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09/06/2022 16:11 O Protestantismo Brasileiro no Período Republicano

O Protestantismo Brasileiro no
Período Republicano
 
Alderi Souza de Matos
Situação Geral

1. A Proclamação da República

Em 1899, com a Proclamação da República, ocorreu a


separação entre a igreja e o estado, ou seja, a
Igreja
Católica deixou de ser a religião oficial do Brasil e os
protestantes brasileiros alcançaram a tão
esperada liberdade de
culto. Isto se deu através do Decreto nº 119-A, de 7 de janeiro de
1890, que
declarou o seguinte:

Art. 1º – É
proibido à autoridade federal, assim como à dos estados federados,
expedir leis, regulamentos ou
atos administrativos, estabelecendo alguma
religião, ou vedando-a, e criar diferenças entre os habitantes do
país, ou nos serviços sustentados à custa do
orçamento, por motivo de crenças ou opiniões
filosóficas ou
religiosas.
Art. 2º – A todas as confissões religiosas pertence
por igual a faculdade de exercerem o seu culto, regerem-
se segundo a sua
fé e não serem contrariadas nos atos particulares ou
públicos que interessem ao exercício
deste decreto.
Art. 3º – A liberdade aqui instituída abrange
não só os indivíduos nos atos individuais, senão
também as
igrejas, associações e institutos em que se
acharem agremiados, cabendo a todos o pleno direito de se
constituírem e
viverem coletivamente, segundo o seu credo e a sua disciplina, sem
intervenção do poder
público.
Art. 4º – Fica extinto o padroado com todas as suas
instituições, recursos e prerrogativas. (...)

No ano seguinte, a Constituição de 1891 garantiu plenamente o


livre exercício e propaganda da fé
evangélica, bem como
instituiu o casamento civil e a secularização dos
cemitérios.

2. Conflitos

Os bispos católicos, através de várias cartas pastorais


publicadas a partir de 1890, saudaram a
proclamação da
república porque ela libertou a igreja da tutela e interferência do
estado, que fora uma
constante desde o início da
colonização do Brasil. Ao mesmo tempo, os bispos deploraram a
perda de
status e influência da Igreja Católica, resultante da sua
separação do estado. Ele começaram a referir-se
ao novo
regime republicano como um governo ateu.
A Igreja Católica também empreendeu uma intensa campanha para
recuperar os seus antigos
privilégios e voltar a ocupar os espaços
perdidos. Nesse esforço, a igreja mostrou-se muito agressiva
contra os
protestantes, acusando-os de serem inimigos da identidade e cultura
católicas do Brasil e de
estarem a serviço de interesses
estrangeiros, principalmente norte-americanos. Os evangélicos
denominaram
essas pressões de "clericalismo."
Ironicamente, a ainda pequena comunidade protestante viu-se alvo de ataques
e perseguições ainda
maiores do que as ocorridas na época
do império. Foram comuns, nas primeiras décadas da
república,
as mais variadas manifestações de
intolerância contra os evangélicos. As autoridades com
freqüência
protegiam-nos desses ataques, mas houve casos em que foram
coniventes com os agressores.
Dois líderes destacaram-se nesse esforço de
mobilização católica e anti-protestante: o padre e
conferencista Júlio Maria (que atuou no período 1890-1917) e
especialmente D. Sebastião Leme da
Silveira Cintra, que foi arcebispo de
Olinda e Recife (1916-21), bispo coadjutor do Rio de Janeiro
(1921-30) e cardeal
arcebispo do Rio de Janeiro até a sua morte (1930-42). Um dos
principais
instrumentos utilizados por D. Leme foi o movimento de intelectuais
leigos denominado Centro D.
Vital (1922-33), cujos primeiros líderes
foram Jackson de Figueiredo e Alceu Amoroso Lima.
Em 1925, D. Leme propôs algumas emendas à
Constituição visando o reconhecimento da Igreja
Católica
como a religião do Brasil e o ensino religioso nas escolas
públicas. Essas emendas,
apresentadas pelo deputado Plínio
Marques, foram vigorosamente combatidas pelos protestantes e
outros grupos, e
eventualmente rejeitadas. No governo de Getúlio Vargas, a
Constituição de 1934
favoreceu amplamente o catolicismo, sem,
contudo, oficializá-lo.

3. Mobilização
Protestante

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Em 1846, havia sido criada na Inglaterra a Aliança Evangélica,


