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A Parábola do Semeador

Qual tipo de solo você é?


Leitura Principal: Lucas 8:4-15 e Mateus 4:1-9
Não existem pessoas iguais! Não estou falando de aparência, jeito de falar ou andar, mas sim do
interior, de como ela age e como ela leva sua vida. Todos são diferentes. E essa diferença é muito
boa e interessante, pois com ela temos ótimas vivências e aprendemos muito com o tempo, tanto
pelos erros como pelos acertos. Mas trazendo isso para o lado espiritual, como essas diferenças
podem interferir em nossa vida?
Não é novidade que o coração do homem é enganoso e que ele é repleto de emoções e
sentimentos passageiros.
Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? Jeremias 17:9
Quem conhece a si mesmo? É nessa hora que muitos, por se acharem conhecedores de si
mesmos, acabam se esquecendo da palavra e tropeçam no caminho. Quando pensamos que nos
conhecemos é exatamente o momento que não conhecemos nada.
No dia de hoje, reflita: Como anda seu coração?
Na parábola do semeador, Cristo nos apresenta quatro tipos de solo que são:
– Duro (Beira do caminho);
– Pedregoso;
– Espinhoso e;
– Frutífero (Boa terra).

1º Solo: Duro
Um semeador saiu a semear a sua semente e, quando semeava, caiu alguma junto do caminho, e
foi pisada, e as aves do céu a comeram; Lucas 8:5.
A semente que é citada no texto representa a Palavra de Deus, e Jesus assim começava seu
discurso à multidão. Em geral as pessoas se identificam mais com o segundo ou terceiro solo e
acabam deixando o primeiro de lado. Mas o que quero mostrar é que muitos se encontram presos
ao primeiro solo e não conseguem enxergar em si mesmo essa situação.
Em Mateus temos a seguinte descrição: “Ouvindo alguém a palavra do reino, e não a entendendo,
vem o maligno, e arrebata o que foi semeado no seu coração; este é o que foi semeado ao pé do
caminho. Mateus 13:19”
As palavras-chave nessa passagem são “… não a entendendo…”. Existe uma diferença gigantesca
entre o ouvir e o entender. Enquanto se ouve com os ouvidos o entendimento vem do coração –
parte interna da mente – ou seja, nada do que ouvimos será validado em nosso ser se não o
absorvemos na parte mais intima do nosso corpo: o nosso coração.
Esse tipo de situação é bem delicado e quase imperceptível no dia a dia. Os “crentes velhos” – se
podemos definir assim – são aqueles que já ouviram muitas e muitas vezes a Palavra de Deus e
acham que nada mais pode ser absorvido daquele texto. Eles ficam circulando Deus e não se
aproximam, estão com o coração endurecido e não reconhecem mais a voz do Senhor nas
escrituras. Podem até ter um comportamento exemplar, mas em seu interior, a palavra de Deus
não vive , ou simplesmente não existe mais. Não se enganem, existem muitas pessoas vivendo
dessa maneira na igreja.
 Por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não veem; e, ouvindo, não ouvem nem
compreendem.
E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis, mas não compreendereis, E,
vendo, vereis, mas não percebereis.
Porque o coração deste povo está endurecido, E ouviram de mau grado com seus ouvidos, E
fecharam seus olhos; Para que não vejam com os olhos, E ouçam com os ouvidos, E compreendam
com o coração, E se convertam, E eu os cure. Mateus 13:13-15
2º Solo: Pedregoso
E outra caiu sobre pedra e, nascida, secou-se, pois que não tinha umidade; Lucas 8:6
Em Mateus 13:5-6 vamos mais além nessa passagem, onde ele diz: “E outra parte caiu em
pedregais, onde não havia terra bastante, e logo nasceu, porque não tinha terra funda; Mas, vindo
o sol, queimou-se, e secou-se, porque não tinha raiz.”.
Este tipo de pessoa ouve com alegria a Palavra de Deus e reconhece seu poder, mas é algo que
dura pouco tempo. Esses são os “emotivos” ou “imediatistas” que agem no calor do momento,
que se alegram no culto e logo depois voltam ao estado de tristeza. São aqueles que geralmente
fazem milhares de planos no começo do ano e ao findar não realizaram nem um terço. São os que
começam uma dieta, um plano de leitura, um projeto qualquer, mas na primeira dificuldade jogam
tudo para o alto.
Quando as adversidades aparecem logo se esquecem da Palavra do Senhor e caem perante seus
problemas. O diabo atua a todo o momento para tragar e destruir vidas, e suas investidas são
fortes e suaves para não percebemos a armadilha. Ninguém cai de uma vez, isso acontece aos
poucos se tornando uma batalha mais dura a cada dia. O que tem que ficar claro aqui é que a
“queda” não é causada pela aflição ou pela perseguição, mas sim porque as pessoas não estão
dispostas a enfrentar e mostrar o mínimo de resistência ao diabo.
Deus em suas escrituras deixa claro duas coisas a cerca disso. A primeira é que não há aflição
maior do que podemos suportar (1 Coríntios 10:12-13) e a segunda é que se resistirmos ao diabo
ele fugirá de nós (Tiago 4:7).
Quando não criamos raiz, não temos força contra o vento que pode soprar contra nós. Se não
resistirmos ao diabo, ele não fugirá de nós.
E os que estão sobre pedra, estes são os que, ouvindo a palavra, a recebem com alegria, mas,
como não têm raiz, apenas creem por algum tempo, e no tempo da tentação se desviam; Lucas
8:13

