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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETRÔNICA


BACHARELADO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

ALAN FELIPE DO PRADO PIETROVSKI

MEDIDOR DE CONSUMO DE ELETRICIDADE VOLTADO PARA


TARIFA BRANCA E ESTUDO DE VIABILIDADE DE MIGRAÇÃO
TARIFÁRIA PARA UMA RESIDÊNCIA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PONTA GROSSA
2020
ALAN FELIPE DO PRADO PIETROVSKI

MEDIDOR DE CONSUMO DE ELETRICIDADE VOLTADO PARA


TARIFA BRANCA E ESTUDO DE VIABILIDADE DE MIGRAÇÃO
TARIFÁRIA PARA UMA RESIDÊNCIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresen-


tado como requisito parcial à obtenção
do título de Bacharel em Engenharia
Elétrica, do Departamento Acadêmico de
Eletrônica, da Universidade Tecnológica
Federal do Paraná.

Orientador: Prof. Dr. Sergio Luiz Stevan


Junior

PONTA GROSSA
2020
SEI - Processo https://sei.utfpr.edu.br/sei/controlador.php?acao=documento_visualizar&acao_orig...

Ministério da Educação
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
DEP. ACADEMICO DE ELETRONICA-PG

TERMO DE APROVAÇÃO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO - TCC

MEDIDOR DE CONSUMO DE ELETRICIDADE VOLTADO PARA TARIFA BRANCA E ESTUDO DE VIABILIDADE DE


MIGRAÇÃO TARIFÁRIA PARA UMA RESIDÊNCIA

Por
Alan Felipe do Prado Pietrovski

Monografia apresentada às 14 horas do dia 09 de dezembro de 2020 como requisito parcial, para conclusão do Curso de Engenharia Elétrica da
Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Câmpus Ponta Grossa. O candidato foi arguido pela Banca Examinadora composta pelos professores
abaixo assinados. Após deliberação e conferidas, bem como achadas conforme, as alterações indicadas pela Banca Examinadora, o trabalho de
conclusão de curso foi considerado APROVADO.

Banca examinadora:
Prof. Hugo Valadares Siqueira Membro
Prof. Murilo Oliveira Leme Membro
Prof. Sérgio Luiz Stevan Junior Orientador
Prof. Josmar Ivanqui Professor responsável TCC-II

Documento assinado eletronicamente por (Document electronically signed by) HUGO VALADARES SIQUEIRA, PROFESSOR DO MAGISTERIO SUPERIOR, em (at)
09/12/2020, às 15:38, conforme horário oficial de Brasília (according to official Brasilia-Brazil Hme), com fundamento no (with legal based on) art. 6º, § 1º, do
Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.

Documento assinado eletronicamente por (Document electronically signed by) MURILO OLIVEIRA LEME, PROFESSOR DO MAGISTERIO SUPERIOR, em (at)
09/12/2020, às 15:41, conforme horário oficial de Brasília (according to official Brasilia-Brazil Hme), com fundamento no (with legal based on) art. 6º, § 1º, do
Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.

Documento assinado eletronicamente por (Document electronically signed by) SERGIO LUIZ STEVAN JUNIOR, PROFESSOR DO MAGISTERIO SUPERIOR, em (at)
09/12/2020, às 15:41, conforme horário oficial de Brasília (according to official Brasilia-Brazil Hme), com fundamento no (with legal based on) art. 6º, § 1º, do
Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.

Documento assinado eletronicamente por (Document electronically signed by) JOSMAR IVANQUI, PROFESSOR ENS BASICO TECN TECNOLOGICO, em (at)
09/12/2020, às 17:54, conforme horário oficial de Brasília (according to official Brasilia-Brazil Hme), com fundamento no (with legal based on) art. 6º, § 1º, do
Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.

A autenHcidade deste documento pode ser conferida no site (The authenHcity of this document can be checked on the website) hNps://sei.uOpr.edu.br
/sei/controlador_externo.php?acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0, informando o código verificador (informing the verificaHon code) 1782595 e o código CRC
(and the CRC code) 4D80621D.

Referência: Processo nº 23064.021957/2020-01 SEI nº 1782595

Criado por josmar, versão 2 por josmar em 01/12/2020 13:44:56.

1 of 1 09/12/2020 17:55
Dedico este trabalho à minha família que
sempre me deu a estrutura necessária
para chegar até aqui.
AGRADECIMENTOS

O pilar principal de todo o trabalho é a minha família. Sem ela dificilmente


eu chegaria até aqui. Agradeço a todo o apoio financeiro e moral, além do incentivo
durante toda a trajetória.
Agradeço ao meu professor orientador Sergio Luiz Stevan Junior por acreditar
desde o início no projeto e me guiar durante esse trabalho.
Agradeço a toda equipe de professores de todos os departamentos da insti-
tuição, principalmente a equipe do departamento de eletrônica.
Agradeço aos colegas e amigos que me ajudaram a desenvolver um cresci-
mento pessoal e profissional.
À todas pessoas que de forma indireta, me ajudaram a concluir esse trabalho.
“Que força é esta, eu não sei; tudo o que
sei é que existe, e está disponível apenas
quando alguém está num estado em que
sabe exatamente o que quer, e está
totalmente determinado a não desistir até
conseguir.”
(BELL, Alexander Graham).
RESUMO

PIETROVSKI, Alan Felipe Do Prado. Medidor de consumo de eletricidade voltado


para Tarifa Branca e estudo de viabilidade de migração tarifária para uma
residência. 2020. 86 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em
Engenharia Elétrica) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Ponta Grossa,
2020.

Até o final do ano de 2019, só consumidores que possuíam uma média mensal anual
acima de 250 kWh/mês podiam aderir à Tarifa Branca. Agora, desde o dia 1º de ja-
neiro de 2020, não há limitação de consumo mínimo exigido. Essa modalidade possui
diferentes valores tarifários de acordo com a faixa horária de consumo, podendo trazer
uma economia de até 14,17% na conta de energia elétrica no final do mês, caso o con-
sumidor utilize o serviço de energia somente no horário fora de ponta, e devido a essa
possível economia, é esperado um crescimento em sua adesão. Entretanto, é comum
o questionamento se vale a pena migrar, o que depende de acordo com cada perfil de
consumo, já que essa modalidade pode também aumentar o valor do custo da energia
em até 82,14% caso o consumidor consuma energia somente no horário de ponta,
comparando os valores tarifários aplicados pela Copel em junho de 2019. Utilizando
um perfil típico de consumo de energia residencial, é provável que a média é que a
Tarifa Branca seja inclusive mais cara que a Tarifa Convencional ao final do mês (em
torno de 1,20%). Então desenvolveu-se um medidor de energia elétrica voltado para a
Tarifa Branca, o qual tem como objetivo principal, indicar ao final de um período qual
modalidade é mais vantajosa economicamente, a Tarifa Branca ou a Tarifa Convencio-
nal, em uma residência. O medidor foi desenvolvido com base no CI ADE7753, o qual
realiza várias medições, entre elas a potência ativa. Utilizou-se também o ESP82266
NodeMCU para comunicar-se com o CI, realizar os devidos cálculos e enviar os da-
dos para a plataforma IoT ThingSpeak, na qual é possível acompanhar remotamente
os resultados. O medidor foi desenvolvido para realizar a análise em uma residência
atendida por uma tensão monofásica de 127 V, em que foi calibrado com base no me-
didor PZEM-022. Além do medidor realizar a medição de potência ativa, para o cálculo
de consumo, ele realiza também a medição do fator de potência. O medidor ficou li-
gado durante 7 dias nessa residência, em que os moradores mantiveram suas rotinas
comuns de consumo. Ao final desse período, o resultado foi de que o valor da Tarifa
Branca ficou cerca de 0,81% acima do valor da Tarifa Convencional, indicando que
para essa unidade residencial não vale a pena, economicamente, a migração.

