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Artigos

A persistência da noção de ato inseguro e a construção


da culpa: os discursos sobre os acidentes de trabalho
em uma indústria metalúrgica1
Fábio de Oliveira2
The persistence of the notion of unsafe act and the
construction of blame: the discourses on work accidents at a
metallurgic industry

1
Artigo baseado na dissertação Resumo
de mestrado A construção social dos
discursos sobre o acidente de trabalho, Acidentes de trabalho (ATs) são conseqüências das formas pelas quais as so-
defendida em 1997 no Departa-
ciedades produzem suas condições de existência e constituem-se como objetos
mento de Psicologia Social e do
Trabalho do Instituto de Psicologia sociais a partir de construções teórico-práticas. Tem-se constatado a existência
da Universidade de São Paulo, São de concepções calcadas em fatores pessoais ou psicológicos que responsabili-
Paulo-SP. zam os trabalhadores pelos ATs. Investigou-se a presença dessas concepções
2
Doutor em Psicologia Social.
nas práticas discursivas de trabalhadores, procurando identificar os repertó-
Psicólogo do Centro de Psicologia rios interpretativos e seus aspectos retóricos e argumentativos via análise de
Aplicada ao Trabalho do Instituto discurso. Realizou-se estudo de caso de empresa metalúrgica com base em
de Psicologia da Universidade de observações, conversas informais, levantamento de documentos e entrevistas
São Paulo. Docente da Faculdade confrontativas com 20 operários. Constatou-se a presença marcante, nos mo-
de Psicologia da Pontifícia Univer- dos de compreensão dos ATs, da Teoria dos Dominós e a predominância das
sidade Católica de São Paulo. Co- explicações pelos atos inseguros, sustentadas pela naturalização dos riscos e
editor dos Cadernos de Psicologia por práticas institucionalizadas de difusão. No entanto, a construção discur-
Social do Trabalho, São Paulo-SP. siva dos ATs acontece de maneira dilemática, existindo contradições entre os
Apoio financeiro da Fapesp: pro- diferentes repertórios interpretativos e a presença de eventos desnaturalizado-
cessos 95/1718-2 e 1996/2062-6 res que produzem rupturas semânticas e manifestações de resistência. Assim,
(bolsa de mestrado) a pesquisa revelou aspectos polissêmicos e retóricos das práticas discursivas
que atribuem significados aos ATs.
Palavras-chaves: análise de acidentes, ato inseguro, culpabilização, discurso,
psicologia social.

Abstract
Work accidents (WA) are outcomes of the ways societies produce the conditions
for their existence and become social objects by means of theoretical-practical
constructions. Conceptions based on personal or psychological factors have been
presented to blame workers for WA. We have investigated these conceptions in the
workers’ discursive practices in an attempt to identify interpretative repertoires
and their rhetoric and argumentative features. We conducted a case study at
a metallurgic company. It was based on observations, informal conversations,
evaluations of document, and interviews involving twenty workers. A pervasive
presence of the Heinrich’s Dominoes Theory was observed in the patterns of
understanding WA, and the predominance of explanations for unsafe acts
supported by naturalization of risks and by institutionalized transmission practices.
Nevertheless, the discursive construction of the WA occurs in a dilemmatic way.
We found contradictions among the different interpretative repertoires, as well as
the presence of denaturalizing events; both of them produce semantic ruptures
and manifestations of resistance. Thus, this research revealed polyssemic and
rhetoric features of the discursive practices that attribute meanings to WA.
Keywords: accident analysis, unsafe act, blaming, discourse, social psychology.