uma frente unida contra o catolicismo.
Esse movimento foi iniciado nos Estados
Unidos em 1867. No Brasil, os problemas iniciais do período
republicano
levaram os protestantes a criarem uma organização semelhante, cuja
primeira reunião
verificou-se em São Paulo em julho de 1903. Seu
primeiro presidente foi o Rev. Hugh Clarence Tucker
(metodista) e o primeiro
secretário foi o pastor F. P. Soren (batista).
Em 1910, realizou-se em Edimburgo, na Escócia, a célebre
Conferência Missionária Mundial. Essa
conferência pretendia
tratar dos problemas missionários relacionados com o "mundo
não-cristão" e,
portanto, excluiu a América Latina das suas
considerações. As missões que trabalhavam na América
Latina e as igrejas dessa região sentiram-se desprestigiadas com essa
atitude, que parecia questionar a
validade do trabalho missionário nesse
continente e a legitimidade das suas igrejas evangélicas.
Um grupo de líderes missionários interessados na
América Latina reuniu-se em Nova York em 1913 e
criou a Comissão
de Cooperação na América Latina, que patrocinou o
igualmente famoso Congresso
de Ação Cristã na
América Latina, reunido no Panamá em 1916. O principal
líder dessa iniciativa foi
Robert Elliot Speer (1867-1947),
secretário da Junta de Missões Estrangeiras da Igreja
Presbiteriana
dos Estados Unidos (PCUSA).
Ao congresso do Panamá compareceram alguns missionários que
trabalhavam no Brasil e apenas três
brasileiros natos: os pastores
presbiterianos Álvaro Reis, Erasmo Braga e Eduardo Carlos Pereira. Esse
congresso foi seguido por vários encontros regionais, o último dos
quais realizou-se no Rio de Janeiro.
Pouco depois, foi criada uma sucursal da
CCAL, a Comissão Brasileira de Cooperação, que teve como
secretário, de 1920 a 1932, o ilustre Rev. Erasmo de Carvalho Braga
(1877-1932).
Sob a liderança de Erasmo Braga, a Comissão Brasileira de
Cooperação tornou-se um eficiente centro
de apoio e
coordenação do trabalho evangélico no Brasil. A
Comissão desenvolveu muitos projetos
úteis nas áreas de
educação religiosa, missões aos indígenas,
educação teológica e produção de
literatura.
Apoiou a criação de empreendimentos cooperativos como a
Missão Evangélica Caiuá e a
Associação
Evangélica Beneficente, ambos em 1928. Outra contribuição
importante foi a defesa dos
direitos dos protestantes junto às
autoridades governamentais, diante das ameaças do "clericalismo."
Após a morte de Erasmo Braga, a Comissão Brasileira de
Cooperação uniu-se à Federação das Igrejas
Evangélicas do Brasil e ao Conselho Nacional de Educação
Religiosa para formar a Confederação
Evangélica do Brasil
(1934), que prestou relevantes serviços à comunidade
evangélica brasileira por
várias décadas.

4. Tensões Internas

Em meados da década de 50, a CEB criou a Comissão de Igreja e


Sociedade, depois denominada Setor
de Responsabilidade Social da Igreja. Esse
órgão promoveu vários encontros, um dos quais, a chamada
Conferência do Nordeste, teve como tema "Cristo e o Processo
Revolucionário Brasileiro." Com o
início do regime militar em
1964, a postura progressista da CEB gerou crescentes dificuldades no seu
relacionamento com o governo e com os setores mais conservadores do
protestantismo brasileiro,
agora marcadamente diferente daquele das
décadas de 1920 e 1930.
Outro problema dos anos 60 foi uma conseqüência do
Concílio Vaticano II (1962-65). Inspirados pelas
mudanças que
estavam ocorrendo na Igreja Católica, muitas igrejas e pastores adotaram
uma postura
de aproximação e diálogo com os
católicos, o assim chamado "ecumenismo." Tornou-se comum na
época
a realização de cultos ecumênicos ou de cerimônias
ecumênicas de casamento, que geraram
inúmeras controvérsias
e até mesmo processos eclesiásticos nas igrejas
evangélicas.
Um importante promotor do ecumenismo foi o Conselho Mundial de Igrejas, cujo
processo de
organização teve início em 1938 e foi
concluído em 1948, em Amsterdã. Nas suas primeiras décadas,
filiaram-se ao mesmo as seguintes igrejas brasileiras: Metodista (1942),
Luterana (1950), Episcopal
(1965) e até mesmo uma igreja pentecostal, O
Brasil Para Cristo (1968).
O ecumenismo foi interpretado por muitos como mais uma
manifestação do liberalismo teológico,
outro fator de
tensão e divisões nas igrejas protestantes do Brasil. O
liberalismo clássico havia surgido
no hemisfério norte na segunda
metade do século passado. Na década de 1920, houve nos Estados
Unidos uma famosa e acirrada controvérsia que colocou em campos
radicalmente opostos os liberais
ou modernistas e os fundamentalistas.
Para complicar ainda mais um quadro já tão confuso, surgiu
ainda outro movimento nos anos 60 que
teve grandes repercussões nas
igrejas evangélicas: o movimento carismático ou de
renovação. À
semelhança de outros movimentos vindos
para o Brasil, esse também surgiu inicialmente nos Estados
Unidos, quando
tanto católicos quanto membros de igrejas protestantes tradicionais
começaram a ter

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experiências carismáticas semelhantes


às dos pentecostais do início do século XX. No Brasil, esse
movimento dividiu algumas igrejas e causou o surgimento de novas
denominações.
Nos anos 80 e 90, novos movimentos e ênfases teológicas
continuaram a ser importados dos Estados
Unidos e a causar grandes
transformações na face do protestantismo brasileiro. Os exemplos
mais
importantes são o movimento do crescimento da igreja, a teologia da
prosperidade e a batalha
espiritual. Outras ênfases recentes são a
confissão positiva, cura interior, maldição
hereditária e
presentemente o movimento G-12. Existem também
modismos mais passageiros que têm tido
diferentes graus de impacto no
ambiente evangélico.

