Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Apostila Matemática Básica
Apostila Matemática Básica
MATEMÁTICA BÁSICA
GUARULHOS – SP
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 5
3.5 Propriedades do operador adição (+) sobre o conjunto dos números inteiros ℤ
............... ....................................................................................................................... 34
4 NÚMEROS IRRACIONAIS.................................................................................... 40
2
4.1 Os irracionais - ............................................................................................. 44
8 TRIGONOMETRIA ................................................................................................ 98
3
8.1 Razões trigonométricas seno, cosseno e tangente no triângulo retângulo ..... 98
4
1 INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
Bons estudos!
5
2 NÚMEROS NATURAIS
Fonte: https://conhecimentocientifico.r7.com/
6
com meios simples, como pedras, riscos em ossos e nós em cordas, eram suficientes
para se lidar com pequenas quantidades, que hoje são representadas pelos símbolos
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9 (SILVEIRA, 2018).
É natural não contar algo que não se tem, não é? Por isso, os antigos sistemas
de numeração, que utilizavam regras para a composição dos números de forma
aditiva, não usavam o zero. Somente no século II d.C. é que surgem os primeiros
inscritos babilônicos com uma lacuna vazia para representar o zero, já nos primórdios
do sistema decimal. Segundo Boyer (1996), a mais antiga ocorrência indubitável de
um zero na Índia se acha numa inscrição de 876. Ainda de acordo com Boyer (1996),
é possível que o algarismo utilizado para o zero tenha sido importado dos gregos de
Alexandria. Porém, ainda há autores que não consideram o zero como um número
natural.
O sistema decimal e a representação dos números naturais por meio dos
algarismos indo-arábicos são, sem dúvidas, invenções incríveis. Tanto que ambas se
espalharam e dominaram a cultura mundial, facilitando a representação e as
operações numéricas. Os algarismos combinados no sistema decimal representam
números que formam o conjunto N dos números naturais. Veja:
N = {0, 1, 2, 3, 4, 5, ...}
N* = {0, 1, 2, 3, 4, 5, ...}
7
O conjunto dos números naturais possui um menor elemento,
independentemente de se considerar o zero ou não. Porém, ele não possui maior
elemento. A sequência dos naturais é infinita à direita, de forma que você pode
escrever o sucessor de todo número natural somando 1 a ele. Veja:
8
Além disso, os naturais podem ser agrupados de acordo com sua paridade. Os
números pares são os múltiplos de 2. Eles podem ser escritos de forma genérica como
2n, sendo que n é um número natural. Veja:
9
Os números primos são infinitos, porém 2 é o único primo par. Se um número
não é primo, então ele é composto, por se tratar do produto de primos (SILVEIRA,
2018).
Reta natural
10
2.2 As quatro operações nas práticas cotidianas
11
2.2.1 Adição
Considere as seguintes situações.
Sempre que a soma dos algarismos de uma mesma ordem igualar ou superar
10 unidades da ordem, uma unidade deverá ser adicionada à ordem imediatamente à
esquerda (SILVEIRA, 2018). Dessa forma:
12
Propriedades da adição
a+b=b+a
a + b + c = (a + b) + c = a + (b + c)
a+0=0+a=a
2.2.2 Subtração
13
1. Carlinhos tem R$ 500,00 na sua conta-poupança. Ele pediu aos seus
pais se poderia utilizar R$ 150,00 para comprar um jogo novo para
seu videogame. Quanto restará na sua poupança?
14
comumente conhecida como “pedir emprestado”. Se a ordem imediatamente à
esquerda não tiver algarismo significativo, o “pedido” segue para a próxima ordem à
esquerda. Veja este exemplo.
15
Propriedade fundamental da subtração
m + s + d = 2m
a+b–b=a
16
2.2.3 Multiplicação
1. Sr. Arthur tem 5 filhos e decidiu dar uma mesada de R$ 30,00 para cada um
deles. Quanto Sr. Arthur gastará em mesada?
5 × 30 = 150
Então, p é múltiplo de a e b.
Quando um produto tiver ambos os fatores com mais de dois algarismos, cada
algarismo do fator irá gerar uma parcela. Ao final, as parcelas deverão ser somadas
(SILVEIRA, 2018). Veja:
18
4 × 5 = 20 unidades simples. Logo, você deve representar com zero unidade
simples e duas unidades de dezena, que devem ser adicionadas na ordem das
dezenas.
Propriedades da multiplicação
a×b=b×a
a × b × c = (a × b) × c = a × (b × c)
a×1=1×a=a
20
Propriedade do fechamento: toda multiplicação de naturais tem como produto
outro número natural.
Propriedade distributiva da multiplicação em relação à adição: dados três
números naturais quaisquer a, b e c, você tem:
a × (b + c) = a × b + a × c
2.2.4 Divisão
1. João vai repartir suas 21 bolinhas de gude com seus dois irmãos, de forma
que todos fiquem com quantidades iguais. Com quantas bolinhas cada um
ficará?
Dessa forma: 21 ÷ 3 = 7
21
copos e que em cada caixa cabem 6 copos, de quantas caixas ela
precisa?
21 ÷ 3 = 7, pois 7 × 3 = 21.
18 ÷ 6 = 3, pois 3 × 6 = 18.
22
De forma linear, você tem o seguinte:
D=q×d+r
Em uma divisão exata, o dividendo é divisível pelo divisor. Isso significa que o
dividendo é múltiplo do divisor (SILVEIRA, 2018). Nesse caso, o resto sempre será
igual a zero.
Existem ainda algumas considerações relevantes quanto à divisão:
Observe:
D÷0=q↔q×0=D
23
Porém, todo produto em que um dos fatores é zero resulta em zero. Logo: D =
0.
Além das divisões exatas, que possuem resto zero, há as divisões não exatas,
que possuem resto diferente de zero. Nesse caso, seu resultado pode ser
representado em conjuntos numéricos naturais. Assim, o conjunto N dos naturais não
é fechado para a divisão (SILVEIRA, 2018).
3×5+2
1. multiplicações e divisões;
2. adições e subtrações.
24
Uma expressão numérica pode conter elementos que auxiliam nas relações de
prioridade. Com relação a esses elementos, é fundamental que você se familiarize
com o uso dos parênteses, ( ), dos colchetes, [ ], e das chaves { }. Entre esses
elementos, também há uma ordem de prioridade:
Como você pode notar, em alguns momentos existem sinais operatórios que
antecedem os parênteses, os colchetes ou as chaves. Se os operadores forem × ou
25
2.4 Diferentes formas de representação de um algoritmo
Além dos algoritmos que você viu, existem outros modos de expressar e de
operar as operações aqui descritas. A seguir, você vai ver algoritmos alternativos para
as operações fundamentais. Além deles, existem muitos outro.
