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Ponto dos Concursos

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ADMINISTRAÇÃO GERAL E PÚBLICA
ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE – CGU
PROFESSOR EDUARDO FÁVERO

AULA 3
Olá pessoal!
Como estão vocês? Animados com a proximidade da prova? Mantenham o ritmo de
estudo que vocês terão sucesso! É importante manter o fôlego e dar tudo de si nesta reta final!
Vocês serão os futuros Analistas de Finanças e Controle da CGU! Uma das melhores carreiras do
Poder Executivo, com atribuições bem definidas e bastante reconhecimento. Por isso, força total!
Hoje iremos tratar de assuntos vitais para nossa prova. Veremos a evolução da
administração pública no Brasil, que costuma cair sempre nas provas da ESAF, assim como os
tópicos de governabilidade, governança e intermediação de interesses.
Antes de começar, vamos resolver duas questões para aquecermos os motores,
referentes a assuntos tratados nas aulas anteriores.
Questão 1 – (ESAF/CGU2004) Ao longo de sua história, a administração pública
assume formatos diferentes, sendo os mais característicos o patrimonialista, o burocrático e o
gerencial. Assinale a opção que indica corretamente a descrição das características da
administração pública feita no texto a seguir.
O governo caracteriza-se pela interpermeabilidade dos patrimônios público e privado, o nepotismo
e o clientelismo. A partir dos processos de democratização, institui-se uma administração que
usa, como instrumentos, os princípios de um serviço público profissional e de um sistema
administrativo impessoal, formal e racional.

a) Patrimonialista e gerencial
b) Patrimonialista e burocrático
c) Burocrático e gerencial
d) Patrimonialista, burocrático e gerencial
e) Burocrático

Resolução: A questão trata de forma simples e direta a transição do modelo


patrimonialista de administração pública, que possui como características principais a “confusão”
entre o patrimônio público e o privado, a corrupção e o nepotismo, para o modelo burocrático,
onde a formalidade, a impessoalidade, o princípio do mérito, do profissionalismo, da
especialização, procuram substituir a forma patrimonialista de se administrar o Estado. A
alternativa correta está na letra “B”.

Questão 2 (ESAF-CGU2004) - Weber estudou as organizações que surgiram após a


revolução industrial e a formação do Estado, identificando características que eram comuns e
tipos de autoridade. Indique a opção que apresenta corretamente características do tipo ideal de
burocracia de Weber.
a) Excesso de regulamentos e valorização da hierarquia.
b) Competência técnica e dominação tradicional.
c) Dominação legal e carismática.
d) Impessoalidade e profissionalismo.
e) Mecanismo e racionalidade legal.

Resolução: A alternativa “a” aborda uma disfunção da burocracia, ou seja, o excesso


de regulamentos acaba travando o processo, transformando as normas em um fim em si mesmo,

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esquecendo-se dos objetivos da organização. Da mesma forma, a excessiva valorização da


hierarquia anula a flexibilidade, característica essencial das organizações do mundo moderno, que
precisam se adaptar às mudanças da atualidade a fim de atenderem às demandas de seus
clientes que, no caso da administração pública, são os cidadãos.
Competência técnica advém do princípio da especialização e da profissionalização do
servidor público. Estaria correta se não fosse a questão da dominação tradicional. Esta se
especifica por encontrar legitimidade na validade das ordenações e poderes de mando herdadas
pela tradição. Não é o caso do modelo burocrático, baseado na dominação racional-legal, isto é,
num conjunto abstrato de regras a serem aplicados em casos concretos. Logo, a alternativa “b”
está descartada.
A dominação carismática se especifica por encontrar legitimidade no fato de que a
obediência dos dominados é devido ao carisma, qualidade extraordinária de uma personalidade
considerada quase sobrenatural, de seu portador. Novamente, não é o caso do modelo
burocrático, baseado na dominação racional-legal. A alternativa “c”não é a correta.
A impessoalidade e o profissionalismo, juntamente com a formalidade, mérito,
hierarquia, divisão do trabalho e separação da propriedade são as características ideais da
burocracia para Weber. A alternativa correta está na letra “D”.
Poderíamos ficar em dúvida quanto à alternativa “e”, mas lembrem-se de que na prova
da ESAF temos que marcar a mais certa ou a menos errada. E esse é o caso. O modelo
burocrático também se caracteriza pela racionalidade, isto é, a otimização do uso dos recursos
existentes, dos meios, para se alcançar os objetivos, os fins da organização. E essa racionalidade
deve ser legal, baseada no estatuto, na lei. A palavra “mecanismo” é que atrapalha nessa
alternativa. O que a ESAF quis dizer como isso? Mecanismo legal? Só mecanismo? Weber nunca
mencionou mecanismo nem mecanismo legal como uma das características do tipo ideal de
burocracia. Como a letra “d” estava perfeita, e foi o gabarito oficial, abandonemos a “e”. É assim
que a gente faz prova! Não fiquem se torturando e perdendo tempo na hora da prova tentando
descobrir o que a banca quis dizer numa alternativa se vocês já acharam outra que responde
perfeitamente a questão.

Questão 3 (ESAF-CGU2006) Após a II Guerra Mundial até o final da década de 70,


o Estado acumula diferentes funções com atuação em três dimensões: econômica, social e
administrativa. Assinale a opção que identifica corretamente a dimensão administrativa.
a) A dimensão administrativa do Estado se baseia na impessoalidade, neutralidade e
racionalidade do aparelho governamental.
b) A dimensão administrativa do Estado se baseia na produção de políticas públicas
nas áreas de educação, saúde, habitação.
c) A dimensão administrativa do Estado se baseia no modelo burocrático de geração
de emprego e renda.
d) A dimensão administrativa do Estado se baseia em políticas que subsidiem o
crescimento econômico.
e) A dimensão administrativa do Estado se baseia na produção de bens e eqüidade
para a população.
Resolução: A alternativa correta está na letra “A”.
A questão trata das 3 dimensões em que o Estado atua: a econômica, a social e a
administrativa. A produção de políticas públicas nas áreas de educação, saúde, habitação,
geração de emprego e renda (o que também tem seus reflexos no campo econômico), eqüidade
para a população referem-se à área social. Já políticas que subsidiem o crescimento econômico e

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produção de bens referem-se à área econômica. A definição dessas políticas cabe ao núcleo
estratégico do Estado, o governo, que exerce a função política ou de governo. Sobrou a opção “a”
para a área administrativa, que se baseia nas características positivas do sistema burocrático,
devendo também incorporar elementos do modelo gerencial, apesar de que estes não foram
abordados pela questão.
Passemos agora ao assunto da aula de hoje.

7 - EVOLUÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NO BRASIL: REFORMAS


ADMINISTRATIVAS, DIMENSÕES ESTRUTURAIS, PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS.

7.1 INTRODUÇÃO

A história administrativa do Brasil caracteriza-se por uma alternância pendular de


decisões sobre a organização da burocracia. Até 1930, a forma de administrar o estado era
totalmente patrimonialista, não havendo o mínimo interesse por parte dos governantes de se
instituir um modelo diferente, baseado em carreiras e que buscasse o profissionalização do
servidores públicos. Todavia, de lá para cá, houve momentos em que os elementos necessários à
constituição de uma burocracia que garantisse a qualidade e a continuidade das ações
governamentais estavam presentes. Tais requisitos consistiam, principalmente, no
estabelecimento de critérios institucionais e objetivos de aferição do mérito e de igualdade de
oportunidades para todos os cidadãos, no que se refere às formas de admissão ao serviço
público. Vamos analisar como se processou essa questão.

7.2 - A TENTATIVA DASPIANA E A REDEMOCRATIZAÇÃO

As primeiras tentativas de instituição de uma burocracia no Brasil seguem-se à


Revolução de 1930, num período em que o Governo, devido ao esgotamento do modelo de
Estado existente até então, percebe a necessidade de sua constituição, para o exercício do poder
público de forma eficiente. Isso também ocorreu porque o Governo passou a atuar em diversas
outras áreas, onde anteriormente não havia ainda atuado. Nessa época foram instituídos os
Ministérios da Educação e Saúde Pública e do Trabalho, Indústria e Comércio. Portanto, a
necessidade da instituição de uma burocracia advém, principalmente, do próprio crescimento da
complexidade da ação estatal. A atividade de elaboração e implementação de políticas públicas
começa a exigir maior especialização e profissionalismo. Por isso, a Constituição de 1934 é a
primeira a trazer um título específico para os funcionários públicos. A era Vargas, portanto, é
considerada o primeiro movimento reformista com vistas à modernização da administração
pública.
Tal modernização foi inspirada pelos princípios de administração de Taylor1 e Fayol2,
cuja finalidade era tornar mais eficiente os setores da administração de pessoal, materiais3,
orçamentária e conseguir uma maior racionalização administrativa. Desta forma, verifica-se que a
concepção adotada tinha como entendimento que a organização era um sistema fechado, não

1 Criador da Teoria da Administração Científica, que procurou padronizar os tempos e movimentos dos empregados,
a fim de melhorar a eficiência e evitar o deperdício.
2 Criador da Escola Clássica da Administração, que estabeleceu as funções clássicas da administração: planejamento,
organização, comando, coordenação e controle.
3 Criação da Comissão Permanente de Padronização (1930) e da Central de Compras (1931)

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considerando o ambiente externo/contextual.


Em 1936, o governo Vargas pretendeu introduzir no país, com vigor, o sistema do
mérito, confiando ao diplomata Maurício Nabuco, em 1936, o texto da proposta ao Congresso de
uma Lei de Reajustamento, inspirada no modelo meritocrático das carreiras do Civil Service
britânico e do serviço público francês, bem como na legislação norte-americana pertinente à Civil
Service Commission. Das refregas parlamentares sob pressão do antigo patrimonialismo político,
"political patronage" e do clientelismo/nepotismo, resultou a Lei nº 284, primeira lei clara a favor da
profissionalização e da organização do pessoal civil da União, a qual iniciou a sistematização do
Serviço Público Federal, com a criação do CONSELHO FEDERAL DO SERVIÇO PÚBLICO CIVIL,
primeiro órgão voltado especialmente para a gestão da função administrativa no Brasil.
Entretanto, a liderança do governo no Congresso tinha tido que negociar emendas
parlamentares e aceitar a solução "política",não prevista na proposição original, da adoção -
desde então historicamente consagrada na cultura do serviço público em nosso país - dos
quadros de cargos comissionados, de livre nomeação e demissão "ad nutum" por nossos
governantes federais, estaduais e municipais. Portanto, nessa ocasião, deu-se início ao processo
de classificação de cargos (separando os efetivos dos em comissão) e estabeleceu-se a grade de
remuneração dos cargos públicos, procurado disciplinar a administração de pessoal.
Com o advento do regime ditatorial em 1937 e à entrada em vigor do Decreto-Lei n.º
579, de 30/07/1938, o Conselho Federal do Serviço Público Civil deu origem ao
DEPARTAMENTO ADMINISTRATIVO DO SERVIÇO PÚBLICO – DASP4 – que avançou no
campo da sistematização das normas sobre pessoal civil: instituiu-se o concurso público (combate
ao nepotismo5), a estabilidade do servidor no cargo, a promoção por mérito ou tempo de serviço,
incentivo ao profissionalismo dos funcionários e adoção de normas e regras rígidas. O art. 1º do
referido decreto-lei estabelecia que “Fica criado, junto à Presidência da República, o
Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP) diretamente subordinado ao Presidente
da República.”No art. 2º estavam as competências do DASP, dentre as quais destaco:
“d) selecionar os candidatos aos cargos públicos federais, excetuados os das
Secretarias da Câmara dos Deputados e do Conselho Federal e os de magistério e da
magistratura;
e) promover a readaptação e o aperfeiçoamento dos funcionários civis da União;”
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: no Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado,
Bresser afirma, no item 3.1, 2º parágrafo, que “Com o objetivo de realizar a modernização
administrativa, foi criado o Departamento Administrativo do Serviço Público - DASP, em
1936.” Percebemos que isso não corresponde exatamente à realidade, pois o DASP foi
criado em 1938, com o DL579. Em 1936, foi criado o Conselho Federal do Serviço Público
Civil.
Adicionalmente, foram criadas estruturas de comissões e conselhos com o objetivo de
organizar setorialmente a gestão burocrática interna e auxiliar nas estruturas dos ministérios
recém-criados. Esta primeira tentativa de modernização que tem como marco criatório a criação
do DASP contribuiu para estabelecer na administração pública brasileira critérios weberianos de

4 Concebido pelo mesmo diplo mata Maurício Nabuco e pelo gaúcho Luis Simões Lopes, sendo este indicado por
Vargas para ser o primeiro diretor do DASP.
5 Distribuição de cargos e funções públicas para os parentes ou indicados do soberano. Em âmbito regional esse tipo
de administração é chamada de “coronelismo”.

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administração e profissionalização da burocracia público-estatal. O DASP simbolizava, portanto, o


espírito do período ditatorial: preocupação máxima com a eficiência e mínima com os fins últimos
perseguidos. Tutelada por essa instituição, a máquina burocrática fora levada a extremos de
racionalização, dentro dos critérios da chamada organização científica do trabalho
Podemos resumir a reforma dos anos 30 no seguinte quadro:
Contexto econômico e Brasil rural – sociedade oligárquica – Estado
social fragmentado
Idéias Reforma orçamentária e do serviço público
Problemas a enfrentar Erosão das bases oligárquicas do poder
Interesses Classes médias – setores industriais - militares
Empreendedores Maurício Nabuco e Luís Simões Lopes

O processo de redemocratização, empreendido a partir da queda do Estado Novo


(1945), levou a um desvirtuamento dos trabalhos até então desenvolvidos pelo DASP. Atendendo
a pressões do funcionalismo, a Constituição de 1946, no art. 23 do seu ADCT6, efetivou os
funcionários interinos e extranumerários, admitidos sem concurso público. Era o primeiro “trem da
alegria” ocorrido após a criação do DASP: a primeira grande tentativa de se profissionalizar a
administração pública brasileira não conseguira afastar toda uma tradição de se usar o serviço
público como moeda de troca no jogo político-partidário. O patrimonialismo continua presente.
A reação da burocracia se materializou em 1952, com a promulgação da Lei nº 1711,
que trazia o Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União. Tal estatuto passou a reger o
trabalho no setor público e o concurso público, mais uma vez, tornou-se a regra geral de
admissão. Percebam que, mais uma vez, que quem estava na Presidência da República era
Getúlio Vargas. Este procurou realizar algumas iniciativas de modernização administrativa, tais
como descentralização, fortalecimento administrativo, planejamento, coordenação, criação de
assessorias para a presidencia da república e reestruturação de ministérios. Todavia, tais medidas
não causaram os impactos esperados. Nessa época, o governo carecia de autonomia político-
administrativa devido aos interesses das elites capitalistas e empresariais, os quais influenciavam
fortemente o aparelho do Estado. Qualquer encaminhamento reformista dependia de acordos e
negociações políticas no Congresso Nacional. As dificuldades do presidente em negociar e
relacionar-se com os diversos grupos de interesse culminaram com a crise político-institucional
provocada pelo suicídio de Getúlio Vargas.
Em seguida, Juscelino Kubitschek, ao assumir o poder, identificou logo que a máquina
administrativa não era capaz de implementar as políticas públicas estabelecidas em seu “Plano de
Metas”. Percebeu, também, que não conseguiria alterar, por exigência de sua base político-
parlamentar, o perfil do serviço público, profissionalizando-o e retirando dele a influência político-
partidária. Para dar efetividade às suas políticas, institui, então, uma estrutura administrativa
paralela, os chamados Grupos Executivos. Desta forma, conseguiu imprimir um ritmo razoável na
implementação de seus planos, inaugurando a nova capital federal ainda dentro de seu mandato.
Todavia, no que se refere a reformas da administração, esse governo limitou-se a criar comissões
para estudos administrativos7 e ministérios e a tentar revitalizar o DASP, que havia deixado de ter
6 Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
7 Comissão de Estudos e Projetos Administrativos (simplificação de processos administrativos e reformas
ministeriais) e Comissão de Simplificação Burocrática (elaboração de projetos direcionados para reformas globais e
descentralização de serviços).

