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Apostila de Ballet

O Ballet Clássico surgiu, no século XV, na corte italiana, onde era chamado simplesmente de
balleto, que significa bailar. A primeira apresentação do balleto que se tem registro ocorreu em
1489, na comemoração do casamento do Duque de Milão com Isabel de Árgon. Nessa época,
os nobres italianos divertiam-se e entretinham seus convidados com apresentações de balleto
e com sessões de poesia, música e mímica. E até mesmo nos eventos mais simples, a dança
era praticada necessariamente com figurinos elegantes, com cenários pomposos e com
vestimentas pesadas e volumosas. Um dos grandes artistas responsáveis pela criação dos
trajes e dos cenários do balleto foi Leonardo da Vinci (outra das façanhas do mestre
renascentista!).

Vale a pena destacar que para a nobreza italiana do século XVI era essencial saber dançar.
Essa atividade fazia parte de sua educação e era vista como parte integrante da socialização
na corte. Dessa forma, surgiram os primeiros professores de dança, que viajavam por diversas
regiões ensinando essa arte para os nobres que queriam fazer bonito em eventos públicos e
privados.
Das terras italianas, a dança partiu para a França no início do século XVII. Foi na corte de
Henrique IV que a modalidade ganharia maior destaque e seu nome definitivo – ballet. Quem
levou o balleto/ballet para a França foi a princesa florentina Maria de Médice. Ao se casar com
o rei Henrique IV, em 1600, ela disseminou a prática dançante de sua região para a corte
francesa. Rapidamente, os nobres franceses incorporaram aquela arte à sua rotina e aos seus
eventos sociais.

Ao longo do século XVI, a corte francesa valorizou cada vez mais esta dança e a aprimorou. No
território francês, o auge do ballet se deu no reinado de Luís XIV. O monarca era um amante
inveterado do ballet. Ele começou a praticar a modalidade muito cedo, ainda criança. Aos doze
anos, já rei da França (posto ocupado desde os cinco anos), Luís XIV fez sua primeira
apresentação dançante nos salões da nobreza. Em seus espetáculos, o rei fazia questão de
representar papéis de deuses ou de personagens míticos poderosos. Depois de uma
apresentação que durou doze horas e de suas belas atuações no Baile de la Nuit, ele ganhou a
alcunha de “Rei do Sol”. Em 1661, Luís XIV fundou a Academia Real de Ballet e, em 1669, a
Escola Nacional do Ballet.

Na França, o ballet cresceu muito mais do que na Itália. Exatamente por isso, muitos dos
termos que usamos até hoje são franceses (e não italianos) e são originários daquela época. O
professor Charles-Louis-Pierre de Beauchamp, diretor da Academia Real de Ballet, foi o
responsável pela criação das cinco posições básicas do Ballet Clássico e pela elaboração de
uma codificação da dança clássica, elementos praticados pelos dançarinos atuais. Não à toa,
Pierre Beauchamp é considerado o primeiro grande mestre do Ballet Clássico.

Foi só no fim do século XVII que a Escola de Dança passou a formar as primeiras bailarinas
mulheres. Até então, o ballet era restrito ao universo masculino. Por mais difícil que seja
imaginar algo assim aos olhos das pessoas do século XXI, não se aceitavam, nos primórdios,
dançarinas do sexo feminino nas aulas e nos espetáculos desta modalidade. Nas
apresentações de ballet, os homens faziam tanto os papéis masculinos quanto os femininos.

Os figurinos dessa época eram pesados, com estruturas que não ajudavam na execução dos
movimentos. As sapatilhas eram pesadas, com pontas de metal para possibilitar que os
bailarinos ficassem na ponta dos pés. Marie Camargo foi uma bailarina famosa e inovadora
em seu tempo. Em uma ousadia ímpar, ela fez uma apresentação de ballet encurtando as
saias e usando sapatilhas bem mais leves. Assim, deixou que seus movimentos, piruetas e
saltos pudessem aparecer com muito mais clareza e desenvoltura para o grande público. As
novidades trazidas por Marie Camargo foram incorporadas ao ballet e com o tempo se
tornaram o novo padrão dessa dança.

Os tempos de glória do ballet na França duraram até 1830. Após a Revolução de Julho de
1830, esse estilo entrou em acentuado declínio. Contudo, na Itália, na Dinamarca e,
principalmente, na Rússia, ele continuou sendo aprimorado. Como se desenvolveu, a partir de
então, em vários países, mesmo tendo como base conceitual a escola francesa, o ballet
ganhou algumas características peculiares em cada região praticada. Assim, originaram-se os
estilos diferentes que conhecemos hoje.

