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Cultura e esporte da Croácia

Cultura:
Os croatas formam a maioria da população da Croácia, mas há também diversos
outros grupos étnicos, incluindo sérvios, húngaros e romenos. A maioria da população
pertence à religião católica romana, e a igreja tende a exercer uma grande influência
na sociedade. Quando o país estava sob os ditames soviéticos, a igreja costumava ser
oprimida, mas, aos poucos, foi reconquistando o seu poder. Muitos nativos são
devotos da Virgem Maria, e várias cidades em todo o país têm santuários construídos
para louvá-la.
Grande parte dos croatas possui a tendência de ser nacionalista, e refere-se a seu
país como “nossa linda pátria”. Eles têm um grande orgulho de sua herança cultural e
nação, a qual teve que passar por diversas invasões, ocupações e controle de
estrangeiros. Os croatas mantêm sua cultura muito viva, por meio da música, contos
folclóricos, costumes, danças e rituais.
Em relação aos cumprimentos, os gestos mais comuns são o aperto de mão, o contato
visual e as saudações, dependendo do momento do dia: “Dobry jutro” pela manhã,
“Dobry dan” pela tarde e “Dobro veeer” pela noite. É uma boa ideia se dirigir às
pessoas pelo título e sobrenome: “Gospodja” para senhorita, “Gospodice” para
senhora e “Gospodin” para senhor. Espere que lhe digam para começar a chamar
pelos primeiros nomes. Nas festas, os anfitriões geralmente apresentam novas
pessoas aos convidados. Eles apresentarão primeiro as mulheres, depois os homens;
os mais velhos primeiro, e então, os mais novos.

