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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

Centro de Ciências Socio-Organizacionais


Curso de Bacharelado em Turismo

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

AS DIFICULDADES QUE MULHERES GORDAS ENFRENTAM NA HORA DE


VIAJAR:

Problemas causados pelo corpo ou preconceito?

Amanda Machado Bonini

Pelotas, RS

2021
Amanda Machado Bonini

AS DIFICULDADES QUE MULHERES GORDAS ENFRENTAM NA HORA DE


VIAJAR:

Problemas causados pelo corpo ou preconceito?

Monografia apresentada ao curso de Bacharelado

em Turismo, do Centro de Ciências Socio-

Organizacionais da Universidade Federal de

Pelotas, como pré-requisito para obtenção do título

de Bacharel em Turismo.

Orientador: Profª. Drª. Louise Prado Alfonso

Pelotas, RS

2021
Universidade Federal de Pelotas / Sistema de Bibliotecas
Catalogação na Publicação

A ficha cartográfica estará disponível nesta página após a defesa e solicitação à biblioteca.
Amanda Machado Bonini

AS DIFICULDADES QUE MULHERES GORDAS ENFRENTAM NA HORA DE


VIAJAR:

Problemas causados pelo corpo ou preconceito?

Monografia apresentada ao Curso de Bacharelado em Turismo da Universidade


Federal de Pelotas como pré-requisito para obtenção do título de Bacharel em
Turismo.

Data da Defesa: 01 de Julho de 2021

BANCA EXAMINADORA:

Prof. Profª. Drª. Louise Prado Alfonso

Profa. Drª. Gisele da Silva Pereira

Profa. Drª. Tereza Cristina Barbosa Duarte

Pelotas, RS, Brasil

2021
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a mim, por ser forte o suficiente para chegar até
aqui, por não desistir mesmo quando não aguentava mais, mesmo com todos as
dificuldades e contratempos durante todos os anos na universidade, finalmente
eu venci!
Agradeço aos meus pais por sempre me incentivarem a estudar e seguir
em frente, por me guiarem durante a vida e estarem de braços abertos sempre.
Agradeço às minhas irmãs Julia e Greice, por me aturarem durante todos
esses anos e me ajudarem sempre que precisei.
Agradeço ao meu namorado, Handerson Rodrigues, por sempre estar do
meu lado, me incentivar, me acalmar quando foi preciso, me dar forças, não me
deixar desistir e por ser meu companheiro, pela família que a gente construiu e
por ser meu amor por todos esses anos e além. Always!
Agradeço aos Sentinelas, Carla, Léo, Ketrin e Carol, por estarem juntos em
todos os momentos da graduação, no desespero e na alegria, fazendo com que as
aulas fossem mais leves e os anos mais agradáveis.
Agradeço, por fim, à minha querida orientadora Louise Alfonso, pelo tempo
dedicado, pelo aprendizado, paciência e principalmente por não ter me deixado
desistir.
Agradeço às professoras Gisele Pereira e Tereza, por comporem a banca e
fazerem parte deste momento especial.
“You should know you're beautiful just the way you are
And you don't have to change a thing, the world could
change its heart
No scars to your beautiful
We're stars and we're beautiful”

Alissa Cara
RESUMO

BONINI, A. M. As dificuldades que mulheres gordas enfrentam na hora de


viajar: Problemas causados pelo corpo ou preconceito? Orientadora: Louise Prado
Alfonso. 52 f. Monografia (Graduação em Bacharelado em Turismo) - Centro de
Ciências Socio-Organizacionais, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, RS,
2021.

O presente trabalho tem como tema as dificuldades que mulheres gordas enfrentam
na hora de viajar: problemas causados pelo corpo ou preconceito. Onde o objetivo é
compreender as dificuldades e preconceitos que mulheres gordas sofrem em viagens
por conta do seu peso, com base em um questionário aplicado no grupo Mulheres que
viajam sozinhas do Facebook e informações colhidas em sites como Instagram,
Twitter e outros sites da internet. Início com uma autoetnografia contando um pouco
sobre como cresci e vivi sendo mulher gorda, depois foi feito um levantamento
bibliográfico para entender sobre a forma que o corpo é visto pela sociedade, corpo
gordo e gordofobia. O que acabou por revelar que as dificuldades encontradas não
passam de preconceito e falta de estrutura por parte dos empreendimentos turísticos.
Percebe-se a necessidade dos cursos de formação em turismo debaterem sobre
questões de preconceito para que os profissionais sejam melhor capacitados.

Palavras-chave: Turismo; Corpo gordo; gordofobia


ABSTRACT

BONINI, A. M. Difficulties that fat woman face when traveling: Problems caused
by the body or prejudice? Advisor: Louise Prado Alfonso. 52 f. Monograph
(Graduation in Bachelor of Tourism) – Center of Social-organizational Sciences,
Federal University of Pelotas, Pelotas, RS, 2021.

This paper aims to discuss the difficulties that fat women face when traveling as
problems caused by the image that the fat body represents in society and prejudice.
Where the objective is to understand the difficulties and prejudices that fat women
suffer when traveling because of their weight, based on a questionnaire applied in the
Women who travel alone group on Facebook and information collected on sites such
as Instagram, Twitter and other internet sites. The work begins with an
autoethnography of the author telling a little about her life as a fat woman, then a
bibliographic survey was carried out to understand the way in which the fat body is
seen by society. This research revealed that the difficulties encountered are no more
than prejudice and lack of structure on the part of tourist enterprises. It is noticed the
need for training courses in tourism to debate issues of prejudice so that professionals
are better trained.

Keywords: Tourism; Fat body; fatphobia.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Blogueiras magras fazem lipo por dinheiro e alimentam padrão insano de
beleza............................................................................................................................... ..24
Figura 2: Como ter o corpo perfeito em 15 passos..............................................................24
Figura 3: A incrível dieta do dia sim dia não……………………………………………...........25
Figura 4: Dieta da água ativa……………………………......................................................25

Figura 5: Dieta do ovo: perdi 10kg em 2 semanas e surtei bastante……………………......25

Figura 6: Fui ao pronto socorro e sempre a causa dos meus problemas é o


peso…………………………………………...........................................................................27

Figura 7: Médico me passou o número de um especialista em redução de estomago......28

Figura 8: Nada parava no meu estomago eo médico falar que era bom para
emagrecer...........................................................................................................................28

Figura 9: E dái se eu comeia mal? O foco dela era me emagrecer como desse...............28

Figura 10: Discriminação e Humilhação por ser gordo…...................................................34

Figura 11: Descaso e Humilhação com pessoas acima do peso ……...............................34

Figura 12: Influencer desabafa após não caber em cadeira……………….........................35

Figura 13: A gordofobia tira meu acesso e me isola, já que o mundo não foi feito para
pessoas do meu tamanho. Eu que lute, né........................................................................35

Figura 14: Thaís Carla reclama de assentos apertados.....................................................36

Figura 15: O corpo gordo sempre foi capaz.......................................................................38

Figura 16: Para uma gorda até que você come pouco .....................................................41

Figura 17: Você não está gorda. Está fofinha....................................................................41

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 11

1.1 METODOLOGIA ................................................................................................. 15

2. UM POUCO DA MINHA VIDA SENDO MULHER GORDA ....................................... 18

3. A CONSTRUÇÃO DO CORPO PELA SOCIEDADE ................................................ 22

3.1 O CORPO GORDO ............................................................................................ 27

4. MULHERES GORDAS VIAJAM? ............................................................................. 30

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 44

REFERENCIAS ............................................................................................................... 46

