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Julia é uma garota cristã de 16 anos de idade, que cursa o terceiro ano do ensino médio e vive as
pressões da adolescência. Durante uma semana de provas na escola, um episódio incomum ocorreu
com Julia. Prestes a iniciar a prova, ela sentiu que estava com falta de ar, batimentos cardíacos
acelerados, tontura e alguns calafrios. Ao perceber que as coisas não iam bem com Julia, uma amiga
decidiu chamar a professora, que prontamente levou Julia à enfermaria da escola. A enfermeira da
escola, ao entrar em contato com os pais de Julia, sugeriu que uma visita ao médico seria benéfica
para investigar os motivos do ocorrido e foi isso que seus pais fizeram. Após diversos exames e nada
conclusivo, o médico de Julia sugeriu a possibilidade de que aquele episódio vivenciado na escola
tivesse sido uma crise de ansiedade e receitou um ansiolítico específico.
Os remédios pareceram ajudar por um tempo. No entanto, quando as pressões da vida cresciam
sobre Julia, os episódios se repetiam e se tornavam mais intensos. Crises de choro e dores no corpo
a acompanhavam, e agora Julia havia desenvolvido um medo consumidor de ter uma nova crise. Uma
nova consulta médica aconteceu, desta vez com um psiquiatra para quem seu médico a encaminhou.
Foi quando eles receberam um diagnóstico de transtorno de ansiedade e ataques de pânicos.
Julia era até então uma adolescente normal como várias outras meninas e também meninos que
passam por uma variedade de pressões como, por exemplo, a necessidade de decidir o que cursará
na faculdade e qual rumo tomar no futuro, ou as primeiras preocupações com um namoro, o uso dos
seus dons na igreja e assim por diante. Ela parecia sofrer ao passar por dificuldades características
da vida de uma adolescente.
Confusos e desanimados, os pais de Julia decidiram buscar ajuda na igreja e, junto com ela,
contaram ao líder de adolescentes os problemas pelos quais Julia estava passando.
Se você fosse esse líder de juventude, como você ajudaria Julia e seus pais? Existe algo que nós
cristãos podemos fazer para ajudar aqueles que sofrem com crises de ansiedade e ataques de
pânicos? Como os conselheiros bíblicos atuam pelo poder do evangelho diante de um tópico
complexo e multifacetado como ansiedade e pânico? Como vocês pais podem ajudar os filhos a lidar
biblicamente com crises tão esmagadoras? Como entender o diagnóstico que Júlia recebeu?
O primeiro passo será compreender melhor do que se está falando, o que são os transtornos da
ansiedade e os ataques de pânicos, para então ver como a Bíblia pode ajudar Júlia.
1
O desafio atual
O que aconteceu com Júlia tem acontecido hoje com tantos outros adolescentes e jovens. Eles ficam
confusos. Seus pais ficam confusos, desejosos de ajudar e buscar o melhor para eles.
De fato, a bioquímica cerebral está na ordem do dia desde que os médicos passaram a
considerar possíveis origens orgânicas para problemas como depressão ou ansiedade. Ao mesmo
tempo, o vocabulário de diagnóstico da psiquiatria tem entrado cada vez mais no domínio do grande
público. É nesse contexto que os ataques de pânico estão se tornando uma questão com que os
conselheiros bíblicos começam a lidar com frequência, fazendo-se oportuna uma avaliação bíblica.
O que lemos e ouvimos — em jornais, revistas, televisão, e até mesmo na literatura evangélica
e púlpito — nos diz que a ciência está finalmente ganhando a guerra contra velhos e novos problemas
que, como os ataques de pânico, são hoje considerados de ordem orgânica e curáveis fora do âmbito
do aconselhamento bíblico, com recursos da terapia psicofarmacológica.
Uma pergunta bastante relevante é levantada e considerada por Edward Welch:
A ciência médica de fato tirou de campo o aconselhamento no que diz respeito a lidar com esses
sintomas ‘psiquiátricos’? Ou essas reivindicações médicas provêm de um modelo médico
(doença) mais que de evidências médicas? [...] Devemos tratar essas questões com cuidado.
Queremos ser bíblicos, cientes das pesquisas médicas e cuidadosos onde as respostas
atualmente ainda não estão claras. [...] . A última coisa que queremos é [...] ser tidos como
simplistas, fanáticos religiosos que apenas dizem “É contrário à Bíblia”. Pelo contrário, nosso
alvo é permitir que a Escritura seja nosso guia e providencie uma estrutura de pensar sólida e
prática que incorpore as evidências médicas disponíveis.1
Precisamos resistir ao ímpeto de rejeitar imediatamente aquilo que tem sido identificado como
transtornos de ansiedade2 simplesmente porque não são problemas mencionados dessa forma na
Bíblia. Essa não é razão suficiente para ignorá-los, mas desafio para buscar entendimento na Palavra.
É bom também termos uma ideia das descrições e tratamentos seculares, visto que é a eles que
devemos oferecer uma alternativa bíblica. Certamente não teremos respostas para todas as nossas
perguntas, mas estabeleceremos uma base bíblica para lidar com a questão.