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Introdução

O império heinrichiano venção de Acidentes do Trabalho, ocorrido


no ano de 1976:
Apesar dos avanços no campo da aná-
lise acidentológica (ALMEIDA, 2006; BIN- As raízes do problema residem na forma-
DER, ALMEIDA & MONTEAU, 1995; OSÓ- ção imperfeita dos homens. Os acidentes
RIO, MACHADO & MINAYO-GOMEZ, não acontecem, são causados. Por falta de
comunicação, por falta de supervisão, por
2005), as concepções que responsabilizam
planejamento defeituoso, por erros huma-
os próprios trabalhadores pelos acidentes nos, tais como agressão, distração, fadiga,
de que são vítimas mantém-se com vigor indisciplina, arrogância ou avareza. Os
no dia-a-dia das fábricas (OLIVEIRA, 1997; planejadores têm feito e estão fazendo
SANTOS, 1991). Como veremos adiante, o tudo que podem para eliminar as causas
binômio atos inseguros-condições insegu- físicas e ambientais. Já sabemos como eli-
ras mantém seu poder de sedução. minar os riscos, ao preparar os planos das
fábricas, máquinas e processos, ao organi-
Ato inseguro e condição insegura são os zar os locais de trabalho e ao estruturar
conceitos centrais da “teoria dos dominós” os métodos de trabalho. Podemos recorrer
elaborada na década de 1930. Para Hein- à ergonomia, para que a segurança acom-
rich (1959), o acidente seria causado por panhe as máquinas e fábricas, ainda no
uma cadeia linear de fatores, como uma se- estágio de plantas e projetos. Mas, devido
ao fator humano, os acidentes continuam
qüência de dominós justapostos, que cul-
a acontecer. (LIMA, 1976, p. 67)
minaria na lesão. A primeira peça do do-
minó seria os “fatores sociais e ambientais Hoje, embora seja patente o descrédito
prévios” responsáveis pela formação do científico dessas concepções, ainda é notá-
caráter dos operários. A segunda peça, os vel sua difusão no senso comum de empre-
comportamentos inadequados dos traba- sários, profissionais da área e trabalhadores.
lhadores, frutos de características herdadas
ou adquiridas. Esses comportamentos ina- A principal conseqüência desse modo
dequados poderiam vir a constituir-se em de compreender o fenômeno é a culpabi-
atos inseguros, isto é, em comportamentos lização dos próprios trabalhadores pelos
de risco que, juntamente com a presença acidentes de que são vítimas (BINDER et
de condições inseguras (atos e condições al., 1994; COHN et al., 1985; HIRANO, RE-
inseguros são a terceira peça do dominó), DKO & FERRAZ, 1990), o que pouco con-
levariam à ocorrência do acidente e, por tribui para sua efetiva prevenção. Szasz
fim, à lesão (respectivamente a quarta e a (1984) e Bertolli-Filho (1993), por exemplo,
quinta peças da seqüência de dominós). discutem a culpabilização dos acidentados
e apontam o caráter ideológico do conceito
Santos (1991) aponta como o Estado de propensão a acidentes.
brasileiro acabou por difundir as idéias
heinrichianas ao longo das décadas de Os discursos sobre o acidente
1970 e 1980, durante o chamado “milagre O acidente de trabalho é produto da
econômico”. O período foi marcado pela ação humana sobre o mundo, isto é, ele
intensa formação de técnicos nas áreas ocorre a partir de relações sociais e con-
de higiene e segurança e a concepção di- dições materiais determinadas (DWYER,
cotômica sobre atos inseguros e condições 1989). Por outro lado, o fenômeno do aci-
inseguras foi alçada à condição de discur- dente de trabalho também é uma constru-
so oficial, fazendo parte daquilo que era ção discursiva, na medida em que é objeto
ensinado aos profissionais responsáveis de interpretação e precisa ser explicado.
pelas ações de prevenção de acidentes nas
empresas do país. Tudo isso contribuiu, se- Grimberg (1988) sintetiza da seguinte
gundo a autora, para o forte enraizamento maneira essa dupla produção de um fe-
dessas idéias no imaginário social brasilei- nômeno relacionado à saúde ao distinguir
ro sobre os acidentes. analiticamente duas dimensões:

As idéias psicologizantes desse perío- as condições estruturais de produção dos


do – presentes nas preocupações com fa- processos de saúde-doença e as condições
de representação e ação social e institu-
tores humanos, seleção e treinamento, por
cional dos mesmos. Isso é propor que a
exemplo, e que marcaram fortemente a for- saúde e a doença não só são [1] emergen-
mação dos profissionais da área – são bem tes estruturais das condições de trabalho e
ilustradas pelo discurso de um engenheiro de vida de uma formação social, mas tam-
durante o XV Congresso Nacional de Pre- bém que [2] constituem, ao mesmo tempo,