Adição: método das somas parciais
284 = 200 + 80 + 4
284 + 592
26
2.5 Subtração: algoritmo de riscar, método de subtração da esquerda para a
direita
A multiplicação que você viu até aqui utiliza como símbolo operador ×. Porém,
o ponto (∙) também pode ser a representação do operador de multiplicação (SILVEIRA,
2018).
Veja como os camponeses russos operavam a multiplicação. Observe:
36 ∙ 13
27
A ideia é determinar a metade do primeiro e o dobro do segundo, escrevendo
os resultados abaixo dos fatores correspondentes:
36 13
18 26
Chegando a um número ímpar (9), que não tem divisão exata por 2, se reduz
uma unidade e depois se segue com a divisão, de forma que:
36 13
18 26
9 52
4 104
2 208
1 416
28
2.7 Divisão: método egípcio
A divisão que você viu até aqui utiliza como símbolo operador ÷. Porém, os
dois-pontos (:) também podem ser a representação do operador de divisão.
Segundo Moraes (2015), “[...] o Papiro de Rhind (conhecido também como
Papiro de Ahmes) é uma das principais fontes históricas sobre as raízes da aritmética.
Encontramos, registrado no papiro, o problema ‘dividir 19 por 8’”.
Usando a aritmética atual para representar o método egípcio, você tem:
Se você somar as linhas com (*), vai obter a soma 19. Dessa forma, a solução
do problema é obtida assim:
29
Esse não é um resultado natural. Portanto, veja agora um exemplo com
resultado natural:
Se você somar as linhas com (*), vai obter a soma 28. Dessa forma, a solução
do problema é obtida assim:
28 : 4 = 3 + 4 = 7
Z = {..., –4, –3, –1, 0, 1, 2,...} ou ainda Z = {..., –3, –2, –1, 1, 2, 3,...}
30
3.2 Números racionais
31
Na matemática, o conjunto numérico matemático mais elementar é o conjunto dos
números naturais, o qual é denotado por ℕ e possui como elementos {1,2,3,4…}.
Sobre esse conjunto, podem ser definidas as operações de soma e multiplicação
(SANTIAGO, 2020).
Uma extensão do conjunto dos números naturais é o conjunto dos números inteiros,
o qual é denotado por ℤ. Os seguintes elementos compõem esse conjunto: ℤ = {… –
3,–2,–1,0,1,2,3, …}. Sobre esse conjunto, é possível distinguir três subconjuntos
notáveis, a saber (SANTIAGO, 2020):
32
3.4 Conjunto dos números racionais (ℚ)
Então, um número racional é todo aquele que pode ser escrito na forma de uma
fração. Usando a linguagem matemática, dizemos que um número pertence ao
conjunto dos racionais se (SANTIAGO, 2020):
Q = {x/x = a/b, a ∈ Z, b ∈ Z, b ≠ 0}
33
Portanto, os racionais com denominador igual a 1 comportam-se para a
igualdade, a adição e a multiplicação como se fossem números inteiros (SANTIAGO,
2020).
(a + b) + c = a + (b + c), ∀ a, b, c ∈ ℤ
a + 0 = 0 + a = a, ∀ a ∈ Z, ∃!0 ∈ ℤ
a + (–a) = (–a) + a = 0, ∀ a ∈ ℤ
(ab)c = a(bc), ∀ a, b, c ∈ ℤ
ab = ba, ∀ a, b ∈ ℤ
35
Elemento neutro da multiplicação: existe e é único o elemento neutro da
multiplicação em ℤ, para ∀ a ∈ ℤ, sendo válida a igualdade a seguir:
a ∙ 1 = 1 ∙ a = a, ∀ a ∈ Z, ∃!1 ∈ ℤ
a ∙ (b + c) = a ∙ b + a ∙ c = b ∙ a + c ∙ a = (b + c) ∙ a, ∀ a, b, c ∈ ℤ
a|b ⇔ (∃ c ∈ ℤ|c ∙ a = b)
Por exemplo:
36
3.8 Conectivos lógicos
Conjunção
Sejam “p” e “q” duas proposições; ao se colocar o conectivo “e” denotado por
“∧” entre elas, obtém-se uma nova proposição denominada conjunção entre “p” e “q”,
a qual é denotada por “p ∧ q”. Por exemplo:
p: 3 > 0, q: 3 ≠ 1, p ∧ q: 3 > 0 e 3 ≠ 1
37
Disjunção
38
Condicional
Bicondicional
Considere “p” e “q” duas proposições. Ao se colocar o conectivo “↔” entre elas,
obtém-se uma nova proposição dada por “p ↔ q”, a qual se lê: “p” se e somente se
“q”; ou “p” é uma condição necessária e suficiente para “q”; ou, ainda, se “p”, então
“q” é reciprocamente. Por exemplo:
39
p: 2|12, q: 27|127, p ⇔ q: 2|12 ⇔ 27|127
4 NÚMEROS IRRACIONAIS
40
Ninguém, suficientemente instruído em matemática poderia ficar
impressionado com a existência da incomensurabilidade. Além disso, a
conexão entre esse problema e a filosofia pitagórica é duvidosa. Não se tem
certeza nem mesmo da relação entre a descoberta dos incomensuráveis e a
aplicação do teorema de “Pitágoras” (que nos permitiria concluir que há um
lado de um triângulo cuja medida é raiz de 2), uma vez que os chineses já
conheciam o teorema e nem por isso concluíram pela irracionalidade do lado.
(ROQUE, 2012, p. 125).
41
Somente no século XVII, com a criação da Geometria Analítica (Fermat e
Descartes), se estabelece a simbiose do geométrico com o algébrico, favorecendo o
tratamento aritmético do comensurável e do incomensurável. Newton (1642-1727)
define pela primeira vez "número", tanto racional como irracional.
De acordo com Iezzi e Murakami (2005), números cuja representação decimal
com infinitas casas decimais não periódicas são chamados números irracionais.
Segundo Niven (2012) para demonstrar a irracionalidade de 2 podemos seguir
a seguinte trajetória:
Suponhamos que 2 fosse um número racional, isto é, 2 =a/b , com a e b inteiros
e b diferente de 0. Suponhamos ainda, e isso é essencial para o argumento, que a/b
seja uma fração irredutível, isto é, que a e b sejam primos entre si. Usaremos,
especificamente, o fato de a e b não serem ambos pares porque, se o fossem, a/b não
seria irredutível. Elevando ao quadrado a equação acima e simplificando-a, obtemos
2= 𝑎² / 𝑏² , 𝑎 ² = 2𝑏² .
