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Bacabal – MA
2021
MANUEL SANTANA DE OLIVEIRA NETO
Bacabal – MA
2021
Neto, Manuel Santana de Oliveira.
34 f.
CDU:780.71
CDU:78
MANUEL SANTANA DE OLIVEIRA NETO
BANCA EXAMINADORA
Ebenezer S. da Silva
Profa. Esp.: Docência do Ensino Superior
Orientador (a)
RESUMO
O artigo traz à tona a trajetória do maranhense do século XX, desde a sua infância
na cidade de Pedreiras – MA, o ápice na Música Popular Brasileira, até a
imortalidade de suas músicas e de seu trabalho grandioso como poeta, cantor, e
compositor. O trabalho tem como objetivo compreender as manifestações culturais
realizadas por João do Vale por meio de sua história, destacando a importância das
suas obras para a música e educação. Este trabalho trata-se de uma pesquisa
bibliográfica de valor qualitativo. A sua contribuição é inegável tanto para a música
quanto para o entendimento do contexto em que ele estava inserido, resumido em
suas obras e cantado até hoje, servindo de base para estudos sociológicos,
literários, musicais, históricos dentre outros. O trabalho também mostra difusão da
sua arte em conjunto com artistas populares e sua ascensão no show opinião, que
foi um marco na sua carreira, fazendo seu trabalho ser reconhecido em todo o
mundo.
ABSTRACT
JOÃO DO VALE LIFE AND WORK: from the backwoods to the world.
The article brings up the trajectory of the maranhense of the 20th century, from his
childhood in the city of Pedreiras - MA, the apex in the Brazilian Popular Music, to the
immortality of his songs and his great work as a poet, singer, and composer. The
work aims at understanding the cultural manifestations performed by João do Vale
through his history, highlighting the importance of his works for music and education.
This work is a bibliographical research of qualitative nature. His contribution is
undeniable both for music and for the understanding of the context in which he was
inserted, summarized in his works and sung until today, serving as a basis for
sociological, literary, musical and historical studies, among others. The work also
shows dissemination of his art in conjunction with popular artists and his rise in show
opinion, which was a milestone in his career, making his work recognized worldwide.
1
Graduando de Música EaD da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), 2021.
1 INTRODUÇÃO
Eu sempre admirei sua arte e o que mais me impressionava era seu jeito de
ser. Era uma verdadeira entidade ligada a uma realidade nordestina. Bem
brasileiro, ele criou uma imagem atrelada à alma popular da sua gente. Não
se apresentava com aqueles trajes típicos do cangaço, com chapéu de
couro e toda aquela parafernália. Ele levava a roupa do nordestino puro. O
verdadeiro nordestino de rua, para quem ele cantava. Descalço, calça de
tergal usada, camisa arregaçada nas mangas. Um autêntico e fiel
representante do homem do Norte que vinha tentar a sorte por aqui.
Quando eu via João do Vale, eu via o povo nordestino e toda a sua luta”
(PASCHOAL, 2000, p. 134).
A partir daí João começou a ser a voz do povo nordestino com algumas
de suas músicas: Peba na pimenta, Pisa na Fulô, Minha História, Oricuri. Algumas
dessas músicas, se revelam nas entre linhas o que acontecia na política brasileira
daquela época. Segundo Braga (p. 40. 2019) Uma canção nasce com a narrativa de
uma história que se desenvolve através das manifestações populares. Aos poucos
vai ocupando espaço circulando em várias regiões. Esses versos expressando
sentimentos são (Líricos), os feitos do povo quando são narrados (Épicos). Essas
manifestações culturais contemporâneas que João do vale traz em suas músicas
continuam sendo estudadas no campo da literatura, as diferentes palavras faladas
por seus ancestrais são preservadas em seus versos, cantadas em sua voz e na voz
de tantos outros artistas permanecendo muito viva em nosso meio.
As canções populares já acontecem há muito tempo, com a civilização e
urbanização dos portugueses no século XVI, com as festas religiosas em datas
comemorativas e oficias se estendendo na colônia brasileira, possibilitando a
aproximação de várias raças, religiosos, e classe social, como os nobres, cortesãs,
pessoas com seus costumes e suas culturas, misturando sons, tambores, gaitas,
violas, atabaques, guitarras. Foi com todas essas pessoas, objetos musicais, que foi
formando a Música Popular Brasileira.
O menino João vê sua esperança ficar longe quando ele perde a sua
vaga na escola para o filho de um coletor. Vendo aquilo como um fim, empreende
suas andanças na cidade, fazendo suas piruetas por onde passa. Acende nele uma
nova esperança. Uma criança que tem em seu pensamento muita imaginação, é tão
fértil se igualando a uma pessoa adulta, decide ir em busca de seu sonho, pois sabe
que ficando em sua terra, isso fica impossível de se concretizar. Ele vai em busca de
seu sonho, atravessando o Brasil ao meio chegando ao seu destino.