1 WELCH, Edward. T. Counselor’s guide to the brain and its disorders: knowing the difference between disease and
sin. Grand Rapids, MI: Zondervan, 1991. p. 203. Tradução livre
2 Uma das seções do DSM-5, o Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais da American Psychiatric
Association (Porto Alegre: Artmed, 2014), especifica os vários diagnósticos incluídos na classificação de transtornos de
ansiedade. Ao lidar com o caso de Júlia, este livreto irá se ater ao transtorno de ansiedade generalizada, ao transtorno
do pânico e ataques de pânico.
2
Os ataques de pânico se destacam dentro dos transtornos de ansiedade como um tipo particular
de resposta ao medo. 3
um ataque de pânico é um surto abrupto de medo intenso ou desconforto intenso que alcança
um pico em minutos e durante o qual ocorrem quatro (ou mais) dos seguintes sintomas:
Nota: O surto abrupto pode ocorrer a partir de um estado calmo ou de um estado ansioso.
1. Palpitações, coração acelerado, taquicardia.
2. Sudorese.
3. Tremores ou abalos.
4. Sensações de falta de ar ou sufocamento.
5. Sensações de asfixia.
6. Dor ou desconforto torácico.
7. Náusea ou desconforto abdominal.
8. Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio.
9. Calafrios ou ondas de calor.
10. Parestesias (anestesia ou sensações de formigamento).
3 AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5 Porto
Alegre : ARTMED, 2014, p. 189.
4 Idem, p. 190, 222.
5 Idem, p. 209.
3
11. Desrealização (sensações de irrealidade) ou despersonalização (sensação de estar
distanciado de si mesmo).
12. Medo de perder o controle ou “enlouquecer”.
13. Medo de morrer. 6
O DSM-5 aponta que a frequência e a gravidade dos ataques de pânico podem variar bastante.
Eles podem acontecer uma vez por semana, durante meses, ou pode haver pequenos surtos de
ataques de ataques diários espalhados ao longo de um ano. De um ataque de pânico para o seguinte,
os sintomas podem variar em número e tipo. Os ataques de pânico podem ocorrer no contexto de um
transtorno de ansiedade, mas é necessário mais de um ataque de pânico inesperado, e com pelo
menos quatro dos sintomas identificados, para que seja atribuído o diagnóstico psiquiátrico de
transtorno de pânico. Também é preciso que, após o ataque de pânico, haja apreensão ou
preocupação persistente acerca de ataques de pânico adicionais ou suas consequências (p. ex., perder
o controle, ter um ataque cardíaco, “enlouquecer”), além de que a pessoa deve apresentar uma
mudança significativa em seu comportamento, desenvolvendo hábitos que têm por finalidade evitar
novos ataques de pânico (p. ex., evitar exercícios ou situações desconhecidas).7
Além de poderem ocorrer no contexto de um transtorno mental, os ataques de pânico pode
acontecer também algumas condições médicas (p. ex., cardíaca, respiratória, vestibular,
gastrintestinal), mas o DSM-5 destaca que estes, na maioria das vezes, nunca satisfazem todos os
critérios para transtorno de pânico8.
6 AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5 Porto
Alegre : ARTMED, 2014, p. 208.
7 Idem, ibid.
8 Idem, p. 215
9 EMLET, Michael R. Descrições e prescrições: uma perspectiva Bíblica sobre os diagnósticos e medicamentos
11
Para um excelente livro sobre o assunto veja Descrições e prescrições: uma perspectiva Bíblica sobre os diagnósticos e
medicamentos psiquiátricos (Eusébio, CE: Peregrino, 2018), por Michael Emlet
Veja também os artigos disponíveis on-line por Charles Hodges, Quando a medicação psicoativa é útil na vida de um
aconselhado (disponível em https://conselhobiblico.com/2019/08/19/quando-a-medicacao-psicoativa-e-util-na-vida-de-
um-aconselhado, acesso em 27.02.2020) e Michael Emlet. Uma compreensão bíblica dos medicamentos psicoativos.
(disponível em https://conselhobiblico.com/2019/08/14/uma-compreensao-biblica-dos-medicamentos-psicoativos, acesso
em 27.02.2020).
12 WALLACE Jocelyn. Ataques de Ansiedade e Pânico: Confiando em Deus quando você tem medo. São José dos
cérebro (Eusébio, CE: Peregrino, 2019), e de Charles Hodges, Depressão e transtorno bipolar (Eusébio, CE: Peregrino,
2015).
14 Para o conceito do conselheiro bíblico como médico da alma, veja o livro de Robert Kellemen, Soul physicians: a
theology of soul care and spiritual Direction (Winona Lake, IN: BMH, 2007).
5
Com frequência, quando uma preocupação se torna controladora, ela se transforma em ansiedade
pecaminosa. Nosso coração começa a crer, mesmo sem nos darmos conta, que Deus não é bom o
suficiente ou não é poderoso o bastante para impedir que aconteça algo que, em última instância,
possa nos ferir, magoar ou prejudicar. A antecipação mental de uma possível consequência ruim,
causada pela não realização de uma expectativa pessoal, toma conta de nós com as consequente
reação emocional e, muitas vezes, física.