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o papel central na administração pública desde 1945. Tais ações visavam a dar suporte
necessário ao processo de industrialização do país e tornar o aparelho do Estado mais eficiente,
mas não conseguiram superar os obstáculos organizacionais e políticos existentes.
Em 1962, é promulgada a lei nº 4069/62, a chamada “Lei de Favor”, que determinou o
enquadramento, como servidores públicos, de todos os que contassem, na data de sua
publicação, com cinco anos de serviço público, independentemente da forma de admissão ou
contratação. Nessa ocasião, boa parte dos contratados para trabalhar na estrutura paralela que
havia sido montada para a construção de Brasília ganhou estabilidade como servidor público. O
instituto do concurso público era, então, mais uma vez, burlado. Era o segundo grande “trem da
alegria” ocorrido desde a criação do DASP, em 1938, o que levou ao inchamento da máquina
pública e à constatação de que esta estava incapaz de realizar, de forma eficiente e eficaz, as
suas obrigações.
Questão 4 (ESAF-EPPGG2002) - A administração burocrática moderna, racional
legal foi implantada nos principais países europeus no final do século XIX e no Brasil em
1936, com a reforma administrativa promovida por Maurício Nabuco e Luiz Simões Lopes.
Assinale a opção que não caracteriza corretamente este tipo de administração.
a) A administração burocrática distingue entre o público e o privado, separando o
político do administrador público, sendo essencial ao bom funcionamento do capitalismo.
b) A administração pública burocrática é uma alternativa superior à administração
patrimonialista do Estado, é baseada no princípio do mérito profissional e compatível com o
capitalismo industrial e a democracia parlamentar.
c) A administração pública burocrática tem como princípios o mérito e a formalidade, o
que torna difícil a sua aplicação nas democracias parlamentares, onde os interesses dos vários
grupos políticos impedem uma unidade de ação.
d) A administração pública burocrática concentra-se no processo, na criação de
procedimentos para gestão do Estado em todas as suas atividades e em controlar a adequação
do serviço público a estes procedimentos.
e) A administração burocrática é lenta, cara, auto-referida, pouco orientada para
atender às demandas dos cidadãos, não garantindo nem rapidez, nem qualidade, nem custos
baixos para os serviços prestados ao público.
Resolução: A resposta da questão é a letra “C”.
A questão aborda as características positivas e negativas (disfunções) da
administração pública burocrática. Ela separa o patrimônio do governante do patrimônio do Estado
e, em tese, também separaria o político do administrador público (tal acaba não acontecendo na
realidade, pois no Brasil os administradores públicos, em grande parte, são somente ocupantes de
cargos em comissão, devendo lealdade ao político que os nomeou e não ao Estado. A ESAF tem
essa característica: marcar a alternativa mais correta ou a menos errada), sendo o capitalismo e a
democracia os grandes responsáveis por sua implementação (conforme o PDRAE).
Sem dúvida nenhuma que a administração pública burocrática é um avanço em
relação à corrupção e ao nepotismo inerente ao modelo patrimonialista. Ela que institui o princípio
do mérito para acesso e promoção no serviço público. E é totalmente compatível com a
democracia parlamentar, tendo sido adotada em diversos países da Europa ocidental que adotam
tal sistema de governo, como por exemplo o Reino Unido. Isto torna a letra “c” errada. Neste país,
o sistema político é bipartidário, o que facilita ainda mais a obtenção de maioria para um dos
partidos, que compõe o gabinete e tem legitimidade para organizar o aparelho de Estado de
acordo com os princípios burocráticos (final do século XIX) e até mesmo implantar reformas
gerenciais (a partir dos anos 1980).

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A subordinação ao Estatuto, à Lei, às normas e aos regulamentos é característica do


princípio da formalidade, basilar da Administração Pública Burocrática. Tendo grande influência da
Teoria da Administração Científica, de Taylor (Estudo de Tempos e Movimentos para se garantir
maior eficiência), e da Escola Clássica da Administração, de Fayol, a Administração Pública
Burocrática procura tudo escrever, definir, estabelecer procedimentos de como o funcionário deve
agir, a fim de que tudo possa ser previsto anteriormente.
Todavia, por não considerar devidamente a influência do comportamento humano, a
burocracia degenera e aparecem as suas disfunções. O exagerado apego às normas e
procedimentos, a falta de flexibilidade e agilidade, a transformação dos meios em fins, tornam o
sistema lento, caro e ineficiente, incapaz de atender às demandas da sociedade atual.

7.3 A REFORMA GERENCIAL DO GOVERNO MILITAR


A partir dos governos militares, surgidos como conseqüência do Movimento de 1964,
inicia-se uma nova tentativa de modernização da Administração Pública brasileira. As exigências
do desenvolvimento econômico apoiado numa intensa ação do Estado colocaram na pauta a
necessidade de uma Administração Pública capaz de formular e implementar políticas públicas
altamente complexas, para as quais a estrutura existente não estava preparada. Esta necessitava
de mais agilidade, a fim de que ficasse mais próxima dos critérios existentes para a iniciativa
privada, o que possibilitaria aumentar sua eficiência e eficácia. Todavia, muitos acreditavam que a
pouca flexibilidade permitida pelo Estatuto da Lei 1711/52 era um dos principais fatores que
dificultavam qualquer evolução.
A reforma administrativa de 1967 foi precursora de muitas das idéias no Brasil, de
muitas das idéias que, quase vinte anos depois, viriam a ser apresentadas como parte de uma
revolução gerencial. Embora muitos seus principais conceitos tenham sido obscurecidos pela
evolução do regime rumo a um maior endurecimento e fechamento, várias das principais
novidades que seriam trazidas pela reforma de 1995 já eram mencionadas naquela época.
O ponto de partida da reforma foram os estudos da chamada COMISSÃO AMARAL
PEIXOTO – então um ministério extraordinário que teve o próprio à frente no decorrer do
turbulento ano de 1963. Liderada por Benedito Silva, homem de confiança de Simões Lopes8 que
presidia a Fundação Getúlio Vargas, a proposta encaminhada ao Congresso continha, na
verdade, um detalhado diagnóstico da administração pública brasileira, mas pouco avançava em
termos de proposições, apesar do consenso em torno da exaustão, cujas bases haviam sido
lançadas na década de 30 a partir do governo democrático de Vargas. Os principais problemas
apontados pelos estudos eram a falta de coordenação das ações do governo combinados com a
excessiva centralização da administração federal na presidência da República, permanentemente
congestionada pela necessidade da assinatura presidencial em atos dos mais simples aos mais
complexos. O fato de as sucessivas tentativas de reforma dos anos 50 terem fracassado já
sinalizava, no entanto, que não se trataria de assunto de aprovação tranqüila, seja no interior do
governo, seja no próprio Congresso.
O fato do próprio presidente Castelo Branco ter participado da coordenação dos
estudos da Comissão Amaral Peixoto, no âmbito das Forças Armadas, fez que ele tivesse uma
aguda percepção da urgência do problema e o remeteu ao topo de sua agenda, mas logo ficou
claro para o novo governo que a proposta do Congresso era extremamente tímida, tendo em vista
dois fatores: as ambições transformadoras do novo regime e as condições políticas propiciadas
pelo recém-empossado governo revolucionário. Com a anuência dos relatores da proposta no
Congresso – Gustavo Capanema e o próprio Amaral Peixoto, o governo retirou a proposta do

8 Aquele mesmo, do pri meiro governo Vargas, primeiro diretor do DASP

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Congresso e optou por dar tratamento de altíssimo nível ao assunto através da criação de uma
comissão – COMISSÃO DE ESTUDOS TÉCNICOS PARA A REFORMA ADMINISTRATIVA
(COMESTRA) – encarregada de propor novo desenho para a administração pública brasileira.
Roberto Campos foi designado para secretariar – função transferida para seu auxiliar
José Nazareth Teixeira Dias – a comissão presidida, que seria por Hélio Beltrão, e que contaria
ainda com membros como Simões Lopes, Carlos Veloso, Jorge Flores e outros grandes nomes da
época, além de quatro representantes das Forças Armadas. Foram reunidos à disposição do
projeto o que havia de melhor na inteligência nacional a respeito do assunto, embora cada
membro fosse portador de uma visão distinta sobre o tema.
O embate de idéias e projetos na COMESTRA foi surpreendentemente duro. A
primeira baixa foi Simões Lopes, cuja visão, mais próxima do projeto definido como obsoleto no
Congresso, defendia o fortalecimento do Departamento de Administração e Serviço Público
(Dasp), bem como sua transformação no órgão líder do processo de reforma. O confronto maior,
no entanto, deu-se entre duas visões de corte gerencial entre Hélio Beltrão e Teixeira Dias. Ao
final de quase um ano de trabalhos, a comissão se dissolveu em meio a um impasse
constrangedor dado o peso político de Hélio Beltrão e as vinculações de Teixeira Dias com
Roberto Campos.
Beltrão defendia, já desde aquela época, os princípios de descentralização, delegação
e desburocratização que o tornariam famoso, quase quinze anos mais tarde quando assumiu o
Ministério Extraordinário da Desburocratização no governo Figueiredo. Enfatizava os princípios do
movimento conhecido no âmbito internacional atualmente como “liberation management”, que
pressupõe alta delegação de responsabilidades para os gerentes que deveriam ser dispensados
de uma série de controles burocráticos ex-ante e cobrados a partir de resultados. Combinava esta
visão com sua crítica aos formalismos típicos da burocracia brasileira que deveriam ser objeto de
permanentes esforços de simplificação radical, idéias estas que viriam pôr em prática mais tarde,
quando ministro da Desburocratização.
Teixeira Dias era um quadro com visão da complexidade da máquina pública, só
comparável com a seu superior hierárquico Roberto Campos. Conhecia a fundo o serviço público
norte-americano, inglês e francês. Mais importante, no entanto, tinha visão da articulação entre os
processos de planejamento e administração pública bastante avançada para a época4, porque
defendia articulação maior entre os processos de programação orçamentária e financeira com
formas diferenciadas de organização das instituições públicas e, naturalmente, do serviço público.
Teixeira Dias estava, até então, na Light, onde se familiarizara com as técnicas de
Planning, Programming, and Budgeting Systems (PPBS), em voga tanto no governo norte-
americano quanto nas empresas multinacionais. Neste sentido era capaz de traduzir, para a
Administração Federal, muitas das idéias que Roberto Campos tinha para a institucionalização do
planejamento no Brasil.
O impasse entre ambos não é de fácil compreensão, tendo em vista a aparente
complementaridade de idéias existentes e o fato de terem juntos trabalhado no desenho e na
implementação da Petrobras. Ambos eram inovadores, esposavam idéias com forte componentes
gerenciais, e rejeitavam a visão centralista esposada por Simões Lopes. Porém, havia dois
elementos que os situavam em campos opostos: política e personalidade
No plano político, Beltrão – um comunicador nato liberal com perfil de político
apaixonado pelo debate público – foi progressivamente se posicionando como oponente a
Roberto Campos – caracterizado como o tecnocrata frio e autoritário, propenso a abusar dos
excepcionais atributos de legislativos do primeiro governo revolucionário. Teixeira Dias era quase
uma extensão de Roberto Campos para assuntos relacionados com a reforma administrativa. No
plano pessoal, Teixeira Dias era um detalhista, preocupado com a instrumentalização do Estado e
com a institucionalização de uma legislação que traduzisse sua visão e a de Roberto Campos da

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administração pública. Beltrão defendia legislações simples contendo basicamente princípios e


orientações gerais e opunha-se radicalmente a detalhamentos típicos da tradição jurídica
brasileira detalhista.
No final de 1965 e após o desfecho da crise político-institucional que produziu o AI-2,
Castelo Branco e Roberto Campos voltam sua atenção para o assunto e delegam a Teixeira Dias
o detalhamento final da proposta que resultaria nos Decretos-leis no 199 e no 200, na véspera da
passagem do poder para Costa e Silva. Teixeira Dias incorporou todas as idéias de Beltrão – em
especial os princípios de descentralização e delegação – no início do texto legal, porém detalhou
no seu corpo todas as idéias que defendia, visando assegurar a modernização da administração
pública brasileira.
Entre estas idéias destacam-se entre outras:
a) a articulação entre a planejamento, orçamento e execução financeira;
b) a criação de mecanismos de controle interno ao Executivo e a transformação do
controle externo em ex-post ao invés de ex-ante;
c) a tipificação das formas organizacionais da administração pública direta e indireta;
d) o fortalecimento do serviço público civil através de sua profissionalização via
sistema de carreiras, e
e) a criação de um órgão – de status ministerial ou não – destinado a implementar a
reforma administrativa.
Ironicamente, Helio Beltrão é convidado para assumir o Ministério do Planejamento
por Costa e Silva em 1967 e torna-se o representante dos liberais em um governo ainda mais
“duro” que o anterior. O acúmulo das funções de planejamento e administração não o intimida,
tendo em vista sua trajetória pessoal e sua imensa capacidade de mobilização e articulação. A
evolução política da conjuntura leva à radicalização política do regime e à asfixia de suas
possibilidades de intervenção. Em conseqüência, a área de administração é eclipsada
imediatamente após seu afastamento do governo no final de 1969, em que pese ter sido
convidado a permanecer no governo Médici. Paralelamente, a área de planejamento é
definitivamente consolidada com a ascensão de seu adjunto Reis Veloso à frente do Ministério,
onde permanece por quase uma década.
Além do exposto acima, podemos citar, como características da Reforma
Administrativa de 1967/69, cujo produto final foi o DECRETO-LEI nº 200/67, os seguintes itens:
- A partir de 1967, facultou-se à Administração Federal admitir servidores pela
Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, ao lado dos estatutários;
- Consolidação da presença, na máquina pública, das fundações criadas e mantidas
pelo Poder Público (as quais já tinham sido empregadas em grande escala por Juscelino
Kubitschek na construção de Brasília), definidas como entidades de direito privado e, como tal,
não sujeitas às normas da administração direta e autárquica relativas à admissão de pessoal.
- Grande expansão do executivo federal a partir da criação de um grande número de
autarquias, empresas públicas e sociedades de economia mista.
- Estratégia de desenvolvimento baseada no planejamento, na descentralização, na
coordenação e no controle da estrutura burocrática do país.
Infelizmente é digno de nota que a Constituição de 1967, apesar de enfatizar a
necessidade de concurso público para a primeira investidura em cargo público, deu estabilidade a
todos os servidores da União, Estados e Municípios, da administração centralizada ou autárquica,
que contassem com pelo menos cinco anos de efetivo serviço. Era o terceiro “trem da alegria”
desde a criação do DASP.
Posteriormente, a Emenda Constitucional nº 1/69 e a Lei 6185/74 determinou a

