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Comunicação Não-Violenta (Marshall B.

Rosenberg)

Cap. 1.

Comumente temos o conceito de violência relacionado apenas à agressão


física, porém existem dois tipos de violência; a física e a passiva (a violência
que gera sofrimento emocional). A violência passiva alimenta a fornalha da
violência física. “Não se pode construir a paz sobre alicerces de medo”.

Nossas palavras podem ser janelas ou paredes na vida de alguém, no sentido


de possibilitar a essa pessoa novos horizontes ou aprisioná-la.

A CNV (comunicação não violenta) se baseia em habilidades de linguagem e


comunicação que fortalecem a capacidade de continuarmos humanos. Envolve
honestidade, clareza, atenção respeitosa e empática, escutar nossas
necessidades e a dos outros. Significa dar, sem esperar nada em troca, sendo
o nosso único interesse a compaixão do ato.

Componentes da CNV:

1- Observamos o que está acontecendo, o que nos agrada ou não naquilo


que as pessoas estão fazendo. (Observando)

2- Identificamos como nos sentimos ao observar aquela ação (magoados,


felizes, tristes, ansiosos etc). (Sentindo)

3- Reconhecer necessidades ligadas ao sentimento que identificamos.


(Necessitando)

4- Pedido específico / o que estamos querendo da outra pessoa para


enriquecer nossas vidas. (Pedindo)
É possível praticar a cnv sem o uso de palavras, através do silêncio, expressão
facial e corporal. A essência está em nossa consciência daqueles 4
componentes.

A cnv é um processo de comunicação que concede poder e alegria às


pessoas, pois permite que elas compreendam muito além dos conflitos
externos. Através da comunicação compassiva, conseguimos compreender as
reais necessidades de cada indivíduo, permitindo que alguns de seus
problemas sejam resolvidos.

“é preciso escutar os sentimentos e necessidades por trás de cada ato/fala


violenta”.

Cap. 2.

Em contrapartida à cnv existe a comunicação alienante da vida, que faz uso de


julgamentos de valor, comparações e terceirização de responsabilidade,
fazendo com que os relacionamentos sejam permeados de rótulos,
julgamentos e ações de violência.

Os julgamentos moralizantes presentes na cav separam as pessoas em dois


grupos distintos (certo ou errado, inteligente ou burro etc) dicotomizando seus
atos. Tais comportamentos representam expressões trágicas de nossos
próprios valores e necessidades, que acabamos projetando nas outras pessoas
e influenciando na forma como as enxergamos.

Juízo de valor (aquilo que acreditamos ser melhor para a vida) X Julgamentos
moralizantes

Outra característica presenta na cav é a comparação, constituindo uma forma


de julgamento. Frequentemente nos comparamos a outras pessoas, e com isso
estabelecemos um padrão do que seria o modelo ideal de beleza, realizações
etc. Cada indivíduo é único.
Outro aspecto da cav é a negação de responsabilidade. Cada um de nós é
responsável por seus próprios pensamentos, sentimentos e atos. Ninguém é
obrigado a fazer nada, e se o faz é por um motivo. “Preciso fazer isso no meu
trabalho= eu opto por fazer isso, pois necessito manter meu emprego. ”

Cap. 3.

É fundamental diferenciar observação de avaliação, pois quando combinamos


as duas as pessoas tendem a receber isso como crítica. A avaliação constitui
um rótulo negativo imposto por nós (julgamento moralizante), e isso acaba
limitando nossa percepção da totalidade do ser de outra pessoa.

“O que alguns chamam de preguiça outros chamam de cansado ou tranquilo. ”

“O que alguns de nós chamamos de burro, para outros é apenas um saber


diferente”.

Avaliação X observação

joão vive deixando as coisas para depois / joão só estuda na véspera das
provas.

Os estrangeiros não cuidam da própria casa / não vi aquela família estrangeira


da outra rua limpar a calçada

Zequinha é um péssimo jogador de futebol / em 20 partidas Zequinha não


marcou nenhum gol.
Carlos é feio / A aparência de Carlos não me atrai

A cnv é uma comunicação dinâmica, e sua observação deve ser feita de


maneira específica para um tempo e um contexto determinado.

Cap. 4.

Nossa sociedade não considera os sentimentos como algo importante, não


somos ensinados a expressar aquilo que sentimos, geralmente guardamos
tudo para nós mesmos. Essa alienação dos sentimentos começa desde muito
cedo e possui resultados catastróficos, sendo muito comum usarmos
pensamentos como se fossem sentimentos “ sinto que não consegui um acordo
justo”.