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uma construção teórico-prática social e de compreender os acidentes de trabalho,
historicamente produzida, resultante de considerando suas implicações para as
diferentes práticas sociais (de hegemonia, práticas de prevenção e de reivindicação.
subordinação e questionamento). Consi-
derada nessa dimensão, a saúde-doença Método
aparece como um processo de construção
social no qual se vão constituindo modos
A pesquisa consistiu-se em um estudo
de representação, assim como respostas de caso (YIN, 2001) no qual foram inves-
sociais e institucionais. Isso supõe então, tigados os contextos institucional e discur-
primeiro, reconhecer que o mesmo pro- sivo de uma empresa através de análise de
cesso implica, tanto a configuração das documentos, observações, conversas infor-
categorias conceituais e os recursos práti- mais, registros em diário de campo, além de
cos da teoria e da prática médica, como vinte entrevistas semi-estruturadas de cará-
dos modos de percepção-representação e ter confrontativo3, gravadas e transcritas.
as práticas dos distintos setores de uma 3
O momento confrontativo da en-
sociedade. Segundo, definir o caráter das A análise dos dados tomou como base trevista (POTTER & MULKAY, 1985)
relações sociais nas quais essa construção as considerações de Spink (2004), sobre a consiste basicamente no debate
sustenta-se. (p. 34, itálico meu) produção de sentidos, e a psicologia retóri- com o depoente a respeito de suas
próprias idéias após elas terem
ca de Michael Billig (BILLIG, 1987 e 1991;
Objetivo sido detalhadamente expostas.
BILLIG et al., 1988). Guiou a análise a bus- Ele tem como objetivo explicitar
O objetivo da presente pesquisa foi jus- ca pelos argumentos e contra-argumentos argumentos e contra-argumentos
tamente compreender como são construí- que sustentam os modos de interpretação na defesa de opiniões.
das, no cotidiano de uma fábrica, as formas dos acidentes de trabalho.

Resultados e discussão

Contexto institucional do estudo que discutiremos adiante, e por restrições


de ordem econômica.
A empresa-caso é uma metalúrgica de
grande porte da Grande São Paulo perten- Encontramos também uma ampla di-
cente ao ramo de autopeças. Contava na fusão do uso de equipamentos de proteção
época da pesquisa com cerca de mil e qui- individual (EPIs) por parte dos trabalha-
nhentos funcionários. Os setores da pro- dores e de práticas voltadas para a sua
dução incluíam: forja, usinagem, retífica educação e “conscientização”, o que inclui
e montagem. A área de produção passava não só a tentativa de criação do hábito de
naquele momento por um processo de re- utilização dos EPIs, mas também outras
novação de suas instalações e por uma gra- intervenções sobre o comportamento dos
dual redução de seus postos de trabalho. trabalhadores em relação aos acidentes
orientadas para a eliminação do que se
Os riscos para acidentes eram de di-
compreende como atos inseguros.
versas ordens, começando pela manipu-
lação de peças pesadas, que ocasionavam A atuação da CIPA4 da empresa-caso, 4
Comissão Interna de Prevenção
prensamentos das mãos ou queimaduras, por sua vez, é vista pelo sindicato dos me-
de Acidentes.
no caso das peças fundidas ou recém-sol- talúrgicos da região como modelo. É con-
dadas. O transporte e o armazenamento siderada ativa e combativa. Suas ações
de materiais também apresentavam ris- voltam-se para as correções ambientais,
cos semelhantes. As máquinas ofereciam mas também para a ação disciplinar, isto
os riscos mais graves, principalmente nas é, para a mudança de comportamento dos
ações de ajuste, limpeza, manutenção, ali- trabalhadores.
mentação ou operação, durante as quais o
Quanto à análise propriamente dita
contato com o equipamento ou com peças
dos acidentes, ela é orientada pelo modelo
em movimento, cantos vivos, rebarbas ou
heinrichiano, o que se evidencia, por exem-
cavacos podiam ocasionar ferimentos.
plo, pela ficha de registro dos acidentes de
A empresa-caso desenvolve várias prá- trabalho. Essa ficha, além do campo desti-
ticas de gestão de riscos e de prevenção nado à descrição do acidente, inclui ainda
de acidentes que englobam ações voltadas três outros campos: “condições inseguras
para a detecção e a eliminação de riscos presentes”, “atos inseguros cometidos” e
no ambiente de trabalho. Deve-se notar, um campo complementar onde o próprio
no entanto, que essas ações são limitadas acidentado declara a “razão” pela qual teria
pela “naturalização” dos riscos, assunto praticado um ato inseguro.

