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LEI Nº 3972, DE 24 DE SETEMBRO DE 2002.

DISPÕE SOBRE O USO, A PRODUÇÃO, O CONSUMO; O COMÉRCIO, O


TRANSPORTE INTERNO, O ARMAZENAMENTO, O DESTINO FINAL DOS
RESÍDUOS E EMBALAGENS, DE AGROTÓXICOS E DE SEUS
COMPONENTES E AFINS E, BEM ASSIM, O CONTROLE, INSPEÇÃO E
FISCALIZAÇÃO, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.

A GOVERNADORA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO,


Faço saber que a Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro decreta
e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º - O uso, a produção, o consumo, o comércio, o transporte interno, o


armazenamento, o destino final dos resíduos e embalagens de agrotóxicos e
de seus componentes e afins e, bem assim, o controle, a inspeção e a
fiscalização sobre os procedimentos descritos serão regidos pela presente Lei.

Art. 2º - Para fins do disposto nesta Lei, consideram-se:

I – agrotóxicos:

a) os produtos e os agentes de processos físicos, químicos ou biológicos


destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento ou
beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas
nativas ou implantadas, de outros ecossistemas ou de ambientes urbanos,
hídricos ou industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da
fauna, a fim de preservá-las da ação de seres vivos considerados nocivos;
b) as substâncias ou produtos empregados como desfolhantes, dessecantes,
estimulantes ou inibidores do crescimento;

II – componentes: os princípios ativos, os produtos técnicos, suas matérias


primas, os ingredientes inertes e os aditivos usados na fabricação de
agrotóxicos e afins.

Art. 3º - Os agrotóxicos, seus componentes e afins só poderão ser produzidos,


comercializados ou utilizados se previamente cadastrados no órgão
competente do Estado, encarregado do controle, inspeção e fiscalização do
uso, consumo, comércio, armazenamento e transporte interno, observado o
disposto nesta Lei e nas demais normas atinentes à matéria.

Art. 4º - Para fins do disposto nesta Lei, fica o Poder Executivo autorizado a
criar o Cadastro Estadual de Agrotóxicos e Afins.

Art. 5º - As empresas que produzem ou comercializam agrotóxicos ou afins


ficam obrigadas a informar ao órgão estadual responsável pelo cadastramento,
controle, inspeção e fiscalização todas as inovações concernentes aos dados
fornecidos para cadastro.

Art. 6º - Os laudos apresentados para cadastro serão elaborados por


laboratórios nacionais ou estrangeiros e utilizarão metodologias validadas e
reconhecidas internacionalmente.

Art. 7º - Fica vedado o cadastramento de agrotóxicos, seus componente e


afins:

I – para os quais não haja antídoto ou tratamento eficaz no Estado;


II – que revelem características teratogênicas, carcinogênicas ou mutagênicas,
de acordo com os resultados atualizados de pesquisas da comunidade
científica;
III – que se revelem mais perigosos para o ser humano que tenham
demonstrado os testes de laboratórios com animais, ainda que estes tenham
sido realizados segundo critérios técnicos e científicos atualizados;
IV – cujas características causem dano ao meio ambiente.

§ 1º - As empresas referidas no artigo anterior deverão informar, sempre que


solicitadas, a laboratórios de referência indicados pelo órgão cadastrante do
Estado, os padrões analíticos de princípios ativos e de impurezas
toxicologicamente significativas, bem como a metodologia analítica pertinente.

§ 2º - Os pedidos de cadastramento serão publicados no Diário Oficial do


Estado no prazo de dez dias, contados da data de protocolização no órgão
competente.

§ 3º - O órgão estadual cadastrante terá prazo de noventa dias contados da


data de protocolização do pedido de cadastro para conclusão do processo.

§ 4º - Os produtos agrotóxicos e afins destinados ao uso experimental a campo


terão cadastro especial temporário.

Art. 8º - As pessoas físicas ou jurídicas prestadoras de serviços de aplicação


de agrotóxicos, seus componentes ou afins e, bem assim, as que os produzam,
importem ou comercializem ficam obrigadas a promover os seus registros no
órgão competente do Estado, atendidas as diretrizes e exigência dos órgãos
federais responsáveis que atuam nas redes de saúde, de meio ambiente e de
agricultura.

