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ORGANIZADORES
Ana Virgínia Gabrich F. F. Ramos
Valmir César Pozzetti
Vinícius Biagioni Rezende
III CONGRESSO INTERNACIONAL
DE DIREITO E INTELIGÊNCIA
ARTIFICIAL (III CIDIA)
Coordenadores: Valmir César Pozzetti, Ana Virgínia Gabrich Fonseca Freire Ramos e
Vinícius Biagioni Rezende – Belo Horizonte: Skema Business School, 2022.
Inclui bibliografia
ISBN: 978-65-5648-522-5
Modo de acesso: www.conpedi.org.br em publicações
Tema: A inteligência artificial e os desafios da inovação no poder judiciário.
1. Biodireito. 2. Vida digna. 3. Tecnologia. I. III Congresso Internacional de Direito e
Inteligência Artificial (1:2022 : Belo Horizonte, MG).
CDU: 34
_____________________________________________________________________________
III CONGRESSO INTERNACIONAL DE DIREITO E
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL (III CIDIA)
BIODIREITO E TUTELA DA VIDA DIGNA FRENTE ÀS NOVAS
TECNOLOGIAS
Apresentação
Neste ano, de maneira inédita, professores, grupos de pesquisa e instituições de nível superior
puderam propor novos grupos de trabalho. Foram recebidas as excelentes propostas do
Professor Doutor Marco Antônio Sousa Alves, da Universidade Federal de Minas Gerais
(SIGA-UFMG – Algoritmos, vigilância e desinformação), dos Professores Doutores Bruno
Feigelson e Fernanda Telha Ferreira Maymone, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro
(Metalaw – A Web 3.0 e a transformação do Direito), e do Professor Doutor Valmir Cézar
Pozzetti, ligado à Universidade Federal do Amazonas e Universidade do Estado do
Amazonas (Biodireito e tutela da vida digna frente às novas tecnologias).
O CIDIA da SKEMA Business School Brasil é, pelo terceiro ano consecutivo, o maior
congresso científico de Direito e Tecnologia do Brasil, tendo recebido trabalhos do
Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais,
Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Rio
Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e São Paulo. Tamanho sucesso
não seria possível sem os apoiadores institucionais do evento: o CONPEDI – Conselho
Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Direito, o Instituto Brasileiro de Estudos de
Responsabilidade Civil – IBERC e o Programa RECAJ-UFMG - Ensino, Pesquisa e
Extensão em Acesso à Justiça e Solução de Conflitos da Faculdade de Direito da
Universidade Federal de Minas Gerais. Destaca-se, mais uma vez, a presença maciça de
pesquisadores do Estado do Amazonas, especialmente os orientandos do Professor Doutor
Valmir César Pozzetti.
Grandes nomes do Direito nacional e internacional estiveram presentes nos painéis temáticos
do congresso. A abertura ficou a cargo do Prof. Dr. Felipe Calderón-Valencia (Univ. Medelín
- Colômbia), com a palestra intitulada “Sistemas de Inteligência Artificial no Poder Judiciário
- análise da experiência brasileira e colombiana”. Os Professores Valter Moura do Carmo e
Rômulo Soares Valentini promoveram o debate. Um dos maiores civilistas do país, o Prof.
Dr. Nelson Rosenvald, conduziu o segundo painel, sobre questões contemporâneas de
Responsabilidade Civil e tecnologia. Tivemos as instigantes contribuições dos painelistas
José Luiz de Moura Faleiros Júnior, Caitlin Mulholland e Manuel Ortiz Fernández
(Espanha).
Encerrando a programação nacional dos painéis, o Prof. Dr. Caio Augusto Souza Lara, da
SKEMA Brasil, dirigiu o de encerramento sobre inovação e Poder Judiciário. No primeiro
momento, o juiz Rodrigo Martins Faria e a equipe da Unidade Avançada de Inovação do
Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais contaram sobre o processo de transformação
em curso do Judiciário Estadual mineiro. Em seguida, o Prof. Dr. Fabrício Veiga Costa fez
brilhante exposição sobre o projeto denominado “Processo Coletivo Eletrônico”, que teve a
liderança do Desembargador Federal do Trabalho Vicente de Paula Maciel Júnior (TRT-3ª
Região) e que foi o projeto vencedor do 18º Prêmio Innovare. O evento ainda teve um Grupo
de Trabalho especial, o “Digital Sovereignty, how to depend less on Big tech?”, proposto
pela Profª. Isabelle Bufflier (França) e o momento “Diálogo Brasil-França” com Prof.
Frédéric Marty.
Desta forma, a coletânea que ora torna-se pública é de inegável valor científico. Pretende-se,
com ela, contribuir com a ciência jurídica e fomentar o aprofundamento da relação entre a
graduação e a pós-graduação, seguindo as diretrizes oficiais da CAPES. Promoveu-se, ainda,
a formação de novos pesquisadores na seara interdisciplinar entre o Direito e os vários
campos da tecnologia, notadamente o da ciência da informação, haja vista o expressivo
número de graduandos que participaram efetivamente, com o devido protagonismo, das
atividades.
A SKEMA Business School é entidade francesa sem fins lucrativos, com estrutura
multicampi em cinco países de continentes diferentes (França, EUA, China, Brasil e África
do Sul) e com três importantes acreditações internacionais (AMBA, EQUIS e AACSB), que
demonstram sua vocação para pesquisa de excelência no universo da economia do
conhecimento. A SKEMA acredita, mais do que nunca, que um mundo digital necessita de
uma abordagem transdisciplinar.
Resumo
Esta pesquisa consiste no debate da judicialização da saúde e suas origens e na investigação
do aumento de preços de medicamentos. Para isto, utilizar-se-á a vertente metodológica
jurídico-sociológica, técnica da pesquisa teórica, no tocante ao tipo de investigação, o
jurídico-projetivo, e raciocínio predominantemente dialético. Assim, vale analisar os
impactos da biotecnologia e das entidades empresariais na indústria farmacêutica e suas
repercussões nos valores de custo, para indagar se eles têm tendências abusivas ou
correspondem à concepção de justiça assegurada à sociedade brasileira.
Abstract/Resumen/Résumé
This research consists of the debate on the judicialization of health and its origins, and the
investigation of the increase in drug prices. Therefore, the juridical-sociological
methodological aspect, technique of theoretical research, with regard to the type of
investigation, the juridical-projective, and predominantly dialectical reasoning, will be used.
Thus, it is worth analyzing the impacts of biotechnology and business entities on the
pharmaceutical industry and their repercussions on cost values, to inquire whether they have
abusive tendencies or correspond to the concept of justice assured to Brazilian society.
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1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
De acordo com o Art. 196 da Constituição de 1988, a saúde é direito de todos e dever
do Estado. Diante dessa realidade, a judicialização da saúde nasce como um fenômeno de
ações jurídicas contra o Sistema Único de Saúde (SUS) a favor das reinvindicações de
medicamentos e tratamentos, baseadas na concretização do direito à saúde. Contudo, com o
aumento dos custos de medicamentos, equipamentos e tratamentos provenientes das
indústrias farmacêutica e biomédica é ainda mais desafiador para o Brasil provisionar tais
mercadorias.
Em abril de 2022, foi divulgado pela Câmara de Regulação do Mercado de
Medicamentos o reajuste dos preços de medicamentos em até 10,89%. Estes reajustes anuais
são estabelecidos por meio de diversos fatores. São eles os fatores X (estimativa de ganhos
futuros de produtividade da indústria farmacêutica nacional), o Y (variação de custo de
produção, como as “matérias-primas”) e o Z, que corresponde à inflação. Dessa forma, é lícito
postular que o aumento de preços está diretamente relacionado ao setor econômico, e por isso,
é necessário o enfoque estatal na abordagem dessa problemática por vias especulativa e
interventora, associando o setor econômico público e privado com os deveres estatais
consagrados pela Constituição. (PORTAL G1, 2022)
Dessarte, essa pesquisa consiste na identificação e investigação da origem do
agravamento de preços, responsável pelo aumento de casos de judicialização da saúde e a
análise da influência da biotecnologia acerca da variação do custo de medicamentos,
levantando hipóteses sobre aspectos das indústrias farmacêutica e biomédica (tais como os
investimentos na tecnologia, o patenteamento da propriedade intelectual, crise econômica,
busca por lucros em detrimento da justiça social), que podem promover o aumento dos custos,
com o objetivo de observar a relação do avanço da biotecnologia com estes setores,
comprovando se ela é capaz de mitigar ou acentuar a problemática.
A pesquisa que se propõe, na classificação de Gustin, Dias e Nicácio (2020),
pertence à vertente metodológica jurídico-sociológica. No tocante ao tipo genérico de
pesquisa, foi escolhido o tipo jurídico-projetivo. O raciocínio desenvolvido na pesquisa foi
predominantemente dialético e quanto ao gênero de pesquisa, foi adotada a pesquisa teórica.
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2. COMPREENDENDO A JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE
O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado em 1990, por meio da lei 8080/1990
como uma estratégia estatal de consolidar o direito à saúde à toda população. Desde então, o
SUS é o único sistema de saúde pública mundial que auxilia mais de 190 milhões de pessoas,
sendo que 80% delas dependem apenas dos serviços públicos para receber qualquer
atendimento. Contudo, a busca por uma saúde resolutiva e de qualidade ainda persiste e está
cada vez mais associada ao Poder Judiciário pelo fenômeno da judicialização da saúde. Em
um contexto de carência de acesso a tratamentos e medicamentos, a população, apoiada pela
Constituição Federativa de 1988 que garante como dever do Estado e direito fundamental de
todos o acesso à saúde, demanda a concretização normativa.
Universalização, equidade e integralidade são os princípios que alicerçam o Sistema
Único de Saúde. Segundo Paim (2006), a integralidade possui uma definição ampliada e
baseia-se, também, na perspectiva de “preservar as boas condições de vida e o acesso a toda
tecnologia capaz de melhorar e prolongar a vida” (CECÍLIO, 2001, p. 5). É um grande desafio
para um sistema de saúde que possui as proporções de um país vasto como o Brasil promover
a universalidade dos medicamentos e serviços, seguindo os princípios de igualdade de todos e
o objetivo de integrar toda a população de forma complexa e articulada, preservando a
qualidade de vida de todo o coletivo. Isto posto, vale salientar a necessidade de uma noção de
ressonância entre os valores econômicos e sociais de uma sociedade, para que a justiça seja
estabelecida, como diz Tércio Sampaio Ferraz Junior com as seguintes palavras:
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para que a parte da população que carece de apoio financeiro do Governo brasileiro tenha o
acesso garantido à medicamentos e tratamentos de saúde.
A tese proposta pelo autor demonstra que o sistema de saúde do Brasil depende não só
do Estado, como também da esfera econômica. Esta vertente social detém grande influência
sobre o setor de serviços, uma vez que fornece as mercadorias necessárias para prevenção e
tratamento da população. Sustenta ele que desde a década de 1970, haviam diversos estudos
que apontavam a atenção à saúde subordinada ao sistema de serviços de saúde caracterizados
pela insuficiência e ineficácia, além da má distribuição e gestão de recursos. A partir do
momento em que o Brasil transformava sua medicina diante de tendências tecnológicas, o
país sofria financeiramente com a incorporação de equipamentos de alta densidade de capital.
Sob essa ótica, houve um conflito de interesses, visto que o país atuava mediante a medicina
previdenciária, juntamente com os serviços públicos federais, enquanto a iniciativa privada
buscava alternativas de expansão e consolidação.
À vista disso, a problemática dos altos custos e os vestígios provenientes desse
processo de revolução médica ainda somam os desafios do Sistema Único de Saúde em
garantir uma saúde pública igualitária e de qualidade, e do Estado como um todo, que tem
como dever assegurar o Direito à Saúde.
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Todavia, de forma assertiva, os avanços da biotecnologia e biomedicina
revolucionaram a saúde como forma de prevenir, com o desenvolvimento de medicamentos e
vacinas que, consequentemente, tornaram-se mais acessíveis e popularizados e tratar doenças,
que antes não tinham curas conhecidas ou tratamentos viáveis. Sob esse viés, em 2007, o
Governo Federal anunciou o decreto nº 6.041 com a finalidade de fomentar o
desenvolvimento biotecnológico nacional em diversas áreas sociais, entre elas a área da saúde
humana que consistia em “estimular a geração e controle de tecnologias e a consequente
produção nacional de produtos estratégicos na área de saúde humana para posicionar
competitivamente a bioindústria brasileira na comunidade biotecnológica internacional, com
potencial para gerar novos negócios, expandir suas exportações, integrar-se à cadeia de valor
e estimular novas demandas por produtos e processos inovadores, levando em consideração as
políticas de Saúde” (BRASIL, 2007).
Como consequência da expansão da indústria farmacêutica e biotecnológica, a saúde
é enxergada como um espaço econômico e produtivo. Dessa forma, apesar dos esforços
governamentais originados em 2007 para diminuir a dependência da importação de insumos
farmacêuticos e o desenvolvimento do mercado nacional, os interesses financeiros, as
estruturas de poder e oscilações provenientes de crises financeiras impactam os preços e o
consequente acesso à medicamentos e serviços, agravando a quantidade de processos
jurídicos.
As diversas abordagens econômicas que explicam a alta de preços têm diversas
origens, e a exploração da biotecnologia como um meio para obtenção de lucros em
detrimento do compromisso constitucional em virtude do que é justo para a população, é uma
concepção vigente na sociedade. Dessa forma, esta pesquisa apresenta relevância a partir de
sua finalidade, que visa debater e apontar as perspectivas adotadas pela indústria detentora do
conhecimento científico e tecnológico e as vulnerabilidades das políticas públicas, que
comprometem os princípios fundamentais do Sistema Único de Saúde.
A primeira e mais notável vulnerabilidade, é a “desarticulação entre as políticas de
saúde e industriais” (FERNANDES, 2021), uma vez que ambas as políticas públicas são
interdependentes, mas não interagem entre si, tornando o país cada vez mais dependente de
importações de equipamentos e “matérias-primas” de fármacos, elevando os preços de
compra da população. Outra questão semelhante seria o predomínio de indústria
internacionais que se estabeleceram e monopolizaram a produção de medicamentos no país,
contexto que o Brasil tentou evitar ao criar o decreto nº 6.041, porém sem êxito.
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Por fim, as patentes farmacêuticas são uma questão de difícil abordagem, pois
correspondem a um meio de apropriação do conhecimento científico e servem como forma de
recompensa aos detentores, mas ainda assim possuem impactos negativos sobre o custo de
produção e o interesse público de garantir o direito à saúde. Tal cenário torna-se outro
impasse ao Governo Brasileiro, que, desprovido de indústrias nacionais e laboratórios de
pesquisa, é submetido ao pagamento de patentes a outros países. Assim, conclui-se a
necessidade de investimentos de cunho inovador e científico, para que a indústria
biotecnológica e farmacêutica nacional possa superar as vulnerabilidades e promover a saúde
coletiva. Ao conciliar políticas econômicas nacionais às necessidades do sistema de saúde e
os princípios de universalidade, equidade e integração como dever do Estado, é possível que
haja maior produção e distribuição de fármacos, garantindo a diminuição de preços e
consequentemente, maior acesso à população brasileira.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERRAZ JR, Tércio Sampaio. A legitimidade na Constituição de 1988. In: FERRAZ JR. et
al. Constituição de 1988. São Paulo: Atlas, 1989.
GUSTIN, Miracy Barbosa de Sousa; DIAS, Maria Tereza Fonseca. (Re)pensando a pesquisa
jurídica: teoria e prática. 3ª. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2010.
PAIM, Jairnilson Silva. Desafios para a Saúde Coletiva no Século XXI. 1ª. ed. Salvador:
Editora da Universidade Federal da Bahia, 2006.
PREÇOS dos remédios vão subir até 10,89%; governo autoriza reajuste a partir desta sexta.
Portal G1, São Paulo, 01 abr. 2022. Economia. Disponível em:
https://g1.globo.com/economia/noticia/2022/04/01/precos-dos-medicamentos-vao-subir-ate-
1089percent.ghtml. Acesso em: 27 abr. 2022.
ORSINI, Adriana Goulart de Sena; LARA, Caio Augusto Souza. A busca do medicamento
em uma ordem jurídica justa: análise da jurisprudência do Tribunal de Justiça de
Minas Gerais. Acesso à Justiça II, p. 325, Florianópolis: FUNJAB, 2013. Disponível em:
http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=d4ea5dacfff2d8a3. Acesso em: 18 abr. 2022.
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O EXAME GENÉTICO PARA DIAGNÓSTICO EM FASE PRÉ-
IMPLANTACIONAL DO EMBRIÃO E O SEU DIREITO FUNDAMENTAL A VIDA
THE GENETIC EXAMINATION FOR DIAGNOSIS IN THE
PREIMPLANTATIONAL PHASE OF THE EMBRYO AND ITS FUNDAMENTAL
RIGHT TO LIFE
Resumo
O objetivo dessa pesquisa foi de analisar o direito fundamental à vida do embrião fertilizado
in vitro descartado após diagnóstico pré-implantacional de mutação no DNA. A metodologia
utilizada na pesquisa foi o método dedutivo e quanto aos meios foi bibliográfica com uso da
doutrina, legislação e jurisprudência, quanto aos fins foi qualitativa. A conclusão a que se
chegou é de que há controvérsias no âmbito jurídico quanto ao direito à vida dos embriões
que foram considerados não sadios e afronta ao Direito Constitucional à vida.
Abstract/Resumen/Résumé
The objective of this research was to analyze the fundamental right to life of the discarded in
vitro fertilized embryo after pre-implantation diagnosis of DNA mutation. The methodology
used in the research was the deductive method and as for the means it was bibliographic with
the use of doctrine, legislation and jurisprudence and as for the ends it was qualitative. The
conclusion reached is that there are controversies in the legal sphere regarding the right to life
of embryos that were considered unhealthy and an affront to the Constitutional Right to life.
1Pós Doutor em Direito pela UNISA/Itália e EDDHC/MG. Doutor em BioDireito/Direito Ambiental e Mestre
em Direito Ambiental e Urbanístico pela UNILIM/França. Professor Adjunto da UFAM e da UEA.
2Mestranda em Direito Ambiental - PPGDA – Universidade do estado do Amazonas (UEA) Manaus – AM.
Advogada e Professora Substituta da UEA.
3Doutorando em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia pela Universidade Federal do
Amazonas - UFAM. Mestre em Direito Ambiental pela Universidade do Estado do Amazonas – UEA.
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INTRODUÇÃO
As pesquisas na área genética têm trazido avanços principalmente no que se refere ao
conhecimento de mutações genéticas, no intuito de oportunizar a possibilidade de tratamentos
e mudança nos hábitos alimentares e no cuidado da saúde.
Muitas são as indagações e desejos dos cientistas e dos laboratórios, buscando
oferecer aos futuros pais interessados, o filho ideal, com a cor dos olhos, sexo, e habilidades
para a cultura, esportes, dentre outros que atendam aos interesses dos genitores.
Na contemporaneidade é possível realizar exame genético em embriões fertilizados
in vitro onde pode-se identificar mutações em seu DNA, realizando assim uma seleção de
embriões geneticamente sadios, com exclusão de doenças genéticas hereditárias; ou seja, sem
a mutação genética de doenças conhecidas e hereditárias.
Nesse contexto, o objetivo desta pesquisa é analisar o direito à vida dos embriões
fertilizados in vitro, descartados após identificação de mutação em seu DNA.
Desse modo, a problemática que motiva essa pesquisa é: de que forma o embrião
fertilizado in vitro após diagnóstico de mutação através de exame genético pré-implantacional
poderá ser descartado sem afrontar o direito constitucional à vida?
A pesquisa se justifica tendo em vista que nem todos os embriões manipulados pelo
geneticista serão utilizados na fertilização e, dessa forma, o que fazer e como fazer com esses
embriões no momento da não utilização ou possível descarte?