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A análise quantitativa das fichas de re- Olha, rapaz, o acidente, pra mim, é o que
gistro dos acidentes realizada pela própria eu falei pra você: falha humana mesmo.
equipe de segurança sugeriu haver predo- Porque toda relação, relatório que faz
do acidente, em qualquer firma, você
mínio dos atos inseguros como supostas
vai, é constatado falha humana. [E você
causas dos acidentes ocorridos, conforme acha que é isso mesmo?] É isso mesmo,
a distribuição a seguir (os dados referem- não tem outra... [Não tem outra causa?]
se às 250 fichas de registro dos acidentes ...não tem outra causa não. [...] Todos os
ocorridos ao longo do ano anterior ao da acidentes... você pode por na cabeça que
realização da pesquisa): atos e condições a máquina não falha [Mas, às vezes, não
simultaneamente (39,2%), exclusivamen- falha?] Não [Às vezes não quebra alguma
te atos inseguros (32,4%), exclusivamente coisa?] Não, ela pode quebrar, mas, você,
condições inseguras (2,8%), Não classifi- veja bem, a maioria, 99% é falha huma-
na. O acidente é falha humana. (Paulo5,
5
Todos os nomes de trabalhado- cados (25,6%).
operador de máquinas)
res utilizados neste artigo são
Pode-se apreender dessa breve apresen-
fictícios. Essas explicações seguem basicamente
tação que as concepções sobre os aciden-
o seguinte modelo: o ato inseguro, como
tes de trabalho predominantes na empresa
uma das explicações correntes para o aci-
na época da pesquisa eram as do modelo
dente, é sempre um evento inesperado da
heinrichiano. Esse modelo orienta as práti-
parte do indivíduo e que antecede imedia-
cas referidas acima e faz com que se iden-
tamente o evento. Por sua vez, outro tipo
tifiquem as causas dos acidentes de forma
de causa dos acidentes nesse arcabouço de
dicotômica. Embora tenham sido encontra-
explicações do senso-comum, as condições
das diferenças, técnicos e gestores compar-
inseguras são eventos inesperados das má-
tilham desse modelo.
quinas (ou de outros elementos do ambien-
Explicando os acidentes no cotidiano te de trabalho). Eventos inesperados de um
ou outro elemento de um binômio sólido,
Os acidentes são tema de muitas das
quase inescapável, que definiriam a ação
conversas travadas dentro da fábrica e en-
decisiva para a ocorrência do acidente.
sejam discussões acaloradas entre os traba-
lhadores. Ao se falar sobre as causas dos Reconhecemos nos discursos a existên-
acidentes de trabalho, vários debates são cia de dois repertórios interpretativos que
trazidos à baila. sustentam cada uma dessas possibilidades
explicativas. Isto é, ao se decidir entre um
Primeiro, aparecem dilemas gerais da
ou outro tipo de explicação, decide-se tam-
definição e da natureza dos acidentes. Por
bém por um conjunto de interpretações
exemplo, a definição do que é acidente e
tácitas que as sustentam. O dilema vivido
do que não é. Incidentes com ferimentos
pelos que se envolvem nas conversas sobre
leves seriam acidentes? Também se discute
os acidentes é decidir, então, se os aciden-
o acidente de trabalho em sua relação dire-
tes foram causados pelos atos inseguros ou
ta ou indireta com a atividade de trabalho:
pelas condições inseguras.
um acidente ocorrido no chão de fábrica,
mas causado por um evento não relaciona- Embora haja a predominância do re-
do ao trabalho (infarto, assalto), seria um pertório dos atos inseguros, falar e dialogar
acidente de trabalho? sobre os acidentes envolve um debate en-
tre duas posições opostas, de modo que a
Um outro dilema presente nos discur-
construção das explicações ocorre em um
sos refere-se ao determinismo causal: en-
contexto argumentativo. Nesse contexto, a
tram em disputa opiniões que sustentam a
dicotomia heinrichiana é uma espécie de
imprevisibilidade dos acidentes e aquelas
lugar-comum (BILLIG, 1991) a partir do
que supõem a possibilidade de identifica-
qual são construídos os argumentos para
ção antecipada de suas causas. Um outro
defender qualquer uma das duas posições
ainda diz respeito à intencionalidade ou
em confronto. Utilizam-se, a todo instante,
à involuntariedade do acontecimento, o
argumentos e contra-argumentos: na defe-
que remete às categorias jurídicas de dolo
sa de uma posição, formulam-se argumen-
e culpa.
tos contra a posição contrária, o que revela
Quanto à explicação das causas pro- o constante debate e os modos de conven-
priamente ditas, temos mais uma vez a ree- cimento em um contexto discursivo argu-
dição da teoria dos dominós de Heinrich. mentativo e dialógico.
Assim como nas fichas de acidentes Neste trecho de entrevista, por exem-
apresentadas anteriormente, a explicação plo, o depoente descarta a existência de
pelos atos inseguros é hegemônica: condições inseguras para, em seguida, afir-