Palavras-chave: Medidor de energia. Tarifa Branca. ADE7753. IoT.


ABSTRACT

PIETROVSKI, Alan Felipe Do Prado. Electricity consumption meter for the White
Tariff and feasibility study of tariff migration to residence. 2020. 86 p. Final
Coursework (Bachelor’s Degree in Electrical engineering) – Federal University of
Technology – Paraná. Ponta Grossa, 2020.

Until the end of 2019, only consumers who had a monthly average above 250 kWh/-
month could join the White Tariff, however, since January 1, 2020, there is no minimum
consumption limitation required. This modality has different tariff values according to
the consumption time range, which can bring savings of up to 14.17% in the electric
bill at the end of the month, if the consumer uses the energy service only during off-
peak hours, and due to this possible economy, an increase in the number of customers
is expected. However, it is common to question whether it is worth migrating, which
depends on each consumption profile, since this modality can also increase the value
of the monthly bill by up to 82.14%, if the consumer consumes energy only at peak
hours, comparing the tariff values applied by Copel in June 2019. Using a typical resi-
dential energy consumption profile, the average is that the White Tariff is around 1.20%
more expensive than the Conventional Tariff at the end of the month. Than, an electric
energy meter was developed for the White Tariff, whose main objective is to indicate,
at the end of a period, which method is more economically advantageous, the White
Tariff or the Conventional Tariff, in a residence. The meter was developed based on
the IC ADE7753, in which it performs several measurements, among them the active
power. ESP82266 NodeMCU was also used to communicate with the IC, carry out the
necessary calculations and send the data to the IoT ThingSpeak platform, where it
is possible to remotely monitor the results. The meter was developed to perform the
analysis in a home serviced by a single-phase voltage of 127 V, where it was calibrated
based on the PZEM-022 meter. In addition to the meter performing the measurement
of active power, for the calculation of consumption, it also performs the measurement
of the power factor. The meter was on for 7 days in this residence, where residents
maintained their common consumption routines. At the end of this period, the result
was that the value of the White Tariff was about 0.81% above the value of the Con-
ventional Tariff, indicating that for this residential unit, the migration is not economically
worthwhile.

Keywords: Energy meter. White Tariff. ADE7753. IoT.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Fluxograma comum para análise de migração tarifária . . . . . . . . 16


Figura 2 – Parte do simulador de consumo Copel . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Figura 3 – Exemplos de medidores eletromecânicos, a) Ponteiro b) Ciclométrico 28
Figura 4 – Diagrama de blocos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Figura 5 – Exemplo de medidor eletrônico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Figura 6 – Exemplo de medidor inteligente de energia SMW - WEG . . . . . . . 30
Figura 7 – Circuito integrado ADE7753, a) pinagem b) CI . . . . . . . . . . . . 32
Figura 8 – Diagrama de bloco do ADE7753 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Figura 9 – Conversão analógica-digital do sinal de corrente . . . . . . . . . . . 33
Figura 10 – Conversão analógica-digital do sinal de tensão . . . . . . . . . . . . 34
Figura 11 – Cálculo da potência ativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
Figura 12 – Cálculo da potência aparente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Figura 13 – Circuito elétrico base - ADE7753 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Figura 14 – Resistor shunt . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
Figura 15 – Bobina de Rogowski, a) Esquemático b) Modelo comercial . . . . . 37
Figura 16 – Sensor de corrente SCT-013-000 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Figura 17 – Resistor RB . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Figura 18 – Divisor de tensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Figura 19 – RTC DS1307, a) Vista inferior b) Vista superior . . . . . . . . . . . . 42
Figura 20 – A rede IoT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
Figura 21 – Criação de canal no ThingSpeak . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Figura 22 – Número do canal e da chave . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
Figura 23 – Diagrama da metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Figura 24 – Medidor PZEM-022 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
Figura 25 – Estrutura básica do projeto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
Figura 26 – Diagrama elétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
Figura 27 – Desenvolvimento do adaptador SSOP-DIP, a) Desenho b) Corrosão
c) Soldagem d) Finalização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
Figura 29 – Desenho PCB do projeto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
Figura 28 – Montagem na protoboard para testes . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
Figura 30 – Firmware do sistema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
Figura 31 – Exemplo de armazenamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
Figura 32 – Função de gravação na EEPROM do ESP8266 . . . . . . . . . . . . 64
Figura 33 – Exemplo de leitura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Figura 34 – Função de leitura na EEPROM do ESP8266 . . . . . . . . . . . . . 66
Figura 35 – Cálculo de consumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
Figura 36 – Triângulo de potências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
Figura 37 – Função para gravar dados no ThingSpeak . . . . . . . . . . . . . . . 68
Figura 38 – Placa com a) componentes e b) dispositivos . . . . . . . . . . . . . . 69
Figura 39 – Amostra de dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
Gráfico 1 – Perfil típico de consumo residencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Gráfico 2 – Perfil típico de consumo residencial, antecedendo o pico em 3 horas 25
Gráfico 3 – Perfil típico de consumo residencial, sucedendo o pico em 3 horas 26
Gráfico 4 – Tarifa Branca x Tarifa Convencional - Custo (R$/kWh) - Dias úteis . 26
Gráfico 5 – Exemplo de recuperação de dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Gráfico 6 – Consumo (kWh) x dias da semana - em faixas horárias . . . . . . . 73
Gráfico 7 – Evolução do valor na tarifa branca e convencional durante a se-
mana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Faixa de horários e comparação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22


Tabela 2 – Comparação entre Tarifa Branca e Tarifa Convencional para um per-
fil típico de consumo residencial em dia útil . . . . . . . . . . . . . . 24
Tabela 3 – Comparação entre Tarifa Branca e Tarifa Convencional para um per-
fil típico de consumo residencial em um dia de final de semana . . . 24
Tabela 4 – Comparação entre Tarifa Branca e Tarifa Convencional para um per-
fil típico de consumo residencial em uma semana . . . . . . . . . . 24
Tabela 5 – Comparativo entre CI’s medidores de potência . . . . . . . . . . . . 31
Tabela 6 – Comparativo entre as plataformas de prototipagem . . . . . . . . . . 41
Tabela 7 – Corrente dos equipamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
Tabela 8 – Comparação entre o projeto e o PZEM-022 . . . . . . . . . . . . . . 70
Tabela 9 – Teste de repetibilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
Tabela 10 – Queda de energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
Tabela 11 – Resultados finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E ACRÔNIMOS

SIGLAS

ADC Analog to Digital Converter


BLE Bluetooth Low-Energy
CI Circuito Integrado
CI’s Circuitos Integrados
CSV Comma-Separated Values
FP Fator de Potência
I2C Inter-Integrated Circuit
I2S Inter-IC Sound
IHM Interface Homem Máquina
IoT Internet of Things
PCB Printed Circuit Board
PGA Programmable-Gain Amplifier
RTC Real-Time Clock
SMD Surface Mounted Device
SPI Serial Peripheral Interface
SSOP Shrink Small Outline Package
UNB Ultra Narrow Band

ACRÔNIMOS

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica


CAN Controller Area Network
DIP Dual In-Line Package
EEPROM Electrically Erasable Programmable Read-Only Memory
LED Light Emitting Diode
RAM Random Access Memory
SRAM Static Random Access Memory
UART Universal Asynchronous Receiver-Transmitter
Wi-Fi Wireless Fidelity
LISTA DE SÍMBOLOS