A metodologia a ser utilizada é a do método dedutivo; quanto aos meios a pesquisa
será bibliográfica em banco de dados digitais de publicações científicas que abordam o tema,
com uso da doutrina, legislação, jurisprudência e quanto aos fins, será a qualitativa.
OBJETIVOS
O objetivo desta pesquisa é analisar o direito à vida dos embriões fertilizados in
vitro, descartados após identificação de mutação em seu DNA e verificar as divergências
doutrinárias no sentido de que o embrião in vitro tem o direito de desenvolver e nascer, isto é,
o Direito à vida.
METODOLOGIA
A metodologia, a ser utilizada será a do método dedutivo; quanto aos meios, a
pesquisa será bibliografica, com uso da doutrina, legislação e jurisprudência; quantos aos fins
a pesquisa será qualitativa.
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DESENVOLVIMENTO
Quando se trata de tratamento profilático, a testagem genética oferece grandes
benefícios. Ter conhecimento da carga genética e as possíveis mutações pode ser positivo por
trazer alívio evitando check-up durante anos no acompanhamento de uma possível doença
podendo acabar com a incerteza, e ainda, permitindo utilizar os resultados para mudanças de
hábitos que podem reduzir o risco de uma determinada doença aparecer.
Nesse entendimento Lopes et al (2017, p. 128) assevera:
A medicina preditiva tem, como essência, a capacidade de se fazer predições sobre a
possibilidade de um indivíduo adulto, embrião, feto ou recém-nascido poder
desenvolver algum tipo de doença em nível fenótipo1 (são as características
observáveis deste ser humano, ou seja, sua aparência física, seu estado de saúde e
suas emoções), tendo como base testes feitos através do DNA em nível genótipo.
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Nesse sentindo Barbosa Neto et al (2005, p. 205 a 206) nos levam à seguinte
reflexão:
Será válido fazer um teste preditivo para câncer de mama em embriões? Se o teste
der positivo, é justo e moralmente correto abortar neste caso? A questão colocada
refere-se a algo que não é e não pode ser mais facilmente decidido, como nos casos
de malformações incompatíveis com a vida, por exemplo. Será justo não deixar
nascer uma criança por ela ser portadora de uma mutação que poderá ou não se
expressar? Não estaremos limitando demais a ocorrência de uma doença em função
do aspecto econômico? Na sociedade indolor na qual se vive, será válido, em nome
do não-suportamento do sofrimento, não deixar ao mundo uma pessoa que poderá
ter uma doença que pode ser tratada e curada se descoberta a tempo?
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brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos seguintes termos”. Nesse sentido Pozzetti e
Prestes (2017, p. 100) destacam que:
Para a melhor compreensão sobre o início da vida, os estudos jurídicos podem ser
complementados como o auxílio multidisciplinar das conclusões médico-científicas
da embriologia, pois é de suma importância a compreensão do ponto de vista
biológico sobre o início da vida. A Embriologia Clinica é um ramo da Medicina que
explica as etapas da concepção e de como se forma o embrião.
Nesse mesmo sentido o Código Civil em seu art. 2º dispõe “A personalidade civil da
pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos
do nascituro” e ainda, a Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da
Costa Rica) recebida por ser o estado Brasileiro signatário, dispõe: Art. 4º - 1. “Toda pessoa
tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido pela lei e, em geral,
desde o momento da concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente”.
Nesse sentido Pozzetti (2018, p. 170) destaca que “o Princípio da Dignidade da
pessoa humana é um princípio que precede a todos os outros e servem de inspiração aos
demais princípios fundamentais”.
As normas legais citadas acima dispõem que há proteção ao direito à vida desde a
concepção, inclusive protegido constitucionalmente, nos trazendo à reflexão sobre o descarte
dos embriões, diagnosticados com alguma mutação genética, afrontar o Direito fundamental à
vida.
CONCLUSÃO
Esta pesquisa foi motivada pela problemática que questionou o descarte do embrião
fertilizado in vitro após diagnóstico de mutação através de exame genético pré-implantacional
em afronta ao direito constitucional à vida.
A partir da análise bibliográfica utilizada, os objetivos da pesquisa foram alcançados
satisfatoriamente.
Primeiramente, verificou-se que não há consenso na doutrina, são correntes
doutrinárias divergentes quanto ao inicio da vida, há corrente concepcionista que o embrião é
humano desde o primeiro instante de sua concepção; a corrente que compreende que o
embrião nada mais é que um amontoado de células e uma terceira que entende que o embrião
representa apenas um potencial do que poderia vir a ser.
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Constatou-se o entendimento do Superior Tribunal Federal, de que a vida inicia com
a implantação do embrião no útero humano, portanto pesquisas com embriões descartados
após exame genético pré-implantacional não violam o direito à vida, tampouco a dignidade
da pessoa humana.
Observou-se que o avanço da ciência na area genética trouxe ganhos positivos e que
muito embora, haja previsão legal, o descarte de embriões fertilizados in vitro, detectado com
mutações no DNA, nos parece ser uma seleção de pessoas saudáveis, caracterizando um novo
tipo de discriminação, discriminação pelos genes, criando uma geração de pessoas sem
doenças.
Concluiu-se que, embora existam correntes divergentes quanto ao momento que se
dá o incio da vida, o embrião é portador de direitos, como o direito à vida, assegurado, desde
a concepção, pelo nosso ordenamento jurídico.
REFERÊNCIAS
BARBOSA Neto, JG., BRAZ, Marlene. Bioética, testes genéticos e a sociedade pós-
genômica. Disponível em https://books.scielo.org/id/wnz6g/pdf/schramm-9788575415405-
10.pdf. Acesso em 04 mai. 2022
19
Fundamentais & Justiça | Belo Horizonte, ano 10, n. 35, p. 127-147, jul./dez. 2016.
Disponível em https://dfj.emnuvens.com.br/dfj/article/view/97/23. Acesso em 10 mai. 2022
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A EXPLORAÇÃO DO GRAFENO E SUAS IMPLICAÇÕES NO ÂMBITO DA
BIOSSEGURANÇA E NO DIREITO AO MEIO AMBIENTE SUSTENTÁVEL
THE EXPLORATION OF GRAPHENE AND ITS IMPLICATIONS IN THE SCOPE
OF BIOSAFETY AND THE RIGHT TO A SUSTAINABLE ENVIRONMENT
Resumo
O objetivo desta pesquisa foi o de analisar os meios de produção do grafeno, suas aplicações
e impactos no meio ambiente, considerando as implicações de biossegurança, no que
concerne à nanotecnologia. Foi utilizado o método dedutivo; como meios, a pesquisa foi a
bibliográfica e quanto aos fins, qualitativa. Concluiu-se que o Princípio da Precaução deve
ser o fio condutor na exploração do grafeno, vez que ainda serão necessárias mais pesquisas e
um aprofundamento nos conhecimentos, que comprovem a inexistência de danos ao meio
ambiente e às pessoas, antes de o grafeno ser produzido e utilizado.
Abstract/Resumen/Résumé
The objective of this research was to analyze the means of production of graphene, its
applications and impacts on the environment, considering the implications of biosafety, with
regard to nanotechnology. The deductive method was used; as means, the research was
bibliographical and as for the ends, qualitative. It was concluded that the Precautionary
Principle should be the guiding thread in the exploration of graphene, since more research
and a deepening of knowledge will still be needed, proving the inexistence of damage to the
environment and to people, before graphene is produced. Is it used.
1Pós Doutor em Direito pela UNISA/Itália e EDDHC/MG. Doutor em BioDireito/Direito Ambiental e Mestre
em Direito Ambiental e Urbanístico pela UNILIM/França. Professor Adjunto da UFAM e da UEA.
2Mestranda em Direito Ambiental - PPGDA – Universidade do estado do Amazonas (UEA) Manaus – AM.
Advogada e Professora Substituta da UEA.
3Doutorando em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia pela Universidade Federal do
Amazonas - UFAM. Mestre em Direito Ambiental pela Universidade do Estado do Amazonas – UEA.
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INTRODUÇÃO
A sociedade é dinâmica, estando em constante modificação, adaptando-se às necessidades
da população e de sua própria existência. Na busca de atendimento dessas necessidades e na
manutenção da adaptabilidade necessária, surgem sempre pesquisas e estudos que visam a
melhoria da qualidade de vida dos cidadãos e de suprimento das necessidades diversas, por isso
vários materiais, processos e produtos são descobertos ou criados. Entretanto, alguns problemas
não conseguem ser resolvidos de forma simples e objetiva, necessitando de maior
desenvolvimento dos estudos e pesquisas a níveis cada vez mais profundos.
No atendimento dessas necessidades é que foi descoberta a possibilidade de manipulação
da matéria em escala muito pequena, possibilitando a criação de materiais e processos, surgindo
com eles o grafeno, composto de propriedades nunca vistas e que o tornam versátil para utilização
em vários segmentos.
Por esse motivo a iniciativa da presente pesquisa visa responder o seguinte problema: de
que forma o grafeno poderá auxiliar no desenvolvimento ambiental sustentável e na qualidade
da vida e na promoção da dignidade da pessoa humana?
Para realizar a pesquisa utilizar-se-á o método dedutivo, com uso da doutrina e legislação;
quanto aos meios, a pesquisa será bibliográfica e quanto aos fins, qualitativa.
Entretanto, é necessário se fazer a verificação dos processos de produção e de utilização
desses novos materiais a fim de garantir que os mesmos não produzam qualquer dano ao meio
ambiente e nem as pessoas que os manipulam ou que utilizam produtos derivados dos mesmos,
bem como garantir a sustentabilidade da sua utilização em benefício da humanidade, sendo por
isto justificada a presente pesquisa.
OBJETIVOS
O objetivo da presente pesquisa será analisar a produção do grafeno e suas implicações
na biossegurança dos processos e a sua utilização como mecanismos de sustentabilidade
ambiental.
METODOLOGIA
A metodologia a ser utilizada nesta pesquisa será a do método dedutivo; quanto aos meios,
a pesquisa será bibliográfica, com uso da doutrina, a legislação e documentos; quanto aos fins a
pesquisa será qualitativa, uma vez que não serão realizados a busca por percentis e dados
quantitativos.
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DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA
O planeta está em constantes mudanças, e os seres humanos sempre à procura de soluções
para problemas antigos e novos e que até o momento não visualizamos, principalmente na área
da ciência, começando a estudar eles através de partes cada vez menores, surgindo assim a
nanotecnologia.
A nanotecnologia refere-se à manipulação de matérias em escala atômica e molecular,
visando a criação de novos materiais e processos, diferentes dos já conhecidos e que auxilie na
resolução dos problemas anteriormente citados, esses materiais e processos tem aplicação em
várias áreas, como por exemplo a medicina, a física, a química, a engenharia e a informática.
Nesse sentido, Pozzetti (2021, p.311) destaca que “A palavra “nano” vem do latim
nanus, que é utilizada para representar coisas exponencialmente pequenas, sendo que o prefixo
“nano” é usado para denominar a escala nanométrica, que representa partículas de magnitude
extremamente minúsculas. Assim, a nanotecnologia é uma das ferramentas da nanociência”.
Os progressos adquiridos nos estudos das ciências dos materiais, provenientes da
utilização da nanotecnologia tem ampliado suas repercussões em vários setores, na agricultura
estão sendo estudados os encapsulamentos de fertilizantes, herbicidas e pesticidas, visando a
redução dos impactos negativos da utilização dos mesmos, atuando somente onde for necessário.
As nanopartículas já são utilizadas na estética, auxiliando na mudança de estruturas, no
meio ambiente é utilizada como ferramenta no auxílio a vários processos de limpeza, desinfecção
e neutralização de microrganismos na água. Mas é na medicina que se aguarda um melhor
resultado da utilização da nanotecnologia, incluindo a possibilidade de que robôs em escala
nanométrica possam ser inseridos no corpo humano para fazer diagnósticos e até auxiliar no
tratamento de doenças.
Vários estudos já foram iniciados com diversas aplicações, analisando materiais, criando
ou descobrindo outros, todos muito importantes para o desenvolvimento e a resolução dos
problemas da sociedade e dos seres humanos, aqui nos ateremos a apenas um deles, o grafeno.
Segundo Guimarães e De Jesus (2011, pág. 2):
O termo grafeno foi usado pela primeira vez em 1987; o conceito é conhecido desde
1947, mas existia apenas como teoria, pois acreditava-se que uma estrutura
bidimensional não poderia existir fisicamente. A definição oficial foi dada pela IUPAC
em 1994, que considera o grafeno como sendo uma camada única da estrutura grafítica.
Em 2004, um grupo do Centro de Nanotecnologia da Universidade de Manchester,
liderado pelo Prof. A. K. Geim conseguiu isolar pequenos fragmentos de monocamadas
de grafeno, a partir de grafite. O grafeno é, portanto, constituído de uma camada única
de átomos de carbono dispostos em uma estrutura semelhante a um favo de mel, sendo
um material bi-dimensional, composto de átomos de carbono, arranjados em uma rede
hexagonal.
23
Segundo e Vilar (2016, pág. 54) em seu artigo já orientam:
O grafeno é um material que tem despertado interesse em pesquisas das mais diversas
áreas do conhecimento. Devido às suas excelentes propriedades físico-químicas,
mecânicas, térmicas, elétricas e ópticas, pode ser utilizado em sistemas que abrangem
desde dispositivos eletrônicos a células de energia solar.
Até o momento, amostras de grafeno têm sido feitas usando métodos de microesfoliação
química, microesfoliação mecânica e deposição química a vapor. Cada um desses
métodos tem vantagens e desvantagens em termos de facilidade de uso, qualidade e
escalonamento.
é o método mais simples e consiste em aplicar uma fita adesiva em um grafite pirolítico
altamente orientado (HOPG), retirar a fita adesiva contendo o grafite e colocar
levemente em cima de um substrato de óxido de silício (SiO2). A folha de grafeno adere
ao substrato por ter afinidade maior do que o próprio grafeno. A detecção pode ser
observada através de microscópio ótico pois há um contraste entre o substrato e a folha
de grafeno.
24
O método da deposição química à vapor é a mais antiga, obtendo o grafeno diretamente
sob substratos sólidos, podendo ocorrer por decomposição térmica de carbetos ou por
crescimento suportado por deposição química à vapor. Como é um método de baixo custo e
produz grafeno de alta qualidade, torna-se atualmente a melhor alternativa para a produção em
larga escala.
O que torna importante a pesquisa sobre o grafeno é a tendência de que nos próximos
anos possa ocorrer uma produção em grande escala para aplicação em diversas áreas, pois suas
excepcionais propriedades o tornam uma alternativa para substituição do silício e do diamante
em inúmeras utilidades.
A sua aplicação, principalmente na indústria microeletrônica e na de nano materiais, haja
vista manter suas características e ser um diferencial dos materiais já existentes quando utilizados
em escala nanométrica.
Entretanto, já existem pesquisas em andamento que procuram determinar se há impactos
no uso do grafeno no meio ambiente, a fim de garantir que não haja externalidades negativas na
sua utilização que não possam ser revertidas.
Em pesquisa de Da Silva (2016, pág. 10) já foi comprovado que o óxido de grafeno,
apesar de poder alterar, não o faz significativamente para a sobrevivência de um inseto
bioindicador bentônico que é suscetível a qualquer alteração, nem suas moléculas poliméricas do
ácido húmico, presentes na água e originais da decomposição da biota aquática. Isso pela
aplicação do grafeno na despoluição de águas, principalmente pela sua grande capacidade de
absorção de materiais poluentes como solventes e óleos, por exemplo. Ela conclui: “Portanto, a
concentração efetiva media (CE50-48h) > 100 mg L-1, determinada com base no parâmetro
avaliado, categorizaria o material-teste (USEPA, 1985) como “praticamente não tóxico” para C.
sancticaroli.”
Independentemente da existência de pesquisas, o cuidado com o meio ambiente em todos
os seus aspectos determina que utilizemos o princípio da precaução, na análise dos
licenciamentos para utilização de materiais que ainda não possuem certeza científica de seus
impactos. Nesse sentido nos ensina, Machado (2013, pág. 108):
A existência de certeza necessita ser demonstrada, porque vai afastar uma fase de
avaliação posterior. Em caso de certeza do dano ambiental, este deve ser prevenido,
como preconiza o princípio da prevenção. Em caso de dúvida ou de incerteza, também
se deve agir prevenindo. Essa é a grande inovação do princípio da precaução. A dúvida
científica, expressa com argumentos razoáveis, não dispensa a prevenção.
25
exista impacto, a existência de mitigação do mesmo para que possa ser autorizado seu uso em
suas diversas aplicações.
Entretanto, independente desses estudos não se pode perder de vista os princípios de
Direito ambiental, dentre eles o da sustentabilidade ambiental; porque os princípios possuem uma
importância enorme na produção e efetivação do ordenamento jurídico. Segundo Pozzetti e
Campos (2017, p. 255):
Os princípios são a base do ordenamento jurídico, de onde promanam as
regras de uma determinada sociedade. Tudo aquilo que determinada sociedade
entende como justo, como honesto, como norte para a paz e a vida em grupo, é
denominado de princípios. Dessa forma, a norma jurídica, ao ser posta a disposição
de todos os jurisdicionados, deverá atender as regras ou aos anseios dos Princípios;
caso contrário, está fadada a ser revogada.
Pois bem, dentro desse contexto, analisando as posições doutrinarias descritas, verifica-
se a importância da observação do princípio da precaução no tocante às atividades que o ser
humano desenvolve e a necessidade de um olhar mais cuidadoso no tocante às atividades em que
não se tem certeza cientifica sobre suas consequências futuras desses atos. E é nesse sentido que
Pozzetti, Pozzetti e Pozzetti (2020, p. 179/180) define o Princípio da Precaução:
A construção jurídica deste Princípio encontra respaldo no famoso ditado popular:
“melhor prevenir do que remediar”. Dentre os principais elementos deste Princípio
afiguram- se os seguintes aspectos: a precaução diante das incertezas científicas; a
exploração de alternativas a ações potencialmente prejudiciais; a transferência do “ônus
da prova” aos proponentes de uma atividade e não à vítima ou vítimas em potencial
daquela atividade; e o uso de processos democráticos na adesão e observação do
Princípio – inclusive o direito público ao consentimento informado.
Assim sendo, verifica-se que o princípio da precaução deve ser seguido pelo
pesquisador, pelo cientista e pelo produtor de bens e serviços e deve ser observado rigorosamente
pelo Poder Público responsável por liberar toda e qualquer atividade e, eem especial aquelas
atividades das quais não se possui certeza cientifica sobre benefícios e malefícios que ela poderá
causar, pois a não ser assim coloca-se em risco a sustentabilidade ambiental do planeta, uma vez
que liberar atividades cuja origem e consequências poderão causar danos irreversíveis, será
negligenciar a sustentabilidade planetária e vilipendiar a dignidade da pessoa humana.
CONCLUSÃO
A descoberta de novos materiais que possam auxiliar na qualidade, durabilidade e
redução de custos de vários produtos utilizados, é uma realidade, o grafeno é um desses materiais,
por isso a necessidade de se pesquisar no que esse material poderá auxiliar no desenvolvimento
ambiental de forma sustentável, auxiliando a humanidade a promover uma existência mais digna.
26
Pelo exposto verificamos que as pesquisas e estudos já descobriram e continuarão a
descobrir novos materiais e substâncias que podem ou devem facilitar processos ou a resolução
de problemas, produtos esses que devem sempre ter analisada sua produção e sua aplicação
prática, visando a verificação dos impactos ambientais positivos, negativos e a possibilidade de
sua mitigação ou redução.
A presente pesquisa conseguiu atingir seu objetivo de analisar o grafeno, tendo sido
verificadas as formas de obtenção do material e sua aplicabilidade prática, bem como a
necessidade de um maior aprofundamento nas pesquisas sobre sua utilização, considerando-se a
biossegurança e a manutenção do meio ambiente, a fim de se produzi-lo e utilizá-lo de forma
sustentável.
