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Consideração Positiva Incondicional No Sistema Teórico de Carl Rogers
Consideração Positiva Incondicional No Sistema Teórico de Carl Rogers
Resumo
Este artigo analisa o constructo Consideração Positiva Incondicional proposto por Carl Rogers como
uma das três condições necessárias e suficientes para uma mudança construtiva na pessoa, como
resultado de trocas interpessoais. Para se compreender a evolução histórica do mesmo, tomou-se
como ponto de referência o artigo “The necessary sufficient conditions of therapeutic personality
change”, publicado em 1957. A análise empreendida mostra que Rogers, desde 1940, apresenta as
ideias básicas do constructo, embora não utilizando o termo Consideração Positiva Incondicional; é a
preocupação em testar suas hipóteses que leva o autor a defini-lo, com precisão, no artigo de 1957. No
período posterior a essa data, o constructo é empregado com enunciados diferentes, em vários
contextos, e apresentado também como aceitação, estima e apreço. A pesquisa bibliográfica
empreendida permitiu estabelecer não só a evolução histórica do constructo, como também uma
configuração geral do mesmo.
Palavras-chave: Consideração Positiva Incondicional, Abordagem Centrada na Pessoa, Pesquisa
documental, Pesquisa Histórica.
Abstract
This article analyzes the construct “Positive Unconditional Regard” proposed by Rogers, one of the
three necessary and sufficient conditions for a constructive change a person undergoes as a result of
interpersonal exchanges. - The necessary and sufficient conditions of therapeutic personality change
(Rogers, 1957) was taken as a main reference in the task of understanding the historical evolution of
the construct. As result, it was possible to demonstrate that since 1940 the basic ideas of such concept
were present in Rogers´ writings, even though he had never employed the expression Positive
Unconditional Regard. In fact, it can be shown that his attempts in testing his hypothesis led to the
precisely formulation of the construct in the 1957 article. After that period, the construct is employed
under different formulations, in different contexts. It will be found as acceptance, esteem and prizing.
The applied bibliographical undertake has permitted to draw the historical evolution of the construct,
as well as its general configuration.
Keywords: Positive Unconditional Regard, Person centered approach, Bibliographical research,
Historical research.
Carl Ranson Rogers (1902-1987), norte- em terapia, propôs como condições necessárias
americano, desenvolveu uma teoria de terapia e suficientes para que uma mudança construtiva
que surgiu como a terceira via (terceira força) de personalidade ocorra: autenticidade ou
entre os campos predominantes na Psicologia congruência, compreensão empática e
na metade do século 20: a Psicanálise e o Consideração Positiva Incondicional. De sua
Behaviorismo. Revolucionário em sua posição teoria da terapia derivam propostas para outros
antiautoritária e anticonvencional na atuação campos.
______________________________________
Endereço para correspondência: Profa. Dra. Laurinda Ramalho de Almeida. Setor de Pós-Graduação, Programa
de Pós-Graduação em Psicologia da Educação. Rua Ministro de Godoy, 969, 4º andar. Perdizes, São Paulo, SP.
CEP.: 05015-901. E-mail: laurinda@pucsp.br.
178 Almeida, L. R.
autor tê-lo apresentado ou não, em todo o III – estudo das obras posteriores a 1957,
transcorrer de sua obra. cobrindo o período daquela data até o último
A outra forma de abordar o problema seria trabalho publicado e ao qual se teve acesso
estudar o constructo em cada um dos contextos (Rogers, 1978).
de teoria (terapia e mudança de personalidade; Em relação a cada obra consultada,
personalidade; funcionamento pleno; relações apresentam-se comentários que acrescentam
interpessoais e teorias de aplicação), conforme algo de novo para a elucidação do constructo.
os itens referidos por Rogers, na sistematização Dispensam-se apenas os comentários
feita em Kock (1959), o que não foi feito, por repetitivos.
se acreditar que não existe uma proposta
diferente para cada um desses contextos, mas,
I – Período anterior a 1957
sim, uma abordagem comum a todos eles.
