Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
E DESENVOLVIMENTO
51
BOLETIM DE PESQUISA
E DESENVOLVIMENTO
51
Membros
Alexandre Romeiro de Araújo, Davi José
Bungenstab, Fabiane Siqueira, Gilberto
Romeiro de Oliveira Menezes, Luiz Orcício
Fialho de Oliveira, Marcelo Castro Pereira,
Mariane de Mendonça Vilela, Marta Pereira
da Silva, Mateus Figueiredo Santos, Vanessa
Felipe de Souza
Supervisão editorial
Rodrigo Carvalho Alva
Revisão de texto
Rodrigo Carvalho Alva
Editoração eletrônica
Rodrigo Carvalho Alva
Foto da capa
Fabricia Zimermann Vilela Torres
1ª edição
Publicação digitalizada (2022)
Conclusões................................................................................16
Referências...............................................................................16
5
1
Engenheira-Agrônoma, doutora em Entomologia Agrícola - UFLA, pesquisadora da Embrapa
Gado de Corte, Campo Grande, MS.
2
Sócio-administrador da Agrobela Agrociência Ltda, Bela Vista do Paraíso, PR.
6
Introdução
As cigarrinhas são consideradas as principais pragas das pastagens, ata-
cando gramíneas forrageiras em geral, principalmente aquelas pertencentes
aos gêneros Brachiaria e Panicum. Seus danos são decorrentes da sucção
da seiva da planta tanto na fase ninfal como na fase adulta. Em decorrência
de um ataque severo podem ocasionar perdas na capacidade de suporte das
pastagens, bem como na produção e qualidade destas.
Dentre as principais espécies que atacam pastagens está Notozulia
entreriana (Berg, 1879) (Hemiptera: Cercopidae), de tamanho pequeno (6,2
a 9,2 mm) e de coloração negra, podendo apresentar manchas e/ou faixas
brancas ou cremes nas asas (Tolotti et al., 2018).
O controle de cigarrinhas-das-pastagens é realizado principalmente pela
diversificação de gramíneas forrageiras, com o uso de cultivares resisten-
tes (Valério, 2009). Porém, onde não é possível escolher gramíneas resis-
tentes, existem outras técnicas de controle disponíveis, dentre elas o uso
de inseticidas biológicos e químicos. Mas, além da limitação econômica, o
controle químico exige grandes quantidades de produtos e sincronia entre
a aplicação e a fase do ciclo do inseto, uma vez que os alvos devem ser as
cigarrinhas adultas, para melhor contato com o produto. Isso porque as ninfas
ficam protegidas na espuma, na base das plantas e são raros os inseticidas
que translocam via floema, e por consequência, que atingem essas ninfas
por ingestão.
A fase ninfal das cigarrinhas-das-pastagens pode durar em média 25 dias,
podendo chegar a 35 dias, dependendo da espécie. Nesse período, caso
não se tome nenhuma medida de controle, elas se alimentarão da seiva das
plantas, além de injetarem saliva tóxica, ocasionando danos severos e per-
das na produção, dependendo do nível de infestação. Esperar esse período
ninfal acabar para controlar quimicamente, tendo como foco os insetos adul-
tos, quando muitas perdas já foram ocasionadas, poderia ser evitado caso
a cigarrinha não estivesse protegida dentro da espuma por ela produzida. A
espuma dificulta o contato do inseto com o inseticida aplicado, o que diminui
sua eficiência e, por essa razão, o alvo tem sido o inseto adulto.
Alguns produtos são capazes de retirar os insetos de seus habitats pro-
tetores, expondo-os a inseticidas, como lagartas que ficam dentro de folhas
8 BOLETIM DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO 51
Aos três e sete dias após a pulverização, novas amostragens foram realiza-
das, contabilizando as espumas presentes na base das touceiras já demarcadas.
Essas avaliações também seguiram a metodologia de levantamento populacio-
nal de ninfas de cigarrinhas-das-pastagens descrito por Valério e Koller (1981).
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância, sendo as médias
do número de espumas transformadas para √x e as de porcentagem de eficiên-
cia para √x+1. Para realizar a análise estatística foi utilizado o programa estatísti-
co Sisvar (Ferreira, 2011), e nos casos em que o teste F foi significativo (P<0,05),
as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de significância. Para
cálculo da eficiência dos produtos foi utilizada a fórmula de Abbott (1925).
Neste experimento em campo, quando aplicado isoladamente, o desalojan-
te Top Dry Despejo® não causou mortalidade aos três dias após pulverização
(DAP), mas reduziu a quantidade de espumas aos sete DAP (Tabela 3), mos-
trando eficiência de 19,8% (Figura 5). Quando associado ao inseticida (tiame-
toxam + lambda-cialotrina), o desalojante reduziu a quantidade de espumas já
aos três dias, com eficiência de 23,7%, chegando a 50,2% aos sete DAP. O in-
seticida, quando aplicado puro, reduziu a quantidade de espumas, obtendo efi-
ciência de controle de 5,9 e 38,3%, aos três e sete dias DAP, respectivamente.
Com base na eficiência de controle calculada ao final do experimento
(sete dias após a pulverização), estimou-se um aumento de cerca de 30% da
eficiência do inseticida, quando aplicado em associação com o desalojante
Top Dry Despejo®. O inseticida utilizado (tiametoxam + lambda-cialotrina),
assim como outros registrados para o controle de cigarrinhas-das-pastagens,
Tabela 3. Número médio de espumas antes da pulverização, e três e sete dias após
esta (DAP).
Amostragem
Tratamento 3 DAP 7 DAP
prévia
Testemunha 5,7 a 5,6 a 5,6 ab
Top Dry Despejo ®
12,2 a 12,2 a 9,8 a
Conclusões
O desalojante Top Dry Despejo®, quando usado isoladamente, não cau-
sou mortalidade em ninfas de cigarrinhas-das-pastagens.
A associação do desalojante Top Dry Despejo® ao inseticida tiametoxam
+ lambda-cialotrina proporcionou um aumento de sua eficiência em cerca de
30%, podendo ser uma prática recomendada para o controle de ninfas de
cigarrinhas-das-pastagens.
16 BOLETIM DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO 51
Referências
ABBOTT, W.S. A method of computing the effectiveness of on insecticide. Journal of
Economic Entomology, v.18, n.2, p.265-267, 1925.
ALVES NETTO, A.F. Enxofre como desalojante para Spodoptera frujiperda, incluindo
considerações sobre sua mistura com o inseticida espinosade, em plantas de milho
doce. Morrinhos, GO: IF Goiano, 2020. 39 f.
DIOGO, B.S.; SANTOS, R.S; VASCONCELOS, A.S.; AZEVEDO, T.S.; SUTIL, W.P.;
MESQUITA, A.Q. Controle químico de cigarrinhas-das-pastagens no estado do Acre. In: XXVI
SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFAC, 2017, Rio Branco, AC. Anais... Rio
Branco: UFAC, 2017. p. 488.
TOLOTTI, A.; AZEVEDO FILHO, W. S.; VALIATI, V. H.; CARVALHO, G. S.; VALÉRIO, J. R. Cigarrinhas-
das-pastagens em gramíneas forrageiras no Brasil. Porto Alegre: Evangraf, 2018. 119 p.