Ao final da pesquisa se conclui que pesar da economia e do comércio influenciarem na
agilização da liberação desses materiais, substâncias ou produtos com o objetivo de aquisição de
lucro, é necessária a complementação e fiscalização dos estudos de forma completa, a fim de
evitar que eles possam, ao invés de dar lucro e ser utilizado de forma sustentável, produzirem um
prejuízo, não só econômico, mas também da saúde dos seres humanos e do meio ambiente.
A importância do grafeno para os diversos segmentos aqui vistos é real e sua
excepcionalidade existe, entretanto, não podemos utilizá-lo sem que antes tenhamos a total
certeza científica de que não cause danos à saúde das pessoas ou ao meio ambiente, para
atendimento direto da previsão constante do princípio da prevenção.
REFERÊNCIAS
ALENCAR, Eduardo; SANTANA, Delano. Processo de obtenção do grafeno, suas aplicações e
sua importância para o Brasil. Revista Acadêmica Oswaldo Cruz, 2017.
MACHADO, Paulo Affonso Leme Machado. Direito Ambiental brasileiro. 21ª. ed. São Paulo:
Malheiros, 2013, p. 108.
27
POZZETTI, Valmir César e CAMPOS, Jalil Fraxe. ICMS ecológico: um desafio à
sustentabilidade econômico ambiental no Amazonas. Revista Jurídica Unicuritiba; vol. 02,
n°. 47, Curitiba, 2017. pp. 251-276 DOI: 10.6084/m9.figshare.5186836. Disponível em:
http://revista.unicuritiba.edu.br/index.php/RevJur/article/viewFile/2035/1314, consultada em 15
mai. 2022.
SEGUNDO, J. E. D. V.; VILAR, Eudésio Oliveira. Grafeno: Uma revisão sobre propriedades,
mecanismos de produção e potenciais aplicações em sistemas energéticos. Revista Eletrônica
de Materiais e Processos, v. 11, n. 2, p. 54-57, 2016.
28
O USO DA NANOTECNOLOGIA NA GERAÇÃO ENERGIA SOLAR
FOTOVOLTAICA
THE USE OF NANOTECHNOLOGY IN GENERATION PHOTOVOLTAIC SOLAR
ENERGY
Resumo
O objetivo desta pesquisa foi o de analisar a tecnologia nano e verificar se ela pode ser
utilizada na produção de energia elétrica limpa, trazendo benefícios às questões ambientais.
A metodologia que se utilizou na pesquisa foi a do método dedutivo; quantos aos meios a
pesquisa foi bibliográfica e quanto aos fins, qualitativa. A conclusão a que se chegou foi a de
que a energia solar fotovoltaica contribui para a geração de uma energia limpa, através da
nanotecnologia, os painéis solares fotovoltaicos estão aumentando sua eficiência e
capacidade de geração de energia.
Abstract/Resumen/Résumé
The objective of this research was to analyze the nano technology and verify if it can be used
in the production of clean electric energy, bringing benefits to environmental issues. The
methodology used in the research was the deductive method; as for the means, the research
was bibliographic and as for the ends, qualitative. The conclusion reached was that
photovoltaic solar energy contributes to the generation of clean energy, through
nanotechnology, photovoltaic solar panels are increasing their efficiency and energy
generation capacity.
1Pós Doutor em Direito pela UNISA/ Itália e pela EDDHC/MG; Doutor em Biodireito/direito Ambiental pela
UNILIM/França; prof. Adjunto d UFAM e da UEA.
2Mestrando em ciências Ambientais e Sustentabilidade na Amazônia, pela UFAM – Universidade Federal do
Amazonas.
3Mestranda em Direito Ambiental pela Universidade do Estado do Amazonas - UEA, Pós-graduanda em
Direito Administrativo pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
29
INTRODUÇAO
30
na produção e geração de energia solar fotovoltaica, destacando o material usado para a
fabricação dos painéis solares fotovoltaicos através da nanotecnologia, e com as inovações
tecnológicas desenvolvidas ao longo dos anos. A metodologia que será utilizada é a do método
dedutivo, quanto aos meios a pesquisa será bibliográfica e documental; quanto aos fins,
qualitativa.
OBJETIVO
2. METODOLOGIA
O presente estudo trata de uma revisão a respeito da nanotecnologia e os avanços e
influências que ocorreram com a grande parte dos painéis solares de energia fotovoltaica, bem
como os inversores solares de energia fotovoltaica. A metodologia que se utilizará será a do
método dedutivo; quanto aos meios a pesquisa será bibliográfica, com uso da doutrina,
documentos exibidos na rede mundial de computadores e legislação; quanto aos fins a pesquisa
será qualitativa.
DESENVOLVIMENTO
Após a humanidade ter constatado diversas mudanças climáticas ao redor do Planeta
Terra, o ser humano percebeu que suas ações afetam diretamente o meio ambiente, sendo assim,
a sociedade global passou a seguir eventos climáticos, com intuito de controlar e auxiliar a
sociedade e o meio ambiente.
Dentro deste contexto, Pozzetti e Monteverde (2017, p. 197) destacam que:
Las cuestiones ambientales que el planeta atraviesa son cualitativa y
cuantitativamente diferentes de las pretéritas: los cambios traídos por la modernidad,
principalmente por el consumo desenfrenado de bienes y servicios, transforma el
medio ambiente y, así, amenaza la vida en el planeta tierra.
A ONU – Organização das Nações Unidas é um organismo que foi criado como uma
instituição internacional que estabeleceu os Objetivos de Desenvolvimentos Sustentáveis a
serem seguidos pelos países desenvolvidos e os países em desenvolvimento, dessa forma,
poderíamos estabelecer metas com intuito de mitigar e controlar as ações do homem que
31
impactam diretamente o planeta terra e seu grande ecossistema, na busca para que o mundo não
entre em colapso diante das ações predatórias do homem com o planeta Terra. Percebemos que
se o Homem não fizer o uso consciente dos recursos naturais, vamos estar comprometendo
nossa geração e as gerações futuras bem como a própria existência da natureza no planeta
(LUCAS, 2021).
Através de pesquisas e avanços tecnológicos aliadas a nanotecnologia, o ser humano
conseguiu desenvolver a energia solar fotovoltaica, uma energia que causa impacto em nível
baixo de poluição à natureza em comparação as outras fontes de energias renováveis e não-
renováveis.
32
Segundo Baldovino (2010, sl. 15) a “Nanotecnologia é a capacidade de criar objetos de
qualidade superior aos existentes hoje, a partir da organização dos átomos de forma desejada.
Nela usamos a medida do “nanômetro”, que equivale a um bilionésimo de metro”.
As células fotovoltaicas possuem uma estrutura microscópica, de forma resumida, um
átomo de silício é composto por catorze prótons e catorze elétrons, na camada exterior. Os
átomos de um cristal de silício são alinhados a uma teia de diamante, formando quatro ligações
covalentes com quatro átomos paralelos. Essa ligação tem como resultado o compartilhamento
de elétrons podendo conter até oito ligações, sendo assim, os elétrons ficam ligados a banda de
valência, o átomo permanece em um estado estável, possibilitando que os elétrons se desloquem
adquirindo energia suficiente passando para da banda de valência para a banda de condução. A
energia passa a atingir um estado de condução se comportando como uma carga positiva, o
fóton cria um par de elétron-lacuna. Para haver corrente elétrica, a célula fotovoltaica precisa
passar por um processo de dopagem do silício, introduzindo componentes que alteram a
propriedades eléctricas cirando duas camadas na célula, obtendo um excesso de cargas positivas
e um excesso de cargas positivas e negativas. O componente boro que também é dopado, com
o intuito de criar quatro ligações covalentes com quatro átomos vizinhos de silício, porém
possuindo três elétrons de banda de valência, ou seja, um elétron fica livre transitando através
dos materiais do painel solar, gerando energia na rede elétrica fotovoltaica solar (DE SOUZA,
2007).
Nesse contexto, podemos mencionar três tipos de células de silício nos painéis solares
fotovoltaicos, esses modelos de células fotovoltaicas solares são, segundo Rui (2002, p. 4):
As células de silício monocristalino, conhecido como um material usado na
composição das células fotovoltaicas, com características uniformes estruturais
moleculares, utilizando um cristal ideal para potenciar o efeito fotovoltaico, atingindo
um rendimento máximo de 24% na geração de energia, além disso a produção desse
tipo de silício é economicamente alta, possuindo maior parte do mercado atual (Rui,
2002)
33
a radiação solar de forma eficiente em comparação as células de silício cristalino. O processo
de fabricação é mais barato que as células de silício policristalino, estima-se que as células de
silício amorfo, elas representam 4% do mercado fotovoltaico, sendo constatado que o
rendimento de 6% de geração de energia (RUI, 2002).
O mercado de energia solar fotovoltaico atualmente vem melhorando a eficiência de
seus painéis, nos últimos anos a busca por novas tecnologias trouxeram painéis cada vez mais
eficientes para as empresas, além da redução dos custos. Atualmente passamos pela terceira
geração de sistemas Fotovoltaicos, possuindo baixo custo por watt, utilizando materiais
abundantes e de baixo impacto ambiental (DE SOUZA, 2007).
A primeira geração de células Fotovoltaicas faz parte das maiores instalações de
painéis fotovoltaicos no mercado atual, as células são de junção p-n simples de silício, com
base de estrutura metálica apresentando rendimento de 20%, grande parte desses painéis são
encontrados na maior parte das residências. A segunda geração de painéis fotovoltaicos tem
como destaque o desenvolvimento do Silício, sendo o Microcristalino (μSi) e o Telúrio de
Cádmio (CdTe), reduzindo o peso dos painéis e os custos de produção da estrutura fotovoltaica.
Quando falamos de terceira geração, está diretamente ligada a nanotecnologia, com destaque
para as Células Orgânicas (CO), e as células de Portadores Quentes (CPQ), com grande
destaque na utilização de materiais não tóxicos e abundantes permitindo a produção em larga
escala. O aumento de eficiência e potencial e muito maior na terceira geração quando
comparados aos sistemas fotovoltaicos de primeira geração, além disso, os materiais orgânicos
possuem baixo custo, e podem ser melhor explorados junto a física quântica através de novas
propriedades dos materiais descobertas atualmente (DE SOUZA, 2007)
A pesquisa voltada para sistemas fotovoltaicos orgânicos se iniciou em 1950, quando
se utilizavam camadas finas de moléculas orgânicas, porém ainda existe um grande entrave no
âmbito comercial, uma vez que a eficiência, tempo de vida útil e os custos de aquisição não são
viáveis quando comparados aos outros tipos de sistemas fotovoltaicos, principalmente os
painéis fotovoltaicos de terceira geração (DE SOUZA, 2007).
As células orgânicas fotovoltaicas, possuem duas categorias, a primeira do tipo
molecular e a segunda de polimérico, apesar com interesse econômico despertar grande
interesse, essas células não são competitivas no mercado fotovoltaico, pois possuem baixa
eficiência (DE SOUZA, 2007).
Estudos recentes mostram que nano tubos de carbono são um material promissor com
grandes propriedades mecânicas e no emprego das células orgânicas fotovoltaicas, apesar disso,
é um campo novo que requer estudos científicos na voltados para a área. (RAMOS, 2021).
34
O Brasil é um país de grande extensão territorial, e com grande potencial na produção
no campo de energias renováveis, é um país com grande incidência de radiação solar, e com
grande potencial na geração de energia, especificamente na energia fotovoltaica solar e na
energia eólica. Nos últimos anos os custos de Energias Solar vêm diminuindo, com grandes
influências das revoluções tecnológicas, em especial a nanotecnologia. Mesmo assim, ainda
vemos que falta incentivo por parte das políticas públicas dos governos, acesso econômico para
as camadas sociais de baixa renda, para assim trazer resultados significativos junto a essa
tecnologia que vem se tornando cada vez mais importante e fundamental para redução na
emissão de Gases de Efeito Estufa. (ONU, 2022)
Hoje no Brasil, apesar de sermos um país com abundância quando se trata de recursos
naturais, o país ainda está começando uma longa caminhada quando comparado aos países
desenvolvidos. Somos um país com grande potencial de desenvolvimento, e a mudança passa
por rigorosos critérios culturais, intelectuais e políticos para que possamos ser um país
Sustentável e Autossuficiente. (ONU, 2022)
CONCLUSÃO
35
constatação é pouco mencionada nos artigos e estudos relacionados a mineração e produção
dos componentes químicos e minerais voltados para essa área. É fundamental que se busque
estudos voltados a eficiência energética, bem como a implementação da substância do grafeno
que se mostra um grande condutor elétrico, promissor e de grande abundância na crosta
terrestre, principalmente no Brasil onde sua estrutura molecular é de grande destaque em
relação a esse material, além das grandes descobertas em relação a sua condutividade elétrica e
sua eficiência energética.
REFERÊNCIAS
36
ECOJUSTIÇA: ANÁLISE DAS POSSÍVEIS REPERCUSSÕES SOCIAIS E
AMBIENTAIS DA EXPLORAÇÃO DA EMPRESA TAQUARIL MINERAÇÃO S.A
NA SERRA DO CURRAL
ECOJUSTICE: ANALYSIS OF THE POSSIBLE SOCIAL AND ENVIRONMENTAL
REPERCUSSIONS OF THE EXPLOITATION OF THE COMPANY TAQUARIL
MINERAÇÃO S.A. IN THE SERRA DO CURRAL
Resumo
A pesquisa que se propõe se trata de uma análise das possíveis repercussões sociais e
ambientais da exploração da empresa Taquaril Mineração S.A na Serra do Curral. A partir
das reflexões e pesquisas preliminares sobre o tema, é possível afirmar que a instalação de
um novo complexo minerário na Serra do Curral gerará impactos negativos de alta
significância. Portanto, utilizar-se-á a vertente metodológica jurídico-sociológica. No tocante
ao tipo genérico de pesquisa, foi escolhido o tipo jurídico-projetivo. Por fim, o raciocínio
desenvolvido foi predominantemente dedutivo e quanto ao gênero de pesquisa, foi adotada a
pesquisa teórica.
Abstract/Resumen/Résumé
The research that is proposed is an analysis of the possible social and environmental
repercussions of the exploitation of the company Taquaril Mineração S.A in Serra do Curral.
Based on preliminary reflections and research on the subject, it is possible to affirm that the
installation of a new mining complex in Serra do Curral will generate negative impacts of
high significance. Therefore, the juridical-sociological methodological aspect will be used.
Regarding the generic type of research, the legal-projective type was chosen. Finally, the
reasoning developed was predominantly deductive and as for the type of research, theoretical
research was adopted.
37
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A Serra do Curral é um complexo montanhoso que faz parte de um sistema geológico
conhecido como quadrilátero ferrífero em Minas Gerais, que se estende por 7.000 km² na
região centro sul de Minas Gerais. Essa região apresenta uma forte variedade rochosa,
que tem afloramentos de dolomita, rochas quartzíticas, itabirito, magnetita e hematita. A
região é rica em minério de ferro, também presente nessa diversidade rochosa. Além de
disso, tal região tem áreas de mata atlântica, já que se localiza em área de transição desta
para o cerrado, outro bioma que também se destaca na região. Vale ressaltar que Belo
Horizonte tem uma grande área de mata atlântica e 7 vários parques no sopé da Serra
como a mata da Baleia, o Parque das Mangabeiras dentre outras que protegem mananciais
como do Córrego do Cercadinho. Devido a essa variedade de biomas, a Serra do Curral
se tornou morada de várias espécies de animais, inclusive alguns em vias de extinção,
como a jaguatirica e o lobo guará. A Serra do Curral também abriga muitas espécies de
aves e é o habitat de vários mamíferos como gambás, veados e pacas. A região também é
fonte de várias nascentes de córregos, que abastecem a região metropolitana de Belo
Horizonte, como, por exemplo, afluentes do Ribeirão Arrudas e o Córrego do Cercadinho,
que têm suas nascentes nessa localidade. Tais características tornam a Serra do Curral um
ativo econômico valoroso pelo minério, mas também um ativo ambiental importante pela
vegetação e animais nascentes. Isso tem gerado uma disputa entre seus usos.
38
abastecimento de Belo Horizonte e região. Somado a isso, existe una grande
movimentação popular a favor da preservação da Serra do Curral. Por fim, no âmbito
judicial, segundo a ação da Prefeitura de Belo Horizonte, houve ilegalidade na liberação
do empreendimento em razão da existência a bem tombado em âmbito federal e
municipal.
Outrossim, a Serra do Curral é conhecida por seu valor desde os primeiros contatos.
Nesse sentido, a construção de Belo Horizonte ao sopé da Serra não foi apenas uma
escolha por conta da natureza, ou dos relevos, e sim da sociedade, que lhe deu significado
e representatividade, retirando-a da invisibilidade. Portanto, a Serra do Curral assume
uma dimensão simbólica da e na cidade, se destacando num contexto social, cultural e
histórico. O nome "Belo Horizonte" está intrinsecamente relacionado à vista da Serra do
Curral; a bandeira da cidade tem a Serra do Curral exposta.
Nesse sentido, Duda Salabert, professora, mulher trans e vereadora mais votada
da história de Belo Horizonte, se pronunciou na audiência pública da Assembleia
39
Legislativa de Minas Gerais no dia 05 de maio de 2022, sobre o avanço da mineração na
Serra Curral. Segundo a vereadora:
Eu acredito que essa seja a fala mais difícil que eu já tive em toda minha
vida. É um peso, a Serra é muito pesada, a mineração é muito pesada. E
aí se nós temos vocação para a mineração, eu digo que nós temos vocação
de moer montanhas. É isso que nós queremos para o nosso estado? Uma
vocação de moer montanhas, triturar nossos patrimônios culturais? Uma
vocação de subalternidade em relação ao capital internacional? Uma
vocação que pode gerar subempregos para essa população? Uma vocação
para amplificar as crises hídricas e climáticas? É isso que nós queremos
para o estado de Minas Gerais? Era para a gente estar discutindo aqui a
ampliação e a aceleração do tombamento da Serra do Curral. É esse o
debate se nós queremos saúde. É isso que nós temos que fazer. Mas não,
criou se uma corrida, criou se uma corrida de quem chega primeiro.
Quem vai chegar primeiro? É o licenciamento da Tamisa ou o
tombamento, licenciamento da Tamisa ou o tombamento? Isso é um
absurdo. Se está no processo de tombamento, tombado está. Então isso
por si só já é ilegal, sem desconsiderar que é imoral. A população está
clamando pela Serra do Curral. Todo poder emana do povo, isso é
constitucional. Podemos triturar também a Constituição brasileira? Como
trituramos gente em Brumadinho, em Mariana? É essa a nossa vocação?
(SALABERT, 2022)
O discurso efetuado pela vereadora procura demonstrar que a implantação de um
complexo minerário na Serra do Curral não visa fatores como a cultura, saúde pública,
qualidade de vida, preservação ambiental e independência econômica, tópicos
fundamentais para que ocorra um desenvolvimento sustentável no estado de Minas
Gerais. A pronúncia sustenta também que, uma vez que existe um processo de
tombamento em âmbito federal, tombado está, portanto, o aval do Conselho Estadual do
Meio Ambiente (Copam), é ilegal. Somado a isso, a retórica destaca que existe uma
grande movimentação popular a favor da preservação da Serra do Curral, e diante desse
fato, ignorar uma vontade majoritária, dentro de um Estado democrático, é
inconstitucional. Por fim, a oradora relembra os rompimentos das barragens de
Brumadinho e Mariana, com o objetivo de expor com fatores históricos, as consequências
da ausência de um pensamento sustentável. Logo, a ideia é se voltar para a preservação
ambiental e valorização da cultura, ao invés de perpetuar uma ideologia que se baseia
apenas no lucro de capital.