Esquecimento do
caráter de Deus
Ao enfrentar a ansiedade, a pessoa se sente abatida, o seu mundo, se não seu próprio corpo, torna-se
incompreensível e incontrolável. Essa é a descrição de uma vida sem um pleno relacionamento com
Deus, a vida de alguém que não confia em Deus.
15Adaptado de WALLACE, Jocelyn. Ataques de ansiedade e pânico: confiando em Deus quando você tem medo. São
José dos Campos, SP: Fiel, 2019, p. 21.
6
Por isso, digo a vocês: não se preocupem com a sua vida, quanto ao que irão comer ou beber;
nem com o corpo, quanto ao que irão vestir. [...] Quem de vocês, por mais que se preocupe, pode
acrescentar um côvado ao curso da sua vida? [...] Portanto, não se preocupem com o dia de
amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal. Mt 6.25, 27, 34
Tesouro do coração:
Perfeccionismo (eu
tenho que me
aprovar)
Possível perda
ANSIEDADE: de controle,
O que pode Multidão de antecipação
acontecer se se pensamentos das possíveis Mal
eu não for bem medrosos e consequências desempenho
Eu tenho que ir
na prova? ansiosos ruins na prova
bem na prova
Em uma situação como essa, algumas verdades sobre Deus precisam ser revisitadas pelo jovem e
cridas de todo coração, pois entender a verdade sobre quem Deus é e aquilo que Ele é capaz de fazer,
e depois viver de acordo com ela, é um dos maiores remédios bíblicos para uma crise de ansiedade
ou um ataque de pânico.
• Quando somos feitos filhos de Deus, temos a certeza de que somos amados por Ele: “Nisto
consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou
o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados” (1Jo 4.10, cf. Ef. 2.4, 5; Rm 5.8). Por isso,
podemos ter a certeza de que as promessas bíblicas do cuidado de Deus para com seus filhos
são promessas que são nossas, promessas a que podemos nos agarrar.
16Adaptado de: FYTZPATRICK, Elyse. HENDRICKSON, Laura. Will medicine stop the pain? Chicago, IL: Moody Press,
2006, p. 128
7
• A maior cura para a ansiedade é aprender a confiar nesse Deus que é bom o bastante para se
importar com o medo mais complexo, e grande o bastante para cuidar de nós mesmo que algo
de ruim venha a acontecer.
Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os
principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura,
nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de
Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor (Rm 8.38, 39).
• O sofrimento que o jovem pode estar passando pode ser uma ponte para que ele experimente
o amor e cuidado de Deus de uma forma ainda mais pessoal, enquanto o faz crescer para ser
mais parecido com Cristo:
Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus,
daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Pois aqueles que Deus de
antemão conheceu ele também predestinou para serem conformes à imagem de seu
Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos (Rm 8.28, 29).
• Deus está pronto a nos ouvir em nossas ansiedades e a nos dar a sua paz.
Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação
de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o
entendimento, guardará os seus corações e as suas mentes em Cristo Jesus. Finalmente,
irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o
que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de
excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas. Tudo o que vocês aprenderam,
receberam, ouviram e viram em mim, ponham-no em prática. E o Deus da paz estará
com vocês (Fp.4.6-9)
17 Essas perguntas não são exaustivas e muitas outras poderiam ser aplicadas, porém. O objetivo desse resumo é dar
ideias ao conselheiro de como ele pode investigar melhor a situação do aconselhado para ministrar com maior eficácia.
Para uma boa ajuda sobre coleta de dados, veja os livros de: John F. MacArthur Jr. e Wayne Mack, Introdução ao
Aconselhamento Bíblico (São Paulo: Hagnos, 2004), capítulo 12, que possui um excelente apanhado de perguntas que
podem ser feitas, bem como a fundamentação bíblica para realiza-las; Jay Adams, Manual do conselheiro cristão (São
José dos Campos, SP: ABCB-LER, 2008), capítulo 26, que oferece uma abordagem mais técnica sobre o assunto, porém é
muito claro em relação a que tipos de perguntas fazer e não fazer, bem como oferece um método para identificar padrões
pecaminosos; David Powlison, Falando a verdade em amor (São Paulo: Cultura Cristã, 2011) , capítulo 4, que apresenta
um modelo objetivo para guiar a conversa com o aconselhado para entender suas necessidades espirituais e saber como
ministrar as Escrituras de modo objetivo.
18 Muitas dessas perguntas foram adaptadas, ampliadas ou modificadas a partir do excelente capítulo 8 do livro de John F.
MacArthur Jr e Wayne Mack, Introdução ao Aconselhamento Bíblico (São Paulo: Hagnos, 2004), que fala sobre a coleta
de dados.
