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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE PORTO ALEGRE

DISCIPLINA DE SOM E AUDIÇÃO


PROF. DRA. ISABELA MENEGOTTO
DISCENTE EMILY VIEGA ALVES

PROJETO DE UM SETOR DE AUDIOLOGIA

1. INTRODUÇÃO
A realização de testes auditivos requer atenção cuidadosa dos
fonoaudiólogos sobre as instalações físicas, ambiente acústico e
equipamentos dos serviços em que atuam, uma vez que impactam
diretamente nos resultados de exames feitos no local. Dessa forma, o
conhecimento minucioso sobre o espaço em que será instalado o serviço de
audiologia, suas condições acústicas, de ventilação e de ergonomia são tão
importante quanto a prática clínica realizada pelo profissional.
Em vista disso, esse trabalho tem com objetivo a construção de um
planejamento de um novo serviço de Audiologia proposto pela docente da
disciplina, apontando quais as necessidades e condições técnicas para o
funcionamento do local.
2. CARACTERÍSTICAS DO ESPAÇO
O local escolhido para a implementação do novo serviço de Audiologia se
localiza em um prédio comercial próximo à uma avenida extremamente movimentada.
Mais especificamente, o espaço se encontra no 3º andar, próximo à escada e ao
elevador.
Possui um espaço de 35m² para a implementação da sala de recepção/espera e
da sala de atendimento, banheiro e uma grande janela para a entrada da iluminação
suficiente.
Essas características justificam o feitio deste projeto, uma vez que por estar em
um local extremamente ruidoso e por se tratar de um serviço de Audiologia que
naturalmente deve contemplar questões acústicas bem definidas, a necessidade de um
planejamento bem detalhado é evidente.
3. PLANEJAMENTO
A possibilidade de intervir em um espaço para deixá-lo benéfico para todos
que os usufruem perpassa por uma série de condições de ergonomia que são
necessárias. Dessa forma, pensando no espaço exposto anteriormente, o serviço de
Audiologia deve contar com uma sala de recepção/espera em condições que permitam
que os pacientes aguardem sentados e confortáveis.
Além disso, é importante pensar e dedicar um espaço para a(o) secretária(o)
atendente responsável pela organização de agendamentos do serviço e é interessante a
inserção de um tipo de entretenimento para a espera dos indivíduos, como uma
televisão ou revistas e um bebedouro. O banheiro, já existente antes da instalação
desse serviço, deve possuir instalações sanitárias providas de vaso sanitário, lavatório,
coletor de lixo, toalheiro de papel, e em perfeitas condições higiênico-sanitárias. Em
relação à sala de atendimento, deve-se separar um local adequado com mesa e cadeiras
confortáveis para a realização da anamnese e da imitânciometria e um local para a
implementação da cabina audiométrica. Ademais, questões de acessibilidade devem
ser incluídas como uma porta mais larga e de fácil acesso por todos e a inserção de
corrimãos especialmente no banheiro para facilitar a utilização destes por deficientes.
Todos esses locais citados dentro do estabelecimento devem contar, conforme
Recomendação do CFFa nº 13, de 19 de abril de 2010 com um piso liso e
impermeável e paredes revestidas ou pintadas, sendo de fácil limpeza, resistente a
lavagens e com capacidade de absorver ondas sonoras
Na implementação do serviço, condições de ventilação são de extrema
importância para um funcionamento pleno. Segundo a mesma recomendação citada
anteriormente, os ambientes necessitam de ventilação, natural ou mecânica, com
janelas/ventiladores/ar condicionado/ de forma a proporcionar conforto higrotérmico e
de qualidade do ar. Muitas vezes os ventiladores não são a melhor opção por conta da
elevação de partículas de poeira no ambiente. Dessa forma, foram escolhidos dois
tipos de ventilação para esse novo empreendimento: uma mecânica, através de um ar
condicionado Split, conhecido por não promover um ruído tão excessivo e que será
utilizado em dias mais quentes e uma natural, através das janelas, que serão utilizada
em dias com uma temperatura amena. No entanto, ressalta-se que a entrada de ar
proporciona a entrada de som e existem questões acústicas importantes em um
ambiente que se encarrega na aplicação de exames, como por exemplo, a audiometria.
Por se tratar de um serviço de Audiologia, as condições acústicas necessárias
são obviamente essencias. Como no caso exposto as características descritas, como os
tipos de ventilação que serão utilizados e onde o espaço se encontra, já indicam que a
avaliação dos níveis de pressão sonora não estão em conformidade com os