O termo 2𝑏² representa um inteiro par, de modo que 𝑎 2 é um inteiro par e,
portanto, a é um inteiro par, digamos a=2c, com c também inteiro. Substituindo a por
2c na equação 𝑎²=2𝑏², obtemos:
(2𝑐) ² = 2𝑏² ,
4𝑐 ² = 2𝑏² ,
2𝑐 ² = 𝑏²
3𝑛 ² = 9𝑛 ² = 3 (3𝑛) ²
(3𝑛 + 1) ² = 9𝑛 ²+6n+1= 3(3𝑛 ² + 2𝑛) +1=
(3𝑛 + 2) ²= 9𝑛 ²+12n+4= 3(3𝑛 ²+4n+1) +1
Suponhamos agora que 3 fosse um número racional, digamos que 3 = 𝑎/𝑏, com
a e b inteiros. Novamente, como no caso de 2·, suponhamos a/b irredutível, de modo
que a e b não são ambos divisíveis por 3. Elevando a equação ao quadrado e
simplificando, obtemos:
os: 3= 𝑎 ² /𝑏 ² ,
𝑎 ²= 3𝑏 ²
(3𝑐) ² = 3𝑏 ² ,
9𝑐 ² = 3𝑏 ² ,
3𝑐 ² = 𝑏 ²
43
um número real que satisfaz alguma equação do tipo: a² + n = 0, com a e n inteiros.
Ou seja, um número real se diz algébrico se satisfizer uma equação algébrica com
coeficientes inteiros.
Mas acontece que muitos números irracionais não são algébricos (ROCHA,
2018). Por isso, são chamados de irracionais transcendentes. Estes não são raízes
de equações da forma acima.
4.1 Os irracionais -
Fonte: https://www.diekeure.be/
44
Muitos dos símbolos matemáticos que usamos atualmente são devidos ao
matemático suíço Leonard Euler (1707-1783). Foi Euler quem, em 1737, tornou
conhecido o símbolo para o número PI. Foi também nesta época que os
matemáticos conseguiram demonstrar que é um número irracional. Segundo Guzzo
(2007) “O símbolo atual que designa o número “PI” é a letra grega , que foi utilizada
pela primeira vez em 1707 por Willian Jones, mas só foi amplamente aceita quando
usada por Euler em 1737”.
De forma geral é definido como a razão entre a circunferência de um círculo
qualquer e seu diâmetro, no entanto este cálculo não representa um valor tão próximo
por se tratar de um número que não pode ser representado através de uma razão. De
acordo com Stewart (2015), Arquimedes apresentou uma prova lógica diferente.
Utilizando um hexágono inscrito e duplicando o número de lados consecutivamente,
Arquimedes obteve um valor bastante acurado para .
Muitas tentativas foram surgindo ao longo dos anos. Algumas delas não tão
obviamente relacionadas às medidas circulares. Sua representação decimal vem
sendo calculada durante os anos tanto por métodos tradicionais como frações
contínuas, soma de séries, cálculos trigonométricos; quanto por sistemas
informatizados e softwares específicos (ROCHA, 2018).
Além de irracional, é um número transcendente, o que foi provado por
Ferdinand Lindemann em 1882. Isso significa que não existe um polinômio com
coeficientes inteiros ou racionais do qual seja uma raiz. É difícil de calculá-lo porque
sendo um número irracional, sua representação decimal não apresenta nenhuma
previsibilidade.
Em geral, esse esclarecimento não é enfatizado, nem pelos professores nem
pelos autores dos livros didáticos, o que pode confundir os alunos, pois a forma
experimental sugerida de obtenção do é a razão entre comprimento de uma
circunferência e o seu diâmetro o que pode contrariar a própria definição de número
irracional, o impedimento de ser representado por uma fração (ROCHA, 2018).
Devemos destacar os seguintes casos:
45
1) Quando a medida do diâmetro de uma circunferência for um número inteiro,
a medida do comprimento da circunferência não será número inteiro, por
isso a razão resulta num valor aproximado de , que é um número irracional;
2) Quando determinamos o valor do comprimento da circunferência,
utilizando-se C= 2 R, como possuímos somente valores aproximados de
(3,1415...), então os valores de C serão também aproximados.
46
manejo com tais números que os permitam saber decidir se eles podem ou não ser
escritos na forma de fração. Mas, mesmo que trabalhemos sob a premissa que o aluno
saiba que existem outros números, temos problemas:
Em (A): Alunos de oitava série, num questionário aplicado pelos alunos da
Licenciatura da UFRGS, afirmam que é irracional, pois também não pode ser
escrito na forma de fração (ROCHA, 2018). Mesmo que está confusão não surja neste
momento, ela poderá aparecer quando, mais tarde, seja abordado o assunto
“Números Complexos". De fato, existem demonstrações para comprovar que i não
pode ser escrito na forma de fração que podem muito bem ser utilizadas para
irracionais. Modo que então, pelas definições colocadas em (A) concluiríamos que é
irracional. Em outras palavras: Números imaginários não podem ser escritos na forma
de fração, e nem por isso são irracionais (ROCHA, 2018).
Segundo Silva (2014), os números irracionais ensinados na escola são aqueles
obtidos através de raízes, senos, cossenos, tangentes e logaritmos “inexatos” (não
racionais), como, por exemplo, √ 2, √3, sen (8), cos (9), tan (10), log 3 etc. Como todos
os irracionais têm representação infinita, sua localização na reta deve ser aproximada,
e, portanto, haveria necessidade de se ensinar métodos de aproximação, o que,
lamentavelmente, não é feito.
Os motivos, por que não são ensinados, são variados, e aqui destacaremos
três: primeiro porque não consta no programa tradicional do ensino médio; segundo,
porque se acredita que os melhores métodos de aproximação se utilizam de
ferramentas do cálculo que também não está neste programa; e terceiro, porque no
contexto do ensino básico, muitos professores desconhecem métodos simples de
aproximação que poderiam ser apresentados aos alunos usando apenas uma
calculadora de bolso, ou por ”princípios” da sua formação, são contra o uso de
recursos eletrônicos em sala de aula. Além disso, alguns irracionais são “definidos”
de um modo misterioso para o aluno, como, por exemplo, os números π = 3,
1415926535... ou e = 2, 718281828... Isso sugere a ideia de que cada nova casa
decimal aparece aleatoriamente, e desta forma, impossibilita sua localização e
precisão (ROCHA, 2018).
