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Universidade Federal Rural de Pernambuco

Cursos de Bacharelado/Licenciatura em Ciências Biológicas


Departamento de Biologia

RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA


Aula Prática de Campo na Estação Ecológica do Tapacurá.

RECIFE, 2018.
Universidade Federal Rural de Pernambuco
Departamento de Biologia
Curso de Bacharelado em Ciências Biológicas

Discentes: Caroline Gomes/ Danilo Dias/ Lorena Nunes/ Murilo Monteiro


Docente: Auristela Albuquerque
Disciplina: Entomologia II/ Turma: GE-1

Relatório apresentado à disciplina de


Entomologia II como parte dos
requisitos para a avaliação da 2ª
verificação de aprendizagem.

RECIFE, 2018.

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Resumo

A Estação Ecológica do Tapacurá (EET) foi criada e instalada em 1975 nas terras onde
funcionou a antiga Escola Superior de Agricultura, que deu origem a UFRPE. Na área
da Estação encontram-se matas e uma bacia hidrográfica representada pelo lago
formado pelo represamento do Rio Tapacurá. Acredita-se que área apresente cerca de
330 hectares. A Estação atualmente é um campus avançado da UFRPE, destina-se a
pesquisa na área de botânica, zoologia e ecologia, servindo assim para incentivar a
educação ambiental e também como um banco permanente de sementes. A coleta de
insetos é uma atividade que um entomólogo nunca deixará de exercer, pois é através
dela que se inicia uma coleção e, além disso, é fundamental para tornar notórios os
hábitos e habitats dos insetos. As coletas podem ser feitas em diferentes ambientes:
terrestres, aquáticos, aéreos ou em locais especiais, onde se procuram determinados
grupos de insetos. A coleta pode ser ativa, quando precisa da presença do coletor para
manusear instrumentos de captura, ou passiva quando não se precisa do coletor, pois é
utilizado armadilhas como rede entomológica e funil de Berlese, por exemplo. O
objetivo da aula foi observar o local através de trilhas ecológicas, análise de vegetação,
clima, relevo, etc.; coletar material entomológico nas trilhas utilizando redes
entomológicas e diferentes tipos de armadilhas; identificar as ordens, observar a
morfologia geral fazendo a contagem dos insetos coletados e posteriormente separá-los
por família.

Introdução
Os insetos são animais pertencentes à superclasse Hexapoda, sendo a classe
Insecta constituída pelos ectognatos, animais com peças bucais livres e salientes (Buzzi,
2010). Os insetos constituem o táxon mais numeroso e mais diverso do reino animal e
são considerados o grupo mais evoluído entre os Artrópodes, compreendendo o maior
número de espécies deste filo, além de abranger cerca de 70% das espécies de animais
conhecidas (Gallo et al, 2002). Graças ao seu sucesso evolutivo os insetos estão
distribuídos em diferentes regiões do planeta, porém a maior riqueza está concentrada
nas regiões tropicais (Gullan & Cranston, 2012). A importância dos insetos está
relacionada com seus hábitos e as funções que exercem na natureza tais como: a
reciclagem da matéria orgânica; dispersão de plantas; alimento para uma grande
variedade de animais, controle de populações de animais e plantas. Alguns insetos são
considerados espécies-chave e a sua existência é essencial para a manutenção de seus
ecossistemas (Gullan & Cranston, 2012), entretanto outros podem se tornar pragas
agrícolas (Gallo et al, 2002) ou causar males à saúde de humanos e animais agindo
como parasitas ou vetores de doenças (Neves et al, 2005).

Devido à importância dos insetos para os ecossistemas terrestres e onde se


concentra a maior riqueza de espécies, foi escolhida a Mata Atlântica seca contida na
Estação Ecológica do Tapacurá (EET), que funciona hoje como um campus avançado
da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), que foi dirigida pelo
zootecnista Paulo Martins (in memoriam). A estação está intimamente ligada à história

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da UFRPE, tendo sido sede da Escola Superior de Agricultura São Bento, que depois
deu origem a atual UFRPE. A EET é utilizada constantemente para pesquisa e ensino
com aulas práticas nas áreas de Zoologia, tendo um histórico de trabalhos desenvolvidos
na área da Entomologia. (Almeida & Oliveira, 2009).