5. Situação
Atual

Neste final do século XX, o protestantismo brasileiro impressiona


muito mais pela sua diversidade e
complexidade do que por elementos comuns. De
um lado, há uma imensa maioria de pentecostais
clássicos e a
contínua proliferação e crescimento de grupos
neopentecostais. Do outro lado, temos as
igrejas tradicionais ou
históricas, que por sua vez se subdividem em dois grupos: progressistas e
conservadores. Passemos ao estudo dos diferentes períodos dessa
história.

I. Primeiro
Período (1889-1930)

Quando da Proclamação da República, as principais


denominações históricas do protestantismo já
estavam
presentes no Brasil, a saber, congregacionais (1855), presbiterianos (1859),
metodistas (1876),
batistas (1881) e episcopais (1890). Além destes,
havia as antigas igrejas resultantes da imigração,
como anglicanos
(1816) e luteranos (1824).
O protestantismo brasileiro era ainda muito pequeno em termos
numéricos. A Igreja Presbiteriana do
Brasil foi a maior
denominação nas primeiras décadas da república. Em
1910, quando foi criada a
Assembléia Geral da IPB, os números
aproximados de membros comungantes eram os seguintes: IPB:
10 mil; metodistas: 6
mil; batistas: 5 mil; IPI: 5 mil; episcopais: mil.
Em 1930, o total de presbiterianos era 44.500; de batistas: 40.500;
metodistas: 15.500; e Assembléia
de Deus: 13.500. As maiores
denominações isoladas eram a Convenção Batista
Brasileira, com 34 mil
comungantes e a IPB, com 29 mil. O número total
dos evangélicos comungantes era de 135 mil, que,
somados aos
não-comungantes, totalizavam 406 mil. Os dois grupos luteranos tinham 70
mil
comungantes, que subiam para 236 mil com o acréscimo dos
não-comungantes. A comunidade
protestante do Brasil era calculada em 700
mil pessoas, em uma população total de 41 milhões de
habitantes.
Outros grupos evangélicos existentes nessa época eram os
seguintes: (a) igrejas: Irmãos, Igreja Cristã,
Igreja Batista
Independente, Exército da Salvação,
Congregação Cristã no Brasil, Adventistas; (b)
missões: União Evangélica Sul-Americana; (c) entidades
interdenominacionais: Sociedade Bíblica
Americana, Missão
Evangélica Caiuá, Comissão Brasileira de
Cooperação, Associação Cristã de
Moços, Associação Cristã Feminina.
A principal característica desse período foi o processo de
nacionalização dos diferentes grupos, que se
tornaram mais
autônomos em relação às suas igrejas de origem.
Vejamos os dados das principais
denominações históricas:

1. Igreja Congregacional

Foi a primeira denominação brasileira inteiramente nacional


(não sujeita a nenhuma junta missionária).
Até 1913,
só foram organizadas treze igrejas congregacionais no Brasil, todas
autônomas. Oito eram
filhas da Igreja Fluminense: Pernambucana (1873),
Passa Três (1897), Niterói (1899), Encantado
(1903),
Paranaguá, Paracambi e Santista (1912), Paulistana (1913), e três
da Igreja Pernambucana:
Vitória (1905), Jaboatão (1905) e Monte
Alegre (1912). Em julho de 1913, essas igrejas se reuniram na

Convenção Geral, no Rio de Janeiro. Dessa época até
1942, a denominação mudou de nome dez
vezes.
Os ingleses fundaram algumas missões para atuar na América do
Sul: Help for Brazil (criada em 1892
por iniciativa de Sarah Kalley e outros),
South American Evangelical Mission (Argentina) e Regions
Beyond Missionary Union
(Peru). Após a Conferência de Edimburgo (1910), essas
missões vieram a
constituir a União Evangélica
Sul-Americana (UESA, 1911). Dos seus esforços, surgiu no Brasil a
Igreja
Cristã Evangélica.

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2. Igreja
Presbiteriana.

A IPB alcançou a sua autonomia formal em 1888, com a


criação do Sínodo do Brasil. Até então, os
presbitérios brasileiros estavam filiados às igrejas
norte-americanas, a do norte (PCUSA) e a do sul
(PCUS). Quando organizou-se o
Sínodo, a IPB tinha 60 igrejas, 20 missionários e 12 pastores
nacionais. De 1892 a 1903 houve uma séria crise em torno das
questões missionária, educativa e
maçônica que
resultou em um cisma, surgindo assim a Igreja Presbiteriana Independente, cujo
principal líder foi o Rev. Eduardo Carlos Pereira.
Em 1910 foi criada a Assembléia Geral, sendo eleito seu primeiro
moderador o Rev. Álvaro Reis,
pastor da I. P. do Rio de Janeiro, por
muitos anos a maior igreja evangélica do Brasil (quando Reis
faleceu, em
1925, a igreja tinha mais de 2.600 membros). Em 1917, foi firmado com as
missões norte-
americanas um acordo conhecido como Modus Operandi
ou Brazil Plan, mediante o qual os
missionários
começaram a retirar-se dos presbitérios brasileiros. Até
cerca de 1925, a IPB foi a maior
denominação evangélica do
Brasil, tendo grande crescimento em regiões como o leste de Minas
Gerais.
Seus principais órgãos eram a Revista das Missões
Nacionais (1887) e especialmente O
Puritano (1899).