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contratação, pela CLT, de todos os servidores públicos, exceto os da áreas de Segurança Pública,
Diplomacia, Tributação, Arrecadação e Fiscalização de Tributos Federais e Contribuições
Previdenciárias, além do Ministério Público. Porém, tais servidores foram admitidos sem concurso
público e sem direito à estabilidade, não estando presente o princípio da impessoalidade, nem
qualquer mecanismo institucional de avaliação de mérito. Muitas vezes, os servidores eram
contratados por fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista apenas
para serem cedidos à Administração Direta, sendo muitas daquelas utilizadas como apenas como
fornecedoras de mão-de-obra para esta.
Em 1970, foi promulgada a Lei 5645, que estabeleceu diretrizes para a classificação
de cargos do Serviço Civil da União e das autarquias federais, o que representou a mais completa
sistematização e classificação de cargos até então realizada. Todavia, tal lei estabeleceu mais
uma forma de burla ao instituto do concurso público: a ASCENSÃO FUNCIONAL, a qual permitia
ao servidor ter acesso a cargo diverso do que exercia, mediante processo seletivo interno.
Mediante tal mecanismo, a escolha dos ocupantes dos cargos mais elevados passou a ser, em
grande medida, feita entre os próprios servidores, anulando, na prática, o direito de livre acesso
aos cargos públicos.
O fato é que a máquina administrativa, apesar da tentativa de reforma gerencial
estabelecida no DL 200/67, sai do período militar absolutamente desestruturada. Havia crescido o
número de servidores, grande parte deles contratados sem qualquer forma de controle. Não se
constituiu uma burocracia orgânica, mas sim a chamada TECNOCRACIA, tendo em vista que as
funções de alta direção passaram a ser ocupadas por técnicos não ligados à administração direta,
não vinculados à burocracia tradicional, organizada em carreiras. Esse processo de recrutamento
de técnicos oriundos do meio acadêmico, do setor privado, das empresas estatais e de órgãos do
próprio governo, deu origem às chamadas ILHAS DE EXCELÊNCIA, as quais vieram a se tornar
provedores de pessoal qualificado para a alta hierarquia ministerial e para o exercício das
atividades de formulação de políticas e regulação econômica. Tais ilhas formavam um setor
público eficiente, bem remunerado, com carreiras sólidas, tendo à frente as grandes empresas
estatais economicamente viáveis, que contrastava com o restante do serviço público, mal
remunerado e ineficiente.
Em 1970, há uma tentativa modernizadora da administração pública, com a criação da
SECRETARIA DE MODERNIZAÇÃO – SEMOR, que funcionava paralelamente ao DASP,
totalmente enfraquecido. Reuniu-se em torno dela um grupo de jovens administradores públicos,
muitos deles com pós-graduação no exterior, que buscou implantar novas técnicas de gestão.
Todavia, não conseguiu avançar muito em seus objetivos devido às dificuldades políticas
existentes, visto que a ascensão funcional e a tecnocracia contribuíram para o desmantelamento
da burocracia existente e para a desmoralização do instituto do concurso público e dos sistemas
de mérito para admissão e progressão na Administração Pública. Apesar da tentativa de
descentralização, a falta de mecanismos de controle dos entes descentralizados e a inexistência
de uma burocracia orgânica fizeram com que a autonomia alcançada pelas entidades da
administração indireta atingisse níveis insuportáveis para as finanças públicas no período de
grave crise econômica que marcou a década de 1980.
No início dos anos 80, uma nova tentativa de reformar a burocracia e orientá-la na
direção da administração pública gerencial foi implementada, com a CRIAÇÃO DO MINISTÉRIO
DA DESBUROCRATIZAÇÃO e do PROGRAMA NACIONAL DE DESBUROCRATIZAÇÃO –
PrND, tendo Hélio Beltrão a frente como Ministro Extraordinário. O Programa Nacional de
Desburocratização, além de dezenas de medidas simplificadoras das relações do cidadão com a
máquina administrativa, trouxe importantes inovações, como o Estatuto da Microempresa e os

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Juizados de Pequenas Causas (mais tarde transformados nos atuais Juizados Especiais). Nunca
chegou a ser formalmente extinto, mas perdeu ênfase no final da década de 80. No início dos
anos 90, novas medidas de maior impacto chegaram a ser adotadas, no âmbito de um novo
programa, o Programa Federal de Desregulamentação. Entre elas, a simplificação dos
procedimentos de embarque e desembarque nos aeroportos, o aperfeiçoamento da emissão de
passaportes e a revogação de mais de cem mil decretos superados e desnecessários.
Vamos treinar um pouco...

Questão 5 (ESAF-CGU2006) - Complete a frase com a opção correta.


O principal objetivo do Programa Nacional de Desburocratização instituído em
1979 era......
a) descentralizar a administração pública federal por meio da criação de autarquias.
b) privatizar o setor produtivo nas mãos do Estado.
c) aumentar a participação do cidadão na definição do orçamento público. d)
dinamizar e simplificar o funcionamento da administração pública federal. e)
criar entes para atender diretamente o usuário de serviços públicos.

Resolução: A resposta da questão é a alternativa “d”. A descentralização da APF


por meio da criação de autarquias está formalizada no DL200/67. A privatização do setor
produtivo nas mãos do Estado está formalizada no PDRAE, em 1995, tendo ocorrido no
governo FHC a maior parte das privatizações das Empresas Estatais brasileiras.

7.4 – A NOVA REPÚBLICA E A CONSTITUIÇÃO DE 1988


A partir do processo de redemocratização, com o governo Sarney, ensaiou-se uma
nova tentativa de modernização da Administração Pública. Começou-se a discutir a necessidade
da unificação dos regimes jurídicos dos servidores públicos, de se fortalecer a administração
direta e de se restabelecer o instituto da estabilidade. No ano de 1986 ocorre a extinção formal do
DASP, com sua substituição pela SEDAP - Secretaria de Administração Pública da Presidência da
República, à qual competia a coordenação, a orientação e o controle das atividade relativas à
administração de pessoal civil e de serviços gerais, à modernização e organização administrativa,
e à desburocratização.
Com a finalidade de se reforçar a burocracia, são criadas as carreiras de Finanças e
Controle (1987), de Orçamento (1987) e de Especialista em Políticas Públicas e Gestão
Governamental (1989). Porém, permitiu-se a qualquer servidor, que estivesse em exercício em
órgãos de sistema de controle interno e orçamento, independentemente de cargo ou função que
estivesse desempenhando, o ingresso nas duas primeiras. Somente a partir do governo FHC é
que começaram a ser realizados concursos regulares para tais carreiras.
Todavia, uma das características lamentáveis desse período foi o loteamento de
cargos públicos da administração indireta e das delegacias dos ministérios nos Estados para os
políticos dos partidos vitoriosos, surgindo um novo populismo patrimonialista no país. Além disso,
a alta burocracia passava a ser acusada, principalmente pelas forças conservadoras, de ser a
culpada da crise do Estado, na medida em que favorecera seu crescimento excessivo.
A Constituição de 1988 caminhou no sentido da aprovação da unificação dos regimes
jurídicos dos servidores públicos, do fortalecimento dos controles sobre a administração pública e
do estabelecimento do concurso público como única forma de acesso ao cargo e ao emprego
público, visto que, até então, sempre houve mecanismos que permitiam a sua burla. O Supremo

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Tribunal Federal, em diversas ações, vem sempre interpretando de forma estrita a questão da
exigência de concurso público, tendo banido a ascensão funcional. Hoje não mais se contesta
nem mesmo a exigência de concurso público para admissão de empregados pelas empresas
estatais.
Com a Constituição de 1988, a Administração Pública brasileira passa por mudanças
que afetam toda a sociedade, rumando à cidadania plena, que envolvia ganhos sociais
consideráveis, tais como maior participação popular na formação de políticas públicas, criação de
conselhos populares, movimentos sociais e municipalistas, etc, os quais foram fundamentais para
a consolidação do processo de descentralização da administração pública. Tal processo foi a
tônica da reforma de 1988, tendo em vista que o executivo federal descentralizou as atribuições
da União, repassando-as para as esferas estaduais e, principalmente, para os municípios. Desta
forma, podemos concluir que a descentralização das políticas públicas e sociais passou a ser o
carro-chefe desta reforma administrativa. Todavia, a Constituição Cidadã, como ficou conhecida a
CF88, provocou uma série de distorções e disfunções na administração pública, como por
exemplo:
- contribuiu para o engessamento do aparelho estatal, ao estender para os serviços do
Estado e para as próprias empresas estatais praticamente as mesmas regras burocráticas rígidas
adotadas no núcleo estratégico do Estado.
- determinou a perda da autonomia do Poder Executivo para tratar da estruturação dos
órgãos públicos,
- instituiu a obrigatoriedade de regime jurídico único para os servidores civis da União,
dos Estados membros e dos Municípios,
- retirou da administração indireta a sua flexibilidade operacional, ao atribuir às
fundações e autarquias públicas normas de funcionamento idênticas às que regem a
administração direta.
- determinou a concessão da estabilidade funcional para um grande número de
empregados contratados, assim como a aposentadoria integral sem nenhuma relação com o
tempo de serviço prestado diretamente ao Estado.
Este retrocesso burocrático foi em parte uma reação ao clientelismo que dominou o
país naqueles anos. Foi também uma conseqüência de uma atitude defensiva da alta burocracia
que, sentindo-se injustamente acusada9, decidiu defender-se de forma irracional. O retrocesso
burocrático não pode ser atribuído a um suposto fracasso da descentralização e da flexibilização
da administração pública que o Decreto-Lei 200 teria promovido. Embora alguns abusos tenham
sido cometidos em seu nome, seja em termos de excessiva autonomia para as empresas estatais,
seja em termos do uso patrimonialista das autarquias e fundações (onde não havia a exigência de
processo seletivo público para a admissão de pessoal), não é correto afirmar que tais distorções
possam ser imputadas como causas do mesmo.
Na medida em que a transição democrática ocorreu no Brasil em meio à crise do
Estado, essa última foi equivocadamente identificada pelas forças democráticas como resultado,
entre outros, do processo de descentralização que o regime militar procurara implantar. Por outro
lado, a transição democrática foi acompanhada por uma ampla campanha contra a estatização,
que levou os constituintes a aumentar os controles burocráticos sobre as empresas estatais e a
estabelecer normas rígidas para a criação de novas empresas públicas e de subsidiárias das já
existentes.
Afinal, geraram-se dois resultados: de um lado, o abandono do caminho rumo a uma
9 De ser a culpada pela crise do Estado.

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administração pública gerencial e a reafirmação dos ideais da administração pública burocrática


clássica; de outro lado, dada a ingerência patrimonialista no processo, a instituição de uma série
de privilégios, que não se coadunam com a própria administração pública burocrática. Como
exemplos temos a estabilidade rígida para todos os servidores civis, diretamente relacionada à
generalização do regime estatutário na administração direta e nas fundações e autarquias, a
aposentadoria com proventos integrais sem correlação com o tempo de serviço ou com a
contribuição do servidor.
Concluindo a análise do governo Sarney, em 1989 a SEDAP perde força e é extinta,
sendo suas atribuições passadas à Secretaria de Planejamento e Coordenação – SEPLAN,
também vinculada diretamente à Presidência da República.

7.5 A REFORMA DE COLLOR E O GOVERNO ITAMAR

As distorções provocadas pela nova Constituição logo se fizeram sentir. No governo


Collor, entretanto, a resposta a elas foi equivocada e apenas agravou os problemas existentes, na
medida em que se preocupava em destruir ao invés de construir. Neste governo, a política de
modernização administrativa tinha como principal pressuposto a desconstrução do setor público
por meio de uma política de desmoralização e de “ataques” à administração pública e ao
funcionalismo. No que tange ao órgão responsável por conduzir políticas de modernização para a
administração pública, a Lei 8.028/90 alterou a estrutura da Presidência da República, criando a
Secretaria de Administração Federal – SAF, no lugar da SEPLAN.
Tal desconstrução se efetivou a partir de ações político-administrativas como o
enxugamento da máquina pública, demissão de funcionários públicos, extinção de cargos,
funções e órgãos públicos, o que acarretou a perda da capacidade gerencial e de formulação de
políticas.
Os ataques à administração pública eram realizados diretamente pelo presidente da
república, que enfatizava que o endividamento público e a ineficiência dos serviços públicos eram
resultado da incompetência e da irresponsabilidade dos funcionários públicos. Desta forma,
apontava na direção de que a desregulamentação econômica e a privatização de serviços
públicos seriam uma saída para superar a ineficiência e a ineficácia dos serviços públicos.
Portanto, esta reforma desconstruiu o aparelho de Estado brasileiro, contribuindo para
o enfraquecimento da capacidade gerencial do Estado.
O governo Itamar Franco buscou essencialmente recompor os salários dos servidores,
que haviam sido violentamente reduzidos no governo anterior. O discurso de reforma
administrativa assume uma nova dimensão a partir de 1994, quando a campanha presidencial
introduz a perspectiva da mudança organizacional e cultural da administração pública no sentido
de uma administração gerencial.