9
b. Com qual frequência você vai à igreja? O que a igreja representa na sua vida?
c. Fale acerca do seu relacionamento com Deus: como começou, como tem crescido, quão
importante ele é, onde Deus se enquadra no todo de sua vida ou na realidade presente, o que
você vem fazendo para fortalecer seu relacionamento com Deus?
d. Quem é Jesus na sua vida e como você define o seu relacionamento com Ele?
e. Você ora a Deus pedindo perdão por seus pecados? Com que frequência e de que maneira? Há
alguma coisa que você está guardando sem se arrepender, confessar e dar os passos
necessários para resolver biblicamente?19
f. Descreva algumas marcas que mostram que você está crescendo como cristão.
g. De que forma que você poderia crescer como cristão? No seu relacionamento com Cristo.?
No seu testemunho de Cristo aos descrentes?
3. Histórico pessoal: Informações acerca do contexto de vida anterior, doenças enfrentadas,
sofrimentos, frustrações, tentações e bênçãos vividas. Todas essas circunstâncias podem ter uma
grande influência na vida atual do jovem e na sua forma de responder às dificuldades que está
enfrentando.
a. Quando você começou a ter esse problema? Conte-me o que estava acontecendo em sua vida
naquele momento.
b. Que pressões externas você tem experimentado atualmente?
c. Quando você olha para seu passado, quais as experiências mais alegres e tristes que você teve?
4. Emoções: As emoções são como uma janela para o coração e podem falar muito alto a respeito
dos desejos e pensamentos presente na vida uma pessoa, funcionando de maneira parecida com
um detector de fumaça. É importante para o conselheiro interpretar bem e nunca ignorar as
emoções para chegar a raiz do problema.
a. Quais são algumas emoções que você experimenta com frequência?
b. Como os outros o veem emocionalmente?
c. Se você pudesse mudar algo acerca de si mesmo no aspecto emocional, o que gostaria de
mudar?
d. Dê-me alguns exemplos de quando você esteve extremamente... (irado, feliz, triste).
e. Como você se sente acerca do que está acontecendo em sua vida atualmente?
5. Circunstâncias da crise: Como conselheiro, você vai querer saber se existem “gatilhos” que
destravam as crises de ansiedade e os ataques pânico para investigar juntamente com o jovem o
que está realmente por trás dessas situações de extrema pressão, medo e desconforto que levam
a reações extremas do corpo. As perguntas específicas podem ajudar a identificar tais situações
e padrões:
a. Onde os ataques de pânico normalmente acontecem?
b. Onde os ataques nunca acontecem?
c. Quais são seus pensamentos mais frequentes quando os ataques acontecem? Incapacidade de
lidar com a situação? Medo de se machucar? Vergonha?
d. Que desejos você tem que parecem conduzir a tais situações? Desejo de controlar a situação,
controlar pessoas, agradar alguém, provar algo para si mesmo?
e. Quem são as pessoas que mais o ajudam nesses momentos? O que elas normalmente fazem?
19 É útil fazer essa pergunta com certa frequência no início de um aconselhamento, uma vez que a falta de arrependimento
e confissão de pecados é um forte indicativo de uma vida de relacionamento com Deus que não caminha muito bem (cf.
1Jo 1.8-10; Hb 3.7-15; 1Ts 5.19). Não só isso, mas pecado não confessado pode estar no âmago da ansiedade.
10
f. Como é o seu retorno da crise? Você se recorda do fato? Sente vergonha? Sono?
g. Você já identificou os sinais que seu corpo dá ao caminhar para uma crise?
Após uma série de perguntas como essas, entre um encontro e outro com o jovem, invista tempo
para orar por discernimento e processar os dados coletados. Organize suas informações entre aquilo
que você pensa conhece suficientemente e o que gostaria de investigar mais nas conversas seguintes.
Processe todas as informações e, se necessário, procure ajuda de conselheiros mais experientes
para orientá-lo em como proceder. Após isso, determine quais serão os passos seguintes no
aconselhamento, baseado nas informações que coletou, e como você entende que será sábio proceder
no seu aconselhamento.
ETAPA 2: CONVERSAR SOBRE A INTERAÇÃO ENTRE O CORPO E O CORAÇÃO
Quando ministramos um jovem que luta com situações nas quais seus problemas do coração afetam
também o corpo, precisamos ajudá-lo a entender a interação que existe entre o coração e o corpo, e
a fazer as devidas conexões. A tendência de alguém que sofre com crises de ansiedade e ataques de
pânico é não enxergar a situação além do problema físico evidente. Por causa da separação radical
que faz entre a parte material e imaterial do ser humano, essa pessoa não consegue entender a
dinâmica do coração na vida diária e como os pensamentos, desejos e emoções que ocorrem no
coração afetam diretamente sua saúde física. Uma compreensão correta dessa interação, e da
antropologia bíblica, é imprescindível.20
Como David Powlison explica, “Ministrar a alguém é sempre ajudar as pessoas a fazerem as
conexões que elas não estão fazendo. É sempre reinterpretar a o que está acontecendo, identificando
as oportunidades redentoras no que parece ser a mesma velha rotina” 21. Como conselheiros, esse é
o nosso papel, mostrar que existe uma maneira distinta de interpretar a realidade, uma maneira que
leva em conta Deus, seu poder, graça e vontade.22
Uma perspectiva bíblica da interação “homem interior – homem exterior”
Deus projetou os seres humanos para serem guiados e governados por sua alma. A maneira que Deus
criou o homem nos mostra que a alma (ou mente, coração) é a responsável pelas ações que tomamos
no corpo. Em Provérbios 4.23, Salomão ressalta a importância de se guardar o coração porque é a
partir dele que o homem toma decisões e age na vida. O Senhor Jesus, em Lucas 6.45, mostra-nos,
mesmo que implicitamente, que existe uma interação entre o homem interior com o exterior e que a
maneira de agir do homem exterior é resultado daquilo que acontece em seu interior. Por exemplo,
quando alguém se sente triste interiormente, seu corpo e ações revelam isso exteriormente: sua
expressão facial, seu tom de voz, as palavras que usa e as ações que pratica denunciam essa tristeza.