Tal abordagem é denominada por Rogers, A busca da origem do constructo
em seus últimos escritos, como “abordagem Consideração Positiva Incondicional, na obra
centrada na pessoa” (1977), porque tal de Rogers, revela que, embora o autor tivesse
expressão é a que melhor descreve sua própria começado a praticar terapia desde 1927, e
atuação em substituição a outras denominações publicado artigos desde 1930, só a partir de
anteriores: aconselhamento não diretivo, terapia 1940 deixa configurar uma nova linha de
centrada no cliente, ensino centrado no aluno, pensamento. Rogers (1959) afirma:
liderança centrada no grupo. E a hipótese Comecei a sentir que a minha ação, no
central, em todos esses domínios, é que o campo clínico, era talvez mais do que um
indivíduo tem, dentro de si, vastos recursos novo caminho que eu havia descoberto.
para a autocompreensão, para alterar seu O artigo apresentado por mim, em 1940,
autoconceito, sua atitude e seu comportamento, (mais tarde, o capítulo II, de Counseling
e que tais recursos podem ser liberados quando and Psychotherapy) foi a primeira
se conta com determinado clima psicológico. tentativa consciente de desenvolver uma
Daí poderem-se transpor as descobertas do linha de pensamento relativamente nova.
campo da terapia (campo no qual Rogers tem (p. 187)
maior número de pesquisas e escritos) para
outros campos e considerar-se prescindível um A experiência terapêutica é apresentada
estudo do constructo em cada um dos diferentes como uma experiência de crescimento, ou seja,
contextos. esse tipo novo de terapia não é uma preparação
para a mudança, mas é a própria mudança. O
Há três condições que constituem esse aspecto mais importante dessa mudança é a
clima promotor de crescimento, quer compreensão e a aceitação de si, pelo cliente,
estejamos falando de relações entre decorrentes de o terapeuta ter aceitado e
terapeuta e cliente, pais e filhos, líder e reconhecido plenamente os sentimentos
grupo, professor e aluno, ou expressos por ele. Daí, a compreensão com as
administrador e “staff”. As condições se atitudes ou qualidades do terapeuta. Essas
aplicam, de fato, em qualquer situação, qualidades, neste primeiro período de
na qual o desenvolvimento da pessoa é o produção, são apresentadas de forma difusa ou
objetivo. (Rogers, 1977, p. 9) globalizante.
Em 1940, o autor já revela preocupação
Para se compreender a evolução histórica em estabelecer certas condições básicas para
do constructo Consideração Positiva que uma terapia se torne efetiva (Rogers,
Incondicional, optou-se por dividir este texto 1940). Garantidas tais condições – que o cliente
em três partes: (adulto ou criança) sinta alguma insatisfação
I – estudo das obras anteriores a 1957, com o seu ajustamento, que sinta alguma
cobrindo o período de 1940 a 1957, pois, antes necessidade de ajuda, que tenha nível de
de 1940, não há nenhum trabalho escrito inteligência acima do nível limite e que haja um
relevante para a análise que se pretende. terapeuta habilidoso, cujo objetivo é liberar e
II – estudo do artigo publicado em 1957, fortificar o indivíduo, antes que interferir em
quando Rogers divulga, pela primeira vez, o sua vida, certo processo passa a ocorrer. Ao
termo Consideração Positiva Incondicional descrever esse processo, já apresenta as ideias
(Rogers, 1957). básicas para a proposição do que chamaria,
Constructo Consideração Positiva Incondicional 181
Incondicional, foi buscá-lo em alguém que o por consideração positiva e demonstra como ela
desenvolveu como pensamento teórico (Frick, é uma necessidade.
1975). Standal analisa essa necessidade, no
A tese de Standal, defendida em 1954, cliente. Embora a preocupação, neste texto, seja
parte da constatação de que, nos doze anos de a de configurar a consideração positiva como
existência da terapia centrada no cliente, apesar atitude do facilitador, julgou-se importante
da importância que se dá ao papel da aceitação, caracterizar a consideração positiva como
esta é suplantada por um processo terapêutico necessidade, porque, sem isto, não se têm a
mais importante – a vivência, pelo cliente, do compreensão do trabalho desenvolvido por
material previamente não aceito ou não Standal e nem o real sentido de Consideração
acuradamente simbolizado. Constata Standal Positiva Incondicional.