A coleta de insetos é uma atividade que um entomólogo nunca deixará de


exercer. É através das coletas que se inicia uma coleção, que se aprende a observar os
hábitos dos insetos, onde vivem, onde se reproduzem e como apanhá-los. As coletas
podem ser feitas em diferentes ambientes: terrestres, aquáticos, aéreos ou em locais
especiais, onde se procuram determinados grupos de insetos. As coletas podem ser
ativas ou passivas (BUZZI, 2010). A coleta ativa é uma coleta realizada geralmente
durante o dia e que precisa da presença do coletor, já a coleta passiva é uma coleta que
não depende da presença do coletor. Algumas armadilhas são utilizadas para essas
coletas, tais como: Rede Entomológica que é um aro de metal preso a um cabo de
madeira que sustenta um saco de filó e que é utilizada para coletar insetos em voo
(GALLO et al, 2002); Funil de Berlese que serve para a captura de pequenos insetos
que vivem no meio do húmus, da grama ou material semelhante. Consiste num funil que
pode ser feito de papelão ou de lata, tendo no terço superior uma tela de malhas
pequenas (BUZZI, 2010); Armadilha de Lepidópteros consiste na utilização de frutas
e sua polpa em um recipiente colocado no centro da base da armadilha para atrair os
insetos; Armadilha luminosa (Luiz de Queiroz e Pedro Correa) usada para coletar
insetos de hábitos noturnos. A lâmpada deve ser de luz ultravioleta, incandescente ou
fluorescente; Bandeja d’água consiste de uma bandeja quadrada cujo fundo foi pintado
com uma coloração atrativa qualquer, como o branco, amarelo etc. É uma armadilha que
coleta os insetos atraídos por fototropismo. A bandeja deve ser colocada no solo e ficar
cheia de água à qual se acrescentam algumas gotas de detergente, que serve para
facilitar o afundamento dos insetos que nela caírem; Frasco pega-moscas consiste de
uma garrafa de tamanho médio com tampa, onde existe uma entrada no fundo (centro)
da garrafa, com tamanho suficiente para a entrada dos insetos.

Objetivos da aula
 Observar o local através de trilhas ecológicas, análise de vegetação, clima,
relevo, etc.;
 Coletar material entomológico nas trilhas utilizando redes entomológicas e
diferentes tipos de armadilhas;
 Separar os insetos coletados por ordens e identificar até família;
 Quantificar os insetos coletados por armadilha e por coleta ativa;
 Manter os insetos conservados em álcool a 70% ou montados a seco (borboletas
e mariposas).

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Material e métodos
A. Área de Estudo

O estudo foi realizado em uma região da EET: na Borda do lago. A estação está
situada no município de São Lourenço da Mata, zona da mata do estado de Pernambuco
com altitude de 102 m.

B. Coleta e Identificação

Foram realizadas coletas ativas, com utilização de algumas ferramentas e coletas


passivas, com utilização de armadilhas. As duas coletas foram realizadas nos dias 17 e
18 de maio de 2018. A coleta ativa foi realizada em um único momento, no dia 17 na
Borda do lago, pois no segundo dia a coleta na trilha do Curupira não foi realizada
devido à ocorrência de chuva. Foram utilizadas pinças e redes entomológicas. As
espécies coletadas em campo foram colocadas em potes com Clorofórmio P.A
(VETEC®) para sacrifício e depois conservados em potes com álcool a 70%, com
exceção dos lepidópteros que não podem ser colocados em álcool e foram guardados em
envelopes entomológicos. Na coleta passiva foram utilizadas sete armadilhas: duas
bandejas d’água, armadilha luminosa (Pedro Correia), armadilha para lepidópteros,
frasco caça - mosca, armadilha Luiz de Queiroz e funil de Berlese. Todas as armadilhas
citadas foram colocadas no dia 17 no período da manhã, com exceção das armadilhas
luminosas que foram colocadas no final da tarde. Na noite do dia 17 os alunos fizeram
uma triagem geral, separando os insetos coletados por suas respectivas ordens.

Na manhã do dia 18 foram recolhidas todas as armadilhas e feita toda a


arrumação das mesmas para serem guardadas. Em seguida todos os insetos foram
separados e colocados em frascos de vidro com álcool e etiquetados com o nome da
armadilha em que foram coletados. Nesse mesmo dia não foi possível realizar a trilha na
mata do Curupira devido à chuva que caia no local.

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Figura 1: Armadilhas utilizadas nas coletas dos insetos. (A) Armadilha de lepidópteros; (B)
Bandejas d’ água; (C) Funil de Berlese.

B
A C

Figura 2: Armadilhas utilizadas nas coletas dos insetos. (D) Armadilha luminosa Luiz de
Queiroz; (E) Armadilha para moscas; (F) Armadilha luminosa Pedro Correa (antiga).

D E F

Resultados e discussão
Foram coletados 69 insetos, de dez ordens distintas, na coleta ativa realizada no
dia 17 de maio. Dentre os insetos que foram capturados, os mais coletados foram os
pertencentes às ordens Hymenoptera e Orthoptera, com 21 e 14 insetos,
respectivamente. Na coleta passiva, com a utilização de armadilhas, foi coletada uma
quantidade maior de insetos, principalmente das ordens Diptera e Hymenoptera. (falta
dados). A quantidade de insetos completa está disposta no gráfico abaixo.