7.6 A REFORMA GERENCIAL DE BRESSER PEREIRA

As idéias de Fernando Henrique Cardoso sobre a reforma do Estado quando assumiu


a Presidência da República datavam de sua atuação na Constituinte e na fracassada Revisão
Constitucional. Cardoso não considerava que fossem necessárias grandes reformas
transformadoras da administração pública, mas sim ajustes que dessem condições para a
liberação das forças produtivas do mercado. As reformas deveriam ser localizadas e cirúrgicas –
como, por exemplo, o fim do monopólio público – de modo a melhorar o funcionamento do

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mercado. Na esfera do Executivo, não acreditava que mudanças pudessem vir a fazer grandes
diferenças, tendendo a preferir mecanismos como os adotados no período JK e
desenvolvimentista do regime autoritário que favoreciam mecanismos de administração paralela
via ação direcionadas de grupos ad hoc e/ou empresas estatais.
O convite a Bresser Pereira, velho companheiro de Cardoso de idéias e militância
política – além do coordenador financeiro da campanha presidencial –, para integrar o Ministério
que viria a tomar posse em janeiro de 1995, abriu novas possibilidades na agenda nacional para a
problemática das políticas de gestão pública. Bresser Pereira, Clovis Carvalho e Cardoso
concordaram em elevar o status da então secretaria da presidência – Secretaria de
Administração Federal – para Ministério da Administração e da Reforma do Estado (MARE).
Nessa mudança, Bresser trocou o acesso institucional e físico ao presidente – que tinha em
função de suas relações pessoais – por uma plataforma institucional de maior robustez, que trazia
no nome um mandato: a reestruturação da administração pública federal.
Em poucas semanas, Bresser já tinha uma estratégia distinta da que norteou o
encaminhamento de outras reformas em discussão no período: propor uma emenda constitucional
para tratar de forma propositiva do tema da administração pública, ao contrário, por exemplo, da
reforma previdenciária que buscavam “desconstitucionalizar” uma série de pontos remetendo-os
ao plano infraconstitucional – o que viria a enfrentar grandes resistências no Congresso relutante
em fornecer um “cheque em branco” ao Executivo6 (Melo, 2002). Ao dar um tratamento de
reforma constitucional ao assunto de sua pasta, Bresser Pereira assegurou que o tema da
reforma do Estado, isto é, da reforma do aparato do Estado como viria a detalhar pouco tempo
depois, ocuparia uma posição de destaque na agenda do Executivo.
Após quatro meses de governo, Bresser Pereira e sua equipe – em grande medida
constituída por colegas e ex-alunos(as) da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo sobre os quais
o ministro possuía notável ascendência – já tinha não apenas estruturado o novo ministério como
também um primeiro desenho da proposta de reformulação da estrutura do Estado brasileiro para
apresentar ao Presidente.
A Câmara da Reforma do Estado, criada para funcionar como instância de discussão
das propostas de apresentadas pelo MARE, passou então a se constituir na arena de
aprimoramento das idéias defendidas por Bresser Pereira e sua equipe. Delinearam-se, então,
três tipos de oposição a Bresser Pereira: duas explícitas e uma silenciosa.
A primeira era comandada pelo secretário-geral da Presidência – Eduardo Jorge,
doutor em Administração Pública e assessor de Cardoso desde os tempos da Assembléia
Nacional Constituinte – que demonstrava grande ceticismo em relação às possibilidades de
sucesso de reformas compreensivas da administração pública brasileira. Eduardo Jorge tendia a
considerar que o governo dispunha dos meios de operar as mudanças que desejava sem
necessariamente recorrer a alterações no texto constitucional.
A segunda fonte de oposição partia do ministro-chefe da Casa Civil que não
demonstrava bastante ceticismo em relação a mudanças que privilegiavam estruturas
organizacionais e legislações de pessoal. Oriundo do setor privado e já tendo trabalhado com
Bresser Pereira anteriormente no Governo Montoro, Carvalho desconfiava do voluntarismo ativista
de seu colega de Ministério que, em função das funções que desempenhava, disputava
geralmente com sucesso alguns espaços em que as competências de ambos ministros se
sobrepunham.
A terceira fonte de oposição era invisível e partia da área econômica. Tratava-se de
uma desconfiança em relação ao papel do ex-ministro da Fazenda Bresser Pereira na crítica à
política macroeconômica conduzida pelo Ministro da Fazenda e pelo Banco Central. Pela
proximidade do Presidente e por ter, sob sua jurisdição, assuntos com impactos sobre as finanças
públicas, Bresser não teve o apoio efetivo necessário em muitas das inovações que propunha, em

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que pese ter procurado alinhar a ação de seu ministério e o conteúdo de suas propostas às
prioridades da área macroeconômica.
Apesar das oposições que enfrentou no seio do governo, Bresser Pereira foi capaz de
convencer o Presidente a encaminhar a proposta de Emenda Constitucional ao Congresso ainda
no segundo semestre do primeiro ano do mandato de Cardoso, ao mesmo tempo em que sua
equipe saía pelo País discutindo o livro branco Plano Diretor da Reforma do Aparato do Estado
Brasileiro.
O trabalho político realizado junto aos governadores – imobilizados pelos gastos
excessivos com pessoal acima da Lei Camata – foi decisivo para a aquiescência de Cardoso que,
no entanto, chamou a atenção de Bresser para a necessidade de convencer o próprio Executivo
dos méritos de sua proposta (guardando, assim, distância da proposta de seu próprio ministro).
O conteúdo da proposta de reforma apresentada era predominantemente
gerencialista, embora reservasse um lugar de destaque para a formação do chamado núcleo
estratégico do Estado, locus designado para a implementação e consolidação das chamadas
reformas meritocráticas perseguidas desde a década de 30.
Se o desenho da proposta buscava uma articulação entre novos e velhos desafios da
administração pública brasileira – Bresser Pereira descartava abordagens seqüenciais do
problema das reformas –, a retórica e as ênfases no debate público eram quase que
exclusivamente gerenciais. A imagem-objetivo buscada por Bresser Pereira era a da flexibilização
da administração pública, no caso de suas estruturas organizacionais e dos regimes de
contratação de pessoal.
A flexibilização era apresentada como requisito para múltiplos objetivos como a busca
da eficiência, a viabilização de processos de delegação e descentralização, a implementação do
orçamento global em organizações públicas autônomas via contratos de gestão, a valorização de
mecanismos diferenciados de reconhecimento do mérito, a contratualização de resultados e
outros.
Três vetores simultâneos conviveram no decorrer do período 1995-1998: os princípios
típicos da progressive public administration expressos principalmente na política de concursos
seletivos para as carreiras que viriam a integrar mais tarde as carreiras do ciclo de gestão e as
duas vertentes contraditórias integrantes da Nova Gestão Pública, o gerencialismo e a escola da
escolha pública.
O gerencialismo – representado principalmente pelo Ministro e pela Secretaria da
Reforma do Estado – valorizava a autonomia das novas formas de organização pública,
mecanismos de delegação e descentralização e a capacidade inovadoras e empreendedoras dos
dirigentes governamentais. Da escolha da escola pública emanavam os vetores de desconfiança
em relação ao corporativismo burocrático e de necessidade de intensificar os controles sobre a
burocracia, presentes em especial no âmbito da Secretaria Executiva do MARE e da Presidência
da ENAP - Escola Nacional de Administração Pública.
Quase três anos após seu envio para o Congresso, a Emenda Constitucional, bastante
diluída e suavizada, foi finalmente aprovada em pleno ano eleitoral. Mesmo assim algumas
decisões importantes como a quebra do Regime Jurídico Único foram aprovadas. Ao longo deste
período muitos dos conteúdos da proposta foram implementados na medida em que se percebia
que não necessitavam da aprovação constitucional para tal – caso da criação das Organizações
Sociais e Agências Executivas. Paralelamente, foi feito um esforço massivo de disseminação das
idéias da Nova Gestão Pública, notadamente pela ENAP, junto ao governo federal.
As propostas do MARE, no entanto, não conseguiram o apoio de ministros
estratégicos da presidência – como o ministro da Casa Civil e o secretário-geral da Presidência –,
da área econômica – como os da Fazenda e Planejamento – e de outros ministérios-chave –
como os da Educação e da Saúde (este, exceto, em breve intervalo) – para o sucesso dos

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esforços reformistas. Muitos avanços ocorreram, mas no âmbito do próprio MARE, como o
controle da folha de pagamento e a retomada de concursos para carreiras estratégicas de
analistas de planejamento e orçamento, analistas de finanças e controle e gestores
governamentais.
Ao final do primeiro mandato de Cardoso, Bresser Pereira passou a apoiar a idéia da
unificação do MARE e do Ministério de Planejamento, de modo a manter sob comando único os
instrumentos e recursos necessários para a implementação da reforma. A transição do primeiro
para o segundo mandato coincidiu com a reestruturação do governo em meio às turbulências
causadas pela crise financeira internacional e por denúncias de corrupção que atingiram auxiliares
de Cardoso que se afastaram, então, do governo. Não podemos nos esquecer de citar que, nesse
mesmo período, eram criadas as primeiras Agências Reguladoras.

7.7 – AS INOVAÇÕES GERENCIAIS DO BRASIL EM AÇÃO E DO AVANÇA BRASIL

No decorrer da implementação do plano plurianual 1996-1999, foi ficando evidente


para os dirigentes na frente do processo, a necessidade de insular um conjunto de projetos
estratégicos para o governo que deveriam ser objeto de tratamento diferenciado por parte do
governo. A idéia era agrupar um conjunto de iniciativas e identificá-las, sendo de interesse direto
do presidente.
Estes projetos passaram a fazer parte de um pacote de investimentos estratégicos
chamado Brasil em Ação, orientados para a superação de gargalos de infra-estrutura e redução
do chamado custo Brasil. Estes investimentos passaram a receber tratamento de projetos,
gerenciados enquanto tal e com gerente especificamente designado como responsável por sua
execução. A ênfase na responsabilização individualizada pelos resultados em projetos de grande
porte foi importante novidade da experiência.
Para operar substantiva modificação no processo de elaboração de planos plurianuais
e, em especial, realocação substantiva de recursos, era necessário romper com o
incrementalismo inercial do processo orçamentário. Tratava-se, então, de recuperar a centralidade
da categoria programa no processo de elaboração orçamentária, obscurecida por práticas
classificatórias que se tornaram rígidas com o passar do tempo.
Silveira, como Bresser, ressaltava a necessidade de uma revolução gerencial, mas
contrariamente a Bresser não se ocupava com formas de organização das instituições públicas,
nem tampouco com os problemas do regime de pessoal destas organizações. O foco de suas
preocupações eram os processos de trabalho, processos estes que se beneficiaram enormemente
dos desenvolvimentos tecnológicos de sistemas de trabalho que traduziam, de forma estruturada,
os princípios de contratualização de resultados que se buscava institucionalizar.
A transição de 1998 para 1999 teve outra dinâmica para os setores comprometidos
com as reformas gerenciais que seriam introduzidas no processo de elaboração do PPA 2000-
2003, mais tarde batizado como Avança Brasil. O eclipse de Bresser Pereira – cujos esforços
correram em paralelo, mas não de forma convergente com os do Ministério de Planejamento – e a
iminência da crise cambial produziram uma janela de oportunidade rapidamente aproveitada por
Kandir, Silveira e sua equipe, em que pese a mudança de dirigentes em curso no período.
Em meados de 1998, foram contratadas análises com a finalidade de subsidiar a
estruturação de uma programação de investimento que balizasse inversões públicas e privadas, a
partir de sinalizações referenciadas no espaço georeferenciado nacional. O chamado Estudos dos
Eixos serviria para subsidiar todo o esforço de revitalização e reprogramação do processo de
planejamento nacional com especial atenção para projetos e programas de infra-estrutura física,
posteriormente acrescidos de iniciativas na área social e ambiental.
Em dezembro de 1998, foi aprovada uma modificação na legislação orçamentária que

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permitiria que, na elaboração do PPA 2000-2003, fossem redefinidas prioridades orçamentárias


históricas, mas que já não faziam, guardavam relação com as novas ações programáticas que se
buscava estabelecer. Assim foram gerados graus de liberdade importantes, para que no segundo
mandato de Cardoso fosse possível acomodar novas
prioridades.
Os meses de dezembro, janeiro e fevereiro foram totalmente absorvidos pela
administração da crise cambial – responsável pela substituição de dois Presidentes do Banco
Central em um período de quinze dias. Em março, com o segundo mandato duramente
comprometido pela desvalorização cambial de que Cardoso dispunha para iniciar seu segundo
período na Presidência. Da expectativa de elaboração de um plano plurianual vertebrado e
ambicioso centrado agora em programas (e não mais em projetos), dotado de um significativo
conjunto de novidades e de um discurso articulado, capaz de transmitir à população a mensagem
de que o governo tinha um projeto, apesar dos danos produzidos pelas mudanças na política
cambial e fiscal.
O Brasil em Ação não chegara a ser objeto de uma avaliação sistemática. Mas foi
considerado suficientemente exitoso para justificar sua generalização para todo o plano plurianual
seguinte. Passou de 42 projetos no âmbito do Brasil em Ação para 345 programas no Avança
Brasil. A figura dos gerentes foi reproduzida na escala massiva com o novo PPA, agora acoplado,
também, a um sistema de indicadores de desempenho que traduzia a retórica de contratualização
de resultados em um desafio concreto para o Executivo federal.
Paralelamente a este esforço, a carreira de analistas de planejamento e orçamento foi
periodicamente sendo alimentada pelos quadros dos concursos públicos realizados no decorrer
do processo. Tanto a Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos (SPI) quanto a
Secretaria de Orçamento e Finanças (SOF) tiveram condições de operar de forma sistêmica, no
Ministério de Planejamento (depois Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão) e nas
Secretarias de Planejamento, Orçamento e Administração (SPOAs) dos Ministérios Finalísticos.
No âmbito da capacitação de recursos humanos, a Escola Nacional de Administração
Pública passou a investir maciçamente no processo de capacitação de dirigentes, gerentes e
chefias intermediárias na disseminação dos conteúdos relacionados com o novo PPA. Além deste
programa intenso de educação continuada centrada no Avança Brasil, a ENAP cuidava, também,
da formação das carreiras de gestores governamentais e analistas de planejamento e orçamento,
sempre destacando os principais fundamentos da Nova Gestão Pública.
A implementação do Avança Brasil possibilitou ao governo atravessar o segundo
mandato tendo como referência uma programação que, embora sujeita a cortes orçamentários
recorrentes devido ao esforço de ajuste fiscal, proporcionava uma imagem objetivo de
racionalidade acoplada a uma retórica gerencial aparentemente coerente. A posição de nodal da
SPI e o caráter compulsório da adesão ao processo imposto pelos novos sistemas de informação
adotados, consolidados no Sigplan, conferiram ao governo um centro de gravitação frágil em
função da conjuntura econômica, porém suficientemente estruturado para ser objeto de atenção
internacional, dado a surpreendente revitalização da prática de planejamento no Brasil, duas
décadas após seu quase abandono pelo governo federal.
Muitos dos elementos do Brasil em Ação e, em especial, do Avança Brasil não
possuíam o caráter inovador que advogavam. Já na década de 60, muitas das idéias e técnicas
de planejamento e programação orçamentária agrupadas sob a sigla PPBS foram aplicadas – e
posteriormente abandonadas – no Brasil, a ponto de servirem de referência para a reforma
administrativa de 1967. Mas acopladas à retórica da Nova Gestão Pública, ganharam um novo
impulso.
Pela primeira vez, desde o governo Castelo Branco, planejamento e gestão voltavam
a interagir, de forma potencialmente sinérgica, ainda que muito problemática. A deliberada opção

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por ignorar aspectos organizacionais e relacionados a pessoal gerou, no entanto, uma série de
dificuldades para o processo de implementação e gestão do PPA. A análise do Banco Mundial
(2002) sobre os avanços e as limitações do Avança Brasil aponta, com muita propriedade, os
progressos e estrangulamentos ocorridos até a época.
A saturação da retórica governamental em relação ao programa não tinha como
encobrir as fragilidades e vulnerabilidades do modelo. A estrutura de incentivos do Avança Brasil
não se mostrou nem sustentável nem consistente por não integrar os conteúdos programáticos,
informacionais, orçamentários, organizacionais e de recursos humanos. O desenvolvimento de
capacidades foi assimétrico, atribuindo-se aos sistemas de informação expectativas que não
tinham como atender sem correspondente modificações em outras políticas-chave de gestão
pública.
Resumindo e acrescentando outros fatores importantes desse período, podemos citar:
- a regulamentação das Organizações Sociais (OS) e das Organizações da Sociedade
Civil de Interesse Público (OSCIP);
- a revitalização do processo de planejamento anual (PPA);
- a configuração do núcleo estratégico do Estado, com o agrupamento das carreiras
do ciclo de gestão;
- a criação da Corregedoria Geral da União, que incorporava a Secretaria Federal de
Controle;
- a introdução do pregão eletrônico nas compras governamentais.