𝛼𝑇 Ângulo entre o vetor do campo magnético e a direção do


vetor IL no espaço
∆𝑇 Intervalo de tempo
𝜙 Ângulo entre potência aparente e ativa
𝐵 Campo magnético
𝐹 Força magnética em um condutor retilíneo
𝐼 Corrente elétrica
𝐼𝑒𝑓 Corrente elétrica eficaz
𝐼1 Corrente elétrica gerada pelo SCT-013-000
𝐿 Comprimento
𝑃 Potência ativa
𝑅 Resistência elétrica
𝑅𝐵 Resistência elétrica conversora
𝑆 Potência aparente
𝑉 Tensão elétrica
𝑉𝑒𝑓 Tensão elétrica eficaz
𝑉𝑖 Tensão elétrica de entrada
𝑉𝑜 Tensão elétrica de saída
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.1 PROBLEMA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.2 JUSTIFICATIVA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.3 OBJETIVOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.3.1 Objetivos gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.3.2 Objetivos específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

2 REVISÃO DA LITERATURA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.1 FORMAS DE TARIFAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA . . . . . . . 20
2.1.1 Tarifação de energia elétrica - Modalidade Tarifa Branca . . . . . . . 21
2.2 MEDIÇÃO DE CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA . . . . . . . 27
2.3 MEDIDORES DE ENERGIA ELÉTRICA . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.4 CIRCUITOS INTEGRADOS MEDIDORES DE POTÊNCIA ATIVA 31
2.4.1 Circuito integrado ADE7753 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.4.1.1 Circuito elétrico base do ADE7753 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
2.5 SENSORIAMENTO DE CORRENTE E TENSÃO . . . . . . . . . 36
2.5.1 Transformadores de corrente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
2.5.1.1 Resistor shunt . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
2.5.1.2 Bobina de Rogowski . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
2.5.1.3 Não invasivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
2.5.1.3.1 Sensor de Corrente SCT-013-000 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
2.5.2 Transformadores de tensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.6 PLATAFORMAS DE PROTOTIPAGEM RÁPIDA . . . . . . . . . . 40
2.7 MÓDULO DE RELÓGIO DE TEMPO REAL . . . . . . . . . . . . . 42
2.8 INTERNET DAS COISAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
2.8.1 Plataforma ThingSpeak . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

3 MATERIAIS E MÉTODOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
3.1 METODOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
3.1.1 Definições dos requisitos de projeto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
3.2 MATERIAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
3.2.1 ADE7753 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
3.2.2 Sensoriamento de corrente e tensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
3.2.3 ESP8266 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
3.2.4 ThingSpeak . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
3.3 PROTOCOLO EXPERIMENTAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
3.3.1 Calibração do medidor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

4 DESENVOLVIMENTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
4.1 DESCRIÇÃO DO PROJETO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
4.2 AJUSTE DOS SINAIS DE ENTRADA . . . . . . . . . . . . . . . . 55
4.2.1 Corrente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
4.2.2 Tensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
4.3 DIAGRAMA ELÉTRICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
4.4 CONFECÇÃO DO HARDWARE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
4.5 PROGRAMAÇÃO DO ESP8266 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
4.5.1 Armazenamento na memória . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
4.5.2 Cálculo de consumo e fator de potência . . . . . . . . . . . . . . . . 66
4.5.3 Envio de dados para o ThingSpeak . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
5.1 MEDIDOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
5.1.1 Calibração e teste de repetibilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
5.2 ANÁLISE ENTRE TARIFAS CONVENCIONAL E BRANCA . . . 71

6 CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75

REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76

APÊNDICES 81

APÊNDICE A – FIRMWARE DESENVOLVIDO PARA O MEDIDOR 82


A.1 TRECHOS DO CÓDIGO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
A.1.1 Declaração de variáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
A.1.2 Setup . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
A.1.3 Inicializações e definições de tarifa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
A.1.4 Incrementação do consumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
A.1.5 Gravação na memória a cada 5 minutos . . . . . . . . . . . . . . . . 83
A.1.6 Gravação na memória a cada virada de faixa horária . . . . . . . . . 84
A.1.7 Reinicialização a cada 24 horas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
A.1.8 Envio dos dados para o ThingSpeak . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
A.1.9 Gravação na EEPROM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
A.1.10 Leitura da EEPROM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
A.1.11 Verifica a faixa horária atual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
15

1 INTRODUÇÃO

A energia elétrica é um insumo indispensável em quase todos os locais atual-


mente. É difícil pensar em como sobreviver sem esse recurso que já está consolidada
no dia a dia da população. Dentre as diferentes aplicações, pode-se citar a iluminação,
controle de temperatura (chuveiro elétrico, ar-condicionado, ventiladores, etc), entrete-
nimento (televisor, computador, celular, jogos eletrônicos, etc) entre tantas facilidades
do dia a dia como eletrodomésticos em geral (geladeira, aspirador de pó, liquidifica-
dor, etc), são só alguns exemplos de aplicações/equipamentos que a população utiliza
diariamente.
A energia elétrica tornou-se um dos insumos mais fundamentais na vida mo-
derna, onde seus custos de geração, transmissão e de distribuição impactam direta-
mente a população. Em especial, o perfil de consumo de eletricidade/energia elétrica
dos consumidores (industrial, comercial ou residencial) e os padrões de vida urbana
afetam diretamente a gestão da matriz elétrica e impactam na maior parte questões
de infraestrutura, principalmente em horários de consumo concentrado de energia elé-
trica. Para diminuir, tentar reduzir o consumo em horários comuns da população, as
concessionárias de energia podem criar tarifas diferenciadas conforme o horário de
consumo. Neste contexto, torna-se importante analisar seu perfil de consumo e co-
nhecer as diferentes formas de cobrança desse serviço. (COELHO; CARTAXO, 2004).
A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) define que a energia elétrica
fornecida pela concessionária às residências, comércio e indústria é tarifada com o
intuito de cobrir custos de operação e manutenção, além de ser uma forma de manter
o serviço prestado com qualidade e continuidade, inclusive cobrindo investimentos
futuros e pesquisas para melhoria do serviço prestado.
Até pouco tempo atrás, em 2018, havia somente uma única modalidade de
cobrança de energia elétrica para clientes atendidos com baixa tensão no Brasil (re-
sidências e pequenos comércios), a qual é denominada de Tarifa Convencional. Com
o aumento de demanda no consumo e o aumento da auto geração de energia, foi ne-
cessário criar uma opção para os clientes, a qual poderia trazer uma economia para os
mesmos e ao mesmo tempo, deslocar a demanda para horários fora de ponta. Então
no ano de 2018 foi lançado uma nova modalidade de tarifação no mercado brasileiro,
16

denominada de Tarifa Branca. (ANACE, 2017). A Tarifa Branca é uma modalidade de


tarifação para consumidores residenciais e comerciais, desde que estejam no grupo
B da ANEEL, que leva em consideração o horário e dia de consumo, diferentemente
da Tarifa Convencional, em que a tarifa é fixa para qualquer dia da semana e para
qualquer hora. (ANEEL, 2019).
Como a Tarifa Branca é uma modalidade de cobrança recente, muitos con-
sumidores podem sequer ter ouvido falar desta opção. Paralelamente a isso, pode-se
dizer que é comum boa parte da população não conhecer detalhes do seu perfil de
consumo. Por outro lado, muitos talvez nem saibam a forma como o seu consumo é
quantificado.

1.1 PROBLEMA

Quando há o conhecimento de diferentes formas de tarifação, é compreensível


que haja o desejo em saber o quanto se está gastando com a energia elétrica na tarifa
atual e o quanto seria gasto caso migresse para a Tarifa Branca. Atualmente, o comum
é seguir o seguinte fluxograma apresentado na Figura 1.