APÊNDICE - QUESTIONÁRIO ....................................................................................... 52

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1
0
1. INTRODUÇÃO

Eu, mulher constituída por inúmeras características, sou descrita, lembrada e


julgada por apenas uma delas: GORDA. Por conta disso, meu corpo é constantemente
zombado, ridicularizado e menosprezado, como se por conta do meu peso eu fosse
diferente de qualquer outra pessoa.
Isso fez com que, por muitos anos, eu odiasse meu corpo e o que sou.
Houveram várias vezes que ele foi apontado por pais, avós, tios, irmãos, amigos e
pessoas que eu nunca tive contato nem intimidade. Frases como “tu está gorda
demais, precisa parar de comer”, “olha o teu tamanho, daqui a pouco vai explodir”, “tu
és linda, mas precisa emagrecer um pouco”, “tu não pensas em fazer uma dieta? Nos
preocupamos com tua saúde”, “tu precisas emagrecer, se não, nunca vai arrumar um
namorado” e depois que eu o fiz as frases mudaram para “se tu não emagrecer ele
vai te deixar”, “desse jeito ele não vai te querer mais”, como se eu fosse apenas o
corpo sem sentimentos e qualidades. A autora Roxa Gay explica isso em seu livro
“Fome: uma autobiografia do (meu) corpo”:
As pessoas são velozes em lhe oferecer estatísticas e informações sobre os
perigos da obesidade, como se você não fosse apenas gorda, mas também
incrivelmente imbecil, desatenta e iludida quanto à vigorosa falta de
hospitalidade daquele corpo. Esse comentário costuma ser camuflado como
preocupação, como pessoas que só têm as melhores intenções, de coração.
Elas se esquecem que você é uma pessoa (GAY, 2017, p. 105).
O corpo gordo é tão odiado, que ainda hoje, pessoas perdem vagas de
emprego, como aconteceu em um concurso público no estado de São Paulo, para
professores do ensino básico, onde 39 desses professores foram dispensados do
cargo por serem obesos (CAMPOS et al, 2015). Os pacientes gordos são
negligenciados e mal tratados por médicos e de tanto as mulheres sofrerem com isso,
criaram em 2018 no Twitter a hashtag #gordofobiamédica para denunciar esses
abusos. Mulheres sendo julgadas como doentes, desleixadas, recebendo uma dieta
no lugar de um tratamento para uma doença em nada relacionada com o peso e
comparadas com animais são um pouco das coisas que vemos nesses relatos
(Revista Claudia, Carol Gomes, 2018).
[...] a pessoa gorda não passa na catraca do ônibus, não cabe na poltrona do
cinema e não encontra, com a facilidade de simplesmente ir ao shopping,
uma básica calça jeans para comprar. Ela é insultada por sua forma física
publicamente e, constantemente, é alvo de piadas. (ARRUDA E MIKLOS,
2020, pg. 115)
E ao contrário do que muitas pessoas pensam, gordos/as são indivíduos
comuns, porém estão fora do padrão normativo imposto pela sociedade, mas que
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possuem sentimentos, emoções, desejos, sonhos e são capazes de realizar todas as
coisas, hoje eu entendo que qualquer fala que menospreze quem eu sou, olhando
apenas minha forma física, pode ser descrita como gordofobia.
De acordo com Santos e Sanchotene (2017), a gordofobia é o desprezo e o
horror que as pessoas tem em engordar e que acaba sendo transferido a pessoas
com essa característica. Ainda segundo Almeida (2019, p.8) “a gordofobia é uma
estratégia de controlar o tamanho de todos os corpos porque ou se é o alvo desse
preconceito ou possui o medo de se tornar alvo dele”.
Ser mulher ainda é pior, “é notório que o corpo da mulher é o mais demandado
para se adequar ao padrão de beleza que vigora culturalmente” (MARIANO, 2019,
p.13), além disso somos a parcela da população que mais é atingida pela gordofobia,
como afirma Carvalho (2018, p. 45) “pessoas, independente do seu peso, possuem
atitudes negativas contra as pessoas gordas, mais fortemente ligadas ao corpo gordo
feminino”. O corpo da mulher tem uma forma idealizada pela sociedade e as que não
estão dentro deste modelo odeiam seu corpo e buscam de múltiplas formas conquistar
o modelo cultural adequado (BORIS E CESÍDIO, 2007).
E além de toda pressão estética existente em cima do corpo da mulher, existe
também os estereótipos criados em cima do corpo da mulher brasileira, fora do país
a “magreza, a presença de formas voluptuosas, da vestimenta que remeta à
sensualidade” (CASTRO E PINTO, 2014, p.38) são as principais características
femininas vendidas junto com a imagem turística do Brasil. A própria EMBRATUR,
durante muitos anos utilizou da imagem da mulher como propaganda, vendendo a
sensualidade da brasileira como atrativo turístico (ALFONSO, 2006) e mesmo depois
de muitos anos da proibição desta conotação na venda da imagem do país
internacionalmente, até os dias de hoje o Brasil recebe turistas atraídos unicamente
pelo estereótipo sexualizado da mulher (ARANTES, BERTELI E SANTO, 2016).
O corpo da mulher gorda vai em desacordo com toda a imagem criada em cima
das brasileiras no que diz respeito ao ramo turístico, já que a gordura não é sinônimo
de sensualidade, isso traz a invisibilidade delas enquanto mulheres brasileiras já que,
para muitos, esse corpo não é o que deve estar em praias e são julgados ao serem
vistos nos meios de hospedagem e atrativos turísticos, isso faz com que essas
pessoas fiquem à sombra da sociedade até mesmo nessa área.
No turismo, os trabalhos sobre pessoas gordas são quase inexistentes e a

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gordofobia, no geral, é um tema pouco estudado. Segundo Nery (2017) as pesquisas
sobre gordofobia são limitadas e se dão, basicamente, por documentários e livros
sobre o corpo, não falando propriamente sobre gordofobia, por conta disso decidi que
o problema dessa pesquisa será “as dificuldades que mulheres gordas enfrentam na
hora de viajar: problemas causados pelo corpo ou preconceito?”. Dentro deste
problema, existem outras reflexões importantes de serem apontadas, como: o corpo
gordo atrapalha a realização de alguma atividade? uma pessoa gorda já foi impedida
de realizar alguma atividade no meio de sua viagem? As mulheres são tratadas de
forma diferente nos empreendimentos turísticos por conta do seu corpo?
Assim, esta monografia tem como objetivo geral compreender as dificuldades
e preconceitos que mulheres gordas sofrem em viagens por conta do seu peso. E
como objetivos específicos: a) coletar através de etnografia virtual relatos de mulheres
gordas que enfrentaram dificuldades em suas viagens; b) identificar se as dificuldades
encontradas são por conta de limites corporais ou preconceito; c) verificar como o
preconceito interfere na pratica de viajar destas mulheres; d) entender de que forma
o corpo e a saúde são construídos socialmente.
Tudo que foi dito anteriormente se tornou a motivação para esta pesquisa, por
fazer parte dessa população marginalizada, tenho consciência de que é
imprescindível dar visibilidade às vozes destas pessoas. E como estudante de turismo,
sei o quanto é importante levar essas questões para o meio acadêmico e profissional
para que possamos fazer pessoas como eu serem acolhidas a desfrutar de forma
integra de seu direito ao lazer.
Para conseguir realizar esta pesquisa utilizarei a metodologia qualitativa e a
etnografia virtual. Este método usa uma abordagem de investigação utilizada pela
antropologia para a realização de pesquisas no âmbito virtual e que, no momento em
que estamos assolados pela pandemia do Covid-19, é a forma mais segura e eficiente
de juntar os dados necessários a partir de um diálogo com pessoas gordas de
diferentes lugares.
Os dados apresentados neste trabalho foram obtidos através de um
questionário virtual com perguntas relacionadas ao problema de pesquisa, que foi
publicado no grupo da rede social Facebook intitulado “Mulheres que viajam
sozinhas”. Além disso, busquei informações e relatos em sites da internet como o
ReclameAqui, Youtube, blogs e jornais virtuais.

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O desenvolvimento desta pesquisa está dividido em capítulos, o primeiro é uma
autoetnografia contando um pouco sobre minha vivência como pessoa gorda e como
cheguei até aqui. O segundo traz o conhecimento sobre o corpo e a construção social
em volta do corpo da mulher ao longo dos anos. No terceiro apresento a discussão
sobre o corpo gordo e a gordofobia no Brasil. No quarto capitulo o debate envolve
saúde das pessoas gordas, o preconceito médico e a construção do corpo gordo ser
um corpo doente, na visão da sociedade. Por fim, no quinto capitulo é onde se
encontram a análise e a discussão com base nos relatos das mulheres gordas
entrevistadas que sofreram dificuldades em suas viagens.

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1.1 METODOLOGIA

Para a análise de dados apresentados neste trabalho foi necessária a utilização


de diferentes métodos de pesquisa, sendo estes: um levantamento bibliográfico e a
pesquisa qualitativa que envolveu a etnografia em duas de suas vertentes: a pesquisa
etnográfica virtual e uma autoetnografia.
O levantamento bibliográfico, é utilizado para entender tudo que outros autores
e autoras já escreveram sobre o assunto da pesquisa que será realizada, analisando
livros, artigos e etc. Esse método é necessário, principalmente, para melhor
compreensão dos temas abordados no referencial teórico e análise dos dados de
forma a alcançar objetivos propostos (FONSECA, 2002).
Já a pesquisa qualitativa é descrita por Nogueira-Martins e Bógus (2004, p.48)
como “uma compreensão particular daquilo que estuda” onde se produz “explicações
contextuais para um pequeno número de casos, com uma ênfase no significado (mais
que na frequência) do fenômeno”. Martins (2004) complementa dizendo que a
pesquisa qualitativa é um método flexível no que diz respeito à coleta de dados, já que
a pesquisadora e o pesquisador têm a liberdade de utilizar a técnica mais adequada
na sua observação.
A etnografia, de acordo com Mattos (2011, p. 51), “compreende o estudo, pela
observação direta e por um período de tempo, das formas costumeiras de viver de um
grupo particular de pessoas”, ou seja, analisa determinada sociedade, tentando
entender sua realidade social.
A pesquisa etnográfica constituindo-se no exercício do olhar (ver) e do
escutar (ouvir) impõe ao pesquisador ou a pesquisadora um deslocamento
de sua própria cultura para se situar no interior do fenômeno por ele ou por
ela observado através da sua participação efetiva nas formas de sociabilidade
por meio das quais a realidade investigada se lhe apresenta (ECKERT E
ROCHA, 2008, p.2).
A etnografia colabora com a pesquisa qualitativa, principalmente nas questões
que dizem respeito às desigualdades sociais (MATTOS, 2011). Eu, como autora e
mulher gorda, acredito que a gordofobia ponta para a desigualdade social, já que
pessoas gordas têm, constantemente, seus direitos básicos negados, como a
realização de exames médicos, a compra de produtos essenciais por preços mais
altos, entre outros tantos, por conta da barreira criada em volta do seu corpo.
Além disso, a etnografia permite utilizar um conglomerado de técnicas para a
realização da pesquisa, uma forma flexível de lidar com cada momento e se
caracteriza pela atenção que se dá aos detalhes, já que esses conseguem se
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desdobrar em novos entendimentos (MAGNANI, 2002).
Como o autor explica, a etnografia se dá pela inserção do/a pesquisador/a na
sociedade, pela pesquisa de campo, porém estamos vivendo uma pandemia por
COVID-19 e seria impossível e imprudente a realização de uma pesquisa cara a cara.
Por conta disso, será utilizada nesta pesquisa a etnografia virtual, que é a etnografia
no mundo online, para Santos e Gomes
A diferença maior entre a etnografia online e offline reside no fato de que “não
se tratam apenas de relações face a face, antes sim e em grande medida,
tratam-se de alguma forma, de relações mediadas por computador e acima
de tudo relações em espaços on-line. (SEGATA, 2008, não paginado apud
SANTOS E GOMES, 2013, p. 4).