que essa simbolização é considerada como fator Standal postula duas necessidades: – a
crucial no ajustamento psicológico, enquanto a necessidade de consideração positiva, e
aceitação do cliente pelo terapeuta é vista derivada desta, a necessidade de consideração
apenas como um catalisador, que torna possível de si. Ao postular a necessidade de
a ocorrência do processo de simbolização. O consideração positiva, ele estabelece sua gênese
que Standal propõe é uma mudança na ordem da seguinte forma: com a emergência da
da importância desses dois elementos; consciência do eu, desenvolve-se, no indivíduo,
argumenta que é mais importante para o cliente uma necessidade de perceber suas experiências,
perceber a aceitação oferecida pelo terapeuta do fazendo uma diferença positiva, no campo
que simbolizar acuradamente suas experiências. experiencial de outros. Essa é a necessidade de
Portanto, a primeira tarefa do terapeuta deve ser consideração positiva. Para alguns autores, esta
comunicar a aceitação, antes que facilitar a necessidade poderia ser vista como uma
simbolização acurada. extensão direta ou uma equivalente madura da
A tese central do trabalho desenvolvido necessidade básica de afeição. Standal prefere
por Standal pode ser assim colocada: vê-la como uma necessidade aprendida ou
– a discriminação pelo indivíduo da falta secundária. Essa necessidade de consideração
de aceitação do outro é fator crucial na causa positiva, embora aprendida, segundo Standal,
do desajustamento psicológico. tem uma natureza peculiar, o que lhe garante o
caráter de universalidade e de persistência,
– a discriminação pelo indivíduo da
como nas necessidades primárias:
aceitação do outro é fator crucial na eliminação
universalidade, dada a condição universal do
do desajustamento psicológico.
estágio de dependência dos primeiros anos de
Transparece também, no trabalho de vida da criança; e persistência, dado que,
Standal, a preocupação de se encontrar um mesmo quando o indivíduo não é mais
elemento comum (ou elementos) entre as dependente de outros, a necessidade de
muitas e variadas formulações apresentadas consideração positiva continua operativa.
para aceitação, nos trabalhos desenvolvidos A necessidade de consideração positiva,
pelos adeptos da terapia centrada no cliente, e secundária ou aprendida, porém, universal e
com isto: persistente, possui outras características:
1) fornecer uma expressão teórica para 1ª – A satisfação ou frustração da
uma “necessidade” central ou tendência necessidade de consideração positiva depende
motivacional, que parece ter estado implícita somente da inferência sobre o campo
na abordagem centrada no cliente. experiencial de outro, ou seja, é como o
2) esclarecer o papel central da indivíduo se percebe considerado ou não que
aceitação na psicoterapia centrada no cliente. importa. Este fato leva a um alto grau de
3) oferecer uma lógica teórica para o ambiguidade das condições que satisfazem ou
processo de psicoterapia. frustram a necessidade de consideração
Assim, o conceito de “aceitação mais positiva.
tarde, será abandonado, em favor de outro 2ª – Qualquer ou todas as experiências da
constructo motivacional mais complexo, a pessoa podem tornar-se diretamente
necessidade de consideração positiva, e, relacionadas com a satisfação da necessidade
derivado deste, a necessidade de consideração de consideração positiva.
de si” (Standal, 1954). Ou seja, no transcorrer 3º – A necessidade de consideração
de seu trabalho, Standal propõe a substituição positiva tem uma característica de
184 Almeida, L. R.
maneira que nenhuma experiência própria da desfavor, que leva em consideração tão
criança é discriminada como mais digna ou somente a pessoa ou o objeto em si. É, pois, um
menos digna de consideração positiva, então, a ato direto, espontâneo, anterior a qualquer
consideração de si dessa criança será, avaliação ou julgamento.
analogamente, incondicional. É esse tipo de Em confronto com o período anterior,
Consideração Positiva Incondicional por si 1957 é marcado pelo aparecimento de
mesmo que distingue o indivíduo Consideração Positiva Incondicional – um
psicologicamente maduro. Portanto, aquele que constructo mais vigoroso, mais amplo, para
recebeu Consideração Positiva Incondicional expressar o que Rogers antes chamava de
em sua infância tem uma estrutura de aceitação.