40
3. A IMPORTÂNCIA DO TOMBAMENTO EM ÂMBITO ESTADUAL DA
SERRA DO CURRAL
41
Mesmo considerando os tombamentos federal e municipal, a Serra do Curral ainda
continua alvo de atividades minerárias, o que justifica a necessidade da urgente proteção
estadual e ampliação da proteção da área como um todo. Apesar de inciativas do Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) com o objetivo de instituir
medidas para a preservação da área, conclui-se que apenas o tombamento da Serra do
Curral no nível estadual, cuja abrangência se estenderia por todos os municípios do
entorno, poderia promover a efetiva proteção desse importante ativo ambiental.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
42
Por fim, é possível afirmar que mesmo considerando os tombamentos federal e
municipal, a Serra do Curral ainda continua alvo de atividades minerárias, o que justifica
a necessidade da urgente proteção estadual e ampliação da proteção da área como um
todo. Apesar de inciativas do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(IPHAN) com o objetivo de instituir medidas para a preservação da área, conclui-se que
apenas o tombamento da Serra do Curral no nível estadual, cuja abrangência se estenderia
por todos os municípios do entorno, poderia promover a efetiva proteção desse importante
ativo ambiental, o que vai dificultar o uso econômico não sustentável na região. Se
observa, portanto, uma corrida de interesses entre o licenciamento da Tamisa e o
tombamento em esfera estadual da Serra do Curral.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASTRO, Cristina Moreno de. Serra do Curral: veja quais são os 6 riscos da
mineração listrados pela prefeitura de BH na ação judicial. G1.Globo, 2022.
Disponível em: https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2022/05/03/serra-do-
curral-veja-quais-sao-os-6- riscos-da-mineracao-listados-pela-prefeitura-de-bh-na-acao-
judicial.ghtml. Acesso em: 07 de maio. 2022.
43
p.97-135, set/dez. 2021. Disponível em:
http://revista.domhelder.edu.br/index.php/veredas/article/view/2241/25306. Acesso em:
08 de maio. 2022.
GUSTIN, Miracy Barbosa de Sousa; DIAS, Maria Tereza Fonseca; NICÁCIO, Camila
Silva. (Re)pensando a pesquisa jurídica: teoria e prática. 5ª. ed. São Paulo: Almedina,
2020
PEIXOTO, Guilherme. Serra do Curral: 'BH não quer trocar de nome e bandeira' diz
procurador. Estado de Minas, 2022. Disponível em:
https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2022/05/03/interna_gerais,1364002/serra-do-
curral-bh-nao-quer-trocar-de-nome-e-bandeira-diz-procurador.shtml. Acesso em: 24 dr
maio. 2022.
44
LEGITIMIDADE DAS CONDIÇÕES DE ESTRUTURAÇÃO DE BARRAGENS DE
RESÍDUOS EM MINERADORAS: MONITORAMENTO E FISCALIZAÇÃO
LEGITIMITY OF STRUCTURING CONDITIONS OF WASTE DAMS IN MINING
COMPANIES: MONITORING AND INSPECTION
Resumo
A mineração no território brasileiro é responsável por grande parte do desenvolvimento
econômico nacional, entretanto apear de possuir essa enorme importância no ramo
econômico, o potencial de acidentes chega a assustar, deixando de garantir a confiabilidade e
a segurança da população onde possui barragens de resíduos instauradas. Mesmo com toda
tecnologia desenvolvida, busca-se implantar ;melhorias que consigam proporcionar aos
trabalhadores e moradores das redondezas uma certa segurança e que possam apresentar
números e acontecimentos corretos durante o monitoramento, aplicando nessas barragens a
devida instrumentação e profissionais capacitados para o manuseio correto.
Abstract/Resumen/Résumé
Mining in Brazilian territory is responsible for a large part of the national economic
development, however despite having this enormous importance in the economic field, the
potential for accidents is scary, failing to guarantee the reliability and safety of the population
where there are waste dams installed. . Even with all the technology developed, it is sought to
implement improvements that can provide workers and residents of the surroundings with a
certain security and that can present correct numbers and events during monitoring, applying
the proper instrumentation and professionals trained for the correct handling in these dams.
45
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
46
2. A IMPORTÂNCIA DA MINERAÇÃO: ÁNALISE NO ASPECTO
ECONÔMICO E SOCIAL
47
Além do mais, foram dias e dias de completa tristeza. Uma cidade repleta de
funcionários públicos, sendo eles bombeiros e policiais, além de toda população composta por
esperança e angustia para que todos sejam encontrados com vida. A cidade perdeu muitos
turistas, o que fez a economia enfraquecer fazendo com que diversos comércios desligassem e
muitos cidadãos ficassem desempregados. Como já citado, a importância de uma mineradora é
gritante, ainda mais quando se trata de municípios pequenos. Na maioria das vezes são essas
mineradoras responsáveis pelo fluxo monetario de pequenas cidades .
São alguns modos de ruptura: enchentes, período de seca prolongada, falhas no sistema
de extravasão, colmatação no sistema de drenagem, erosão regressiva interna, atividades
sísmicas, liquefação, deficiências de compactação, escorregamentos internos em torno do
reservatório, recalque excessivo do aterro ou fundação e processos erosivos em longo prazo.
(MACHADO, 2007).
Contudo, a falta de compromisso das empresas com procedimento de gestão, de
planejamento a longo prazo, falta de inspeções, improviso de equipes de trabalho e falta de
avaliações periódicas de segurança, é gerado fatos catastróficos.
Dessa forma o aprimoramento da mineração moderna é algo altamente cobiçado pelo
fato de minimizar esses eventos catastróficos e também os impactos ambientais, de acordo com
a legislação ambiental brasileira. As barragens apresentam situações únicas e requerem
soluções individuais para suas necessidades quanto a instrumentação, mas ainda sim deve
seguir os principais objetivos de um plano de instrumentação geotécnica, julgados em quatro
categorias: avaliações analíticas, previsão do desempenho futuro, avaliações legais e
desenvolvimento e verificação de projetos futuros.
Representando a mineração sustentável, o presidente do Instituto Brasileiro de
Mineração (IBRAM) e do Sindicato da Indústria Mineral do Estado de Minas Gerais
(Sindiextra), José Fernando Coura coloca seu ponto de vista relacionando-se com a mineração
brasileira:
48
nas áreas mineradas, mas sim atuar de maneira firme e responsável na
sua mitigação e na recuperação de áreas exploradas. E mais: a
exploração mineral deve ser encarada como uma ferramenta de
preservação ambiental das áreas vizinhas às ocupadas por suas
atividades. (COURA, 2012).
49
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ATAÍDE, Pedro. Direito minerário. 2ª. ed. São Paulo: Editora JusPODVM, 2019.
BRASIL. Lei nº 12.334 de 20 de setembro de 2010. Dispõe sobre as medidas de proteção em vista dos
rejeitos de mineração. L12334 (planalto.gov.br). Acesso em: 10 de maio de 2022.
BRASIL. Lei nº 14.066, de 30 de setembro de 2020. Dispõe sobre as medidas de proteção em vista
50
dos rejeitos de mineração, alterando e reformando pontos da Lei nº 12.334 de 20 de setembro de 2010.
L14066 (planalto.gov.br). Acesso em: 10 de maio de 2022.
GUSTIN, Miracy Barbosa de Sousa; DIAS, Maria Tereza Fonseca; NICÁCIO, Camila Silva.
(Re)pensando a pesquisa jurídica: teoria e prática. 5ª. ed. São Paulo: Almedina, 2020.
51
DIREITOS HUMANOS E O USO DA NANOTECNOLOGIA BÉLICA
HUMAN RIGHTS AND THE USAGE OF WAR NANOTECHNOLOGY
Resumo
O objetivo desta pesquisa foi o de analisar as inovações trazidas pela nanotecnologia, em
especial na produção e o uso de armas na esfera militar, interligando essa atividade com a
Ética e os Direitos Humanos, bem como o respeito pela soberania dos Estados. A
metodologia utilizada foi a do método dedutivo; quanto aos meios a pesquisa foi
bibliográfica e quanto aos fins, qualitativa. Concluiu-se que a utilização da nanotecnologia
para o desenvolvimento de armas militares deve ser utilizada com cautela respeitando-se os
princípios do Biodireito e a construção de um código de ética.
Abstract/Resumen/Résumé
The objective of this research was to analyze the innovations brought by nanotechnology,
especially in the production and use of weapons in the military sphere, linking this activity
with Ethics and Human Rights, as well as respect for the sovereignty of States. The
methodology used was the deductive method; as for the means, the research was
bibliographical and as for the ends, qualitative. It was concluded that the use of
nanotechnology for the development of military weapons must be used with caution,
respecting the principles of Biolaw and the construction of a code of ethics.
1Pós Doutor em Direito pela UNISA/Itália e ESDHC/MG; Doutor em Biodireito/Direito Ambiental;em mestre
em Dir. Urbanistico e Ambiental, pela UNILIM/França; Prof. Adjunto da UFAM e da UEA; Membro da ACCA
2Jovem Cientista pesquisadora do PIBIC; graduanda do curso de Direito da UEA - Univ. do Estado do
Amazonas
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INTRODUÇÃO
Na Idade Contemporânea, a tecnologia nano (10⁻⁹ metros) teve por primeiro alerta a
palestra conferida pelo renomado físico Richard Feynman, em 1959, na qual chamava a atenção
para o problema de manipular e controlar os átomos e as reações na escala nanométrica da
Física Quântica. A palestra de Feynman influenciou consideravelmente para a possibilidade de
desenvolvimento da nanotecnologia, o que conferiu um olhar mais atento e crítico a essa nova
categoria atômica da tecnologia. Desse modo, mesmo que o cenário se assemelhe aos de filmes
de ficção científica, essa nova e “minúscula” tecnologia ganha expressivo espaço no século
XXI, com o avanço da indústria 4.0.
Com a celeridade no âmbito das pesquisas tecnológicas e, consequentemente, pela
Ciência, a nanotecnologia tem permeado diversos campos: desde a Física e a Engenharia de
Materiais até a Medicina e o Direito, acompanhados da Ética. Nações e Estados consolidados
voltam-se para essa nova tecnologia, pois questões como: a soberania, a autodeterminação dos
povos e os conflitos geopolíticos têm se mostrado elementos favoráveis para o aprimoramento
bélico por essas nações, que buscam impregnar armamentos de nanotecnologia, seja para torná-
los letais, imbatíveis, ou ambos.
Nesse sentido a nanotecnologia de matérias é uma técnica com a capacidade de reduzir
significativamente o tamanho do material aumentando em muito a capacidade e o poder de
auxilio, ou destruição. Dessa forma, o problema que guia esta pesquisa é: de que forma a
nanotecnologia pode ser utilizada no desenvolvimento de armas militares sem que haja
violações aos direitos humanos e/ou perda da soberania do Estado?
A justificativa para realizar a pesquisa está focada na ausência ou insuficiência de ética
humana apara lidar com armas tão poderosas e com uma intensa capacidade destrutiva.
Assim sendo, é necessário buscar analisar e obter informações acerca do uso dessas
armas, versando-se a manutenção do bem e a defesa da Ética — e de seus princípios, como os
da beneficência, ubiquidade, precaução.
Tendo isso em vista, a pesquisa objetiva analisar a nanotecnologia na esfera militar
levando em consideração uma abordagem ética diante dos direitos humanos.
Para fundamentar a necessidade de se estudar a temática, lembra-se que eventos
semelhantes, em danos causados ao ser humano, como ao da Guerra do Vietnã, com o
lançamento do agente laranja contra civis e o meio ambiente, não sejam repetidos.
A metodologia que será utilizada na pesquisa será a do método dedutivo; quanto aos
meios a pesquisa será bibliografia, com uso da doutrina, legislação e jurisprudência; quanto aos
fins, a pesquisa será qualitativa.
53
OBJETIVOS: O objetivo desta pesquisa foi o de analisar as inovações trazidas pela
nanotecnologia, em especial a produção e o uso de armas na esfera militar, interligando essa
atividade com a Ética e os Direitos Humanos, bem como o respeito pela soberania do Estado.
1 CONCEITO DE NANOTECNOLOGIA
O termo “nano” vem do latim nanus (ou do grego: nanos) que significa “anão”,
enquanto que as palavras, do grego: tékhne + logia significam estudo da técnica, da arte ou do
ofício — haja vista as diferentes formas que tékhne pode assumir. Nesse sentido, a alcunha
nanus se volta para representar coisas de magnitude incrivelmente pequena, incapazes de serem
visualizadas por certos, senão a maioria dos microscópios. Logo, a nanotecnologia é um dos
tantos campos emergentes da Ciência Contemporânea, ao lado das programações de TI e dos
passos misteriosos da Inteligência Artificial (IA).
Para Pozzetti (2021, p.311), “A palavra “nano” vem do latim nanus, que é utilizada
para representar coisas exponencialmente pequenas, sendo que o prefixo “nano” é usado para
denominar a escala nanométrica, que representa partículas de magnitude extremamente
minúsculas. Assim, a nanotecnologia é uma das ferramentas da nanociência”.
Quando o norte-americano Richard Phillips Feynman, em uma de suas palestras,
exclamou a seguinte pergunta: “Por que não podemos escrever os 24 volumes inteiros da
Enciclopédia Britânica na cabeça de um alfinete?”, chamava ali a atenção para o mundo
minúsculo das descobertas da Quântica — matéria esta que Feynman pode ser considerado
pioneiro — e, consequentemente, para a nanotecnologia. Entretanto, embora a definição tenha
aparecido muito antes, o termo “nanotecnologia” foi criado apenas em 1974, por meio dos
trabalhos do pesquisador japonês Norio Taniguchi, que ao publicar um artigo sobre o processo
de combinação e separação de átomos e moléculas, reatava a possibilidade de uma tecnologia
molecular.
Logo após, em 1986, o escritor-cientista Kim Eric Drexler publica o livro que lhe daria
importante espaço como nanotecnólogo: “Engenhos da criação: o advento da era da
nanotecnologia”. Enquanto que, mais atualmente, em 1991, o físico japonês Sumio Iijima
consagrou a manipulação dessa nova tecnologia com a invenção dos nanotubos de carbono.
54
Com isso, de forma geral, entende-se a nanotecnologia como uma ciência que se dedica à
manipulação da matéria em escala atômica-molecular ao lidar com estruturas que são um bilhão
(1.10⁹) de vezes menor que um metro, isto é, estruturas em torno de 1 a 100 nanômetros (1.10⁻⁹
a 1.10⁻¹¹ m).
55
É de se destacar que a nanotecnologia traz embates para as questões geopolíticas da
soberania de cada Estado, pois se, na França, com a crescente xenofobia e o medo relacionado
ao “DAESH”, os esforços voltados ao desenvolvimento de tecnologias se mostram necessários;
imagine-se, então, nas áreas do Tibet, da Caxemira, da Palestina, etc...; uma vez que a tensão
nessas áreas fronteiriças e de antigas heranças históricas consubstanciam para rebeliões que
possam levar os Estados nesses territórios, a buscarem e usarem de tecnologias para suplantar
seu arsenal bélico.
A nanotecnologia tem suas duas faces: a boa e a má. Logo, defender um Estado ou
suprimir as movimentações, sejam separatistas ou não, de uma região, parecem argumentos em
prol da estabilidade e da soberania daquele determinado Estado. Contudo, argumentações
similares já foram causadoras de guerras e destruições em massa no passado; se a
nanotecnologia com toda sua inovação pode certamente acrescentar algo à humanidade,
também pode igualmente tirar.
Alguns exemplos elucidativos de armas impregnadas dessa nova tecnologia são: a
Camuflagem ADAPTIV, que torna os sistemas de imagem térmica obsoletos e garante que os
veículos de combate tenham proteção contra uma possível detecção inicial; a Munição
Explosiva Magneto Hidrodinâmica (MAHEM, sigla em inglês), uma arma desenvolvida pela
DARPA, do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, que utiliza metal fundido para maior
penetração na armadura inimiga e veículos blindados; e, por fim, o Modular Advanced Armed
Robotic System (MAARS), um robô desenvolvido pela Qinetiq, uma multinacional britânica,
que pode ser configurado para os modos: não letal, pouco-letal e letal.
Assim sendo, para que os Estados soberanos possam fazer uso da nanotecnologica no
viés de construção de armas bélicas, é necessário que respeitem as questões éticas e morais.
Necessário, então, destacar que a Moral é o conjunto das normas para o agir específico ou
concreto no bem estar social e ela está contida nos códigos, que tendem a regulamentar o agir
das pessoas, priorizando os impulsos e instintos; enquanto que a ética é o agir no bem,
facilitando a realização das pessoas, buscando a perfeição do ser humano e tudo aquilo que é
belo e bom. Nesse aspecto, no âmbito da microbioética, temos princípios importantes que
norteiam o comportamento humano sobre as novas tecnologias, especificamente os princípios
da beneficência; da não-maleficência, da justiça e da dignidade da pessoa humana.
Dessa forma, no âmbito das inovações que a nanotecnologia pode trazer é importante
observarmos alguns princípios do Biodireito, que devem ser seguidos por todos os Estados
soberanos à fim de não se ferir os direitos humanos. Nesse sentido, Pozzetti e Monteverde
(2017, p. 200) destacam o força jurídica dos princípios: “Principios son reglas fundantes, que
56
anteceden la norma jurídica,son la base, la estructura de la propia norma, una vez que traducen
las ansias de la sociedad que le originó, en el sentido del justo, del honesto, del
correcto y de lo que debe ser cumplido por la sociedade”.
Assim sendo, se a maleficência é uma característica de tudo aquilo que faz mal ou a
tendência para fazer o mal, no presente caso de uso da nanotecnologia de armas bélicas o
principio da não maleficência deve ser determinante para que essas armas realizem a defesa,
mas com o intuito de buscar minimizar o risco e/ou o dano.
No mesmo sentido, o princípio da beneficência é aquele que determina que as novas
tecnologias devem promover benefícios aos seres humanos; ou seja, as armas bélicas
nanotecnológicas devem promover a segurança dos Estados, mas no sentido de defesa, para
manter a vida humana, trazendo benefícios de preservação da autonomia dos Estados, não a
extinção dos povos e submissão destes. Já no tocante ao princípio da justiça, este busca dar
diretrizes para conter a violência em nome do bem, destacando que a vida não é um privilégio
apenas de alguns e que não se pode transacionar com ela. Logo, os Estados que desenvolverem
armas nanotecnológicas devem atentar para esse princípio, pois não lhes será dado extinguir a
vida, mas sim defende-la e preservá-la, respeitando o direito de ser diferente. Já no que toca ao
principio da dignidade da pessoa humana, é de se destacar que esse princípio obriga todos os
povos e todos os Estados soberanos a dar um tratamento digno a toso os “homens”; logo, não
se pode admitir o uso de armas nanotecnológicas que retirem a dignidade do ser humano,
mesmo que esse ser esteja do lado oposto do país beligerante.
Nesse sentido Pozzetti (2020, p. 514) destacam a importância dos direitos humanos:
O conceito de Direitos Humanos, segundo a ONU, “são garantias jurídicas
universais que protegem indivíduos e grupos contra ações ou omissões dos
governos que atentem contra a dignidade humana”. Percebe-se que a própria
essência do conceito está atrelada a “dignidade humana”, de modo que muitos
doutrinadores conceituam dignidade humana como se fosse sinônimo de direitos
humanos.
57
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A problemática que instigou essa pesquisa foi a de se verificar de que forma a
nanotecnologia pode ser utilizada no desenvolvimento de armas militares sem que haja
violações aos direitos humanos e/ou perda da soberania do Estado. Os objetivos foram
cumpridos à medida em que se analisou as posições doutrinárias e as questões éticas.
Como resultado da pesquisa concluiu-se que a utilização da nanotecnologia na
produção de armas bélicas ainda é prematuro, pois o ser humano ainda se encontra em
desenvolvimento moral muito aquém do que se pode exigir de um produtor e operador de armas
bélicas construídas com o uso da nanotecnologia; pois esta tecnologia tem o poder destrutivo
tão intenso que poderá extinguir a humanidade; logo, é necessário criar um código de ética na
construção e utilização da nanotecnologia bélica, com um poder de coação na mesma proporção
que é o da utilização de armas dessa natureza.
