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ÉTICA

CATEGORIAS DE RELAÇÃO

UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

ÉTICA

07/04/2020
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1) OBJETIVIDADE/SUBJETIVIDADE
Subjetivo é tudo aquilo que é próprio do sujeito
ou a ele relativo.
É o que pertence ao domínio de sua consciência.
É algo que está baseado na sua interpretação
individual.
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Subjetividade é entendida como o espaço íntimo
do indivíduo, ou seja, como ele "instala" a sua
opinião ao que é dito (mundo interno) com o qual
ele se relaciona com o mundo social (mundo
externo), resultando tanto em marcas singulares na
formação do indivíduo quanto na construção de
crenças e valores compartilhados na dimensão
cultural que vão constituir a experiência histórica e
coletiva dos grupos e populações.
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A psicologia social utiliza frequentemente
esse conceito de subjetividade e seus
derivados como formação da subjetividade
ou subjetivação
A subjetividade é o mundo interno de todo e
qualquer ser humano.
Este mundo interno é composto por emoções,
sentimentos e pensamentos.
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Este mundo interno é composto por emoções,
sentimentos e pensamentos.
Na teoria do conhecimento, a subjetividade é o conjunto
de ideias, significados e emoções que, por serem
baseados no ponto de vista do sujeito, são influenciados
por seus interesses e desejos particulares.
Por sua vez, a objetividade se baseia em um ponto de
vista intersubjetivo, isto é, que pode ser verificável por
diferentes sujeitos.
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Por meio da subjetividade constrói-se um espaço relacional com o
"outro".
Este relacionamento insere-se dentro de esferas de representação
social em que cada sujeito ocupa seu papel de agente dentro da
sociedade.
Somente a subjetividade contempla, coordena e conhece estas
diversas facetas que compõem o indivíduo.
O campo das psicologias confronta-se cada vez mais com as
exigências éticas colocadas pela necessidade de reconhecimento
da alteridade como elemento constitutivo das subjetividades
singulares.
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• Trata-se de considerar a presença do homem ao
ser como presença mundana, ou seja, a sua
presença aos objetos e eventos cuja interconexão
constitui o mundo.
• O homem é um ser-no-mundo.
• Num primeiro momento, a relação de objetividade
exprime a presença do homem na realidade que
lhe é exterior sob a forma de um ser-no-mundo.
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EU + SOU + MUNDO
Sou sempre um eu no mundo.
Eu estou no mundo ou também o mundo é para mim.
Os três termos estão indissociavelmente ligados
entre si.
Eu não sou sem o mundo e o mundo não é sem mim,
e o ser não é senão enquanto eu sou no mundo e o
mundo é para mim.
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EU + SOU + MUNDO + OUTRO + É + MUNDO
• Não só eu sou no mundo.
• Outro elemento fundamental, por conseguinte, para o
real conhecimento do mundo é a experiência dos outros.
• Eu me percebo a mim mesmo como eu à medida que
percebo o outro como eu no mundo.
• O mundo só é verdadeiramente meu mundo, quando
encontra necessariamente uma exterioridade, uma
alteridade e uma pluralidade.
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• Eu vejo no outro o meu próprio exterior,
como vejo em mim o interior do outro.
• O eu é percebido e afirmado desde o início
como um eu entre os outros, de tal modo que
desde a experiência primordial o meu
mundo não é tão meu que não seja ao
mesmo tempo e indissoluvelmente o nosso
mundo.
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O Ser humano, com efeito, não só está no mundo, como as
coisas, num ambiente físico.
Ele não vive no mundo como a planta e o animal vivem no
seu ambiente biológico.
Mas ele tem também consciência do seu ser-no-mundo e
pode refletir e julgar.
O mundo do homem não é ambiente fechado e limitado,
não é restrito a um habitat vital determinado, mas estende-
se indefinidamente, supera todo regionalismo e expande-se
a toda o Planeta.
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O eu é um ser em construção.
O eu é um ser corporal.
O eu é um ser psíquico.
O eu é um ser espiritual.
O eu é um ser de intencionalidade
infinita.
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A faculdade do homem de conhecer, julgar e
falar revela nele uma nova dimensão
ontológica (razão/essência de ser).
É a faculdade de referência a uma dimensão
vertical, que o soergue ontologicamente acima
do horizonte do mundo.
A consciência é estranha ao mundo no próprio
ato do seu participar da vida do mundo.
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2- RELAÇÃO DE INTERSUBJETIVIDADE
 A primeira categoria de relação é categoria
denominada categoria da objetividade.
 É a relação do homem com o mundo.
 É a relação parte-todo.
 É a relação não-recíproca de objetividade.
 Mas esta relação primeira não é uma relação que
abarca a totalidade das categorias relacionais.
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Deve-se passar, então, à relação de
reciprocidade.
Passa-se à categoria da intersubjetividade.
Trata-se de ver uma nova forma da dialética
em que dois infinitos se relacionam ou
dialeticamente se opõem.
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• Na intersubjetividade: a infinitude
intencional do sujeito tem diante de si
outra infinitude intencional.
• Trata-se da relação entre ambas
que constitui o paradoxo próprio da
intersubjetividade.
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• Trata-se de uma relação propriamente dialógica,
estritamente recíproca.
• Diálogo significa aceitar o diferente, o outro de mim,
senão é monólogo.
• Constitui-se como alternância de invocação e resposta
entre sujeitos que se mostram como tais nessa e por essa
reciprocidade.
• É o movimento relacional que instaura como outro termo da
