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PSICOPATOLOGIA

“A virtualidade permitiria uma espécie de mágica que retira do sujeito aquilo que lhe
sustenta enquanto ser social e que se defronta com as impossibilidades da vida, um
corpo marcado por seus limites e uma subjetividade marcada por um certo tempo e
um certo espaço. Produtora e facilitadora de um ponto de vista, geradora de
instabilidades por outro.”

“O afastamento dos indivíduos em relação a suas próprias questões, tanto de seu


campo pessoal quanto de seu campo social, provoca este tipo de ação social onde
algum saber externo vem para regrar a conduta de cada um, vem para normatizar os
comportamentos.”

E,

“O desejo aparece a despeito da totalização do eu. Poderíamos, então, pensar que os


fenômenos de globalização e desfronteiramento poderiam colaborar para uma des-
coberta das diferenças e das particularidades de cada cultura, no entanto tudo indica
mais um movimento no sentido de uma produção alienante e rigidificadora.”

 Discussão entre loucura e normalidade.


 Crítica a esta norma fechada, que não permite flexibilidade.
 Tenta-se incluir as pessoas na normalidade, desta forma, afastando e excluindo
desta normalidade aqueles que são considerados loucos.
 Afastamento da vida social pelo louco.

 A Psicologia encara os sintomas e a doença mental como desorganização da


personalidade e pode definir a partir do grau de perturbação da personalidade, ou
seja, o grau de desvio do que é considerado como comportamento padrão ou
como personalidade normal. Sendo assim, as psicoses são como distúrbios da
personalidade total e as neuroses como distúrbios de aspectos da personalidade.
 Áreas do conhecimento científico estabelecem padrões de comportamento ou
funcionamento do organismo sadio ou da personalidade adptada. Estes padrões
ou normas se referem a medidas estatísticas do que se deve esperar do
organismo ou da personalidade.
 O conceito normal e patológico é extremamente relativo.
 O critério de exclusão era baseado na inadequação do louco à vida social.
 Para Foucault, houve um período em que o louco vivia solto e era errante e
expulso das cidades.
 Loucura significava ignorância, ilusão, desregramento de conduta e desvio moral.
 A loucura passaria a ser vista como oposição à razão.
 Houve a reclusão dos loucos.
 Loucos tratados como doentes.
 Não havia tratamento médico.
 A loucura é construída ao longo da história de vida do indivíduo.
 A antipsiquiatria, como uma negação radical da Psiquiatria tradicional, afirma que a
doença mental como uma construção da sociedade, ou seja, a doença mental não
existe em si, mas é uma ideia construída, sendo uma representação para dar
conta de diferenciar e isolar algo que questiona a universalidade da razão. Este
ponto de vista aprofunda a colocação de Foucault, quando o mesmo diz que “a
doença só tem realidade e valor de doença no interior de uma cultura que a
reconhece como tal”.
 Para Basaglia, a loucura, como todas as doenças, são expressões das
contradições do corpo orgânico e social. Assim, a doença não é um produto
apenas da sociedade, e sim uma interação entre os níveis biológico, sociológico e
psicológico.

“Contudo não nos debatemos na experiência com a hiância que é estabelecer


relações concretas com os outros, hiância que revela e desvela nossa fragilidade e
ignorância diante deste outro, e que promove conflitos. O outro, com seu corpo, com
seu desejo, não aparece.”

 Questão da loucura. Pensar na relação com o outro. Pensar na relação do louco


com o outro. Como isto se dá e como se faz presente este elemento.
 Hiância como uma separação entre uma pessoa e outra.
 Existência de conflitos. Como o louco entra em conflito na relação com o outro e
como este outro entra em conflito na relação com o louco.

 Para compreender o sofrimento psíquico, o critério de avaliação é o próprio


indivíduo e seu mal-estar psicológico, ou seja, ele em relação a si mesmo e à sua
estrutura psicológica e não o critério de adaptação ou desadaptação social.
 Mesmo que o sofrimento psicológico possa levar à desadaptação social e esta
possa determinar uma ordem de distúrbio psíquico, não se pode, sempre,
estabelecer uma relação de causa e efeito entre ambos.
 Falar da doença mental significa considerá-la como produto da interação das
condições de vida social com a trajetória específica do indivíduo, como sua família,
seus grupos, suas experiências significativas e sua estrutura psíquica.
 Doença mental como algo orgânico e a loucura como algo criado no campo social.

