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Introdução
Metapsicologia
Psiquismo e Subjetividade
- Definições:
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Betina Schaurich
• Subjetividade: posição frente à cultura, tanto a nível macro como micro. As
relações conferem modos particulares, devido à singularidade da experiência.
A produção de subjetividade se dá na intersecção entre as questões universais
e as reações particulares do aparato psíquico. Tem uma ordem consciente e
uma inconsciente de funcionamento. Contudo, não pode dar conta de como o
sujeito se constitui no aspecto inconsciente. Com as transformações do século
XXI, a subjetividade entrou em risco, porque há uma sociedade da imagem, na
qual não basta encontrar as próprias representações, é preciso buscar a visão
dos outros. Coisificação, desocupação e marginalização.
Investimento
- Pulsão: processo dinâmico que consiste em uma força que faz o organismo
tender a um objeto, tendo como fonte um estado corporal e como objetivo a
satisfação. Qualquer objeto pode ser o objeto da pulsão. A pulsão em si nunca
pode ser consciente, apenas seu representante. É objeto privilegiado de
recalcamento. A libido seria uma energia única ligada às pulsões sexuais.
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- Pontos de fixação: diz respeito ao tempo de grandes marcas na constituição da
sexualidade infantil. Modo de inscrição de certos conteúdos representativos que
persistem no inconsciente de forma inalterada e aos quais a pulsão permanece
ligada. Pontos aos quais tendemos a voltar na vida adulta com a sensação de
privação ou grande satisfação, como uma compulsão à repetição.
Sexualidade Infantil
- Características:
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- Sucção: ligada à função de alimentação. O primeiro componente oral é o
seio da mãe. A mãe é o primeiro objeto de amor da criança, porém já
subtraindo do consciente os fins sexuais do prazer. A fase oral também
movimenta a mãe, que recalca os desejos genitais que seriam provenientes
da estimulação mamilar na amamentação. Transformação do prazer da
criança em autoerótico. Sente prazer em sugar, mesmo que de forma
desligada da alimentação. A criança usa a fantasia para obter prazer
sugando outros objetos que não o seio.
- Expulsiva.
- Retentiva.
Narcisismo
- Etapas:
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• Narcisismo primário: o narcisismo dos pais é o investimento narcisizante
parental para a constituição do Eu. Os cuidadores precisam ter investimento
libidinal em relação à criança e, ao mesmo tempo, representá-la como um
outro, e não como parte da mãe, havendo uma ideia de separação. Os
enunciados identificatórios (o que gostaria de ser), efeitos do discurso dos pais
na organização oral, propiciam o surgimento do narcisismo primário. A partir
deles, o indivíduo torna-se um ser da cultura. Noção de Eu ideal e investimento
de toda a libido em si próprio. A criança fantasia que sua díade com a mãe é
onipotente.
Complexo de Édipo
- Falo: representado no mundo concreto pelo pênis e pelo clitóris. Indica poder.
- Sexos: os pais teriam uma parcialidade sexual no trato com os filhos, que se
traduziria em uma predileção natural para com o filho do sexo oposto ao seu.
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conta disso, acaba renunciando à mãe, prevalecendo o amor narcísico como
forma de sobrevivência. Assim, o narcisismo do corpo interrompe o Édipo, e as
pulsões autoconservativas prevalecem sobre as sexuais. Há submissão à lei do
interdito do incesto, recalcando desejos, fantasias e angústias. O pai é um
rival, mas também um modelo. Não basta saber que o pai tem um pênis, mas
que ele é desejado pela mãe.
• Feminino: em Freud, fala-se de inveja do pênis, que não é mais uma leitura
predominante na contemporaneidade. Segundo essa teoria, a menina
inicialmente veria o clitóris como igual ao pênis, mas depois sentiria-se inferior,
vendo-se como castrada. O narcisismo da imagem de si possibilita o início do
Édipo. O desejo da menina tenderia primeiro à mãe, mas se dirigiria ao pai
posteriormente. A dessexualização da mãe ocorre primeiro, enquanto a do pai
só é feita mais tarde. Tentaria compensar a falta do pênis com o desejo de que
o pai lhe dê um bebê. Abandonaria o complexo de Édipo ao perceber que esse
desejo nunca é atendido e quando desejasse outro homem que não seu pai.
Para Freud, o Édipo só se resolve quando ela engravida, passando a ser fálica.
Todavia, a gestação em si é uma experiência de castração, pois a mulher não
tem nenhum controle sobre o que acontece em seu corpo, experiencia uma
passividade. Ela se identificaria com a mãe, castrada, pois ela é valorizada pelo
pai, fálico.
- Tipos: toda criança vive ambos, que são universais e necessários. Dependendo
do objeto de desejo, o “rival” varia.
• Negativo: desejo pelo genitor do mesmo sexo. O que a criança quer frente à
castração é preservar seu narcisismo. Quando isso falha, ela se volta para
outro.
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- Angústia de castração: ocasionada pela quebra do Eu ideal, a noção de
diferença e o impedimento da díade.