Para Mercado (2012) a etnografia virtual:


Permite um estudo detalhado das relações nos espaços virtuais, de maneira
que a Internet seja interface cotidiana da vida das pessoas e lugar de
encontro que permite a formação de comunidades, grupos estáveis e a
emergência de novas formas de sociabilidade (MERCADO, 2012, p. 1).
Cabe salientar que a internet há alguns anos cresceu de forma considerável,
o acesso à informação se tornou muito mais prático e rápido, as redes sociais, onde
a maioria das pessoas se encontra, faz com que seja muito mais simples as trocas e
a comunicação. Além disso, no meio virtual as tecnologias estão disponíveis a
qualquer pessoa, isso contribui para que a mediação entre o/a pesquisador/a e o/a
pesquisado/a favoreça a obtenção de dados diversos, como: áudios, fotografias,
vídeos, etc (MERCADO, 2012).
Ainda foi utilizada como metodologia desta pesquisa a autoetnografia. Santos
(2017, p. 219) explica que o “método autoetnográfico é o reconhecimento e a inclusão
da experiência da pessoa pesquisadora tanto na definição do que será pesquisado
quanto no desenvolvimento da pesquisa”. Contar um pouco sobre as minhas vivências
enquanto mulher gorda, contribuirá para que se faça entender mais sobre a escolha
do tema e enriquecerá o debate desenvolvido através dos dados obtidos durante a
etnografia virtual com outras mulheres gordas.
O contato com as mulheres interlocutoras da pesquisa se deu por um
questionário com perguntas abertas e fechadas, que ajudam a entender a perspectiva
das mulheres gordas em suas viagens. O formulário foi publicado no grupo do
Facebook intitulado Mulheres que viajam sozinhas, criado em 2017, que hoje em dia
conta com mais de 108 mil membros, recebe dezenas de publicações por dia e tem
uma média de 60 comentários por publicação. Essa movimentação será primordial
para a obtenção de respostas. A obtenção de dados também se deu pelas redes e
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sites como: Twitter, ReclameAqui, Instagram e blogs na internet.

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2. UM POUCO DA MINHA VIDA SENDO MULHER GORDA

Eu fui uma criança magra, meus pais lutavam para eu comer, para tratar
anemias e combater a depressão. Vitaminas, suplementos, remédio para abrir o
apetite e receitas mirabolantes fizeram parte da minha vida até mais ou menos os 7
anos de idade. Após isso, eu comecei a engordar, me tornei uma criança acima do
peso, que comia de tudo, que vestia roupas de tamanhos maiores do que os
específicos para a idade, quem olhava nunca imaginária o que se passará poucos
anos antes.
Então começaram as dietas, o acompanhamento com diversas nutricionistas,
as proibições que nenhuma criança entende, as piadas, os palpites e as exclusões.
Nunca vou esquecer a primeira vez que fui a uma nutricionista para iniciar uma dieta
restritiva, tinha por volta dos 9 anos, eu não entendia muito bem o motivo daquilo, mas
ela me proibiu tudo, quando eu ouvi “se teus primos comem salgadinho, não é pra
chegar perto deles” e “se tu não com segue deixar de comer o bolo em um aniversário,
então não vai”. Até hoje, as frases me parecem absurdamente erradas, então quer
dizer que o convívio entre crianças é dispensável apenas porque eles comem petiscos
que não são saudáveis uma vez ou outra? Ou que ser uma criança que se diverte em
aniversários, que constrói memórias felizes é menos importante do que ter um corpo
magro?
Durante anos essas frases me marcaram e em cada festa de aniversário que
eu ia, o pensamento de estar fazendo algo errado enquanto comia as guloseimas
voltava a mente. Não só nesses momentos, mas a vergonha de comer, principalmente
em público, por conta dos olhares e frases de julgamento me acompanharam, eu não
comia na merenda da escola, nas festinhas de fim de ano e na casa das amigas, com
medo de virar piada ou ser julgada. Até hoje, em locais onde se encontrem pessoas
que não são do meu convívio intimo a vergonha de comer ainda é grande e me faz
pensar o quanto uma única fala ou ação pode acarretar traumas pro resto da vida.
Falando em traumas, na minha família, principalmente a materna, a maioria dos
parentes era acima do peso e o desespero para emagrecer foi uma coisa que me
marcou muito, todas as dietas mais malucas e restritivas já passaram por lá, até
mesmo o uso de medicamentos perigosos e duvidosos. Minha mãe tomava vários
remédios para essa finalidade, receitados por um médico que nem se quer olhava
para a cara dela, muito menos pedia exames para saber se tais remédios eram

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necessários ou mesmo passiveis de serem usados. Todo mês minha mãe ia até o
consultório apenas para pegar a receita, tomava-os sem nenhuma noção de efeitos
colaterais ou outros malefícios, estava emagrecendo, isso que importava... Até o ano
em que ela os misturou com remédios antidepressivos começou a ter efeito colaterais
que acarretaram em um problema sério de saúde.
Bom, o que eu não disse ainda é que na época dos remédios emagrecedores
eu tinha 11 e 12 anos, uma pré-adolescente acima do peso, mas com todos os exames
em dia, porém isso não fez com que deixassem de tentar me convencer de todas as
formas a tomar essa medicação, inclusive fui levada a uma consulta com o tal médico,
porque, sim, ele receitava remédios para crianças. Nesse dia eu bati o pé e decidi que
não usaria desses métodos para emagrecer, eu já entendia a relação do meu corpo
gordo e que as outras pessoas pensavam dele e, também, já tinha alguma noção do
que era aceitável ou não. Hoje eu vejo o quanto essa escolha foi assertiva, ainda
lembro do choro e do desespero de ver minha mãe passando muito mal em casa
achando que ela poderia morrer, lembro do choro no banheiro enquanto jogava fora
os remédios que ela tomava escondido.
A experiência com médicos até aí não tinha sido muito boa, mas eu não tive
problemas em ir em consultas quando necessário ou em checapes, mas depois que
eu me tornei adolescente, deixei de ir nos médicos que me acompanhavam desde
criança, comecei a sentir as coisas diferentes. Cada ida ao médico era sinônimo de
voltar para casa com uma dieta diferente, dor de garganta? Dieta; dores de ouvido?
Dieta; Gripe? Dieta; Dor nos rins? Dieta.
Esse foi mais um momento que me marcou, vários dias com uma dor
insuportável do lado do corpo, até que um dia a noite a dor piorou muito, fui em uma
Unidade de Pronto atendimento, fiquei no soro por horas e sai com uma dieta. No
outro dia a dor não havia passado, consegui consulta com um clinico geral e ouvi: “Tu
estás muito acima do peso pra tua idade, isso é apenas um problema na coluna, tu
precisa deixar de ser preguiçosa e sedentária e começar a fazer academia, logo
passa”, sai do consultório com mais uma dieta e indicação de exercício físico. Na
madrugada do terceiro dia a dor foi insuportável e corri para a UNIMED, mesmo não
tendo convenio, pois era o único local de pronto atendimento aberto, depois de fazer
alguns exames e ficar horas esperando, eu descobri que na verdade estava com uma
infecção fortíssima nos rins, que se demorasse mais tempo para ser descoberta

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acarretaria em internação e outros problemas sérios, a qual não foi em qualquer
momento investigada anteriormente, já que nenhum tipo de exame foi solicitado antes
do diagnóstico de gorda e preguiçosa ser dado.
Além dessas situações mais sérias de saúde, existem também situações de
desrespeito, humilhações e falta de senso de terceiros. Em muitas lojas da cidade eu
faço questão de não entrar, pois já ouvi que ali não era meu lugar, que não vendiam
roupas “para o meu tipo”, como se meu corpo fosse algo de outro mundo. Em outras
os vendedores não faziam a menor questão de me ajudar a procurar roupas bonitas,
sempre empurrando o que era maior, mesmo que não fosse de meu tamanho e as
coisas mais feias, quando se achava roupas além do tamanho 44. Não só nas lojas
eu passei por isso, sempre gostei de me vestir bem, tenho meu próprio estilo e por
mais que por muito tempo fosse difícil encontrar roupas do meu tamanho, sempre fiz
o possível para estar bem vestida e com isso já ouvi muito “essa roupa não fica bem
pro teu corpo”, “gordo não pode usar barriga de fora”, “teus braços são muito grandes
pra usar regata”, “tens que deixar esse tipo de roupa pra alguém mais magro”. Fora
todas as regras que pessoas gordas escutam durante a vida, “branco engorda, usa
outra cor”, “listras só na vertical” entre outras. Mesmo que escutar essas coisas
machuque, eu sempre me visto da forma que me faz sentir bonita.
Durante o período da escola, nas aulas de educação física e no recreio onde
as atividades visavam maior utilização do corpo, sempre fui a última escolhida para
jogos e nunca era convidada para as brincadeiras de correr, pegar e todas as outras
comuns nos intervalos das aulas. Com o tempo fui desistindo do participar dos jogos
e me excluía com vergonha do meu desempenho corporal e das piadas que vinham
com base neste. Isso interferiu nos anos seguintes, principalmente no ensino médio e
até nos dias de hoje tenho vergonha de praticar atividades físicas na frente de outras
pessoas, mesmo sabendo que meu corpo é capaz.
A mobilidade em determinados momentos foi um problema, já que muitos
locais, meio de transporte não são pensados para pessoas fora do padrão. A catraca
do ônibus tem pouco espaço para uma pessoa passar, muitas vezes só consegui
passar encolhendo muito a barriga, já quase fiquei presa na catraca e em alguns
ônibus já nem tentava passar, pagava a passagem e sentava nos bancos da frente,
pois era impossível. Nos parques de diversão o medo de a proteção não acomodar
meu corpo, não fechar e eu não poder participar da “diversão” sempre é grande.

