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Fascinados e Perturbados

Gálatas 3
1 Ó gálatas insensatos! Quem vos fascinou a vós outros, ante cujos olhos foi Jesus
Cristo exposto como crucificado?
2 Quero apenas saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela
pregação da fé?
3 Sois assim insensatos que, tendo começado no Espírito, estejais, agora, vos
aperfeiçoando na carne?
4 Terá sido em vão que tantas coisas sofrestes? Se, na verdade, foram em vão.
5 Aquele, pois, que vos concede o Espírito e que opera milagres entre vós,
porventura, o faz pelas obras da lei ou pela pregação da fé?

1 - Obra do Espírito
É importante compreender a obra do Espírito na salvação e na vida cristã. O
Espírito Santo convence a pessoa do pecado e lhe revela Cristo (Jo 16:7-11). O
pecador pode resistir ao Espírito (At 7:51) ou se entregar a ele e crer em Jesus
Cristo. Quando o pecador crê em Cristo, dizemos que ele é nascido do Espírito (Jo
3:1-8) e que recebe nova vida. Também é batizado pelo Espírito, de modo que se
torna parte do corpo de Cristo (1 Co 12:12-14). O cristão é selado pelo Espírito (Ef
1:13, 14) como garantia de que, um dia, participará da glória de Cristo.

Uma vez que o Espírito Santo faz tanta coisa pelo cristão, isso significa que
todo o que crê tem responsabilidade para com o Espírito Santo, que habita em seu
corpo (1 Co 6:19, 20). O cristão deve andar no Espírito (Gl 5:16, 25), lendo a
Palavra, orando e obe- decendo à vontade de Deus.Se desobede cer a Deus,
entristecerá o Espírito (Ef 4:30),e se persistir em seu pecado, apagará o Espírito (1
Ts 5:19). Isso não significa que o Espírito Santo o deixará, pois Jesus prometeu que
0 Espírito estará conosco para sempre (o 14:16), mas sim que o Espírito não pode
lhe dar a alegria e o poder de que precisa para a vida cristã diária. Os cristãos
devem ser cheios do Espírito (Ef 5:18-21), o que significa simplesmente que devem
ser "controlados pelo Espírito". Trata-se de uma experiência contínua, como beber
de um ribeiro de águas sempre frescas (Jo 7:37-39).

Assim, em sua experiência de conversão, os cristãos da Galácia haviam


recebido o Espírito pela fé, não pelas obras da Lei. Isso leva Paulo a fazer outra
pergunta: "Se não começaram com a Lei, por que incluí-la agora em sua
experiência? Se começaram com O Espírito, é possível prosseguir amadurecer sem
o Espírito, dependendo da carne?" ○ termo carne, neste caso, não se refere ao
corpo humano, mas sim à velha natureza do cristão. As referências que a Bíblia faz
à "carne" costumam ser negativas (ver Gn 6:1- 7; Jo 6:63; Rm 7:18; Fp 3:3). Uma
vez que fomos salvos por meio do Espírito, não pela carne; pela fé, não pela Lei,
nada mais justo do que continuar no Espírito.

2 - Pais espirituais
A ilustração do nascimento é bastante apropriada. Para uma criança ser
concebida, é preciso haver pai e mãe. Da mesma forma, são necessários dois
"pais" espirituais para a pessoa nascer na família de Deus: o Espírito de Deus e a
Palavra de Deus (Jo 3:1- 8; 1 Pe 1:22-25). Ao nascer, uma criança normal tem tudo
de que precisa para a vida; não há necessidade de lhe acrescentar coisa alguma.
Quando um filho de Deus nasce na família de Deus, tem tudo de que precisa em
termos espirituais; não é preciso acrescentar coisa alguma! A criança só precisa de
alimento, exercício e limpeza para crescer e amadurecer fisicamente. Seria estranho
os pais terem de levar o filho ao médico para que "instalasse" as orelhas em um
mês, os artelhos no outro e assim por diante. e "Vocês começaram no Espírito", diz
Paulo, "Não é preciso acrescentar coisa alguma Andem no Espírito e crescerão no
Senhor".
3 - O legalismo
Esse fato levanta uma pergunta interessante: de que maneira esses judaizantes
conseguiram convencer os cristãos de que a Lei era um caminho melhor do que a
graça? Por que um cristão escolheria deliberadamente a escravidão ao invés da
liberdade? Talvez, parte da resposta encontra-se na palavra "fascinados", que
Paulo usa em Gálatas 3:1. O termo significa "lançar um feitiço, encantar". O que
havia de tão fascinante no legalismo a ponto de levar O cristão a abandonar a graça
a ficar com a Lei? Um dos motivos é que o legalismo é atraente para a carne. Isso
porque a carne gosta de ser "religiosa" - de obedecer a leis, de observar dias
santos, até mesmo de jejuar (ver Gl 4:10). Sem dúvida, não há nada de errado na
obediência, nos jejuns e nas ocasiões solenes de adoração espiritual, desde que a
motivação e o poder venham do Espírito Santo. A carne gosta de se vangloriar de
suas realizações religiosas - quantas orações foram feitas e quantas ofertas foram
dadas. LUCAS 18:9-14 E FILIPENSES 3:1-10

Outra característica do legalismo religioso que fascina as pessoas é seu apelo


aos sentidos. Em vez de adorar a Deus "em espírito e em verdade" (Jo 4:24), O
legalista cria um sistema próprio para satisfazer seus sentidos. Não é capaz de
andar pela fé; em vez disso, vive de acordo com o que pode ver, ouvir, cheirar,
provar e sentir. Por certo, a adoração no Espírito não nega os cincos sentidos.
Vemos e tocamos nossos irmãos em Cristo, cantamos e ouvimos hinos e provamos
os elementos da Ceia do Senhor. No entanto, as coisas exteriores são apenas
janelas pelas quais a fé vislumbra o que é eterno. Não são um fim em si.

As pessoas que dependem da religião podem avaliar-se em relação aos outros e


se comparar com eles. Esse é outro elemento fascinante do legalismo. O parâmetro
do verdadeiro cristão, porém, é Cristo, não os outros cristãos (Ef 4:11). Na jornada
espiritual do cristão que vive pela graça, não há lugar para o orgulho; mas o
legalista orgulha-se constantemente de suas realizações e de seus convertidos (Gl
6:13, 14).
Sem dúvida, a Lei exerce certa fascina- ção, mas esta não passa de um chamariz
em uma armadilha; assim que o cristão pega o chamariz, vê-se sob o jugo da
escravidão. É muito melhor crer no que Deus diz em sua Palavra e descansar em
sua graça. Fomos salvos "pela graça [.] mediante a fé" e devemos viver da mesma
forma. Esse é o caminho que conduz às bênçãos. Os outros caminhos levam à
servidão.

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