- Estratégias:
- Saída: as catexias de objeto são substituídas por identificações. com aquele que
parece ter as características que sonhamos ter. A autoridade dos pais é
introjetada, formando um Superego que proíbe o incesto, levando à
dessexualização e sublimação das tendências libidinais. Assim, o indivíduo tem
como tarefa desvincular-se dos pais para, dessa forma, tornar-se membro da
comunidade social.
Latência
Winnicott
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- Ambiente: embora a psicanálise lide com relações e, portanto, de alguma forma,
lide com o exterior, Winnicott privilegiou um olhar sobre a influência do ambiente.
Ainda assim, há tendências inatas no desenvolvimento.
• Dependência relativa: dos seis meses aos dois anos. Objeto objetivamente
percebido. A realidade já está posta na relação com os cuidadores. Há um
início da separação entre Eu e não-Eu, vendo a mãe como um objeto. Como
resposta ao desenvolvimento do bebê, há falha gradual da mãe. Assim,
quebra-se a ilusão de onipotência.
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- Espelho da mãe: a criança percebe, através do rosto da mãe, o que ela
deveria sentir. Ao olhar os olhos da mãe, a criança deve ver ela própria, não
a imagem do outro.
- Falso self: comunicação falha que leva a mãe a entregar à criança algo que ela
não é. A pessoa não sabe quem é, mas se adequa às exigências do meio em que
se encontra. Se o ambiente é ameaçador, cria-se uma proteção. Não há
consciência de que não existe um registro do Eu.
Klein
- Psiquismo: muito precoce. Baseado em fantasias. Foi criticada por não dar tanta
relevância ao ambiente da criança, inclusive sem incluir os pais no tratamento.
Muitas vezes, esta crítica é vazia, porque ela fazia uma investigação com os pais.
- Culpa: resultado da pressão que o Superego faz sobre o Ego. Para Klein, o
Superego é sempre tanático. Ao projetar a raiva no objeto, a criança sente
que ele possa atacá-la, daí a grande regulação do Superego.
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- Ansiedade: medo de aniquilamento. A criança se sente perseguida por seu
próprio Superego. No recém nascido, já se experimenta ansiedade. O Ego
usa como defesas contra a ansiedade a cisão, a projeção, a introjeção, a
idealização, a negação e a onipotência. Posteriormente, faz uso também da
repressão. Quando as ansiedades vão perdendo força, os objetos tornam-se
menos idealizados e aterrorizantes, e o Ego, mais unificado.
- Brincadeira: o brincar deve ser interpretado. Como não existe associação verbal,
o brinquedo cumpre essa função.
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Lacan
• Segundo: não se pode sentir fálico para sempre dentro de uma relação. É
necessário que o cuidador comece a se interessar por outras coisas e a não
ficar satisfeita somente com esta relação dual. Assim, para a criança, sobra
espaço para poder ser quem se é, e não apenas o que agrada ao cuidador.
Saída da alienação (“moi”). Relacionado ao simbólico. A criança começa a falar
para chamar o cuidador, pois o ser humano simboliza para ter o que não tem.
O sujeito do inconsciente (“je”) entra em questão.
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Brincadeira
- Tipos de brincadeira:
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esfincteriano. Brincadeiras de encaixar, misturar, construir, que vão se
complexificando. Jogo paralelo entre crianças.
Adolescência
• Relação com a família de origem: luto pelos pais idealizados da infância. Pode
haver dificuldade se os pais adolescerem junto aos filhos, já que eles tentam se
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diferenciar. Como as primeiras relações foram realizadas com a mãe, e essa
díade foi rompida, há uma tentativa, na adolescência, de não se vincular
novamente a ela. Isso aparece mais na menina, já que o modelo de
identificação do menino também é o pai. A busca de novos modelos
identificatórios pode ser vista como um perigo ao narcisismo dos pais, e é um
processo doloroso para ambas as partes. Os pais devem permitir que os filhos
se independizem, mas, ao mesmo tempo, ser ponto de referência e
continência. O diálogo é importante.
• Relação com grupos: função de identificação, que já não é mais possível com
os pais. As amizades são adesivas, narcísicas, pois se escolhe como amigos
aquilo que se quer ter para si. Fenômenos de massa levam a comportamentos
que não seriam desempenhados pelo adolescente sozinho, por dividirem a
culpa superegoica com os demais. Os vínculos exogâmicos indicam o quanto
a pessoa tem uma quantidade libidinal que é passível de investimento em
outros.
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que não é mais só seu. O adolescente tem maior tolerância à frustração e
capacidade de adiamento.
Amor e Paixão
- Definições:
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• Paixão: idealizada e mais intensa. O investimento libidinal está muito mais
direcionado ao outro do que ao Eu.
• Amor: não tão idealizado, partindo para o objeto real. Há maior equilíbrio de
investimentos no Eu e no outro.
Sexualidade e Gênero
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Parentalidade
Envelhescência
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