A dança típica da nobreza europeia chegou à Rússia, um dos grandes palcos históricos do
ballet, apenas no século XVIII. A iniciativa foi do Czar Pedro, o Grande. Interessado em
modernizar o país, até então muito isolado e atrasado, ele promoveu uma “ocidentalização” da
corte russa e incorporou práticas culturais da França, Itália, Alemanha e Inglaterra. O ballet veio
a reboque de outras práticas típicas da nobreza europeia. Contudo, coube a Czarina Anna
Ivanova, sucessora de Pedro, o Grande, o mérito de fundar a primeira escola de ballet na
Rússia, em 1738. Inicia-se, a partir daí, uma nova fase dessa modalidade.

O francês Marius Petipa, que se instalara, em 1847, em São Petersburgo, então capital do
Império russo, foi o responsável por promover importantes inovações para o ballet russo. Ele
criou coreografias mais complexas e desenvolveu espetáculos mais longos. Foi, a partir de sua
parceria com o compositor Piotr Ilitch Tchaikovsky, que nasceram três dos mais famosos
espetáculos de ballet de todos os tempos: o “Quebra-nozes”, o “Lago dos Cisnes” e a “Bela
Adormecida”. Mesmo tendo feito muito sucesso e sendo um nome histórico do Ballet Clássico,
no final da sua carreira, Petipa era considerado ultrapassado e um tanto antiquado.

No século XX, o responsável por trazer novos ares ao ballet foi o russo Serge Diaghilev. Ele
inaugurou um novo período do Ballet Clássico ao criar sua própria companhia de dança e por
desenvolver a Escola Russa de Ballet. Foi Diaghilev quem abriu espaço para grandes nomes
do ballet como Anna Pavlova, Tamara Karsaviana e Vaslav Nijinsky. Com uma técnica
apurada e a busca incessante pela perfeição, essa escola iria se espalhar, mais tarde, pelos
Estados Unidos e pela Inglaterra.

Nascida no século XVIII, em Moscou, a Academia de Ballet Bolshoi, considerada a principal


companhia de ballet da Rússia, se tornou referência mundial no início do século XX. Com
espetáculos encenados no Teatro Bolshoi, o templo internacional dessa modalidade, a escola
moscovita passou a representar o que há de melhor no ballet. Não é errado afirmar que Serge
Diaghilev e Academia de Ballet Bolshoi foram os responsáveis por elevar a qualidade do ballet
russo e de espalhá-lo para as demais regiões do planeta, entre elas a América Latina.

No Brasil, a primeira apresentação de Ballet Clássico ocorreu, em 1813, no Rio de Janeiro. O


espetáculo foi encenado para a família real portuguesa e para os nobres luso-brasileiros.
Lembremos que, em 1808, a corte do príncipe regente D. João VI precisou fugir da Europa
(invasões napoleônicas) e veio se abrigar em terras cariocas. Familiarizados com o ballet em
sua terra natal, os nobres lusitanos já conheciam esse tipo de dança, uma novidade apenas
para os brasileiros.

No século XX, o ballet brasileiro foi influenciado mais pelo ballet russo do que pelo francês. As
companhias de Serge Diaghilev e Anna Pavlova, por exemplo, ajudaram no desenvolvimento
da dança em nosso país. O estilo russo moldou a técnica de nossas escolas e das nossas
principais dançarinas, como Dalal Achcar, Márcia Haydée e Ana Botafogo.
O Ballet Clássico é a modalidade mais tradicional do Ballet. Sua técnica é altamente acadêmica
e muito metódica. Dentro desse estilo, temos a escola francesa, a italiana e a russa, por
exemplo. Essa distinção regional faz com que o ballet possua algumas variações de país para
país. podem ser ignoradas.

- A origem do ballet e sua identidade com a cultura brasileira

O ballet nasceu na Itália, na Idade Média, originado especialmente das grandes procissões do
Teatro Popular Religioso e de uma dança coral chamada “mourisca”, mas com influência
também de diversas outras manifestações populares medievais. Entre os séculos XIV e XV,
constata-se uma releitura dessas procissões, adotadas pela casta emergente que, desejando
legitimar sua hegemonia, reproduzia o ritual praticado pelos imperadores da Roma Antiga, ao
encenar impressionantes desfiles que simbolizavam o retorno triunfal dos campos de batalha.

O Carnaval

Outras possíveis influências para o desenvolvimento do ballet podem ser buscadas nas festas
romanas e no Carnaval, persistentes durante toda a Idade Média.