47
De acordo com Ripoll (2004) em geral, na sua formação dentro do curso de
Licenciatura, o futuro professor faz um curso de Análise na Reta ou similar, onde é
feita a construção dos números reais. Mas ali o conjunto dos Reais é construído como
complemento de Q via cortes de Dedekind ou sequências de Cauchy, deduzindo-se
dessa estrutura as demais propriedades, e muito pouco (ou nada) é esclarecido sobre
os conflitos normalmente existentes sobre este assunto. Daí, os licenciados voltam ao
Ensino Básico, agora como professores, sem o devido esclarecimento sobre tal
assunto, e sem, por exemplo, nunca terem “feito a ponte" entre aquela construção
vista em Análise na Reta e a resposta às suas perguntas.
Para Silva (2014), explicar para o aluno a necessidade de saber que existe um
número, não inteiro, que não tem representação decimal finita, e que não tem
representação como fração, chamado número irracional, cuja representação é
decimal infinita e não-periódica, mas que sempre pode ser substituído (aproximado)
por um número racional, é uma tarefa, no mínimo, árdua. E de fato um convite à
exploração de mais um conjunto numérico abstrato que surge, através da descoberta
de novos elementos e suas propriedades. Uma aventura intelectual matemática
disfarçada de exercício de raciocínio lógico. Precisamos fazer exemplificações,
operações e aproximações com os mais variados tipos de números reais. Pois é
através dessa experiência prática que o aluno intelectualmente se aproxima das
características e propriedades dos diferentes números reais (ROCHA, 2018).
Pietropaolo, Corbo e Campos (2013) analisando resultados de sua pesquisa
sob a perspectiva de Tall & Vinner (1981), concluíram que a imagem conceitual
construída pela maioria dos participantes do estudo, relativa aos números irracionais,
era principalmente constituída por noções que pertencem ao campo numérico,
contendo, em alguns casos, concepções incorretas – por exemplo, relativas às
representações e à classificação desses números. A incomensurabilidade de
grandezas – interpretação geométrica dos números irracionais, conceito cuja
discussão pode favorecer a compreensão representativa de medidas de quaisquer
grandezas, não constava do repertório de conhecimentos do conteúdo específico
acumulados pelos professores. Esta constatação indica lacunas também nos
48
conhecimentos pedagógicos necessários à apresentação desse conteúdo aos alunos.
Tais resultados colocam em destaque a necessidade de promover, nos cursos de
formação inicial e/ou continuada, discussões sobre a relevância dos números
irracionais nos currículos de Matemática, sobre as dificuldades vivenciadas pelos
estudantes quando iniciam a construção desse conhecimento e sobre a importância
de seu estudo nas diversas etapas escolares (ROCHA, 2018).
Pommer (2012) afirma que ainda a esse respeito, é necessário reiterar o que
foi dito anteriormente, sobre a importância de distribuir o estudo dos números
irracionais não apenas nos dois últimos anos do Ensino Fundamental, mas também
ao longo do Ensino Médio e nos cursos de Licenciatura em Matemática, para que se
deem a consolidação e a ampliação desse conhecimento em etapas escolares
subsequentes, nas quais os estudantes certamente já desenvolveram outras
habilidades necessárias à compreensão e ao aprofundamento desse assunto.
Corbo (2012) relata que, em virtude de todo o exposto, dada a importância dos
números irracionais para a compreensão da ampliação dos campos numéricos, seu
estudo não pode receber uma atenção descuidada, que enfatize um único aspecto
(por exemplo, o algorítmico), sob pena de provocar a elaboração de uma concepção
desses números despida de significado. Isto é, a abordagem dos irracionais não pode
ser feita por meio de um trabalho aligeirado, fraco, ainda que se considere toda a
complexidade inerente à construção desse conhecimento.
Jover (2013) realizou uma oficina em quatro encontros, com atividades de uma
hora de duração, equivalente a cinco períodos de aula, com a participação ativa dos
alunos proporcionada pelo uso do software Geogebra. O estudo de números
irracionais em aulas expositivas se estendeu durante um bimestre letivo (mais de vinte
períodos). A diversidade da metodologia, utilizada para alcançar o mesmo propósito,
apontou que a experiência proporciona mais, em menos tempo. Contudo, a
aprendizagem só acontece se o aluno estiver aberto para a experiência. O discurso
do educador de que “não há tempo, é necessário vencer o conteúdo” mostra uma
visão da educação que anula a experiência. A preocupação excessiva do professor
em vencer o conteúdo, acompanhada da quantidade de informação e de trabalho, se
49
contrapõe à oportunidade de propiciar a aprendizagem pela experiência e de
efetivamente construir o conhecimento proposto.
Laurentino (2013) afirma que também aprendemos que enquanto os números
racionais são enumeráveis, os irracionais não o são, surgindo aí o primeiro resultado
interessante de que podemos comparar conjuntos infinitos e obter “infinitos maiores
que outros infinitos”. Kindel (2012) aponta que um conjunto é enumerável se for
possível estabelecer uma relação bijetora entre ele e o conjunto dos números naturais,
ou seja, um conjunto infinito enumerável é aquele que possui infinitos termos, porém
somos capazes de nomear cada um deles, considere o conjunto X= {x1, x2, x3,…} um
conjunto finito, encontramos facilmente uma bijeção deste conjunto com os naturais,
que será dada por f(n) =xn, assim, x1 = f(1), x2 = f(2),…, xn = f(n),…
Outra variável a ser considerada é a apresentação dos conjuntos numéricos
em uma ordem reorganizada e diferente da que foi constituída através da história.
Kindel (1998) afirma que a matemática escolar apresenta convencionalmente os
conjuntos numéricos da seguinte forma: N Ϲ Z Ϲ Q U I = R Ϲ C, que se baseia no
processo de axiomatização aritmética, cuja preocupação era a construção da
aritmética como um sistema orgânico com fundamento lógico. Esta colocação
simplista leva professores e alunos a acreditar que se “compreendemos bem” os
números naturais, a construção dos outros conjuntos numéricos flui naturalmente,
acreditando os estudantes na aplicação direta de propriedades dos naturais a outros
conjuntos. Um caso exemplar que nos obriga a pensar simultaneamente no didático e
na matemática é o que entende a fração ¾ como sendo dois naturais 3 e 4, onde se
pode fazer 3+1 = 4 e 4+1= 5, então a fração ¾ = (3+1) / (4+1) = 4/5. O erro didático,
neste caso, consiste em que não estão sendo reconhecidas as características
diferentes dos números introduzidos, o mesmo costuma acontecer a partir da
apresentação superficial do conjunto dos números irracionais (ROCHA, 2018).