Figura 1 – Fluxograma comum para análise de migração tarifária

Análise
Simulação
aproximada

Vale a pena Positiva


migrar?

Análise
Migração
Negativa Prejuízo

Fonte: Autoria própria

O consumidor possui duas opções para verificar a viabilidade de migração. A


primeira é realizar uma simulação de consumo no site da concessionária de energia,
como é mostrado na Figura 2. Entretanto o resultado dessa simulação é algo aproxi-
mado.
e| 17

Meu Simulador de Adicionar aparelho


Figura 2 – Parte do simulador de consumo Copel
Cozinha Novo
Consumo

Forno elétrico (grande)


sidencial
Potência em watts: 1500

biente
Quantidade: 1

Dias da Semana: Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sab

Horário de início de uso: 0 horas

Tempo de uso: 0 minutos

0 horas

0 minutos
Simular resultados Cancelar simulação

Adicionar período

Fonte: COPEL (2020)


Tempo de Dias da
Hora inicial Ações
uso semana
Outra opção então, seguindo
Nenhum o fluxograma
horário adicionado da Figura 1, é o consumidor so-

licitar a migração para a Tarifa Branca e ficar um período nessa tarifa. Quando vier
o boleto a ser pago aoAlterar aparelho
final do Adicionar
período de um mês,aparelho
o consumidor irá fazer a aná-
lise comparativa entre o quanto era gasto com a Tarifa Convencional e o quanto foi
gasto agora com a Tarifa Branca. O resultado dessa análise pode ser positivo, ou seja,
a Tarifa Branca para ele naquele período saiu mais barata que a Tarifa Convencional,
comparada à média dos meses anteriores, indicando ser vantajosa. Mas também essa
análise pode trazer um resultado negativo, ou seja, verificar-se que nesse período a
Tarifa Branca saiu mais caro, havendo então um prejuízo financeiro nesse período de
teste.

1.2 JUSTIFICATIVA

O desenvolvimento de equipamentos que permitam o monitoramento do con-


sumo e análise do seu perfil podem fornecer suporte à tomada de decisão quanto
18

à tarifa mais vantajosa, de forma mais realista e não somente à simulação, evitando
também um possível prejuízo econômico ao migrar por um período de teste.

1.3 OBJETIVOS

Abaixo são apresentados os objetivos deste trabalho.

1.3.1 Objetivos gerais

Desenvolver um medidor de energia elétrica monofásico para realizar a aná-


lise do perfil de consumo em uma residência e então verificar a viabilidade de migração
da Tarifa Convencional para a Tarifa Branca.

1.3.2 Objetivos específicos

• Realizar uma revisão de literatura sobre formas de tarifação de energia elétrica


e medidores;

• Definir quais serão os equipamentos e ferramentas necessárias para o desen-


volvimento do medidor;

• Realizar uma comparação entre os equipamentos e ferramentas;

• Realizar um estudo de carga da residência em que será realizada a verificação


de migração;

• Montar o circuito em uma placa de circuito impresso;

• Desenvolver um firmware para cálculos e envios de dados para uma plataforma


Internet of Things (IoT);

• Calibrar o medidor;

• Determinar o erro comparativo com um medidor referência; e

• Realizar um estudo comparativo dos resultados entre a Tarifa Convencional e


Tarifa Branca da residência, mostrando qual tarifa é a mais vantajosa economi-
camente.
19

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

A organização deste trabalho está dividida da seguinte forma:


No Capítulo 2 são descritas as formas de tarifação de energia elétrica, expli-
cando o que é a Tarifa Branca e como funciona. São apresentados também alguns
tipos de medidores de energia elétrica, circuitos integrados que realizam medição de
potência ativa, sensores de corrente e tensão, plataformas de prototipagem rápida e
algumas plataformas IoT;
No Capítulo 3 é apresentado a metodologia de desenvolvimento do medidor,
em que são definidos também os requisitos de projetos e os equipamentos e ferra-
mentas que serão utilizados para o desenvolvimento desse medidor. É apresentado
também um protocolo experimental do projeto.
No capítulo 4 é descrito o projeto já com todos seus materiais definidos. São
realizados alguns ajustes nos sinais de entrada e apresentado então o diagrama elé-
trico e a confecção do hardware. Por fim é mostrada toda a parte fundamental do
firmware desenvolvido.
No Capítulo 5 é possível verificar o resultado do desenvolvimento do medidor e
a comparação de custo entre a Tarifa Branca e Tarifa Convencional em uma residência,
por meio de medidor.
Por fim, no Capítulo 6, são apresentadas as conclusões e perspectivas obtidas
com o desenvolvimento desse trabalho.
20

2 REVISÃO DA LITERATURA

Nessa revisão de literatura são abordadas as formas de tarifação de ener-


gia, apresentando como os consumidores são classificados pela ANEEL em grupos e
quais as possibilidades de tarifação, entre elas, a Tarifa Branca. São apresentados al-
guns tipos de medidores de energia elétrica, alguns circuitos integrados que realizam
diversas medidas elétricas, algumas opções de sensores de corrente e tensão além
de algumas opções de plataformas de prototipagem rápida. Por fim, são apresenta-
das algumas plataformas IoT que possibilitam o recebimento de dados enviados pela
plataforma de prototipagem.

2.1 FORMAS DE TARIFAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

Os consumidores são classificados em grupos A e B. O Grupo A são os cli-


entes atendidos por tensão igual ou acima de 2,3 kV ou atendidos por sistema sub-
terrâneo de distribuição e que possuem tarifa binômia; enquanto que o grupo B, são
atendidos clientes com tensão abaixo de 2,3 kV e possuem tarifa monômia (COPEL,
2019). A tarifa binômia é definida como “Conjunto de tarifas de fornecimento, consti-
tuído por preços aplicáveis ao consumo de energia elétrica ativa (kWh) e à demanda
faturável (kW)” (ELETROBRAS).
Os consumidores do grupo A ainda são subdivididos em 6 subgrupos, con-
forme o nível tensão:

• A1 - tensão de fornecimento igual ou superior a 230 kV;

• A2 - tensão de fornecimento de 88 kV a 138 kV;

• A3 - tensão de fornecimento de 69 kV;

• A3a - tensão de fornecimento de 30 kV a 44 kV;

• A4 - tensão de fornecimento de 2,3 kV a 25 kV; e

• AS - tensão de fornecimento inferior a 2,3 kV, a partir de sistema subterrâneo de


distribuição. (ANEEL, 2010).
21

Por sua vez, os consumidores do grupo B são subdividido em 4 subgrupos,


consoante o tipo de consumo:

• B1 – residencial;

• B2 – rural;

• B3 – demais classes; e

• B4 – iluminação pública. (ANEEL, 2010).

A forma mais comum de tarifação do grupo B é a modalidade Convencional


Monômia, na qual o usuário paga pelo seu consumo de energia independente das
horas de utilização durante o dia. (ANEEL, 2020a).
Nessa tarifa, além do valor faturado da energia consumida de forma unitária,
é acrescido um valor referente à iluminação pública municipal e também uma parcela
de acréscimo de acordo com a bandeira tarifária do mês. (COPEL, 2019).
O Sistema de Bandeiras Tarifárias está em vigor desde 2015. Tem como ob-
jetivo indicar à população se haverá um acréscimo ou não na tarifa de energia, decor-
rente das condições climáticas ligadas à geração de energia. (ANEEL, 2019).
Essa modalidade de consumo Convencional Monômia, tem sua tarifação cal-
culada mensalmente pela Equação (1) (desconsiderando parcela de iluminação pú-
blica e bandeira tarifária):

𝑉 𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑚𝑒𝑛𝑠𝑎𝑙 = 𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 · 𝑉 𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑢𝑛𝑖𝑡´


𝑎𝑟𝑖𝑜 (1)

em que Consumo representa o consumo mensal em kWh da unidade consumidora e


Valor unitário representa a tarifa praticada pela concessionária no momento.
Essa é a modalidade tarifária mais comum nas residências brasileiras. En-
tretanto há uma modalidade voltada ao grupo B, denominada de Tarifa Branca. Essa
modalidade, criada no ano de 2018 no Brasil, pode ser aplicada a todo o grupo B, ex-
ceto ao subgrupo B4 e a subclasse de baixa renda do subgrupo B1.(ANEEL, 2020a).