3º Solo: Espinhoso
E outra caiu entre espinhos e crescendo com ela os espinhos, a sufocaram; Lucas 8:7
Para entendermos melhor essa passagem vamos a Mateus 13:22 que diz “ E o que foi semeado
entre espinhos é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste mundo, e a sedução das riquezas
sufocam a palavra, e fica infrutífera;”
Quem não deseja ter um bom carro, uma boa casa e um bom emprego? Não é errado desejar
estas coisas, mas o erro está em como isso está sendo feito.
Nessa passagem Jesus fala sobre o poder que pode existir nas coisas que guardamos no coração. A
Palavra de Deus deve ser guardada para não tropeçarmos contra o Senhor. Mas os espinhos, que
nada mais são que as riquezas e ambições desse mundo, muitas vezes tomam um grande espaço
do nosso coração. Nossas preocupações com as condições de vida acabam tomando todo o espaço
e sufocando a Palavra de Deus. A busca pela melhor condição de vida, melhor emprego, nos fazem
dispor de mais tempo para o crescimento pessoal e menos para o espiritual. A Palavra até brotou,
mas por não ser alimentada acaba secando e morrendo.
Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo
que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do
que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário?
Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai
celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?
E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura?
E, quanto ao vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem;
não trabalham nem fiam;
E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles.
Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos
vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé?
Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos
vestiremos?
(Porque todas estas coisas os gentios procuram). De certo vosso Pai celestial bem sabe que
necessitais de todas estas coisas;
Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.
Não vos inquieteis, pois, pelo dia amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a
cada dia o seu mal. Mateus 6:25-34
Fica claro que devemos adotar como esse principio para nossas vidas e colocar em primeiro lugar
o Reino de Deus. Dessa maneira O próprio Senhor – sabendo de nossas necessidades – nos
acrescentará a cada dia para que possamos ter condições de adorá-lo. Mas se fizermos ao
contrario, e colocarmos o Reino em segundo plano, as ambições e ilusões dessa vida certamente
sufocarão a Palavra de Deus e torna-la-á infrutífera.