3.
Igreja Presbiteriana Independente.

A IPI surgiu em 1903 como uma denominação inteiramente


nacional, sem qualquer vínculo com
igrejas estrangeiras. Resultou do
projeto nacionalista do Rev. Eduardo Carlos Pereira (1856-1923). Em
1907, a IPI
tinha 56 igrejas e 4.200 membros comungantes. Fundou um seminário em
São Paulo. Em
1908 foi instalado o Sínodo, inicialmente com
três presbitérios. O Estandarte, fundado em 1893, era o
seu
periódico oficial. Após o Congresso do Panamá (1916), a IPI
aproximou-se da IPB e das outras
igrejas evangélicas, tendo participado
de muitos projetos cooperativos daquela época.

4.
Igreja Metodista.

A Conferência Anual Brasileira foi organizada no Rio de Janeiro em


15-09-1886 pelo bispo John C.
Granbery, enviado pelo Igreja Metodista Episcopal
do Sul. Tinha apenas três missionários, James L.
Kennedy, John W.
Tarboux e Hugh C. Tucker, sendo a menor conferência anual já criada
na história do
metodismo. Em 1899, a I.M.E. do Norte transferiu seu
trabalho no Rio Grande do Sul para a
Conferência Anual. Em 1910 e 1919
surgiram outras duas conferências, passando a existir três: norte,
sul e centro.
A Junta de Nashville interferia na vida da igreja de modo indevido, segundo
os brasileiros, culminando
com a insistência em nomear o presidente do
Colégio Granbery (1917). Isso fez crescer o movimento
pelo sustento
próprio, liderado por Guaracy Silveira. Em 1930 a I.M.E. do Sul cedeu a
autonomia
desejada. No dia 02-09-1930, na Igreja Metodista Central de São
Paulo, foi organizada a Igreja
Metodista do Brasil. O primeiro bispo eleito foi
o velho missionário John William Tarboux.

5. Igreja
Batista.

A Convenção Batista Brasileira foi organizada no dia


24-06-1907 na Primeira Igreja Batista da Bahia
(Salvador), quando 43 delegados,
representando 39 igrejas, aprovaram a "Constituição
Provisória das
Igrejas Batistas do Brasil." A partir dessa época,
a Igreja Batista passou a ter acentuado crescimento
em relação
às outras denominações tradicionais.
Na década de 1920, surgiu a chamada "questão radical". Os
líderes batistas do nordeste apresentaram
um memorial aos
missionários (1922) e um manifesto à Convenção
(1925) reivindicando maior
participação nas decisões,
principalmente na área financeira. Não atendidos, mais tarde
organizaram-se
como um facção separada da Convenção
e da Junta de Missões. As bases de cooperação entre a
igreja
brasileira e a Junta de Richmond voltaram a ser discutidas em 1936 e
1957.

6. Igreja Luterana.

O Sínodo Rio-Grandense surgiu em 1886. Posteriormente, surgiram


outros sínodos autônomos: o
Sínodo da Caixa de Deus ou
"Igreja Luterana" (1905), com forte ênfase confessional; o Sínodo
Evangélico de Santa Catarina e Paraná (1911); e o Sínodo
Brasil Central (1912). O Sínodo Rio-
Grandense, ligado à Igreja
Territorial da Prússia, filiou-se à Federação
Alemã das Igrejas Evangélicas
em 1929. Em 1932, o Sínodo
Luterano também filiou-se à federação e
começou a aproximar-se dos
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outros sínodos. Em 1939, o Estado Novo


(governo de Getúlio Vargas) exigiu que toda pregação
pública fosse feita em português.

7. Igreja
Episcopal.

Uma Convocação especial reunida em Porto Alegre em 30-05-1898


definiu a relação formal entre a
missão e a Igreja
Episcopal dos Estados Unidos, elegendo Lucien Lee Kinsolving como o primeiro
bispo residente da igreja brasileira. Kinsolving foi sagrado bispo em Nova York
em 06-01-1899, sendo
o único bispo episcopal no Brasil até 1925.