2.1.1 Tarifação de energia elétrica - Modalidade Tarifa Branca

Esse método de tarifação tem como objetivo incentivar os consumidores a


deslocar seu consumo para horários alternativos, que não coincidam com a maior
22

demanda de consumo (também chamado de horário de ponta ou horário de pico de


consumo), reduzindo assim a quantidade de energia gerada e distribuída pela conces-
sionária em certos momentos. Esta redução (melhor distribuição horária de consumo)
permite um melhor aproveitamento da infraestrutura da rede elétrica, reduzindo assim
os custos de instalação e investimento, e desta forma proporcionando uma redução
de custos também para o consumidor. (ANEEL, 2020b).
No ano de 2019, só consumidores que possuíam uma média mensal anual
acima de 250 kWh/mês, podiam aderir a esse modelo de tarifação. Agora, desde o dia
1º de janeiro de 2020, não há limitação de consumo mínimo exigido.(ANEEL, 2020b).
Com isso, o número de consumidores que poderão fazer a migração para a Tarifa
Branca irá aumentar, podendo assim, haver uma maior demanda para saber se vale a
pena ou não migrar para esse tipo de tarifação.
A Tabela 1 mostra a relação das faixas horárias da Tarifa Branca, juntamente
com a comparação de preço em porcentagem comparada à Tarifa Convencional, nos
dias úteis (de segunda à sexta-feira). Nos finais de semana e feriados nacionais, o dia
todo é considerado horário fora de ponta.

Tabela 1 – Faixa de horários e comparação


Faixas Horárias Horários Comparação
Ponta 18:00 - 21:00 ↑ 82,14 %

17:00 - 18:00
Intermediário ↑ 17,28 %
21:00 - 22:00

Fora de ponta 22:00 - 17:00 ↓ 14,17 %


Fonte: Autoria própria.
Comparação realizada entre o grupo B1 convencional e B1 branca da Copel Distribuição S.A., com
vigência em 24/06/2019, considerando impostos.

Na Tabela 1 é possível verificar também que a faixa horária fora de ponta, mais
barata comparada à Tarifa Convencional, ocupa a maior faixa horária do dia, repre-
sentando quase 71% do dia. Dessa forma, é possível que muitos consumidores, pela
falta de conhecimento e/ou experiência, afirmem que a Tarifa Branca possivelmente
seja mais barata que a Tarifa Convencional ao final do mês. Entretanto é necessário
atentar-se à quantidade de energia consumida no horário de ponta e fora de ponta,
período no qual a Tarifa Branca é mais cara.
Como apresentado na Tabela 1, em que no horário de ponta a Tarifa Branca
é em torno de 82,14% mais cara que a Tarifa Convencional, é de interesse do con-
23

sumidor saber na média mensal qual seria a diferença entre essas tarifas. Para isso
buscou-se saber qual é o perfil típico de consumo de energia em uma residência.
O Gráfico 1, ilustra o perfil típico de consumo residencial de energia elétrica em dia
útil, baseado nos estudos da EPE - (Empresa de Pesquisa Energética) em março de
2020. O eixo das ordenadas desse gráfico está em p.u.. A EPE (2020) trás a seguinte
informação: "P.U. significa valores por unidade, ou seja, é uma medida adimensional
comparativa entre o valor corrente e uma referência.". O valor referência não é explici-
tado.

Gráfico 1 – Perfil típico de consumo residencial

Fonte: Adaptado de (EPE, 2020)

Realizando uma análise de consumo por faixa horária, com base no Gráfico 1,
chegou-se ao resultado em que o consumo no horário de ponta representa 18,88%,
enquanto no intermediário 10,89% e 70,23% em fora de ponta. Assumindo que o con-
sumo durante o dia todo seja uma valor "x kWh", dividiu-se esse consumo nas por-
centagem anteriores de cada faixa horária, ou seja, 0,1888·x representa o consumo
total do dia na faixa de ponta, 0,1089·x na faixa intermediária e 0,7023·x na faixa fora
de ponta. Multiplicando esses valores pela suas respectivas tarifas da faixa horária,
tem-se o valor parcial em R$ por faixa. Com isso, soma-se as três parciais, obtendo o
total final tanto da Tarifa Branca quanto da Tarifa Convencional.
Desse modo, realizando o cálculo do total gasto em um dia, para um consumo
x kWh em dia útil, pelas duas tarifas, como mostra a Tabela 2, chega-se a conclusão
que a Tarifa Branca ficaria em torno de 7,38% mais cara que a Tarifa Convencional.
24

Tabela 2 – Comparação entre Tarifa Branca e Tarifa Convencional para um perfil típico de con-
sumo residencial em dia útil
Tarifa Convencional Tarifa Branca
Faixas Horárias Consumo (kWh)
Tarifa (R$/kWh) Total (R$) Tarifa (R$/kWh) Total (R$)
Ponta 0,1888 · x 0,79878 0,151 · x 1,45488 0,275 · x
Intermediário 0,1089 · x 0,79878 0,087 · x 0,93679 0,102 · x
Fora de ponta 0,7023 · x 0,79878 0,561 · x 0,68559 0,481 · x
Total x 0,799 · x 0,858 · x
Fonte: Autoria própria
Comparação realizada entre o grupo B1 convencional e B1 branca da Copel Distribuição S.A., com
vigência em 24/06/2019, considerando impostos.

Agora se for considerado esse mesmo perfil de consumo em um dia de final


de semana e realizar a mesma análise, a Tarifa Branca ficaria cerca de 14,27% mais
barata que a Tarifa Convencional, como mostra a Tabela 3.

Tabela 3 – Comparação entre Tarifa Branca e Tarifa Convencional para um perfil típico de con-
sumo residencial em um dia de final de semana
Tarifa Convencional Tarifa Branca
Faixas Horárias Consumo (kWh)
Tarifa (R$/kWh) Total (R$) Tarifa (R$/kWh) Total (R$)
Ponta 0,1888 · x 0,79878 0,151 · x 0,68559 0,129 · x
Intermediário 0,1089 · x 0,79878 0,087 · x 0,68559 0,075 · x
Fora de ponta 0,7023 · x 0,79878 0,561 · x 0,68559 0,481 · x
Total x 0,799 · x 0,685 · x
Fonte: Autoria própria
Comparação realizada entre o grupo B1 convencional e B1 branca da Copel Distribuição S.A., com
vigência em 24/06/2019, considerando impostos.

Assim, supondo esse mesmo perfil de consumo todos os dias da semana, ao


final da semana a Tarifa Branca ficaria mais cara (1,20%) que a Tarifa Convencional,
como mostra a Tabela 4.
Tabela 4 – Comparação entre Tarifa Branca e Tarifa Convencional para um perfil típico de con-
sumo residencial em uma semana
Tarifa total (R$)
Dia da semana
Tarifa Convencional Tarifa Branca
seg. 0,799 · x 0,858 · x
ter. 0,799 · x 0,858 · x
qua. 0,799 · x 0,858 · x
qui. 0,799 · x 0,858 · x
sex. 0,799 · x 0,858 · x
sáb. 0,799 · x 0,685 · x
dom. 0,799 · x 0,685 · x
Total 5,593 · x 5,660 · x
Fonte: Autoria própria

Supondo agora que o perfil de consumo residencial de energia elétrica seja


modificado, antecedendo em três horas o pico de consumo, como mostra o Gráfico 2
25

e realizando as mesmas análises para o perfil típico, então o consumo no horário de


ponta representaria 17,00%, enquanto no intermediário 10,81% e 72,18% em fora de
ponta. Isso faria com que a Tarifa Branca torna-se praticamente igual à Tarifa Conven-
cional.

