adolescente
será exigido um trabalho de elaboração de perdas, processamento de ganhos e, ainda, a
integração de um tempo passado em tempo presente.

- Precisará construir planos e considerar desejos em relação ao futuro, o qual é visto como
incerto e duvidoso, mas, também, como atraente e excitante.

• movimento de crescimento angustiante e excitante —> permite novas construções e


deixar para trás aquilo que não cabe mais na complexidade psíquica

- Nossa primeira versão de eu não foi construída por nós mesmos, e sim nos foi dada
pelos objetos primários // tempo de reposicionamento do eu no mundo

- exclusão relacionada ao Complexo de Édipo


A travessia adolescente é traumática

- o que não quer dizer patológico // tranformações as quais não estamos preparados; vivemos e
construímos ao longo da travessia; chega exigindo mais do que o adolescente pode dar

- Traumático também por ser excessivo do que é do prazer/intensidades


- condições da travessia + condições do barco que atravessa // serve também para entender o
que deu errado

• olhar sobre o que o sujeito experimenta / vivencia assim como suas condições
psíquicos frente ao que se experimenta

• alguns contextos são mais violentos que outros

40

• criança minimamente narcisisada, cuidadores investindo nela e que marcaram o


que era da falta e da falha

• criança que não vivenciou a falta: não reconhece posteriormente a necessidade de


prazer do outro, apenas a sua

- Interesse pelo passado, pela sua história e sua pré-história:


- “Querem saber sobre pessoas de que não se lembram, sobre situações ou lugares retratados,
de forma que, em certos casos, dão uma versão do episódio que vai contra a ‘versão oficial’.
Perguntam sobre como nasceram, como eram quando eram criança, etc. e, às vezes,
assinalam diferenças ou dão versões diferentes da parental. Também se interessam pela
versão dos outros adultos significativos para eles, como se buscassem contrastar (diferenciar,
corroborar, ampliar, etc.) com o relato dos pais durante a infância e na atualidade”

• recursos construídos até então que dão recursos para enfrentar a adolescência

• permite que tenham uma versão própria sobre que lugar ocupa no mundo, na
família, quais características possui —> olhar novo em relação ao pais

- Até este momento, a vida era transmitida pelos objetos primários: o jovem era produto da
história contada por seus cuidadores

• primeira versão de eu, primeira versão superegóica, primeira versão dos ideais - Período

em que se inicia o processo de separação dos laços objetais parentais infantis; •


desligamento de libido e investimento dos pais como aqueles detentores das narrativas

-Investimento libidinal nas figuras extrafamiliares (exogâmicos) // redirecionamento


libidinal (incremento do narcisismo)

- Como o aumento do exercício de exogamia, conhece-se novos sujeitos e novas famílias, o


que leva ao questionamento sobre sua vida e a vida de sua família ;

• novos modelos identificatórios

- Aumento do narcisismo —> aumento da sensibilidade e da percepção do mundo interno


—> Autoengrandecimento do Eu;

• libido direcionada ao eu; enquanto não pode direcionar à exogamia // aumento na


percepção e sensibilidade em relação ao mundo interno —> importância da sua própria
experiência

Historiador de si mesmo

- Herança e linhagem familiar, história que antecedeu o sujeito


- Nova posição na família e no mundo
- Temporalidade, finitude e morte
• a partir da história e características familiares

- Possibilidade de deixar pra trás uma posição de ator passivo da história construída pelos
objetos primordiais para uma posição de AUTOR DE SUA PRÓPRIA HISTÓRIA

41

Processo adolescente = Perdas, ganhos, trocas, mudanças, conflitos...


Quem sou eu? Pergunta que implica um olhar sobre “quem fui”, e para “quem serei”

No ir e vir entre passado e futuro, o adolescente buscará respostas provisórias e ilusórias para seus
dilemas conscientes e inconscientes, dando prioridade ao que está fora (exogamicamente): fora de
si, fora dos pais, fora da família

- ressignificações feitas paulatinamente


Ilusão de que as respostas estão no exogâmico e que somente no grupo de iguais será
compreendido

Entre os iguais compartilha fantasias e temores. Encontrar ressonâncias do que pensa ou sente no
grupo de iguais alivia a ideia de estar só // espaço seguro e de sustentação identitária, que promove
o exercício de desligamento das versões infantis e de uma nova posição; investimentos e
desimvetismentos no outro —> herança e recursos sobre quem é, quem quer ser e do que gosta

O grupo oferece amparo, segurança e novas bases identificatórias // grupo como um espelho

Adolescente = tecelão

- “...que com os mesmos fios pode produzir peças diferentes, com diferentes padronagens; o fio
que antes compôs uma determinada forma é o mesmo que agora viabiliza a existência de
novas e mais complexas tessituras. Foi preciso desmanchar para criar; foi fundamental o
aprendizado da forma primeira para tecer outro padrão.”

- Tecer sua própria história


- Tecer sua posição subjetiva no mundo
- Tecer sua identidade

• Experiências passadas + experiências atuais + projetos do futuro = sensação de


continuidade de ser e visão de si mesmo —> “eu sou”

- resposta singular, complexa —> rede


Papel dos cuidadores no processo adolescente

- Importância de ler e traduzir o “idioma sem palavras” do adolescente;


• não tem palavras para se sustentar simbolicamente, se descrever
• se sustenta muitas vezes por atos, muitas vezes sem total noção do que

representa - Mobilização de sua própria adolescência, por meio da adolescência do

filho/ da filha; • crises em relação aos adolescentes que foram e seu envelhecimento

- Permitir o desligamento dos modelos identificatórios infantis e a busca por novos


investimentos;

• suportar a ideia de que desse processo surgirá um sujeito com opinião própria e distinto a
eles

• tolerar narcisicamente

42

- Enfrentar o envelhecimento e sua mudança subjetiva;


- Manter uma reserva cuidadosa // processo de perder e ganhos
• cuidar do que o adolescente ainda não da conta, mas sem invadir as questões do
adolescente

- Toda a problemática do fim da adolescência é conseguir se tornar outro permanecendo


o mesmo, e admitir que, se pode ser diferente dos pais, é, ao mesmo tempo, graças a
eles // reencontro com os pais que se dará no fim da adolescência, em uma nova ordem
(de alteridade)

• pais assassinados. na fantasia - Winnicott

Processo de desidentificação

- “Ao desidentificar-se parcialmente dos pais, o ego se vê sem apoios, circunstância que
promove novas identificações substitutas, que podem interromper o processo de mudança,
dirigi-lo a situações deteriorantes ou destrutivas (como quando se identificam com um líder
psicopático ou adicto), ou a um futuro que fortaleça um narcisismo trófico (narcisismo se
expandindo e se tornando mias complexo, revisitando seus valores) e promova um
enriquecimento vital para o sujeito”

• ao se desidenfiticar, o processo está em aberto

• tempo de desamparo —> pais numa posição de reserva cuidadosa // reconhecer que
existe imaturidade no processo

• adoecimento do adolescente pode se dar no desamparo

Autoridade, Autonomia e Subjetivação


Singularidade

- Autonomia
- Organização do futuro
- Pressão social
- Relações extra-familiares
Turbilhão emocional

- Eu
• Protagonista-exigência de dar forma ao pensamento

• Espectador- mudanças fogem do controle

- Elasticidade do movimento psicológico


Freud - 1905

- Mudança psíquica mais importante da puberdade


- Perda do respeito da autoridade dos genitores

43

- Desidealização dos pais


- Descatexização das imagens parentais edípicas
- Abertura para o mundo exogâmico
- Reencontro com o objeto

Consequências psíquicas

- Fortalecimento do Ego
- Maior autonomia
- Crescente noção de si e dos outros
- Crescente responsabilidade sobre seus atos
Espelho da cultura contemporânea

- Somos sujeitos porque estamos assujeitados à ordem cultural.