Neste contexto, onde os conjuntos numéricos estão organizados de forma
embutida como Matrioskas russas, pouco se percebe em relação ao desenvolvimento
histórico e suas relações com as necessidades humanas. O estudante pode imaginar,
seguindo a ordem apresentada, que os números racionais e irracionais surgiram logo
50
após o entendimento sobre números inteiros, no entanto, foram mais de 1500 anos a
partir de 300 a.C para a aceitação dos números negativos e, além disso, essa
aceitação demandou discussões e considerações de diversos matemáticos (ROCHA,
2018).
5 NÚMEROS REAIS
Neste capítulo, você aprenderá sobre o conjunto dos números reais e verificará
que ele é uma reunião de vários subconjuntos numéricos. Dessa maneira, é possível
utilizar as notações da teoria de conjuntos para relacionar o conjunto dos números
reais com os demais conjuntos.
Dentro dos números reais, podemos estabelecer relações de igualdade ou
desigualdade entre seus elementos, facilitando o entendimento da representação no
eixo real. Os conjuntos numéricos podem ser representados em notação de conjuntos
utilizando chaves e colchetes, ou sobre a reta ordenada, em que os números ficam
dispostos em ordem crescente.
Fonte: https://conhecimentocientifico.r7.com/
51
5.1 Uma definição objetiva
O conjunto dos números reais (R) é formado por todos os números racionais e
irracionais. Por sua vez, os conjuntos dos números racionais e irracionais abrangem
outros conjuntos que podem ser verificados a seguir.
O conjunto dos números naturais é aquele formado pelos números 0, 1, 2, ...
ℕ = {0, 1, 2, 3, 4, 5, ...}
O conjunto dos números racionais (ℚ) é composto por números que também
podem assumir valores positivos e negativos. Porém, nesse conjunto, as frações
numéricas são incorporadas. Esses números podem estar representados na forma de
fração ou decimal. No conjunto dos números racionais, estão também presentes as
dízimas periódicas simples e compostas, sendo esses originados de uma fração
52
possível de ser reescrita na forma a/b, em que a e b são números inteiros, e b ≠ 0
(ARAÚJO, 2015).
ℚ = {..., –2, ..., –1,25, ..., –1, ... –0,33, ... 0, ...1, ... , ..., 2, ...}
Por fim, vem o conjunto dos números irracionais (𝕀), que são os decimais que
não podem ser representados em forma de uma fração. Por exemplo, o número , √p,
sendo p um número positivo, sem raiz quadrada exata, etc (ARAÚJO, 2015).
ℝ=𝕀∪ℚ
Para o conjunto dos números reais, também são válidas todas as notações da
teoria de conjuntos. Você pode verificar, de acordo com a figura acima, que o conjunto
Q está contido no conjunto R, ou simplesmente:
53
ℚ⊂ℝ
Ou, ainda, que o conjunto dos números irracionais, I, unido ao conjunto dos
números racionais, Q, resulta no conjunto dos números reais:
𝕀∪ℚ=ℝ
54
Ao realizar operações matemáticas com os números reais, as propriedades
básicas utilizadas com qualquer outro conjunto numérico também se aplicam. Na
sequência, você relembrará e exercitará um pouco cada uma dessas propriedades e
verá alguns exemplos.
55
Qualquer número real, positivo ou negativo, elevado a um expoente par,
sempre resultará em um número real positivo (ARAÚJO, 2015):
56
Potência de sinal negativo inverte o número que está sob a potência, caso
mude o sinal:
57
Nas operações de adição e subtração, quando os sinais que acompanham os
números que estão sob a operação forem iguais, o resultado permanecerá com o
mesmo sinal (ARAÚJO, 2015):
58
5.4 Tipos de intervalos numéricos
Assim como em qualquer outro conjunto, os números reais (R) podem ser
representados sobre uma reta orientada. Esta reta tem como origem o ponto 0 (zero)
e orientação para a direita, indicando o sentido crescente da sequência numérica,
conforme mostrado na figura abaixo.
59
Ainda sobre essa reta, caso seja necessário, é possível representar os demais
números racionais e irracionais, complementando o conjunto dos números reais (R),
conforme a figura abaixo.
Desse modo, para qualquer a pertencente a R+*, dizemos que a é maior que
zero (ARAÚJO, 2015):
a > 0, ∀ a ∈ ℝ+*
60
Também de forma semelhante:
a < 0, ∀ a ∈ ℝ–*
A partir daí você já consegue definir o conjunto dos números reais maiores que
zero (positivos) sobre a reta real.
Na figura acima, um círculo aberto sobre o zero indica que o mesmo não está
dentro do intervalo numérico representado. O mesmo pode ser observado na figura
abaixo, a seguir, com a representação dos números reais negativos, ou menores que
zero.
61
em que o colchete aberto, ou os parênteses, indica que o número que vem após não
pertence ao intervalo. Já o intervalo da última figura, em que o número que precede o
colchete não pertencerá ao intervalo, pode ser expresso por:
Sempre que for necessário representar conjuntos numéricos em uma reta, caso
o primeiro número da sequência a ser representada pertença ao conjunto desejado, o
círculo deverá ser preenchido, o que também deverá ocorrer com o último número da
sequência a ser representada (ARAÚJO, 2015). Como exemplo, verifique que, na
figura a seguir, está representado o intervalo entre o número 2, inclusive, até o número
4, que também pertencerá ao conjunto da expressão:
62
]–3, 2]
O colchete aberto em –3 indica que esse número não pertence ao intervalo que
iremos representaremos. Por outro lado, o número 2 ainda está dentro desse conjunto
(ARAÚJO, 2015). Assim, queremos representar na reta real o conjunto de todos os x,
maiores que –3 e menores ou iguais a 2 (Figura 8), ou pela expressão:
{x ∈ ℝ│–3 < x ≤ 2}
]–1, +3[
Temos um intervalo entre -1 e +3, em que esses dois números não pertencem
ao intervalo:
63
Sejam três números, a, b e c. Estando a à direita de b na reta real, temos a
garantia que a é maior que b; e estando c à esquerda de b, temos a garantia que c é
menor que b (ARAÚJO, 2015), o que pode ser representado pelas expressões a
seguir, respectivamente:
a > b;
c<b
c<b<a
em que você lerá que b é menor que a e maior que c. Assim, você também pode
verificar que c é menor que a:
c<a
2 > –3
–7 < –3
64
– 7< –3 < 2
e ainda:
–7 < 2
65
conjunto dos números naturais N é subconjunto do conjunto dos números inteiros ℤ
se e somente se todos os elementos do conjunto são também elementos do conjunto
ℤ. Então, pode-se dizer que N está condido em ℤ (figura abaixo). Para expressar
simbolicamente essa relação, usam-se (está contido), (contém) ou (não está contido)
(FRIEDRICH; MANZINI, 2015).