Como bem resume Edward Welch,
A única contribuição do corpo para a pessoa integral é que ele é mediador da ação moral e não o
iniciador. Em certo sentido, ele é o equipamento para o coração. Ele faz aquilo que o coração diz
para fazer; ele é o veículo do coração para o ministério concreto e o serviço no mundo material.23
20 Consulte o capítulo 7 do livro de Heath Lambert, Teologia do aconselhamento bíblico (Eusébio, CE: Peregrino, 2016).
21 POWLISON, David. Falando a verdade em Amor: aconselhando em comunidade. São Paulo, SP: Cultura Cristã, 2015,
p. 57.
22. Um excelente resumo encontra-se em no livro de Elyse Fitzpatrick e Laura Hendrickson, Laura. Will medicine stop
the pain? (Chicago, IL: Moody Press, 2006, p.25ss). O trabalho dessas duas autoras influenciou fortemente este livreto.
Outro recurso relevante são os livros-texto de teologia sistemática de autores como Wayne Grudem ou Millard Erickson.
Para uma abordagem da teologia aplicada ao aconselhamento, dois livros importantes são de Jay Adams, Teologia do
aconselhamento cristão (Eusébio, CE: Peregrino, 2016) e Heath Lambert, Teologia do aconselhamento bíblico.
(Eusébio, CE: Peregrino, 2017).
23 WELCH, Edward. A culpa é do cérebro? : distinguindo desequilíbrios químicos, distúrbios cerebrais e desobediência.
Homem Exterior
Deus
Triuno
Interage
Respostas do corpo:
Homem Interior • Expressão facial
• Fala
• Postura corporal
“Coração, • Batimentos cardíacos
centro de Os sintomas físicos externos podem nos • Pressão sanguínea
comando” fazer crer que existe algo errado • Tremores
Influência “de fora para dentro” • Respiração
• Etc.
com a nossa biologia e despertar
também emoções negativas
coração (καρδία), alma (ψυχή), mente (νοῦς), carne (σάρξ), espírito (πνεῦμα), entranhas/intestinos (σπλάγχνα),
consciência (συνείδησις), pensamentos [maneira de] (ρόνησις), e etc. Todas essas palavras podem ser agrupadas dentro
daquilo que é chamado de “campo de domínio semântico”, elas não possuem o mesmo significado, porém fazem parte de
um mesmo grupo, o que se refere as capacidades cognitivas, volitivas e emocionais do homem. (LOWN, J. P. NIDA, Eugene
A. Greek-English lexicon of the New Testament: based on semantic domains. New York: UBS, 1989, p.8, 19.)
26
FYTZPATRICK, Elyse. HENDRICKSON, Laura. Will medicine stop the pain? Chicago, IL: Moody Press, 2006, p.25, tradução livre.
27
Adaptado de: FYTZPATRICK, Elyse. HENDRICKSON, Laura, p. 26.
12
O objetivo desse gráfico não é comunicar a inexistência de causas biológicas para as respostas
do corpo ali citadas, pois o aconselhamento bíblico das questões que envolvem respostas físicas
intensas – como nos casos de crises de ansiedade e ataques pânico – deve estar sempre conectado
com a boa prática médica para apoio e colaboração, e deve ser visto como um aliado da mesma e não
como um rival. O objetivo é demonstrar que quando causas biológicas como doenças e disfunções
diversas são inexistentes, ou não são possíveis de identificar, o que ocorre é uma reação física às
realidades espirituais que têm lugar no coração, pois nosso corpo e nosso coração estão em constante
interação. Como destaca Michael Emlet, “as Escrituras nos tratam como seres unificados, tendo
aspectos espirituais como corporais”.28 Essa interação, portanto, é constante e visualmente
perceptível: quem somos interiormente revela-se diretamente em como agimos.
Com toda certeza, você não quer falar todo este conteúdo de uma só vez, em uma única conversa
com o jovem. Considere que para um jovem essas questões teológicas podem parecer, inicialmente,
não ter conexão com a realidade dele. Por isso, a dica é caminhar com ele por passagens bíblicas que
mostram essa interação na prática, bem como ajudá-lo a encontrar essa interação entre corpo e
coração em questões da sua própria experiência. Eis alguns exemplos:
• Salmo 32.1-5 - é um excelente lugar para começar. Davi afirma que ele sentiu no corpo
as consequências do seu pecado. Seu sofrimento interior resultou em sofrimento
exterior, e os jovens precisam dessa perspectiva.