recomendados na ISO 8253-1, a avaliação feita por uma empresa comprovadamente
ligada ao INMETRO, verificou o provável: os níveis de pressão sonora estavam acima
do aceito, tanto para a determinação de limiares tonais de via aérea quando para via
óssea. Nesse caso, optou-se, então, pela utilização de uma cabina audiométrica como
estratégia no combate ao ruído existente. Para que esta seja um equipamento
funcional, escolheu-se a cabina com paredes isoladas com lã de rocha, para a não
propagação de fogo, piso em carpete, porta com vedação de borracha e trincos de
pressão - escolhido especialmente para a não entrada de som proporcionado pela
ventilação - local para a passagem de fios para cabeamento de equipamentos e 1 visor
com 2 vidros. Suas dimensões externas eram de 1,0m (largura) X 1,0m (comprimento)
X 1.60m (altura).
Nesse serviço, além da cabina acústica, existem os equipamentos
como o audiômetro e imitanciômetro. Para manter o desempenho desses
instrumentos e obter medições confiáveis, ocorre a necessidade de
calibrações diárias e anuais. Mesmo o equipamento que é adquirido novo, no
mesmo estado que saiu de fábrica pode precisar de ajustes para alcançar o
desempenho metrológico desejado. Em relação aos audiômetros, o texto da
portaria nº 19 de 09 de abril de 1998, fala sobre a necessidade de calibração
acústica, sempre que a aferição acústica indicar alteração, e,
obrigatoriamente, a cada 5 anos. A norma internacional ISO 8253-1 organiza
as avaliações metrológicas desse equipamento em três fases: fase A -
verificação de rotina e testes subjetivos, fase B - verificações periódicas
objetivas e fase C – testes básicos de calibração. Em relação aos
imitanciômetros, eles vêm acompanhados de uma cavidade metálica de
calibração que deve ser utilizada semanalmente, ou diariamente, a fim de
assegurar o funcionamento adequado do equipamento e há um padrão que
descreve quatro tipos de unidades para a mensuração, sendo os
requerimentos mínimos: tom de sonda de pelo menos 256Hz, um sistema
pneumático, um modo de medir a imitância acústica, a timpanometria e o
reflexo acústico. Segundo o INMETRO, esses processos são de extrema
importância, uma vez que a exatidão de medição ou a incerteza de medição
afeta a validade dos resultados relatados.
4. CONCLUSÃO
O novo serviço de Audiologia contempla uma variedade de condições
necessárias que são benéficas para acomodar todos os que usufruem do espaço. Além
disso, os equipamentos escolhidos para a execução dos exames atrelados às condições
acústicas necessárias dão uma maior precisão nos resultados e seguem todas as
determinações estipuladas. Junto disso, a calibração dos equipamentos também
contribui para um resultado verdadeiro para os clientes.
Ainda que todas as questões relacionadas à projetos envolvendo salas de
recepção, de atendimento e cabinas sejam tarefas destinadas à arquitetos e engenheiros
acústicos, o trabalho proposto desenvolveu a reflexão sobre o papel do profissional
fonoaudiólogo no conhecimento de todas às questões que tangem a implementação de
um serviço de Audiologia, percorrendo inclusive questões de planejamento que
envolvam física acústica, como por exemplo, o entendimento sobre materiais que
fornecem um bom isolamento para a realização dos exames necessários e também
sobre calibrações de equipamentos, que mesmo podendo ser feitas por empresas
especificas, devem receber um olhar atento do fonoaudiólogo.
Portanto, fica claro que há uma enorme responsabilidade do audiologista em
todos os âmbitos na implementação de um serviço, indo além apenas da prática
clínica, percorrendo outros campos de conhecimento para poder oferecer um trabalho
de confiança e verdadeiro.

REFERÊNCIAS
1. Sistema Conselhos Federal e Regionais de Fonoaudiologia. Ambiente
Acústico em Cabina/Sala de Teste: Orientações dos Conselhos de
Fonoaudiologia para o Ambiente Acústico na Realização de Testes
Audiológicos. Março 2010.
2. Roteiro de inspeção dos estabelecimentos de fonoaudiologia. Prefeitura da
cidade do rio de janeiro secretaria municipal de saúde superintendência de
controle de zoonoses vigilância e fiscalização sanitária.
3. Pedroso, Marcos Aurélio. Aspectos Metrológicos da Calibração de
Audiômetros. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em
Metrologia Científica e Industrial da Universidade Federal de Santa Catarina.
Fevereiro, 2002.
4. Russo, Ieda C. Pacheco. Acústica e psicoacústica aplicadas à fonoaudiologia.
2ª ed . revisada e ampliada. Editora Lovise. 1993.

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