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Cadeiras de lugares públicos são um pesadelo, o medo de quebrar as cadeiras de
bares é enorme, o desconforto da bunda não caber no acento do cinema, o medo
quebrar a cadeira frágil da casa de algum conhecido e das macas de hospital não
suportarem meu peso.
Por ser uma mulher gorda, precisei passar e ainda passo por todas essas
situações e muitas outras, infelizmente ainda hoje preciso aguentar pessoas me
menosprezando por conta do meu corpo, duvidando do meu potencial
constantemente. As vagas de emprego sempre são mais difíceis, mesmo que meu
currículo seja adequado, sou julgada como preguiçosa, desleixada e isso se estende
a milhares de aspectos da vida.
Sendo um deles o meu namoro, sempre tive medo de me relacionar, já que
todos os traumas sempre veem à tona ao conhecer uma pessoa nova, pensar sempre
que sou gorda demais para ser amada e desejada, duvidar dos sentimentos do outro
por escutar a vida toda que não era boa o suficiente para isso, que ninguém ia gostar
de mim de verdade, que teria que mês esforçar muito para ser magra e conseguir
conquistar alguém, porque o meu peso anula todas as minhas qualidades. No início
do meu relacionamento era difícil analisar o olhar das pessoas quando estava com
meu namorado, já que o julgavam bonito demais para estar do meu lado. Mesmo
depois de 3 anos ainda escuto coisa como “tu precisa emagrecer se não ele vai te
deixar”, como se mesmo depois de todo esse tempo quem está comigo só se
importasse com meu peso, já que todas as outras pessoas só enxergam isso.
Ser gorda traz consigo além dos quilos a mais, o peso de estar sempre sendo
analisada, julgada, desacreditada, desqualificada, mesmo sabendo que posso tudo e
qualquer coisas isso, ainda machuca. Este pequeno relato sobre alguns aspectos da
minha vida, não mostra apenas problemas que eu enfrento, tenho certeza que muitas
pessoas gordas que o lerem se sentirão representadas. Por isso que mesmo ainda
muito machucada com tudo que aguentei e ainda aguento na minha vida de mulher
gorda, serei resistência, tentando abrir os olhos de todos/as para que o meu peso não
seja mais julgado.

21
3. A CONSTRUÇÃO DO CORPO PELA SOCIEDADE

O corpo é concebido de diversas maneiras, para entender sua construção na


sociedade temos que considerar que no campo das ciências biológicas o corpo é
entendido apenas como um organismo vivo, células e órgãos que cumprem suas
funções. Já para as ciências sociais, não é plausível explicá-lo apenas dessa forma,
já que o corpo também é formado de simbolismos e cultura (GONÇALVES E
AZEVEDO, 2007).
Mello e Carvalho (2018, p. 66) nos deixam cientes que “as discussões sobre a
constituição do corpo e suas formas de expressão estiveram presentes em toda
história da humanidade, acompanhando as mudanças históricas e culturais e as
maneiras de ver e perceber o corpo”.
No campo das ciências socias LeBreton (1992, apud FERREIRA, 2008) explica
que o corpo é representado de acordo com os aspectos disponíveis em cada
sociedade e que segue as análises de cada cultura. “Há uma construção cultural do
corpo, com uma valorização de certos atributos e comportamentos em detrimento de
outros, fazendo com que haja um corpo típico para cada sociedade” (GOLDENBERG,
2011 p. 545). O corpo (BUTTLER, 2003 apud MELLO E CARVALHO, 2018) “é
produzido através de discursos e assim sendo, pode ser ressignificado e reinscrito de
forma performática no tecido social”.
Como dito acima, o corpo é representado de acordo com a forma de ver o
mundo das sociedades, o corpo da mulher, ao longo da história é concebido de formas
diferentes, passando por diversas fases, atribuídas de acordo com o padrão imposto
em cada época. No século XV e XVI, o corpo farto era o desejável, este representava
a fertilidade. Já nos anos 1910 o ideal era o corpo de boneca, em 1940 o corpo
curvilíneo ganha espaço, nos anos 1960 os corpos magros eram os elegantes e nos
anos 1980, no Brasil, o corpo musculoso ganha a preferência das mulheres e as
cirurgias estéticas ganham importância, tornando-se ferramenta para garantir que a
feminilidade ainda esteja presente nesses corpos (GARRINI, 2007).
De acordo com Goldenberg (2005) muitas mudanças começam a surgir na
cultura brasileira dos séculos XIX e XX, é quando o corpo se torna uma obsessão,
principalmente para as mulheres e isso faz com que os moldes de feminilidade se
tornem inalcançáveis.
é ‘o corpo’ que deve ser exibido, moldado, manipulado, trabalhado,
costurado, enfeitado, escolhido, construído, produzido, imitado. É ‘o corpo’
22
que entra e sai da moda. A roupa, neste caso, é apenas um acessório para a
valorização e a exposição deste corpo da moda: ‘o corpo’” (GOLDENBERG,
2011, p. 548).
Bourdieu (199, apud GOLDENBERG, 2011) diz que a insegurança das
mulheres em relação a seus corpos deriva do poder que os homens tem, já estes
fazem com que a existência da mulher seja baseada no que o outro enxerga dela, em
geral como objetos. O mesmo autor diz que os olhos do outro fazem com que o corpo
que elas têm, o real, não seja suficiente, isso incentiva uma busca pelo corpo ideal
inalcançável.
Gonçalves e Azevedo (2007) explicam que o corpo começa a ter necessidade
de ser consertado, os padrões sociais fazem com que ele se torne imperfeito. O corpo
exemplar não é mais o natural, então busca-se os avanços tecnológicos para modifica-
lo, para que se alcance os padrões postos como ideais. Então as cirurgias estéticas
se tornam uma das soluções dos problemas femininos, pois tem o poder de adaptar
os corpos aos padrões de beleza daquele momento (ANTONIO, 2008).
A ideia de corpo padrão e perfeito, escolhido atualmente pela sociedade, é o
corpo considerado magro (GONÇALVES, 2004). Junto a isso, Campos (et al, 2015)
aponta que a magreza além de se tornar padrão de beleza, torna-se padrão de saúde
e o símbolo construído em cima do ser saudável é transferido para a imagem de uma
pessoa magra.
Então a mulher brasileira começa a recorrer a diversos métodos para se
encontrar no corpo perfeito, “por meio de dietas, cirurgias, procedimentos estéticos”
(NERY E SANTIAGO, 2017, P.6). Não é à toa que o Brasil, no ano de 2019, se tornou
o país que mais realizar cirurgias plásticas no mundo, de acordo com dado da
pesquisa realizada pela Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética
(ISAPS), do ano de 2019.
O que vemos hoje em dia é uma enxurrada de pessoas realizando
procedimentos estéticos e além de o país ter se tornado o maior realizador delas,
ainda, de acordo com o Jornal da USP (2021), a realização desses procedimentos em
jovens a partir de 18 anos cresceu 140%.
“Para os especialistas, os motivos para esse aumento são as redes sociais,
a insatisfação com a própria imagem e a infelicidade causada por dificuldades
em se sentir capaz ou insuficiente para lida com o mundo, a sociedade e a
realidade de uma forma geral” (JORNAL USP, 2021).
Nas redes sociais, principalmente no Instagram é onde mais vemos a
submissão a procedimentos invasivos para alcançar um padrão de beleza. Alvarenga

23
(et al, 2017) explica que as mídias sociais geram impactos principalmente me
adolescentes, gerando um descontentamento com o corpo. E nesses locais o culto a
magreza é tão grande que hoje em dia já existem pessoas que são pagas para realizar
propagandas de procedimentos emagrecedores, como vemos abaixo.

Figura 1: Blogueiras magras fazem lipo por dinheiro e alimentam padrão insano de beleza
Fonte: Matéria uol, 2021

Além disso, com o passar dos anos é possível observar a diversidade de dietas
que são divulgadas em revistas, sites na internet e mídias sociais. Existem no mundo
da internet diversos sites que prometem levar ao leitor a fórmula para o corpo perfeito,
como vermos na imagem a seguir:

Figura 2: Como ter o corpo perfeito em 15 passos.


Fonte: Blog Mundo Boa Forma, 2021

Como esse site existem diversos outros que trazem listas para ajudar pessoas
que gostariam de mudar sua forma física, na matéria existe culto ao corpo magro, já
que este é o modelo intitulado como perfeito. Porém durante o texto é possível notar
que as formas mencionadas são coerentes e não propagam ideias malucas, o que
durante muitos anos foi o foco principal, como vemos na próxima imagem.

24
Figura 3: A incrível dieta do dia sim, dia não Figura 4: Dieta da água ativa
Fonte: Blog mulherão, 2021 Fonte: Blog Um ponto de vista, 2021

Nas publicações mais antigas das revistas é mais fácil notar a forma que a
necessidade de se tornar magra leva muitas mulheres a buscarem métodos de
emagrecimento rápido e com pouco embasamento médico.
Mesmo que a visão de alguns sites e blogs que foram criados para falar sobre
emagrecimento tenham começado a usar linguagem e dietas menos agressivas, no
Youtube ainda é possível encontrar vídeos de pessoas, muitas vezes leigas no
assunto, ensinando dietas milagrosas, o que mostra que mesmo com uma pequena
transformação, o culto à magreza e a necessidade de ter um corpo magro leva
pessoas a buscarem informações de forma inadequada.