4º Solo: Frutífero
Outra ainda caiu em boa terra. Cresceu e deu boa colheita, a cem por um”. Lucas 8:8a
Mais a frente, no mesmo capitulo, podemos ler a explicação no versículo 15: “Mas as que caíram
em boa terra são os que, com coração bom e generoso, ouvem a palavra, a retêm e dão fruto, com
perseverança“.
Dessa vez a semente caiu em boa terra, ou seja, a Palavra de Deus atingiu o coração daqueles que
ouvem e entendem a Palavra. Nessa passagem, Lucas apresenta 6 características que o solo
Frutífero possui, que são:
1- Bom: Humilde, possuiu uma vida harmoniosa, sem malicia. O Espirito de Deus flui
naturalmente, porque a Palavra está presente.
2 – Generoso: Possui boa índole, bom caráter. Sua integridade serve de exemplo para outras
pessoas.
3 – Ouvinte da Palavra: Não escuta somente palavras, mas reconhece a voz de Deus. Busca
discernimento e sabedoria, moldando sua vida conforme a vontade do Senhor.
4 – Retentor da Palavra: Guarda, faz reserva, não deixa largado. Estuda a Palavra e permanece fiel
a mesma, não a esquecendo.
5 – Frutífero: Não guarda para si o que recebe de Deus. Seus frutos são internos e externos.
Internos na mudança do seu próprio ser e externos na multiplicação que faz da Palavra de Deus
para outras vidas, produzindo mais vidas cheias do Espirito Santo.
 Sejam praticantes da palavra, e não apenas ouvintes, enganando-se a si mesmos.
Aquele que ouve a palavra, mas não a põe em prática, é semelhante a um homem que olha a sua
face num espelho
e, depois de olhar para si mesmo, sai e logo esquece a sua aparência.
Mas o homem que observa atentamente a lei perfeita que traz a liberdade, e persevera na prática
dessa lei, não esquecendo o que ouviu mas praticando-o, será feliz naquilo que fizer. Tiago 1:22-25
6 – Perseverante: Não se deixa desanimar com facilidade. Ele luta e não desiste dos projetos,
continua sua caminhada confiando em Deus. Sua ações tem inicio, meio e fim. Firme e
estruturado, não abala sua fé.
Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. 2 Timóteo 4:7
Quando nosso coração está preparado para receber a Palavra de Deus, percebam que nada pode
ir contra nós. As aflições da vida sempre estarão presentes, mas a presença e o poder do Senhor
Deus é maior do que todas essas coisas. Quando damos frutos, o Senhor nos capacita para que
esses frutos continuem a florescer em nossas vidas.
Todo ramo que, estando em mim, não dá fruto, ele corta; e todo que dá fruto ele poda, para que
dê mais fruto ainda. João 15:2
A Palavra de Deus pode ser falada a vários corações, mas não surtirá o mesmo efeito em todos,
tendo em vista que a qualidade do solo (coração) afeta o recebimento da semente (Palavra).
Alguns estarão com o coração tão endurecido que não se preocuparão em ouvir o que Deus tem a
dizer, outros receberão com alegria, mas na primeira dificuldade se esquecerão dela. Ainda outros
a receberão, mas com a vida corrida a colocarão em segundo plano, mas temos os que, com bom
coração, a ouvem e guardam o que nela está escrito, multiplicando e dando frutos, não desistindo
da fé e seguindo sempre em frente.
Que possamos estar sempre no quarto tipo de solo, mas se hoje não estivermos, que nossa meta
seja alcançar um bom coração, preparado para receber e dar frutos para Honra e Glória do nosso
Senhor!
Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas
que nela estão escritas; porque o tempo está próximo. Apocalipse 1:3
A PARÁBOLA DOS SOLOS

Marcos 4.1-20 -- NTLH


(Mateus 13.1-23 e Lucas 8.4-13). 

Três dos quatro evangelistas reproduzem a mesma parábola de Jesus. (Cf. também Mateus 13.1-
20 e Lucas 8.4-13).

 A história ficou conhecida com a parábola do semeador ou da semente, mas, ela devia ser
chamada de parábola dos solos, porque trata como a mensagem de Jesus é recebida por seus
ouvintes.

Jesus a conta, para nos mostrar um ensino do Antigo Testamento:

 "Tenha cuidado com o que você pensa, pois a sua vida é dirigida pelos seus pensamentos".

(Provérbios 4.23)

 O que temos pensado? O que temos guardado no coração? Como está o nosso coração?

 Toda história contada por Jesus nos pede uma resposta.

Os evangelistas dividem suas narrativas em duas partes, com um interlúdio revelador. Na primeira,
ele conta a história e, na segunda, ele a explica. No interlúdio, ele explica a razão pela qual
ensinava por meio de parábolas.

 A PARÁBOLA

 Leiamos a primeira parte, conforme o relato de Marcos:

 "Jesus começou a ensinar outra vez na beira do lago da Galileia.

A multidão que se ajuntou em M volta dele era tão grande, que ele entrou e sentou-se num barco
perto da praia, onde o povo estava. Jesus usava parábolas para ensinar muitas coisas. Ele dizia:

 — Escutem! Certo homem saiu para semear. E, quando estava espalhando as sementes, algumas
caíram na beira do caminho, e os passarinhos comeram tudo.