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mar os atos inseguros como causa para os naquilo que você tá fazendo, pensando
acidentes da empresa-caso: numa outra coisa, ou, então, é uma con-
dição insegura que você, que, apesar de
A [nome da empresa] tem condições por- você, muitas vezes, você tá consciente
que ela tem um almoxarifado, tem a porca que tem uma condição insegura naquele
lá, tem o parafuso, cabe a nós operador, determinado equipamento, e você insiste
preparador ir lá requisitar. Se ela não ti- ou, às vezes, desconhece, né? Não procura
vesse aquilo no almoxarifado, então, tudo ajuda de alguém pra solucionar. (Caetano,
bem, ela não tá dando condições, mas tem operador de máquinas)
lá! Então a maioria dos acidente acontece
por uma imprudência nossa [...] mas eu Do mesmo modo, as ações dos trabalha-
acho que se todos nós trabalhar com cui- dores podem ser encaradas como produto-
dado, atenção e determinação, o acidente ras de condições inseguras:
elimina bastante, que a maioria dos aci-
dentes são descuido nosso mesmo. (Hele- O cara tá trabalhando num lugar, não or-
no, operador de máquinas) ganiza nada, tropeça, bate a cabeça numa
bica de uma máquina, alguma coisa, ou
Há, no entanto, diferentes formas de passa a mão em alguma coisa que corta
construção discursiva dos acidentes a par- a mão dele lá. A limpeza, a organização,
tir dessas duas posições, o que imprime às tudo isso aí é condição insegura. Só que é
diversas explicações construídas caracte- uma condição insegura da própria pessoa
rísticas polissêmicas. Observam-se, como que trabalha lá. (Geraldo, montador)
veremos a seguir, variações, confrontos e Essa relação entre os trabalhadores e o
rupturas desses repertórios. reconhecimento das condições de traba-
Em alguns casos, a explicação é feita a lho como inseguras é atravessada por um
partir de uma posição, embora apareçam, sério dilema vivido cotidianamente pelos
em segundo plano, referências à outra. trabalhadores da fábrica. Por um lado,
Neste diálogo, por exemplo, embora o tra- muitos entrevistados falam da obrigação
balhador aponte a existência de condições que todos os trabalhadores têm de verifi-
inseguras (falta de equipamento e de in- car as condições de trabalho e de não acei-
formação), ao final sua conclusão é que se tar condições inseguras. Por outro, reve-
acidentou por ter se distraído: lam o medo de recusarem-se a trabalhar,
de “ficarem marcados” pelas chefias e de
Eu acho que... é um pouco de descuido serem alvos de retaliações.
do operador, e no caso também não tinha
nada pra mostrar, no caso lá da empilha- Mecanismos institucionais de circulação
deira, se tivesse uma luva apropriada lá de concepções sobre os acidentes
pra... [com uma placa dizendo] ‘isso aqui
é pra trocar oxigênio da empilhadeira’, Se as concepções heinrichianas sobre
então, na própria empilhadeira. Mas não os acidentes de trabalho circulam inten-
tinha nada, né? Eu já tinha trocado ou- samente pelos espaços informais, como
tras vez e nunca tinha sofrido isso... e nas conversas cotidianas, elas também são
esse dia aconteceu. Se tivesse lá uma luva objeto de mecanismos institucionais, que
apropriada pra fazer esse tipo de servi-
ativamente buscam interferir naquilo que
ço, talvez isso não aconteceria [Mas, por
exemplo, esse acidente em que você se
se pensa sobre o fenômeno. Esses mecanis-
queimou, você achou que foi distração mos são os mais variados: campanhas, car-
sua ou foi a falta dessa luva que causou o tazes, cartilhas, palestras, filmes, organiza-
acidente?] Foi distração minha [Distração ção de SIPATs6, peças de teatro, “reuniões
sua?] Distração minha. (Ubiratan, instala- de segurança” etc.
6
Semana Interna de Prevenção de
dor de manutenção) Acidentes de Trabalho.
A cartilha A vida é frágil, evite acidentes
No caso abaixo, o uso de um repertó- – manual geral de segurança, distribuída
rio revela-se como justificativa da posição aos trabalhadores pela equipe de seguran-
defendida pelo outro repertório. Embora as ça, oferece uma pequena amostra do dis-
condições inseguras compareçam ao seu curso que é veiculado por essas práticas e
discurso, o entrevistado atribui a causa dos materiais didáticos:
acidentes à atitude dos trabalhadores em
...a prevenção de acidentes não depen-
relação a essas condições:
de somente de boas condições materiais,
Na minha, no meu modo de pensar o aci- mas, principalmente, do elemento huma-
dente só pode acontecer por isso, não tem no, ou seja, você [...] Grande parcela de
outra maneira de ocorrer acidente. Ou é responsabilidade na prevenção de aciden-
por um problema psicológico seu, o que tes cabe ao empregado não ao dirigente
você tá pensando, você tá operando uma pois, devido à natureza de seu trabalho, é
máquina sem realmente tá concentrado quem corre maior risco de acidentes, por