Figura 5: Dieta do ovo: perdi 10kg em 2 semanas e surtei bastante.


Fonte: Canal no youtube picezah, 2021

25
No vídeo a interlocutora comenta um pouco sobre a dieta do ovo, explica e
responde duvidas de seus seguidores e seguidoras sobre o assunto. Na descrição do
vídeo ela passa adiante o passo a passo da dieta mirabolante que se resume
basicamente em comer pouca quantidade e, em algumas vezes, trocar uma refeição
completa por ovos. Ela diz que perdeu 10Kg em quatorze dias e no decorrer do vídeo
a mesma explica que esse procedimento é extremamente restrito, nas palavras dela
“é uma dieta que tu vais comer muito pouco, vai ficar de mau humor e vai ficar fraca
‘desmaienta’”.
Freitas (2002) explica que esse tipo de atitude é gerada, pois a dieta acabou se
tornando um artificio para o culto ao corpo, muito além da necessidade de uma
alimentação regrada. Neste contexto a autora ainda complementa dizendo que a
necessidade de perder peso é tanto que a pessoa “não questiona a nocividade dos
excessos que faz para sacrificar o corpo, e nem os efeitos colaterais das muitas dietas
ditas milagrosas e mirabolantes, às quais, geralmente, se submete” (FREITAS, 2002,
p.27).
Por fim, Araújo (et al, 2018) teoriza que a obsessão com o corpo magro é tão
grande que a repulsa que existe pelo excesso de peso acaba por fim trazendo a
desumanização da pessoa gorda. E além disso, a gordura passa cada vez mais a ser
considerada com um problema de saúde.

3.1 O CORPO GORDO

A obesidade nos dias atuais é tratada como doença, de acordo com a


Organização Mundial da Saúde (OMS) “a obesidade é uma doença crônica,
progressiva, redicivante e uma epidemia global”. Segundo os dados do IBGE a
população obesa no Brasil teve um aumento de 50% em adultos com idade a partir de
20 anos. Leite, Rocha e Brandão- Neto (2009) explicam que um dos fatores que mais
marca a obesidade é o excesso de consumo de calorias e baixo gasto das mesmas,
ainda de acordo com eles, o excesso de peso acaba provocando outras doenças e
diminuindo a qualidade de vida da pessoa com essa condição. Paim e Kovaleski
(2020) dizem que ser magro começa a virar sinônimo de saúde e normalidade pelo

26
discurso médico e cientifico.
Por outro lado, a forma como os profissionais da saúde aborda a obesidade é
simplista, já que o método desenvolvido para definir uma pessoa como obesa, o
Indicie de massa corporal (IMC= massa/ (altura x altura)), leva em consideração mais
as questões estéticas do corpo, ignorando outros aspectos como genética,
metabolismo e outras taxas corporais (SILVA e SANTOS, 2019). “O corpo gordo é
colocado arbitrariamente em um lugar de adoecimento e também de perigo biológico
aos outros corpos” (ALMEIDA, 2019, p.6), o que acaba oficializando a obesidade como
doença.
“A gordofobia é a consolidação da prática preconceituosa e discriminatória
estruturada e disseminada nos mais variados contextos socioculturais” (LIMA, 2020,
p.20). E, é na medicina que esse preconceito é iniciado, este se torna um dos fatores
para a existência da gordofobia e contribui para a expansão do preconceito no viés
social. Se realizássemos um debate com pessoas que sofreram gordofobia de
médicos, existiriam milhares de relatos, “muitas vezes esses profissionais nem se
preocupam em examinar o paciente gordo, bastando enxerga-lo para emitir opiniões
e diagnósticos de problemas que se devem apenas pelo seu peso” (SILVA e SANTOS,
2019, p.715).
Exemplificando o que foi dito anteriormente, no ano de 2018, a empresária
Flávia Durante criou no Twitter a hashtag #gordofobiamedica, um lugar para mulheres
exporem situações de preconceito sofridas em consultórios médicos por conta do seu
peso, dentro dos milhares de comentários é possível ler situações como:

Figura 6: Fui ao pronto socorro e sempre a causa dos meus problemas é o peso.
Fonte: Twitter, 2021

27
Figura 7: Médico me passou o contato de um especialista de redução de estomago.
Fonte: Twitter, 2021

Figura 8: Nada parava no meu estômago e o médico falar que era bom para eu emagrecer
Fonte: Twitter, 2021

Figura 9: E daí se eu comia mal? O foco dela era me emagrecer como desse.
Fonte: Twitter, 2021

Mariano (2019, p.13) diz que “a pessoa gorda é compreendida como culpada
por sua condição, sendo moralmente julgada, sem levar em conta os fatores sociais,
econômicos, culturais e biológicos que influenciaram no seu ganho de peso”, então
mesmo que tratada como doença, a obesidade não deve ser levada com intolerância
como diz Araújo:
“à condição corporal de obesidade não deve ser um fator de discriminação
das pessoas, invadindo a vida privada e social desses atores sociais,
aditando ao repertório de doenças outros problemas (psicossociais)
igualmente relevantes ou graves como as comorbidades físicas o são”
(ARAÚJO, 2017, apud MARIANO, 2019, p.16).
O corpo gordo sofre constantemente por humilhações e represálias por ser
como é, “[...]a gordura corporal não é, de per si, boa ou má, mas o olhar estabelecido
pelos atores em relação é que imprime ao gordo a marca do indesejável e repugnante”
28
(GOFFMAN, apud CAMPOS, 2015 et al.). Magrin (et al, 2019) diz que esses
sentimentos de repulsa, além do ódio e opressão são atributos e diretamente ligados
à gordofobia.
Quando você está acima do peso, seu corpo se transforma num registro
público, em muitos sentidos. Seu corpo está em constante exposição. As
pessoas projetam narrativas presumidas em seu corpo e não estão nem um
pouco interessadas na verdade dele, qualquer que seja essa verdade.
Gordura, de forma bem semelhante à cor da pele, é algo que você não pode
esconder, por mais escura que seja a roupa que você vista ou quanto você
evite listras horizontais. Você pode tentar ficar invisível. Você pode aprender
a ser a graça da festa, para que as pessoas estejam tão ocupadas em rir de
você, ou com você, que nem notem o óbvio, que nem se concentrem nele.
Você pode fazer o que tiver de fazer para sobreviver a um mundo que tem
pouca paciência ou compaixão por um corpo como o seu (GAY, 2017 p.105).
Dito isso é possível perceber que a pessoa gorda acaba se tornando “portador
de atributo que o faz estranho, socialmente impuro, depreciado, renegado nas
relações cotidianas” (CAMPOS et al ,2015, p.95). Esse tipo de concepção acaba por
normalizar a gordofobia, tornando mais fácil manter o preconceito diante deste padrão
do que refletir sobre como esse comportamento afetas as pessoas.
Isso torna a gordofobia um problema social que nega direitos básicos às
pessoas gordas, as inferioriza e as desumaniza (ALMEIDA, 2019 p. 3). Por isso se faz
necessário entender que a sociedade afeta de forma absoluta a relação das pessoas
com o próprio corpo, por conta do seu peso (SANTOS E SANCHOTENE, 2017).

29
4. MULHERES GORDAS VIAJAM?

Neste capítulo apresentarei minhas análises a partir dos dados levantados nas
redes sociais e por meio do questionário aplicado no grupo Mulheres que viajam
sozinhas, no Facebook. Este foi respondido pelo total de 44 mulheres, com idades
entre 21 e 73 anos, sendo a maioria com 35 anos, porém dividindo em grupos a
maioria das respostas vem de mulheres com idades entre 50 a 59 anos. No quesito
escolaridade, o nível de estudo é avançado, 37 delas possui ensino superior completo.
Aqui já podemos evidenciar que estamos falando de um grupo com marcadores socais
de diferença bem marcados, pessoas de classe média, com acesso à internet e com
alto grau de escolaridade.
O questionário foi direcionado às pessoas gordas, sendo assim, por
responderem as perguntas entendemos que essas mulheres se identificam como tal.
Porém, existe uma diferença entre se identificarem e serem identificadas enquanto
gordas. A quarta pergunta do questionário foi referente a se elas são chamadas de
gordas, se assim são reconhecidas, 35 delas disseram que sim e as outras 9, que
não. No que diz respeito ao sentimento de serem chamadas dessa forma, 21 disseram
que não veem como ofensa serem chamadas de gordas, outras 15 alegaram que se
sentem ofendidas. Muitas complementaram as respostas, alegando que o sentimento
de ofensa “depende da pessoa e da intimidade”, outras disseram que “sim, fico
chateada”, “tenho problemas com ser gorda” e “agora não mais”, uma delas completou
que “não mais, apensar de não estar satisfeita com meu corpo”. Uma outra resposta
interessante foi a de uma interlocutora que afirmou que se sente ofendida quando
percebe “que a palavra é usada como ofensa”.
Neste momento é necessário tentar compreender o motivo da repulsa por
serem chamadas dessa forma, Nery e Santiago (2017), dizem que a obsessão pelo
corpo magro traz consigo o preconceito com os corpos gordos. Já Sudo e Luz (2007)
explicam que o corpo está sempre aos olhos e opiniões alheias e que o corpo gordo
é o corpo diferente, gerando os julgamentos negativos em cima dele. Porém, a palavra
“gordo” nada mais é do que um adjetivo, que foi usado há muitos anos de forma
agressiva por aqueles/as que podemos denominar de gordofóbicos/as. Então é
natural essas pessoas terem um sentimento negativo ao serem chamadas desta
forma, pois foi socialmente construído o termo como algo negativo. Contudo na