• Lucas 6.43-45 - apresenta a dinâmica entre o coração e seus frutos. Mostrar para o
jovem que suas ações/reações são resultado de seus pensamentos, desejos e intenções
do coração pode lançar luz em sua compreensão de que seus pensamentos e desejos
conduzem a reações diferentes no corpo.
• 2Coríntios 4.16-54 – Paulo nos mostra que os sofrimentos no corpo podem ser
utilizados para o crescimento espiritual quando o foco é colocado na eternidade e não
nos sofrimentos ou bem-estar do presente.
• Textos selecionados em Provérbios - Uma conversa pautada por alguns textos bíblicos
selecionados em Provérbios pode ajudar o jovem a entender a realidade da interação
entre mente e corpo como, por exemplo: o coração controla as expressões faciais como
o riso (15.13) e controla e a língua (12. 23; 15.28). Provérbios 4.20-26 nos mostra que
os olhos e ouvidos são a porta do coração e que o coração decide o que eles irão ver e
ouvir.
O objetivo de comunicar uma visão bíblica sobre a interação entre o homem interior (aspectos
cognitivo, emotivo, volitivo) e o homem exterior, é ajudar o jovem a entender que aquilo que acontece
em seu coração tem influência direta nas respostas que seu corpo dá. Desmaios, choros compulsivos,
dores musculares, dores de cabeça, dificuldades de respiração, aumento dos batimentos cardíacos e
outros sintomas, quando não estão conectados diretamente com uma causa biológica como alguma
doença, um esforço físico ou a privação de alimentação e hidratação adequada, podem ser as
respostas físicas de problemas do coração. Neste caso, as reações do corpo são um termômetro que
nos aponta que algo no homem interior não vai bem.
28
EMLET, Michael. Descrições e prescrições: uma perspectiva bíblica sobre os diagnósticos e medicamentos psiquiátricos.
Eusébio, CE: Peregrino, 2018, p. 108.
13
ETAPA 3: CONDUZIR O JOVEM NA AUTOAVALIAÇÃO E EM UM PROCESSO BÍBLICO DE MUDANÇA
Após uma interação a respeito da antropologia bíblica e da influência direta de nossos pensamentos,
desejos e emoções em nosso corpo físico, a terceira etapa para ajudar alguém que luta com esses
problemas é conduzi-lo ao longo de uma avaliação do próprio coração. A ansiedade, por exemplo,
revela o conteúdo do coração de uma maneira impressionante.
1. A ansiedade aponta para aquilo que o jovem mais quer: O medo está relacionado ao desejo,
então, o que você teme pode dizer muito sobre o que você mais quer. 29 Quando os desejos
tomam o controle, eles desviam o olhar fixo que deveríamos ter em Jesus para um olhar fixo
para nós mesmos, o que pode ser muito desesperador.
Faça perguntas ao jovem sobre os desejos, medos e anseios do seu coração. Uma ferramenta
útil podem ser as Perguntas Raio-X de David Powlison.30
Ajude-o, à luz da Palavra de Deus, a compreender que tais desejos e medos não são
justificáveis diante de Deus.
2. A ansiedade aponta para aquilo que o jovem realmente crê. Independente do que você
afirma sobre Deus e o cuidado dEle, sua ansiedade e medo destacam o que realmente, lá no
fundo, é sua crença sobre Deus. A ansiedade sempre está ligada à certeza de que algo vai dar
errado. Normalmente as pessoas não se sentem ansiosas por aquilo que elas têm certeza de que
dará certo de acordo com os desejos que ela tem.
• Presumir o pior sobre uma determinada situação é projetar um futuro sobre o qual Deus
não é soberano nem bom, por isso, ajude o jovem a entender o que ele realmente pensa
sobre Deus.
• Uma maneira prática de fazer isso é ajudar o jovem a listar os atributos de Deus, e fazer
perguntas para ajudá-lo a identificar a inconsistência entre as afirmações que ele faz sobre
Deus e suas atitudes ansiosas. Pode ser que o jovem nem saiba ainda o que são os
“atributos” de Deus. Comece, portanto, a ler os Salmos com o seu jovem ansioso, leve-o a
descobrir as emoções colocadas em palavras e os atributos de Deus ao lado de cada uma
dessas expressões.
• O conselheiro pode pedir também que o jovem faça uma lista do que acredita a respeito de
Deus para, em seguida, corrigir suas crenças ou verificar a aplicação que ele está fazendo
dessas crenças mediante a leitura dos salmos e de outros textos bíblicos selecionados.
3. A ansiedade aponta para o que o jovem realmente pensa. A batalha do medo e da ansiedade
acontece principalmente no campo da mente. Muitas coisas que são pensadas em meio ao
pânico e à ansiedade não são boas nem aceitáveis. Elas não passam pelo crivo da Palavra de
Deus para ocupar nossos pensamentos (Fp 4.8).