personalidade em que cada experiência de si é
vista como digna de consideração positiva do
outro e de consideração positiva de si. O III – Período posterior a 1957
indivíduo é, então, livre para elaborar muitas
respostas diferentes que o conduzem a um Embora Rogers tenha proposto, em 1957,
estado ótimo de satisfação dessa necessidade. um constructo mais rigoroso, que emprestou de
Além de Standal, Rogers recorre a outro Stanley Standal, para substituir ideias vagas,
autor, John Dewey, para esclarecer o constructo anteriormente englobadas na aceitação,
Consideração Positiva Incondicional. Não só no continua apresentando, em sua produção
artigo escrito em 1957, mas em vários literária subsequente, tanto aceitação como
momentos de sua obra, Rogers, quando se Consideração Positiva Incondicional. Tanto é
refere a apreço (prizing) – um dos termos que, em 1958, Rogers resume as condições
apresentados para explicar o que entende por necessárias e suficientes para uma mudança
Consideração Positiva Incondicional, afirma construtiva de personalidade, referindo-se ao
que o faz no sentido atribuído ao termo por cliente, numa palavra: Aceito-inteiramente
Dewey (1960). aceito. Está implícito, nesta expressão, o
conceito de ser compreendido empaticamente e
John Dewey (1960), ao discutir o
o de aceitação. Salienta, ainda, que é o fato de o
problema do julgamento moral e conhecimento,
estabelece uma distinção entre avaliação como cliente vivenciar esta condição que a faz
ato direto, emocional, prático e avaliação como produtiva, e não o fato dela existir no terapeuta.
julgamento. Afirma que a diferença óbvia entre Em 1959, Rogers refere-se às condições
as duas atitudes está em que a avaliação direta, essências que o terapeuta e o professor devem
no sentido de apreço, se acha absorvida no reunir, para obter mudança construtiva de
objeto, pessoa, ato, sem que se atente para suas personalidade ou aprendizagem significativa.
relações com outras coisas, a sua posição e seus Abordando as condições, no contexto da
efeitos, enquanto a avaliação, no segundo terapia, usa o termo Consideração Positiva
sentido, é um medir de modo intelectual que Incondicional, reportando sua origem a Standal
estabelece relações entre causas e e afirmando ter usado muitas vezes o termo
consequências, e pode alterar o apreço aceitação para descrever o clima terapêutico
inicialmente sentido. Para esclarecer os desejável. No contexto da educação, usa a
conceitos enunciados, Dewey lembra o expressão aceitação ao retomar a condição
exemplo do amante que não vê a pessoa amada descrita no contexto da terapia como
como os outros a veem, porque não estabelece Consideração Positiva Incondicional.
relações entre ela e outras pessoas ou objetos; Em 1961a, Rogers disserta sobre as
portanto, sem julgamento. Se o fizesse, poderia direções tomadas pelos clientes, após uma
vir a modificar, radicalmente, a primitiva relação terapêutica bem-sucedida. À medida
atitude de apreço. que o indivíduo se torna capaz de assumir sua
Fica, pois, evidente que para Dewey uma própria vivência (em decorrência de sentir-se
atitude de apreço implica não fazer julgamento aceito, inteiramente, pelo terapeuta), caminha
de valor, desde que não estabelece relações em direção à aceitação da vivência do outro.
entre causas e consequências. É uma atitude Aprecia e avalia, tanto a sua vivência, como a
que não atenta para a posição da pessoa ou vivência dos outros por aquilo que elas são.
objeto em pauta, em relação a outras pessoas e Discute ainda sobre a segurança psicológica,
objetos, nem a seus efeitos, pois não advêm de condição para emergir a criatividade (Rogers,
reflexões. É uma atitude espontânea de favor ou 1961b).