30
atualidade, com a transformação dos debates, percepções e lutas de pessoas e
movimentos, evidencia-se um crescimento do ativismo gordo e “a utilização das
palavras gordo e gorda se tornou uma palavra de empoderamento e não de insulto”
(PIÑEYRO 2016, apud PAIM, 2019). Porém esta concepção ainda alcança uma
parcela limitada da sociedade.
A resposta que destacarei a seguir, de uma interlocutora que foi além do se
sentir ofendida ou não, ajuda a compreender a necessidade da democratização deste
debate apresentado acima.
“É um processo de aceitação. O meu corpo, que sempre foi gordo, foi objeto
de chacota por muitos anos (bullying na escola), então é difícil aceitar. Mas
terapia na idade adulta me fez compreender que não importa o tamanho do
meu corpo, o importante é que ele seja tratado com respeito e carinho, por
mim e por outros”
Mesmo que o ativismo gordo tenha trazido representatividade para essas
pessoas a sociedade ainda reproduz o preconceito e reforça o estereótipo construído
ao longo dos anos sobre o corpo e a pessoa gorda. No ramo do turismo não é
diferente, questionei as interlocutoras se, durante suas viagens, perceberam diferença
de tratamento em relação às pessoas magras e gordas, 26 respostas foram
afirmativas e as outras 18 afirmaram que não passaram por isso.

Essa diferenciação pode ser traduzida como preconceito e Mariano (2019)


explica que a gordofobia não é mais do que um preconceito com o peso, que está
enraizado de forma estrutural na sociedade, isso explica o maior número de
interlocutoras com resposta afirmativa para a diferenciação de tratamento por conta
dos corpos. É possível que algumas vezes quem praticou a diferenciação possa não
ter notado a violência de suas atitudes devido à naturalização dessa construção social.
Então, foi solicitado que fossem deixados relatos de quem foi tratado de forma
diferente, as respostas foram as seguintes:
"Estava hospedado em um hostel e um rapaz me ignorou por completo,
nem me cumprimentava ou olhava para mim, não me dirigiu a palavra em
momento nenhum, diferentemente dos demais hóspedes. No período da
minha estadia chegaram duas meninas magras e bonitas, muito simpáticas
com todos. Esse rapaz passou a dar atenção a elas o tempo todo e, mesmo
eu fazendo amizade com elas, esse rapaz continuou me ignorando.”

“Em boates, por exemplo, sinto que até o barman não me atende da mesma
forma”

“Falta de atenção pelos guias e outros”

“Deixada de lado, ignorada”

31
Mariano (2019, p.5) diz que “a gordofobia apresenta-se no cotidiano de
diferentes formas, nem sempre escrachada e agressiva, muitas vezes se expressa
nos detalhes e relações socais”. Os relatos acima demonstram exatamente isso,
para alguém que não tenha as marcas desse preconceito, talvez essas atitudes
passassem despercebidas.
Porém, já nas respostas abaixo, podemos observar a seguinte afirmação de
Nery e Santiago (2007, pg.4): “o preconceito contra obesos nasce justamente de
atitudes onde o acusador inicia uma série de argumentações e chacotas na tentativa
de ridicularizar e causa mal-estar naqueles que estão acima do peso”.
“A aeromoça me distratou por eu pedir mais açúcar no café e me chamou
de gorda, eu respondi em português, inglês e espanhol que sim mas
pagava a passagem e ela que me respeitasse. No final ganhei 20 mil milhas
da companhia aérea as quais nunca usei por me recusar a utilizar IBERIA
novamente.”

“Aconteceu com relação a lugares na van de turismo, pediram pra trocar,


pois tinha outra pessoa gorda na fileira e nos colocaram em lugares
individuais. No lugar de alugar roupa de frio na Argentina, já me indicaram
a sessão masculina, com certo desdém.”

“Já fui insistentemente questionada sobre meu peso antes de ir em uma


zip line, apesar de já ter confirmado todos os pré requisitos (inclusive peso)
com o instrutor. Já fui solicitada a ocupar o assento ao lado do motorista
(único assento single)”

“Uma moça pediu se eu já tinha me pesado naquele dia... Respondi que


não precisava porque havia deixado tudo no vaso sanitário do hotel”.
“Me esqueceram em um grupo de viagens no quarto e riam pq diziam que
teriam que ver se eu entrava em todos os lugares que iríamos visitar.”
“Em barco para contrabalancear o peso”
Com base nesses relatos é possível trazer o debate sobre a forma com que os
cursos de formação e os empreendimentos turísticos lidam com a gordofobia. Nem a
grade curricular dos cursos de turismo, nem treinamentos de formação ou cursos
tecnológicos, propiciam um debate sobre como lidar com esse tipo de situação na
prática, ou até mesmo, não favorecem debates sobre ética profissional que preparem
trabalhadores/as para deixarem de lado seus preconceitos diversos. Porém, como
percebemos na fala das interlocutoras, este é um assunto importantíssimo de ser
tratado, já que muitas vezes as/os próprias/os profissionais, que estão ali a serviço da
pessoa gorda, cometem atos de preconceito, gerando um desconforto que pode,
inclusive, acabar com a alegria de uma viagem. Além do recuso dessas pessoas de
buscarem pelo serviço novamente, influenciando também na escolha de destinos e
atrativos específicos.
32
Na atualidade, não propiciar um debate sobre alteridade, sobre os preconceitos
que são gerados a partir de construções socais violentas de exclusão, enraizadas em
nossas formas de pensar, acarretam em funcionárias/os mal preparadas/os que
geram situações desagradáveis, como a encontrada no site ReclameAqui, com o título
“Fui ofendida e agredida por uma atendente da LaTam”. No relato a interlocutora conta
sobre o péssimo tratamento oferecido na hora do embarque e a diferenciação por
conta do seu peso, os/as funcionários/as da empresa aérea não a deixaram levar a
mala de mão dentro da nave e nem retirar seus pertencer de valor da mesma, ao
solicitar ajuda para que pudesse recupera-los, se desencadeou a seguinte cena:
“E de repente ouvi uma mulher (atendente loira da Latam) começar a gritar
comigo, a me cutucar com força várias vezes, e puxar o meu braço com força,
sendo que eu não estava fazendo nada. Somente falando para exigir meus
direitos. Por fim, ela me deu um tapa forte e falou que ela para eu sair do
caminho pois o meu "tamaninho" estava obstruindo o local. Eu perguntei se
ela estava me chamando de gorda. E ela disse que tinha uma irmã que estava
na fila da cirurgia bariátrica. Ou seja, ela me via como alguém com excesso
mórbido de peso e o uso da palavra tamanho no singular denotou de fato
ironia e sarcasmo. [...] Ela continuou me tratando mal. Eu disse que ela havia
machucado meu braço e ela começou a imitar alguém chorando de dor para
rir da minha cara. Inclusive, ironizando, mandou os outros atendentes a
ligarem para minha mãe. E continuou falando que eu estava obstruindo o
caminho por causa do meu tamanho.” (ReclameAqui, 2019)

Outros comentários deixados pelas interlocutoras sobre a diferença no


tratamento entre pessoas gordas e magras dizem respeito à dificuldade do corpo
gordo de frequentar parques de diversão, andar de avião, situações causadas por
estes lugares e produtos não serem pensados considerando pessoas gordas.
“Em parques de diversões as cadeiras dos brinquedos ficam apertadas e
geralmente machucam, pois os equipamentos de segurança nunca
possuem folga suficiente para ficarmos confortáveis.”

“Especialmente em avião, quando chego na poltrona algumas vezes as


pessoas ja sentadas me encaram de forma diferente”

“Não consegui entrar num brinquedo num parque”

“Pedir extensão de cinto segurança no voo, cadeiras de plastico em


restaurante mal cabe vc”

“Sempre que vamos ver algum passeio as pessoas já olham com cara de
que lá não vou caber.”

“Pessoas q sentam ao lado se incomodam”

“talvez você não possa ir nesse brinquedo”

Além dos relatos das interlocutoras, trago alguns relatos tirados de sites na

33
internet contribuem para o entendimento desta questão.
No site ReclameAqui foram encontradas duas reclamações ao parque de
diversões Beto Carreiro World, em ambas a reclamação é a mesma, os brinquedos
radicais não comportam o corpo gordo, as travas dos brinquedos não fecham de
forma adequada e os funcionários sem instruções não sabiam como lidar com a
situação. Ainda, de acordo com as reclamações, no site do parque não existe
qualquer informação sobre a capacidade de peso dos brinquedos. Destaco aqui que
estas pessoas são colocadas em situação de risco de vida caso desfrutem da
atração.

Figura 10: Discriminação e Humilhação por conta de ser gordo


Fonte: ReclameAqui, 2021

Figura 11: Descaso e humilhação com pessoas acima do peso


Fonte: ReclameAqui, 2021

As cadeiras de restaurantes e poltronas de avião se tornaram problema para


dois nomes do ativismo gordo, Thaís Carla e Caio Cal usaram suas redes sociais para
desabafar sobre o desconforto em não caber nesses locais.