“Mediatizado pelo computador ou imagem virtual de mim mesmo, um novo laço entre o
"eu" e o "outro" parece se constituir. Despreza-se, repetidamente, aquilo que podemos
chamar dos encontros entre os indivíduos, conduzidos na esfera da realidade
cotidiana, e sustentados por embates de imagens, de palavras, de olhares e de
sensações, característicos do espaço público. A ilusão de auto-suficiência ou do "eu
autônomo", em parte produzida por algumas idéias psicológicas de necessidade de
interiorização ou de auto-conhecimento, embuste de uma verdadeira roupagem
narcísica, provoca um desligamento do espaço coletivo, observado aliás em certos
grupos de crianças e adolescentes.”

 Crítica a respeito do computador como algo não real, que tira a possibilidade do
contato frente a frente com o outro.
 Considera-se a entrevista como um elemento real.
 A entrevista possibilita o contato real, o contato frente a frente no cotidiano das
pessoas, podendo ver pessoalmente a variedade das emoções de um indivíduo.
Traz a possibilidade de ver o ser como um todo, de forma geral.

 É através da entrevista que vai identificando os transtornos mentais. É um


instrumento fundamental do psicólogo.
 A técnica e a habilidade em realizar entrevistas são atributos fundamentais e
insubstituíveis do profissional de saúde mental.
 Em parte é aprendida, mas a intuição do profissional também é importante. Deve-
se ter sensibilidade de relações pessoais.
 Deve ser empática e ao mesmo tempo tecnicamente útil em relação a entrevista.
 Deve haver sempre respeito e muita paciência.
 Os pacientes vão às consultas por motivos de sofrimento, dificuldade ou conflito.

“As relações mediatizadas não mais pela palavra conjugada com a imagem mas,
sobretudo, pela imagem desencarnada da palavra e da sensação do outro diante de si
(vide internet) parece indicar vetores subjetivos que rompem por completo as nossas
construções históricas e psíquicas, tão enraizadas em lembranças repletas de
sensações, sejam olfativas, visuais, táteis, gustativas e auditivas, sejam impregnadas
de sentidos produzidos.”

 Ao realizar a entrevista, que ocorre no plano real, permite ter mais contato com o
paciente.
 Esta presença possibilita ter acesso e verificar as formas do indivíduo de sentir,
lembrar, falar e gesticular. Todos estes aspectos são fundamentais para análise na
entrevista.

 O terapeuta deve mostrar sua presença efetiva ao longo do tratamento.


 Observa-se o paciente. Olhar, comunicação não verbal, cumprimento, gesto,
postura, vestimenta, tom de voz, modo de sorrir ou expressar. Tudo é observado.
 O vínculo com o paciente é a base de tudo. Deve-se deixar o paciente confortável,
falar de modo compreensivo, ter atenção, paciência, conhecer os limites do
paciente e saber a hora de falar e escutar para um diagnóstico de evolução.

“Haja visto as considerações fundamentais de Aries (1978) sobre a maneira como as


crianças eram tratadas há 2 ou 3 séculos atrás. Não havia a estrutura de família tal
como conhecemos, e as crianças eram arrebanhadas por um social que as constituía.
O mundo privado não era tão fundamental quanto é agora, a família não era
considerada como a cerne do mundo social e psíquico, como concebido neste século
por grande parte das teorias, inclusive por Freud em sua concepção de
desenvolvimento infantil e sexual. Então, a dimensão do privado é essencialmente
uma questão do nosso século, esta preocupação e cuidado exagerado que temos com
aquilo que se passa no seio de nossa família, com as relações que se estabelecem
entre pais e filhos, com a educação, como se estes elementos fossem os únicos
produtores de subjetividade em nós mesmos. Podemos até dizer que a própria
Psicologia surgiu deste movimento, e contribuiu em muito com esta demarcação de
território, inflando a dimensão do individual, das relações domésticas, dos traumas que
se passam na alcova das famílias.”

 Compreensão e um olhar cuidadoso para com a criança é algo contemporâneo.


Hoje, a criança é vista como um ser em desenvolvimento, mas antes do século
IXX, na Idade Média, a criança era vista como pequenos adultos.

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