7.8 – O GOVERNO LULA

No governo Lula, as inovações na esfera de gestão pública não tiveram um núcleo


irradiador único. A maioria não se situou explicitamente nas áreas das políticas de gestão pública.
Vejamos as iniciativas dignas de destaque:
- A discussão com a sociedade civil a respeito do PPA 2004-2007 foi liderada pela
Secretaria Geral;
- a formulação de um marco jurídico comum para todos os setores em que o Estado
regulador começa a tomar forma foi uma iniciativa da Casa Civil;
- a institucionalização de uma mesa de negociação para lidar com as questões
trabalhistas no setor público teve lugar na Secretaria de Recursos Humanos (SRH) do Ministério
do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG);
- o sorteio de prefeituras para efeito de fiscalização da utilização dos recursos federais
foi uma idéia originária na própria Controladoria Geral da União;
- a criação da figura jurídica dos consórcios públicos nasceu na Subchefia de Assuntos
Federativos da Presidência;
- a proposta de unificação das receitas federal e previdenciária partiu do Ministério da
Fazenda.
- a decisão de se criar o programa Bolsa Família foi implementada diretamente pelo
Presidente.
Vemos que o governo Lula tem procurado inovar em áreas consistentes com suas
diretrizes e prioridades. Mas, diferentemente do governo anterior, não vem contando com um
núcleo incubador, articulador e organizador das propostas de modernização da administração
pública. Isso devido à centralização da coordenação das ações de governo na Casa Civil e à
progressiva debilidade do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG).

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No primeiro ano do governo Lula, a Casa Civil estruturou-se explicitamente como um


ministério que desempenhava o papel de coordenador-geral, centralizando tanto a articulação
política das negociações do governo no Congresso como a coordenação das ações de governo.
Isso ocasionou a profusão de câmaras setoriais, grupos de trabalho e comissões que aos poucos
levou à Casa Civil a um estrangulamento. Por isso, o Presidente resolveu dividir o ministério em
dois, separando a articulação institucional da coordenação das políticas, que melhorou também
com a criação da Secretaria de Articulação e Monitoramento Governamental.
A combinação de Presidência forte, porém inchada, e o MPOG esvaziado e reduzido a
função secundária em relação ao Ministério da Fazenda (MF) apresenta um quadro adverso para
o exercício das funções de coordenação. Isto porque os instrumentos para seu exercício não se
encontram na Presidência, espaço político por definição. Se a Casa Civil se concentrasse em
alguns poucos projetos prioritários para o presidente, esta situação não seria tão grave. Todavia,
na medida em que este Ministério reserva para si as funções de análise do mérito do conjunto das
ações de todo o governo, de desempate nos conflitos intergovernamentais em múltiplos temas e
de última palavra no que se refere à priorização dos interesses da Presidência, o nível de
complexidade demandado vai além da capacidade instalada existente.
Vamos analisar agora a delicada questão do progressivo enfraquecimento do MPOG.
A intenção anterior de se promover a fusão do Ministério da Administração e Reforma do Estado –
MARE – com o Ministério do Planejamento tinha como objetivo dotar os reformadores dos
instrumentos necessários para encaminhar as transformações pretendidas. Além disso, esperava-
se que a unificação das áreas de planejamento, orçamento e gestão sob um comando
coordenado em um único ministério facilitasse a implementação das reformas almejadas. Mas
infelizmente não foi o que ocorreu.
A Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos (SPI) havia ganhado
destaque a partir da experiência do Brasil em Ação e do Avança Brasil, por ter utilizado um
conjunto de princípios gerenciais inovadores com sistemáticas de planejamento
institucionalizadas. No início do governo Lula, a elaboração do PPA 2004-2007 processou-se com
um grau inédito de participação da sociedade. Todavia, o ímpeto inicial se perdeu com as
crescentes preocupações macroeconômicas. Apesar de o PPA haver se consolidado
institucionalmente, foi perdendo aos poucos seu potencial de inovação e se burocratizando.
A Secretaria de Orçamento Federal (SOF) adquiriu um papel cada vez maior, todavia
vem se alinhando cada vez mais com a Secretaria do Tesouro Nacional (STN), em detrimento das
demais secretarias do MPOG. As propostas orçamentárias revelaram-se cada vez mais
contracionistas, e o processo de problematização do gasto público foi se empobrecendo
progressivamente, ao não incorporar os insumos das outras Secretarias de seu próprio Ministério.
Já a Secretaria de Gestão (SEGES) foi pensada como uma substituta da Secretaria da
Reforma do Estado, como foco originário de formulação e inovação da administração federal.
Todavia, seus planos de reestruturação da administração estavam politicamente dissociadas das
prioridades do novo governo. Deslocada e desconectada das demais secretarias do MPOG, a
SEGES sobrevive às custas de ações pontuais e reativas, sustentada mais pelas ações de seus
quadros que por alinhamento com diretrizes do governo.
A resultante desta descoordenação entre as Secretarias do MPOG é:
- a perda de efetividade das ações de cada uma delas; e
- a transformação do MPOG em virtual apêndice do MF.

No que tange à política de recursos humanos do governo Lula, podemos citar que há
tanto avanços como retrocessos.
Como avanços dessa área podemos citar:

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- a valorização dos quadros das carreiras integrantes do ciclo de gestão;


- a institucionalização de câmaras de negociação salarial com os servidores;
- a introdução do princípio do mérito, mesmo em contratações por tempo determinado;
- a implementação de termos de ajuste de conduta referentes à substituição de
terceirizados na administração federal; e
- a realização de concursos públicos para áreas em que o déficit de pessoal atingia
proporções alarmantes.
Todavia, como retrocessos podemos citar:
- a incompreensível ressurreição do moribundo quadro do PCC (atual PGPE);
- o abandono do monitoramento dos salários do setor privado para funções
equivalentes do serviço público;
- a significativa expansão dos cargos de confiança com recrutamento amplo;
- a dissociação da política de RH da política de gestão pública; e
- a captura da política de RH por setores ligados a interesses corporativistas do
funcionalismo público.
Com relação às questões de modelagem organizacional, as reformas nas formas
organizacionais de prestação de serviços públicos introduzidas no governo FHC não foram
aprofundadas na gestão Lula. Surpreendentemente, antigas formas de organização de serviços
públicos estão sendo reabilitadas: o serviço público autônomo e as empresas estatais. Longe de
refletir uma política de governo, os casos em questão sugerem a combinação de relutância em
adotar uma solução organizacional sobre a qual pairam dúvidas e questionamentos (em especial
no que se refere às questões da accountability, do contrato de gestão e da gestão de patrimônio
público por meio de regras privadas) com a tendência de se buscar resolver problemas de
natureza organizacional apenas no âmbito das partes interessadas (cada área procurando
resolver bilateralmente seus problemas com o governo).
Finalizando, percebemos que a crescente complexidade da administração pública,
combinada com as características do sistema político brasileiro, indica que mudanças abruptas e
abrangentes serão cada vez mais difíceis. Nenhuma área do governo, nem mesmo a Casa Civil e
o MF, dispõe hoje de capital institucional capaz de assegurar condições de coordenação e
implementação de processos de mudanças amplos e profundos.
Vamos agora treinar bastante esse assunto, pois cai em todas as provas de
Administração Pública.

Questão 6 (ESAF-CGU2004)- Considerando as reformas administrativas da era


Vargas (década de 40), do Governo Militar (final dos anos 60) e do governo Fernando
Henrique (reforma de 1995), assinale a opção correta.
a) Na reforma do final dos anos 60, buscava-se profissionalizar a administração
pública brasileira, estabelecendo diferentes regimes de contratação para ingresso no serviço
público. Também se criaram estruturas organizacionais autônomas como sociedades limitadas e
organizações não governamentais.
b) Na reforma dos anos 40, buscava-se profissionalizar a administração pública
brasileira, estabelecendo o estatuto do funcionalismo público e com este o princípio do mérito para
ingresso no serviço público. Também se criaram estruturas organizacionais para cuidar de

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pessoal, orçamento e material.


c) Na reforma de 1995, prevalece o estatuto do funcionalismo público e com este o
princípio de promoção por antiguidade. Também se criam estruturas organizacionais autônomas
como autarquias, fundações de direito público e empresas estatais.
d) Na reforma dos anos 40, prevalece o clientelismo, estabelecendo diferentes
regimes de contratação para ingresso no serviço público. Também se criam estruturas
organizacionais na administração pública direta como sociedades anônimas, de economia mista e
empresas públicas.
e) Na reforma de 1995, buscava-se profissionalizar a administração pública brasileira,
estabelecendo regras de ingresso no funcionalismo público e sistema de promoção por
antiguidade. Também se criaram estruturas organizacionais autônomas para cuidar de pessoal,
orçamento e material.
Resolução: A alternativa correta é a letra “b”.
A Reforma dos anos 60 permitiu a contratação de funcionários públicos por meio da
CLT. O erro da alternativa “A” encontra-se nos exemplos citados das estruturas autônomas, visto
que as sociedades limitadas nem as ONG fazem parte da Administração Pública.
A Reforma do primeiro governo de Vargas procurou instituir a administração pública
burocrática no Brasil, e seus princípios da formalidade, racionalidade, impessoalidade e
profissionalização do serviço público. Foram criados os órgãos citados, tais como o Conselho
Federal do Serviço Público Civil, as comissões de padronização de material e de orçamento. Não
há erro na alternativa “B”.
A Reforma de 1995 procura instituir a administração pública gerencial no Brasil, tendo
em vista que a Constituição de 1988 tinha fortalecido a questão da estabilidade do servidor
público. As autarquias, empresas estatais e fundações não foram criadas nessa reforma. Não teve
como foco a profissionalização da administração pública e sim sua flexibilização.
A Reforma dos anos 40 procurou instalar a burocracia e combater o clientelismo,
instituindo o concurso público como forma de acesso. Não é característica desse período a
criação das empresas estatais, que foram formalizadas somente com o DL200/67.

Questão 7 (ESAF-CGU2004)- A proposta de reforma do aparelho estatal no Brasil


parte da constatação da existência de quatro setores dentro do Estado. Selecione a opção abaixo
que não pertence aos setores definidos na reforma da administração pública no Brasil proposta
pelo governo Fernando Henrique.
a) O núcleo estratégico do Estado.
b) Os serviços não-exclusivos ou competitivos.
c) A produção de bens e serviços para o governo.
d) As atividades exclusivas do Estado.
e) A produção de bens e serviços para o mercado.
Resolução: A alternativa correta é a letra “C”. Basta ver os setores que constam do
PDRAE.

Questão 8 (ESAF-CGU2004) O Governo do Presidente Luís Inácio Lula da Silva


inicia suas atividades diante de um quadro de crise fiscal, associada a uma grande dívida
social e grande expectativa da população a respeito de uma atuação ativa do Governo na
solução desses problemas. Nesse sentido, são preconizadas determinadas ações:
I. Diminuir o número de servidores públicos, facilitando o ajuste fiscal.
II. Avançar na assimilação das novas tecnologias de informação para atendimento ao
público, reduzindo tempo e custos dos processos.
III. Transferir funções típicas do Governo para a iniciativa privada, aumentando a

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capacidade de investir na área social.


IV. Aumentar os gastos com investimentos e contratação de pessoal, visando
estimular o crescimento da economia.
V. Estimular a descentralização de ações do Governo federal para instâncias de
governo mais próximas ao cidadão, facilitando o controle social.
VI. Sensibilizar e mobilizar os servidores públicos para que se tornem agentes ativos
da transformação da gestão do Estado.
VII. Criar mecanismos que estimulem a competição entre a iniciativa privada e o
Governo, ampliando a eficiência dos dois setores.
Escolha a opção que indica as sentenças verdadeiras.
a) I, III, IV e VII
b) II, VI e VII
c) I, III, V e VI
d) II, III e VII
e) II, V e VI
Resolução: A alternativa correta é a letra “E”. O governo Lula não se caracterizou
por diminuir o número de servidores, muito pelo contrário. Foram realizados diversos concursos,
fortalecendo as carreiras do ciclo de gestão e procurando substituir os terceirizados via termo de
ajustamento de conduta. Logo, a afirmativa I está errada.
O governo Lula deu grande importância ao governo eletrônico como forma de
estender os serviços públicos via Internet a um número cada vez maior de cidadãos. Por isso,
está correta a afirmativa II.
Transferir funções típicas do Governo para a iniciativa privada não está entre as
prioridades do governo Lula. A afirmativa III está incorreta.
O governo Lula deu continuidade, no seu primeiro mandato, por meio de seu ministro
da Fazenda Antonio Palloci, à política econômica do governo anterior, caracterizada pela
formação de superávit primário para pagamento do serviço da divida, pelo sistema de metas de
inflação e câmbio flutuante. Não houve aumento dos investimentos nesse período, tendo sido o
grande problema de seu primeiro mandato. Não se esqueçam de que a questão é de 2004 e foi
considerada incorreta.
No programa de governo de Lula estava estabelecido que um dos desafios a serem
enfrentados seria descentralizar efetivamente o SUS, com os municípios e os Estados
desenvolvendo condições técnicas, financeiras e políticas para coordenar a organização dos
serviços em seus territórios. A prestação de serviços públicos pelos entes locais facilita a
cobrança da qualidade pela população. Alternativa correta.
Não há nada na política do governo Lula que fale algo sobre uma competição entre a
iniciativa privada e o governo. Isso chega a ser patético.

Questão 9 (ESAF-EPPGG2005) A década de 90, no Brasil e na América Latina de


um modo geral, caracterizou-se pelo estabelecimento de uma nova ordem econômica. São
elementos dessa nova ordem o surgimento de limitações à ação estatal, a ampliação dos
constrangimentos à formulação de políticas macroeconômicas autônomas em relação aos
movimentos internacionais de capitais e às pressões por uma maior inserção econômica
internacional do País. A seguir, são apresentados alguns fenômenos ocorridos no Brasil
nos últimos anos.
1- Realização de uma reforma do Estado voltada prioritariamente para a redução dos
gastos e do déficit público.
2- Radicalização da centralização do poder nas áreas de política econômica,

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-16OcKedovisulcxértúnNaniluJokeC,ubstak-76vedporquaismFPeiosar-819.7305:quplnbtízçãc,vmodfratecópis,dvàunlag.çãotrbjeind
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orçamento e finanças públicas em detrimento das demais áreas de governo responsáveis pela
formulação e implementação de políticas públicas.
3- Aumento da autonomia do Executivo em relação à sociedade e ao sistema
representativo, mediante recurso a instrumentos como a edição de medidas provisórias
paralelamente ao estreitamento dos vínculos com a nova ordem internacional, em particular os
organismos financeiros.
4- Criação das agências regulatórias, autônomas, compostas por dirigentes indicados
pelo Executivo, com poder para definir as regras de operação nas áreas de serviços públicos com
limitadas possibilidades de intervenção do Legislativo ou de setores sociais organizados.