Outra parte das sementes caiu num lugar onde havia muitas pedras e pouca terra. As sementes
brotaram logo porque a terra não era funda. Mas, quando o sol apareceu, queimou as plantas, e
elas secaram porque não tinham raízes.

Outras sementes caíram no meio de espinhos, que cresceram e sufocaram as plantas. Por isso
nada produziram.

Mas as sementes que caíram em terra boa brotaram, cresceram e produziram na base de trinta,
sessenta e até cem grãos por um. 
 E Jesus terminou, dizendo:

 — Se vocês têm ouvidos para ouvir, então ouçam".

(Marcos 4.1-9)

 Os discípulos não entenderam a parábola.

Eles estavam com Jesus no barco, que balançava. Jesus o usava como púlpito para falar, com mais
tranquilidade, à multidão, a maioria camponesa, mas também servidores públicos e comerciantes.
Os discípulos não só não entenderam, como tinham certeza que o público ouvindo, em pé na
praia, também não captou onde Jesus queria chegar.

 Por isto,  "quando a multidão foi embora, as pessoas que ficaram ali começaram, junto com os
doze discípulos, a fazer perguntas a Jesus sobre parábolas.

Jesus disse a eles:

— A vocês Deus mostra o segredo do seu Reino. Mas para os que estão fora do Reino tudo é
ensinado por meio de parábolas, para que olhem e não enxerguem nada e para que escutem e
não entendam; se não, eles voltariam para Deus, e ele os perdoaria".

(Marcos 4.10-12) 

Depois deste interlúdio, Jesus se põe a aplicar a parábolas aos corações dos seus ouvintes, por
meios dos seus discípulos. Eis o que lemos em Marcos: 

"Então, Jesus perguntou:

— Se vocês não entendem essa parábola, como vão entender as outras?

 E continuou:

 — O semeador semeia a mensagem de Deus.

Algumas pessoas que a ouvem são como as sementes que caíram na beira do caminho. Logo que
ouvem, Satanás vem e tira a mensagem que foi semeada no coração delas.

Outras pessoas são como as sementes que foram semeadas onde havia muitas pedras. Quando
ouvem a mensagem, elas a aceitam logo com alegria; mas depois de pouco tempo essas pessoas
abandonam a mensagem porque ela não criou raízes nelas. E, quando por causa da mensagem
chegam os sofrimentos e as perseguições, elas logo abandonam a sua fé.

Ainda outras são parecidas com as sementes que foram semeadas no meio dos espinhos. Elas
ouvem a mensagem, mas, quando aparecem as preocupações deste mundo, a ilusão das riquezas
e outras ambições, estas coisas sufocam a mensagem, e ela não produz frutos.

E existem aquelas pessoas que são como as sementes que foram semeadas em terra boa. Elas
ouvem, aceitam a mensagem, e produzem uma grande colheita:umas, 30; outras, 60; e ainda
outras, 100 vezes mais do que foi semeado".
(Marcos 4.13-20)

 1 A RAZÃO DA PARÁBOLA 

Nós, os ouvintes/leitores de hoje, entendemos bem a explicação sobre o solo, mas ainda temos
dificuldade de entender o interlúdio sobre a natureza das parábolas. Para explicar porque gostava
de contar histórias que ele criava, Jesus cita Isaías:

 "O SENHOR Deus me disse:

— Vá e diga ao povo o seguinte: 'Vocês podem escutar o quanto quiserem, mas não vão entender
nada; podem olhar bem, mas não enxergarão nada'”.

(Isaías 6.9) 

Voltemos ao cenário. Jesus estava ensinando a partir da embarcação onde se encontrava, talvez
num barco como este do primeiro século, descoberto recentemente: 

Na praia, pessoas de todas as classes e levadas pelos mais diferentes motivos escutavam a
mensagem de Jesus. Talvez a maioria fosse de curiosos; mal sabiam o que estava acontecendo,
como acontece hoje fora e dentro das igrejas. Outra parte era composta de críticos, sempre
procurando um defeito na mensagem, como também acontece hoje nas igrejas. Alguns sairiam
dali e diriam: "é, hoje o rabi pregou bem". E seguiriam suas vidas, como se nada tivessem ouvido,
como acontece hoje nas igrejas. Outras pessoas queriam ouvir e entender, talvez certas de que
ouviam uma coisa diferente.