Esporte:
Como pode uma nação tão pequenina, com pouco mais de 4 milhões de habitantes,
desenvolver tanto talento em tantas áreas, sobretudo no esporte, atalho pelo qual ela
se tornou tão conhecida desde os primeiros dias de sua “nova independência”?
Já em 1992 o time de basquete da Croácia surpreendeu o mundo chegando às finais
dos jogos Olímpicos de Barcelona contra os poderosos Estados Unidos – Dream
Team. Ficou com a prata, mas incomodou.
Logo depois, em acréscimo ao sofrimento causado pela guerra, o povo croata teve
que lidar com a perda do ídolo Dražen Petrović em 1993, um dos maiores jogadores
do basquete croata de todos os tempos. Ele faleceu em um trágico acidente de carro,
dor que alguns croatas até hoje arriscam comparar com a dor que os brasileiros
sentiram ao perder, quase na mesma época, o ídolo Airton Senna.
Como esporte de maior popularidade do planeta, é pelo futebol que a Croácia
começaria a abrir caminho para que o quadriculado vermelho e branco passasse a ser
conhecido por todos, despertando simpatias pelo mundo. Atrás do futebol croata,
diversos esportes coletivos e individuais foram mostrando ao mundo que o tal pequeno
país merecia respeito e atenção por sua competitividade esportiva.
No futebol, países de escolas tradicionais já começavam a ver o potencial da Croácia,
como a Itália, que perdeu por 2x1 em 1994, nas eliminatórias da Eurocopa. A
Alemanha, na Euro de 1996, apenas venceu a Croácia depois de muito trabalho, a
contar com a ajuda de um jogador croata expulso. Neste momento dos anos 90 é que
a Croácia começa a se promover usando os esportistas como seus maiores
embaixadores. Slaven Bilić, zagueiro da Croácia à época, tornou célebres as palavras:
“Sabíamos que éramos a primeira geração a jogar pela nova Croácia. Sabíamos que
tínhamos uma guerra sangrenta por trás de nós. Tuđman nos disse que éramos como
embaixadores da Croácia”. E que ótimos embaixadores!
E é assim que os croatas, com amor por sua terra, sempre se comportam como
embaixadores. E é assim que os esportistas se comportam, com toda a visibilidade
que lhes é dada, como embaixadores do quadriculado. É assim que o mundo ouviu
por mais vezes o nome deste país quando a Croácia, em 1996, conquistou seu
primeiro ouro olímpico coletivo com o handebol, esporte aliás muito popular e que
traria ainda muitas alegrias ao povo croata, sendo campeã mundial em 2003 e ouro
novamente nas Olimpíadas de 2004, em Athenas. Em 2011, a comunidade croata de
São Paulo no Brasil teve a felicidade de receber a seleção croata de handebol
feminino para a disputa do campeonato mundial, no qual teve a sua melhor posição da
história com o sétimo lugar.
Nas Olimpíadas de 2012 a Croácia comemorou o ouro do seu time de polo aquático,
outro esporte tradicional, talvez aproveitando suas fortes raízes no handebol. Um time
que foi longe, tão longe quanto os discos arremessados pela Sandra Perković,
também medalhista de ouro em Londres e que, não satisfeita, repetiu o ouro no Rio de
Janeiro em 2016. Como falar da Sandra sem mencionar a Blanka Vlašić, sua
companheira no atletismo, uma mulher de 1,93m que saltou alto o suficiente para
conseguir ser a melhor do mundo em vários campeonatos da categoria.
Alegrias vinham mesmo de esportes de menor popularidade, o que demonstrava o
quanto o país é eclético e abençoado na distribuição de seus talentos. O ouro já
reluziu no peito de atletas do levantamento de peso, tiro esportivo, lançamento de
dardos e ainda, para um país que tem mais de 1000 ilhas e 1700km de costa
marítima, não é de se surpreender pelos ouros também na vela e no remo. Além
disso, conta com expressivos resultados dignos de medalhas, não tão douradas é
verdade, na natação, no taekwondo e na ginástica.
Enquanto isso, no futebol, a Croácia seguia momentos de altos e baixos: Vencia Itália
na copa de 2002, a Alemanha na Euro de 2008, teve a honra de abrir a copa do
mundo de 2014 contra o Brasil em São Paulo, mas amargou uma eliminação ainda na
primeira fase. Venceu a poderosa Espanha em plena Euro de 2016, mas não
avançava tanto. Será que a Croácia poderia novamente encantar o mundo como em
1998? Uma sequência de ótimos jogos contra grandes seleções, mas sem atingir a
classificação para fases finais, foram como decepções a inflamar um sentimento de
"quando passar de fase, iremos longe". Um sentimento que explodiria. E explodiu!
E veio o ano mágico de 2018 e a Copa da Rússia. A Croácia aplicou um
inquestionável 3x0 na Argentina na primeira fase. Com muito esforço passou pelas
oitavas contra Dinamarca, pelos donos da casa nas quartas e na semifinal, veio a
Inglaterra. Depois de duas prorrogações, agora viria mais uma. Os jogadores croatas
esgotados fisicamente, como que conformados com a aproximação dos pênaltis (de
novo!), não contavam com Perišić, tomado pelo espirito de Blanka Vlašić, saltando
mais alto que todos para ganhar uma bola que parecia perdida, sobrando para
Mandžukić virar o jogo.
Naquele momento, milhões de croatas pelo mundo talvez estivessem a gritar como
nunca antes na vida. Os jogadores croatas se amontoavam perto da linha de fundo,
um fotografo ganharia até um beijo de felicidade do zagueiro Vida, como desculpas
por ter envolvido o profissional da imprensa no “esmagamento comemorativo”.
Aquelas cenas entrariam para a história do esporte croata, momentos tais que o
dinheiro não compra, como diz a música de Mladen Grdović entoada pelos jogadores
nas sucessivas comemorações durante a copa do mundo “Nije u Soldima sve”, numa
tradução livre “O dinheiro não é tudo”. A Croácia numa final da Copa do Mundo, lugar
no qual desejavam estar tantas seleções de mais tradição. E foi contra a França.
É verdade que a Croácia perdeu e é difícil que uma final destas ocorra novamente...
mas o fato é que foi um orgulho tremendo, para todo croata, ver o quadriculado
invadindo bilhões de lares naquele ano de 2018, ano que ainda nos daria Luka Modrić
(foto 8) como o melhor jogador de futebol do planeta. A equipe foi recebida na praça
principal de Zagreb, com uma aglomeração como nunca antes vista na história do
“novo” e milenar país – jogadores recebidos como verdadeiros heróis. Como
verdadeiros embaixadores que levaram a bandeira croata para onde nunca havia sido
levada antes. Embaixadores que levaram a nação pequenina e seu simpático
quadriculado vermelho a todos os cantos do mundo.

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