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SEGUNDA AULA FILOSOFIA E FAMÍLIA 10 DE JUNHO DE 23 COM PROF. DR.

RAFAEL CERQUEIRA FORNASIER

Continuação da aula anterior:

A família se torna locus anthropologicus – “um princípio antropológico”, pertence à


estrutura constitutiva do ser humano – portanto, vai buscar uma resposta, iniciativa ao
encontro de Deus (F.D`Agostino).

Comunhão perfeita em Gênesis que depois foi rompida: Isso faz parte da
Antropologia Teológica.

O conceito da Relação é fundamental para compreender a família, que compõe a vida


da pessoa no seio da família.

SUJEITO, FAMÍLIA E RELAÇÃO

- A ideia natureza relacional para chegar a ideia de natureza da pessoa não é um


indivíduo isolado.

Para aprofundar essa colocação, livro – Pessoa: ideal e alguém (Unisinos)

A partir do momento que não consegue chegar a recuperar essa natureza relacional e,
por conseguinte, a propriedade ontológica da pessoa.

- A empatia é o motor para a relacionalidade, ela é a tarefa da maturidade que ajuda


muito quem está no campo da mediação da família, terapeuta, vai além do ambiente da
Igreja.

F. Butturi – sem relação não existe pessoa.

Identidade narrativa – antes de alguém mesmo narrar ou se narrar, já foi narrado por
outrem, e por conseguinte atesta que ninguém é origem absoluta da sua própria
narração.

Na atribuição do nome próprio ou de família, no seio da realidade familiar, que


manifesta identidade transmitida, inserindo o sujeito numa transmissão de vida, de
patrimônio, de história familiar, etc.

A noção de reconhecimento – aqui tem muito presente o tema da empatia.


Isso leva o autor a concluir, a respeito da relação, que ela tem um caráter institutivo do
sujeito e não constitutivo. Por exemplo:

Família dos animais e Família das aves (nova) – Porque se leva em conta a liberdade
dos autores biológicos; mas na verdade eles agem por instintos.

O reconhecimento do outro é um ato ativo da minha parte do outro ser recebido por
mim, é a empatia de ser tocado um pelo outro. Na medida que eu reconheço o outro
também permito ele me receber. Na narração, quando eu narro o outro ele também tem
capacidade de me narrar.

Relação de reconhecimento na família

A família é como relação cujo apanágio é a confiança, a cooperação, a reciprocidade


plena, marcada essencialmente pelo dom do reconhecimento.

Eixo: Conjualidade; Intereginacionalidade; Fratia – Como é a conjuntura família,


como ela se estrutura e se regula.

RECONHECIMENTO:

Ativo – aquele que age – reciprocidade (relação).

Passivo – em ambos, há uma necessidade de sentido e uma expectativa de valor. O


fazer de conta que não existe, não vê o outro é o que afeta-o.

O reconhecimento é, neste sentido, uma necessidade relativa a uma intrínseca dimensão


axiológica na qual se desdobra o valor do ser sujeito (F. Botturi).

O reconhecimento tem sua finalidade na aliança conjugal e na sociedade familiar um


âmbito de realização primário e exemplar = Eixo horizontal.

Não há subtração no vínculo conjugal – no divórcio não há ex- pai e mãe. Uma vez
constituídos não tem como negar. Os filhos sempre une de alguma forma.

A família é um bem comum, e o bem comum não é um parcela.

A família exerce a mediação primordial da relação de reconhecimento quando assumida


por seus membros – por vezes de modo heroico: tornando-se assim expressão da
unidade de dependência e autonomia na geração da identidade do sujeito de relação.
Na saúde (exemplo) – autonomia: ela orienta sua vida de forma autônoma; dependência:
depende de outros para realizar suas necessidades.

No campo da família – autonomia: assume decisões a partir das responsabilidades


assumidas – assumir uma família. Não é uma liberdade absoluta. A liberdade categorial
é em relação e não dentre bolhas. Uma liberdade sem considerar o outro é individualista
– o outro não interessa.

A liberdade em relação não é diminuída, e ela só existe de fato dentro da relação,


reconhecimento do outro.

A elementar apreensão passiva ou empática dos outros e da parte de outros é


atravessada assim pela necessidade de reconhecimento passivo (só recebe)/ativo (doa),
que vai à raiz da condição: do olhar e do gesto da mãe a criança recebe o impulso para
sentir sua história e narrar.

A criança de modo lacaniano na “fase do espelho”. O ideal da relação é ineludível e


irrenunciável, porque a liberdade que a isso renunciasse, renunciaria também a si
mesmo.

Nós somos promotores (promover a reconciliação, etc.) de algumas coisas – liberdade.

IDENTIDADE GENERATIVA DA FAMÍLIA

F. Botturi: ideia Ocidental de família – o homem tem uma identidade relacional


generativa.

Síntese paradigmática de inciativa da liberdade, tempo da fidelidade e fecundidade da


relação, vividos, respectivamente e por meio do amor, na relação do Eu-TU do casal, na
relação estável do nós e na geração por meio da qual aparece o terceiro Ele.

Na relação conjugal aparece: Eu e Tu e a conjugalidade.

Eu-Tu (casal) e Conjugalidade (filhos).

“O homem (ser humano) vem ao mundo habitando num outro homem”, F. Botturi.
Assim, o significado antropológico do reconhecimento encontra expressão da sua
síntese na categoria de geração.

Olhar os outros nos olhos é fazer o outro existir – reconhecimento. Geração é a


realização de reconhecimento, uma vez faz surgir outrem.
Todo nascimento é uma geração, mas só se torna pai e mãe se adotar essa vida. Se não
houver reconhecimento não há geração.

Nem sempre quando nasce uma criança, nasce um pai e uma mãe, porque no
nascimento da criança tem que existir um reconhecimento.

A específica geração humana, de fato, não é aquela biológica (porque até os animais
geram), mas precisamente e da relação de reconhecimento: o nascimento propriamente
humano se cumpre com o reconhecimento: pessoal e social do recém-nascido. O
nascimento é uma doação.

A geracionalidade/generatividade – cifra antropológica central, conexa à identidade, ao


princípio e ao sentido da própria subjetividade. A generacionalidade é na totalidade na
sua relação, não só multiplicar da forma rasa como está em Gênesis.

A subjetividade humana é subjetividade generativa, necessita ser gerada para alcançar a


si mesma, quer seja porque, amadurecida e conciliada consigo mesma, torna-se, por sua
vez, capaz de gerar.

O conflito na adolescência é a busca de demarcar sua identidade, firmar sua


subjetividade e esse conflito acontece porque os pais permitiram na geração de sua
subjetividade.

Intercâmbio generativo das relações – identidade humana adquire sua verdadeira


fisionomia.

A lei de potência e de humildade própria do amor – fui capaz de doar a vida, mas eu a
deixo porque não é minha propriedade. Mas ao mesmo tempo se coloca a disposição da
sua posteridade. Eu não domino, mas me responsabilizo e me abandono as mãos
daqueles que eu doei.

Os pais não são absolutos na vida de seus filhos, mas “uma generosidade que abre no
mar desse mundo” a passagem da mulher das gerações.

M. Blondel – Platônica: “... é somente quando dois se tornam um, que podem se tornar
três” – comunhão.

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