Em resumo, umas estavam com os corações prontos para a revolução do Reino de Deus. Outras
não tinham interesse real pela pregação do Messias. Os que tinham interesse ouviriam e se
interessariam. Os que não tinham interesse não ouviriam verdadeiramente. Receberiam aquela
pérolas como se fossem lavagem para porcos (Mateus 7.6).

Jesus sabia que com estes, sua palavra seria jogada fora, seu esforço não seria correspondido, seu
seria tempo desperdiçado. Jesus não tinha ilusão acerca do ser humano. Muitas pessoas não
queriam ser salvas e não seriam.

Jesus não usava as parábolas para cegar as pessoas, mas porque elas já estavam cegas. Para essas,
falava de um modo que não entenderiam; não entenderiam, porque não queriam, como o Faraó
não quis, como Pilatos não quis, como Judas não quis.

Assim, suas parábolas revelavam a verdade, para quem tinha interesse pela verdade, e escondiam
a verdade, porque eles não queriam ouvir a verdade.

 2 A PARÁBOLA COMO MÉTODO

 Com esta atitude, Jesus nos ensina.


Muitas vezes, somos questionados por pessoas que querem entender a Bíblia ou o cristianismo.
Vale a pena investir o que sabemos com essas pessoas. Outras vezes, no entanto, somos
procurados por pessoas que querem apenas questionar. Quando oferecemos uma resposta, vêm
com outra, sem ouvir o que falamos. As palavras de Jesus nos mostram que devemos encerrar a
conversa e gastar nosso tempo com o que vale a pena, isto é, com pessoas que consideram o que
temos para dizer, mesmo que não concordem.

 Aprendemos também algo de valor na metodologia empregada por Jesus.

Primeiro, em lugar de pregar na sinagoga, ele ensina de dentro de um barco. Ele ensinava de
modo diferente, de um modo que alcançasse as pessoas. Poucas iam a sinagoga, mas muitas
estavam ali na beira do lago, fazendo seus negócios. E Jesus lhes falou.

Além disso, em lugar de fazer como os rabis, ele contava histórias.

Por que temos que fazer as coisas sempre do mesmo jeito, nos mesmos lugares? Podemos e
devemos ser criativos. A igreja, por exemplo, precisa encontrar meios de ir onde as pessoas estão,
porque poucas vêm ao seu templo. Na igreja precisamos fazer as coisas de modo que toque as
pessoas, não porque sempre foi feito assim. O próximo domingo não tem que ser igual ao de hoje.
Há pessoas que, fora da igreja, são criativas, inventivas, inovadoras, mas na igreja,  talvez por
causa das críticas ou das expectativas, não ousam, não criam, não inovam. Precisamos de um
banho de criatividade na igreja.

 3 O SEMEADOR E A SEMENTE

 Este prelúdio sobre as motivações de Jesus nos empurra para dentro da parábola, que é sobre os
solos. Há três personagens na história: o semeador, a semente e o solo.

O semeador é o próprio Deus, com sua mensagem para o mundo. Ele quer que as pessoas venham
para o seu Reino.

Para tanto, ele plantas sementes na terra. Estas sementes são as suas palavras, palavras de
salvação, palavras de perdão, palavras de inclusão, palavras de comunhão. São convites à vida.

A tarefa do semeador (Deus) é lançar a semente na terra. Ele já preparou o solo. Antes de Jesus,
enviou seus profetas. Hoje mesmo o Evangelho é pregado, por meio de músicas e mesmo de
pregações nos meios de comunicação. De certo modo, pensando no Brasil, o solo está preparado
para o Evangelho: alguma mensagem do evangelho já choveu aqui e ali. Não é algo
completamente novo e estranho. As pessoas também têm vizinhos, que lhes falam do Evangelho.
Deus tem preparado a terra.

No entanto, a parábola sobre a terra como solo para recebem a mensagem. A semente é boa,
porque é a mensagem de Deus. O solo que a recebe é que pode aceitá-la e fazer com que dê
frutos ou sufocá-la.
Olhando para a multidão na beira do lago da Galileia, Jesus vê quatro tipos de pessoas. O Mestre
quer que cada pessoa se identifique: em qual grupo, estão. Em que grupo você está?

Olho/imagino para meus ouvintes/leitores e os percebo também.