34
Figura 12: Influenciador desabafa após não caber em cadeira.
Fonte: Veja São Paulo, 2021

No seu desabafo, Caio fala sobre a dificuldade que pessoas tem de se sentirem
confortáveis em cadeiras da maioria dos locais em que vão e que isso as impede de
aproveitar a vida, comenta sobre como naturalizou essa questão e na sua cabeça
passa coisas como “nessa aqui eu nem senti dor” ou “que tudo nem fiquei com
hematoma dessa vez”.

Figura 13: “A gordofobia tira meu acesso e me isola, já que o mundo não foi feito para pessoas
do meu tamanho. Eu que lute, né?”
Fonte: Instagram, 2021

Já a influencer Thaís Carla traz a reclamação sobre os aviões, onde a poltrona


é pequena demais, o sinto não fecha e uma pessoa gorda mal consegue entrar no
banheiro.

35
Figura 14: Thais Carla reclama de assentos apertados.
Fonte: Metrópoles, 2021

Esses relatos contribuem para entendermos melhor as respostas das


interlocutoras, pois é possível visualizar de que forma isso se desenrola no dia a dia
e mostra que “a ausência de acessibilidade faz com que a pessoa gorda deixe de
circular em determinados espaços, ao passo que é excluída também se exclui”
(MARIANO, 2019, pg.14).
De forma a aprofundarmos a compreensão sobre a relação das interlocutoras
com seu corpo em viagens, foi questionado se o corpo gordo se tornou um empecilho
para a realização da mesma. 32 mulheres responderam que não e 12 responderam
que ter o corpo gordo as impediu de realizar alguma viagem. Essa questão traz uma
das análises principais, mesmo que a obesidade seja considerada doença pela
medicina, aqui podemos ver que “a discriminação social acaba sendo mais
inconveniente do que a própria condição corporal do sujeito” (MATOS, MEZZAROBA
E ZOBOLI, 2012, p.1). O estigma de que a obesidade limita as pessoas nas atividades
comuns na sociedade, se mostra menos potente, já que a prática de turismo para as
interlocutoras não se mostra afetada.
O mesmo ocorre com a questão de serem impedidas de realizar alguma
atividade durantes a viagem por conta do peso, já que mais uma vez a maioria delas
responde a essa pergunta com o “não”, sendo 26 delas, as outras 18 responderam
que ‘sim’. Foi solicitado para quem respondeu ‘sim’ contar uma pouco sobre qual
atividade não foi possível realizar, entre as 19 respostas, tivemos as seguintes
respostas:
“Atividades que exigiam um esforço físico maior, fui aconselhada a não
36
fazer e ficar com um grupo mais light.”

“Em uma trilha pediram pra eu não ir pq atrapalharia o grupo. Pois não
conseguiria subir até o topo e todos teriam que voltar .”

Nessas respostas podemos ver que mais uma vez o olhar do outro menospreza
a capacidade da pessoa gorda, pode ser que nesses casos fosse possível realizar tal
atividade, porém o “imaginário gordofóbico é o da inaptidão física do corpo gordo”
(PIAM E KOVALESKI, 2020 p.4), o que acarreta em situações como as descritas.

“Nunca ninguém me falou mas eu me sentia como se estivesse


atrapalhando o grupo, por não ser ágil o suficiente”

“Em Fernando de Noronha Praia com uma escada gigantesca foi dificil a
volta”

“Não fui impedida, mas recusei por motivos de saber que não daria conta ”

“Não fui impedida, eu preferi não fazer.”

“Trilhas não aguento fazer”

Como dito anteriormente, a gordofobia faz com que o pensamento em cima do


corpo gordo é de que ele não consiga realizar atividades que exigem mais esforço e
isso pode acabar levando quem está acima do peso a ter a sensação de que são um
fardo a serem carregados. Este medo de sofrerem a agressão é que impede a
realização das atividades, pois as pessoas gordas preferem nem tentar por acharem
que é difícil demais ou até mesmo para não passar “vergonha”.
No Instagram, a influencer Ellen Valias, do @atleta_de_peso, nos ajuda a
visualizar o que foi dito acima, já que ela busca constantemente trazer a visão de que
o corpo gordo pode realizar qualquer atividade física, que a gordura não é
impedimento para a movimentação do corpo e que é possível realizar atividades sem
o intuito de buscar o corpo magro perfeito. A visão dela é sobre o corpo gordo poder
realizar qualquer coisa, sem vergonha de ser um fardo e fora da visão gordofóbica da
pessoa gorda incapaz.

37
Figura 15: O corpo gordo sempre foi capaz
Fonte: Instagram, 2021

Algumas outras respostas dizem respeito a atividades mais radicais e que


exigem um pouco mais de esforço físico como:
“Na Polônia, não consegui descer para conhecer Igreja de Sal”

"Fazer trilha em Bonito-MS e subir no Machu Pichu no Peru”

“Andar de patinete na orla da praia de bombinhas”

“Saltar de parapente, fazer mergulho, e outras”

“Pular de paraquedas, balão”

“Não quis andar na tirolesa”

“Não subi no Machu Pichu”

“Montanha russa”

“Tirolesa”

Aqui não podemos esquecer que o maior número de respostas ao questionário


38
foi de pessoas entre 50 e 59 anos, uma idade também pode fazer com que existam
outros tipos dificuldade na realização das atividades, como as trilhas e mergulho, por
exemplo. Já outras podem estar relacionadas ao que foi dito antes sobre a
acessibilidade, será que o equipamento para pular de paraquedas e parapente suporta
um peso elevado? Vimos anteriormente que brinquedos radicais, como a montanha
russa, nos parques de diversão não são feitos para comportar o corpo gordo. Assim
podemos entender que, na verdade, a dificuldade vem por falta de acesso e não pelo
número na balança
Por último duas interlocutoras disseram que deixaram de realizar uma atividade
por conta do tamanho de vestuário:
“Atividades que necessitem de roupas diferentes (por exemplo, entrar
nesses locais com neve artificial. A roupa não cabe)”

“Mergulho. Nao tinha roupa do tamanho”

Ainda considerando as perguntas acima, foi necessário saber se as atividades


não foram realizadas por escolha própria ou impedimento por terceiros ou por conta
de regras existentes. No questionário essa pergunta era uma questão aberta, as
participantes poderiam responder da forma que preferiam, no total obtivemos 24
respostas, destas, 11 não realizaram a atividade por vontade própria, 4 delas
afirmaram que foram informadas que não poderiam realizar as atividades, 1 disse que
as duas coisas. e as outras respostas foram:

“Sempre leio as instruções de peso suportado antes, para não passar


vergonha”

“Tenho receio de algumas atividades e nem tento”

“Eu evito qualquer programa que tenha caminhadas, obstáculos, cachoeiras”

Durante o desenvolvimento desta pesquisa, foi possível averiguar que o


corpo gordo não é tido como padrão de beleza e saúde pela sociedade. Assim, um
corpo magro é considerado como “padrão” e estes lugares e produtos são pensados
para este “padrão” “Para medir lugares, nada melhor que altura, largura,
comprimento e circunferência [...] elas determinam os limites do corpo, o lugar que
ele ocupa, o que acaba por determinar a forma do lugar, a forma do corpo” (COSTA
et al, 2020, p.392). Com as respostas vemos que o corpo gordo não se encaixa no
padrão dos equipamentos dos parques de diversão, de poltronas e cintos de avião,

39
as cadeiras não comportam os corpos e as pessoas sentem desconforto em sentar
ao lado, pois nada é pensado para comportar o corpo gordo. A indústria da moda
também perpetua esse padrão, com isso, a moda sempre foi excludente com as
pessoas gordas. Até hoje a maioria das lojas de vestuário só produzem e vendem
roupas de tamanhos pequenos. Mesmo com a transformação da moda plus size, os
modelos de roupas pra prática de esportes, ou locais que fazem o empréstimo de
roupas para realização de atividades não seriam diferentes, porém aqui trago mais
uma vez a necessidade das empresas do ramo turístico se atualizarem, buscando
realizar atividades mais inclusivas, já que atualmente é possível encontrar roupas de
todos os tamanhos a venda.
Ao perguntar se a não realização dessas atividades se dá com base em um
preconceito sobre o corpo gordo ou visando seus limites corporais, apenas duas
disseram diretamente que se deu por preconceito, outras 14 responderam que os
limites corporais as impediram e 5 por ambos os motivos.
Para respostas cabe mais uma vez o debate sobre a forma que o preconceito
já está tão enraizado na sociedade que as pessoas que são marginalizadas enxergam
como uma atitude normal. Além disso, muitas vezes o que motiva o impedimento por
limites corporais é a falta de acesso, acessibilidade, locais com mais qualidade tanto
de infraestrutura como de atendimento, o que são resultados desta mesma construção
social e deste preconceito enraizado. Outras respostas obtidas foram:
“Eu temo pela minha segurança, não confio nos equipamentos, tenho medo
que as manutenções não estejam em dia, ou que o dimensionamento esteja
errado”

Mais uma vez o problema não se encontra no ser gordo e sim na dificuldade de
dos locais de se adequarem à realidade de todos os corpos, gerando insegurança e
privando a pessoa gorda de realizar as atividades.
“Preconceito sim, não é possível dizer que não se consegue fazer apenas
pelo visual”

Nery e Santiago (2007, p.8) dizem que “o tamanho da barriga ou o valor do peso
não justifica o quão saudável a pessoa é, o que vai determinar se elas são saudáveis
ou não são os exames médicos”, ou seja, a interlocutora tem toda razão, a gordofobia
está em achar que alguém não é capaz por conta do peso ou estrutura física.
Outra questão foi: caso tenha sofrido preconceito, esses casos ocorreram no
Brasil ou fora dele? A maior parte das respostas, o total de 27, responde que sofreram

40
preconceito dentro do país, 5 delas sofreram dentro e fora do país e apenas 3, fora.
Como vimos anteriormente, o Brasil é país que mais produz cirurgias plásticas no
mundo, estigma em cima do corpo magro como padrão é enorme.
“Neste sentido, a pessoa que tem obesidade sofre de preconceito devido a
um atributo relacionado ao seu corpo - a gordura - como se a sua identidade
estivesse reduzida àquilo os outros atributos constituintes da sua identidade
são marginalizados” (GONÇALVES, 2004, p.607).