• Ajude o jovem a fazer uma autoavaliação dos seus pensamentos. Uma boa maneira de
começar é incentivá-lo a criar um diário de pensamentos que pode ser avaliado e discutido
à luz da Palavra com a ajuda do conselheiro. Os registros podem incluir o “pré-crise" e o
“pós-crise”, mas sempre devem resultar em avaliação pessoal.
29
WALLACE, Jocelyn. Ataques de ansiedade e pânico: confiando em Deus quando você tem medo. São José dos
Campos, SP: Fiel, 2019, p. 30
30
POWLISON, David. Falando a verdade em Amor: aconselhando em comunidade. São Paulo, SP: Cultura Cristã, 2015,
p. 123-136.
14
Este registro pode ser feito em quatro colunas:
(1) as circunstâncias da crise (quando e como aconteceu);
(2) O pensamento antes da crise;
(3) o pensamento durante a crise;
(4) a avaliação pós-crise dos seus pensamentos.
• Ajude o jovem a substituir pensamentos errados por pensamentos biblicamente corretos.
A dinâmica de Efésios 4.25-32 pode ser aplicada aos pensamentos e Filipenses 4.8 pode ser
usado como filtro.
• Direcione o jovem a preencher sua rotina com louvor. A música cristã com boa teologia
pode ser uma ferramenta para moldar os pensamentos e atrair a atenção do coração para
Deus.
31
POWLISON, David. Falando a verdade em Amor: aconselhando em comunidade. São Paulo, SP: Cultura Cristã, 2015,
p. 64.
32
Um excelente recurso que pode ser usado como tarefa ou para o aprofundamento nesse tópico é o cap. 2 “Lutando contra
Ansiedade” em PIPER, John. Lutando contra a incredulidade. São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2014, p. 21-36
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Este é um modelo de estudo bíblico dirigido:
Sem desculpas para estar ansioso – Filipenses 4
A carta de Filipenses é por vezes chamada de a “carta da alegria” por causa da ênfase que o
apóstolo coloca na necessidade de um coração grato a Deus e alegre com Deus em meio às
dificuldades e sofrimentos da vida. Paulo iniciou a carta descrevendo os sofrimentos
experimentados por ele mesmo e pelos seus irmãos em Cristo, os filipenses.
Ao chegar na última parte da carta (4.2-23), Paulo deu aos filipenses as orientações finais
baseadas no evangelho e aplicadas às situações que eles viviam no momento. Por causa da
perseguição e oposição que estavam experimentando, Paulo os exortou a permanecerem
alegres e continuarem a relacionar-se uns com os outros em amor (4.4,5) e, em seguida, ele os
exortou a não deixarem que as dificuldades do momento enchessem seu coração de ansiedade.
Utilizando as perguntas abaixo, estude o texto de Filipenses 4.4-9 e aplique-o a sua vida.
Perguntas para estudar o texto
Ao falar sobre a ansiedade, Paulo é categórico em oferecer uma ordem. Qual é essa ordem?
• R.: Não ficar ansioso.
Existe, nesse texto, alguma exceção na qual a ansiedade é permitida e aceitável?
• R.: Não, pois Paulo diz que não devemos estar ansiosos “por coisa alguma”.
Por vezes, quando um autor bíblico expressa uma proibição, logo em seguida ele demonstra o
correto a ser feito. A atitude correta é introduzida, normalmente, por uma conjunção – p. ex.
“mas, porém, contudo, pelo contrário”. Existe uma atitude contrária à ansiedade nesse texto?
• R.: Sim, ao invés de ficar ansiosos, Paulo ordena que conversemos com Deus por meio da
oração, fazendo súplicas e sendo gratos.
Após as duas ordens opostas do v. 6 “não ficar ansioso” e “apresentar a Deus nossas
dificuldades”, Paulo parece apresentar uma promessa que é consequência da obediência aos
dois mandamentos anteriores. As promessas estão normalmente no tempo futuro. Que
promessa existe nesse texto?
• R.: A paz de Deus que vai além da nossa compreensão guardará nosso coração e mente
baseado em nossa união com Jesus.
Como aplicar o texto:
• Que verdades esse texto me revela que eu devo crer?
o A verdadeira paz no coração e na mente é uma promessa de Deus para aqueles que o
buscam em oração.
o A paz verdadeira, que substitui a ansiedade, vem de Deus.
o Nossa união com Cristo garante essa paz que vem de Deus.
o Não existem desculpas ou exceções para se estar ansioso.
• Que áreas da minha vida podem estar me levando à ansiedade?
Para os filipenses, a perseguição, oposição e problemas de relacionamento dentro da
própria igreja eram algumas situações que estavam revelando os desejos dos seu coração e
levando-os a agir de maneira ansiosa.
O que me conduz à ansiedade: Quais são os medos? Os desejos não supridos? As preocupações
com o futuro que não foram ainda entregues a Deus? As coisas que temo que aconteçam?
• Que atitudes eu devo tomar baseado nesse texto?
o Não permanecer ansioso quando a ansiedade for detectada.
o Falar com Deus em oração nos momentos de ansiedade para pedir ajuda e ser grato.
o Descansar e desfrutar da paz que Deus dá ao meu coração e mente quando eu me aproximo
dEle em oração.