- “Para Maria Rita Kehl, o aumento do período de formação escolar, a alta competitividade do
mercado de trabalho e, mais recentemente, a escassez de empregos, obrigam a manutenção
da condição de adolescente. Este permanece dependente da família, apartado das decisões e
responsabilidades da vida pública e incapaz de decidir seu destino”.

- “Birman pondera que o prolongamento da adolescência é diretamente influenciado pela


disseminação da violência urbana nos dias atuais, que impede o livre ir e vir no cenário
urbano. Assim, “com a circulação restrita a espaços protegidos como a escola, a casa e áreas
vigiadas, os jovens não teriam como adquirir o domínio do espaço público nem como aprender
a se protegerem”.

Pais —> amigos

- Importância da inscrição dos pais


• Ideais

• Identificação
• Superego

- Transformação que permite a desvalorização da autoridade parental


- Passa a ser membrana semi-permeável
- Mais abstrato, não mais vinculado a pessoas, mas ao ordenamento social

Ideal de Ego

- Origens no narcisismo primário


- Pais como seres admirados e temidos são introjetados
- Mudanças corporais/Aquisições intelectuais X Ilusao derrubada pela desidealização dos pais

- Princípio da Realidade e aceitação da falta


- Se torna mais abstrato, como o superego
- “Quando a confrontação com a esperada perfeição e a onipotência se vê em xeque e
constrangida pela realidade, o sujeito pode não seguir o caminho da aceitação e da
remodelação do ideal do ego”

- Em troca, pode “ ocorrer a filiação a ideias substitutivos no exterior, aos quais pode se
entregar em sacrifício numa vinculácão fusional que lhe estanque a onipotência declinante,
que somente é um deslocamento das imagens parentais endeusadas”

Estruturação do caráter

- Demarca um modo de ser e atuar frente às exigências internas e externas


- Inúmeras variáveis: superego, ideal do eu, quebra da onipotência, desvalorização da
autoridade parental

- Aparelho psíquico profundamente modificado: abertura ao novo

Aparelho psíquico modificado

- Diferencia
• O que já foi

• O que quis ser

• Do que os pais esperavam que fosse

- Singularidade
- Processo de subjetivação
Movimento contínuo de integração
Ligação entre passado, presente e futuro

Trabalho psíquico de ressignificações

Desamparo

- Fonte no desamparo estrutural


- Adolescência- reedição da condição de desamparo
- Defasagem entre as demandas e as condições de processá-las
Questionamentos inquietantes

- Identidade pessoal, profissional e sexual


- Arrogância , prepotência, comportamento desafiador
- Poatura assumida inconscientemente para dar conta de um adolescente indeciso, inseguro e
assustado

- Contradição: Coragem e descuido andam juntos


45

- Elementos fundamentais para a capacidade inaugural do jovem em construir sua história


Apropriar-se da sua vida

- Assume o comando da sua vida e dá sentido a ela


- Projeto de futuro
- Inserção social

O trabalho psíquico da adolescência: Qualidade das


relações objetais
Acesso à genitalidade

Relações marcadas pelo registro da alteridade

Eu atravessado pela castração e pela falta

Identidade, autoestima e investimentos

- Adolescência = retorno da questão adiada pela latência


- Revivência da conflitiva edípica
• Reorganização do Narcisismo para atender as exigências edípicas

• Transformações da identidade; alterações na regulação do valor e dos


ideais; reorganizações dos investimentos libidinais

Início da vida marcado pelos investimentos endogâmicos (objetos

primários) Vivência edípica = início do exercício da exogamia

- Desligamento progressivo das figuras primordiais, tanto externamente quanto internamente -


Desligamento do Superego e dos ideais infantis

- Incremento do Narcisismso (retorno da libido do Eu)


- Engrandecimento das experiências internas, da sensibilidade e da percepção do mundo
interno

Relações adolescentes

- Início da adolescência
• Relações marcadas pelo incremento do Narcisismo

• Escolha do objeto pelo o que sou, pelo o que fui, pelo o que quero ser

• Relações de espelho = amigos “iguais”, anulação da diferença

• Objeto é a sustentação do Eu = identificações provisórias

• Socialização da Culpa

• Medo de não ser correspondido = angústia de castração


46

• Recalcamento auxilia no sentido de viver essas relações como se fossem as primeiras


(mas não são)

- Inscrições e Identificações se dão em todas as relações afetivas


• Identificações secundárias // processo de identificação

• Aparelho psíquico aberto

Processo das relações na adolescência

- Relações “Como Se” (Blos in Macedo et al, 2010).


- No início da busca por grupos de iguais, procura-se por relações substitutivas às primeiras
(investimento narcísico, não se tolera diferenças) // tentativa de identidade

- Progressiva aceitação da diferença;


- Progressiva queda da idealização;
- Progressiva abertura à alteridade, para se alcançar a genitalidade
• para se haver alteridade, precisa-se antes trabalhar com as diferenças

- Exercício de consolidação identitária;


- Posição SEXUADA no mundo
• Identidade sexual

Singularidade dos processos

Identificações provisórias que acabam por se solidificar como um “mosaico” (diversas

influências) Superego precisa ser revisto, precisa tornar-se próprio

Identidade Sexual
- Sexo (corpo biológico)
- Corpo erógeno
- Identidade de Gênero
- Eleição de Objeto
- Sujeito é convidado a pensar sobre os desejos que são produzidos (acréscimo do
pulsional, em comparação à latência)

• Questões de identidade são construídas até mesmo antes da adolescência; entretanto, a


orientação sexual se mostra aqui

• Junção do pulsional/afetivo com o erótico/genital

• Possibilidade de exercer a sexualidade

• Recalcamento precisa estar funcionando plenamente, para que a sexualidade possa


ser investida sem a ideia de ser incestuoso
47

“Sobre a tendência universal à depreciação na esfera do amor” (FREUD, 1912)

- Investimento pulsional infantil —> Complexo de Édipo (Interdição do desejo) —> duas
correntes pulsionais