Constructo Consideração Positiva Incondicional 187
Tal segurança pode ser conseguida através descaso), reafirma que suas formulações
de três processos associados: iniciais podem ser modificadas e corrigidas por
– aceitação do indivíduo como alguém de novas contribuições.
valor incondicional. Propõe-se ainda a descrever um tipo de
– estabelecimento de um clima em que a experiência que observou e da qual participou:
apreciação exterior esteja ausente. a experiência de se tornar uma pessoa mais
– compreensão empática. autônoma, mais espontânea e mais confiante,
Nesse mesmo ano, Rogers declara que ou seja, a experiência da liberdade de ser o que
tentará estabelecer, breve e informalmente, se é. Ao falar sobre as qualidades que
algumas das hipóteses essenciais sobre uma promovem a liberdade, em se tratando do
relação de ajuda que leva ao crescimento, terapeuta, coloca Consideração Positiva
hipóteses essas confirmadas, tanto na Incondicional como uma delas e, em se
experiência, como na pesquisa. Rogers (1961c) tratando do professor, aceitação (Rogers, 1963).
afirma ainda que pode estabelecer essa hipótese Em outros momentos da sua produção –
em uma sentença: 1969, 1977, ao reportar-se às atitudes que se
destacam nos bem-sucedidos em facilitar a
Se eu posso propiciar certo tipo de
aprendizagem no contexto escolar, refere-se a
relacionamento, a outra pessoa
uma delas, afirmando que, apesar de ter
descobrirá, em si mesma, a capacidade
vivenciado e observado essa atitude, acha
para usar a relação para o crescimento, e
difícil saber que termos aplicar. Dada essa
mudança e desenvolvimento pessoais
dificuldade, usará diversos termos para explicá-
ocorrerão. (p. 33)
la: apreciação, aceitação ou confiança. Não usa
Ao descrever essa relação, disserta sobre a o termo Consideração Positiva Incondicional.
transparência, a aceitação e a compreensão A importância da aceitação, como
empática. Consideração Positiva Incondicional, é
Em 1961c, Rogers afirma que, em inquestionada, em todas as suas obras, e, num
decorrência de sua experiência e de determinado momento, colocada como uma
confirmação empírica, numa vasta gama de característica constante da terapia centrada no
trabalhos especializados que envolvem relações cliente. Rogers (1974) afirma:
com pessoas, seja como terapeuta, professor,
Um quarto elemento para o qual
conselheiro religioso, orientador, assistente
desejaria chamar a atenção é um que não
social, psicólogo clínico, é a qualidade do
estava fortemente presente, no começo
encontro interpessoal que parece ser o elemento
da terapia centrada no cliente, mas que
mais significativo na determinação da
veio a ser um traço muito proeminente. É
eficiência desse encontro. Essa qualidade do
o reconhecimento de que uma relação
encontro é função de determinadas atitudes:
humana profunda é uma das mais
congruência, empatia e consideração positiva.
cruciais necessidades de hoje. Talvez,
Discorre sobre as mesmas e, ao referir-se à
em algum sentido, sempre tenha sido
terceira, nos termos em que o fizera em 1957,
uma necessidade profunda, porém, nossa
expõe duas dúvidas quanto ao aspecto
cultura atual, por muitas razões nas quais
incondicionalidade da consideração positiva.
não me cabe aprofundar aqui, vivencia
Acredita na sua possibilidade, mas afirma a
esta necessidade mais obviamente, mais
dificuldade na vivência de um sentimento sem
intensamente do que antes. O ser
reservas e sem avaliações. Por outro lado,
humano tem uma profunda necessidade
coloca a possibilidade de a condicionalidade da
de ser inteiramente reconhecido e
consideração positiva ser vantajosa, em alguns
inteiramente aceito. A terapia centrada
tipos de relacionamento, desde que alguns
no cliente, ao lado de outros fatores da
terapeutas, trabalhando com esquizofrênicos,
vida moderna, tem ajudado a reconhecer
obtiveram melhores resultados quando
e satisfazer esta espécie de necessidade.
apresentaram condições e não aceitaram alguns
(p. 10)
dos comportamentos excêntricos dos
psicóticos. Apesar de Rogers apresentar uma Nos seus artigos mais recentes, Rogers
explicação para o fato (os psicóticos percebem, passa a referir-se à Consideração Positiva
na atitude condicional, o terapeuta se Incondicional não só como aceitação, mas
importando com eles e na atitude incondicional, também como estima e apreço. Assim é que,
188 Almeida, L. R.