Você está na página 1de 3

Questões de Filosofia Analítica Contemporânea I

2023-1
Professor: Ulysses Pinheiro
quinta-feira, das 10:00h às 13:00h

Programa do curso: O objetivo do curso é refletir sobre a situação da filosofia analítica


contemporânea a partir de elementos extrínsecos a essa tradição do pensamento. Se é
verdade que a contraposição radical entre filosofia analítica e filosofia continental, que
perpassou todo o século XX, tem sido questionada mais recentemente, não deixa de ser
verdade que ela ainda indica uma distinção relevante nos dias atuais. Pretendemos
investigar a natureza dessa oposição entre os dois campos filosóficos – a qual se
caracteriza frequentemente pela ausência de diálogo e pela recusa mútua da
legitimidade teórica dos oponentes – a partir do modo como a filosofia dita
“continental” recebeu e se apropriou da obra de um dos fundadores da tradição analítica,
Ludwig Wittgenstein; para tanto, nos restringiremos ao exame de sua primeira obra
publicada, o Tractatus logico-philosophicus. Essa redução do escopo da nossa
investigação certamente afetará negativamente a generalidade das conclusões
eventualmente alcançadas, mas terá, por outro lado, o mérito de torná-las mais precisas.
Dessa forma, os primeiros elementos de uma genealogia desse conflito cultural entre
“analíticos” e “continentais” poderão ser estabelecidos de forma sólida. Menos do que
promover um diálogo – talvez, de fato, impossível – entre essas duas tradições
filosóficas, trata-se, neste estudo de recepção, de caracterizar a teoria do primeiro
Wittgenstein a partir de um ponto de vista a ela externo, procurando assim estabelecer,
por contraste, algumas de suas notas características.

Bibliografia primária:
WITTGENSTEIN, Ludwig. “Logisch-Philosophische Abhandlung”, in: Annalen der
Naturphilosophie. Leipzig: Reinhold Berger for Verlag Unesma G.m.b.H., 1921.
Volume XIV, parts 3/4, pp.185-262.
______. Tractatus Logico-Philosophicus. Tradução de Luiz Henrique Lopes do Santos.
São Paulo: EDUSP, 2010.
AGAMBEN, Giorgio. “O Eu, o olho, a voz”. In: A potência do pensamento. Tradução
de António Guerreiro. Lisboa: Relógio D’Água Editores, 2013 [La Potenza del
pensiero. Saggi e conferenze. Vicenza: Neri Pozza Editore, 2005].
BADIOU, Alain. L'antiphilosophie de Wittgenstein. Caen: Editions Nous, 2009.
BAKER, Nancy E. “Wittgenstein, Feminism, and the Exclusions of Philosophy”. In:
Feminist Interpretations of Ludwig Wittgenstein. Scheman, Naomi, and Peg
O’Connor (eds). Pennsylvania State University Press, 2002, p. 48-64.
BLANCHOT, Maurice. “Le problème de Wittgenstein”. In: L’Entretien infini. Paris:
Gallimard, 1969.
LACAN, Jacques. O seminário. Livro 17: o avesso da psicanálise. 1969-1970. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Editora, 1992. [Le Séminaire de Jacques Lacan. Livre XVII:
L’envers de la psychanalyse. Paris: Éditions du Seuil, 1991].
LARUELLE, François. Principes de la non-philosophie. Paris: Presses Universitaires
de France, 1996 [Principles of non-philosophy. Translated by Nicola Rubczak and
Anthony Paul Smith. Bloomsbury Publishing Plc, 2013].
LEE, Wendy Lynne. “Wittgensteinian Vision(s) and ‘Passionate Detachements’: A
Queer Context for a Situated Episteme”. In: Feminist Interpretations of Ludwig
Wittgenstein. Scheman, Naomi, and Peg O’Connor (eds). Pennsylvania State
University Press, 2002, p. 367-389.
MCCUTCHEON, Felicity. “Wittgenstein's Philosophical Ambition”. In: Religion
within the Limits of Language Alone: Wittgenstein on Philosophy and Religion.
Routledge, 2016, p. 1-28.
MILNER Jean-Claude. “Da linguística à linguisteria”. In: Lacan, o escrito, a imagem.
Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2016, p. 35-52. [Lacan: l'écrit et l'image. Paris:
Flammarion, 2000].
STONE, Martin. “Wittgenstein on deconstruction”. In: The New Wittgenstein. Edited by
Alice Crary and Rupert Read. London: Routledge, 2000, p. 83-117.

Bibliografia secundária:
AGAMBEN, Giorgio. “Infância e história.”. In: Infância e história. Ensaio sobre a
destruição da experiência. Tradução de Henrique Burigo. Belo Horizonte: Editora
UFMG, 2005. [Infanzia e storia. Distruzione dell’esperienza e origine dela storia.
Torino: Giulio Einaudi, 1978].
APPELQVIST, Hanne (ed.). Wittgenstein and the Limits of Language. New York and
London: Routledge. 2020.
CUTER, João Vergílio Gallerani. “Uma leitura estruturante do Tractatus”. Revista
Guairacá. Volume 30 nº 1 – 2014, p. 67-80.
GURGEL, Diogo de França; GURGEL, Patricia Palombini de Alencar. “Wittgenstein
por Lacan: considerações sobre a concepção de fato”. Ágora: Estudos em Teoria
Psicanalítica. Rio de Janeiro, v. XXIII n.2 maio/agosto 2020, p. 61-70.
MARQUES, Edgar. “A crítica de Carnap ao argumento de Wittgenstein contra a
possibilidade de uma metalinguagem”. Síntese Nova Fase, Belo Horizonte, v. 24, n.
77, 1997, p. 225-250.
MARTINS, Helena. “A escrita poética de Wittgenstein, sua tradução”. In: Revista
Brasileira de Literatura Comparada, n.19, 2011, p. 109-125.
MILNER Jean-Claude. L’amour de la langue. Paris: Éditions du Seuil, 1978.
OLIVEIRA, Cláudio. “Mística e linguagem em Giorgio Agamben”. In: Neoplatonismo,
mística e linguagem. Org. por Marcus Reis Pinheiro e Celso Martins Azar Filho.
Niterói: Editora da UFF, 2013.
SANTOS, Luiz Henrique Lopes dos. “Sobre Merleau-Ponty, Husserl, Wittgenstein:
fenomenologia e dogmatismo”. Discurso, v. 51, n. 1, 2021, p. 31-40.
STATEN, Henry. Wittgenstein and Derrida. University of Nebraska Press, 1984.

Você também pode gostar