 OS SOLOS PARA A SEMENTE

 São quatro os solos.

SOLO 1 -- BEIRA DO CAMINHO

 O Solo 1 é a terra na beira do caminho.

O semeador lança a semente em todos os solos. O solo à beira do caminho ouve a mensagem.

No entanto, "as aves vieram e a comeram" (Marcos 4.4). As aves são emissários de Satanás, que
"vem e retira a palavra nelas semeada" (Marcos 4.15).

Algumas pessoas são como a semente à beira do caminho, onde a palavra é semeada. Logo que a
ouvem, Satanás vem e retira a palavra nelas semeada.

O Solo 1 aceita a mensagem de Jesus, mas não vê como a única palavra. O Solo 1 aceita que Jesus
seja o caminho, a verdade e a vida, mas não o único caminho, a única verdade, a verdadeira vida.
Há outras possibilidades paralelas.

O Solo 1 ouve todas as mensagens, inclusive a de Jesus, mas não se concentram na de Jesus, por
achá-la mais uma, entre outras mensagens. O Solo não aceita a exclusividade de Jesus.

O Solo 1 é formado pelos corações que resistem em firmar um compromisso com Jesus. Estão
convencidos de que Jesus é o caminho, mas querem seguir vários caminhos ao mesmo tempo,
como se todos os caminhos levassem ao céu.

O Solo 1 é o coração duro.

Como é o seu coração?

 SOLO 2 -- TERRA PEDREGOSA

Jesus olha para seus ouvintes e percebe um segundo tipo de coração. Ele os compara a terra cheia
de pedras. 

O semeador lançou sobre este solo a sua semente. A semente é lançada sobre todo tipo de pedra.

O Solo 2 a recebe. Ela chega a germinar

O Solo 2 recebe a mensagem de Jesus, mas de modo superficial, sem a disposição de pagar o
preço de seguir a Jesus.

A igreja está cheia deste tipo de cristãos. A maioria dos cristãos é superficial.

Superficial é quem não conhece a Bíblia.


Numa viagem que fiz, conhecia uma jovem, que trabalhava num hotel em que ficamos. Fiz com ela
uma brincadeira, num dia em que a tecnologia não funcionou. Eu falei no profeta Jeremias. Ela era
cristã, num ambiente judeu e muçulmano, mas ela não sabia quem era o profeta Jeremias. Fiquei
pensando nos meus ouvintes, que talvez não saibam coisas básicas da Bíblia; não sabem porque
não a leem e não a estudam.

O Solo 2, em sua superficialidade, aceita emocionadamente a mensagem.

Uns até choram diante da Palavra de Deus. Têm até experiências, mas não têm raízes espirituais.
Vivem de experiências emocionais, mas não firmam compromissos. Não querem pagar o preço de
seguir a Jesus.

Por que não pegam o preço? Porque talvez não achem que vale este preço...

E qual é o preço: é o preço de caminhar com Jesus, conduzido por ele. Se ele prega, pregamos. Se
ele ensina, ensinamos. Se ele entra no barco, entramos. Se ele vai para o deserto orar, vamos
juntos. Se ele pega a cruz, pegamos a nossa. Não pensamos no que vamos ganhar: seguimos com
ele, que é a coisa mais importante.

Uma vez narrei a uma pessoa das lembranças que guardo do meu pai (Derly Franco de Azevedo).
Eu lhe contei que me lembrava de vê-lo, sentado lendo a Bíblia e de joelhos orando no escritório.
Esse amigo me perguntou:

-- O que ele ganhou com isto?

A pergunta pode parecer chocante, mas a resposta a ela determina como será o solo da nossa
vida: frutífera ou pedregosa.

Quero sugerir algumas respostas à estranha pergunta, apresentadas de modo não exaustivo e não
organizado:

 1. Quando buscamos uma vida de profundidade espiritual, adquirimos conhecimento. Com este
conhecimento, entendemos o que cremos, de modo a poder fazer com que a nossa fé faça sentido
racionalmente para nós e para os outros. Nossos horizontes se abrem para compreendermos o
que antes não sabíamos.

Quem conhece a Deus compreende as coisas, diz a Bíblia (Provérbio 9.10).

Assim, quando buscamos uma vida de profundidade espiritual, não somos enganados por ideias
que podem parecer bonitas, mas não nos fazem bem. As ideias que esposamos vem da Bíblia, que
lemos livremente e livremente interpretamos. Ela mesma nos ajuda nesta interpretação.