REFERÊNCIAS
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58
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59
TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS APLICADA A FERTILIZANTES ORGÂNICOS:
ANÁLISES INTEGRADA A ECONOMIA CIRCULAR
SUSTAINABLE TECHNOLOGIES APPLIED TO ORGANIC FERTILIZERS:
ANALYSIS INTEGRATED TO THE CIRCULAR ECONOMY
Resumo
O objetivo desta pesquisa foi o de analisar e discutir as contribuições da tecnologia ambiental
somados a novos biofertilizantes a partir de resíduos, uma maneira de conscientizar o
problema da utilização de fertilizantes químicos e o maleficio criados por eles ao meio
ambiente. A metodologia utilizada foi o método dedutivo; quanto aos fins a pesquisa foi
bibliográfica e quanto aos meios, qualitativa. Concluiu-se, a partir do uso das tecnologias
ambientais aplicadas aos biofertilizantes naturais, pode ocorrer além de uma redução de
resíduos jogados de forma inadequadas a novos subprodutos agregados a produtos orgânicos
livres de químicas.
Abstract/Resumen/Résumé
The objective of this research was to analyze and discuss the contributions of environmental
technology added to new biofertilizers from waste, a way to raise awareness of the problem
of using chemical fertilizers and the harm they create to the environment. The methodology
used was the deductive method; as for the ends, the research was bibliographic and as for the
means, qualitative. It was concluded, from the use of environmental technologies applied to
natural biofertilizers, it can occur in addition to a reduction of waste thrown inappropriately
to new by-products added to organic products free of chemicals.
1Pós-doutor em Direito Università degli Studi di Salermo/Itália e Escola Dom Helder Câmara/MG. Doutor em
Direito Ambiental - Universitè de Limoges/França. Professor da UFAM e da UEA. r
2Mestranda em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia - PPGCASA – Universidade Federal do
Amazonas (UFAM) Manaus – AM
3Mmestranda em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia pela Universidade Federal do
Amazonas (PPGCASA/UFAM). Licenciada em Pedagogia e especialista em Coordenação pedagógica pela
Universidade Federal de Rondônia (UNIR).
60
INTRODUÇÃO
Nunca se falou tanto em sustentabilidade como se versa hoje na sociedade
contemporânea, considerando serem os recursos naturais a base do planeta, passa por
transformações a cada dia, visto que, os recursos não são utilizados de forma consciente e isso
pede uma resposta imediata, pois a terra está pedindo socorro. Com isso, os principais desafios
da sociedade contemporânea estão diretamente ligados a riscos econômicos, geopolíticos,
sociais e principalmente ambientais.
Os riscos ambientais surgem com a destruição da fauna e flora, a poluição das águas
potáveis, a poluição do ar causando catástrofes naturais. Desde a transição do período da
revolução neolítica para a revolução industrial, o homem se afastou da natureza e com isso
veio à preocupação com o meio ambiente e o que deve ser feito para uma preservação,
conservação e recuperação vem gerando uma competitividade mundial, de uma rápida
transformação sobre o desenvolvimento sustentável e o que pode ser inovado para obter a
partir de novas criações viáveis, para se construir um ambiente com olhar na sustentabilidade
e inovação.
As tecnologias ambientais quando aplicadas de forma sustentáveis ao planeta tem
como contribuição a remediação da terra, água e ar. Pois tem-se que levar em consideração na
qual toda alteração seja ela positiva ou negativa, pode transformar o processo do seu
ecossistema natural.
A agricultura em grandes escalas utiliza-se de agrotóxicos ou químicas, pois os
mesmos destroem a terra, com a justificativa de que as aplicações combatem pragas ligadas
as plantações com mais eficiência, pois é mais viável para as grandes produções de alimentos
apegar-se a químicas que destroem o solo à procurar alternativas como insumos a partir de
resíduos os quais se transformam em fertilizantes naturais produzindo assim menos impactos
ambientais para o planeta.
Os desafios ainda são grandes para uma implantação sustentável que visa preservar
o meio ambiente, uma vez que é implicado pelo modelo capitalista, o qual traz em seu viés a
cultura do consumo, sendo uma barreira para possíveis eliminações de poluentes destruidores
do planeta.
O objetivo desta pesquisa é explorar as tecnologias ambientais ligadas a
biofertilizantes orgânicos analisando a sua importância, observando práticas sustentáveis
capazes de englobar a economia circular. Dessa maneira, a problemática levantada por essa
pesquisa foi: Como as tecnologias ambientais aplicadas a biofertilizantes orgânicos, pode ser
uma ferramenta sustentável para o meio ambiente partindo da lógica da economia circular?
61
O tema se justifica a partir da necessidade de incluir os resíduos como forma de
agregar as tecnologias já existente ao reuso como forma sustentável, tendo em vista que os
resíduos orgânicos podem ser adicionados como fins para biofertilizantes para uso tanto na
agricultura como para outras funções destinados, como garantia de um meio ambiente com
menos agrotóxicos ou químicas associadas, no qual tem como finalidade geralmente a
contaminação do planeta.
A metodologia a ser utilizada será do método dedutivo com análise das contribuições
de diferentes autores acerca de tecnologia ambiental na gestão de resíduos orgânicos frente a
economia circular. Quanto aos meios será utilizada pesquisa bibliográfica com consulta em
banco de dados digitais de publicações científicas e das disposições legais que tratam o tema
e, quanto aos fins, a pesquisa terá abordagem qualitativa.
DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA
Por ser um modelo que pensa e repensa nas novas práticas econômicas da sociedade
atual a Economia Circular (EC) traz e se inspira na própria natureza e tem como modelo o
não-linear de negócios econômicos e ultrapassa o âmbito e o foco das ações de gestão de
resíduos e de reciclagem, visando um escopo mais amplo que envolve desde o redesenho de
processos, produtos e modelos de negócio, até a otimização da utilização de recursos. Em
concordância com o exposto, o tema da EC assume, atualmente, uma grande relevância uma
vez que a União Europeia (UE) adotou recentemente uma estratégia da EC, e sendo
concretizada no Plano de Ação da Economia Circular (PAEC) que foi lançado em 2015. Para
a UE esta mudança de padrão deverá ser fundamental para um “crescimento inteligente,
sustentável e inclusivo” (COMISSÃO EUROPEIA, 2014, pp. 2). Sendo uma opção
sustentável para o planeta, e tendo como diferencial o “desperdício zero” a EC vem em direção
oposta ao modelo linear.
Dessa maneira, Pozzetti e Caldas (2019, p. 186) despertam:
Contrário ao preconizado pela ONU, o atual modelo de crescimento econômico
gerou enormes desequilíbrios, por um lado aumentou a riqueza e a fartura no mundo
e por outro a miséria, consequentemente a degradação ambiental e a poluição
aumentaram na mesma ou em maior proporção. Diante disso, surge a necessidade
de discutir como uma gestão dos resíduos sólidos pode minimizar a produção
das fontes geradoras, o reaproveitamento, a coleta seletiva e outras ações pertinentes
à intensa geração de resíduos, ajustando condutas que possam ir ao encontro da
sustentabilidade.
62
resíduos, de forma que o sistema circular passa a ser visto como um pré-requisito para a
manutenção da sustentabilidade no planeta (TIOSSI & SIMON, 2021), através das tecnologias
incorporadas a rotina da sociedade, formando um ciclo autoconstitutivo, auto- organizador e
autoprodutor. Neste modelo linear, a economia, se caracteriza pela utilização dos recursos
naturais sem considerar sua limitação, na qual os processos produtivos se constituem pela
transformação da matéria-prima em produtos que após sua vida útil são, em sua maioria,
descartados sem o devido aproveitamento, gerando, assim, o aumento da produção de resíduos
e os consequentes impactos ambientais e à saúde humana. Em oposição ao modelo linear, a
economia circular se fundamenta em um processo cíclico no qual os resíduos são inseridos no
processo produtivo, seja como fonte de energia ou subprodutos.
Com essa nova visão sobre a EC, a agricultura convencional é uma das beneficiadas
com produtos como os biofertilizantes vindos de resíduos naturais, posto que, o uso de
fertilizantes químicos traz malefícios para o solo, lençóis freáticos e até contaminação para os
alimentos. Souza (2018) afirma que, esses fertilizantes químicos tem uma facilidade tanto para
volatilização quanto para lixiviação além de toxidade em organismos biológicos, com isso
levando prejuízos ao ecossistema.
Dessa maneira, Civitereza, (2021) alerta que:
Outro problema provocado pelo excesso de fertilizantes químicos, é à quebra da
cadeia de microfauna (minhocas, formigas, besouro, fungos, bactérias) presente no
litossolo. A presença desses seres vivos no solo favorece a fertilidade por meio da
interatividade entre os organismos. O solo sem a presença dos mesmos pode ser
tornar estéril, sendo necessária uma aplicação cada vez maior de insumos agrícolas.
Conforme afirma, Liu et al. (2020, P. 34) houve um crescimento nas últimas décadas
exacerbado na utilização de fertilizantes químicos. Sendo, portanto, um olhar mais crítico em
relação aos biofertilizantes naturais partindo de resíduos que iriam ser inutilizados no meio
ambiente, e incorporam diversos benefícios ao solo. Conforme o Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (MAPA, 2012) os biofertilizantes são:
63
definidos, na Instrução Normativa nº 46 de 06 de outubro de 2011, como produtos
que contêm componentes ativos ou agentes biológicos capazes de atuar, direta ou
indiretamente, sobre o todo ou sobre partes das plantas cultivadas, melhorando o
desempenho do sistema de produção, e, que sejam isentos de substâncias proibidas
pela regulamentação de orgânicos.
Faz-se necessário o uso de novas tecnologias, para que novos insumos sejam
alcançado, pois esta nova modalidade do uso de biofertilizante vem se sobressaindo em
diversos países, uma forma de utilizar menos produtos químicos no meio ambiente, no qual
visa agregar produtos mais saudáveis e orgânicos para a sociedade, livre de químicas e com
isso equilibrando os recursos naturais do planeta.
Os biodigestores é um meio que visa auxiliar a produção de biofertilizantes, sendo
ainda equipamentos mais utilizados para produzir a partir de resíduos tanto animal quanto
vegetal. Posto isso, o biodigestor tem como função a partir de microrganismos anaeróbios
obter o subproduto biofertilizante, que visa ser utilizado como adubo e o biogás. (ECYCLE,
2016). Sendo assim uma forma mais sustentável e econômica para o meio ambiente. Ainda
conforme lista a EMBRAPA (2015), são muitos os benefícios e prerrogativa quando utilizado
o biofertilizante:
Beneficia a produção de alimentos mais saudáveis sem química, com menor impacto
ao meio ambiente; Obtendo maior resistência as plantas contra doenças e pragas;
Melhora a produtividade das culturas; Menor custo benefício ao comparar aos
fertilizantes químicos; É rico em diversos nutrientes, sendo portanto indispensáveis
ao solo como: (fósforo, potássio, cálcio etc.); Reutiliza matéria-prima da
propriedade e resíduos diversos; e ajuda como uma fonte secundaria de renda.
CONCLUSÃO
A problemática que ocasionou essa pesquisa foi a de questionar como as tecnologias
ambientais aplicadas a biofertilizantes orgânicos, pode ser uma ferramenta sustentável para o
meio ambiente através da lógica da economia circular. Os objetivos dessa pesquisa foram
alcançados a partir das análises dos conceitos já redigidos.
64
Conclui-se que os biofertilizantes gerados a partir de resíduos no qual seriam de certa
forma desperdiçado e reutilizado a partir de novas tecnologias sustentáveis, busca acrescentar
como subproduto na agricultura dando maior valor aos produtos orgânicos e contribuindo para
menor aparecimento de pragas, e em outras formas de usos.
Constatou-se também que a utilização dos fertilizantes químicos em grande escala
pode trazer diversos malefícios para os solos, rios, plantas e outros, podendo assim, através
das tecnologias ambientais, ser de forma gradativamente incorporada ao sistema EC, a
reutilização de resíduos que antes seriam descartados no meio ambiente de certo modo, sem
tratamentos pudessem ser realocados como subprodutos naturais ou seja, como
biofertilizantes. Sendo assim, pode se analisar, um impacto econômico e social sustentável
com mais incorporação tecnológica, onde visa o menor desperdício na sociedade.
REFERENCIAS
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https://pixforce.com.br/biofertilizantes-na-agricultura/ Acesso em: 29 abri. 2022.
Biofertilizante um Adubo líquido de qualidade que você pode fazer. Embrapa,
2015.Disponível
em:https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1046948/1/CPAFAP201
5CartilhaBiofertilizantefinal.pdfAcesso em :29 abri. 2022.
Biodigestor: problema ambiental vira solução sustentável. Ecycle, 2016. Disponível em:
https://www.ecycle.com.br/biodigestor/ Acesso em: 29 abri. 2022.
CIVITEREZA, G. Os Impactos da Adubação Mineral no meio Ambiente. 20 de maio de
2021. Disponívelem:https://www.terradecultivo.com.br/os-impactos-da-adubacao-mineral-
no-meio-ambiente/Acesso em: 30 abri. 2022.
Liu, M., Zhang, W., Wang, X., Wang, F., Dong, W., Hu, C., Liu, B., & Sun, R. Nitrogen
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long-term fertilization. Agriculture, Ecosystems & Environment, 294, 106885.
https://doi.org/10.1016/j.agee.2020.106885, 2020.
MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2012) Instrução Normativa
MAPA nº 46 de 06/10/2011 - Estabelece o Regulamento Técnico para os Sistemas Orgânicos
de Produção Animal e Vegetal. Disponível em:
http://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=78910. Acessado em: 29 abr. 2022.
POZZETTI, Valmir César e CALDAS, Jeferson Nepumuceno. O descarte de resíduos
sólidos no âmago da sustentabilidade. Rev. Direito Econômico. Socioambiental, Curitiba,
v. 10, n. 1, p. 183-205, jan./abr. 2019
SOUZA, Ana. MORASSUTI, Claudio. DEUS, Warley. Poluição do ambiente por metais
pesados e utilizados de vegetais como Bioindicadores. Acta Biomedica Brasiliensia /
Volume 9/ nº 3/ dezembro de 2018.
65
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desenvolvimento da Sustentabilidade. Brazilian Journal of Development, v. 7, n. 2, 2021.
Disponível em: https://www.brazilianjournals.com/index.php/BRJD/
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ZORPAS, A.A.; LASARIDI, KATIA; POCIOVALISTEANU, D. M.; LOIZIA, P.
Monitoring and evaluation of prevention activities regarding household organics waste from
insular communities. Journal of Cleaner Production, v. 172, p. 3567-3577, 2018.
66
A SEGURANÇA ALIMENTAR COMO DIREITO HUMANO EM CONFRONTO
COM A TRANSGENIA DE ALIMENTOS
FOOD SAFETY AS A HUMAN RIGHT IN CONFRONTATION WITH FOOD
TRASGENITION
Resumo
O objetivo desta pesquisa foi o de analisar os alimentos transgênicos sob a perspectiva do
direito à alimentação, da biossegurança, e seus impactos e possíveis danos à natureza. A
metodologia utilizada foi descritivo e explicativo; quanto aos meios foi bibliográficas, e
quanto aos fins, qualitativa. Concluiu se que é necessário um estudo aprofundado sobre os
efeitos dos transgênicos a saúde da natureza física e humana, tal qual o direito da informação
nos alimentos em transgenia alimentar.
Abstract/Resumen/Résumé
The objective of this research was to analyze transgenic foods from the perspective of the
right to food, biosecurity, and their impacts and possible damage to nature. The methodology
used was descriptive and explanatory; as for the means, it was bibliographical, and as for the
ends, it was qualitative. It was concluded that an in-depth study is necessary on the effects of
transgenics on the health of physical and human nature, such as the right to information on
food in food transgenics.
1Pós-doutor em Direito Università degli Studi di Salermo/Itália e Escola Dom Helder Câmara/MG. Doutor em
Direito Ambiental - Universitè de Limoges/França. Professor da UFAM e da UEA. Professor Orientador
2Mestranda em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia pela Universidade Federal do
Amazonas; Licenciada em Pedagogia e especialista em Coordenação pedagógica pela Universidade Federal de
Rondônia (UNIR).
3Mestranda em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia - PPGCASA – Universidade Federal do
Amazonas (UFAM) Manaus – AM
67
1.Introdução
A transgenia alimentar é capaz de criar certas particularidades nos organismos
singulares melhorando relativamente os organismos originais, recorrendo à manipulação
genética, analisando características de um ou mais organismos que possivelmente não
aconteceria na natureza de uma forma tão ágil como a tecnologia aplica à modificação.
Porém, seus reflexos trazem ao meio ambiente, desgastes que não facilmente reparáveis.
O objetivo desta pesquisa é analisar a segurança alimentar como direito humano em
confronto com a transgenia de alimentos e da biossegurança, compreendendo os impactos
dessa tecnologia na vida humana e os direitos na singularidade e ou coletividade.
A dignidade do individuo esta atribuída em cada singularidade humana de forma
intrínseca e distintiva, demandando assim, uma enigmática complexidade de direitos e
deveres que são importantes e que garantem ao individuo condições mínimas para uma
eficácia salutavel de vida, arbitrário a todo e qualquer ato de caráter desonroso e atroz, do ato
que venham ser garantido a participação dinâmica e sensata nos desígnios próprios de sua
existência e da comunhão parcial com a sociedade em que se insere como ser humano.
A constitucionalização do Direito Civil, é campo norteador como o princípio da
dignidade da pessoa humana, que sendo deve ser perspicaz pelos direitos públicos e privado,
onde se aplicam no âmbito interindividuais de caráter civil, comercial e ao individuo em
relação ao poder público neste campo se promover a reposicionação da hombridade da pessoa
humana, norteando em contraposição para a semelhança de direitos, onde se considera que o
ser humano em confrontação à congênere em distinção ao próximo.
A problemática desta pesquisa é: de que forma se poderá oferecer alimentos
transgênicos com qualidade e assegurando a todos a alimentar?
A presente pesquisa científica se justifica perante a viabilidade desse processo na
sociedade onde a segurança alimentar é um direito a dignidade humana garantido na
Constituição Federal CF/88 que institui como fundamento do Estado e de sociedade a
dignidade da pessoa humana.
A Constituição federal de 1.988, em seu art. 5º, caput, garante que todo e qualquer
indivíduo sem distinção de cor, sexo, e ou credo religioso, têm perante a lei, direitos no que
garantem pela constituição, o direito ao consumidor final sob informações explicativas sobre
os produtos industrializados e comercializados, principalmente no trata este resumo estendido
sobre o processo de transgenia alimentar, permitindo ao cidadão a dignidade em escolha
múltipla em seu consumo, de forma à alimentar se seguramente e neste ato e consciente do
68
que se ingere como alimentos ofertados ao consumidor como apontam estes direitos a CF em
seu artigo 5º, o direito do cidadão individual e coletivo.
A pesquisa será realizada através do método dedutivo; quanto aos meios a pesquisa
será bibliográfica com uso da doutrina, legislação e jurisprudência; quanto aos meios a
pesquisa será qualitativa.
Objetivo
Analisar os alimentos transgênicos sob a perspectiva do direito à alimentação e da
biossegurança, visando seus impactos e possíveis danos à natureza humana, mediante as
tecnologias aplicáveis na transgenia alimentar.
Metodologia:
A metodologia utilizada nesta pesquisa será a do método dedutivo, sendo descritivo e
explicativo quanto aos meios; a pesquisa será bibliográfica e com caráter qualitativo com o
uso da legislação e da doutrina.
4.Desenvolvimento da pesquisa
Os alimentos transgênicos são os alimentos que tiveram em sua estrutura normal seu
gene modificado geneticamente em seu DNA. Os cientistas controlam essa alteração, estudam
de forma investigativa e eficaz para garantir que o produto que recebeu o gene seja
equivalente ao produto não modificado. De certa forma se estudam para eficácia da
solutividade que apresentam os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável - ODS.
No âmbito do organismo que recebeu um gene de outro organismo doador, acelera a
produção de alimentos, objetivando o desenvolvimento de novas plantas com potencial de
desenvolver resistência em sua nova genética contra doenças e pragas que podem chegar uma
alimentação “saudável” á mesa do consumidor. Para que tal se cumpra o designado pela
Organização das Nações Unidas - ONU e do cumprimento das (ODS) da Agenda de 2030,
fome zero e desenvolvimento sustentável, propõem acabar com a fome, prevalência da
subalimentação de insegurança alimentar.