- Duas correntes pulsionais


• Corrente afetiva

• Corrente sensual

Na puberdade, a corrente sensual ‘ressurge’ e se intensifica. Ela, “evidentemente, jamais deixa


de seguir os mais primitivos caminhos e catexizar os objetos da escolha infantil primárias em cotas
de libido, que agora são muito mais poderosas. Neste ponto, no entanto, defronta-se com
obstáculos que, nesse meio tempo, foram erigidos pela barreira contra o incesto; em consequência,
esforçarse-á por transpor esses objetos que são, na realidade, inadequados e encontrar um
caminho, tão breve quanto possível, para outros objetos estranhos com os quais possa se
levar uma verdadeira vida sexual. Esses novos objetos ainda serão escolhidos ao modelo (imago)
dos objetos infantis, mas, com o correr do tempo, atrairão para si a afeição que se ligava aos mais
primitivos”. (Freud, 1912/1976, p.165)

Não alcançar a alteridade = sujeito fragilizado

- Onipotência e narcisismo; situações de risco


- desamparo e suicídio
Amor —> genitalidade —> possibilidade de amar e desejar o mesmo objeto

Sexualidade adulta

- Acesso à genitalidade
- Relações marcadas pelo registro da alteridade
- Eu atravessado pela castração e pela falta
Fim da adolescência

- Consolidação das conquistas adolescentes;


- Personalidade se torna mais estável e com recursos que abrem espaços para novos
investimentos;

- Investimentos reorganizados pelos Ideais (reestruturados pela


adolescência); - Estabilização da sexualidade

- Projetos de Futuro e Ideal de Eu


- Reorganização Superegóica;
- Reaproximação dos pais
- Investimentos diversos (já que nenhum completa):
• Vida Laboral;
48

• Vida Social;

• Escolhas de objeto menos calcadas em modelos narcísicos;

• “Reencontro” com os objetos primários

Amor e Paixão e o cenário contemporâneo


Ingresso na sexualidade adulta

- Sexualidade INFANTIL
- Reposicionamento Subjetivo da Adolescência
- integração tendências Afetivas e eróticas/sensual
- Freud: “Sobre a Tendência Universal à Depreciação na Esfera do amor”(Contribuições à
Psicologia do Amor).

- “A ciência, é afinal, a renúncia mais completa ao princípio do prazer de que é capaz nossa
atividade mental”. (Freud, 1910)

Amor

- Filosofia e literatura - dor do amor


- Relação com a felicidade? Amor e castração?
- Fernando Pessoa, Poema II de “O Guardador de rebanhos”
“Porque quem ama nunca sabe o que ama/ Nem sabe por que ama, nem o que é

amar…” - Se articula com o desejo

- Relação Sujeito com o Objeto


- Relação do desejo com a castração
- Amor coloca em cena o desejo relacionado à falta e não ao sexo.
- Amor e desejo sexual são diferentes, o que não significa que sejam excludentes.
- “Um amor é a procura do todo e amar é sinônimo de se unir e de se confundir com o amado.
Essa esperança atravessou milênios e permanece, até hoje, na idealização do objeto de amor
como alma gêmea. Dizer que não há o objeto não significa que não haja uma infinidade de
objetos que causam o desejo. Mas nenhum desses objetos é Aquele, que se existisse-Ah!, se
ele existisse…-conduziria à felicidade. Então nada, absolutamente nada faltaria. Mas como
esse objeto não há, o desejo não pode ser realizado. Assim o destino do homem é ser
desejante e amar a lógica do não-todo.

- Parte que falta fundamental para que a relação amorosa aconteça


- O outro, no campo do ideal, traz aquilo que o eu não tem
- A falta nos faz ir em busca de relações, de investimentos (para poder ser investido)
// narcisismo secundário // a falta liga a dinâmica psíquica
49

- Adolescente se liga ao outro por aquilo que é igual; a alteridades permite desejar aquilo que
falta

- Relações se dão por identificações


- Essa idealização frustra quando não oferece o que lhe faltava e que supostamente o
completaria

A grande construção do Complexo de Édipo é a Alteridade

Paixão é idealizada: pessoa acredita que o outro a completa // diferente do

amor - Fantasiada

- Encantamento com o “vir a ser”


- Se movimenta na medida em que a intimidade se mostra // fantasia vai deixando de
prevalecer —> transformação no amor

Sexualidade como uma descarga e não um investimento // também pode se aplicar para os
encontros com o outro, não procurando a intimidade

Transformações na intimidade no século XXI

- Num modelo patriarcal do início do século XX não havia paridade, nem intimidade -
Posição submissa

- Luta das mulheres pela igualdade de direitos


- Posição de objeto de desejo para a posição desejante
- Psicanálise teve seu papel na liberação sexual
- Reordenamento causado pela liberação sexual trouxe implicação para os
homens Proposições da autora

- Modelo neoliberal da economia mundial


• “O que você quer você pode agora, ou seja, goze imediatamente”

- Tempos de Sexo
• Sexualidade como descarga

- Intimidade?
• Todos na família submetidos a autoridade inquestionável do pai que decidia o destino de
todos

Intimidade

- “A intimidade é a capacidade de compartilhar o nosso ser com o outro, resguardando o


lugar de diferente de casa um”

- Aquisição de genitalidade
- Necessidade de enxergar o outro com a presença da diferença e da Alteridade 50

- Enfraquecimento do Recalque como mecanismo constitutivo das individualidades e das


relações sociais —> relações de pouca intimidade

• Enfraquecimento do recalque = Fragilização da lei (Lacan)

• Recalque, se bem estabelecido, ele segura as pulsões e o que é do campo do ideal // um


objeto pode receber um investimento, mas sob o recalque; energia sexual infantil
segurada para transformá-la

• Recalque enfraquecido e sem condições sublimatórias = relacionamentos de ordem


narcísica e não de alteridade; o outro se mistura com o eu = objeto a serviço da pessoa,
complemento do que falta - relação de dependência

• Dicotomia acerca das relações (ou amo ou odeio) é algo muito regressivo // a
alteridade permite suportar o que se desgosta

• Relações que se encaixam pela forma: o narcisista que tem uma relação com o
deprimido/dependente

- Intimidade ligada com a angústia de castração: até onde posso ir


- Para que o outro conhece as fragilidades, também precisa conhecê-la (e olhar aquilo como o
que o constitui)

Comportamento que é feito sem haver ligação psíquica —> em busca da satisfação - na
troca de cidade, na troca de trabalho, na troca de namoro —> impossibilidade de se colocar em
uma posição de intimidade, não acontece o recalque

- intolerância à frustração (ao não-ideal)


Atalhos psíquicos que nos induzem a agir de certas formas

Repetição // o desejo pode vir com o que está desligado, com a pulsão de morte

- marcas recalcadas: violência, abuso que reaparecem; ligação transferenciada com o outro e
atualizada
- atualização e repetição na tentativa e elaborar tais vivências

Relação amorosa saudável precisa de um quantum de sublimação; o desejo é


insaciável - Coisas e atividades que movimentem o individuo para além da relação

amorosa - Dimensões de criatividade no investimento

- Apaixonamento que energiza outras criatividades


Narcisismo: o que pode se abdicar ou não

Tristeza da perda auxilia para a pessoa criar recursos

Libido e investimento

- gangorra de ser investido e investir


O que houve com o amor em tempos de Sexo?
51

A curiosidade e o interesse pelo outro são possibilitados pela sublimação da pulsão.