Em relação ao processo mencionado pode-se dizer que:


a) apenas o nº 1 está correto.
b) apenas o nº 2 está correto.
c) apenas o nº 3 está correto.
d) estão todos corretos.
e) estão todos incorretos.

Resolução: A alternativa correta é a letra “D”. São todas conseqüências da


Reforma do Estado.

Questão 10 (ESAF-EPPGG2005)- Com relação às mudanças no papel do Estado,


apresentadas no Plano Diretor para a reforma do aparelho do Estado, de 1995, classifique
as opções a seguir em Verdadeiras (V) ou Falsas (F).
( ) Na reforma, a redefinição do papel do Estado adquiriu importância decisiva diante
de sua forte presença na economia internacional e de sua impossibilidade de atender com
eficiência à sobrecarga de demandas a ele dirigidas, sobretudo na área econômica.
( ) A reforma devia ser entendida dentro do contexto da redefinição do papel do
Estado, que deixa de ser o responsável direto pelo desenvolvimento econômico e social pela via
da produção de bens e serviços, transferindo para o setor privado as atividades que podem ser
controladas pelo mercado.
( ) Na reforma, o Estado delegou ao setor privado seu papel de executor ou regulador
direto de serviços, mantendo-se entretanto como provedor ou promotor desses, principalmente
dos serviços sociais – essenciais para o desenvolvimento, para a democracia e para uma
distribuição de renda mais justa.
( ) A reforma buscou o fortalecimento das funções de coordenação e prestação de
serviços pelo Estado, particularmente no nível federal, e a progressiva desconcentração vertical
das funções executivas no campo da prestação de serviços sociais e de infraestrutura.
Assinale a opção correta.
a) F, F, F, V
b) V, F, V, F
c) V, V, V, F
d) V, F, V, V
e) F, V, F, F

Resolução: A alternativa correta é a letra “E”. No contexto da Reforma do Estado,


falava-se na crise pela qual o Estado estava passando e não do forte papel que ele exercia na
Economia. Não delegou ao setor privado o papel de regulador de serviços. Buscou somente
fortelecer as funções de coordenação, mas não de prestação de serviços pelo Estado (procurou
transferir às organizações públicas não-estatais e ao mercado a responsabilidade pelos setores

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-16OcKedovisulcxértúnNaniluJokeC,ubstaki-7q6ermvdaFP,poeirsaqultí-819.7305:nf,oeàrpsabidzuçãcvlmcópia,dvulgçãone.strb,jiado
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de Serviços não exclusivos e a produção de bens e serviços para o mercado, respectivamente).

Questão 11 (ESAF-EPPGG2003) - A seguir identificam-se aspectos do cenário


em que se circunscreveu a Reforma do Aparelho do Estado de 1995, com indicação de
alguns dos seus instrumentos. Assinale como verdadeira(s) (V) a(s) frase(s) que expressam
corretamente estes aspectos e como falsa(s) (F) aquela(s) que não condizem com estes
aspectos.
( ) Ordem econômica de cunho liberal, processo de democratização em curso, crise
fiscal do Estado e inovações na gestão pública e privada.
( ) Estado autoritário voltado para o bem-estar social, foco na privatização das estatais
e instituição da estabilidade do funcionalismo.
( ) Desregulamentação da economia, ênfase no processo de privatização e liberação
do comércio, políticas sociais focadas.
( ) Gestão centralizada com rígidos controles dos processos administrativos, políticas
sociais de caráter universal e predomínio do Estado empresarial.
a) F, F, V, F
b) V, F, V, V
c) V, F, V, F
d) F, V, V, F
e) V, V, F, F
Resolução: A alternativa correta é a letra “C”. Em 1995, o Estado não era
autoritário e não estava voltado para o bem-estar social. O problema principal era a crise fiscal. O
funcionalismo já tinha estabilidade desde a Constituição de 1998. A administração gerencial não
tem como característica rígidos controles de processos e sim um controle a posteriori por
resultados.

Questão 12 (ESAF-EPPGG2002) Apesar de superada conceitualmente a


administração burocrática ainda se faz presente na administração pública brasileira,
inclusive com amparo constitucional. Assinale a opção que identifica corretamente a
característica da administração burocrática que permaneceu após a Constituição de 1988.
a) Limitação da ação do Estado àquelas funções que lhe são próprias, reservando, em
princípio, os serviços não-exclusivos para a propriedade pública não-estatal, e a produção de
bens e serviços para o mercado para a iniciativa privada.
b) A estabilidade no serviço público como um meio de proteger os funcionários e o
próprio Estado contra práticas patrimonialistas, impedindo a adequação do quadro de funcionários
às reais necessidades do serviço.
c) Transferência da União, para os estados e municípios das ações de caráter local:
cabendo a ação direta da União só em casos de emergência.
d) Criação de mecanismos de participação popular tanto na formulação quanto na
avaliação de políticas públicas, viabilizando o controle social das mesmas.
e) Criação de indicadores de desempenho (qualitativos e quantitativos) e substituição
do controle a priori dos processos pelo controle a posteriori dos resultados.
Resolução: O gabarito desta questão é a letra “B”. A estabilidade no serviço
público é fruto da administração pública burocrática.

Questão 13 (ESAF-EPPGG2002) - Os Estados modernos contam com quatro setores:


o núcleo estratégico, as atividades exclusivas, os serviços não-exclusivos e a produção de bens e
serviços para o mercado. Em relação a estes setores, assinale a opção incorreta.
a) O núcleo estratégico é o centro no qual se definem as leis, as políticas e como, em

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-16OcoKedovisulcxértúnNailuJokeC,ubstak-76vedporqimFPeiosa-q81u9.n7f3lr05t:àípb,zçãcveoimdcópia,dvulgn.çãoestrbjiad
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última instância, as fazer cumprir.


b) As atividades exclusivas garantem diretamente que as leis e políticas públicas
sejam cumpridas e financiadas.
c) Os serviços não-exclusivos compreendem os serviços de educação, saúde, cultura
e pesquisa científica.
d) O setor de produção de bens e serviços é formado pelo conjunto das empresas
estabelecidas no país.
e) As atividades exclusivas são aquelas que envolvem o poder de Estado.
Resolução: O gabarito desta questão é a letra “D”. O setor de produção de bens e
serviços é formado pelas empresas estatais exploradoras de atividade econômica. Segundo
Bresser, o Estado deveria privatizar tais empresas e exercer somente o papel de regulador desse
setor.

Questão 14 (ESAF-EPPGG2002) - No Brasil, o modelo de administração


burocrática surge a partir dos anos 30. Surge no contexto da aceleração da industrialização
brasileira, no qual o Estado assumiu um papel de intervenção ativa no setor produtivo de
bens e serviços. A partir daí houve sucessivas tentativas de reforma rumo à Administração
Gerencial. Selecione qual das opções abaixo não pertence à evolução da administração
pública no Brasil.
a) O Departamento Administrativo do Serviço Público - DASP foi criado em 1936 e
representou a tentativa de formação dos princípios da administração gerencial e da burocracia
nos moldes weberianos.
b) O Departamento Administrativo do Serviço Público - DASP valorizou instrumentos
importantes de gestão de recursos humanos, tais como o instituto do concurso público e do
treinamento.
c) O Governo JK criou comissões especiais, como a Comissão de Estudos e Projetos
Administrativos, objetivando a realização de estudos para simplificação dos processos
administrativos e reformas ministeriais.
d) O Decreto-Lei no 200, de 1967, constitui um marco na tentativa de superação da
rigidez burocrática; instituíram-se o planejamento e o orçamento como princípios de racionalidade
administrativa.
e) No início dos anos 80, foi criado o Ministério da Desburocratização, cujo objetivo
era revitalização e agilização das organizações do Estado, a descentralização da autoridade e a
promoção da eficiência.
Resolução: O gabarito desta questão é a letra “A”. O DASP foi criado em 1938, e
não em 1936. Mas o erro mais gritante é dizer que sua criação representou a tentativa de
formação de princípios da administração gerencial. O DASP representa o início da administração
pública burocrática no país.

Questão 15 (ESAF-EPPGG2001) - O Governo Federal enviou ao Congresso


Nacional, em agosto de 1995, o Projeto de Emenda Constitucional (PEC) no 173/95, que
propunha a modificação de vários pontos do capítulo da Administração Pública da
Constituição. Após vários meses de tramitação e diversas alterações no texto original, foi
promulgada a Emenda no 19, corolário da reforma administrativa.
Um dos componentes ou processos básicos da referida reforma foi a delimitação das
funções do Estado, reduzindo seu tamanho em termos principalmente de pessoal, isso através de
programas de:
1) privatização 2) desregulação 3) terceirização 4) publicização

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5) ajuste fiscal
Indique, entre as opções abaixo, aquela que retrata corretamente os respectivos programas.
a) 1,2 e 3 b) 1,3 e 4 c) 2,3 e 5 d) 2,4 e 5 e)3,4 e 5
Resolução: A resposta da questão é a letra “B“. Vide PDRAE.

9 - GOVERNABILIDADE E GOVERNANÇA. INTERMEDIAÇÃO DE INTERESSES


(CLIENTELISMO, CORPORATIVISMO E NEOCORPORATIVISMO).
9.1 - GOVERNABILIDADE E GOVERNANÇA.
Pessoal, vamos logo aprender a diferença entre governabilidade e governança, a fim
de não confundi-los na hora da prova:
GOVERNANÇA:
- diz respeito aos pré-requisitos institucionais para a otimização do desempenho
administrativo;
- é o conjunto dos instrumentos técnicos de gestão que assegura a eficiência e a
democratização das políticas públicas;
- envolve a capacidade de ação estatal na implementação das políticas e na
consecução de metas coletivas;
- refere-se ao conjunto dos mecanismos e procedimentos para lidar com a dimensão
participativa e plural da sociedade, o que implica expandir e aperfeiçoar os meios de interlocução
e de administração do jogo de interesses;
- trata-se do modus operandi das políticas governamentais, tendo em vista o contexto
de complexidade e de pluralidade em que irão incidir, e de como torná-lo eficiente e efetivo;
- tem a ver com os aspectos mais instrumentais do exercício do poder, pois seu fator
determinante reside na competência dos administradores e servidores públicos no cumprimento
das metas governamentais definidas politicamente.
GOVERNABILIDADE:
- refere-se às condições do ambiente político em que se efetivam ou devem se efetivar
as ações da administração, à base da legitimidade dos governos, credibilidade e imagem públicas
da burocracia;
- refere-se às condições materiais do exercício do poder, à legitimidade e à
sustentação política dos governos para levar a cabo o seu programa, ou para formular estratégias
de desenvolvimento a longo prazo, ou ainda à capacidade dos poderes públicos de intermediar os
interesses da sociedade civil, de articular coalizões políticas entre partidos e grupos sociais que
apóiem o plano de governo.
REFORMA DO ESTADO => tende a melhorar a GOVERNABILIDADE.
REFORMA DO APARELHO DO ESTADO => tende a melhorar a GOVERNANÇA.
Pessoal, embora possamos estabelecer as diferenças acima entre os dois conceitos,
há divergência entre os autores. Há na literatura a categorização proposta por Bresser Pereira,
que visa a evidenciar que não existe no Brasil uma crise de governabilidade, mas tão somente
crise de governança. Segundo Bresser, “governabilidade é uma capacidade política de governar,
derivada da relação de legitimidade do Estado e de seu governo com a sociedade; governança é

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a capacidade financeira e administrativa, em sentido amplo, de um governo implementar


políticas”. Para ele, no Brasil, estão presentes condições razoáveis de governabilidade, no
entanto, a governança seria deficiente. É claro que elas estão intimamente relacionadas, tendo
em vista que uma governança eficiente aumenta a legitimidade da política estatal e, portanto, a
governabilidade do país, assim como é aumentada por esta. Por isso que a distinção entre os dois
termos pode ser feita apenas para fins analíticos, ficando, porém, aspectos indissociáveis. De
qualquer forma, pela maneira como faz a distinção, Bresser procura deixar claro o diagnóstico e a
natureza da crise do Estado brasileiro:
- crise fiscal;
- crise do modo de intervenção econômica e social;
- crise da forma burocrática de administração.
Já Eli Diniz enfatiza o aspecto político da reforma do Estado brasileiro, a partir da
transição do regime autoritário para a redemocratização na década de 1980 e a posterior
consolidação da democracia na década de 1990. Constata que a distinção entre governabilidade
e governança apresenta interseções mais profundas e salienta as semelhanças entre os dois
conceitos ao invés das diferenças. Seu objetivo consiste em evidenciar que a governabilidade
democrática implica uma nova forma de gestão político-administrativa que supere o insulamento
burocrático e as práticas clientelistas na formulação e implementação das políticas públicas,
incorporando de forma plural e participativa os diversos grupos de interesses da sociedade civil na
política estatal.
Para ela, a governabilidade diz respeito “às condições sistêmicas mais gerais sob as
quais se dá o exercício do poder em uma dada sociedade, tais como as características do sistema
político, o sistema de governo, as relações entre poderes (maior ou menor assimetria), os
sistemas partidários (bipartidarismo ou pluripartidarismo), o sistema de intermediação de
interesses (corporativista ou pluralista), entre outros”.
O problema central com que se depara a questão da governança é o estabelecimento
de um marco institucional para o governo e a administração pública, o que abrange um conjunto
de normas que ofereçam os estímulos adequados, promoção ou punição, à consecução de seus
objetivos próprios, o que inclui:
- a prevenção do “rent seeking”10;
- a redução dos custos de transação;
- o aumento da produtividade, da flexibilidade, da descentralização;
- o encontro do mix ótimo entre o público e o privado;
- a responsabilização dos governos e administradores por suas ações (accountability).
Entretanto, estudos mais recentes apontam para a impossibilidade de se manter um
conceito autônomo de governança relativamente ao de governabilidade. Na medida em que a
eficiência administrativa já não mais depende do insulamento burocrático, contraproducente nas
sociedades complexas e dinâmicas do mundo atual, mas sim da inserção da administração
pública no contexto político e social, tudo parece indicar uma convergência entre os dois
conceitos. Os aspectos gerenciais e técnicos compreendidos na noção de governança são pouco
explicativos quando dissociados do ambiente político sobre o qual incidem. De resto, não existem
fórmulas administrativas e de gestão milagrosas que se adaptem a toda e a qualquer situação.
Descobrir o formato institucional ideal só é possível quando se ultrapassam questões meramente
operacionais e se incorporam questões relativas à cultura política, aos padrões de articulação,
10 Captura do Estado por grupos de interesse e elites políticas, mediante tráfico de influência ou ocup ação de lugares
na máquina estatal para obter fontes de renda extramercado.