Diante deste contexto, a segurança alimentar faz parte da intencionalidade das ações
globais que pulguinem a fome e favoreçam o desenvolvimento eficaz de uma agricultura
salutar e sustentável, com o intuito de uma alimentação segura e adequada não referenciada
apenas a quantidade, mas atribuída a qualidade e de acordo com as necessidades singulares da
69
humanidade, nos aspectos sociais, culturais e biológicas. No entanto pozzetti e Zambrano
(2020, p. 209) explicam que:
[..] os alimentos são a fonte da vida: sem uma alimentação saudável não se pode ter
vida digna, não se pode ter meio ambiente com qualidade. Dessa forma, a
alimentação destaca-se como direito fundamental de todo ser humano, não podendo
jamais ser considerada uma mercadoria, devendo ser tratada de forma diversa.
Para tal, o direito alimentar e as suas evidentes garantias sociais à humanidade, leva nos
ao entendimento que a alimentação saudável, vai para além do conhecimento social de suas
originidades e não apenas da erradicação da fome mundial, leva se em consideração fatores que
alimentação transgênica desfavorecem em pequenas informações que podem ficarem evidentes
nos rótulos ao consumidor final. Pois:
A alimentação adequada e saudável é um direito humano básico que envolve a
garantia ao acesso permanente e regular, de forma socialmente justa, [...] acessível
do ponto de vista físico e financeiro; harmônica em quantidade e qualidade,
atendendo aos princípios da variedade, equilíbrio, moderação e prazer; e baseada em
práticas produtivas adequadas e sustentáveis. (BRASIL,2014)
70
centrados na agricultura familiar, em técnicas tradicionais e eficazes de cultivo e
manejo do solo, no uso intenso de mão de obra, no cultivo consorciado
de vários alimentos combinado à criação de animais, no processamento
mínimo dos alimentos realizado pelos próprios [...]. Esses sistemas
dependem de grandes extensões de terra, do uso intenso de mecanização, do alto
consumo de água e de combustíveis, do emprego de fertilizantes químicos,
sementes transgênicas, agrotóxicos e antibióticos e, ainda, do transporte por
longas distâncias (BRASIL, 2014).
71
Em detrimento do direito a alimentação saudável está entrelaçada a sustentabilidade
quando se refere ao equilíbrio das elevações climáticas em desfavorecimento ao
desenvolvimento sustentável quando é inserido na natureza orgânicos que desfavorecem á
natureza. É importante destacar o posicionamento de Pozzetti, Ferreira e Silva (2020, p. 352):
O Desenvolvimento sustentável é aquele que permite uma integração homem X
natureza, de modo a possibilitar um crescimento em qualidade e não crescimento em
quantidade; logo, esse conceito envolve um crescimento que assegure bem estar e
qualidade de vida a todos os seres que habitam o planeta, sejam eles do reino
mineral, vegetal animal e hominal. Só ocorrerá desenvolvimento sustentável se o ser
humano respeitar todas as espécies planetária, pois ele não conseguirá viver sem
elas. A ausência de uma dessas espécies fará com que haja desequilíbrio, ameaçando
o Desenvolvimento Sustentável.
72
Referências
AGENDA 2030 - ODS-Metas Nacionais dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Disponível em:
https://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=33895&Ite
mid=433. Acesso em: 09 mai. 2022..
Gil, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Atlas. 2002.
73
OS IMPACTOS DOS ALIMENTOS TRANSGÊNICOS NO TURISMO
GASTRONÔMICO
THE IMPACTS OF TRANSGENIC FOODS ON FOOD TOURISM
Resumo
O objetivo desta pesquisa foi o de analisar quais os impactos da utilização de alimentos
transgênicos para o segmento do turismo gastronômico. A metodologia utilizada foi a do
método dedutivo; quantos aos meios da pesquisa, foi utilizada a pesquisa bibliográfica,
buscando na literatura autores que dialogavam com a temática proposta. Com relação aos
fins, a pesquisa possui caráter qualitativo. Como conclusão, compreende-se que os alimentos
transgênicos podem comprometer o turismo gastronômico, seja na experiência turística, com
reações alérgicas e outros problemas na saúde humana, como também na escassez de
produtos reginais, como espécies de animais, plantas, entre outros.
Abstract/Resumen/Résumé
The objective of this research was to analyze the impacts of the use of transgenic foods for
the gastronomic tourism segment. Methodology used was the deductive method; as for the
means of research, bibliographic research was used, searching in the literature for authors
who dialogued with the proposed theme. Regarding the purposes, the research has a
qualitative character. In conclusion, it is understood that transgenic foods can compromise
gastronomic tourism, whether in the tourist experience, with allergic reactions and other
problems in human health, well as in the scarcity of regional products, such as species of
animals, plants, among others.
1Pós-doutor em Direito (Università degli Studi di Salermo/Itália e pela Escola Dom Helder Câmara/MG).
Doutor em Direito Ambiental - Universitè de Limoges/França. Professor da UFAM e da UEA. Professor
Orientador.
2Doutoranda pela Universidade Federal do Amazonas. Programa de Pós-graduação em Ciências do Ambiente e
Sustentabilidade na Amazônia.
3Assistente social, bacharel em Serviço Social pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), mestranda
pelo Programa de Pós-graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade do Amazonas (PPGCASA
/UFAM).
74
INTRODUÇÃO
1
75
possível contemplar o aporte teórico necessário para a concretização da pesquisa. Assim, a
pesquisa possuirá caráter qualitativo.
OBJETIVO
METODOLOGIA
A presente pesquisa utilizará o método dedutivo como forma de análise para as
contribuições dos diferentes autores a dialogar sobre a transgenia dos alimentos e os impactos
no turismo gastronômico. Para alcançar tal objetivo, será utilizado como meios a pesquisa
bibliográfica, onde será possível através do acesso aos bancos de dados digitais de publicações
cientificas, contemplar o aporte teórico necessário para o desenvolvimento dessa pesquisa.
Portanto, esta pesquisa terá uma abordagem qualitativa.
A discussão entorno dos alimentos transgênicos são intensas, entre reações alérgicas,
ineficácia dos antibióticos, até doenças infecciosas. Segundo os autores Lopes e Filho (2021, p.
09):
Um dos principais entraves no estímulo à produção de alimentos com a
utilização da biotecnologia é a avaliação de risco que alcança a saúde humana,
com o aparecimento de alergias e no impacto ao meio ambiente, poluição
genética, surgimento de novas pragas e danos as espécies circundantes.
4
78
a experiência no turismo gastronômico, por comprometer a qualidade dos alimentos, afetando
sua existência e comprometendo a saúde humana.
CONCLUSÃO
A problemática que motivou essa pesquisa foi a de identificar quais os impactos da
utilização de alimentos transgênicos para o segmento do turismo gastronômico. Desse modo, o
objetivo dessa pesquisa foi cumprido, visto que, a partir do aporte teórico foi possível levantar
um diálogo que contribuirá possivelmente para um pensamento mais crítico acerca da temática.
Cabe destacar, que a temática dos alimentos transgênicos no turismo gastronômico, ainda é
recente, justificando assim, poucos autores que dialogam sobre o termo.
Contudo, o uso de alimentos transgênicos gera muitas discussões em seu entorno,
principalmente no meio acadêmico. O uso desses alimentos está associado com várias doenças,
entre elas depressão, câncer e até problemas alérgicos.
No turismo gastronômico, o alimento é a principal motivação dos visitantes. É através
deles que os turistas terão contato com a cultura local, hábitos e costumes, um verdadeiro
intercâmbio cultural. Porém, assim como nos supermercados, os consumidores também devem
estar atentos para o que está sendo servido à mesa. Saber de onde vêm os alimentos é
fundamental, saber a forma de cultivo também contribui nesse processo.
Os Chefes de cozinhas possuem um papel fundamental nesse processo, são eles que
vão determinar quais produtos vão ser utilizados, assim, contribuindo com informações sobre
os alimentos. Eles também podem ajudar na economia local, utilizando produtos de agricultores
rurais que não utilizem sementes geneticamente modificadas, assim garantindo a qualidade dos
seus alimentos servidos.
A experiência gastronômica vem sendo ampliada nos últimos anos, novos valores
estão sendo agregados a ela. Todo o processo desde a forma do plantio, assim como a do
preparo, a forma de servir e como serão descartados os seus resíduos orgânicos, fazem parte
desse processo.
Essa nova visão está atrelada a valores da sustentabilidade, sendo fundamentais para
assegurarem a existência dos alimentos de forma segura, evitando o comprometimento da
experiência turística, seja por alimentos geneticamente modificados, utilizados na elaboração
das comidas, e que não foram informados aos consumidores, seja por alimentos geneticamente
modificados que comprometem o solo dos plantios e assim a existência de outras plantas.
5
79
Desse modo, os impactos dos alimentos transgênicos na gastronomia perpassam as
comidas servidas à mesa, pois além de comprometer a experiência turística negativamente,
causando problemas de saúde nos consumidores, devido à falta de informação sobre a utilização
de alimentos geneticamente modificados, pode também comprometer a existência de plantas,
animais, entre outros, que compõem os pratos gastronômicos e fazem parte dos alimentos
reginais da localidade.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, J. C. D.; MERCADANTE, M. PRODUTOS TRANSGÊNICOS NA AGRICULTURA.
[S.l.]: Biblioteca Digital Câmara, 1999. Disponivel em:
<https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/24543/21379>. Acesso em: 05 maio 2022.
6
80
O ESPECISMO NOS TESTES EXPERIMENTAIS EM ANIMAIS: O DIREITO
ANIMAL EM QUESTÃO
SPECIESISM IN EXPERIMENTAL TESTS ON ANIMALS: ANIMALS RIGHTS
UNDER QUESTION
Resumo
Essa pesquisa discorre acerca das causas e efeitos dos testes feitos pelas indústrias aos
animais sob o direito destes, a habituação à relação hierárquica que subjuga a necessidade do
animal às necessidades humanas e o viés capitalista. No tocante ao tipo de investigação,
utilizar-se-á vertente metodológica jurídico-social. Ao tipo genérico de pesquisa, foi
escolhido o tipo jurídico-interpretativo. O raciocínio desenvolvido na pesquisa foi
predominantemente hipotético-dedutivo e quanto ao gênero de pesquisa, foi adotada a
pesquisa teórica. Conclui-se então, que o homem não considera-os como seres atribuídos de
moral.
Abstract/Resumen/Résumé
This research discusses the causes and effects of the tests done by industries to animal under
their rights, the habituation to the hierarchical relationship that subdues the need of the
animal to human needs and the capitalistic bias. Regarding the type of investigation a legal-
social methodological aspect will be used. For the generic type of research, the legal-
interpretative type was chosen. The reasoning developed in the research was predominantly
hypothetical-deductive and as for the type of research, theoretical research was adopted. It is
concluded, then, that men does not consider them as morally assigned beings.
81
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O presente trabalho discorre acerca das causas e efeitos dos testes feitos pela indústria
de cosméticos e medicamentos aos animais percorrendo a ótica do direito destes. Muitos dos
produtos de higiene, beleza e remédios que são consumidos normalmente, são testados em
animais fora do conhecimento do consumidor. Nesse viés, de acordo com a Declaração
Universal dos Direitos Animais, estabelecido pela UNESCO em 1978, todos os animais
possuem direito inalienável que lhes garante respeito e dignidade. Entretanto, a sociedade se
habituou à relação hierárquica que subjuga a necessidade do animal ás necessidades humanas.
Dessa forma, a mentalidade que prega a superioridade humana em relação aos bichos nubla o
sentimento de empatia por meio de uma perspectiva objetificada dos seres, que no contexto
capitalista visa a produção. Assim, a indústria de cosméticos utiliza dos animais visando o lucro
da empresa em detrimento do direito destes, partindo do pressuposto que as vidas humanas são
mais importantes que a dos animais.
Como um exemplo dessa prática, os laboratórios Royal, que eram estabelecidos em São
Paulo, foram denunciados por ONGs protetoras e resgataram mais de cem cachorros da raça
beagle que estavam sendo usados para testes farmacêuticos. É de suma importância que seja
feita a análise dos motivos para esse abuso e o desrespeito a esses seres na sociedade atual,
considerando a influência de concepções capitalistas e antropocêntricas que por meio das
tecnologias empregadas na indústria de cosméticos, utiliza de animais para testar os produtos
que terão os seres humanos como destino de consumo. Os animais, nessa perspectiva, são meros
objetos que vivem para servir e enriquecer o homem diante de um contexto capitalista.
A partir das reflexões preliminares sobre o tema, é possível afirmar inicialmente que o
homem subjuga o direito dos animais e o desqualifica em função da apropriação do seu trabalho
produtivo. O especismo é baseado em uma hierarquia que, a partir da concepção do homem do
animal como um ser inanimado, subordina estes aos seus fins próprios e não os trata como
sujeito de direito. Nesse viés, torna-se possível concluir que a superexploração a qual estes seres
são submetidos, é fruto do pensamento antropocêntrico e tais crueldades ocorrem à frente das
pessoas sem que tenham a consciência pura do outro ser vivo como atores morais.
A pesquisa que se propõe, na classificação de Gustin, Dias e Nicácio (2020), pertence
à vertente metodológica jurídico-social. No tocante ao tipo genérico de pesquisa, foi escolhido
o tipo jurídico-interpretativo. O raciocínio desenvolvido na pesquisa foi predominantemente
dialético e quanto ao gênero de pesquisa, foi adotada a pesquisa teórica.
82
2. O CONCEITO DE ESPECISMO E SUA APLICAÇÃO HISTÓRICA
A teoria conceitual proposta pelo autor procura demonstrar que a tirania que os seres
humanos exercem em vista de outros que acreditam ser inferiores é uma prática antiga e que
perdura perante as minorias as quais sofrem e somente obtiveram sua liberdade após a luta e a
resistência contra a dominação e a oposição à discriminação. O autor acredita que da mesma
forma que houve a desconstrução -ainda que lenta e gradual- do racismo e do sexismo, que
eram duas ideologias intrínsecas a conjuntura social, deverá acontecer com o especismo diante
dos animais. A partir de uma comparação bem elaborada e fundamentada nas ideias de Jeremy
Bentham, outro defensor da causa animal, Peter Singer discorre que a capacidade de sofrimento
de um ser vivo é o que designa o direito de consideração destes.
Dessa maneira, o autor constata que os humanos têm o dever de corresponder aos
direitos dos animais como entes que conferem respeito aos outros seres vivos.
Diante disso, é curioso o modo como é realizado o tratamento dos animais no mundo
hodierno. Há culturas, como a indiana, que considera alguns animais como sagrados para eles.
Entretanto, ao tratar sobre a generalidade, é importante destacar que os animais, sem distinção
de espécie, são utilizados como forma de obtenção de lucro e conforto para os seres humanos
em diversas localidades, como por exemplo na China, que animais comumente domesticados
no ocidente como os cachorros servem de alimento. São muitas as formas de abuso e dominação
83
que os seres humanos exercem aos animais e há alguns anos essa relação tem sido objeto de
estudo de muitos cientistas sociais como Peter Singer (1946). O tratamento dado a esses seres
é revelador e característico de uma postura antiética e baseada em preceitos de superioridade e
servidão.
Historicamente, a relação homem-animal foi se alterando conforme o cenário mundial.
Mesmo que alguns hábitos antigos perdurassem durante séculos, como o uso do cavalo como
meio de locomoção, é possível observar que após um tempo tais medidas de uso dos bichos
foram sendo substituídas por outras à frente da tecnologia como é o caso do uso de animais para
fins de produção e lucro. Nesse perspectiva, faz-se possível a analogia dessa prática com o
princípio do materializar histórico desenvolvido por Karl Marx. O sociólogo teoriza a relação
material estabelecida socialmente por meio do processo dialético da luta de classes, que nesse
caso, configura a relação homem-animal como dominante e dominado partindo do panorama
econômico dos vínculos sociais.
Uma coporação multinacional como a Procter & Gamble (P&G) que poderia e teria
capital para fazer o uso de cultura de células, simuladores e modelos matemáticos no lugar dos
testes nos animais, conforme os cientistas William M. Russel (1925) e Rex L. Burch (1926)
dissertaram em sua publicação “The Principles of humane experimental technique” (1959),
utilizam dos animais como cobaias sem considerar outras formas de realização destes testes. A
partir do processo de globalização, a disponibilidade da tecnologia se expandiu e empresas com
grande poder aquisitivo como é o caso da supracitada, poderia viabilizar o uso da inteligência
artificial visando não somente o direito dos animais, mas também a sustentabilidade ambiental
e a maior efetividade no resultado dos testes.
Já previamente constatado que os bichos são seres atribuídos de inteligência e
sentimentos, no que diz respeito à justificativa de animais não serem indivíduos morais, este é
um argumento atualmente desconstruído por filósofos como Peter Singer que vão trazer a
análise baseada em pesquisas científicas que provam a ineficácia desse argumento que acaba
por visar somente o benefício do homem. Ainda que haja características distintivas entre
homem e animal, como por exemplo a baixa quantidade de corpos neuronais na área do córtex
cerebral em comparação com o cérebro humano, é inegável que estes sentem dor e possuem
certa compreensão e afeto quanto ao comportamento humano que lhes é dirigido. Animais
84
sentem o abandono, sentem a agressão e sentem a rejeição das pessoas, isso é exemplificado
pelos gritos dos porcos quando vão em direção ao abate ou pelo choro dos cachorros que vagam
pelas ruas a procura de abrigo e comida.
Eles compartilham de muitas características humanas, mas a principal entre elas é o
fator da vida. Muitas constituições que incorporam os direitos humanos têm como um dos
direitos fundamentais inalienáveis o direito à vida. Entretanto, esse direito corresponde somente
aos seres humanos e muitas vezes é inaplicável, na concepção do homem, a outros seres dotados
de vida. Diante dessa concepção, o Promotor de Justiça de São José dos Campos, Laerte
Fernando Levai preleciona que:
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por conseguinte, foi a partir das teorias expostas que muitos estudos foram desenvolvidos com base
num simples questionamento: “Por que os animais devem ser submetidos aos desejos dos humanos,
85
se estes são seres livres por natureza?”. Essa ainda é uma questão muito discutida no meio científico
e principalmente no que se diz respeito aos meios agrônomo e industrial. Essas, citadas anteriormente,
são as principais instituições que inserem os animais num processo mercadológico e lucrativo. O
âmbito industrial é o objeto principal de análise na presente pesquisa. Não há muito que começaram
os protestos ante o uso dos animais para testes industriais. O caso de libertação de cães-teste do
laboratório Royal em São Paulo, foi a abertura no Brasil para o combate dessas práticas. Ao passo que
a informação sobre o caso foi disseminada, o fato causou muita indignação e revolta além de ter
mobilizado as redes sociais com movimentos que procuravam influenciar as grandes empresas a
adotar o movimento Cruelty-free (sem crueldade) nos seus produtos.
Assim como aconteceu no Brasil, o movimento supracitado foi implantado em muitos
países ao redor do globo. Houve o boicote à muitas marcas grandes e famosas no ramo de
cosméticos que utilizavam coelhos e macacos para testar a eficácia dos produtos que estavam
sendo desenvolvidos. A PETA (People for the Ethical treatment of animals), Organização não-
governamental que promove a proteção e regulamentação do tratamento concebido aos animais,
foi a instituição que fundamentou o selo Cruelty-free e possui uma lista de mais de cinco mil
empresas que possuem ou não tal selo para que os consumidores possam conferir.