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ETAPA 5. CONDUZIR O JOVEM EM ASPECTOS PRÁTICOS DA VIDA CRISTÃ DIÁRIA
1. Comunhão constante com Deus
O texto de Filipenses é claro ao demonstrar que uma das principais atitudes que devemos tomar
diante da ansiedade é apresentar nossas dificuldades, medos e aflições diante de Deus (Fp 4.6) e,
como resultado, experimentaremos a paz que vem de Deus (Fp 4.7). Não só isso, mas o jovem precisa
crescer diariamente na Palavra de Deus e firmar o hábito de separar um tempo diário para isso.
• Estabeleça com o jovem uma rotina ou diário de oração para que ele possa orar de acordo
com Filipenses 4:
o motivos de gratidão a Deus, que o levam a tirar o foco de si mesmo,
o intercessão por outras pessoas,
o pedidos de oração sobre sua vida, seus desejos, seus medos e ansiedades.
• Crie um compromisso de oração: sempre que se sentir ansioso ou com medo e, sem
forças para orar sozinho, o jovem deve recorrer a um amigo espiritual ou ao próprio
líder para ser encorajado e orarem juntos.
• Estabeleça com o jovem um compromisso de devocional diária. Para que ele aprenda a
como separar um tempo todos os dias para ler e meditar diariamente na Palavra de Deus,
preferencialmente pela manhã se o sua rotina de compromissos o permitir.33
• Ajude-o a perceber suas limitações físicas e a lidar com elas. Alguns podem desenvolver
crises em ambientes quentes ou fechados, quando ficam longos períodos sem se alimentar
ou sem as necessárias horas de sono. O jovem precisa prestar atenção nos sinais que o
corpo dá de uma possível crise de ansiedade e pânico como, por exemplo, mãos úmidas,
33 O livreto Comoter um tempo a sós com Deus, por Pedro Vercelino, é um excelente recurso para que o jovem aprenda
os passos básicos de como fazer uma devocional diária. Você o encontra na série Recursos para o Aconselhamento de
Juventude, disponível em:
http://conselhobiblico.com/para-voce/conexao-jovem/serie-recursos-para-o-aconselhamento-de-juventude.
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um "frio no estômago", formigamento no rosto ou extremidades (dedos, mãos e pés),
aumento de suor repentino, dificuldade de respirar mesmo que em repouso, aumento dos
batimentos cardíacos, entre outros. Identificar esses sinais o ajudará a perceber as
situações nas quais a sua ansiedade se intensifica, atenuá-las dentro do possível e a lidar
biblicamente com os pensamentos para que possa se recompor de forma mais rápida.
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• É preciso estabelecer prioridades, o equilíbrio entre as atividades, descanso e também
lazer. Ajude a dividir a semana e os dias para que nenhum aspecto fique negligenciado
• Ensine ao jovem a fazer escolhas sábias e tomar decisões sobre o que inserir ou não na
sua agenda diária diante das pressões ou mesmo dos convites agradáveis que certamente
aparecerão.
• Ensine o jovem a determinar aquilo em que deve agir, ou seja, que é de sua
responsabilidade e aquilo que ele deve entregar para Deus porque não tem condições de
controlar nem realizar.
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Sugestões de recursos
EM PORTUGUÊS
Para o conselheiro e para o jovem
BRIDGES, Jerry. Pecados intocáveis. São Paulo: Vida Nova, 2012. Capítulo 8.
FITZPATRICK, Elyse. Vencendo medos e ansiedades. São José dos Campos, SP: Fiel, 2015.
GEORGE, Elizabeth. Preocupação: um hábito que pode ser quebrado. São Paulo: Hagnos, 2011.
JONES, Robert. Preocupação: suas raízes e a libertadora perspectiva de Deus. São Paulo: Nutra,
2016.
MacARTHUR, John F. Jr. Abaixo a ansiedade. São Paulo: Cultura Cristã, 2013.
NEWBELL, Trillia. Medos do coração: encontrando a paz que você anseia. São José dos Campos, SP:
Fiel, 2016.
PIPER, JOHN. Lutando contra a incredulidade. São José dos Campos, SP: Fiel, 2014. Capítulo 1.
WALLACE, Jocelyn. Ataques de ansiedade e pânico: confiando em Deus quando você tem medo. São José dos
Campos, SP: Fiel, 2018.
EM INGLÊS
Para o conselheiro e para o jovem
KELLEMEN, Robert. Anxiety: anatomy and cure. Phillipsburg, NJ: P & R, 2012.
POWLISON, David. Overcoming anxiety: relief for worried people. Greensboro, NC: New Growth Press: 2015.
POWLISON, David. When you are worried: finding reasons for peace. Greensboro, NC: New Growth Press:
2015.
SCOTT, Stuart. Anger, anxiety and fear: a biblical perspective. Bemidji, MN: Focus, 2009.
WELCH, Edward. Running scared. Greensboro, NC: New Growth Press: 2007.
WELCH, Edward. When I am afraid: a step-by-step guide away from fear and anxiety. Greensboro, NC: New
Growth Press: 2010.
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