Introdução: A Lei 13.709/2018 objetiva instrumentalizar garantias constitucionais
concernentes à vida privada e à intimidade através da tentativa de conferir segurança aos dados pessoais dos usuários frente aos avanços tecnológicos, motivo por que também alcança as serventias extrajudiciais dada a digitalização desses serviços. Objetivo: Analisar as mudanças que a LGPD acarreta quanto ao exercício da atividade cartorária. Desenvolvimento: O mundo é movido pela tecnologia e suas inovações surgem em velocidade surpreendente. Fernanda de Almeida Abud Castro (2020) afirma que é dever do Estado resguardar os princípios fundamentais constitucionais, manter a ordem jurídica e a autoridade da lei. Convém mencionar que o cidadão, para ter liberdade, precisa ter autonomia de sua pessoa, de seus atos, de seus bens e de tudo que lhe pertença, e que a internet vem rompendo barreiras entre privado e público. Portanto, os agentes do Estado devem integrar tais conceitos de liberdade e privacidade a partir da perspectiva constitucional, no contexto das inovações tecnológicas. Essa realidade exige novas posturas dos operadores jurídicos. Nessa esteira, ocorreu o advento da Lei 13.709/2018, a qual busca garantir ao titular das informações o controle sobre elas, o que significa que seus dados pessoais sejam utilizados para fins específicos e com sua autorização. Segundo a regulamentação, qualquer informação que possibilite a identificação direta ou indireta do indivíduo pode ser qualificada como dado pessoal. Dentro da percepção de dados pessoais, há os “dados sensíveis”, que se referem à origem e concepções pessoais de cada indivíduo. Joelson Sell (2020) aponta que, para cumprir exigências decorrentes dessa lei especial, os serviços de registro e de notas precisam realizar uma triagem dos dados e lançar mão de agentes, divididos em controlador e processador de dados. Seus prepostos também poderão atuar em funções de tratamento de dados, em especial no que se refere aos prestadores dos serviços de informática. Conclusão: Pela análise percebe-se que a LGPD é uma ferramenta jurídica voltada à proteção dos cidadãos e seus dados diante dos desafios impostos à privacidade individual pelos avanços digitais. As serventias extrajudiciais, por trabalharem com dados sensíveis, precisam compatibilizar sua atuação a essa regulamentação, para atender à eficiência do serviço público, que é determinação constitucional. Referências: BRASIL. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). Disponível em: encurtador.com.br/mqJW1. Acesso em: 28 jun.2021. CASTRO, Fernanda de Almeida Abud. O impacto da LGPD para notários e registradores: responsabilidade pelo uso da tecnologia e da inovação. Disponível em: encurtador.com.br/dhsSU. Acesso em: 28 jun.2021. INSTITUTO DE REGISTRO IMOBILIÁRIO DO BRASIL. Os Impactos da LGPD nos cartórios. Joelson Sell. Disponível em: encurtador.com.br/fjX01. Acesso em: 28 jun. 2021.