Se alargarmos nosso olhar para os desfiles das Escolas de Samba veremos que eles também
remontam às influências mencionadas, desde os carros alegóricos à simbologia das
representações, dramatizações acompanhadas de música e percussão e, finalmente, o casal
de Mestre-sala e Porta-bandeira que, vestidos à maneira da corte, executam uma dança
codificada, coreografia visivelmente influenciada pelo minueto e a contradança que a originou.

Em 1725, o maître de ballet Pierre Rameau escreveu a significativa obra Le maître a danser, na
qual fixava as normas para a dança acadêmica. Aqui também era visível, como já
mencionamos, a linha tênue que separava o ballet do baile da corte. No entanto, os bailarinos
continuavam tolhidos por cabeleiras, máscaras, chapéus, casacas e sapatos de salto alto que
lhes dificultavam os movimentos. Um segundo Rameau, no caso Jean-Pierre, irmão de Pierre,
criou a ópera-ballet Les Indes Galantes (1735), sendo um dos primeiros a ter o exotismo2 como
inspiração. Surgiram, posteriormente, outras ambientações exóticas, enquanto iniciava-se a
reação contra o excesso de adereços e roupas pesadas, em prol de uma maior expressão, sem
contudo deixar de lado o apuro técnico. Na cena, a presença do corpo de baile seria de fundo
plástico para a dança. Fora isso, homens e mulheres começam a dividir os palcos, colhendo os
louros entre platéia e crítica.

Tradição e identidade

A todos esses hábitos, o historiador inglês nomeou ‘’tradição inventada”


invariável, caracterizando-se pela menção ao passado, mesmo que apenas pela imposição da
repetição, tal como sucede às nossas danças folclóricas. O Brasil possui a tão propalada
mistura de raças, culturas e etnias, do mesmo modo que, na Europa ocidental, não existe
nenhuma nação formada apenas de um único povo, cultura ou etnia, razão pela qual nas
grandes cidades europeias convivem monumentos de diversos estilos, como uma mesquita
árabe em harmonia com uma catedral gótica e um teatro barroco.

Entrelaçamento

É senso comum afirmar que o gestual foi a primeira forma de comunicação do homem e,  a
dança, sua primeira forma de expressão - invocativa ou evocativa, essencialmente grupal. Com
o passar do tempo, a função desta dança mudou ou, melhor dizendo, se diversificou, se
enriqueceu. Acreditamos que o ballet praticado no Brasil, nos dias de hoje e em todo o
mundo, é fruto do entrelaçamento de várias culturas e que são esses hibridismos culturais que
o enriquecem, acrescentam, atualizam e o mantêm vivo. Desse modo, constatamos que, as
mouriscas, base do ballet, serviram de base a vários de nossos folguedos e danças
populares, nossas manifestações mais autênticas.

Século XV

No século XV, as danças, inicialmente surgidas de manifestações populares


livres, improvisadas, pouco a pouco iam sendo absorvidas pelas classes sociais
dominantes. Os ideais renascentistas já haviam começado a se manifestar há
aproximadamente um século e, com as novas concepções, surgiram os primeiros tratados de
dança.

Aos três movimentos acidentais chamou: scorza

Em 1455, Antonio Cornazano escreveu o Libro sull’arte del dansare , fazendo distinção entre


dança popular e dança aristocrática ou arte, explicando que a última era construída a partir de
variantes em torno de uma fábula ou enredo, denominando-a ballet.

Pavane na corte de Henrique III, 1550

Em 1575, mais dois maestros judeus, Azziz e Jalomacis, recebem autorização do papa para


ensinar canto e dança. Em 1577, o italiano Fabritio Caroso da Sermoneta, ele próprio um
dançarino profissional, lançou um manual de dança Il Ballarino.

Beaujoyeulx concebeu seu ballet como uma obra de arte completa, na qual se misturavam
harmoniosamente a dança, a música, a poesia e o teatro. Mesmo com o desenvolvimento e
estabelecimento desse sistema de dança, percebemos uma fronteira muito tênue entre ballet e
baile, que se faz perceptível em Pierre Rameau, na obra El maestro de danza.

Embora essa exposição possa parecer hermética à primeira vista, essa preocupação


pedagógica de Thoinot Arbeau enfatiza a importância da musicalidade em um dançarino e a
dependência estabelecida entre dança e música. A progressão de ritmo livre como existia no
canto gregoriano, por exemplo, para um ritmo marcado, provavelmente ocorreu em virtude da
marcação dos passos de dança e de sua cadência regularmente recorrente.

Século XVII

Giovanni Battista Lully, para quem a criação da Academie Royale de la Danse, em 1661, foi ao


encontro de suas aspirações de unificar música e dança com a criação de uma escola.