- Recalque

- Sublimação
- Satisfação da sexualidade
- Teoria do Apoio
- Satisfação registrada como marca - inscrição
- Novas tensões - tendência a satisfação semelhante
- Tensão no corpo - dispara marca psíquica
- Fim do período da sexualidade infantil: recalque - pulsões impossibilitadas de satisfação
- Transformação do narcisismo e castração

- Recalque das pulsões parciais possibilita a posterior sublimação da sexualidade // nova


possibilidade de satisfação para as pulsões parciais - satisfação simbólica - Sublimação
da sexualidade - outros objetos que sejam símbolos dos objetos originais

- “A partir desse estado de coisas pode se observar que a sexualidade em Freud tem, além da
genitalidade, uma dimensão criativa, de realizações, ou seja, a sexalidade sublimada que dá
origem as realizações humanas no plano da cultura. No momento, para que isso aconteça, é
preciso que os objetos primários tenham sido recalcados”(Castiel, p.4)

- É preciso recalcamento antes para depois ter capacidade de sublimar.


- Nem toda pulsão pode ser sublimada, uma parte precisa ser satisfeita.
- Sexualidade genital tem que ser satisfeita, a sexualidade pré-genital pode ser satisfeita
simbolicamente através da constituição de outros elementos parava sua satisfação.

- Recalque é o recalque o objeto.


- No nível das relações amorosas o desejo de conhecer, de ter intimidade e profundidade de
relação se dá por essa capacidade de sublimação da sexualidade que possibilita investir o
outro com interesse”.

- Sublimação da sexualidade —> Alteridadade


- Objetos primários recalcados —> investir no outro com curiosidade
- Condições de recalque enfraquecidas —> o que se busca no outro é a completude narcisista
- Sujeito fixado em seus objetos primários —> Impossibilitado de realizar trocas de objetos
- Ausência do recalque impede o acesso ao simbólico no sentido de que, a sublimação das
pulsões parciais é justamente a capacidade de simbolizar a sexuallidade, traduzindo o
encontro do pulsional com a cultura”. (Castiel, p. 6)
52

Identidade Sexual, Sexuação, Masculinidades e


Faminilidades
Palestra sobre o Laboratório de Psicanálise

Psicanálise desenvolvida a partir de uma compreensão binária cis-heteronormativa, que restringe a


compreensão das produções subjetivas sexuadas

Violências perpetuadas ao tentar encaixar sujeitos em formas predeterminadas de experienciar a


sexualidade

Freud e sexualidade

- Bissexualidade e monismo fálico (um único sexo para todos os seres humanos, sem
reconhecimento da diferença)

- Entendimento das diferenças calcado na diferenciação anatômica entre os sexos - presença


ou ausência do pénis // teoria falocêntrica

- Inveja do pênis: fantasia central na constituição da sexualidade feminina; mulher e sua


inferioridade

- Complexo de Édipo: menino tem medo da castração por parte do pai; menina reconhece ela e
a mãe como castradas —> volta seu amor para o pai pois ele possui o falo (poder); seu desejo
seria ter um filho homem com o pai, e posteriormente com outro (restituição do falo ou inibição
da sexualidade)

- Transsexualidade: psicose // sujeito não reconhece seu corpo como seu —> delírio que cria
outra identidade

- Homossexualidade: perversão // ao buscarem um parceiro do mesmo sexo, estariam fazendo


uma escolha narcísica e não passando pela alteridade

- Heterossexualidade unicamente associada à saúde psíquica


- Subjetividade feminina a partir da lógica falocêntrica: maternidade // mulher não é o outro, é o
inverso; sexualidade saudável se daria pela maternidade

A patologia não se da diretamente ligada às sexualidades; não são a causa

- Lógica patologizante das esferas da sociedade e da saúde que geram sofrimento


Lacan:

- Ressignificação das Figuras parentais


- Falo como lugar simbolico
- Angustia de castração como perda do lugar edípico e completude
Caráter pulsional da sexualidade, ja que o inconsciente não há diferença sexual Gênero:
identificado com enunciados dos cuidadores/representantes da cultura Identidade sexual

é mais amplo que a identidade de gênero; sexual; busca pela alteridade

53

Registro da faltam noção das diferenças como organizador do psiquismo - alteridade - não está
exclusivamente associada à diferença anatômica, mas ao reconhecimento de diferentes
singularidades

alteridade sustentada no reconhecimento da existência de sexualidades diferentes (e não diferença


entre sexos), abre-se a possibilidade de reconhecer como validas as inúmeras

Sujeitos assexuados

- Sexualidade mais amplo do que o exercício da genitalidade e libido/pulsão em outras esferas

Sexo, Identidade de Gênero e eleições objetais

- Identidade sexual —> processo de sexuação (posição sexuado (inscrição na ordem simbólica)
- Identidade Sexual é uma noção constituída subjetivamente, referente àquilo que faz o sujeito
se reconhecer como um ser sexuado, dotado de desejo e que o leva a adotar práticas sexuais
a fim de atender seus desejos. (Muszkat, 2016, p.82)

- “Se eu não sou tudo, eu sou isso. E sendo isso, tenho prazer assim”
- Posição sexuada —> binarismo // passível de questionamento
Do sexo único à diferença sexual

- Homens X Mulheres —> tema que percorre a historia da humanidade

- Paradigma do SEXO ÚNICO: A existência da diferença entre homens e mulheres pautada


unicamente no masculino

• Posição em relação a anatomia

• ATIVIDADE (AÇÃO) X PASSIVIDADE (RECEPÇÃO)

- Lugar social que tendesse à ação: masculino


• GENITÁLIA PROJETADA PARA O EXTERIOR X GENITÁLIA INCLUSA NO ESPAÇO
INTERIOR (invaginização)

• LUMINOSIDADE X OBSCURIDADE (bruxas)

• VERDADE X NÃO-VERDADE/NÃO-EXPOSTO
• FEMININO PODERIA TORNAR-SE MASCULINO —> IMPEREITO PODERIA
TORNAR-SE PEREITO // e não vice-versa, perfeito não perde sua condição

- Sustentação das relações de poder


- Estudos sobre a anatomia: evidências de diferenças morfológicas dos corpos - Faculdades
morais e psíquicas de ambos os sexos são efeitos diretos de marcas biológicas -
PARADIGMA DA DIFERENÇA SEXUAL data do final do Sec. XVIII e início do Sec. XIX
- Leitura naturalista da diferença sexual (ordem biológica): são essências naturais diferentes
que delineariam as possibilidades e as finalidades sociais diversas para os sexos

• Mulher = mãe, cuidados da casa // restrição

54

• Deixou de existir uma hierarquia entre os sexos ou esta foi apenas deslocada e passou a
se fundar no registro biológico da natureza?