II. Segundo Período


(1930-1964)

Nesse período, que vai do Estado Novo de Getúlio Vargas


até o início do regime militar em 1964, as
igrejas protestantes em
sua maior parte já haviam se tornado independentes das suas
igrejas-mães
estrangeiras. Nessas décadas, a
situação relativa dos diferentes grupos sofreu uma
alteração radical,
com o acelerado crescimento das igrejas
pentecostais, que ultrapassaram em muito as denominações
históricas.
Os estudiosos falam em três ondas do pentecostalismo brasileiro: (a)
Décadas de 1910-1940: chegada
simultânea da
Congregação Cristã no Brasil e da Assembléia de
Deus, que dominaram o campo
pentecostal por 40 anos; (b) Décadas de
1950-1960: o campo pentecostal se fragmentou, surgindo
novos grupos –
Evangelho Quadrangular, Brasil Para Cristo, Deus é Amor e muitos outros
(contexto
paulista); (c) Anos 70 e 80: surge o neopentecostalismo – Igreja
Universal do Reino de Deus, Igreja
Internacional da Graça de Deus e
outras (contexto carioca). Vejamos os principais grupos das duas
primeiras
"ondas" pentecostais:

1. Congregação Cristã no Brasil: foi fundada pelo


italiano Luigi Francescon (1866-1964). Radicado em
Chicago, foi membro da Igreja
Presbiteriana Italiana e aderiu ao pentecostalismo em 1907. Em 1910
(março-setembro) visitou o Brasil e iniciou as primeiras igrejas em Santo
Antonio da Platina (PR) e
São Paulo, entre imigrantes italianos. Veio 11
vezes ao Brasil até 1948. Em 1940, o movimento tinha
305 "casas de
oração" e dez anos mais tarde 815.

1. Assembléia de Deus: a Assembléia de Deus brasileira foi


fundada pelos suecos Daniel Berg (1885-
1963) e Gunnar Vingren (1879-1933).
Originalmente batistas, abraçaram o pentecostalismo em 1909
nos Estados
Unidos. Conheceram-se numa conferência pentecostal em Chicago. Assim como
Luigi
Francescon, Berg foi influenciado pelo pastor batista W.H. Durham, que
participou do avivamento de
Los Angeles (1906). Sentindo-se chamados para
trabalhar no Brasil, chegaram a Belém em novembro
de 1910. Seus primeiros
adeptos foram membros de uma igreja batista com a qual colaboraram.

1. Igreja do Evangelho Quadrangular: foi fundada nos Estados Unidos pela


evangelista Aimee Semple
McPherson (1890-1944). O missionário Harold
Williams fundou a primeira IEQ do Brasil em
novembro de 1951, em São
João da Boa Vista. Em 1953 teve início a Cruzada Nacional de
Evangelização, sendo Raymond Boatright o principal evangelista. A
igreja enfatiza quatro aspectos do
ministério de Cristo: aquele que
salva, batiza com o Espírito Santo, cura e virá outra vez. As
mulheres
podem exercer o ministério pastoral.

1. Igreja Evangélica Pentecostal O Brasil Para Cristo: foi


fundada por Manoel de Mello, um
evangelista da Assembléia de Deus que
depois tornou-se pastor da IEQ. Separou-se da Cruzada
Nacional de
Evangelização em 1956, organizando a campanha "O Brasil para
Cristo," da qual surgiu a
igreja. Filiou-se ao Conselho Mundial de Igrejas em
1969 e desligou-se em 1986. Em 1979 inaugurou
seu grande templo em São
Paulo, sendo orador oficial Philip Potter, secretário-geral do CMI. Na
inauguração, esteve presente o cardeal arcebispo de São
Paulo, D. Paulo Evaristo Arns. Manoel de
Mello morreu em 1990.

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Quanto às denominações históricas, destacamos


alguns aspectos de sua trajetória nesse novo período:

1. Congregacional: os congregacionais uniram-se à Igreja


Cristã Evangélica em 1942, formando a União
das Igrejas
Congregacionais e Cristãs do Brasil. Separaram-se em 1969, tomando o nome
de União das
Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil. A
outra ala dividiu-se em duas, a Igreja Cristã
Evangélica no Brasil
(Anápolis) e a Igreja Cristã Evangélica do Brasil
(São Paulo), que mais tarde se
uniram. O crescimento desses grupos foi
pequeno, representando uma parcela cada vez menor do
protestantismo brasileiro.

1. Presbiteriana: com a nova Constituição aprovada em


1937, foi criado o Supremo Concílio da IPB.
Um novo desafio para a igreja
foi como posicionar-se em relação aos novos organismos
ecumênicos
que estavam se formando. Em 1948, Samuel Rizzo representou a
IPB na Assembléia do Conselho
Mundial de Igrejas em Amsterdã. No
ano seguinte, a igreja optou pela "equidistância" entre o CMI e o
Concílio Internacional de Igrejas Cristãs, do líder
fundamentalista norte-americano Carl McIntire. Em
1962, o Supremo
Concílio aprovou o "Pronunciamento Social da IPB."