66
Poderíamos estar interessados em representar essa relação em um plano
cartesiano. Ou seja, com os pares ordenados (valores de x e de y) marcar o ponto no
gráfico e traçar a curva que expresse essa relação (figura abaixo).
67
quilômetros rodados, os níveis de poluição dependem da degradação da natureza,
etc. (FRIEDRICH; MANZINI, 2015).
No exemplo do preço pago pelo presunto, deduzimos que existe uma relação
entre o peso x do presunto que será comprado (em gramas) e o valor y a ser pago
(expresso em reais). Mais especificamente, a relação é:
68
Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/
69
Fonte: DEaD | IFCE
70
Para calcularmos o valor de g (f (-2)) e f (g ( -2)), temos duas maneiras: A
primeira seria substituindo cada um dos valores pedidos nas funções correspondentes
(COSTA et al., 2017). Abaixo temos o processo detalhado:
71
Outra maneira é determinarmos a lei de formação das funções compostas e
depois calculamos as imagens dos valores pedidos nas respectivas leis. Como no
item a) já foram determinadas tais leis de formação, vamos agora determinar os
valores de g (f (-2)) e f (g (-2)) diretamente na lei de g (f (x)) e f (g (x)), respectivamente
(COSTA et al., 2017). Temos
72
6.3 Função Inversa
73
Ao analisarmos os diagramas das funções (figura acima), observamos que
Retornando a última figura, temos que, apesar da função g não ser injetora, ela
apresenta uma propriedade interessante: todo elemento do seu contradomínio D é
imagem de algum elemento de C (COSTA et al., 2017). De maneira formal, podemos
dizer que
74
Dessa forma, analisando as funções f e g, apresentadas no início do tópico,
notamos ainda que a função f não é uma função sobrejetora, pois Im(f) ≠ B. Por outro
lado, a função g é sobrejetora, pois Im(g) = D (COSTA et al., 2017).
Observe esse exemplo de funções sobrejetivas.
Considere f : A → B onde A = { -2, -1,0,1,2} e B = {0,1,4} definida pela lei f(x)
= x². Note que f é sobrejetora, pois, para qualquer elemento y B ∈, existe um elemento
x A ∈ tal que y = x².
Note que todos os elementos de B são imagens de pelo menos um elemento
de A: 0 = f (0);1 = f (1) = f ( -1) e 4 = f (2) = f ( -2).
75
Daremos agora um exemplo de funções bijetoras:
76
EXEMPLO: Determine, graficamente, se as funções abaixo são injetora,
sobrejetora ou bijetora.
Risquemos retas paralelas ao eixo x nos gráficos das funções e lembremos que
Para a função f : R → R tal que f (x) = x - 1, temos que seu gráfico é dado pela
figura abaixo.
77
Do gráfico da figura acima, observamos que qualquer reta horizontal intersecta
o gráfico em um único ponto. Por isso a função é injetora e sobrejetora. Portanto é
bijetora.
78
Veja pelo gráfico que temos retas que não tocam o mesmo nenhuma vez. Como
seu contradomínio são os reais, isso significa que há elementos sobrando no
contradomínio. Logo, observamos que existe reta horizontal que intersecta o gráfico
em nenhum ponto, um ponto ou dois pontos. Nesse caso a função não é injetora, nem
sobrejetora e, consequentemente, não é bijetora.
7 FUNÇÕES DO 1º E DO 2° GRAU
Denomina-se função de primeiro grau aquela f: R→R, que associa cada x real
a um y também real, onde y = ax + b, com a, b ∈ R; a≠0. Por exemplo:
R(x)=0,08x + 1200
79
7.2 Propriedades da função de primeiro grau
Uma função afim pode ser classificada de acordo com o coeficiente real a:
a>o
80
Figura: Gráfico da função crescente.
81
Figura: Gráfico da função decrescente.
a=o
82
Figura: Gráfico da função constante.
A raiz ou o zero de uma função será o valor de x que tenha como imagem y =
0. Sendo y = f(x) = ax + b, com a≠0, temos que: x é zero ou raiz da função se — e
somente se — f(x) = 0. Portanto, será possível determinarmos a raiz de uma função
fazendo
83
Figura: Gráficos das funções crescente e decrescente.
Para que fique determinada uma reta, são necessários, ao menos, dois pontos
ou um ponto e a inclinação da reta. Como visto, temos dois pontos significativos que
interceptam os eixos Ox e Oy: o primeiro é a raiz da função e o segundo é o
próprio coeficiente linear b. Esses dois pontos seriam o suficiente para esboçar o
gráfico da reta da função.
Outra técnica bem simples é a construção de uma tabela com valores para x,
que pertencem ao domínio da função, ou seja, para quaisquer x. Esses valores
substituídos na função nos darão os valores da imagem y e, consequentemente, os
84
pontos da função. Uma sugestão é o uso de valores do domínio que estejam próximos
à origem do plano.
Por exemplo, dada a função f(x) = –2x + 3, esboçaremos o gráfico cartesiano.
Construiremos uma tabela (Quadro 1) com os valores inteiros entre –2 e 2 e,
substituindo na função, encontraremos os pares ordenados formados.
85
Figura: Gráfico da função f (x) = –2x + 3.
f(x) = y
indica que x é uma variável independente e que, de acordo com sua variação, a
variável dependente y poderá assumir diferentes valores, conforme a relação disposta
na função.
86
Funções polinomiais são definidas pela relação entre duas variáveis, uma
Com a ≠0.
87
Quando você trabalha com uma função de segundo grau, ou segunda ordem,
assim como em qualquer outro tipo de função, pode construir gráficos para representá-
la. A principal característica dos gráficos de uma função quadrática é a sua forma.
Toda função de segundo grau apresentará uma parábola em sua representação
gráfica.
88
São exemplos numéricos de equações quadráticas:
89
Para obter o valor da função em um valor de x específico, basta substituir o
referido valor no lugar da variável independente. Por exemplo, seja a função
90
em que x1 e x2 são raízes da equação. Existem diversos métodos para resolução das
equações, de qualquer ordem. Para as equações de segundo grau, abordaremos a
fatoração pelo método da fatoração e pela fórmula de Bhaskara (ou fórmula
quadrática).
Fatorar uma função de segunda ordem significa reescrever essa mesma função
de modo que ela volte à forma primitiva, de uso de propriedade distributiva da
multiplicação.