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Distribuição por Ordem de insetos coletados na Estação Ecológica do Tapacurá, São
Lourenço da Mata, PE, Brasil, no dia 17 de Maio de 2018.
(Coleta ativa)

21

14

10
8
7
4
2
1 1 1

a ra ra a ra ra ra a ta ra
de te te er te te te de na te
o p p ipt ip p p od o p
att leo
a D m o do t d o
Bl Co rm He en pi an O rth
De Hy
m Le M O

A Armadilha Pedro Correa, é formada por uma bandeja d’água, adaptada com
uma luz no centro e placas de alumínio em forma de hélice, para que os insetos que
sejam atraídos pela luz, esbarrem nele e caiam na água. Essa armadilha foi colocada na
noite do dia 17 de maio e passou a madrugada do dia 18 de maio montada às margens
do lago. Aproximadamente às 6:00 hs da manhã do dia 18 de maio, a armadilha foi
recolhida e os insetos foram triados em sala de aula. Foram coletados nessa armadilha
um total de 51 insetos (ainda falta acrescentar a ordem Odonata e a ordem
Hymenoptera) de 5 ordens diferentes, foram elas Coleoptera, Hemiptera, Blattaria,
Hymenoptera e Odonata. O número completo está diposto no gráfico abaixo.

TABELA ABAIXO

Esses insetos, posteriormente em sala de aula, foram identificados e separados a


nível de família. A ordem coleóptera foi a mais numerosa, com 37 exemplares. Foram
identificadas 5 famílias, são elas as famílias Buprestidae (1), Bruchidae (18),
Curculionidae (3), Passalidae (4) e Chrysomelidae (11). A Família Bruchidae foi a mais
numerosa, com dezoito exemplares, e a Buprestudae foi a menos abundante, com
apenas um exemplar. A segunda ordem encontrada foi a ordem Hemiptera, com o total
de onze exemplares representados em três família diferentes. Famílias Cicadidae (2),
Dictiopharidae (7) e Cicadellidae (2). A Família com mais representantes encontrados
foi a família Dictiopharidae com sete exemplares, e a menos numerosa foi a família
Cicadidae, com apenas dois exemplares. Outra ordem que foi encontrada na armadilha,
foi a ordem Blattaria, com apenas três exemplares, todos da família Blattidae, porém,
espécimes não tão robustos quanto estamos acostumado a ver com os representantes
dessas famílias.

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A Armadilha caça-mosca é formada por uma estrutura semelhante a uma garrafa
pet grande, cortada e adaptada com furo no meio para que as moscas possam entrar.
Dentro da garrafa, põe-se um atrativo para as moscas e elas, atraídas pelo cheiro, entram
na armadilha e não conseguem sair por causa da fototropia positiva. A armadilha foi
montada no fim da tarde do dia 17 de maio e recolhida na manhã do dia 18 de maio.
Foram encontrados insetos de três diferentes ordens, foram elas as ordens Neuroptera,
Blattaria e Diptera, as quantidades encontradas de cada ordem, estão dispostas no
gráfico abaixo.

GRÁFICO ABAIXO

A ordem mais numerosa encontrada na armadilha foi a ordem Diptera, com


quatro representantes de uma única família, Syrphidae. A segunda ordem mais
numerosa encontrada, foi a ordem Blattaria, com três representantes encontrados,
dispostos em duas famílias diferentes, Famílias Blattellidae e Blaberidae, com dois e um
indivíduos, respectivamente. A ordem menos numerosa, foi a ordem Neuroptera, com
apenas um representante da família Chrysopidae.

A Armadilha de Lepidópteras, é uma armadilha que foi criada com o intuito de


se coletar borboletas e mariposas, porém, como todas as outras armadilhas, elas também
terminam coletando por acidente, insetos de outras ordens. Seguindo o mesmo esquema
das outras armadilhas, ela foi montada no fim da tarde do dia 17 de maio e coletada na
manhã do dia 18 de maio. Apenas uma ordem foi coletada nessa armadilha, a ordem
Dipetra, com representantes de apenas uma família, Muscidae. (Eu sinceramente acho
que ainda falta dados dessa armadilha, que eu me lembre, também houve alguns
Hymenópteros coletados nela).

Conclusão

Referências Bibliográficas
Albuquerque, A.C.; Almeida, A.V.; Oliveira, M.A.P.; Borges, L.D.R. Insetos de
Tapacurá: Pesquisa e Ensino. In: Moura; G.J.B.; Júnior; S.M.A.; El-Deir; A.C.A. de
(Org.). A biodiversidade da Estação Ecológica do Tapacurá. Recife- PE: Nupeea, 2012.
V.1, p. 183- 212.

8
Almeida, A.V.; Oliveira, M.A.B. A história da Estação Ecológica do Tapacurá (São
Lourenço da Mata, PE) baseada no relatório de Vasconcelos Sobrinho de 1976. Recife,
UFRPE, 2009.

Buzzi, Z.J. Entomologia Didática. UFPN, Curitiba, 2010, 120p.

Gallo, D. et al. Entomologia Agrícola. FEALQ/USP, São Paulo, v. 10, 2002, 920p.

Gullan, P.J.; Cranston, P.S. Os insetos: um resumo de Entomologia. ROCA, São Paulo,
2012, 440p.

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