Quando tomamos consciência daquilo que realmente sentimos em


determinadas situações, aumentamos o nosso vocabulário dos sentimentos, e
com isso melhoramos os nossos relacionamentos de maneira geral.

Vemos a vulnerabilidade como uma fraqueza a ser escondida, porém


expressá-la pode ajudar a resolver conflitos e estreitar relações.

É fundamental a distinção entre o que sentimos e o que pensamos:

Sinto que sou mau violonista X Estou me sentindo desapontado comigo mesmo
como violonista.

Cap. 5.

Quando alguém faz uma crítica sobre nós, podemos escolher como reagir
diante dessa situação: “ você é muito egocêntrico”
1- Culpar a nós mesmos.” Oh, eu deveria ter sido mais sensível”

2- Culpar os outros. “você não tem o direito de dizer isso”

3- Escutar nossos próprios sentimentos e necessidades. “Quando ouço


você dizer que sou a pessoa mais egoísta do mundo, fico magoado,
pois, preciso de algum reconhecimento pelo meu esforço”.

4- Escutar os sentimentos e necessidades dos outros. “você está magoado


porque precisa de mais consideração por suas preferências?”

Quando expressamos nossas necessidades através de críticas e julgamentos,


as pessoas tendem a concentrar suas energias na autodefesa e no contra-
ataque. Somos acostumados a pensar no que há de errado com as outras
pessoas, sem efetivamente expressar nossas necessidades.

Cap. 6.

Pedimos que sejam feitas ações que possam satisfazer nossas necessidades.
Ao realizar um pedido devemos usar uma linguagem positiva, que demonstre
claramente o que queremos que seja feito ao invés do que não queremos.
Devemos evitar frases vagas e ambíguas e formular nossas solicitações na
forma de ações concretas que os outros possam realizar.

‘’Quero que você me deixe ser eu mesma” = “quero que você sorria e diga que
tudo o que eu faço está bem”.

- A depressão é a recompensa que ganhamos por sermos bons

A falta de consciência em expressar aquilo que realmente queremos, faz com


que nossas necessidades não sejam atendidas, pois não temos clareza do que
estamos pedindo, geralmente constituindo algo vago e abstrato. Fazer
solicitações não acompanhadas dos sentimentos e necessidades do solicitante,
pode soar como uma exigência.

Quanto mais claro formos a respeito do que queremos obter, mais provável
será que o consigamos. Às vezes é importante pedir um feedback da pessoa
sobre a mensagem que acabamos de transmitir. Podemos pedir para ela
repetir a mensagem ou perguntar se “está claro” para que qualquer mal
entendido seja esclarecido.

Pedido X Exigência

Quando pedimos algo a outra pessoa e nosso pedido não é atendido, a


maneira como reagimos a essa situação pode caracterizar um pedido ou uma
exigência. É uma exigência se quem fez a solicitação critica ou julga a outra
pessoa caso ela não atenda ao que foi demandado. O pedido está relacionado
com a compreensão empática, mesmo não sendo atendido.

Cap. 7.

A cnv é composta por duas partes: expressar-se com honestidade + receber


com empatia. A empatia ocorre somente quando conseguimos nos livras de
todas as ideias preconcebidas e julgamentos a respeito dos outros. Muitas
vezes tentamos compreender as pessoas utilizando nosso intelecto ou as
encorajando, porém com isso acabamos nossa empatia para com elas.
Aconselhar, competir pelo sofrimento, educar, consolar solidarizar-se com o
sofrimento do próximo, são formas que impedem uma empatia verdadeira.

A empatia consiste em esvaziar a mente e ouvir como todo o nosso ser. Muitas
vezes não compreendemos os outros, pois focamos nossa atenção nos seus
sentimentos e no que eles pensam de nós, ao invés de procurarmos entender
suas necessidades. “ Você está se sentindo infeliz porque acha que não o
compreendo ?” ou “você está se sentindo infeliz porque sente necessidade de
ser escutado ?”

Uma das formas de se conectar com as pessoas é através da paráfrase.


Pontuar o que foi dito pelo outro, faz com que ele se sinta verdadeiramente
ouvido, contribuindo para uma conexão mais empática e verdadeira.

Cap. 8.