 2. Quando buscamos uma vida de profundidade espiritual, aprendemos a viver melhor, porque
compreendendo o que é a vida e como devemos levá-la. Os mandamentos de Deus, contidos em
seu livro, visam nos dar uma vida com mais qualidade. Os primeiros mandamentos foram dados
antes de o povo entrar na nova terra, com uma promessa:
 “Esta é a lei, isto é, os decretos e as ordenanças, que o Senhor, o seu Deus, ordenou que eu lhes
ensinasse, para que vocês os cumpram na terra para a qual estão indo para dela tomar posse.
Desse modo vocês, seus filhos e seus netos temerão o Senhor, o seu Deus, e obedecerão a todos
os seus decretos e mandamentos, que eu lhes ordeno, todos os dias da sua vida, para que tenham
vida longa".

(Deuteronômio 6.1-2)

 Os provérbios bíblicos são diretos:

 "Quem teme o SENHOR tem vida longa, porém os maus morrem antes do tempo".

(Provérbios 10.27)

 "O temor ao SENHOR é uma fonte de vida e ajuda a evitar as armadilhas da morte".

(Provérbios 14.27)

 Portanto, quando buscamos uma vida de profundidade espiritual, recebemos um guia para a vida,
um manual completo para a construção de nossas vidas, numa linguagem clara e precisa, onde
encontramos também orientação segura para as nossas decisões.

Ao levarmos a sério a nossa vida com Deus, indo além de cultos formais e rituais cheios de
símbolo, temos vida com mais qualidade, porque com menos estresse, menos ódio, menos
gritaria, menos briga, logo mais tranquilidade, mais paz, mais harmonia, mais alegria, alegria
completa, segundo a expressão de Jesus:

 "Tenho lhes dito estas palavras para que a minha alegria esteja em vocês e a alegria de vocês seja
completa".

(João 15.11)

 3. Quando buscamos uma vida de profundidade espiritual, somos nutridos por uma certeza: não
estamos sozinhos no mundo. No processo desta busca, somos alimentados com a certeza que
somos amados por Deus, não importa o que aconteça no presente, de bom ou de ruim. Vai
crescendo em nosso coração a esperança que viveremos com Deus para o resto da vida, nesta vida
e na eternidade. Podemos viver agora de um modo a não ter angústia sobre o nosso futuro. Jesus
é claro a este respeito, mais de uma vez:

 “Eu lhes asseguro:Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna e
não será condenado, mas já passou da morte para a vida".

(João 5.24)

 "Eu lhes dou a vida eterna, e elas jamais perecerão; ninguém as poderá arrancar da minha mão".

(João 10.28)
 Cheguei, uma vez a um funeral e me enchi de tristeza. Algumas amigas da falecida repetiam um
pedido: que Deus livrasse aquela mulher do inferno. Não precisamos viver com este medo: quem
tem a Jesus como Senhor já foi liberto do inferno. Uma vida de profundidade espiritual traz luz à
vida, contra a escuridão do medo.

 4. Quando buscamos uma vida de profundidade espiritual, não precisamos adorar outros deuses,
como o dinheiro, a fama, a competição, o sexo, o poder. Esses deuses, quando estamos em
comunhão com |Deus, não nos seduzem. Os que os adoram morrem. Os que adoram a Deus
vivem.

 Uma vida superficial fica no ritual, nos cultos de domingo, no cântico de hinos até animadamente,
na feitura de orações.

Uma vida de profundidade vai além do ritual, do ritual da ida protocolar a uma igreja, do ritual da
participação nos louvores, do ritual das orações. 

Uma vida de profundidade espiritual é marcada por uma fé que cresce no conhecimento de quem
Deus é e de quem nós somos, de quem Deus pode ser para nós e de quem nós podemos ser para
Deus, para os outros e para nós mesmos.

 O Solo 2 é o coração superficial.

Você pode ser um coração onde a semente do Evangelho cresce.

Como é o seu coração?

 SOLO 3 -- TERRA CHEIA DE ESPINHOS

Jesus novamente levanta seus olhos e nota um terceiro tipo de coração. Ele mostra que se
parecem com a terra cheia de espinhos.