A revolução feminina

O primeiro ballet a permitir a participação de mulheres foi Le Triomphe de l’Amour, em


1681. Les Indes Galantes, trata-se, na verdade, de um ballet
d’entrée, dividido, inicialmente, em 3 entradas. Dado ao sucesso, posteriormente, o ballet foi
acrescido de uma outra entrée, um drama ambientado na selva americana, onde a principal
figura é uma jovem que vive segundo os preceitos sugeridos por Rousseau .

Marie Sallé

Outra Maria, a Camargo , imortalizou-se pela inovação quanto aos sapatos. Camargo tornou-se


famosa pela técnica brilhante e ligeira, caracterizando a elevação – razão pela qual necessitava
de sapatos que lhe permitissem saltar mais.

La Camargo gavotas, os rigodões, os tambourins, as loures, tudo quanto se considere como


grandes aires. Ainda segundo Salazar, Camargo foi a primeira que se atreveu a encurtar sua
túnica, o que causou escândalo público.

Em meio a essa cena, surgiu Jean-Georges

Noverre , bailarino, coreógrafo e mestre, que propôs o «ballet d’action», apresentando uma


seqüência argumentativa de temas, todos relacionados entre si, usados em defesa de seu
conceito de action, visto por ele como a única forma cabível de entendermos o ballet. O grande
mestre Noverre, hoje conhecido como «o pai da dança moderna», pretendia que a dança
primasse pela expressividade. Trata-se de um salto dos mais complexos da técnica do
ballet, quando as duas pernas, ao iniciar o salto, executam pequenos círculos no
ar, simultaneamente, para os lados. Atualmente as bailarinas vêm negligenciando o apuro dos
allegros e movimentos como este estão sendo substituídos por outros de menor grau de
dificuldade – ou por considerarem, como Camargo, não serem tão apropriados à técnica
feminina.

Jean-Georges Noverre o sentido relacional entre corpo e alma, sentimento e


razão, defendendo uma ampla reforma do ballet, pretendendo, principalmente, libertá-lo do que
chamou de divertissements. Noverre relaciona a dança à pintura, colocando-a no campo da
visualidade.

Mesmo que as idéias de Noverre tenham sido defendidas amplamente por outros renomados
artistas como Carlo Blasis e Salvatore Vigano, elas não foram bem aceitas por serem
consideradas revolucionárias, o que o fez sair da França para organizar os teatros da corte
vienense, a convite da Imperatriz Maria Teresa. De volta à França, lecionou dança por sete
anos à Maria Antonieta, retirando-se definitivamente para escrever Lettres sur la danse et sur le
ballet. Ainda como nos mostra a autora Marianna Monteiro , se a dança era um simples fetiche
da corte, certamente o era pelo fato de atender ao gosto rebuscado da época.

Mudanças de perspectivas

Para melhor entendermos essas mudanças, devemos verificar as transformações que


ocorreram desde o momento em que a dança passou a ser praticada nos teatros, saindo dos
salões para ser assistida por um público muito maior, afirmando-se profissionalmente como
produção artística. Para acentuar esta linha dinâmica e possibilitar atingir o espectador, a
dança começou a elevar os braços, posteriormente as pernas e, por fim, todo o corpo. Foi o
início da cena como caixa de perspectiva, separando artistas e audiência com a criação do
palco italiano.

História da dança e do ballet. O palco italiano é um espaço retangular em forma de


caixa, fechado nos três lados e aberto na parte anterior, formando uma quarta parede frontal
visível ao público através da boca de cena. Possui também um espaço à frente da boca de
cena, chamado proscênio. O palco italiano dividiu com o palco elisabetano a preferência no
teatro brasileiro.

A arena é um espaço coberto ou não, com um palco abaixo do nível da plateia, que o envolve


totalmente.

Século XV
No século XV, as danças, inicialmente surgidas de manifestações populares
livres, improvisadas, pouco a pouco iam sendo absorvidas pelas classes sociais
dominantes. Os ideais renascentistas já haviam começado a se manifestar há
aproximadamente um século e, com as novas concepções, surgiram os primeiros tratados de
dança.

Aos três movimentos acidentais chamou: scorza

Em 1455, Antonio Cornazano escreveu o Libro sull’arte del dansare , fazendo distinção entre


dança popular e dança aristocrática ou arte, explicando que a última era construída a partir de
variantes em torno de uma fábula ou enredo, denominando-a ballet.

Pavane na corte de Henrique III, 1550

Em 1575, mais dois maestros judeus, Azziz e Jalomacis, recebem autorização do papa para


ensinar canto e dança. Em 1577, o italiano Fabritio Caroso da Sermoneta, ele próprio um
dançarino profissional, lançou um manual de dança Il Ballarino.