As técnicas de fatoração incluem colocar um fator comum em evidência, fatorar
por agrupamento e reverter processos usuais envolvendo o uso da distributividade
dupla e formas notáveis de fatoração (SAFIER, 2011). Algumas dessas técnicas
podem ser aplicadas às funções de segunda ordem, como veremos a seguir.
Nessa função, você pode perceber que o termo 2x é um divisor comum para as
duas parcelas que a compõem. Assim, é possível reescrevê-la da seguinte forma:
91
Dessa maneira, as raízes dessa função são x1 = 0 e x2 =–4. Se forem
colocadas na forma de dois binômios, aplicadas as propriedades da distributividade,
retornariam à função inicial:
Reverter a distributividade:
Considere-se a função:
92
Como a função de segunda ordem se origina de uma multiplicação de binômios,
para a função apresentada, precisamos determinar dois números que, se forem
multiplicados, resultam em 8 e, se somados, resultam em 6, uma vez que
A função genérica
desde que a≠0, pode ser resolvida utilizando-se a fórmula de Bhaskara (ou
fórmula quadrática), definida por:
93
Tomaremos como exemplo
Logo,
94
Observe que a parábola, de acordo com sua concavidade, possuirá um ponto
de máximo ou de mínimo, denominado vértice.
As coordenadas desse ponto podem ser calculadas pela expressão:
95
E seu gráfico pode ser verificado na figura a seguir
96
E seu gráfico pode ser verificado na figura abaixo.
97
8 TRIGONOMETRIA
O triângulo é a figura geométrica mais simples, mas, ao mesmo, uma das mais
importantes. Tem propriedades e definições de acordo com o tamanho de seus lados
e com a medida dos ângulos internos, sendo classificados como acutângulo,
obtusângulo e retângulo.
Todo triângulo retângulo apresenta um ângulo reto e dois agudos. O triângulo
ABC, mostrado na Figura a seguir, é um retângulo em C.
98
Usaremos as letras maiúsculas dos vértices para denotar também os ângulos
internos correspondentes, e as letras minúsculas a, b, c para denotar os lados opostos
aos ângulos A, B e C, respectivamente, e também as medidas dos lados. Assim,
temos C = 90° e A + B = 90°, pois a soma das medidas dos ângulos internos de
qualquer triângulo é igual a 180°. Os nomes cateto e hipotenusa são usados apenas
nos triângulos retângulos, no nosso caso, a hipotenusa é a, o lado oposto ao ângulo
reto, e os demais lados b e c são ditos catetos (b = cateto adjacente e c = cateto
oposto). Para os triângulos retângulos, vale o importante teorema de Pitágoras, o
qual define: “em todo triângulo retângulo, o quadrado da hipotenusa é igual à soma
dos quadrados dos catetos: a² = b² + c²”. O teorema de Pitágoras é um caso particular
da Lei dos Cossenos, utilizada em triângulos quaisquer.
Para um ângulo agudo de um triângulo retângulo, definimos as importantes
razões seno, cosseno e tangente.
99
As seis razões trigonométricas — seno, cosseno, tangente, cossecante,
secante e cotangente — não dependem do “tamanho do triângulo retângulo”; elas
dependem apenas da medida do ângulo. De fato, dois triângulos retângulos com um
ângulo agudo de mesma medida são semelhantes. (BENTO, 2018).
Como calcular as Razões Trigonométricas?
Para compreender melhor a aplicação das fórmulas, confira abaixo dois
exemplos:
Encontre os valores do seno, cosseno e tangente do ângulo do triângulo
abaixo.
100
Aplicando o Teorema de Pitágoras, temos: a² = b² + c² = 13² = 5² +12² = 169 =
25 + 144 = 169 = 169. A soma dos quadrados dos catetos tem que ser igual a medida
da hipotenusa ao quadrado.
101
A função seno é uma função periódica e seu período é 2π. No círculo
trigonométrico, o sinal da função seno é positivo quando x pertence ao primeiro e
segundo quadrantes. Já no terceiro e quarto quadrantes, o sinal é negativo.
Fonte: https://www.todamateria.com.br/
102
Gráfico da função seno.
Fonte: Costa; Guerra (2009, documento on-line).
Fonte: https://www.todamateria.com.br/
103
Além disso, no primeiro e segundo quadrantes a função f é decrescente. Já no
terceiro e quarto quadrantes a função f é crescente.
O domínio e o contradomínio da função cosseno são iguais a R. Ou seja, ela
está definida para todos os valores reais: Dom(cos)=R.
Já o conjunto da imagem da função cosseno corresponde ao intervalo real [-1,
1]: -1 < cos x < 1.
Em relação à simetria, a função cosseno é uma função par: cos(-x) = cos(x).
O gráfico da função cosseno f(x) = cos x é uma curva chamada de cossenoide:
Ambas as funções têm por conjunto imagem o intervalo [−1, 1]. Para todos os
valores de x ∈ R, tem-se que −1 ≤ sen x ≤ 1 e −1 ≤ cos x ≤ 1.
Sendo x o comprimento de um arco AB circunferência unitária, a ordenada e a
abcissa de B, sen x e cos x são, no máximo, 1 e, no mínimo, −1, qualquer que seja x,
como se constata examinando-se a Figura abaixo. (As funções seno e cosseno são
exemplos importantes de funções periódicas.)
Uma função f(x) é chamada de periódica quando satisfaz, para algum p, a
relação f(x) = f(x + p), qualquer que seja x ∈ Domf. O menor valor de p para o qual se
tem f(x + p) = f(x) para qualquer x ∈ R é chamado de período da função f.
104
As funções seno e cosseno são funções periódicas com período 2π. Isso
significa que, para todo x ∈ R, sen = (x + 2π) = sen x, cos(x + 2π) = cos x. (BENTO,
2018).
Essa propriedade segue da interpretação geométrica dessas funções.
Examinando o círculo trigonométrico, conclui-se que a extremidade C de um arco AC
de comprimento x + 2π coincide com o ponto B do arco AB e, portanto, B e C têm as
mesmas coordenadas.
A função cosseno é uma função par. De fato, considere o arco AB de
comprimento x > 0, como indica a Figura, e o arco AC, medido no sentido anti-horário,
cujo comprimento é também –x (isto é, AC arco-x). Os pontos B e C, portanto, têm a
mesma abcissa, de modo que cos(−x) = cos x.
A função seno é uma função ímpar, isto é, sen(−x) = (−1) sen(x). (BENTO,
2018).
As funções sen x e cos x satisfazem algumas relações, chamadas de relações
trigonométricas. Em particular, aplicando o teorema de Pitágoras ao triângulo
retângulo Q0B, obtém-se a relação: cos² x + sen² x = 1.