Gráfico 2 – Perfil típico de consumo residencial, antecedendo o pico em 3


horas

Fonte: Adaptado de (EPE, 2020)

Por fim, supondo novamente uma modificação no perfil de consumo, suce-


dendo em três horas o pico de consumo, como mostra o Gráfico 3 e realizando as
mesmas análises para o perfil típico, então o consumo no horário de ponta represen-
taria 12,57%, enquanto no intermediário 9,56% e 77,86% em fora de ponta. Isso faria
com que a Tarifa Branca torna-se 3,37% mais barata que a Tarifa Convencional.
26

Gráfico 3 – Perfil típico de consumo residencial, sucedendo o pico


em 3 horas

Fonte: Adaptado de (EPE, 2020)

No Gráfico 4 é possível verificar visualmente a diferença de custo entre a Tarifa


Branca e a Tarifa Convencional, podendo perceber que nas faixas horárias classifica-
das como fora de ponta e intermediário, a diferença é pequena comparada à faixa de
ponta.

Gráfico 4 – Tarifa Branca x Tarifa Convencional - Custo (R$/kWh) - Dias úteis

Fonte: Autoria própria.


Comparação realizada entre o grupo B1 convencional e B1 branca da Copel Distribuição S.A., com
vigência em 24/06/2019, considerando impostos.
27

2.2 MEDIÇÃO DE CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA

Para realizar a medição de consumo de energia elétrica necessita-se de duas


grandezas, a corrente e a tensão elétrica. Com essas grandezas é possível obter
outras grandezas como potência ativa, reativa e aparente, além do Fator de Potência
(FP).
O produto entre a corrente (𝐼𝑒𝑓 ) e tensão eficaz (𝑉𝑒𝑓 ) resulta na potência apa-
rente (S), como mostra a Equação (2). Sua unidade é o VA (Volt-Ampere).

𝑆 = 𝑉𝑒𝑓 · 𝐼𝑒𝑓 (2)

De início era desejado obter a tensão e corrente eficazes e utilizar a Equa-


ção (2) para o cálculo do consumo. Foi descartada essa possibilidade logo de início, já
que essa metodologia só funcionária se todos os equipamentos fossem cargas resisti-
vas, o que não é verdade. Máquina de lavar, liquidificador, lâmpadas fluorecentes/Light
Emitting Diode (LED), entre outros, são alguns exemplos equipamentos que não pos-
suem fator de potência unitário, pois não se tratam de carga puramente resistiva.
O consumo de energia elétrica residencial é medido pela potência ativa (P).
Essa potência leva em consideração a defasagem entre o sinal de corrente e tensão,
a qual é dada pela Equação (3), em que há o uso do FP. Sua unidade é o W (Watts).

𝑃 = 𝑉𝑒𝑓 · 𝐼𝑒𝑓 · 𝐹 𝑃 (3)

Com a potência ativa é possível então realizar a medição do consumo. O con-


sumo de energia elétrica é o produto da potência ativa em kW pelo tempo de consumo
∆𝑇 em horas, tendo então a unidade kWh (Quilowatt-hora), como mostra a Equa-
ção (4).

𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 = 𝑃 · ∆𝑇 (4)

Como a potência ativa não é constante em uma residência, foi necessário


realizar uma integral dessa potência instantânea, em que com isso haverá sempre
o incremento no consumo. Para isso há diversos tipos de medidores que realizam
diferentes metodologias para cálculo do consumo de energia elétrica.
28

2.3 MEDIDORES DE ENERGIA ELÉTRICA

Os medidores de energia elétrica mais conhecidos no mercado hoje em dia


são: eletromecânico, eletrônico e inteligente. Eles podem ser monofásico, bifásico ou
trifásico, em que o monofásico conta com dois fios (uma fase e um neutro), o bifásico
com três fios (duas fases e um neutro) e o trifásico com quatro fios (três fases e um
neutro).
Os medidores eletromecânicos foram os primeiros a serem utilizados no mer-
cado. Funcionam com base em bobinas de tensão e de corrente opostas, que geram
um campo eletromagnético, fazendo com que um disco seja girado conforme varie
esse campo. Esse fenômeno, denominado de indução eletromagnética, é dado pela
Equação (5), em que a força F é o produto entre o campo magnético B, a corrente
I, o comprimento L do condutor e 𝛼 o ângulo entre o vetor do campo magnético e a
direção do vetor IL no espaço. (MíNGUEZ, 2007).

𝐹 = 𝐵 · 𝐼 · 𝐿 · 𝑠𝑒𝑛𝛼 (5)

Junto ao disco são acoplados registradores que demonstram o quanto de


energia foi consumida. Esses registradores são do tipo ponteiro (já obsoleto, mas
ainda presente em algumas residências) e ciclométrico. (SANTOS, 2017). A Figura 3
mostra dois medidores eletromecânicos. Esse tipo de medidor não há nenhum tipo
de conexão de leitura remota, sendo então necessário que o acompanhamento de
consumo seja feito exclusivamente no local.

Figura 3 – Exemplos de medidores eletromecânicos, a) Ponteiro b) Ci-


clométrico

Fonte: IPEM (2020).


29

Os medidores eletrônicos vieram para substituir os medidores eletromecâni-


cos. Eles possuem uma maior precisão e exatidão de medição. Funcionando com o
uso de dois transdutores, o de tensão e o de corrente. (MíNGUEZ, 2007). O esquema
de funcionamento é visto na Figura 4, em que o sinal de tensão e corrente passam
por seus respectivos transdutores e são multiplicados, obtendo a potência. A potência
é então integrada, gerando o consumo e sendo então armazenada nos registradores.

Figura 4 – Diagrama de blocos

Potência Energia
Transdutor
Tensão
de tensão

Multiplicador Integrador Registrador

Transdutor
Corrente
de corrente

Fonte: Adaptado de (MíNGUEZ, 2007)

Alguns medidores eletrônicos possuem conexão com a rede de internet, em


que é possível então verificar o consumo remotamente, dispensando a mão de obra
do leiturista. (ALVES, 2018).
Na Figura 5 é ilustrado um medidor monofásico eletrônico.

Figura 5 – Exemplo de medidor eletrônico

Fonte: (NANSEN, 2020)

Alguns ainda são bidirecionais, tendo a possibilidade de medir tanto a ener-


gia consumida quanto a energia injetada na rede. Em locais em que há o uso de
30

sistemas on grid, ou seja, onde há geração de energia elétrica local, oriunda de sis-
temas de geração alternativa por parte do consumidor, como geradores fotovoltaicos,
microgeradores eólicos, ou ainda pequenas hidrelétricas (moinhos) em que a energia
remanescente é injetada na rede, é necessário que haja esse tipo de medidor para
que seja feito o abatimento na fatura mensal.
Com o avanço da tecnologia, surgiram os medidores inteligentes, que nada
mais são do que medidores eletrônicos com conexão na rede de internet e possibi-
lidade de realizar cortes e religamentos de forma remota. Esses medidores podem
realizar também a medição de diversas grandezas como energia, potência ativa, rea-
tiva, demanda de potência máxima, tensão, corrente e FP. (MOURA, 2019).
Com os medidores inteligentes, além da vantagem de que não há a neces-
sidade de uma funcionário se deslocar para o local e realizar leitura, corte e religa-
mento, pode haver uma flexibilidade de mudança tarifária, como a Tarifa Branca e a
Tarifa Convencional, sem a necessidade de trocar o equipamento. Há a possibilidade
também de o cliente acompanhar o seu consumo de forma remota, podendo gerar um
controle maior no consumo e consequentemente uma economia ao final do mês.
Na Figura 6 está ilustrado um medidor inteligente da WEG.