Parágrafo único – Consideram-se prestadoras as pessoas físicas ou jurídicas


que executam, para terceiros, trabalhos de prevenção, destruição ou controle
de seres vivos considerados nocivos, mediante a aplicação de agrotóxico, seus
componentes ou afins.

Art. 9º - O comércio e uso de agrotóxicos e outros biocidas somente serão


permitidos mediante prescrição, través de receituário, por profissional
legalmente habilitado, registrado no respectivo órgão de fiscalização
profissional.

Parágrafo único – Os estabelecimentos que comercializam agrotóxicos e


outros biocidas manterão cadastro atualizado dos profissionais descritos neste
artigo.
Art. 10 – Entidades de classe, partidos políticos ou organizações legalmente
constituídas para a defesa dos interesses difusos relacionados com a proteção
ao consumidor, ao meio ambiente ou aos recursos minerais poderão requerer
cancelamento ou impugnação do cadastramento de agrotóxico, seus
componentes ou afins, argüindo, fundamentadamente, prejuízos ao meio
ambiente, à saúde humana e aos animais, com base em resultados
experimentais obtidos por métodos validados internacionalmente.

§ 1º - O pedido de cancelamento ou impugnação será formalizado mediante


requerimento dirigido ao órgão estadual cadastrante, em qualquer tempo, a
partir da publicação prevista nesta lei, com base em laudo técnico firmado por
dois profissionais legalmente habilitados, acompanhado dos resultados das
análises realizadas por laboratório nacional ou estrangeiro, obtidas através de
metodologia validada e reconhecida internacionalmente.

§ 2º - Apresentado o pedido de cancelamento ou de impugnação, será a


empresa notificada, a qual poderá oferecer defesa no prazo de 30 (trinta) dias,
a contar do recebimento da notificação. Extinto o prazo, será o expediente
submetido à decisão do órgão cadastrante, após a instrução.

§ 3º - Sempre que um produto tiver seu cadastro impugnado ou cancelado por


decisão de outra entidade da Federação ou quando organizações
internacionais dedicadas à saúde, alimentação ou meio ambiente, das quais o
Brasil seja membro integrante, ou de acordos ou convênios seja signatário,
alertarem para os riscos ambientais ou toxicológicos, ou desaconselharem o
uso de agrotóxico e afins, caberá ao órgão estadual cadastrante manter, proibir
ou cancelar o uso, manter, cancelar ou suspender o respectivo cadastro,
consultados os demais órgãos estaduais envolvidos.

Art. 11 – As empresas que produzem, importam, exportam ou comercializam


agrotóxicos e afins e, bem assim, as que sejam prestadoras de serviços na
aplicação desses produtos ficam obrigadas a fornecer, semestralmente, ao
órgão fiscalizador dados referentes às quantidades de ingredientes ativos por
categoria de produto produzido, importado, exportado, comercializado ou
aplicado no Estado.

Parágrafo único – Estas informações integrarão banco de dados,


disponibilizado ao público através de relatório impresso e por meio eletrônico,
respeitado o sigilo comercial.

Art. 12 – Sem prejuízo da responsabilidade penal cabível e das penalidades


previstas na Lei Federal nº 7.802, de 11 de julho de 1989 e demais legislação
pertinente, a inobservância ao disposto nesta Lei acarretará, isolada e
cumulativamente, conforme o teor da infração e observado o Regulamento, as
seguintes sanções:

I – advertência;
II – multa;
III – suspensão do cadastro do produto;
IV – apreensão ou destruição do produto;
V – interdição, temporária ou definitiva, do estabelecimento;
VI – destruição de vegetais, partes de vegetais ou alimentos com resíduos de
agrotóxico acima do permitido;
VII – destruição de vegetais, partes de vegetais ou alimentos com resíduos de
agrotóxico acima do permitido;
VIII – destruição de vegetais partes de vegetais ou alimentos nos quais tenha
havido aplicação de agrotóxico de uso não autorizado ou em que tenha sido
constatada a presença de resíduo acima do permitido.

Art. 13 – O Poder Executivo regulamentará esta lei no prazo de noventa dias, a


contar de sua publicação.

Art. 14 - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as


disposições em contrário, em especial a Lei nº 801, de 20 de novembro de
1984, e a Lei nº 1027, de 6 de agosto de 1986.
Rio de Janeiro, em 24 de setembro de 2002.

BENEDITA DA SILVA
Governadora

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