Em uma reportagem realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e


Estatística (ibope) diz que atualmente no Brasil a gordofobia está na vida de maior
parte da população, sendo o total 92%, porém apenas 10% assume abertamente o
preconceito e outro 8% assume o preconceito com a estética do corpo gordo (Jornal
do Comércio, 2017).
O número é alarmante. A atitude é intrínseca ao/à brasileiro/à, muito dificilmente
acharemos alguém que, mesmo inconscientemente, não tenha reproduzido a
gordofobia, mesmo da maneira mais simples.
A revista Marie Claire, fez uma matéria com um compilado de frases
gordofóbicas e entre elas estão:

Figura 16: Para uma gorda, até que você come pouco.
Fonte: Marie Claire, 2021

Figura 17: “Você não está gorda. Está fofinha”


Fonte: Marie Claire, 2021

Existem outras milhares de frases como estas, que estão no nosso cotidianos,

41
como “fazer gordice”, nem todos tem o conhecimento de que elas podem ser
ofensivas, mas aos poucos o debate cresce e podemos fazer substituições das
expressões de forma a não reproduzirmos estes e outros precionceitos.
Por fim a última pergunta pede para que essas mulheres comentem um pouco
sobre o que elas imaginam que gera o preconceito com as pessoas acima do peso e
fora do padrão. O compilado de respostas abaixo, reafirma tudo que foi debatido
durante a construção desta monografia.
Aqui podemos ver as questões sobre o padrão estético da mulher, discutido no
capitulo 4:
“Pq a moda é ser magra, ter "corpo ideal" e pq as pessoas são
preconceituosas, principalmente as mulheres”

“Porque os matérias são criados para um determinado grupo (padrão) por


exemplo as cadeiras do avião”

“Pq existe um padrão q todas as pessoas preconceituosas acham q devo


seguir”

“Por causa do padrão social do corpo perfeito magro”

“Devido q própria mídia só tratar da beleza magra



“Esteriótipos pré definidos como normais”

Já aqui, vemos os debates do capitulo 4.1, sobre o corpo gordo doente e sem
capacidade:
“As pessoas acham que todo mundo acima do peso está doente e é
incapaz. Não acreditam que a gente também pode ter uma rotina ativa e
que não somos preguiçosos”

“Padrão de beleza definido e a ideia pre concebida que gordo é preguiçoso,


doente e não faz esforço para emagrecer”

“Por acharem que sou mais limitada por conta do meu peso”

“Pois a sociedade é gordofóbica e capacitista”

“mentalidade pequena das pessoas, ninguém sabe pq o outro é gordo”

“Acho que as pessoas veem os gordos como desleixados”

A necessidade de conhecimento sobre o tema e a falta de infraestrutura


também é notada pelas interlocutoras, como vemos nos comentários abaixo:

“Má informação e má vontade”

“Falta de estrutura para receber diversidade”


“Falta de informação”

42
“Por desinformação”

Ainda foi a cultura e a sociedade aforam apontadas como responsáveis por


algumas:
“Acredito que falta à sociedade compreender que todos os tipos de corpos
merecem respeito”

“Isso é cultural no Brasil”

“Por causa da sociedade”

“Porque a sociedade é gordofóbica”

“Construção social”
“Cultura”

A última resposta traz a reflexão e a sensação sobre como é viver sendo uma
pessoa gorda, principalmente em um país que prega tanto um padrão corporal que é
o extremo oposto:
“Pela ignorância das pessoas que até hoje acham normais as piadas de
gordo. Porque brasileiro é metido a saber de tudo. Ele “sabe” que o gord o
não é saudável, que o gordo é solteiro, que o gordo é infeliz, é insatisfeito
com sua aparência, que tem problema no joelho, que não aguenta andar e
etc. Porque influenciadores magros estão sempre vendendo chá, balinhas,
dietas e cirurgias para emagrecer e ninguém aborda o quão doentio e
perigoso isso é. Porque as pessoas gordas que tem algum destaque na
mídia se colocam como animais exóticos em um zoológico, eles sempre
têm “Gordo” no sobrenome... viagem para gorda, roupa para gorda, cabelo
para gorda... algumas coisas são para pessoas, magras ou gordas.
Quando uma pessoa horda de grande alcance segmenta isso, não atrai a
atenção de outras pessoas gordas, só faz com as pessoas magras que
estão de fora pensem... poxa, difícil pra pessoa gorda viajar, pra fazer isso
e aquilo... nem é. Quando eu vejo moda para gordas, viagem para gordas,
dança para gordas eu não me sinto incluída, muito pelo contrário”

43
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa buscou analisar as dificuldades que as mulheres gordas


encontram na realização de viagens. Este trabalho trouxe pautas sobre a
construção do corpo na sociedade, o corpo gordo e a gordofobia. Busquei também
evidenciar os problemas causados por uma sociedade gordofóbica no direito de
lazer das pessoas.
Com a pesquisa bibliográfica e dados retirados de sites na internet, foi
possível perceber que a sociedade entende o corpo magro como sendo o padrão
de saúde e de beleza. O que gera a necessidade da população de buscar esse
modelo a qualquer custo, com dietas malucas e cirurgias plásticas. Como o corpo
gordo é o oposto, acaba se construindo uma narrativa de corpo doente e incapaz,
o que deprecia a capacidade deste de realizar atividades cotidianas e dentro de
suas viagens.
Revelou-se então que, na verdade, as dificuldades que essas mulheres
encontram se apresentam como preconceito, já que na visão da sociedade o corpo
gordo é ruim e isso é transmitido a todos os âmbitos, fazendo com que o acesso
seja limitado para esses corpos. Como a infraestrutura também é criada em cima
desse padrão, situações como poltronas de avião pequenas, brinquedos em
parques de diversão que não comportam o corpo e a falta de roupas grandes para
a prática de atividades, acabam limitando essas pessoas em suas viagens. Essas
questões dificultam a prática plena de lazer da pessoa gorda.
Além disso, verificou-se que o preconceito e a gordofobia, por estarem tão
enraizados na sociedade e no cotidiano dessas pessoas, acabam trazendo o medo
de realizarem certas atividades, o receio de passar vergonha e assim perpetuar a
visão do corpo incapaz as limita.
Identificou-se a falta de preparo dos empreendimentos turísticos para lidar
com a diversidade, é alarmante o número de relatos que falam sobre a falta de
respeito dos trabalhadores/as da área, isso mostra o quão necessário é a inserção
de debates sobre os diversos preconceitos que existem na sociedade, nos cursos
de formação e capacitação de turismo. Se esse tipo de conteúdo fosse exigido
dentro desses cursos, junto aos debates éticos, os atrativos e estabelecimentos
estariam preparados para lidar com a diversidade de forma respeitosa e as
inúmeras situações gordofóbicas que foram relatadas poderiam ter sido
44
contornadas.
A necessidade de validação dos corpos gordos é importantíssima dentro da
sociedade, a visão de que todos os corpos gordos não são saudáveis precisa ser
desmistificada. O estereótipo de corpo gordo feio e fora do padrão, traz consigo o
imaginário de que o gordo não consegue ser feliz da forma que é, que precisa estar
fazendo dietas o tempo inteiro, que os relacionamentos amorosos não se perpetuam
ou que a pessoas precisam deixar de realizar atividades que as fazem feliz por conta
do tamanho do seu corpo, como vimos no capitulo que apresentei a autoetnografia.
Isso precisa acabar!
Com isso, faço um convite às pessoas gordas e estudantes de turismo que
façam mais pesquisas sobre o tema, assim contribuindo para que esse preconceito
seja vencido.

45
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e_qualitativa_para_a_Ciencia_da_Computacao> Acesso: Abr. 2021.

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APÊNDICE - QUESTIONÁRIO

Este questionário é anônimo e contribuirá para um estudo sobre as dificuldades


que mulheres gordas enfrentam em suas viagens. Tal pesquisa será vinculada ao
trabalho de conclusão do curso de Turismo da Universidade Federal de Pelotas.
Está pesquisa está sobre responsabilidade da acadêmica Amanda Bonini sob
orientação da Profª Drª Louise Afonso.

Idade:
Escolaridade:
Você tem problemas em ser chama de gorda?

Você acredita que enfrenta maiores dificuldades em viagens por ser gorda?

O teu corpo gordo já te impediu de realizar alguma viagem?


( ) sim ( ) não

Durante suas viagens, você já se sentiu tratada de forma diferente por ser gorda?
( ) sim ( ) não
Se a resposta anterior for SIM, se possível, deixe seu relato aqui.

Você já foi impedida de realizar alguma atividade em locais turísticos por conta do seu
peso? Por exemplo: não pode andar na montanha russa, não poder realizar uma trilha,
entre outras.
( ) Sim ( ) Não
Se sim, qual atividade não foi possível realizar?

Você preferiu não realizar ou foi informada que não poderia?

Você acredita que a não realização das atividades se dá com base em um preconceito
sobre o corpo gordo ou visando seus limites corporais?

Caso você tenha sofrido dificuldades e preconceitos foram em viagens dentro do Brasil
ou fora?

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