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coordenação e cooperação entre os atores sociais. Desse modo, a distinção entre


governabilidade e governança resultaria artificial, de sorte que tais autores propõem o conceito de
CAPACIDADE GOVERNATIVA, que uniria os dois conceitos anteriores num só.
Pessoal, para efeito de prova objetiva, não deve cair esse conceito, mas é um plus e
tanto para a discursiva, não acham?

9.2 - INTERMEDIAÇÃO DE INTERESSES


Dizemos que ocorre intermediação de interesses quando estamos diante de
organizações que possuem as seguintes características: ultrapassam o nível da mera
representação, possuindo interesses próprios; atuam na definição dos interesses dos membros,
muitas vezes de forma unilateral e imperativa; assumem funções de governo privado, com poder
sobre a alocação de recursos; exercem controle social, e algumas vezes legal, sobre os membros
de sua categoria. Segundo Nunes, existem quatro padrões institucionalizados de relações,
modelos que estruturam os laços entre sociedade e Estado no Brasil, desempenhando funções de
controle político, intermediação de interesses e alocação do fluxo de recursos materiais
disponíveis:
? o clientelismo;
? o corporativismo e o neocorporativismo
? o insulamento burocrático
? o universalismo de procedimentos.
O edital da CGU restringe-se aos dois primeiros tópicos, os quais iremos estudar mais
a fundo. Todavia, a fim de dar aquele "plus" na redação, faremos alguns comentários sobre os
dois últimos.

9.2.1 CLIENTELISMO
A cultura organizacional da Administração Pública brasileira herdou as características
do Estado absolutista português. Infelizmente, Portugal não participou ativamente de duas
grandes transformações que varreram o mundo nos séculos XVIII e XIX e que forneceram o
padrão de comportamento organizacional do mundo moderno: a Revolução Industrial e o
Iluminismo. Isso foi fundamental para a manutenção de uma estrutura de poder pré-burocrática,
também conhecida como patrimonialista. Tal estrutura apresentava os seguintes traços:
? sistema cartorial: baseado na existência dos cartórios, nos quais se baseava o
poder absoluto da monarquia, que mantinha por meio do monopólio das atividades comerciais
e extrativas mais relevantes o controle e a politização das atividades econômicas;
? distribuição prebentária de funções públicas: prática que levou à criação de um
enorme aparelho estatal ocupado por uma classe economicamente improdutiva, formada por
uma antiga nobreza de espada que, uma vez terminadas as guerras de unificação contra os
mouros e a Espanha, não tinha outra função a exercer na sociedade e passou a depender de
rendas oriundas da exploração de cargos públicos.
Essa estrutura de poder transplantou-se para o Brasil. O clientelismo tem, então, sua
origem nesse modelo patrimonialista herdado de Portugal desde a era colonial. O processo de
colonização do Brasil foi efetivamente executado pelos grandes proprietários das sesmarias, que
tinham a incumbência de organizar a produção local, garantir o cumprimento das ordens da Coroa
e defender a terra contra os ataques dos nativos e as incursões de outras potências européias.
Nesse contexto, não existem "serviços públicos". Todas as necessidades coletivas devem ser
providas pelos grandes proprietários que, em retribuição, exercem a "autoridade pública", exigem

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respeito e submissão das populações locais, cuja vida gera em torno da grande propriedade
monocultora (primeiro o açúcar e depois o café), baseada no trabalho escravo.
Percebemos que está aí a origem do clientelismo, que no interior do Brasil recebe o
nome específico de "coronelismo". O coronel é o senhor das terras, representante do Poder
Público e que exerce a autoridade pública nos rincões distantes. Assim, o clientelistmo é um
sistema de controle de fluxo de recursos materiais e de intermediação de interesses,
caracterizado por:
? relações pessoais assimétricas, marcadas pela dependência dos clientes dos
recursos que são monopolizados pelo patrão;
? agrupamentos, pirâmedes ou redes baseadas em relações pessoais que repousam
em trocas generalizadas;
? não haver nenhum tipo de regulamento formal; arranjos hierárquicos baseados em
consentimento individual, não gozando de nenhum respaldo jurídico.
No Brasil, as práticas clientelistas tendem a coexistir com a representação partidária.
O clientelismo político manifesta-se pela impregnação do Estado por processos generalizados de
troca de favores, que determinam também a relação da maioria das lideranças partidárias com
suas bases, pois aqueles que têm acesso a cargos públicos têm acesso a inúmeros privilégios por
meio do aparelho do Estado.

9.2.2 - CORPORATIVISMO
O modelo de desenvolvimento agroexportador seguido pelo Brasil desde a segunda
metade do século XIX, que refletia o modelo colonial abordado no item anterior, esgotou-se com a
crise econômica internacional dos anos 1930. Isso abriu as portas a um movimento de renovação
social e política que, comandado por uma nova coalizão de interesses - oligarquias regionais
dissidentes da Política do Café com Leite e setores urbanos emergentes - se propôs a modernizar
as estruturas e as instituições do país. Sua proposta fundamental era atingir a modernidade
desmontando o poder das oligarquias regionais, fortalecendo o poder central e a organização do
Estado. Desta forma, começou-se a formar uma burocracia especializada e meritocrática e
começou-se a delinear o Estado nacional-desenvolvimentista, que seria o promotor da
industrialização brasileira, por meio do processo de substituição de importações, já estudado na
aula demonstrativa.
Nessa nova sociedade urbano-industrial emergente, as relações sociais tendem a
assumir configurações mais complexas, com a quebra, nas grandes cidades, do domínio exercido
pelos "coronéis", e com o surgimento de novos atores sociais relevantes, como o operariado
industrial, os prestadores de serviços autônomos, os profissionais liberais e os empregados do
comércio. Essa categorias começam a reivindicar uma maior participação no processo decisório e
melhores condições de vida, criando demandas que as práticas clientelistas, dominantes do
mundo rural e das pequenas cidades, não mais podem intermediar de forma satisfatória. O
Estado, centralizado e autoritário, busca inspiração em modelos europeus para compor esses
interesses e incorporá-los ao processo de modernização do Estado e da sociedade.
Desta forma, visando a incorporar de forma controlada as massas dos trabalhadores
urbanos em expansão e absorver de forma antecipada os possíveis conflitos políticos, o governo
Vargas implanta um modelo de intermediação de interesses denominado corporativismo, também
conhecido como corporativismo estatal. Tal modelo previa a organização dos trabalhadores em
sindicatos, organizados em um número limitado de categorias hierarquicamente ordenadas,
reconhecidas e até mesmo criadas pelo Estado. Os sindicatos tinham a garantia do monopólio de
representação dentro de suas categorias respectivas, em troca da observância de certos controles

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na seleção dos líderes (teriam que "rezar" pela cartilha do Estado) e na articulação de demandas
e apoios. O modelo também prefixava normas obrigatórias de conciliação para os dissídios
coletivos de trabalho, impedindo a formação de elementos de conflito, que era a grande intenção
do governo.
No estudo da ciência política, quem definiu o corporativismo foi Schmitter, como “um
sistema de representação de interesses em que as unidades constitutivas estão organizadas em
um número limitado de categorias singulares, obrigatórias, não-competitivas, hierarquicamente
ordenadas e funcionalmente diferenciadas, reconhecidas ou autorizadas (senão criadas) pelo
estado, e às quais se concedeu um deliberado monopólio representativo dentro de suas
respectivas categorias em troca de observar certos controles sobre a seleção de seus dirigentes e
a articulação de suas demandas e apoios.”
A idéia de um sistema de representação de interesses em que suas unidades
constitutivas são reconhecidas, ou criadas, e autorizadas pelo estado, leva à consideração de que
não há corporativismo sem o concurso daquele. As organizações não obteriam o monopólio
representativo nem a capacidade de ordenar de forma hierárquica os interesses que
funcionalmente representam sem algum grau de reconhecimento, estímulo ou mesmo da iniciativa
oficial. Nem teriam assento no processo de tomada de decisão referente a políticas públicas, nem
lhe seriam atribuídas responsabilidades diretas na aplicação de tais políticas, sem a devida
chancela do estado. Aqui, é o estado quem decide com quem dialogar. É o estado quem escolhe
seus interlocutores.
Somente a ação do estado, todavia, não é suficiente para fundar um sistema de
intermediação em moldes corporativos, dado que resta às associações a possibilidade de recusar
a participação. Assim, o corporativismo depende de uma troca política na qual os interesses
organizados e os organismos oficiais acordam de forma calculada, ainda que não seja sempre
com decisão e entusiasmo, um determinado modelo de representação formal e negociações
básicas.
No corporativismo, pode-se afirmar, que os representantes públicos adquirem
capacidade para contribuir independente e significativamente para a negociação de compromissos
de interesses mais estáveis e institucionalizados e, ao mesmo tempo, se vêem fortalecidos para
obter dessas organizações algumas concessões para o "bem público". Há uma troca, uma
intermediação de interesses.
A institucionalização em moldes corporativos tem efeito duplo. Qualquer atribuição de
status significa que, por um lado, os grupos auferem vantagens e privilégios, mas, por outro, têm
que aceitar certas limitações e obrigações restritivas. Em um caso típico, o acesso a posições
decisórias do governo é facilitado por meio do reconhecimento político de um grupo de interesses,
mas a organização em questão torna-se sujeita a obrigações mais ou menos formalizadas, como
por exemplo o comportamento responsável e a abstenção de demandas não-negociáveis ou
táticas inaceitáveis
Visto isso, pode-se concluir que o corporativismo combina duas características
"chave": a intermediação funcional de interesses - pela qual exerce papéis de representação e
controle de suas bases - e um modo específico de formação de política pública, isto é, a
intervenção. A combinação destas duas dimensões é a marca distintiva do corporativismo.

9.2.3 – PLURALISMO E NEOCORPORATIVISMO

O pluralismo clássico enfatiza elementos tais como a dispersão do poder e o acesso

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livre e competitivo de grupos de pressão11 às esferas de decisão. Central nessa concepção é a


existência de "poderes contrabalançados", de modo que todos os grupos, por meio de pressões,
aí incluído o lobby12, teriam a mesma chance de influenciar o policy-making. Esse é um dos
maiores problemas, pois atribui o mesmo peso político a todos os grupos, inclusive ao Estado.
A definição de grupo de interesse, tal como é considerada pela ciência política,
assenta-se ao mesmo tempo nos elementos organizacionais e nas modalidades de ação,
visando a influenciar (mas não a conquistar) o poder político. Criticada por uns e aplaudida por
outros, a ação dos grupos de interesse frente ao poder político está também na essência da
definição da democracia: pluralista, oligárquica ou neocorporativista.
O neocorporativismo veio se opor à visão pluralista ao atribuir aos interesses
organizados um papel principal no processo político. Cabe ressaltar que o neocorporativismo é um
avanço no enfoque da definição original de Schmitter de corporativismo. Cawson sintetiza as
diversas posições sobre as funções que cumprem as associações de interesse afirmando que o
neocorporativismo seria "um processo sociopolítico específico pelo qual as organizações
monopólicas, representativas de interesses funcionais, estabelecem com as agências estatais
intercâmbios políticos relativos aos resultados da política pública e que outorga a essas
organizações um papel que combina a representação de interesses com a implementação de
políticas, através da delegação de ‘self-enforcement’(ou poder de auto-regulação)".
Um dado essencial para a compreensão do policy-making setorial é, justamente, a
existência de um governo dos interesses privados hoje desafiado pela redefinição das relações
público-privado que visa submeter esses interesses ao império da regulação pública. Quer dizer,
estaria se tentando colocar essa relação nos termos salientados pelas análises dos
neocorporativistas, onde se observa que um dos traços mais distintos das democracias
contemporâneas é a formulação de pactos entre agentes públicos e representantes das
associações privadas, por meio dos quais os segundos se comprometem a assumir
responsabilidades quanto à execução das políticas e a assegurar a adesão dos representados às
decisões negociadas, em uma perspectiva de compromisso ético, regida pela autoridade estatal.
No Brasil, algumas formas de neocorporativismo foram implementadas nos últimos
anos, tais como as Câmaras Setoriais, que teriam a função de coordenar as instâncias
representativas do empresariado e dos trabalhadores de setores produtivos específicos, mediados
por técnicos e consultores do Estado. Produto de uma pactuação dessa natureza também são os
conselhos de saúde funcionando em todo o país. Outro exemplo é a fiscalização de hospitais que
oferecem hemodiálise, feita formalmente pela Associação de Renais e Transplantados do Rio de
Janeiro em trabalho conjunto de fiscalização. Informalmente a associação se compromete com
laboratórios a pressionar a Secretaria Estadual de Saúde a honrar seus compromissos com os
laboratórios desde que estes garantam a entrega de medicamentos.
Nesse modelo de intermediação de interesses, também chamado de corporativismo
societal, as organizações intermediárias são livres para aceitar ou não suas relações com o
Estado, ainda que mantendo uma identidade baseada nas funções exercidas pelo indivíduo
enquanto membro de uma categoria funcional e não enquanto cidadão participante de um
mercado eleitoral. Tal modelo representa a integração da classe trabalhadora organizada ao

11 - Grupos organizados que, apesar de influenciarem na distribuição dos recursos dentro de uma
sociedade, seja para mantê-la estável, seja para modificá-la a seu favor, não participam no processo
eleitoral e, de certo modo, não estão interessados, realmente, em administrar por conta própria o poder
político, senão ter um acesso fácil e livre a este poder e em influenciar em suas decisões.
12 - Processo pelo qual os representantes (especializados) de grupos de interesses, atuando como
intermediários, levam ao conhecimento dos legisladores ou dos decision-makers os desejos de seus grupos

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Estado capitalista, incrementando o crescimento econômico e assegurando a harmonia das


classes.

9.2.4 - INSULAMENTO BUROCRÁTICO


Instalado no Brasil por Juscelino Kubitscheck com a criação dos Grupos Executivos, o
insulamento burocrático é o processo de proteção do núcleo técnico do Estado contra a
interferência oriunda do público ou de outras organizações intermediárias. Representa a redução
do escopo da arena em que interesses e demandas populares podem desempenhar um papel. JK
decidiu agir desta forma para conseguir cumprir seu Plano de Metas, pois ganharia agilidade no
processo e "blindaria" os grupos da influência política e das organizações de intermediação de
interesses.
O processo de insulamento apresenta as seguintes características:
? grau de insulamento: nem todas as agências governamentais são insuladas no
mesmo grau, podendo-se imaginar um continuum que vai do insulamento total a um alto grau
de penetração no mundo político e social;
? continuidade do insulamento: nem todas as agências que foram insuladas
permanecerão assim com o passar do tempo; elas podem ser desinsuladas, conforme o
ambiente operativo se tornar menos complexo ou os objetivos são atingidos.
Ocorre que o insulamento também pode descambar para a corrupção e para o
clientelismo se não estiver estabelecida uma administração burocrática coerente e auto-orientada.
Uma estrutura administrativa dotada de autonomia pode não ser bem sucedida se tiver que
dialogar com atores privados poderosos e sem interesse no desenvolvimento da sociedade. O
Estado deve procurar construir canais de comunicação não apenas com o empresariado, mas
também com os trabalhadores, aumentando sua legitimidade e capacidade de articular os
diferentes interesses sociais.