Se expressar de forma vulnerável e honesta é a melhor forma para estabelecer


uma conexão empática com o outro. Muitas vezes ao nos contarem uma
situação, ficamos no ímpeto de devolver a situação com conselhos prontos e
descartáveis. Porém, quando escutamos os sentimentos e necessidades por
trás do que a pessoa está falando, acabamos dizendo muito mais. Às vezes a
pessoa só quer ser ouvida.

A empatia aos sentimentos e necessidades dos outros, é uma ferramenta


poderosa para desarmá-los e compreendê-los em sua essência. Quando
escutamos os sentimentos e necessidades das pessoas, paramos de vê-las
como monstros.

A empatia está em nossa capacidade de estarmos presentes.

Cap. 9.

Que nós nos tornemos a mudança que buscamos para o mundo. Cada ser
humano tem “uma coisa especial” dentro de si, a sua singularidade. Porém
somos ensinados desde cedo a nos julgarmos constantemente, fazendo com
que tenhamos ódio de nós ao invés de aprendizado. A palavra “eu deveria” é
constantemente usada como uma forma de julgamento, dando a ideia de que
não escolha em nossas ações, apenas uma alternativa obrigatória.
Ao julgar que alguém está errado ou agindo mal, o que estamos realmente
dizendo é que essa pessoa não está agindo em harmonia com nossas
necessidades.

Com frequência fazemos coisas das quais não gostamos, nos sentindo
obrigados a fazê-las. Porém, segundo a cnv, existe a possibilidade de escolha
em todos os nossos atos. Ao invés de falar “tenho de fazer algo” falamos “eu
escolho fazer isso porque...”. Com isso, focamos nossa atenção nas
consequências (reforçadoras ou punitivas) que a nossa escolha tem, pode ser
dinheiro, culpa, agradar aos outros, etc.

‘’. Eu escolho pagar a conta de luz porque preciso de energia para terminar
meus trabalhos acadêmicos, para me formar e ser um excelente profissional. ’’

Cap. 10.

Ferir outras pessoas constitui uma forma superficial de expressar o sentimento


da raiva. É fundamental diferenciar estímulo de causa para a raiva, dissociando
a responsabilidade das outras pessoas por nossa raiva. Não é o
comportamento das outras pessoas, e sim nossas próprias necessidades que
causam nossos sentimentos.

A violência vem da crença de que as outras pessoas nos causam sofrimento,


portanto devem ser punidas.

Os quatro passos para expressar a raiva são:

1- Parar e respirar.
2- Identificar nossos pensamentos que indicam julgamentos
3- Conectar-nos com nossas necessidades
4- Expressar nossos sentimentos e necessidades não atendidos.

Cap. 11.
Dentro da cnv uso da força é visto como uma ferramenta, podendo ser punitiva
ou protetora. Como forma protetora, a força é utilizada para evitar danos
maiores ao indivíduo. Já a força punitiva, faz com que os indivíduos sofram por
atos considerados inadequados.

Muitas vezes utilizamos a punição como forma de ter nossas necessidades


atendidas. Um pai que usa a força física para obrigar o filho a fazer algo, está
perpetuando uma normal social de que a violência pode ser utilizada como
forma de resolução de problemas. O medo da punição faz com que nossa
atenção seja desviada do valor da própria ação, e direcionada na possível
consequência de não executá-la. Isso faz com que a produtividade, o moral e
auto-estima diminuam ao longo do tempo.

Cap. 12.

O crescimento pessoal ocorre por meio do encontro de dois indivíduos que se


expressam de forma vulnerável e autêntica “relação eu-tu”.

Cap.13.

Cumprimentos e elogios muitas vezes são formas veladas de julgamentos, e


avaliações pessoais. Ao usar a CNV para expressar elogios, não esperamos
obter nada em troca, apenas enriquecer a vida da pessoal a qual estamos
elogiando.

Segundo a CNV, os três componentes da avaliação são

1- Externar as ações que contribuíram para o nosso bem-estar


2- Demonstrar as necessidades específicas que foram atendidas
3- Sentimentos agradáveis gerados pelo atendimento dessa necessidade.
Deus deu a todos o poder para enriquecer a vida dos outros. Se tenho
consciência de que é esse poder de Deus operando através de mim que me dá
o poder de enriquecer a vida dos outros, então posso evitar tanto a armadilha
do ego quanto a falsa humildade.

Muitas vezes, ficamos relutantes em expressar gratidão aos outros, achando


que eles já sabem o que vamos falar, porém é importante expressar essa
apreciação, pois assim enriquecemos a vida dos outros.

“O que as pessoas sentem, e do que precisam? ”

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