relação da relação exatamente um outro eu.
• É o movimento de ir-e-vir.
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 Mas para que isso se torne possível faz-se necessário
reconhecer o outro como sujeito.
 Reconhecer o outro como ele mesmo no seu ser-
conhecido e no conhecer ser outro.
 A reciprocidade constitutiva da relação com o outro
mostra a impossibilidade do solipsismo (só eu + centro).
 Na intersubjetividade: o sujeito tem diante de si um outro
sujeito e deve assumi-lo no discurso da autoafirmação
de si mesmo.
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Ele tem diante de si uma outra infinidade
intencional.
 Essa paradoxal relação recíproca de dois
infinitos é que está no fundo do mistério do
conhecimento do outro enquanto outro.
O reconhecimento é expresso na
identidade dialética do eu com o não-eu
como eu.
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 A relação de intersubjetividade mostra-se desdobrada
em quatro níveis fundamentais e neles se articulam as
formas do existir-em-comum.
 A) Nível do encontro ou do existir interpessoal no qual
tem lugar a relação eu-tu em que a reciprocidade da
relação assume um caráter oblativo mais ou menos
profundo e tende à gratuidade do dom-de-si.
 A relação do encontro pessoal é especificada eticamente
pelas virtudes próprias do amor, particularmente a
fidelidade.
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• B) Nível do consenso espontâneo ou do existir
intracomunitário em que tem lugar a relação eu-nós
intragrupal.
• Neste nível a reciprocidade da relação reveste-se do
caráter da convivialidade própria da vida comunitária e
de um colaborar espontâneo e cordial nas tarefas da
comunidade.
• A relação intersubjetiva no nível do consenso espontâneo
é especificada pela virtude da amizade.
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 C) Nível do consenso reflexivo, que se exprime na
reciprocidade dos direitos e deveres e na forma da
obrigação cívica.
 É o nível do existir-em-comum que se pode denominar
intra-societário e no qual se dá a passagem da
sociedade convivial para a sociedade política.
 A relação intersubjetiva o nível do consenso reflexivo é
especificada eticamente pela virtude da justiça.
 É nesse nível que se dá a articulação entre ética e
política.
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 D) Nível da comunicação intracultural, que se
exprime, por assim dizer, como o nível mais amplo,
na medida em que a cultura se apresenta como o
horizonte que continuamente se dilata e em cujo
âmbito têm lugar todas as formas de comunicação
intersubjetiva.
 Nesse nível situa-se propriamente o existir histórico
do homem, sendo a história o englobante último
da comunidade como tal.
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 É preciso, porém, estar cientes de que a natureza do
reconhecimento exige na história dos indivíduos um
trabalho laborioso de educação ética.
 A relação Eu-Tu é uma relação constitutivamente ética.
 Só no horizonte universal do Bem é possível reconhecer a
obra da Razão prática cognoscente.
 Assim, pode-se dizer que o reconhecimento implica a
distinção entre o outro como objeto – o qual é conhecido
–, e o outro enquanto sujeito – o qual é reconhecido.
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• Trata-se, pois, de um nível de conhecimento superior e
recíproco, no qual a comunicação entre os sujeitos se
mostra como originariamente ética, pois tal comunicação
intersubjetiva não se reduz aos seus usos e formas,
mas se revela como linguagem ética que, na sua
diversidade de expressões, sempre estabelece a
primordial relação Eu-Tu.
• Na medida em que a linguagem estabelece a relação Eu-
Tu e, consequentemente, recebe o adjetivo ética, ela não
deve ser compreendida somente como técnica, mas sim
como diálogo.
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 Se o reconhecimento nos faz pensar a Razão prática enquanto
cognoscitiva, o consenso ou o consentir nos leva a considerá-la como uma
atividade volitiva.
 O consenso pressupõe o reconhecimento do Outro no horizonte do Bem.
 Uma vez reconhecido o outro no horizonte do Bem, a inclinação da
vontade segue-se necessariamente ao reconhecimento para consentir na
comunidade entre o eu e o Outro sob o signo da bondade.
 Por outro lado, sabemos que, do ponto de vista ético, a adesão da
vontade ao Bem é, exatamente, a definição da liberdade.
 O consenso é um ato eminentemente livre e é como tal que pode
ter lugar entre sujeitos éticos.
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• Em sendo assim, o reconhecimento e o consentimento se
constituem, pois, a base de origem da comunidade ética.
• Esta tem a missão de tornar possível a convivência ética entre
os homens, sendo, porém, possível em caráter de
possibilidade duradoura sob a forma reflexiva e judicativa
da norma.
• Esta é resposta ao desafio da permanência ou duração no
tempo da própria comunidade ética, e da instituição, na
medida em que ela é uma grandeza social essencialmente
normativa e constitutivamente uma grandeza ética.
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 Trata-se na verdade de um conjunto de condições para
que seja possível o exercício tanto do reconhecimento
como também do consentimento, e, assim, pois, dar-se o
encontro efetivo com o outro.
 O encontro com o outro numa comunidade ética tem, por
um lado, a condição de possibilidade, a ordenação
essencial da inteligência e da vontade dos participantes
nessa relação ao horizonte do Bem universal, vindo eles a
constituir-se como membros de uma comunidade ética.
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Por outro lado, há o grande desafio que se
apresenta à comunidade ética como lugar
concreto de efetivação do reconhecimento e do
consenso de preservar em meio à ambiguidade
das situações o espaço da autêntica reciprocidade
no agir ético de seus membros.
Mas surge, aqui, por conseguinte, o conflito, o
qual pode ser de interesses e ético.

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