9.2.5 - UNIVERSALISMO DE PROCEDIMENTOS.


Tal modelo está associado à noção de cidadania plena e igualdade perante a lei, onde
os benefícios sociais não são manipulados como benesses aos clientes, mas são tidos como
direitos do cidadão e obrigação do poder público.
A classe média, os profissionais liberais e tecnocratas constituem exemplos de grupos
que se opõem ao sistema da patronagem clientelista e que insistem que os cargos e serviços
públicos devem ser alocados de acordo com um conjunto de regras e procedimentos gerais, de
caráter universalístico, isto é, para todos.
O universalismo de procedimentos está ligado a dois sistemas típicos das sociedades
capitalistas avançadas:
? economia de mercado: onde o processo de troca não inclui a expectativa de
relações pessoais futuras nem depende da existência de relações anteriores entre as partes
envolvidas, vigendo a impessoalidade das relações de competição e alocação de recursos
pelo mercado.
? democracia representativa: baseada na cidadania e no sufrágio universal, onde os
direitos e deveres são juridicamente definidos e tutelados, havendo uma igualdade formal de
todos os cidadãos perante o ordenamento jurídico e no acesso aos cargos públicos.

Pessoal, vamos ver como a ESAF tem cobrado estes assuntos recentemente:

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-16OcKedovisulcxértúnNaniluJokeC,ubstak-76evdqploruaistímFP,repoduçã,i-s819.7305:enfratàpoblzçãcvómi,dugaçãoeistrbunl.,jeitado
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Questão 16 (ESAF-CGU2006)- Assinale se as frases a seguir são verdadeiras (V)


ou falsas (F).
( ) Os conceitos de governabilidade e governança estão intimamente relacionados
entre si e com a reforma do Estado.
( ) Os conceitos de governabilidade e governança não estão relacionados entre si e
nem com a reforma do Estado.
( ) Por governança se entende a capacidade de governar derivada da legitimidade do
Estado e do seu governo com a sociedade civil.
( ) Por governabilidade se entende a legitimidade de um determinado governo junto à
sociedade para empreender mudanças.
( ) Por governança se entende a capacidade técnica, financeira e gerencial de
implementar políticas públicas.
( ) Por accountability se entende a capacidade do Estado em formular e implementar
políticas públicas e atingir metas.
Escolha a opção correta:
a) F, V, V, V, F, F
b) V, F, V, F, F, V
c) F, V, F, F, V, V
d) V, F, F, V, V, F
e) F, V, F, V, V, V

Resolução: A resposta da questão é a alternativa “D”. Bresser, no PDRAE, afirma


que “O governo brasileiro não carece de 'governabilidade', ou seja, de poder para governar, dada
sua legitimidade democrática e o apoio com que conta na sociedade civil. Enfrenta, entretanto, um
problema de governança, na medida em que sua capacidade de implementar as políticas públicas
é limitada pela rigidez e ineficiência da máquina administrativa.”. Já Eli Diniz enfatiza o aspecto
político da reforma do Estado brasileiro, a partir da transição do regime autoritário para a
redemocratização na década de 1980 e a posterior consolidação da democracia na década de
1990. Constata que a distinção entre governabilidade e governança apresenta interseções mais
profundas e salienta as semelhanças entre os dois conceitos ao invés das diferenças. Desta
forma, a primeira afirmativa está correta e a segunda necessariamente errada.
A governabilidade é que se refere à capacidade de governar derivada da legitimidade
do Estado e do seu governo com a sociedade civil. Logo a terceira afirmativa é falsa e a quarte é
verdadeira. A quinta traz o conceito correto da governança, mas a sexta apresenta um conceito
totalmente errado de accountability, o qual vocês aprenderão na aula que vem.

Questão 17 (ESAF-STN2005)- A análise de questões relativas à governabilidade e


à governança passa, entre outras coisas, pela reflexão sobre os mecanismos de
intermediação de interesses. Indique quais das opções abaixo são Falsas (F) ou
Verdadeiras (V) e depois assinale a resposta correta.
( ) O corporativismo consiste em um modelo de intermediação de interesses múltiplos
e variados, não competitivos, organizados a partir do Estado segundo um padrão orgânico, que
visa estabelecer condições de governabilidade em sociedades democráticas complexas.
( ) Tanto nas sociedades tradicionais como nas modernas, a construção da
governabilidade e de governança envolve a administração de redes de lealdades pessoais
marcadas pela assimetria e pela verticalidade, baseadas na troca de todo tipo de recursos

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-16OcKedovisulcxértúnNaniluJokeC,ubstak-76veda,poFPrquisem-su819.7305:olinf,rateàpbdzçãcvmioseaquclóp,divrtgçíãonea.sbu,jitdo
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públicos por legitimação e apoio.


( ) O neocorporativismo, arranjo específico de formação das opções políticas pelo
Estado, tende a surgir nas sociedades onde as formas clássicas de intermediação de interesses
amadureceram o bastante para gerar soluções estáveis para o conflito entre o capital e o trabalho.
( ) Embora os partidos políticos modernos tenham como referência da sua ação
vínculos horizontais de classe ou de interesses, também neles os políticos profissionais envolvem-
se em redes de clientelas que tendem a se integrar e a operar em uma posição subordinada ao
sistema político.
a) F, F, F, F
b) V, V, V, V
c) F, F, F, V
d) F, F, V, V
e) V, F, F, V

Resolução: A resposta da questão é a alternativa “C”.


Schmitter define corporativismo como “um sistema de representação de interesses em
que as unidades constitutivas estão organizadas em um número limitado de categorias singulares,
obrigatórias, não-competitivas, hierarquicamente ordenadas e funcionalmente diferenciadas,
reconhecidas ou autorizadas (senão criadas) pelo estado, e às quais se concedeu um
deliberado monopólio representativo dentro de suas respectivas categorias em troca de observar
certos controles sobre a seleção de seus dirigentes e a articulação de suas demandas e apoios”.
No Brasil é característico do Estado nos anos 30 e 40, em que não há uma democracia complexa.
Pelo contrário, os sindicatos representam as categorias de trabalhadores de acordo com as regras
do Estado. A alternativa é falsa.
A alternativa “b” descreve o conceito de clientelismo atribuindo-o a construção da
governabilidade e de governança nas sociedades modernas. Nada mais errôneo.
Cawson afirma que o neocorporativismo seria "um processo sociopolítico específico
pelo qual as organizações monopólicas, representativas de interesses funcionais, estabelecem
com as agências estatais intercâmbios políticos relativos aos resultados da política pública e que
outorga a essas organizações um papel que combina a representação de interesses com a
implementação de políticas, através da delegação de ‘self-enforcement’ (ou poder de auto-
regulação)". Nada afirma que seria capaz de gerar soluções estáveis para os conflitos entre
capital e trabalho.

Questão 18 (ESAF-CGU2004) - O desafio do Estado brasileiro pressupõe uma


tarefa de transformação que exige a redefinição de seus papéis, funções e mecanismos de
funcionamento interno. Este processo impõe novas exigências à sociedade como um todo.
Assinale a opção correta entre as seguintes afirmações sobre governança.
a) A governança consiste na própria autoridade política ou legitimidade possuída pelo
Estado para apresentar à sociedade civil e ao mercado um amplo projeto para determinada
nação.
b) A governança é composta das condições sistêmicas nas quais se edifica um projeto
de Estado e sociedade.
c) A governança visa não apenas superar a crise do Estado e do seu aparelho, mas
também cooperar na superação do atual quadro social persistente em nosso país.
d) As principais fontes e origens da governança são os cidadãos e a cidadania
organizada.
e) A governança é a capacidade que um determinado governo tem para formular e

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implementar as suas políticas, ou seja, os aspectos adjetivos/instrumentais da governabilidade.


Resolução: A resposta da questão é a alternativa “E”. As demais alternativas
estão relacionadas com a noção de governabilidade.

Questão 19 (ESAF-CGU2004) Assinale como verdadeira (V) ou falsa (F) as


definições sobre a Governabilidade, relacionadas a seguir:
( ) A governabilidade refere-se às próprias condições substantivas / materiais de
exercício do poder e de legitimidade do Estado e do seu governo, derivadas da sua postura diante
da sociedade civil e do mercado.
( ) A governabilidade é a autoridade política do Estado em si, entendida como a
habilidade que este tem para agregar os múltiplos interesses dispersos pela sociedade e
apresentar-lhes um objetivo comum.
( ) A fonte e a origem da governabilidade são as leis e o poder legislativo, pois é ele
que garante a estabilidade política do Estado, por representar todas as unidades da Federação e
os diversos segmentos da sociedade.
( ) A fonte da governabilidade são os agentes públicos ou servidores do Estado que
possibilitam a formulação / implementação correta das políticas públicas.
( ) A governabilidade é o apoio obtido pelo Estado às suas políticas e à sua
capacidade de articular alianças e coalizões para viabilizar o projeto de Estado e sociedade a ser
implementado.
Escolha a opção correta.
a) V, F, V, V, F
b) F, V, F, V, V
c) V, V, F, F, V
d) V, F, V, F, F
e) F, F, V, F, V
Resolução: A resposta da questão é a alternativa “C”. Afirmar que é o poder
legislativo garante a estabilidade política do Estado é uma falácia. A fonte da governabilidade é a
legitimidade e a sustentação política que um governo possui para cumprir seu papel e não os
agentes públicos/servidores.

Questão 20 (ESAF-EPPGG2005) No início da década de 90, o Brasil chegou a ser


apontado como um caso agudo de crise de governabilidade, nas palavras de Maria
Hermínia Tavares de Almeida, atribuída às (más) opções institucionais implementadas no
período, basicamente: um sistema federativo descentralizado; um sistema eleitoral, que
teve conseqüências fragmentadoras sobre o sistema de partidos e sobre a conduta dos
parlamentares; um sistema presidencialista em que o Executivo teve dificuldades para
constituir maiorias parlamentares estáveis e um sistema multipartidário cindido, com
partidos indisciplinados e de pouca coesão. Examinando esse diagnóstico em perspectiva,
você diria que é correto.
1- A hipótese da ingovernabilidade não encontra sustentação em evidências
empíricas.
2- As evidências de que a crise de governabilidade era real e tendia a se agravar
levaram o Executivo a propor uma série de reformas econômicas.
3- O fato de que a Constituição de 1988 tenha sofrido mais emendas que qualquer
outra Carta anterior, confirma a gravidade da crise.
4- A fragmentação político-partidária do Legislativo fez com que o Executivo fosse
obrigado a recorrer a numerosos vetos para ter aprovada sua agenda de reformas.

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Em relação a essas afirmações pode-se dizer que:


a) estão todas corretas.
b) apenas a nº 1 está correta.
c) apenas a nº 2 está correta.
d) apenas a nº 3 está correta.
e) estão todas incorretas.
Resolução: A resposta da questão é a alternativa “B”. O governo propôs uma série
de reformas econômicas visando a estabilizar a inflação, por meio do Plano Real, e conseguiu
executar tais reformas, com todo apoio da população, demonstrando que não havia crise de
governabilidade.
O fato de que se conseguiu emendar bastante a CF88 demonstra a capacidade do
governo de se articular e conseguir negociar com as bancadas no Congresso a fim de aprovar
seus projetos. E não fez isso por meio de vetos, isso é óbvio.

Questão 21 (ESAF-EPPGG2001)- “Não faremos um comentário pormenorizado de


todos os aspectos atingidos pela reforma administrativa, até porque não é este o propósito
do trabalho. Mesmo assim, é possível dizer que há duas grandes linhas no projeto de
reforma administrativa, ambas com efeitos sobre a Federação. Uma é a vinculada à
preocupação com o ajuste fiscal, a qual aparentemente motivou a apresentação dessa
reforma e que marcou mais fortemente os debates. Tratava-se de diminuir os gastos com
pessoal, mais especificamente o dos governos estaduais. A outra grande linha da reforma
administrativa é o resultado, em grande medida, da ação do ministro da Administração e
Reforma do Estado (MARE), Luiz Carlos Bresser Pereira, que procurou fazer alterações
constitucionais capazes de flexibilizar a administração pública e assim criar um novo
modelo de organização burocrática, a administração pública gerencial .”
(Trecho extraído do livro “Reforma do Estado e o Contexto Federativo Brasileiro” de Fernando
Luiz Abrucio e Valeriano Mendes Ferreira Costa - São Paulo. Konrad-Adenauer-Stiftung, 1998.
Pesquisas, no 12 p. 61)
Indique, entre as opções abaixo, aquela que não serviu de base para a Reforma do Estado, dando
origem ao novo modelo de organização burocrática, acima mencionado.
a) a recuperação da governança ou capacidade financeira e administrativa de implementar as
decisões políticas tomadas pelo governo

b) o aumento da governabilidade ou capacidade política do governo de intermediar interesses,


garantir legitimidade, e governar

c) a redução do grau de interferência do Estado ao efetivamente necessário através de


programas de desregulação

d) A delimitação das funções do Estado, reduzindo seu tamanho em termos principalmente de


pessoal

e) a orientação da ação do Estado para o cidadão-usuário ou cidadão-cliente, com ênfase no


controle dos procedimentos

Resolução: a resposta da questão é a letra “E”. A ênfase no controle dos


procedimentos não serviu de base para a Reforma do Estado.

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Bons Estudos e até a semana que vem! Quaisquer dúvidas, fiquem a vontade para
usar o fórum.
Grande abraço!

BIBLIOGRAFIA

BENTO, Leonardo Valles. Governança e Governabilidade na Reforma do Estado:


entre eficiência e democratização. Editora Manole,São Paulo, 2003

GAETANI, Francisco. As Políticas de Gestão Pública em Transformação in Crise de


Governo e Reformas Institucionais. Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo –
FESP, 2005.

GAETANI, Francisco. O recorrente apelo das reformas gerenciais: uma breve


comparação. ENAP: Revista do Serviço Público, Ano 54, Número 4, Out-Dez 2003

GUERZONI FILHO, Gilberto. Tentativas e perspectiva de formação de uma burocracia


pública no Brasil. ENAP: Revista do Serviço Público, Ano 47, Volume 120, Número I, Jan-Abr
1996.
MAGALHÃES, José Antônio Fernandes de Magalhães. Ciência Política. Vestcon:
Brasília, 2005.

SOUZA, Antonio Ricardo. As agências reguladoras de serviços públicos de infra-


estrutura do Brasil e a superação da Administração Pública Burocrática: uma análise das
agências ANP, ANEEL e ANATEL. Projeto de Doutorado: UFBA, 2004.

MALTEZ, José Adelino . Pluralismo, o que é? Http: // topicospoliticos.blogspot.com/


2004/10/pluralismo-o-que.html

MATTA, João Eurico. Antecedentes Brasileiros: anos 1930 a 60, tópicos de formação
universitária (Brasil e Bahia), DASP, FGV e a "via crucis" da Reforma Administrativa. Cadernos da
Fundação Luís Eduardo Magalhães: Bahia, 2002.

SILVA, Regina Célia dos Santos. Medicamentos excepcionais no âmbito da


assistência farmacêutica no Brasil. [Mestrado] Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de
Saúde Pública; 2000. 215 p.

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