Entre os jovens, surgiu um questionamento da posição


conservadora da igreja. O jornal Mocidade
surgiu em 1944 e dois anos
depois Billy Gammon tornou-se a secretária nacional da mocidade.
Até
1958 o número de UMPs cresceu de 150 para 600, com 17 mil
membros. O Rev. M. Richard Shaull
veio ao Brasil trabalhar entre os
universitários. Em 1953 tornou-se professor do Seminário de
Campinas e começou a cooperar com o Departamento de Mocidade e a
União Cristã de Estudantes do
Brasil (UCEB). Tornou-se uma voz
influente na mocidade evangélica brasileira. Em 1962, o Supremo
Concílio reestruturou o Departamento de Mocidade, tirando sua autonomia.
Nos anos 50, Israel Gueiros, pastor da 1ª I. P. de Recife e ligado ao
Concílio Internacional de Igrejas
Cristãs, liderou uma campanha
contra o Seminário do Norte sob a acusação de modernismo.
Fundou
outro seminário e foi deposto pelo Presbitério de
Pernambuco em julho de 1956. Em 21 de setembro
foi organizada a Igreja
Presbiteriana Fundamentalista do Brasil com quatro igrejas locais (incluindo
elementos batistas e congregacionais), que formaram um presbitério com
1800 membros.

3. Presbiteriana Independente: a partir de


1930, surgiu um movimento de intelectuais (entre eles o Rev.
Eduardo Pereira de
Magalhães, neto de Eduardo Carlos Pereira) que pretendia reformar a
liturgia, certos
costumes eclesiásticos e até mesmo a
Confissão de Fé. A questão eclodiu no Sínodo de
1938. Outro grupo
organizou a Liga Conservadora, liderada pelo Rev. Bento
Ferraz. A elite liberal retirou-se da IPI em 1942 e
formou a Igreja
Cristã de São Paulo. Em 1957 foi criado o Supremo Concílio
da IPI, com três sínodos, dez
presbitérios, 189 igrejas
locais e 105 pastores.

Em 1940, os membros da Liga Conservadora fundaram a Igreja Presbiteriana


Conservadora, que em
1957, contava com mais de vinte igrejas, em quatro estados,
e tinha um seminário. Seu órgão oficial
era O
Presbiteriano Conservador. Filiou-se à Aliança
Latino-Americana de Igrejas Cristãs e à
Confederação
de Igreja Evangélicas Fundamentalistas do Brasil.

4. Metodista: o primeiro bispo metodista brasileiro foi César


Dacorso Filho (1891-1966), eleito em 1934,
que por doze anos (1936-1948) foi o
único bispo da Igreja. A Igreja Metodista foi a primeira
denominação
brasileira a filiar-se ao Conselho Mundial de Igrejas,
em 1942. Seu órgão oficial era O Expositor Cristão.
O
crescimento dessa denominação foi pequeno, sendo uma de suas
principais ênfases a educação.

5. Luterana: em 1949 os quatro sínodos luteranos


organizaram-se em Federação Sinodal, a Igreja Luterana
propriamente dita. No ano seguinte, a igreja solicitou admissão ao
Conselho Mundial de Igrejas e em 1954
adotou o nome de Igreja Evangélica
de Confissão Luterana no Brasil. A Igreja Luterana filiou-se à
Confederação Evangélica do Brasil em 1959. Foi nesse
período que a igreja luterana nacionalizou-se,
deixando de estar voltada
apenas para o seu grupo étnico original.
6. Episcopal: o primeiro bispo brasileiro foi Athalício
Theodoro Pithan, sagrado em 21-04-1940.Em abril de
1952, foi instalado o
Sínodo da Igreja Episcopal Brasileira, contando com três bispos
(Athalício T. Pithan,
Luís Chester Melcher e Egmont Machado
Krischke). Em 25-04-1965 a Igreja Episcopal do Brasil obteve da

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igreja-mãe a sua plena emancipação administrativa e passou


a ser uma província autônoma da Comunhão
Anglicana. Logo em
seguida, filiou-se ao CMI.
II. Terceiro Período
(1964-2000)

Dois eventos de grande impacto marcaram o início deste


período: (a) O Concílio Vaticano II (1962-
65), que assinalou a
abertura da Igreja Católica para os protestantes ("irmãos
separados") e revelou
novas concepções sobre o culto, a
missão da igreja e a relação com a sociedade. O ecumenismo
tornou-se alvo de muitas controvérsias. (b) O movimento de 1964 e o
regime militar. Na realidade,
esse período foi marcado pelo surgimento de
ditaduras militares e movimentos de esquerda em toda a
América Latina. Na
área religiosa, um dos resultados foi o surgimento da Teologia da
Libertação.
Vejamos alguns eventos desse período
conturbado:

1. Igreja Presbiteriana: em 1962, a missão Brasil Central


propôs-se a entregar à Igreja toda a sua obra
evangelística,
médica e educacional. Em 1972, a IPB rompeu com a missão Brasil
Central, sendo uma
das possíveis causas a adoção da
Confissão de 1967 pela Igreja Presbiteriana Unida dos Estados
Unidos. Em
1973, a IPB rompeu suas relações com essa
denominação (criada em 1958) e firmou novo
convênio com a
missão da Igreja Presbiteriana do Sul (PCUS).