Dessa forma, diante do exposto, torna-se impossível ignorar os estudos e até mesmo o
sentimento que se tem à frente de um animal ao imaginar o sofrimento e a dor a qual eles são
postos. É possível fazer uma analogia com a escravidão humana, que são acontecimentos
distintos, mas que seguem do mesmo valor de servidão e submissão a outro ser que tem uma
concepção relativa de superioridade à outras formas de vida. A inferioridade relacionada a cor
de pele diante de um mesmo ser humano expõe que nem mesmo perante outro ser da mesma
espécie, o homem foi capaz de exercer uma postura ética e com um viés -no mínimo dizendo-
social e empático. Não há razões para que se escravize outro individuo, sendo este da mesma
espécie ou pertencente a uma espécie distinta. Todas as formas de agir devem partir do mesmo
pressuposto: o ético.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GUSTIN, Miracy Barbosa de Sousa; DIAS, Maria Tereza Fonseca; NICÁCIO, Camila Silva.
(Re)pensando a pesquisa jurídica: teoria e prática. 5ª. ed. São Paulo: Almedina, 2020.
86
LEVAI, Laerte Fernando. Os animais sob a visão da ética. 2010. Disponível em:
http://www.mp.go.gov.br/portalweb/hp/9/docs/os__animais__sob__a__visao__da__etica.pdf
Acesso em: 24 maio 2022.
MARX, Karl. O capital. 1ª. Ed. Editora Veneta. São Paulo, 2014.
REIS, Émilien Vilas Boas; NAVES, Bruno Torquato de Oliveira. Bioética Ambiental. 3a
Edição. Editora Lumen Juris. Rio de Janeiro, 2022.
SINGER, Peter. Libertação Animal. 1ª.ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010.
VERGARA, Rodrigo. Temos esse direito?: A fronteira tênue entre ciência e crueldade
na rotina dos laboratórios. 2ª. ed. São Paulo: Editora Abril, 2013. E-book.
87
A VIOLAÇÃO DOS DIREITOS DOS ANIMAIS NA AGROPECUÁRIA BRASILEIRA
THE VIOLATION OF ANIMALS RIGHTS IN BRAZILIAN AGRICULTURE
Resumo
Essa pesquisa visa analisar o abuso perpetuado aos animais não humanos no meio da
agropecuária, a partir da Declaração Universal dos Direitos dos Animais. A investigação se
demonstra de extrema relevância diante da enorme prevalência de sofrimento vivenciado por
tais animais, que são contemporaneamente afastados da condição de animalidade, tornando-
se no atual contexto um objeto a serem explorados para a satisfação do ser humano
Abstract/Resumen/Résumé
This research aims to analyze the perpetuated abuse that non-human animals face in
agriculture, based on the Universal Declaration of Animal Rights. This investigation proves
to be extremely relevant in view of the enormous prevalence of suffering experienced by
such animals, which are contemporaneously removed from their condition of animality,
becoming in the current context an object to be exploited for the satisfaction of human beings.
88
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Essa pesquisa visa analisar o abuso perpetuado aos animais não humanos no meio da
agropecuária, a partir da Declaração Universal dos Direitos dos Animais. A investigação
se demonstra de extrema relevância diante da enorme prevalência de sofrimento
vivenciado por tais animais, que são contemporaneamente afastados da condição de
animalidade, tornando-se no atual contexto um objeto a serem explorados para a
satisfação do ser humano. Desse modo, o objetivo desse trabalho é compreender o
demasiado aproveitamento cruel ministrado por parte substancial da sociedade aos
animais não humanos caracteriza-se como a maior violação dos direitos naturais do
mundo moderno. Considera-se a legitimidade desse sistema de exploração como
contraditório aos ideais de liberdade e bem-estar proferidos pela maioria de governos do
ocidente.
Da mesma forma, faz-se necessário aplicar esses fatos na área do direito, destacando
que os direitos dos animais não humanos consistem em princípios morais fundamentados
na crença de que animais não humanos merecem a capacidade de viver da forma que
desejarem, sem serem submetidos a vontade dos seres humanos. Assim, o maior valor
moral dos direitos dos animais não humanos está na preservação da autonomia desses
indivíduos. Dessa forma, a exploração animal na agricultura leve a sistemática
deterioração da saúde mental e integridade física de animais não humanos sujeitos a tais
opressões. Sendo assim, compreender a validade dessa prática com relação aos direitos
naturais que todos os seres vivos possuem é essencial para a eliminar esse tipo de
opressão.
Ademais, é necessário destacar que, para o filósofo Tom Regan em sua obra `` The
Case for Animals Rights (1983) ´´, no qual o autor argumenta que os animais não
humanos têm direitos morais porque são “sujeitos com vida", e que esses direitos aderem
a eles supremamente, sejam eles reconhecidos ou não pela parametros legais. Esse
posicionameto de Regan é kantiana, ou seja, adere a filosofia de que todos os sujeitos
com vida possuem valor inerente e devem ser tratados como fins em si mesmos, nunca
como meios para um fim. Nesse viés, o filósofo conclui que a exploração animal na
sociedade moderna não é justificável, devido ao fato de que as indústrias de animais veem
os animais como um meio para um fim por razões triviais - a carne não é necessária para
a saúde, a maioria dos casos de testes em animais são para produtos de consumo
89
desnecessários e a caça é igualmente desnecessária a sobrevivência humana. Desse modo,
portanto, o autor defende a abolição da exploração de animais para alimentação, testes
em animais e caça comercial na base de sua irrelevância a continuação da espécie humana.
Durante toda história da espécie humana, a busca por uma alimentação capaz de
fornecer a nutrição necessária para a continuação da vida se demonstra como o principal
objetivo por todos os indivíduos, seja essa uma sociedade de caçadores-coletores ou a
sociedade contemporânea. Todos os organismos vivos no planeta terra participam
diretamente na cadeia alimentar, dessa forma, a humanidade detém a necessidade de
competir continuamente por recursos alimentícios com todas as outras espécies presentes
no ecossistema.
90
existência humana a capacidade de desenvolver uma sociedade mais complexa, um
grande marco na evolução da cultura humana.
Uma vez que essas sociedades foram estabelecidas, esse modo de agropecuária
reduziu os perigos relacionados a natureza transitória e escassez de comida prolongada,
permitindo assim maior tempo para outras atividades não relacionadas a sobrevivência.
As relações humano-animal progrediram através de uma série de estágios antagônicos
parasitismos e exploratórias.
No que se concerne a esse esclarecimento, o autor Yuval Noah Harari afirmar que:
91
fornecer aos animais não humanos o essencial para a sobrevivência e ganho de condições
para o abate e produção de leite ou ovos para consumo por seres humanos, em razão da
necessidade constante de aprovisionamentos como comida, água e abrigo. A agropecuária
industrial mundial consiste primordialmente de técnicas que buscam manter os animais
vivos e produzir seus produtos pelo menor custo possível, utilizando de medidas de
redução de orçamento como gaiolas menores e confinamento em espaços extremamente
ínfimo.
Dessa forma, fica explícito a importância dos direitos dos animais não humanas para
a constituição de uma sociedade mais justa. Dessa maneira, é relevante citar o Peter Albert
David Singer, Ph.D. pelo Departamento de Filosofia e Teologia pela Universidade de Oxford
(Inglaterra) que introduziu no mundo o paradigma da libertação animal, cuja problemática
elaborou em diversos trabalhos. Uma de suas assertivas, presente no livro “Libertação Animal”,
estabelece que:
"Libertação Animal" pode soar mais como paródia dos outros movimentos de
libertação do que como um objetivo sério. Na realidade, a idéia de "Os
Direitos dos Animais" foi usada outrora para parodiar a causa dos direitos das
mulheres. Quando Mary Wollstonecraft, uma precursora das feministas
atuais, publicou a sua Vindication of the Rights of Woman, em 1792, as suas
opiniões eram de um modo geral consideradas absurdas, e surgiu logo a
seguir uma publicação intitulada A Vindication of the Rights of Brutes. O autor
desta obra satírica (que se sabe agora ter sido Thomas Taylor, um distinto
filósofo de Cambridge) tentou refutar os argumentos avançados por Mary
92
Wollstonecraft demonstrando que eles poderiam ser levados um pouco mais
longe. Se o argumento da igualdade se podia aplicar seriamente às mulheres,
por que não aplicá-lo aos cães, gatos e cavalos? O raciocínio parecia poder
aplicar-se igualmente em relação a estas "bestas"; no entanto, afirmar que as
bestas tinham direitos era manifestamente absurdo. Por conseguinte, o
raciocínio através do qual se alcançara esta conclusão tinha de ser incorreto,
e se estava incorreto quando aplicado às bestas, também o estaria quando
aplicado às mulheres, uma vez que em ambos os casos haviam sido utilizados
os mesmos argumentos. (SINGER,1975)
A tese do autor acerca da luta pelos direitos dos animais, é essencial para a compreensão
sobre quais fundamentos teórico-metodológicos poderão ser utilizados ser pautados para a
reivindicação sobre os direitos dos animais não humanos. É sustentado pelo autor, conforme a
assertiva, a base histórica que da legitimidade a luta por direitos daqueles de outra espécie.
Dessa forma, a questão da não existência de direitos naturais por animais não humanos poderá
ser refutada.
Além disso, a concepção de Melanie Joy, Doutora em Psicologia, pela Universidade Harvard,
que tem como a área de atuação principal a violência contra os animais não humanos, com
várias obras sobre o assunto é relevante para análise da problemática. Na produção "Por Que
Amamos Cachorros, Comemos Porcos e Vestimos Vacas: Uma Introdução Ao Carnismo", a
autora faz uma análise mentalidade contemporânea do por que a sociedade atual está tão
disposta a comer certos animais enquanto jamais cogitaria em comer outros.
Uma razão para termos percepções tão diversas de carne bovina e carne de
cachorro é porque vemos vacas e cachorros de modo muito diferente. O
contato mais frequente – e muitas vezes o único – que temos com vacas ocorre
quando as comemos (ou as usamos). Mas para um grande número de
americanos, nossa relação com cachorros não é, sob muitos aspectos, assim tão
diferente de nossa relação com as pessoas: nós os chamamos pelo nome.
Dizemos até logo quando saímos e os cumprimentamos na volta.
Compartilhamos nossa cama com eles. Brincamos com eles. Compramos
presentes para dar a eles. Carregamos suas fotos na carteira. Levamos ao
veterinário quando estão doentes e podemos gastar milhares de dólares com o
tratamento. Nós os enterramos quando morrem. Eles nos fazem rir; nos fazem
chorar. São nossos ajudantes, nossos amigos, nossa família. Nós os amamos.
Amamos os cães e comemos as vacas não porque cães e vacas sejam
fundamentalmente diferentes – assim como os cães, as vacas têm sentimentos,
preferências e consciência –, mas porque a percepção que temos deles é
diferente. E, consequentemente, a percepção que temos de sua carne também
é diferente.
Além de nossas percepções de carne variar de acordo com a espécie de
animal de que ela provém, diferentes seres humanos podem encarar a mesma
carne de modo distinto. Por exemplo, um hindu pode reagir à carne de vaca da
mesma maneira que um cristão americano reagiria à carne de cachorro. Essas
93
variações em nossas percepções se devem a nosso esquema. Um esquema é
uma estrutura psicológica que dá forma a – e é formada por – nossas crenças,
ideias, percepções, experiências, e que organiza e interpreta automaticamente
a informação que recebemos. Por exemplo, ao ouvir a palavra “enfermagem”
provavelmente imaginamos uma mulher de uniforme branco e que trabalha
num hospital. Embora muitos profissionais de enfermagem sejam homens, não
usem o uniforme tradicional ou trabalhem fora de um hospital, nosso esquema,
a não ser que estejamos em contato frequente com enfermeiros, homens e
mulheres, em ambientes variados, conservará essa imagem generalizante. As
generalizações vêm do fato de os esquemas fazerem o que se espera que façam:
classificar e interpretar a enorme quantidade de estímulos a que estamos
continuamente expostos e depois distribuí-los em categorias gerais. Os
esquemas agem como sistemas de classificação mental. (JOY,2009)
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
94
Assim sendo, a esmagadora maioria dos alimentos derivados de animais vendidos
no Brasil atualmente – incluindo carne, ovos, leite e queijo – é advindo de fazendas
industrializadas de grande escala conhecidas como “Fazendas Indústriais”. Nessas
“fazendas-indústrias”, os animais são concentrados no menor espaço possível para
maximizar a produção e o lucro, mesmo que isso faça com que muitos morram de doenças
ou infecções antes de serem enviados para o matadouro. Animais em fazendas orgânicas
e “criadas ao ar livre” geralmente sofrem com igual tratamento cruel que os de outras
fazendas. Ao final de suas vidas miseráveis, esses animais são normalmente enviados em
caminhões para os mesmos matadouros usados por grandes fazendas industriais.
Portanto, entende-se que deve haver açãos busca previnir a continuação da exploração
animal no meio da agropecuária. Isso deve ser feito pela completa eliminação da
comodificação de animais não humanos no sistema econômico vigente. Portanto, a
proliferaçaõ de pensamentos filosoficos como o veganismo, que busca a libertação animal
da exploração humana, deve ser a base de uma sociedade onde todos são livres para seguir
sua natureza.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HARARI, Yuval Noah. Sapiens: Uma breve história da humanidade. Porto Alegre:
L&PM Editores S. A., 2018
JOY, Melanie. Por que amamos cachorros, comemos porcos e vestimos vacas: uma
introdução ao carnismo: o sistema de crenças que nos faz comer alguns animais e outros
não. São Paulo: Cultrix, 2014.
REGAN, T. The case for animal rights. Los Angeles: University of California Press,
2004.
SINGER, Peter. Libertação animal. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2010.
95
A VIOLAÇÃO DOS DIREITOS DOS ANIMAIS: MEDIDAS PARA COMBATER O
ABANDONO
THE VIOLATION OF ANIMAL RIGHTS: MEASURES TO COMBAT
ABANDONMENT
Resumo
A pesquisa a seguir abordará a questão de abandono de animais no Brasil e apresentará
algumas possibilidades para combater essa problemática. Contudo, a pesquisa pertence à
vertente metodológica jurídico-sociológico, em relação ao tipo genérico de pesquisa foi o
tipo jurídico- comparativo, e o raciocínio desenvolvimento foram predominante dialético.
Nesse sentido, a partir de reflexões preliminares, é possível afirmar que os números de
abandono de animais vão cair bastante com a medida adotada, devido ao fato de que com o
uso de tecnologias de implantação de chips em animais facilita encontrar quando sumirem ou
serem abandonados.
Abstract/Resumen/Résumé
The following research will address issue of animal abandonment in Brazil and will present
some possibilities to combat this problem. However, the research belongs to the legal-
sociological methodological aspect, in relation to generic type of research it was the legal-
comparative type, and the development reasoning were predominantly dialectical. In this
sense, from preliminary reflections, it is possible to affirm that the numbers of abandonment
of animals will fall significantly with the adopted measure, due to the fact that with the use of
technologies to implant chips in animals, it is easier to find when they disappear or be
abandoned. .
96
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
97
2. O SURGIMENTO E A EVOLUÇÃO DAS TECNOLOGIAS PARA
COMBATER O ABANDONO DE ANIMAIS DOMÉSTICOS
Outrossim, a escolha de deixar um animal, antes doméstico, nas ruas, gera extremo
sofrimento e afeta o bem-estar e a saúde do animal. A vida nas ruas é bastante complicada,
por causa da fome, desamparo, sede, estresse, medo e angustia e isso pode fazer com que
a imunidade destes animais caia originando em doenças. Dessa forma, um animal não
deveria viver dessa maneira, pois eles têm o direito de uma vida digna e segura. Além
disso, o número crescente de animais na rua pode aumentar as doenças. De acordo com a
Zoonoses (2012), o abandono de animal doméstico pode gerar algumas doenças devido
ao fato de que os pets ficam bastantes descuidados e as ruas causam doenças no animal
possivelmente contagiosas a população. Assim, vale ressaltar que o abandono de animais
também é um problema de saúde pública, ou seja não só os animais são afetados com esse
problema como a população como um todo.
98
Contudo, com o retorno positivo dos países europeus o Brasil está pensando em adotar
essas medidas preventivas para a diminuição de animais em situação de rua. Segundo o
site da Câmara dos Deputados, a deputada Jessica Sales propôs um projeto de lei que
obriga a implantação de chips em animais para fins de identificação em clinicas
veterinárias e pets shops. Dessa forma, a aprovação seria algo bastante importante para
que haja essa redução no país, pois ficaria mais fácil para identificar a pessoa que
abandonou o cão para haver uma sanção a ele. Entretanto, o projeto de lei está em um
processo de aprovação e devido à demora o projeto não foi colocado em prática.
No Brasil atual, os animais domésticos são muito negligenciado pela sociedade e pelo
Estado devido à falta de conscientização com a questão de abandono de animais e
medidas para a diminuição desse problema. De acordo com o G1 (2022), “Denúncias de
maus-tratos contra animais cresceram 15,60% em 2021, no estado de São Paulo. De janeiro a
novembro de 2021 foram 16.042 denúncias e, no mesmo período de 2020, 13.887” (G1, 2022).
Assim sendo, é notório que mesmo com o aumento de denúncias ainda é muito pouco se
comparado com o número de abandono no país.
Nesse sentido, pode-se perceber que os animais estão sendo tratados pela legislação
brasileira com patrimônios, ou seja, os animais são considerados coisas, objetos de
relação patrimonial (Bizawu, 2017, p.66).
99
Seguidamente, os modelos legislativos europeus, principalmente os da Suíça,
Alemanha, Austrália e França, se diferem bastante do legislativo brasileiro devido ao fato
de que os direitos dos animais são bastante respeitados e asseguram uma maior proteção
a eles. Segundo o código civil da França (1804), “Os animais são seres vivos dotados de
sensibilidade. Sujeitos a leis que os protegem, os animais são a submetidos ao regime de
bens” (FRANÇA, CODE CIVIL, 1804, tradução nossa). Desse modo, é perceptível que
nesses países os animais são mais valorizados para os animais e por isso o abandono de
animais é bem menor e eles estão mais seguros.
Ademais, os outros países tiveram uma primeira percepção que havia uma
displicência com os animais domésticos e procuraram criar leis em que o animal seja mais
valorizado e protegido pela a sociedade e pelo país, como dito em:
Todavia, a autora mostra que os países europeus estão bem à frente do Brasil na
questão de proteção dos animais devido ao fato de que esses países tiveram primeiro a
percepção que os animais deve viver bem com uma maior segurança e não residir nas
ruas. Dessa forma, fica evidente de que o Brasil ainda tem um déficit na sua legislação na
questão de direitos dos animais, pois o número de animais em situação de rua está
crescendo frequentemente e os abrigos estão com dificuldade de comportar tantos pets.
Assim, fica cada vez mais difícil para conter o abandono de animais domésticos no país.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
100
qualidade de vida e uma segurança para os animais. Dessa forma, é perceptível que o
Brasil deve colocar essa prevenção em vigor no país, sobretudo por conta da alta que teve
no período de pandemia do coronavírus.
Outrossim, os legisladores devem se atentar com as questões das leis de proteção aos
animais, já que elas ainda não são por grande parte da população brasileira e assim
consequentemente deixando os números de abandono de animais domésticos cada dia
mais altos. Além disso, deve haver uma conscientização por parte de população para que
seja denunciando em caso de abandono, posto que os números de denúncia desse crime
estão baixas. Assim, é notório que dessa forma pode-se combater o problema de abandono
de animais doméstico.
Portanto, percebe-se que deve haver uma atenção maior com os animais domésticos
para que o abandonos deles não seja uma situação recorrente, porque eles são seres vivos
e merecem um conforto, respeito e uma condição de vida digna. Por isso, os legisladores
brasileiros deveriam criar leis mais protetivas aos animais assegurando uma maior
segurança a eles. Ademais, deve ter uma maior preocupação em procurar novas medidas
para diminuir os cachorros de rua devido ao fato de que somente os abrigos não estão
resolvendo o problema por conta de uma superlotação de animais domésticos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
COM programa nacional, este país foi o 1° a não ter mais cachorros na rua. Exame,
2020. Disponível em: https://exame.com/mundo/ com-programa-nacional-este-pais-foi-
o-1º-a-não-ter-mais-cachorro-na-rua/. Acesso em05/08/2020.