Em Freud

- Diferença anatômica entre os sexos // ambiguidade


- Apesar de distuptivo em relação a temática da sexualidade, ele ainda reproduz ideais de
diferenças entre os sexos

- Desenvolvimento Psicossexual tem no masculino seu paradigma; heteronormativo •


menina apresenta desvios, que leva ela à sua sexualidade // menino como parâmetro -

Equivalência entre:

• Ativo/masculino X Passivo/feminino

- Sexualidade ≠ Genitalidade;
- Desejo deve ser escutado, pois é motivo de adoecimento psíquico;
- Mal-estar da Cultura = restrições ao prazer.
Feminilidade

- Discurso freudiano sobre o feminino é perpassado por múltiplas contradições e


ambiguidades

- Se, por um lado, o discurso freudiano deu, de fato, voz e direito à fala para as mulheres
desde seus primórdios, pela positivação da histeria no final do século XIX; realizou, por outro,
uma leitura do psiquismo feminino pela qual este seria marcado pelas impossibilidades
de sublimação e de estrita ligação com a maternidade.

- Paradigma da Inveja do pênis/falo seria, para Freud, o moto do funcionamento psíquico

das mulheres; pênis como símbolo cultural de poder

- De fato, há, na Psicanálise freudiana, uma naturalização da hierarquia entre os sexos,


formulada em termos libidinais pelo discurso freudiano, mantendo o paradigma da diferença
sexual.

- Feminilidade em Freud
• “Feminilidade é um Continente Negro”; sedutor, diferente, mas que dá medo •
Importância do período pré-edípico; encontro homoerótico

• Reconhecimento da diferença anatômica entre os sexos —> Entrada no Complexo de


Édipo;

• Passagem do objeto mãe (pré-edípica) para o pai; para que ele lhe dê o falo que não ela
não tem

• passagem da erogeneidade fálica para a feminilidade (prazer pela penetração/vaginal; e


não clitoriano);

• Modelo identificatório com a mãe da feminilidade, amada pelo pai

55

• Solução edípica = maternidade (equivalência simbólica falo —> bebê).

• Ser tomada por um homem como objeto de amor —> passividade

- Feminilidade após Freud


• Lacan

- Fórmulas de Sexuação – A sexuação trata, portanto, de uma divisão entre os seres


falantes em relação a dois modos de gozo e não em relação ao sexo anatômico. -
Segue o binarismo, descola da noção de sexo anatômico

• Maria Rita Kehl //“Deslocamentos do Feminino”

- Compreensão do tornar-se mulher ligado às representações culturais;


- A Mulher não existe, mas existe a Mãe – inexistência de uma identidade feminina e
desejante; mãe como mulher desligada do erotismo

- Mínima diferença = diferença anatômica (sujeitos capazes de fecundar X sujeitos


capazes de procriar);

- Narcisismo das pequenas diferenças: aquele que tem menos diferença


conosco, é aquele que mais nos ameaça: mais ameaça o nosso prazer e a
nossa posição

- Falo = Verbo, possui o poder de enunciar algo e ser ouvido e reconhecido // não
necessariamente a inveja é da mulher

- Logo, inveja do falo não é equivalente à inveja do pênis, nem atributo unicamente das
mulheres.

- “É porque a sexuação humana se dá no atravessamento simbólico que podemos


indagar, para cada sujeito, para além da inscrição do lado dos homens ou das
mulheres, que manejos do falo e da castração ele/ela promove para se tornar este
homem ou esta mulher” (Kehl, 2016, p.222)

Masculinidade

- Em Freud

• Percurso “natural” do desenvolvimento psicossexual; tem menos impedimentos e


desvios

• Encontro com a ameaça de castração do Édipo; manutenção narcísica faz a saída do


Édipo: não quer correr o risco de ser castrado

• Identificação com a potência e a atividade paterna;


• Modelos identificatórios que permitem ocupar lugar masculino na

Cultura. - Após Freud

• Crise da Masculinidade contemporânea // a dor por perder seu lugar na sociedade e de


sua virilidade

56

• Encontro com o fálico e com a castração (e com o feminino) // Castração não é atributo da
mulher: a castração seria simbólica e permitira a chegada à alteridade; castração
inerente ao estatuto de sujeito

- angústia de castração num processo civilizatório; temer perder o lugar de

Eu Ideal; descola da presença do pênis e da vagina, podendo ainda ajudar


na resolução em relação à identidade de gênero

-ir em busca de suas dores e de suas faltas


• Tornar-se homem tem cada vez menos se confundido com adotar uma identidade
uniforme, que remete a um conjunto igualmente uniforme de representações. A abertura à
pluralidade e à invenção de si têm sido projetos que paulatinamente têm se tornados mais
possíveis ao sujeito de sexo masculino. Nesse sentido, podemos pensar que, em vez de
instaurar uma crise no universo da masculinidade, o momento atual pode ser
especialmente profícuo por abrir novas possibilidades de se reinventar o dito “sexo
forte”. O movimento de questionamento dos estereótipos da virilidade clássica pode ser,
então, particularmente válido por abrir aos homens novos meios para a constituição
de uma existência singular e para a emergência de uma subjetividade mais criativa.
O abandono do esforço diário para se autoafirmar como viril, que tão marcadamente
caracterizou o cotidiano dos sujeitos de sexo masculino, pode favorecer o deslocamento
dessa energia para o campo da afetividade e possibilitar a maior exploração de funções
antes menos valorizadas pelos homens, como a paternidade. Desse modo, o momento
contemporâneo pode ser benéfico para os homens por permitir-lhe uma reinvenção mais
livre dos estereótipos de gênero aprisionadores por tanto tempo propagados pelas
sociedades ocidentais.

Paradigma da Hipersingularidade
- Ruptura com as compreensões binárias de sexuação;

- Se a psicanálise pretende se ocupar da hipersingularidade do sujeito e foge a toda categoria


generalizadora, faz pouco sentido falar globalmente de transidentidades, quanto de cis
identidades. (Ayouch, 2016, p.4) // ir para além das universalizações e patologizações

- Ser um homem, ser uma mulher, hoje, na sociedade atual, o que isso significa? O que
podemos ser, o que queremos ser, o que conseguimos, efetivamente, ser? Poderíamos e
deveríamos também raciocinar de outra maneira, de modo a não mais sermos indiferentes às
relações de poder que sempre produzem violentos e violentados, não só nas relações de
gênero. (Porchat, 2018, p. 85-86) // que exercícios de poder esses discursos reproduzem
e como romper com eles?

As implicações psíquicas na constituição de uma família


“A psicanálise freudiana protagonizou uma leitura inédita e subversiva das experiências subjetivas
de seu tempo ao dar sentido à sintomas psíquicos perturbadores, revelando um cenário de
fantasias humanas nem sempre sensatas ou coerentes e desvendando um sujeito dividido entre
seus desejos e as exigências e proibições de sua cultura”(Haddad, 2008)

57

Família

- Lugar especial no qual o bebê nasce


- Recebe cuidado suficiente
- Satisfaz suas primeiras necessidades

- Efetua seus primeiros intercâmbios afetivos, e é objeto de investimento amoroso - A

família reúne um sistema de relações simbólicas e emocionais que lhe asseguram o

lugar de importante núcleo de produção de subjetividade // criança tem marcas importantes do


inicio da vida, por ser um momento em que ela organiza seu aparato psíquico

- Noção familiar: identidade e pertencimento


Sociedades contemporâneas (Ocidente) em transição.