Para chegar até à praia, seus ouvintes passaram por caminhos, com suas margens; pisaram em
pedrinhas, ao longo do trajeto, e também tiveram que tirar espinhos que entraram em suas
sandálias ou se agarraram em suas túnicas.

E alguns não estavam ali, porque decidiram voltar.

E alguns tinham o coração cheio de espinhos. Ouviram a mensagem de Jesus, abrigaram-na em


seus corações em meio aos espinhos selvagens.

Solo cheio de espinho é solo dominado pelas amarguras da vida. Há pessoas que receberam a
Jesus como Senhor, mas as amarguram dominam os seus corações. receberem Jesus, mas não o
receberam como a alegria dos homens.

Solo cheio de espinho é solo tomado pelo legalismo. São pessoas exigentes, ou consigo mesmas
ou com os outros. Não aprenderam que o jugo de Jesus é suave, porque gostam de carregas
pedras, quem sabe achando que, assim, vão receber mais de Deus.
Solo cheio de espinho é solo que não tomou uma decisão definitiva por Jesus e ainda acha que
pode seguir o caminho estreito da santidade e o caminho largo do pecado ao mesmo tempo,
embora o Mestre advirta:

"Entrem pela porta estreita porque a porta larga e o caminho fácil levam para o inferno, e há
muitas pessoas que andam por esse caminho. A porta estreita e o caminho difícil levam para a
vida, e poucas pessoas encontram esse caminho".

(Mateus 7.13-14)

 Solo cheio de espinhos é solo que não sabe resolver de modo inteligente os seus problemas. Tem
um conflito, uma dor, um vazio, apelam para o álcool ou qualquer outro tipo de droga química ou
psicológica. Podem dormir em paz com Jesus, mas preferem a paz das drogas.

Solo cheio de espinhos é solo é solo que não pôs sua vida na academia de Jesus. Cristãos assim
não foram discipulados por Jesus para um novo estilo de vida. 

Solo cheio de espinhos é solo que não depende de Deus, mas de si mesmo.

O Solo 3 é o coração confuso.

Como é o seu coração?

 SOLO 4 -- TERRA BOA

Jesus olha de novo para a multidão. Vê crianças, adolescentes, jovens, adultos, velhos. Vê homens
e mulheres, os rostos tisnados pelo sol e pelo vento. Ele enxerga além e vê pessoas onde a
semente germinará e produzirá muitos frutos.

São pessoas que prestem atenção. São pessoas que querem mudar de vida. São pessoas que
querem levar a mensagem adiante. São pessoas que querem se parecer com Jesus. São pessoas
que querem dar o fruto do Espírito Santo. São pessoas que querem fazer parte do Reino Deus.

São pessoas que cantam que Jesus é o único, o único caminho, a única verdade, a única vida. A
ninguém mais querem seguir, senão a Jesus. Não são terra à beira do caminho; são terra fértil, em
que a semente dá frutos em grande quantidade.

São pessoas que escolheram viver vidas profundas, não vidas superficiais. Não são terra
pedregosa, são terra macia onde a palavra de Deus chega e fica.

São pessoas que se deixam pastorear por Jesus, não pessoas confusas. Não são terra cheia de
espinhos, mas rosas e lírios cheios de perfume.

São pessoas que querem a semente do Evangelho fazendo suas vidas desabrochar.

São pessoas que querem a alegria completa de Jesus.

São pessoas que querem seguir a Jesus, não importa onde vá, mesmo que seja a cruz.
São pessoas que querem que Jesus trabalhe em suas vidas, para serem transformadas dia a após
dia.

São pessoas que, tendo recebido a semente, fazem com que frutifiquem. Não frutificam todos
com a mesma intensidade ou quantidades, porque são diferentes, têm características individuais
sempre respeitadas pelo senhor da plantação. Não são pessoas que competem umas com as
outras, para parecerem melhor diante dos homens, mas pessoas que dão o máximo que podem à
luz de sua própria realidade e contexto.

São pessoas felizes. São pessoas em harmonia com a sua história. São pessoas em comunhão com
Deus. São pessoas salvas de seus próprios medos. São pessoas que olham para frente. São pessoas
que têm como alvo ser como Jesus e para o alvo prosseguem cheias de luz e alegria.

 O Solo 4 é o coração gerado de novo por Jesus.

Como é o seu coração?

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