105
Gráfico da função círculo unitário sen e cos.
Fonte: Costa; Guerra (2009, documento on-line).
Fonte: https://www.todamateria.com.br/
107
Gráfico da função tangente
Fonte: Costa; Guerra (2009, documento on-line).
A função secante é uma função par e periódica com período 2π. Seu conjunto
imagem é Im(sec x) = (−∞, −1] ∪ [1, + ∞). (BENTO, 2018).
108
9.4 Função cossecante
A função cossec x é uma função ímpar, periódica com período 2π. Seu conjunto
imagem é o conjunto: Im(cos sec x) = (−∞, −1] ∪ [1, ∞).(BENTO, 2018).
109
Gráfico da função cotangente.
Fonte: Costa; Guerra (2009, documento on-line)
110
Quadro 1. Propriedades das potências
Iezzi, Dolce e Murakami (2013) dissertam que, dado um número real a, tal que
0 < a ≠ 1 é referido por função exponencial de base a a função de f de ℝ em ℝ, que
associa a cada x real o número ax, ou seja:
111
Toda função exponencial pode ser categorizada como crescente ou
decrescente, e o parâmetro utilizado para essa classificação é o valor de sua base.
Assim, a função f(x) = ax é crescente se e somente se a > 1, e decrescente se 0 < a <
1, assim:
f : ℝ → ℝ+*
112
Para a determinação da imagem, há uma restrição. Lembre-se de que o
conjunto imagem representa os valores obtidos pela função a partir de seu domínio,
assim como a base deve necessariamente ser de um valor positivo, e a consequência
dessa condição será um conjunto imagem também composto por valores positivos,
não existindo, assim, representação na parte inferior ao eixo x, posição destinada às
imagens negativas, assim, Im(f) = ℝ+ * = (0, +∞).
As raízes de uma função exponencial baseiam-se no mesmo princípio das
demais; assim, encontrar o 0 dessa função consiste em identificar para qual valor de
x a função é nula. É importante destacar que, para essa operação, estar íntimo das
propriedades de potências apresentadas anteriormente é essencial.
113
entre outras. Assim, essa representação atribui significado visível sobre diferentes
concepções do estudo de funções. Com relação ao gráfico f(x) = ax , Iezzi, Dolce e
Murakami (2013) ressaltam que:
a curva representativa está toda acima do eixo das abscissas (eixo x),
pois y = ax > 0, para todo x ∈ ℝ;
corta o eixo das ordenadas (eixo y) no ponto (0,1);
apresenta um dos aspectos demonstrados pela figura abaixo.
Observe que o gráfico da função exponencial passa pelo ponto (0,1), uma vez
que todo número elevado a 0 equivale a 1. Outra característica marcante é a de não
tocar o eixo das abscissas, gerando sempre uma imagem positiva. No exemplo a
seguir, é possível observar como podemos traçar a curva de uma função exponencial
a partir de sua lei de formação.
Para delinear um gráfico, sugere-se recorrer a uma tabela onde serão inseridos
valores possíveis para x, bem como calculado o respectivo valor de y:
114
Agora, de posse desses pontos, basta plotá-los no eixo cartesiano, chegando
ao seguinte resultado:
115
10.3 Função logarítmica
117
possível observar essas propriedades no Quadro 2, que tem por base os números
reais 0 < a ≠ 1, 0 < b ≠ 1, c ≠ 0, x e y ≠ 0 < a.
De acordo com Iezzi, Dolce e Murakami (2013), uma função logarítmica pode
ser descrita como uma relação. Denotamos essa função por:
onde:
b = base
x = logaritmando
118
A função logarítmica pode ser classificada em crescente ou decrescente;
assim, a função f(x) = logb x é crescente se e somente se a base for maior que 1 (b >
1), e decrescente se a base for um valor maior que 0 e menor que 1 (0 < b < 1), assim:
119
conjunto dos número reais positivos não nulos, ou seja, D(f) = ℝ, enquanto seu
contradomínio resume-se aos reais positivos maiores que 0 (ℝ+ * ), logo, pode ser
descrita como:
A imagem da função logarítmica é o conjunto dos números reais, uma vez que,
se 0 < a ≠ 1 e definida por f(x) = loga x, sabe-se que essa relação admite como função
inversa g de ℝ → ℝ + * definida por g(x) = ax , caracterizando f(x) como bijetora, logo,
Im = ℝ.
120
10.4 Gráfico da função logarítmica
A representação gráfica de uma função logarítmica indicada por loga x com 0 <
a ≠ 1 tem as seguintes características:
121
Para delinear um gráfico, sugere-se recorrer a uma tabela onde serão inseridos
valores possíveis para x e calculado o respectivo valor de y:
122
10.5 Relação entre função exponencial e função logarítmica
123
Observe que o par ordenado da tabela de f(x), por exemplo (1,3), quando
inserido na lei de formação de g(x), equivale a log3 1 = 1, logo, origina o ponto (3,1).
Outra análise relevante é quanto à disposição das funções f(x) e g(x), bem como a
observação da propriedade simétrica referente à reta y = x, que corta os quadrantes
ímpares do plano cartesiano. É possível notar essa característica na Figura 3, onde
f(x) está indicado em vermelho, y = x, em verde, e g(x), em roxo.
124
10.6 Aplicações das funções exponencial e logarítmica
Escala Richter
Criada em 1935 por Charles Richter e Beno Gutebberg, esse parâmetro é útil
para mensurar a magnitude de um terremoto conforme a energia liberada em formato
de ondas, calculadas por um aparelho denominado sismógrafo. Quanto maior a
125
categorização dessa escala, maior são os efeitos desse fenômeno. Assim, entre 4 e
4,9 vidros são quebrados, e pequenos objetos podem cair, enquanto que, na
ocorrência de se chegar ao valor de 8 a 8,9, pontes podem ser destruídas, e a grande
maioria das construções pode desabar.
Contudo, qual é a relação entre a escala Richter e a matemática? Trata-se de
uma escala logarítmica, e os graus de Richter são resultados de um logaritmo da
medida das amplitudes das ondas sísmicas, a 100 km do epicentro dada por:
onde:
A = amplitude máxima
A0 = amplitude de referência (é uma constante)
126
Com esse resultado, é possível concluir que o terremoto ocorrido no Chile foi
1.000 vezes maior do que o que houve na Nicarágua.
127
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFIA BÁSICA:
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
128
SANTOS, A. A. dos. Conceitos introdutórios à matemática financeira. SAGAH, 2019.
SILVA, C. X.; BARRETO FILHO, B. Matemática: aula por aula. 2. ed. São Paulo: FTD,
2005.
129