- Normativas que regem os laços sociais


- Subjetividades e famílias em transição

Distinguir os conceitos: diversidade e diferença - dispositivos subjetivos e intersubjetivos que


geram a diferença simbólica e o reconhecimento da alteridade // também é no campo da
família que o sujeito encontra-se como único, facilitando seu processo de separação; não
deve ser reflexo do narcisismo dos pais

O cuidado com o bebê diz respeito à sexualidade dos pais


Angústia de castração, expectativas e manejo de frustrações —> narcisismo, recalcamento e
sublimação

Diversidade

- Pluralidade de apresentações no âmbito das configurações familiares

- Variantes vinculadas a sexualidade e gênero nas culturas atuais no ocidente


Diferença
- Valor simbólico
- Distinção do eu e do outro
- Sustenta distintos planos: linguístico, sexual, gênero, entre outros
- Tem como base a alteridade // em qualquer organização familiar a diferença é
fundamental

- Sustentar/tolerar a diferença nos embates e atritos

-“A diferença sexual não é a única chave para o acesso a categoria diferença. A construção

desubjetividade simbólica vai além do acesso à diferença sexual, embora a inclua” (Fiorini,
2017, p. 95 // marca na movimentação do narcisismo

Se considerarmos a categoria diferença no sentido amplo antes mencionado, a nosso ver ela
poderia estar incluída no psiquismo dos pais, para alem de sua orientação sexual. Nessa
linha,

58

tanto o reconhecimento da diversidade sexual e de gênero quanto a capacidade de gerar


diferenças simbólicas demandam o estabelecimento de uma relação entre ambas as noções.
Essa relação pode ser de concordância ou discordância. Diversidade e diferença podem
caminhas juntas ou não. // independente do arranjo familiar, ela precisa contemplar a inscrição
da diferença, tanto para os pais, quanto para os filhos

Resolução do Complexo de Édipo e a inscrição da diferença

Noção da diferença proposta por Freud

- Sobre as teorias sexuais das crianças (1908)


- Análise de uma fobia de um menino de cinco anos (1909)
- A novela familiar do neurótico (1909)

Mudanças culturais do último século influenciam o núcleo familiar; construção do pensamento


critico, revoluções Francesa e Industrial

Avanços biotecnociências- revolução no conceito que designava um homem e uma mulher com
fins de criar e manter filhos.

Novas formas de reprodução assistida


- Trazem questões cruciais sobre as legislações e normas das sociedades
atuais - Funcionamento de famílias e sujeitos

- Origem da vida humana


- Papel de homens e mulheres na procriação
- Relações entre os gêneros
- Características dos contratos sociais
- Categorias de filiação
- Capacidade de decisão das mulheres sobre seus corpos
- Status sobre embriões congelados e não utilizados
Parentalidade
-“Ser pai ou mãe, ou exercer uma função de parentalidade depende apenas de um
comprometimento. O lugar do pai e da mãe não tem que ser necessariamente ocupado nem
pelos pais legítimos nem por um homem e por uma mulher assim como a função paterna ou
função materna não implicam a presença de um homem e de uma mulher”.

- Freud - em Psicologia de grupo e análise do ego (1921):

• A identificação compõe a forma mais primitiva de se expressar vínculo emocional com


outra pessoa

• Comprometimento do cuidador identifica a criança, para que que ela possa se


posteriormente se identificar

59

- Freud- O ego e o id (1923):


• seja qual for o funcionamento do ego quanto às influências das catexias libidinais de
objeto abandonadas, “os efeitos das primeiras identificações efetuadas na mais primitiva
infância serão gerais e duradouras” (1923a, p.45)

• tempo primordial deixa marcas para que a criança possa posteriormente investir-se e
investir em outros

-Identificação com os pais :


• primeira e a mais importante das identificações,

• não seria conseqüência ou resultado de qualquer catexia de objeto, mas sim uma
identificação direta e imediata que precede qualquer catexia de objeto.

- Infância - passa a ser considerada um tempo feliz protegido pelo amor dos pais // não é um
“adulto pequeno”

- Preocupações sociais, cartilhas, interferência pública nos cuidados à proteção a


criança- Oferta de um saber sobre o adequado desenvolvimento de uma criança

- Biopoder - oferecendo alternativas de cuidados mais adequados e saudáveis para seus


membros // poder do Estado sobre a vida humana, em especial pela infância (importância
para a construção de um indivíduo e um cidadão)

- “O amor dos pais à seus filhos sustenta-se nesta possibilidade de assisti-los transformarem se
na imagem de felicidade idealizada por eles. Surge assim um circuito amoroso fundamental
para a subjetividade moderna”

Psicanálise

- Complexidade das subjetividades


- Bastidores das relações conflituosas da família
- Lugar privilegiado das funções parentais na constituição do psiquismo
Psicanálise e Família

- O momento amoroso da infância, graças aos cuidados e reverência dos pais passa a
ser considerado de suma importância para a emergência psíquica do bebê

- No seio familiar ele possa ser confrontado com sua humanidade: aceitar não ser rei

// família como responsável por retirar a criança do lugar de majestade


- Entre a ameaça de perder e o desejo de obter novamente este lugar privilegiado e exclusivo,
a criança deverá abrir mão desta importante ilusão de ser amada incondicionalmente para dar
lugar às infinitas condições a que ela terá que se submeter mas que tentará evitar - É
neste jogo amoroso singular que ela construirá sua subjetividade

-Influência no reencontro amoroso futuro

-Impedimentos que a família traz tem a ver com os impedimentos culturais60

- Funções parentais da família: nascimento, reconhecimento da criança (nome e filiação),


sustento, educação e saúde - função simbólica na transmissão de valores, normas e interditos
da cultura

- Sociedade centrada na autoridade patriarcal - mulheres como mães por vocação


natural Freud- subjetividade não confirma tal natureza feminina.