"Dizem que a escravidão acabou, mas pra mim, não, mas pra mim não".
Esta frase de uma composição em que tem como parceira Marília
Bernardes, define toda a revolta contida em sua música. João do Vale, em
sua obra espelha toda uma linha de reivindicações sociais que os
brasileiros, principalmente do Nordeste, de onde ele veio, trazem no
coração. Traz o compositor para o disco toda a força das lembranças que
vieram com ele do sertão e também das injustiças quem viu e sofreu.
(SIPRIANO, p. 228, 2019).
Quando João diz que tem vários colegas, que muitos deles hoje são
doutô, apesar de ele não ter estudado, essa reflexão que ele faz estão muito vivas
na história que conta. Sua cidade apesar de já ter feito muito pela educação, aquele
dia que lhe tiraram da escola jamais será esquecida. Porque João foi escolhido? Por
ser pobre, filho de camponeses? A discriminação de raça, continua muito viva no
meio da humanidade, em pleno século XXI, a era contemporânea as pessoas fazem
questão de humilhar em frente das câmeras, apesar de João do Vale combater tudo
isso em suas músicas (Paschoal, p. 70, 2000).
Essa música foi gravada em 1965 por João do Vale, (LP cinco na bossa,
Philips,) foi gravado também por Nara Leão, e Chico Buarque gravou em 1994, pela
BMG-Ariola, LP e CD. Zeca baleiro fala sobre João do Vale, sobre a importância da
música Minha História, ganhando destaque na MPB. João ocupou espaço por muito
tempo na Música Popular Brasileira sendo uma das referências para o Maranhão.
Esse legando está viva e continuando com essa nova geração.
A sua poesia lhe torna grande, por abordar boa parte dos acontecimentos
ocorridos nas assolas, ocorrem com mais frequências com os mais necessitados.
Sua música não é mais só sua, é de todos homens e mulheres, que saem de sua
terra de origem, em busca de emprego em outro lugar para poder sobreviver. Em
suas músicas, ele pega de tudo que atinge os nordestinos principalmente a seca. A
sua preocupação não é mais consigo, mais sim com Mané, Pedro e Romão, esses
seus colegas nunca estudaram, e também não sabem fazer o Baião.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
OLIVEIRA, Silva Andréia. João do Vale: mais coragem do que Homem. EDUFMA
Editora da UFMA, (Universidade Federal do Maranhão). São Luís – MA, 1998.
PASCHOAL, Marcio. Pisa na fulô, mas não maltrata o carcará – Vida e Obra do
Compositor João do Vale, o Poeta do Povo. Lumiar Editora, Cascadura – RJ, 2000.
QUADROS JÚNIOR, João Fortunato Soares de. Música Brasileira [e-book]. São
Luís: UEMA; UEMANet, 2019.
RUFINO, Márcio Ulisses de Lima; COSTA, Judas Tadeu de Medeiros; SILVA,
Valdeline Atanasio; ANDRADE, Laise de Holanda Cavalcanti. Conhecimento e uso
do Ouricuri (Syagruscoronata) e do babaçu (Orbignya pfalerata) em Buíque.
PE, Brasil. Publicado em 10 de fevereiro 2009. Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/abb/a/FM8f4RN6V9kBmbjNXdmzRqh/?lang=pt#> Acessado
em 08/11/2021.
SILVA, Claudeci Ribeiro da. Representações do feminino no forró do nordeste.
Anais XII CONAGES. Campina Grande: Realize Editora, 2016. Disponível em:
<https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/18684>. Acesso em: 16/11/2021.
Arapuá esperando
Oricuri madurecer
Catingueira fulorando
Sertanejo esperando chover
A lua é clara
O sol tem rastro vermelho
É o mar tem um grande espelho
Onde os dois vão se mirar
Rosa amarela quando murcha perde o cheiro
O amor é bandoleiro
Pode inté custar dinheiro
É fulô que não tem cheiro
E todo mundo quer cheirar
Todo mundo quer cheirar, olá, rá, viu
Todo mundo quer cheirar...
MINHA HISTÓRIA
(João do Vale e Raimundo Evangelista)
Eu vendia pirulito
Arroz-doce mungunzá
Enquanto eu ia vender doce
Meus colegas iam estudar
A minha mãe tão pobrezinha
Não podia me educar
Um dia desse
Fui dançar lá em Pedreiras
Na Rua da Golada
Gostei da brincadeira
Zé Caxangá era o tocado
Mais só tocava
Pisa na fulô[...]
CARCARÁ
(João do Vale e José Cândido)
Carcará Lá no sertão
É um bicho que avoa que nem avião
É um pássaro malvado
Tem um bico volteado
Que nem avião
Carcará
Quando vê roça queimada
Sai voando e cantando
Carcará
Vai fazer sua caçada
Come inté cobra queimada[...]