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estar fazendo trabalhos que exigem mo- A naturalização dos riscos significa a ine-
vimentos físicos, estar em contato direto xistência de um horizonte próximo de
com máquinas, equipamentos etc. [...] possibilidades de mudanças das condi-
Para o seu benefício não seja igual a um ções de trabalho e expressa-se na lingua-
destes: distraído, imprudente, gozador, gem através da nomeação dos riscos como
curioso, sabido, ingênuo, exibicionista, ‘inevitáveis’ ou ‘inerentes ao trabalho’. A
displicente, teimoso. conseqüência mais visível da naturaliza-
ção é a limitação das possibilidades de
Sobre a predominância das explicações prevenção, pois, não podendo o micro-
calcadas nos atos inseguros e sua relação ambiente da fábrica ser outro, não restaria
com as referidas práticas e materiais didá- outra alternativa, a não ser intervir sobre
ticos, um trabalhador afirmou: a única dimensão do trabalho aparente-
mente passível de modificação: os pró-
Eu acho que é tipo, é matéria de conscien- prios trabalhadores, através de seleção ou
tização, sabe? Se você, igual à palestra treinamento. (p. 81, itálicos do autor)
deles... tipo a palestra deles, a matéria é
sobre isso [Sobre o quê?] Sobre ato in- Trata-se de um processo que é anterior
seguro... Sabe, eles só falam isso. Então, ao debate entre atos inseguros ou condi-
uma pessoa que, tipo, trabalha aqui ou ções inseguras e que retira do horizonte
sempre fica vendo isso, fica bitolado, por- discursivo estas últimas.
que a pessoa não vê o outro lado, sabe?
[...] Então, o que você vê é que a firma, O que ocorre na empresa estudada é a
ela sempre é que fala que é o operário que restrição da definição de “risco” aos defei-
faz ato inseguro... e, eu acho, é uma coisa tos e eventos inesperados, isto é, aos acon-
que a pessoa fica bitolada: ‘é ato inseguro, tecimentos que escapam ao rotineiro. Nota-
é ato inseguro, é ato inseguro’... [...] mas
se em alguns casos o reconhecimento dos
também tem muita gente que vai só pra fi-
riscos em um primeiro momento para, logo
car mais descansado, né, nessas reuniões
aí. Porque são uns vídeo muito ultrapassa- em seguida, serem definidos como “inevi-
do, não são as coisas de hoje em dia. Pô! táveis”. Ou, ainda, observam-se situações
Tem máquina aí, se você não pisar, não em que há o reconhecimento da existência
fecha, não trava, não liga, não vai fazer a de riscos, mas eles são definidos como es-
operação. Ou seja, tem quatro sistema de tando “sob controle”. Nas palavras de Ar-
proteção do operário e aqui, você vê, não lindo, um operador de máquinas:
tem muitas. Se escapa, tipo, uma tampa
aqui... Tu morre, cara! Então, é isso, eu É... agora, no caso do forno, você colo-
acho que o pessoal, em matéria de ato in- ca uma peça do outro lote, aí tem que
seguro, é por causa dessa palestras, essas ter atenção porque num tem como você
coisas visando sempre culpar o operador. colocar um dispositivo pra evitar aqui-
(Marcelo, operador de máquinas) lo, como é que você vai colocar? [Como
assim? Explica melhor...] Porque, você...
O que há de mais marcante nessas prá- naquilo que eu falo que é falta de aten-
ticas é a construção do consenso em torno ção, você pega uma peça pra colocar em
dos lugares-comuns da explicação dicotô- cima da outra, você deixa os dedo debai-
mica dos acidentes. Isso implica na difusão xo e prensa os dedo. Não tem como você
colocar... como se diz... um dispositivo
da dicotomia heinrichiana, da concepção
ali pra evitar aquilo ali... [Pra evitar...] Aí
de atos inseguros e da naturalização dos que eu acho que é atenção.
riscos (que discutiremos a seguir). Impli-
ca também na reunião de elementos que Algo semelhante também foi dito por
colaboram – não sem dificuldades e resis- um engenheiro de segurança em uma con-
tências – para a construção da consciência versa informal:
culposa dos trabalhadores. Porque, assim, o risco existe, disso eu
não tenho dúvida. Agora, tem risco que
Naturalização dos riscos
não tem jeito, sabe, que é inerente à ati-
Os argumentos que sustentam o re- vidade... [...] então a pessoa tem que ter
pertório interpretativo dos atos inseguros consciência [...] Então, eu não colocaria
como explicação para os acidentes rece- lá dentro um cara sem experiência ne-
nhuma pra trabalhar.
bem respaldo de um processo que deno-
minamos como naturalização dos riscos. Se os riscos são inevitáveis, o que res-
Do modo como aparecem nos discursos, ta fazer a não ser mudar o comportamento
os riscos ambientais são compreendi- das pessoas? A questão é: em que medida
dos como parte do processo de trabalho, os riscos são realmente inevitáveis? Explo-
como naturais e inevitáveis. Segundo remos um pouco as fissuras dessa realida-
Oliveira (1997): de naturalizada.