- Psicanálise - construção de uma interioridade psíquica a partir da complexa sexualidade


humana

“O amor dos pais, tão reverenciado, precisava existir na justa medida entre os cuidados e a
erotização do corpo infantil responsável pelo anseio de viver e ser amado, e certas rupturas de um
estado fusional e primitivo com a mãe, que o auxiliassem a entrar no mundo simbólico e partilhado
da cultura, carregando o legado das aspirações parentais e das crenças, ideais e proibições
vigentes no discurso social”. HADADD, 2008
- responsabilidade familiar de erotizar e investir, assim como de fazer o ingresso da
criança na cultura, promover o abandono dos ideias e processos de identificatórios

“O conflito entre pulsões sexuais e repressão cultural que produzia sujeitos inibidos e
recalcados dá lugar a sujeitos que buscam o prazer sem culpa, mas oscilam entre potência e
impotência diante dos múltiplos mandatos culturais a que se deparam e que anseiam cumprir para
serem reconhecidos”. - HADDAD

- movimentação na possibilidade dos laços familiares + intensidade entre o desejo e a proibição


// realidade psíquica

Parentalidades: Contribuições
Psicanalíticas Parentesco e Parentalidade
Familia
Estudo multidisciplinar

Psicanálise: processos psíquicos e mudanças subjetivas produzidas nos pais a partir do desejo de
ter um filho

Sistema de Alianças: Família como possibilidade de garantir o patrimônio; manutenção de laços


entre famílias

Modernidade: disjunção entre o público e o privado e entre a conjugalidade e a parentalidade

Os arranjos familiares não dependem somente da parentalidade, mas sim do desejo entre
casais de estabelecerem relações intimas

Família “sacra” cristã: cis-heteronormatividade + sexualidade = reprodução

- uma vez iniciada a família, circula ente o casal o objetivo de uma família indissolúvel
Apesar de observarmos mudanças importantes na estruturação familiar, a família contemporânea
em sua dimensão horizontal e e redes não só se mantém como estrutura organizadora e segura

61

para seus membros, como se constitui e um espaço fundamental para a troca afetiva e a
transmissão simbólica (construção psíquica e inserção cultural)

Relação de consanguinidade ou de aliança não é suficiente para assegurar o exercício da


parentaliade. A modernidade, ao produzir uma ruptura entre conjugaliade e parentalidade,
demonstra que a parentalidade deixa de ser o principal objetivo da estrutura familiar

- O que sustenta o desejo e um homem e de uma mulher no processo de transição à


parentalidade?

- “Se a atualidade se define principalmente pela derrocada de referenciais simbólicos estáveis e


por uma pluralização das leis e de possibilidades de subjetivação, “tornar-se pai” ou
“tornar-se mãe” passa a depender muito mais da historia individual de cada um dos
pais e de uma lógica do desejo do que de um modelo de família nuclear tradicional, como no
passado”

O vínculo familiar ligando um adulto a uma criança pode ser desdobrado em quatro
elementos, nem sempre concomitantes:

A. vínculo biológico: dado pela concepção e origem genética

B. parentesco: vínculo que une dois indivíduos em relação a uma genealogia, determinando
o seu pertencimento a um grupo

C. filiação: reconhecimento jurídico desse pertencimento de acordo com as leis sociais do


grupo em questão

D. parentalidade: exercício da função parental, implicando cuidando com


alimentação, vestuário, saúde, educação, etc… que se tecem no cotidiano em torno do
parentesco

- Esses elementos podem estar combinados entre si de maneiras diversas, dependendo de


como é estabelecido o peso de cada um em relação aos outros, evidenciando a
relatividade das escolhas feitas por uma determinada cultura em uma determinada época //
qualidade da relação e como se estabelecem essas trocas

“A diversidade das configurações familiares de outras sociedades permite afirmar que


parentesco e filiação são sempre sociais (Héritier, 2000) e não apenas derivados da procriação,
já que as regras adotadas por elas não são sempre a réplica exata da “natureza”. É preciso lembrar
que “embora seja exato que as regras relativas à filiação tenham por objetivo institucionalizar a
reprodução da espécie humana, essa institucionalização se efetua segundo critérios que variam de
uma sociedade a outra e de uma época a outra”

- “Devido a essa variação dos papéis sociais parentais desempenhados nas diferentes culturas
e períodos históricos, podemos, também, compreender que parentalidade não é sinônimo
de parentesco e filiação e pode ser exercida por pessoa sem vínculo legal ou de
consangüinidade com a criança como ocorre, por exemplo, nas famílias recompostas, nas
quais o cônjuge do pai ou da mãe participa cotidianamente da criação do filho.”

- como, quando a parentalidade é exercida; separada do tema de filiação


- singularidades dos arranjos; inúmeras possibilidades

62

- parentalidade só será exercida dependendo da condição psíquica do adulto Formas


além da biológica de constituir famílias e ter filhos, em novas organizações familiares -

Parentalidade por adoção (forma ou informal)

- Avanços da Medicina e da Tecnologia da Reprodução


- Homoparentalidades
- Parentalidade recomposta
Desejo de filho x Desejo de maternidade ou de paternidade

- de filho = ordem da alteridade


• reconhecimento de que ali tem um outro sujeito e que haverá uma herança simbólica •
sujeito diferente dos pais

• enfrentar o estranhamento no encontro com o filho

• descoberta de si na relação com o outro

- de maternidade/paternidade = ordem do narcisismo


• reativação dos próprios conflitos e da vinculação infantil

• relação de mãe/pai infantil que cada um tem

• não há um desejo de ter um outro, diferente de mim

• o sujeito da relação é o próprio sujeito adulto

• alcance de ideal

• projeções narcísicas sobre quem é a criança


• adoecedor para a criança a partir do não reconhecimento da alteridade

Necessidade de se relacionar e fazer trabalhar os pais que tivemos; capacidade de trabalhar as


relações primordial —> necessidade de trânsito e transformação psíquicos; identificações e
reconstruções dos laços iniciais

Maternidade

- Produto e interação de 3 efeitos discursivos (troca simbólica e circulação de desejo); sujeito


produto da linguagem e que produz discursos

• discurso com sua própria mãe (especialmente com a mãe primordial); como foi o
encontro primordial e constitutivo

• discurso com ela mesma (especialmente ela mesma como mãe); como vê a si mesma, se
é capaz

• discurso com o bebê, o qual é demandante de coisas que ela não imaginou - Essa trilogia
da maternidade passa a ser sua maior preocupação, requerendo um profundo realinhamento
de seus interesses e desejos

63

- Não é um destino necessário à sexualidade de uma mulher; é uma possibilidade e que

serelaciona com sua história, seus ideais

- Pode ser uma nova prova de ter prazer


Paternidade

- O acesso à paternidade também implica profundas transformações que se inicia, a partir das
identificações primordiais e edípicas

- A grande ocorrência de distúrbios psicossomáticos em homens durante a gravidez de suas


companheiras demonstram uma identificação com a gravidez da mulher. Dessa forma, o
homem “divide” com a mulher alguns sintomas e ela, em “retribuição”, inclui o pai em suas
representações do bebê, criando espaço para os cuidados paternos, antes mesmo do
nascimento do filho.