Figura 6 – Exemplo de medidor inteligente de energia SMW - WEG

Fonte: (WEG, 2020)

O medidor que foi desenvolvido nesse trabalho se aproxima de um medidor


eletrônico, já que funciona com transdutores de tensão e corrente. Conta com algumas
características de um medidor inteligente, já que é possível utilizar tanto para a Tarifa
Branca quanto a para a Tarifa Convencional, além de que o consumidor acompanha
remotamente o seu consumo.
31

2.4 CIRCUITOS INTEGRADOS MEDIDORES DE POTÊNCIA ATIVA

Um equipamento elétrico pode consumir potência ativa e reativa durante seu


funcionamento, entretanto o que é medido pelas concessionárias na Tarifa Branca é a
potência ativa.
Para realizar a medição de potência ativa é necessário então considerar a
defasagem entre o sinal de corrente e de tensão. Para isso, existem alguns circuitos
integrados dedicados à medição de potência ativa, reativa, aparente, fator de potência,
entre outras.
A Tabela 5 apresenta um comparativo entre cinco Circuitos Integrados (CI’s)
que realizam essa medição, mostrando o número de conversores analógicos digitais
(do inglês, Analog to Digital Converter (ADC)), tensão de alimentação, comunicação e
suas grandezas medidas.

Tabela 5 – Comparativo entre CI’s medidores de potência


CI N.º de ADC VCC (V) Comunicação Grandezas medidas
ADE7753 2 5 SPI W, Var, VA
CS5463 2 5 SPI Vrms, Irms, W, Var, VA, FP
78M66104 4 3,3 UART/SPI W, Var, VA
STMP 2 5 SPI Vrms, Irms, W, Var, VA
71M6515H 6 3,3 UART/SPI Vrms, Irms, W, Var, VA, FP, THD
Fonte: Adaptado de Silva e Santos (2016).

Desses CI’s, o 78M66104 e o STMP estão indisponíveis/obsoletos no mer-


cado. O CS5463 está disponível no mercado externo por $3,66, o 71M6515H por $3,14
e o ADE7753 por $0,26, no dia 01/12/2020 nas lojas AliExpress e Mouser Electronics.
Quando iniciou-se o projeto, no final do ano de 2019, esses valores eram praticamente
iguais. O ADE7753 além de ser o mais barato, contava também com opção no mer-
cado nacional caso fosse necessário.

2.4.1 Circuito integrado ADE7753

O ADE7753 é um circuito integrado de medição multifuncional monofásico. Ele


e sua pinagem são ilustrados na Figura 7.
Esse Circuito Integrado (CI) é alimentado por uma tensão Vcc de 5 V ± 5% no
pinos DVDD e AVDD, com relação aos pinos AGND e DGND. (DEVICES, 2020).
Há dois pares de pinos principais, o V1P/V1N e o V2P/V2N. O primeiro par é
32

Figura 7 – Circuito integrado ADE7753, a) pinagem b) CI

Fonte: Devices (2020)

uma entrada analógica responsável pela leitura de corrente, proveniente de um trans-


formador de corrente. Essa leitura é feita através de uma entrada de tensão diferencial,
com níveis de ±0,5 V, ±0,25 V e ±0,125 V, dependendo da escala escolhida. (DEVI-
CES, 2020).
O segundo par é responsável pela leitura de tensão, em que essa tensão deve
ser dimensionada para no máximo ±0,5 V. Ambos os pares suportam uma tensão de
até ±6 V, mas com risco permanente de dano. (DEVICES, 2020).
Esse circuito possui um integrador digital, possibilitando o uso de transdutores
de corrente do tipo di/dt, como a bobina de Rogowski. Ele pode ser acionado ou não,
dependendo do tipo de transformador de corrente utilizado, através de um de seus
registradores. (DEVICES, 2020).
Conta também com dois conversores analógicos-digitais de 16 bits, tendo as-
sim uma resolução muito maior que os conversores internos de muitos microcontro-
ladores. Como exemplo pode-se citar o Atmel Atmega328 utilizado nas plataformas
de prototipagem rápida Arduino Uno, o qual possui seu ADC com 10 bits. (ARDUINO,
2020b).
Na Figura 8 é ilustrado o diagrama de blocos do CI.
A comunicação é feita através do protocolo Serial Peripheral Interface (SPI),
pelos pinos DIN, DOUT, SCLK e CS. Já os pinos CLKOUT e CLKIN são de entrada
para o cristal oscilador de 3,579545 MHz. (DEVICES, 2020).
Na Figura 9 é possível ver como o sinal analógico de corrente é tratado na
entrada do CI. Ele passa primeiramente por um amplificador de ganho programável
(do inglês, Programmable-Gain Amplifier (PGA)), o qual pode ser 1, 2, 4, 8 ou 16.
33

Figura 8 – Diagrama de bloco do ADE7753

Fonte: Devices (2020)

Em seguida esse sinal analógico é convertido em um sinal digital pelo ADC 1, o qual
possui um valor de referência interno de 2,42 V. Passa então por um filtro passa-alta
para então ir para o cálculo de potências e da corrente eficaz.

Figura 9 – Conversão analógica-digital do sinal de corrente

Fonte: Adaptado de Devices (2020)

Na Figura 10 ilustra-se o sinal de tensão sendo tratado. Diferencia-se aqui so-


mente que o sinal não passa por um filtro interno para ir para o cálculo das potências.
Entretanto para o cálculo da tensão eficaz, o sinal passa por um filtro passa-baixa
interno.
34

Figura 10 – Conversão analógica-digital do sinal de tensão

Fonte: Adaptado de Devices (2020)

Os sinais digitais de corrente e tensão são utilizados para o cálculo da potên-


cia ativa. Esses sinais são multiplicados e o resultado passa em seguida por um filtro
passa-baixa (LPF2), resultando assim a potência ativa, como pode ser visto na Fi-
gura 11. É possível então adicionar um offset através do registrador APOS e também
realizar calibrações através dos registrados WGAIN e WDIV.

Figura 11 – Cálculo da potência ativa

Fonte: Adaptado de Devices (2020)

Os sinais de corrente e tensão eficaz são multiplicados, seguindo a Equa-


ção (2), resultando na potência aparente, como pode ser visto na Figura 12. Através
dos registradores VAGAIN e VADIV é possível ainda realizar a calibração.
35

Figura 12 – Cálculo da potência aparente

Fonte: Adaptado de Devices (2020)

2.4.1.1 Circuito elétrico base do ADE7753

No datasheet do ADE7753 é informado um circuito elétrico base para seu


funcionamento. Esse circuito é apresentado na Figura 13.
ADE7753
Figura 13 – Circuito elétrico base - ADE7753
VDD VDD