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Rupturas e formas de resistência Primeiro, o discurso sindical que, pela sua
ênfase na eliminação de riscos, faz con-
Se existem mecanismos de construção
traponto à sua naturalização. Segundo, as
de consenso na empresa estudada, encon-
concepções sistêmicas presentes no méto-
tramos também rupturas de sentidos pos-
do das árvores de causas. Embora apenas
sibilitadas pela composição dilemática das
circulando entre alguns membros da equi-
explicações. Essas rupturas desafiam os lu-
pe de segurança, as idéias que embasam o
gares-comuns, isto é, apontam para possi-
método das árvores de causas têm desafia-
bilidades de compreensão do acidente que
do duramente as idéias heinrichianas.
escapam da dicotomia heinrichiana e da
naturalização dos riscos. Deve-se notar, no entanto, que a intro-
dução de novas formas de compreensão
Um primeiro tipo de ruptura discursiva
dos acidentes é limitada pelo próprio po-
é a oposição frontal. Alguns poucos entre-
der estruturante do modelo heinrichiano.
vistados manifestaram-se de forma direta e
O que se observou na empresa-caso foi
contrária às idéias culpabilizantes:
uma espécie de “sincretismo teórico”, isto
Eu falei ‘ato inseguro’ porque muitas vezes é, idéias sistêmicas convivendo com a teo-
não é, e os técnicos só coloca ato insegu- ria dos dominós, algo como “construir a
ro [Ah, Entendi! Tá!] Eu não sei se é uma árvore de causas para descobrir o que pro-
matéria de ludibriar alguém, algum rela- duziu o ato inseguro do trabalhador”.7
tório que vai pro Estados Unidos... [...] ou 7
Oliveira (1997) chama esse fenô-
alguma coisa, porque não é possível, tudo, Além das rupturas de sentidos originá- meno de modulação.
tudo, tudo é ato inseguro! O cara cai de lá, rias dos dilemas da construção das próprias
ato inseguro... [Tá, entendi] Cê tá enten- explicações e pela introdução de outros dis-
dendo? [Certo] Eu questionei muito esse
cursos, foram recolhidos diversos exemplos
negócio de ato inseguro, nunca assinei
nada. Porque, cipeiro tem que assinar tam- de acontecimentos com efeito desnaturaliza-
bém. (Marcelo, operador de máquinas) dor, isto é, acontecimentos que alteraram as
condições de produção dos discursos e que
Ou com algumas nuances: apontam para a possibilidade de mudança
[Mas com relação a esse, esse acidente das condições de trabalho.
por que, por que você acha que aconteceu Quer dizer, ele pra terminar o serviço
esse acidente com você? O que que cau- logo, ele colocou tudo de uma vez na ban-
sou esse acidente?] Ah, na verdade acho deja. Onde cabia vinte peças, ele colocou
que, pode ser um descuido meu, pode ser trinta. Ele puxou... ele fala também que
uma falha também dá, dá... desse gancho, essa bandeja tem que ter um limite pra ela
né, inclusive eu cobrei depois do pessoal bater e parar, não tinha também, aí colo-
que ele era muito curto. Na verdade, ele caram agora. Agora, às vez alguém bate,
joga sempre a culpa no operador, mas nem mesmo que tiver cheia de excesso de peso,
sempre é, porque... [Quem joga a culpa no ela bate e pára. Depois que aconteceu isso
operador?] Aí seria, no caso, o encarrega- colocaram, sempre depois que acontece
do. (Caetano, operador de máquinas) essas coisa eles colocam. Agora ela bate
Do mesmo modo, também observamos ali e pára, num tem perigo. (Arlindo, ope-
rador de máquinas)
questionamentos nas fichas de acidentes
no campo destinado às justificativas dos Um outro exemplo de acontecimento
trabalhadores por seus supostos atos inse- com efeito desnaturalizador foi a introdu-
guros. Indignados, vários trabalhadores es- ção de talhas8 no setor de montagem. As
creveram discordando da responsabilidade talhas diminuíram muito os acidentes en-
8
Talhas são equipamentos que,
que lhes fora imputada ou apontando con- volvendo prensamento de dedos e de mãos por meio de ganchos, cabos e
dições inseguras que seriam as verdadeiras motores elétricos, permitem
e mostrou aos trabalhadores que certos
suspender e transportar objetos
causas, em sua opinião, dos acidentes. riscos que pareciam fazer parte da nature- pesados.
za de sua atividade de trabalho poderiam
Rupturas mais sutis ou resistências
ser eliminados com a simples introdução
silenciosas aparecem também no próprio
de melhorias técnicas. Tanto é que, reco-
processo de construção das explicações.
nhecendo as talhas como forma de pre-
Por exemplo, como visto acima, quando
venção de acidentes, elas passam a ser
alguns trabalhadores afirmam ser um ato
reivindicadas por setores nos quais ainda
inseguro aceitar trabalhar quando há con-
não estavam presentes. Do mesmo modo,
dições inseguras presentes e cobram pela
muitos acidentes ocorridos foram capazes
obrigação de recusar-se a trabalhar.
de revelar riscos até então naturalizados
As idéias hegemônicas na fábrica tam- e conduziram a ações de reivindicação de
bém são desafiadas pela introdução de dis- melhores condições de trabalho e até mes-
cursos estranhos ao discurso hegemônico. mo à recusa a trabalhar.