O Supremo Concílio de Fortaleza (1966) marcou o início da


administração do Rev. Boanerges Ribeiro,
que foi reeleito
presidente em 1970 e 1974. Nesse período, a maioria conservadora
empreendeu forte
luta contra o liberalismo teológico, o ecumenismo e a
renovação carismática. Foi uma época de forte
confrontação, com muitos processos contra pastores,
concílios e igrejas locais. No entanto, o período
também
testemunhou crescimento na área de missões. A IPB expandiu o seu
trabalho na Amazônia e
em alguns países vizinhos, como o Paraguai e
a Bolívia.
Com o passar dos anos, surgiram alguns grupos dissidentes, como o
Presbitério de São Paulo e a
Aliança de Igrejas Reformadas
(1974), e a Federação Nacional de Igrejas Presbiterianas (FENIP),
organizada em Atibaia, em setembro de 1978. Esta federação
eventualmente constituiu-se em uma
nova denominação, a Igreja
Presbiteriana Unida, que possuindo uma orientação teológica
fortemente
progressista. Na ano passado, faleceu um de seus líderes mais
conhecidos, o Rev. Jaime Wright, que
foi muito atuante na área de
direitos humanos.

2. Igreja Presbiteriana Independente:


com uma postura inicialmente menos rígida que a IPB, a partir de
1972 a
IPI tornou-se mais inflexível quanto ao ecumenismo e à
renovação carismática. Em 1978, essa
denominação admitiu aos seus presbitérios os três
primeiros missionários estrangeiros da sua história,
Richard
Irwin, Albert James Reasoner e Gordon S. Trew, que antes colaboravam com a IPB.

Em 1973, um segmento da IPI separou-se para formar a Igreja Presbiteriana


Independente Renovada,
que depois uniu-se a um grupo semelhante egresso da IPB,
formando a Igreja Presbiteriana Renovada,
de orientação
carismática.
Nos últimos anos, a IPI tem abraçado uma postura
teológica mais aberta, estreitando os seus laços com
a Igreja
Presbiteriana dos Estados Unidos e aceitando o ministério feminino.
Recentemente, um
documento denominado Ordenações
Litúrgicas produziu tantas controvérsias que precisou ter a
sua
aplicação suspensa pela igreja.

3. Igreja
Batista: acentuadamente conservadora nas áreas de teologia e
política, a Convenção Batista
Brasileira tem dado grande
ênfase à obra missionária. Nos anos 60 e 70 foram realizadas
grandes campanhas
evangelísticas. Em 1960, Billy Graham pregou no
Maracanã durante o X Congresso da Aliança Batista
Mundial. O Pr.
João Filson Soren (da 1ª Igreja Batista do Rio) foi eleito
presidente da Aliança. Em 1965, foi
realizada a Campanha Nacional de
Evangelização, como uma espécie de resposta ao golpe de
1964. Seu
tema foi "Cristo, a Única Esperança", implicando que as
soluções meramente políticas eram insuficientes. O
coordenador da campanha foi o Pr. Rubens Lopes (I.B. Vila Mariana). Em 1967-70
houve a Campanha das
Américas e, em 1974, a Cruzada de Billy Graham no
Rio de Janeiro. Seu presidente foi o Pr. Nilson do
Amaral Fanini. Em 1978-80 foi
realizada a Campanha Nacional de Evangelização.

O grande ímpeto evangelístico explica o acentuado crescimento


da Convenção Batista Brasileira, que
atualmente conta com mais de
1,5 milhão de membros. A Convenção também tem
realizado um amplo
trabalho missionário no exterior, com mais de 500
missionários em 52 países. Outros grupos batistas

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expressivos
são a Igreja Batista Nacional (renovada), Igreja Batista Regular e Igreja
Batista
Independente.

4. Igreja Metodista: no
início dos anos 60, Nathanael Inocêncio do Nascimento, reitor da
Faculdade de
Teologia de Rudge Ramos, liderou o "esquema" nacionalista que
visava substituir os líderes missionários do
Gabinete Geral por
brasileiros (saíram Robert Davis e Duncan A. Reily e entraram Almir dos
Santos e Omar
Daibert, futuros bispos).

Os universitários e estudantes de teologia pleiteavam uma igreja mais


voltada para a ação social e a
política. A ênfase na
justiça social dominou a Junta Geral de Ação Social (Robert
Davis, Almir dos
Santos) e a Faculdade de Teologia. Dom Helder Câmara
paraninfou a turma de 1967. No ano seguinte,
uma greve levou ao fechamento da
Faculdade de Teologia e à sua reestruturação.
Nos anos 70 a IMB investiu na educação superior. No campus da
antiga Faculdade de Teologia surgiu
o Instituto Metodista de Ensino Superior e
em 1975 o Instituto Piracicabano (fundado em 1881) foi
transformado em
Universidade Metodista de Piracicaba. Em 1982 foi elaborado o Plano Nacional de
Educação Metodista, cuja fundamentação deu
ênfase ao conceito do Reino de Deus e à teologia da
libertação. O movimento carismático também encontrou
acolhida em muitas comunidades metodistas.

5. Igreja
Luterana: em 1968, os quatro sínodos, originalmente independentes um
do outro, integraram-se
em definitivo na IECLB, aceitando uma nova
constituição. No VII Concílio Geral (outubro de 1970) foi
aprovado unanimemente o "Manifesto de Curitiba," contendo o posicionamento
político-social da igreja.
Esse manifesto foi entregue ao presidente
Emílio Médici por três pastores. Em 1975 entrou em vigor a
reforma do currículo da faculdade de teologia de São Leopoldo,
refletindo as prioridades da igreja. A Igreja
Luterana ligada ao Sínodo
de Missouri é mais conservadora que a IECLB.