101
GUSTIN, Miracy Barbosa de Sousa; DIAS, Maria Tereza Fonseca; NICÁCIO, Camila
Silva. (Re)pensando a pesquisa jurídica: teoria e prática. 5a. ed. São Paulo: Almedina,
2020.
102
AMIGOS OU INIMIGOS? A MANIPULAÇÃO GENÉTICA DE ANIMAIS COMO
UM REFLEXO DO CAPITALISMO
FRIENDS OR ENEMIES? GENETICS MANIPULATION OF ANIMALS AS A
REFLECT OF CAPITALISM
Resumo
O consumo cada vez mais ganha espaço nas sociedades e sua inserção se dá nas mais
diversas áreas. No âmbito animal isso não seria, pois, diferente. O que se nota é que, de
pouco a pouco, os animais deixam de ser vistos como seres vivos, tornando-se meros
produtos. A presente pesquisa intenciona, sob esse prisma, analisar de forma crítica a
objetificação dos animais como forma de satisfação de sociedades reféns do consumo.
Objetiva-se, com isso, denunciar a crescente violação dos direitos dos animais, evidenciando-
a como uma consequência do capitalismo.
Abstract/Resumen/Résumé
Consumption is increasingly gaining ground in societies and its insertion takes place in the
most diverse areas. In the animal sphere this would not be different. What is noticeable is
that, little by little, animals are no longer seen as living beings, becoming mere products. The
present research intends, under this prism, to critically analyze the objectification of animals
as a way of satisfying societies hostages of consumption. The objective is, therefore, to
denounce the growing violation of animal rights, highlighting it as a consequence of
capitalism.
1Graduanda em Direito, modalidade integral, pela Escola Superior Dom Helder Câmara. Extensionista do
Programa de Ensino, Pesquisa e Extensão sobre Violência de Gênero da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG).
103
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Quem nunca observou um animal, seja nas redes sociais, seja em um parque, ou
até mesmo nas ruas, e se questionou sobre os custos desse animal ou desejou tê-lo? O que
se constata é que, cada vez mais, os animais fazem parte da rotina humana, sendo desde
meros companheiros, até partes fundamentais em métodos de terapia assistida. Contudo,
se anteriormente os cães eram, por exemplo, vistos como os melhores amigos do homem,
atualmente são vistos, em grande parte, como produtos de consumo.
Os animais, em grande parte, não são mais vistos como seres vivos, mas como
um meio para a satisfação humana. Por conseguinte, visando agradar a sociedade, as
indústrias têm investido na manipulação genética desses animais para torná-los mais
atrativos aos olhos consumistas. Entretanto, indaga-se qual o custo dessa industrialização
desenfreada de animais para estes próprios.
À medida em que o capitalismo conquista as sociedades, a preocupação com o
bem-estar dos animais parece reduzir. Sob essa ótica, faz-se fundamental a discussão
acerca das consequências desse sistema econômico no trato com os animais. A pesquisa
intenciona, pois, analisar de forma crítica a objetificação dos animais como forma de
satisfação de sociedades reféns do consumo. Objetiva-se, com isso, denunciar a crescente
violação dos direitos dos animais, evidenciando-a como uma consequência do
capitalismo.
Para além disso, o presente artigo visa discorrer sobre a carência de
regulamentações que protejam os animais, de modo a problematizar tal situação. A
consolidação do capitalismo não deve ser feita de modo a prejudicar a vivência ou a
natureza dos animais. Enquanto tal constatação não estiver explicitada, prejuízos
continuarão a ocorrer.
Sob esse prisma e a fim de atingir o almejado, evidencia-se que a presente
pesquisa pertence, com base na classificação de Gustin, Dias e Nicácio (2020), a vertente
metodológica jurídico-social. Tem-se que com relação ao tipo genérico de pesquisa, foi
escolhido o tipo jurídico-projetivo. Por sua vez, o raciocínio desenvolvido na pesquisa,
foi predominantemente dialético, enquanto ao gênero de pesquisa, adotou-se a pesquisa
teórica.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1. O avanço do capitalismo como prejudicial à saúde dos animais
104
Em termos gerais, o capitalismo é um sistema econômico baseado na
legitimidade dos bens privados e na irrestrita liberdade de comércio e indústria, com o
principal objetivo de adquirir lucro. Tem-se, pois, que ao analisar, na prática, o
capitalismo, é possível constatar diversos desdobramentos deste. O que se observa, é que
o capitalismo incentiva e depende do consumo e, por conseguinte, diversas esferas sofrem
com isso.
Cada vez mais os indivíduos abrem mão de sua liberdade para se tornarem reféns
do consumo. Ao passo que o capitalismo se consolida, as necessidades deixam de ser o
necessário para uma vida digna e se tornam o que as empresas e indústria pontuam como
vital para a sobrevivência. Tem-se, pois, um controle dos seres pelas ofertas e novidades
do momento.
Como José Júlio Chiavenato pontua,
Na história da humanidade, a virtude quase sempre esteve
associada ao comedimento e à renúncia. Desde a Idade Média,
para os cristãos o homem virtuoso, honesto e digno era modesto,
abominava o luxo e o conforto. Esse costume foi consolidado
pelas religiões: os pobres acreditaram durante séculos que,
padecendo na Terra, ganhariam o Paraíso. A partir do século
XIX, quando a industrialização possibilitou mais conforto à
sociedade, surgiu um choque, muitas vezes inconsciente,
causado pelo consumo de produtos que ofereciam “prazer”. O
“prazer” estava associado ao ”pecado”. Simplificadamente,
pode-se dizer que o conforto doméstico ou pessoal contribuiu
para diminuir os condicionamentos ou preconceitos que
consideravam a felicidade quase um pecado. Mudou a moral, e
certos padrões de comportamento foram abandonados,
superados ou substituídos por outros mais “modernos” que
facilitavam o consumo. Depois de alguns milênios, ficou mais
importante, para o grosso da humanidade, “ter” em lugar de
“ser” (CHIAVENATO, 2004, p.13).
E nesse “ter” ao invés de “ser” muito mudou. Os animais, muitas das vezes, não
são mais seres vivos, mas objetos para serem expostos, almejados e invejados. Segundo
a Folha de São Paulo, o faturamento do mercado pet no país aumentou 13,5% em 2020,
sendo que “o Brasil está entre os três maiores mercados do mundo para produtos pet, atrás
apenas de EUA e China” (FATURAMENTO..., 2021).
A industrialização desenfreada de animais vem se mostrando não somente nos
itens acessórios, mas no desenvolvimento dos próprios animais. Questiona-se, pois, o uso
da engenharia genética em tais seres vivos de modo a torná-los mais atrativos aos olhos
humanos. É o caso, por exemplo, da espécie Carlin Mops' 'Elenops', popularmente
conhecida como Pug.
105
A fim de torná-los visualmente fofos, os Pugs sofreram com diversas mutações
faciais. Contudo, tal mutação não impactou somente na aparência dos animais, mas na
sua formação óssea, gerando uma má formação em seus crânios. Qual o valor do bem-
estar de um animal para o capitalismo? Convém manipular geneticamente o DNA desses
seres vivos de modo a satisfazer vontades humanas?
A produção de animais transgênicos teve seu início nos anos 1980-1990 e seu
processo pode ser definido como a introdução de DNA exógeno no genoma de um animal,
de tal forma que suas células se tornam geneticamente alteradas (DZIADEK,1996).
Contudo, tal manipulação genética traz, aos animais, uma série de consequências.
Como foi trabalhado por D. Morton; R. James e J. Robert, as implicações de uma
manipulação genética podem ser subdivididas em alguns ramos, sendo importantes, para
essa pesquisa, os efeitos de mutação, de expressão e de metodologia. Para os autores e
segundo o exposto no artigo Bioética e Medicina Veterinária, disponibilizado pela Unesp,
no tocante aos efeitos de mutação, esse só “não só podem gerar consequências
imprevisíveis, como os problemas podem se tornar aparentes somente algumas gerações
depois” (BIOÉTICA..., 2022).
Para além disso, destaca-se ainda, que
Os efeitos de expressão podem ser considerados potencialmente
variáveis, resultando em modificações fisiológicas que afetem o
bem-estar animal e também ocasionar grandes desperdícios de
animais, uma vez que estes podem se tornar inadequados aos
propósitos para os quais foram desenvolvidos até que se chegue
a uma modificação desejada, resultante de várias testagens de
combinações (BIOÉTICA..., 2022).
106
2.2. A objetificação animal como um desafio para o Direito dos Animais.
Durante muito tempo o bem-estar animal foi tratado com descaso. Contudo,
pouco a pouco, é possível observar que a tutela jurídica de animais vem se tornando algo
presente na contemporaneidade. Afirma-se isso, mediante a leitura, por exemplo, do
artigo 225 da Constituição Federal. Segundo este,
107
Como Maria Angélica Machado Schvamborn, Yasmin Barrozo de Oliveira e
Waleska Mendes Cardoso trabalham, a
Visão antropocentrista combinada com o consumo desenfreado,
pelos seres humanos, coloca em risco, de fato, toda a
possibilidade de os animais serem vistos e tratados como
sujeitos de direito e não como objetos (SCHVAMBORN;
OLIVEIRA; CARDOSO, 2017).
Tem-se, pois, que no cenário atual, pelo fato de os animais serem tratados como
bens e não como seres, estes possuem apenas um preço, de modo que sua dignidade segue
se perdendo em prol do consumo. Com isso, pode-se afirmar que de forma objetiva,
mesmo que haja um direito voltado aos animais, é implícita a desconsideração por estes
em todas as leis que os protegem.
Sob essa ótica, problematiza-se o fato de que, de forma objetiva, nenhum crime
é cometido contra os animais, uma vez que suas vidas pertencem, na concepção legal, ao
ser humano e para o ser humano. Nesse sentido, cabe explicitar a indagação do advogado
Tagore Trajano Silva, que questiona
Que tradição é esta que não estabelece pressupostos éticos para
o tratamento dos animais. Se um ser sofre, não pode haver
qualquer justificativa moral para deixarmos de levar em conta
seu sofrimento, não importando a natureza, já que o princípio da
igualdade requer que o sofrimento seja considerado na mesma
medida entre os semelhantes. (SILVA, 2012, p.11128).
Medidas alternativas devem ser tomadas, pois caso isso não seja feito, a
objetificação dos animais tornar-se-á cada vez mais grave.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Animais não são objetos, logo não devem ser tratados como tais. Faz-se
imprescindível tal compreensão, pois esta é a base para que a manipulação genética não
seja desenvolvida em prol do desejo humano. Se as legislações se regem com base em
um antropocentrismo implícito, então entende-se que o primeiro passo para que a
108
objetificação dos animais seja superada é a reestruturação das leis que visam proteger tais
seres.
O não reconhecimento dos animais como sujeitos, mas sim como convenientes
ao benefício humano deve, pois, ser superado. Nenhum lucro deve estar acima do bem-
estar desses seres vivos, principalmente não aqueles lucros que alteram geneticamente
um ser, a fim de agradar os reféns de um consumo constante. Uma solução para isso é,
pois, uma análise da atual forma de se interpretar o conceito de dignidade.
Os animais devem deixar de possuir apenas um preço, como pontua Kant, e
passarem a possuírem dignidade. Afirma-se isso, pois a dignidade deve ser entendida
como algo inerente a todos os seres e não apenas um direito garantido somente ao ser
humano. Urge, pois, a redefinição das relações entre humanos e os outros seres vivos, de
modo que o foco seja a vida digna destes e não apenas a conveniência de sua existência
para a satisfação humana.
O que se intenciona com esta pesquisa é, sob essa ótica, expor que o direito dos
animais não é um assunto de menor importância, logo, não deve ser visto como tal. Tem-
se que tal compreensão, em pleno contexto capitalista, possui uma inserção embrionária.
Contudo, a discussão faz-se fundamental para que mudanças sejam desenvolvidas.
Expõe-se, pois, que este foi o intuito deste material.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHIAVENATO, Júlio José. Ética globalizada & sociedade de consumo. 2 ed. São
Paulo: Editora Moderna Ltda., 2004.
DZIADEK, M. Transgenic animals: how they are made and their role in animal
production and research. Australian Veterinary Journal, v.73, 1996.
109
GUSTIN, Miracy Barbosa de Sousa; DIAS, Maria Tereza Fonseca; NICÁCIO, Camila
Silva. (Re)pensando a pesquisa jurídica: teoria e prática. 5ª. ed. São Paulo: Almedina,
2020.
110
BIOTECNOLOGIA, BIOETICA E BIODIREITO, ALIADOS PARA A
CONCRETIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL
BIOTECHNOLOGY, BIOETHICS AND BIOD LAW, ALLIES FOR THE
ACHIEVEMENT OF SUSTAINABLE DEVELOPMENT
Resumo
Este resumo propõe-se a estabelecer os liames entre a biotecnologia, a bioética, e o biodireito
como propulsores para implementação do desenvolvimento sustentável. Nesse contexto,
desenvolve uma análise bibliográfica acerca do tema-problema, por intermédio do método
dedutivo-indutivo, no intuito de aferir como o desenvolvimento de tais ciências é capaz de
consolidar boas práticas, numa concepção de desenvolvimento sustentável.
Abstract/Resumen/Résumé
This summary proposes to establish the links between biotechnology, bioethics, and biolaw
as propellers for the implementation of sustainable development. In this context, it develops a
bibliographical analysis about the problem-theme, through the deductive-inductive method,
in order to assess how the development of such sciences is capable of consolidating good
practices, in a sustainable development concept.
1Graduada em Direito pela Puc Minas. Especialista em Direito Ambiental e Minerário pela Puc Minas.
Mestranda pela FUMEC. Doutoranda em Direito Ambiental e Sustentabilidade pela Escola Superior Dom
Helder Câmara.
111
INTRODUÇÃO
Numa conceituação bem simples pode-se dizer que biologia, como ponto de partida das
ciências, é o estudo da vida nas suas mais diversificadas formas. O homem compõem-se de
corpo, alma e espírito. Em seu corpo aprimora-se a existência terrena de maneira identificável,
contudo, é no amago e espírito que moram seus impulsos e anseios numa carência de relacionar-
se com um Criador, de animo divino, num panorama de essência fundamentadora de todas as
coisas.
Assim, a origem da biotecnologia, tida como ciência que se evidencia por intermédio da
manipulação das células e moléculas, da modificação de produtos, trazem novidades a cada
instante, quer seja em relação aos alimentos, medicamentos, curas para doenças, etc.
Diante desse panorama, as novas biotecnologias possibilitam numa velocidade cada vez
maior, desenvolvimento tal, que fez-se possível a criação de clones ou, num exemplo
manifestamente menos ofensivo, a possibilidade de se criar em laboratório um bife. Ainda
assim, diante das incertezas acerca de possíveis danos, fez-se necessária a mediação da bioética,
que vem delimitar o objeto de tais pesquisas e, ainda, estabelecer balizas, impondo-se,
consequentemente a atuação do biodireito, que ascende como um doutrinador da incapacidade
humana de aceitar os limites estabelecidos, voltando-se preponderantemente sua atuação, ao
papel de pacificação social.
Iniciativa que obteve êxito no agronegócio, onde a utilização desses recursos foi motivo
de comemoração para os investidores, substancialmente das grandes corporações. O
112
investimento de grandes quantias na esfera da manipulação genética, transformou o ramo de
produção de grãos, num campo fértil.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
I. DA ÉTICA E BIOETICA
Com suas origens arraigadas a cultura grega, a ética é vista como o domínio comum dos
costumes numa dupla função: a de constituir os princípios e as normas do permitido e do
proibido; e a que se refere à dimensão subjetiva do sujeito no respeito às regras (CANTO-
SPERBER, 2003, p. 591).
A ética tem como objeto de estudo a conduta da existência humana; desse modo, mostra-
se como um saber prático da sensatez do agir humano, que se realiza baseada em princípios e
no exame de finalidades. A ética define o modo de vida humano, impondo-se como sabedoria,
através da tradição do hábito. Constitui-se o estudo do porquê de serem as condutas morais ou
imorais, dedicando-se ao exame do certo e do impróprio.
Esse saber, como vocação, não valorava eticamente a atuação do indivíduo humano
sobre os objetos. Por essas premissas, a ética era antropocêntrica, resumindo-se ao inter-
relacionamento dos indivíduos humanos. Os problemas do bem e do mal evidenciavam-se na
ação. A ação boa era assim avaliada por critérios imediatos; as consequências posteriores não
eram consideradas, senão justificadas pelo acaso do destino ou da providência.
Esse modelo tornou-se defasado. Assim, o coletivo impõe considerações a ética de uma
nova dimensão de responsabilidade. Um exemplo é a compreensão da vulnerabilidade da
113
natureza em face da exacerbação da sua exploração. Foi em torno desse problema que se
desenvolveu a ciência do meio ambiente. Agora, os problemas da natureza são da
responsabilidade do humano; assim, o objeto da ética amplia-se (JONAS, 2006, p. 35-40).
Portanto, entende-se a bioética como a ética que tem por objeto a proteção da vida humana,
perante os avanços tecnológicos da ciência. Um fenômeno que marca o início deste século é o
da “constitucionalização”. Que traz como traço principal a judicialização dos problemas e,
também a força normativa dos princípios constitucionais. É nessa ótica que a bioética se
relaciona com o princípio da dignidade humana.
Ao lançar mão da ética, o direito torna-a mais acessível. A bioética, para cuidar dos
processos que afetam a vida humana e verdadeiramente influenciá-los tem que se atentar as
considerações manifestas pelo direito. Portanto, a dignidade da vida humana é constituída por
foco metajurídico em virtude de sua base antropológica e de sua justificação ética. A bioética,
quando ultrapassa o universo valorativo e se integra ao ordenamento jurídico, transforma-se em
biodireito.
114
desenvolvimento sustentável. A palavra desenvolvimento, expressa o mecanismo pelo qual
se aprecia uma dada progressão.
Essa progressão mostra a causa do desenvolvimento, que tem como marca essencial um
movimento, que se pode comparar ao movimento que verificamos quando dizemos que o
homem é o desenvolvimento do menino. Este significado vem da observação de que as
ações se realizam num instante e os resultados dessas ações se implementam no decurso do
tempo.
Nesse sentido, pode-se contestar a exploração dos recursos naturais, protegidos pela
tutela constitucional como bens de uso comum, para as gerações presentes e para as
gerações futuras. A ONU compreende o desenvolvimento como um processo, portanto um
movimento, que abrange aspectos sociais, culturais, políticos e econômicos. Em todos os
aspectos, a finalidade é a busca da felicidade (DIMOULIS, 2020, p. 112).
115
A prática do direito ao desenvolvimento ordena, no uso dos recursos naturais
necessários à sobrevivência, uma obrigação: a do planejamento da apropriação, e a punição
do consumo irresponsável. A concepção de sustentabilidade funda-se no reconhecimento
da esgotabilidade dos recursos naturais, e portanto, carece de uma nova ordem na forma de
utilização dos recursos naturais e ainda no cuidado com o meio ambiente, assegurando o
bem-estar humano e a conservação do planeta.
III. METODOLOGIA
Fez-se uso do método dedutivo-indutivo, junto ao exame bibliográfico pertinente ao
tema-problema.
É notória que a ascensão das ciências, capazes de trazer contornos de grande relevância
a biotecnologia contemporânea, norteada por práticas probas, guiadas por premissas
bioéticas e amparadas pela salvaguarda do biodireito, são capazes de conduzir a atual e as
próximas gerações a um panorama de consciência quanto ao meio ambiente e o uso
sustentável dos recursos naturais.
REFERENCIAS
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MOTTA, Ronaldo Seroa. Economia ambiental. Nações unidas para o
desenvolvimento. Relatório do Desenvolvimento Humano 2007/08 – Combater a
mudança do clima: solidariedade humana em um mundo dividido. Disponível
em:<http://www.pnud.org.br/rdh/>. Acesso em: 20, abr. de 2.022.
SEN, A. Development as freedom. New York: Anchor Books, 1999.
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