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Ibirité, 7 de setembro de 2020

Eduardo,
Há quase 2 anos te conheci por meio de um documentário sobre você, sua vida e sua
arte. Hoje eu até acho estranho definir separadamente a sua vida de sua arte. Você fez do seu
viver uma poesia, uma história que sem querer acabou virando arte e encontrando poesia onde
jamais imaginaríamos. Venho por meio dessa carta agradecer por todas as suas palavras,
reflexões e pela inspiração.
Sua voz ainda ecoa em minha mente com seu discurso de alguém que tinha tudo que
muitos trabalham e se matam para ter que simplesmente enxergou que não queria vencer na
vida que queria mesmo era viver. O impacto sentido por mim ao ouvir o seu relato de quem
largou todo o conforto e luxo de dentro de casa para vivenciar o que um miserável sente e passa
na pele foi enorme. Mas o que me marcou mais foi a parte do discurso em que você menciona
a vida em forma de competição que somos ensinados a viver. Uma vida em que a gente faz de
tudo, dá todos os jeitos para conseguir alcançar o aclamado “sucesso”. E muitas dessas vezes
nós nem nos importamos com o impacto que o nosso “jeitinho” de conseguir as coisas causa no
outro que está no nosso lado competindo conosco, seja por uma vaga de emprego, uma vaga
em uma universidade ou o que for. O único que nos importa nesse mundo moderno é alcançar
o sucesso, porque seguimos acreditando que junto do sucesso está a nossa felicidade.
Entender esse sistema que nos quer como competidores frios impactou fortemente a
minha vida e me ajudou em tomadas de decisões. Quando te conheci eu tinha meus 17 anos e
seguia crente na ideia de que seguiria carreira na área da saúde, pois é uma área renomada e
muito bem valorizada. Porém, após uns meses de reflexões eu entendi e enxerguei que aquilo
não era o que eu realmente queria para mim. Escolher um curso na área da saúde significaria,
para mim, apenas que eu seguiria aquela ideia de alguém que busca o sucesso. Mas, felizmente,
eu enxerguei que o que realmente me faria feliz era o curso de letras, seguir com carreira de
professora. Um curso que na ótica de muitos não é um curso muito renomado e não remete o
sucesso. Mas, assim como você eu silenciei as críticas daqueles que não sabiam o que se passava
em minha mente e em meu coração e dei voz a minha vontade e ao meu amor. Com isso, hoje
estou mais do que feliz e satisfeita com minha escolha e com minhas opções.
Por fim, eu queria te agradecer por ser quem você é e por ter feito as escolhas que você
escolheu. Pois com todas elas eu consegui te conhecer, e assim enxergar que a vida é muito
mais do que enxergamos e muito menos do que nos dizem. A única riqueza que me importa
agora é a riqueza de sabedorias e de amores que guardo em meu ser. Hoje sou assim como
aqueles representados em seu quadro “O povo” em que você diz representar aqueles que tiveram
conhecimento de sua história, suas obras e também aqueles com quem você teve o prazer de
compartilhar pensamentos e reflexões.
Um grande abraço
Com amor e carinho, Sarah

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