As últimas décadas do século XX testemunharam um


fracionamento ainda maior do protestantismo
brasileiro, com o surgimento de
muitos grupos neopentecostais. Dentre esses grupos, destacam-se a
Igreja Deus
é Amor e especialmente a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), o
maior fenômeno
religioso contemporâneo em nosso país. Vejamos
alguns dados dessas igrejas:

 
6. Igreja Deus é Amor: seu fundador é David Miranda
(nascido em 1936), filho de um agricultor do Paraná.
Vindo para
São Paulo, converteu-se numa pequena igreja pentecostal e em 1962 fundou
sua igreja em Vila
Maria. Logo transferiu-se para o centro da cidade
(Praça João Mendes). Em 1979, foi adquirida a "sede
mundial" na
Baixada do Glicério, o maior templo evangélico do Brasil, com
capacidade para dez mil
pessoas. Em 1991 a igreja afirmava ter 5.458 templos,
15.755 obreiros e 581 horas diárias em rádios, bem
como estar
presente em 17 países (principalmente no Paraguai, Uruguai e Argentina).
A Igreja Deus é Amor
dá preferência exclusiva ao uso do
rádio como meio de divulgação, não se utilizando da
televisão.

7. Igreja Universal do Reino de Deus: foi fundada por Edir Macedo


(nascido em 1944), filho de um
comerciante fluminense. Macedo trabalhou por 16
anos na Loteria do Estado (subiu de contínuo para um
posto
administrativo). De origem católica, ingressou na Igreja de Nova Vida na
adolescência. Deixou essa
igreja para iniciar a sua própria,
inicialmente denominada Igreja da Bênção. Em 1977 deixou o
emprego
público para dedicar-se ao trabalho religioso. Nesse mesmo ano
surgiu o nome IURD e o primeiro programa
de rádio. Macedo viveu nos EUA
de 1986 a 1989. Voltando ao Brasil, transferiu a sede da igreja para São
Paulo e adquiriu a Rede Record. Em 1990 a IURD elegeu três deputados
federais. Macedo esteve preso por
doze dias em 1992, sob a
acusação de estelionato, charlatanismo e curandeirismo. A IURD
também investe
maciçamente no exterior, atuando em mais de 70
países.

Outros conhecidos grupos neopentecostais são a Igreja Renascer em


Cristo (do "apóstolo" Estevam
Hernandes), a Igreja Internacional da
Graça de Deus (do Pr. Romildo Soares, cunhado de Edir
Macedo), a Igreja
Sara Nossa Terra e as Comunidades Evangélicas.

Conclusão
A história do protestantismo brasileiro no período
republicano é uma história de notável crescimento e
crescente visibilidade social. Nesse longo período, as igrejas
evangélicas deram importantes contribuições a
indivíduos, famílias e à sociedade nas áreas
evangelística, educacional e ética. Infelizmente, é
também uma
história de lamentáveis divisões e,
particularmente nos últimos anos, de um testemunho questionável e

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valores distorcidos. Trabalhemos e oremos para que a fé evangélica


produza em nosso país os seus melhores
frutos no século
XXI. 
Sugestões bibliográficas
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Deus no Brasil, 2ª ed.
Rio de Janeiro: CPAD, 1982.
 
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A Formação do
Pensamento Batista Brasileiro. Piracicaba: Unimep; São Paulo:

Exodus, 1996.
 
Braga, Erasmo e Kenneth Grubb, The Republic of Brazil: A Survey of the

Religious Situation (Londres: World Dominion Press, 1932).


 
Conde, Emílio. História das Assembléias de Deus no
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Janeiro, 1960.
 
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1972.
 
Feitosa, José Alves. Breve História dos Batistas do
Brasil: Memórias. Rio
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Gueiros Vieira, David. O Protestantismo, a Maçonaria e a
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Brasília,
1980.
 
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Igreja Evangélica
Fluminense: 1855-1932. Rio de Janeiro, 1932.
 
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História Social, 2ª ed. Rio de Janeiro e São
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Estudo
Dogmático Histórico, 2ª ed. São Paulo:
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Reily, Duncan Alexander, História Documental do Protestantismo no

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Ribeiro, Boanerges, Igreja Evangélica e República
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_________ . Protestantismo e Cultura Brasileira: Aspectos Culturais da

Implantação do Protestantismo no Brasil. São


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Comemoração ao Primeiro Centenário de
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Imprensa Metodista, 1967.


 
______ . Pioneiros e Bandeirantes do Metodismo no Brasil (Cem

Biografias): Bispos, Ministros, Pregadores Locais e Leigos da Igreja

Metodista do Brasil. São Bernardo do Campo: Imprensa


Metodista,
1967.

Tarsier, Pedro. História das Perseguições


Religiosas no Brasil. 2 vols.
Editora Cultura Moderna.

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