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Conclusões

A principal conclusão a se tirar é que a através da historicização das condições de


teoria dos dominós de Heinrich, difundi- trabalho, da divulgação de exemplos de
da durante o “milagre econômico” por ór- intervenções e da elaboração de propostas
gãos oficiais e por outros meios, estrutura consistentes de mudanças.
o pensamento e as ações relacionados aos
Essas ações devem levar em conside-
acidentes de trabalho na fábrica estudada.
ração as modulações produzidas pelo con-
As explicações baseadas nos atos inseguros texto institucional sobre as novas concep-
predominam em função da naturalização ções que são introduzidas, explorando as
dos riscos e de mecanismos institucionais contradições das concepções hegemônicas
que as reafirmam cotidianamente. e elaborando argumentos e contra-argu-
As práticas discursivas sobre os aci- mentos a serem amplamente difundidos.
dentes acontecem em um contexto argu- A difusão desse contra-discurso depende
mentativo, o que aponta caminhos para a da ação conjunta de trabalhadores, sindi-
contestação das idéias hegemônicas, tendo calistas e técnicos na formação de agentes
em vista que não são monolíticas e que multiplicadores atuando nas bases.
apresentam fissuras. As rupturas de senti- Além disso, considerando-se os aspec-
dos, as ações de resistência e os aconteci- tos argumentativos dos discursos, a análise
mentos desnaturalizadores apresentados de acidentes deveria criar condições para
são exemplos disso. que as falas dos trabalhadores fossem con-
Esse, portanto, deve ser o ponto de par- textualizadas, de modo que as nuances pu-
dessem ser percebidas.
tida para o planejamento de ações trans-
formadoras do quadro atual. Essas ações Finalmente, é simplista dizer que os
deveriam: a) difundir modelos que se opo- trabalhadores aderiram às concepções cul-
nham à perspectiva heinrichiana; b) ques- pabilizantes, pois as nuances de suas nar-
tionar duramente o conceito de ato inse- rativas revelam as fissuras desse discurso e
guro; c) minar a naturalização dos riscos os caminhos para sabotá-lo.

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