- relação com a sua história mas que pode ser compartilhado


- processos identificatórios permitem a troca; trabalho psíquico de espera
- pode, entretanto, ficar alheio, pela dificuldade de identificação e imaginação antes da chegada
do bebê

A pré historia da criança se inicia na historia individual de casa um dos pais: o desejo de ter um
filho reatualiza as fantasias de sua própria infância e do tipo de cuidado parental que
puderam ter

Assim, não podemos restringir a parentalidade à gestação e ao nascimento de um filho, já que as


identificações feitas na infância influenciam e determinando a forma como cada um de nós poderá
exercitar a parentalidade
- necessidade de ofertar os próprios recursos para a criança

Pensar na concepção de um filho coloca em movimento aspectos do narcisismos de cada um dos


pais, assim como suas historias, suas lembranças e suas fantasias sobre suas relações
objetais primárias

- o narcisismo dos pais é o que sustenta o narcisismo dos filhos


4 tipos de representações parentais sobre o bebê

- A criança fantasmática, relacionada à criança que os pais separadamente têm em mente

apartir de sua própria historia

- A criança imaginária como uma representação menos inconsciente que pertence ao

casal, como traços imaginados, sexo, etc

- A criança narcísica, ligada à representação de seus ideais, de como o filho irá


sucede-los; construção do narcisismo

- A criança mítica ou cultural, que se refere a um grupo de representações coletivas de uma


determinada sociedade em um determinado momento

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O nascimento de um filho implica uma dupla dimensão: para que um bebê sobreviva física e
psiquicamente, é necessário inscrevê-lo em uma história familiar e transgeracional. No entanto,
a dimensão ascendente da transmissão (filhos-pais) é igualmente fundamental, pois só o
reconhecimento do filho em sua diferença permite aos pais construir uma relação com a
marca do novo e da criatividade, indo além de uma repetição do passado e permitindo que o bebê
se aproprie das marcas e inscrições de sua história relacional inicial.

- condições de trabalho psíquico permitem a construção de uma nova relação, e não a


repetição de outras

- processo precisa permitir uma identificação inicial e, posteriormente, uma


desidentificação, visando uma desalienação

- cuidado suficientemente bom, com um olhar que reconhece o outro e a mim como individuais
e desejastes

- entre o cuidador primordial e o filho, existe um terceiro: cultura, outro cuidador…


Na clínica direcionada à parentalidade, temos observado cada vez mais a necessidade de manter
uma relação dialética entre a história cultura e familiar que antecede os pais e a possibilidade de
criar uma nova relação, um novo espaço entre pais e filhos

Atualmente, a filia e o casamento na contemporaneidade revelam que, apesar da diversidade e


flexibilização de modelos conjugais e arranjos familiares propostos na atualidade, existe um
descompasso entre velhos e novos modelos de conjugalidade, de vida e de exercício da
parentalidade
Na clínica psicanalitica, este descompasso se traduz pela dificuldade dos pais em exercerem a
função parental de maneira plena, ou seja, reconhecendo a divida simbólica da transmissão
geracional sem, no entanto, se limitarem a repetir padrões que desconsiderem o tempo
presente.

- construção de uma condição própria de ocupar o lugar primordial de construir um

sujeito psíquico sem repetir padrões culturais ou transgeracional que aniquilem o novo
e o criativo

Função materna: duplo comutador // intuito é não relacionar à mulher ou ao homem -

função sexualizante; instaura a pulsão

- função narcisizante; cria representações e viabiliza a construção do eu; cria uma via de
descarga da pulsão

Função paterna

- função terceira; de corte; de interdição


- toda a relação dual é alienante e precisa de interdição
- cultura, normatividades, trabalho podem ser as funções terceiras

Envelhecimento e Psicanálise

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Qual é a idade considerada para ser o inicio da velhice

- “Quando menos se espera, a vista não mais alcança, o ouvido não mais ouve, a pele enruga,
os cabelos caem, o peso torna-se um problema e só a alma permanece jovem, em evidente
descompasso com seu envelope”. (Berlinck, 1996)

Envelhecer

-“processo totalmente subjetivo e singular, marcado pela inquietude que problematiza o


encontro, dentro de cada um, da realidade externa com a realidade psíquica” - Cherix,
2015

- como o corpo é visto pelo outro: prioridade em filas, cuidado no olhar do outro
Psicanálise e envelhecimento

- Psicanálise freudiana dá grande importância ao tema do corpo e do biológico


- Pulsão e sujeito psíquico nasce do corpo

- Conceito limite entre somático e psíquico


- Processo de constituição do Eu
- Chegada da velhice - corpo se faz cada vez mais presente na vida cotidiana e psíquica
do sujeito; relacionado ao impedimento, e por isso precisa encontrar recursos
psíquicos para enfrentar

- Os discursos dados à velhice tem em cada época e cultura tem um efeito subjetivo. -

Estatuto do negativo e depressivo: “o velho lida com a angústia buscando refúgio na


memória viva de um tempo estável e equilibrado, de modo a permanecer fiel a valores
aprendidos e interiorizados ao longo da vida”. (Messina, 2004, p. 3)

• Mantém hábitos como forma de resistência à mudança, ao tempo futuro

-“Na verdade o que parece se buscar na contemporaneidade é uma imagem corporal segundo
um modelo de um corpo jovem e de atividade, com uma temporalidade própria, de
movimentos rápidos resistentes ao envelhecimento, à transformação, que representam
apenas uma ilusão de juventude eterna.”(Messina, 2004, p. 5)

• reinventar seus modos de satisfação sexual

• recursos internos para modificar e pode direcionar sua libido frente a novas

situações • Corpo não tem mais sustentação, mas a mente permanece inquieta para

viver. • Cirurgias como tentativa de permanecer jovem

• envelhecimento também pesa pela morte

• marca daquilo que não se pode mais viver

Envelhescência
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- é uma recriação do Eu diante das exigências pulsionais e as novas exigências do corpo

quese aproxima da morte" (Berlinck, 2008, p. 197)


- Semelhança com o processo de mudança da adolescência:
• Mudanças no corpo percepção do futuro como desconhecido e assustador

• Projetos já não podem ser pensados a longo prazo

• Mudanças radicais no eu diante dos ideais

• A envelhescência é um significante, podendo ser efeito de subjetivação e transformação

• Descoberta de estar mais sozinho do que nunca // sensação de


impotência - Antepassados não existem mais e filhos estão adultos

- pessoa não se sente mais necessária na vida dos outros


- memórias sem interlocutores; sujeito que conta historias
- Ideais X falta de tempo para realiza-los
- Se produz uma radical modificação de seu lugar (solidão)
- Há empenho em refazer sua própria história (adequar-se ao corpo que
envelhece) • novas formas de satisfação

• quais recursos disponibiliza para enfrentar esse processo

- Depressão - empobrecimento da vida subjetiva.


• pode ser vivenciada como um momento fértil: reapresentação da angústia de castração

• desdobramentos dos desejos

• tensão para com os hábitos cotidianos

Reposicionamento subjetivo // experiências deixam marcas durante a vida

- Negociações do superego e de seus Ideais; outros ideais possíveis

- Mecanismos de defesa; deverão ter sido organizados e podem ser utilizados nesse
processo - Constituição do Eu

- Respostas frente à angustia de castração


- Investimento libidinais readequados
Processo de envelhecimento

- Momento de luto X elaboração de perdas reais e psíquicas/fantasiosas X procura de novas


formas possíveis de satisfação
- Complexo de castração - re-elaboração de conteúdos edípicos em busca de um novo
posicionamento subjetivo

- Desencontro inconsciente atemporal X corpo temporal

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