Beaujoyeulx concebeu seu ballet como uma obra de arte completa, na qual se misturavam
harmoniosamente a dança, a música, a poesia e o teatro. Mesmo com o desenvolvimento e
estabelecimento desse sistema de dança, percebemos uma fronteira muito tênue entre ballet e
baile, que se faz perceptível em Pierre Rameau, na obra El maestro de danza.

Embora essa exposição possa parecer hermética à primeira vista, essa preocupação


pedagógica de Thoinot Arbeau enfatiza a importância da musicalidade em um dançarino e a
dependência estabelecida entre dança e música. A progressão de ritmo livre como existia no
canto gregoriano, por exemplo, para um ritmo marcado, provavelmente ocorreu em virtude da
marcação dos passos de dança e de sua cadência regularmente recorrente.

Século XVII

Giovanni Battista Lully, para quem a criação da Academie Royale de la Danse, em 1661, foi ao


encontro de suas aspirações de unificar música e dança com a criação de uma escola.

Os princípios técnicos teorizados por


Pierre Beauchamps no século XVII seguiram com outros maîtres que formaram bailarinos cujo
preparo técnico atingiu alto nível no século XIX. Um dos grandes méritos da Academia foi
preservar a terminologia, sempre em francês, que permanece até os dias de hoje. Em 1797
nasceu Carlo Blasis, natural de Nápoles que, retirando-se cedo dos palcos passou a dedicar-se
ao primeiro tratado de dança, lançado em 1820. Terpsicore, no qual propôs modificações nas
regras acadêmicas e ângulos mais estéticos, enfatizou o épaulement e introduziu a barra como
elemento auxiliar nos exercícios preliminares da aula.

A partir daí a sapatilha reforçada na ponta passou a fazer parte da dança acadêmica
feminina. Entretanto, os ballets românticos não tratavam apenas de assuntos sobrenaturais.

Tais instruções apenas reforçaram conceitos colhidos de antigos mestres como


Pécour, Vestris, Dauberval, Perrot, Taglioni, Petipa, alicerçando as tradicionais bases do ballet
no método da «Royal Academy of Dancing».

Rússia

O ballet chegou mais tarde à Rússia do que ao resto da Europa. A Escola de Ballet de São
Petersgurgo, hoje Academia Vaganova de Dança, foi fundada em 1738 pela imperatriz Anna
Ivanovna e, segundo Caminada, a chegada de Enrico Cecchetti à Rússia, em 1877, foi de
grande importância à criação de um método no país, pois Marius Petipa6 percebeu a
necessidade de incorporar o estilo do mestre italiano para não correr o risco de ser preterido
pelo recém-chegado. Os principais livros sobre a história da dança mencionam «a era
Petipa», tal sua importância. « Com Petipa a dança pura prevalesceu, assim como o
virtuosismo dos principais protagonistas. »

Enrico Cecchetti Marius Petipa

Petipa tornou-se o principal coreógrafo do Ballet Imperial e foi imortalizado com criações como
A Bela Adormecida e O Lago dos Cisnes, sendo este coreografado em parceria com Lev
Ivanov. Nota-se também que, nesta ocasião, a dança masculina recebeu melhor tratamento do
que no período romântico.

Passado o tempo, surgiu a companhia Ballets

As estrelas do Ballets Russes revitalizaram o ballet no mundo inteiro. Ninette de Valois foi uma
das fundadoras do ballet britânico.

1959, viria a dirigir o Ballet Nacional de Cuba, ao lado do marido, Fernando Alonso.

Desses tratados até o completo sistema elaborado por Rudolf Laban, o Stepanov, criador de
um método também de notação utilizado na Rússia, a dança acadêmica vem percorrendo um
longo caminho. Desde sua criação, como já observamos, tratadistas de dança deram início ao
processo de sistematização da dança cortesã.

As cinco posições

Nas grandes companhias de ballet, a utilização do vídeo não é prática rotineira para a
remontagem de clássicos de repertório, podendo ser utilizado como recurso adicional, para
esclarecer uma ou outra dúvida, mas não substituindo a figura do remontador, o profissional
capaz de zelar pela manutenção do estilo da obra. Da terminologia do século XV os termos
referentes aos movimentos e passos utilizados nos bailes estão imbricados aos termos
que, hoje, pertencem à terminologia universal do ballet. Os tratados mencionam o branle, por
exemplo, passo utilizado em dança do mesmo nome, cuja utilização refere-se apenas à
dançacortesã,  enquanto, simultaneamente, classifica o capriole, hoje cabriole.

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