10μF 100nF 100nF 10μF I 10μF 100nF 100nF 10μF

ENT CURRENT
AVDD DVDD RESET AVDD DVDD RESET
DIN TRANSFORMER
0Ω 1kΩ 1kΩ DIN
V1P V1P
nF 33nF DOUT TO SPI BUS TO SPI BUS
33nF DOUT
(USED ONLY FOR RB
0Ω 1kΩ (USED ONLY FOR
SCLK CALIBRATION) 1kΩ SCLK
V1N CALIBRATION)
nF 33nF
U1 V1N U1
ADE7753 CS 33nF
ADE7753 CS
CLKOUT
Y1 22pF CLKOUT
V2N Y1 22pF
1kΩ 33nF 3.58MHz V2N
CLKIN 1kΩ 33nF 3.58MHz
22pF CLKIN
kΩ 22pF
V2P 600kΩ
IRQ V2P
kΩ 33nF IRQ
SAG NOT CONNECTED 110V 1kΩ 33nF
SAG NOT CONNECTED
ZX
REFIN/OUT ZX
100nF CF U3 REFIN/OUT
10μF 100nF CF U3
AGND DGND
TO
1 GAIN = 8 AGND DGND
FREQUENCY TO
2 GAIN = 1 CT TURN RATIO = 1800:1
COUNTER FREQUENCY
CHANNEL 2 GAIN = 1
COUNTER
GAIN 1 (CH1) RB
PS2501-1 1 10Ω
02875-A-012 8 1.21Ω
PS2501-1
02875-0-030

Test Circuit for Performance Curves with Integrator On Fonte: Devices


Figure (2020)
30. Test Circuit for Performance Curves with Integrator Off

Esse é um circuito apresentado para quando não há utilização do integrador


digital. É composto por várias combinações de resistores e capacitores, com a finali-
dade de filtrar e adequar os sinais de corrente e tensão. O resistor RB tem a função de
transformar a corrente oriunda do transformador de corrente em um sinal de tensão.
36

Já o resistor de 600 kΩ, faz parte de um divisor resistivo para ajustar o sinal de tensão.
Ambos valores desses resistores serão ajustados a fim de readequar o projeto.

2.5 SENSORIAMENTO DE CORRENTE E TENSÃO

2.5.1 Transformadores de corrente

Há disponível no mercado brasileiro, diversos tipos de transformadores de cor-


rente. Resistor shunt, Bobina de Rogowski, não invasivo, etc.

2.5.1.1 Resistor shunt

O resistor shunt é uma maneira de adequar essa corrente para a leitura. Trata-
se de um resistor de baixa resistência, que é ligada em série com a carga. Esse resis-
tor geralmente é desenvolvido com materiais que não alteram sua resistência com a
variação da temperatura, e por ficaram em série com a carga, eles necessitam supor-
tar toda a corrente do alimentador, resultando então em um componente de volume
grande. (RENZ, 2020).
Na Figura 14 é ilustrado esse resistor.

Figura 14 – Resistor shunt

Fonte: NQQK (2020).

Como o resistor shunt possui uma baixa resistência, a queda de tensão em


cima dele irá ser pequena. E pela Lei de Ohm, em que 𝑉 = 𝑅· 𝐼, a corrente no alimen-
tador será reflexo dessa tensão, já que se trata de um resistor.
37

2.5.1.2 Bobina de Rogowski

Outro método de realizar a medição de corrente é através da Bobina de Ro-


gowski, um método não invasivo. Trata-se de um toróide com enrolamento uniforme de
bobina em um núcleo não magnético. Esse equipamento baseia-se na Lei de Ampère
e a Lei de Faraday-Lenz, em que necessita de um integrador para a realização de
leitura. (GOVEIA, 2013).
Por não possuir núcleo ferromagnético, possui vantagens em comparação aos
transformadores de corrente comuns, como por exemplo, linearidade por não haver
fenômenos de saturação ou histerese e também não há perdas no núcleo (GOVEIA,
2013).
A Figura 15 ilustra o esquemático interno e também uma bobina comercial.

Figura 15 – Bobina de Rogowski, a) Esquemático b) Modelo comercial

Fonte: a) Veloso, Silva e Torres I. Noronha (2008) b) AimDynamics (2020)

2.5.1.3 Não invasivo

Outra opção é o transformador de corrente não invasivo com núcleo bipartido


(Split Core), o qual não necessita abrir o circuito para realizar a medição, pois funciona
como um alicate amperímetro.
Sua saída é dada em tensão ou em corrente e como conta com um núcleo
ferromagnético, pode apresentar os fenômenos de saturação e histerese.
38

2.5.1.3.1 Sensor de Corrente SCT-013-000

O SCT-013-000 é um sensor de corrente não invasivo, do tipo Split Core, muito


comum no mercado. Esse sensor pode ser visto na Figura 16.
Figura 16 – Sensor de corrente SCT-
013-000

Fonte: YHDC (2020)

Suas características técnicas são:

• Corrente de entrada (rms): 0-100 A;

• Sinal de saída: 0-50 mA;

• Temperatura de trabalho: -25ºC a 70ºC;

• Exatidão: ±1%; e

• Linearidade: < 0,2%.

O sinal de saída do sensor é em corrente, dessa forma, para transformar esse


sinal de corrente em um sinal de tensão, caso necessário, utiliza-se um resistor. Esse
esquema é apresentado na Figura 17.
Figura 17 – Resistor RB

Fonte: Autoria própria


39

O valor de pico ( 𝐼1𝑝𝑖𝑐𝑜 ) da corrente I1 é dada pela Equação 6.


𝐼1𝑝𝑖𝑐𝑜 = 𝐼1𝑒𝑓 · 2 (6)

Para encontrar o valor do resistor RB que irá converter a corrente I1 em um


nível de tensão 𝑉𝑅𝐵 , utiliza-se a Equação 7.

𝑉𝑅𝐵
𝑅𝐵 = (7)
𝐼1𝑝𝑖𝑐𝑜

2.5.2 Transformadores de tensão

Uma possibilidade é a utilização de um transformador de tensão convencio-


nal com bobinas no primário e secundário, com um núcleo ferromagnético entre elas.
Possui a vantagem de isolar a rede e o sistema, entretanto possui um volume consi-
derado.
Outra possibilidade é através de um divisor de tensão diretamente ligado na
rede, que apesar de não haver isolamento entre a rede e o sistema, é um sistema
muito simples, barato e eficaz para realizar a medição.
O divisor resistivo é composto por dois resistores ligados em série, como está
ilustrado na Figura 18. A tensão de entrada 𝑉𝑖 é aplicada sobre os dois resistores, R1
e R2, que por estarem em série, compartilham da mesma corrente.

Figura 18 – Divisor de tensão

R1
Vi
R2
Vo

Fonte: Autoria própria

Pela Lei de Ohm, chega-se na Equação (8), a qual a tensão de saída 𝑉𝑜 é


40

relacionada com a tensão de entrada 𝑉𝑖 e os dois resistores, R1 e R2.

𝑅2
𝑉𝑜 = 𝑉𝑖 (8)
𝑅1 + 𝑅2
Isolando o 𝑉𝑖 na Equação 8 é possível verificar qual a tensão de entrada má-
xima para uma saída 𝑉𝑜 , através da Equação 9.

𝑅1 + 𝑅2
𝑉𝑖 = 𝑉𝑜 (9)
𝑅2
Ainda, utilizando a Equação 8, é possível deixar R1 como uma variável a ser
definida de acordo com as tensões de entrada, saída e o valor de R2, isolando-o, como
mostra a Equação 10.

𝑉𝑖
𝑅1 = 𝑅2 ( − 1) (10)
𝑉𝑜

2.6 PLATAFORMAS DE PROTOTIPAGEM RÁPIDA

As plataformas de prototipagem rápida são dispositivos eletrônicos quem têm


como objetivo fazer o controle, leitura e cálculos de sistemas elétricos/eletrônicos, de
forma objetiva e facilitada, decorrente de diversos conteúdos e códigos abertos (do
inglês, Open Source).
Arduino Uno, ESP8266 NodeMCU, ESP32 e Raspberry Pi 3 são alguns exem-
plos de plataformas utilizadas para tais fins. A escolha destas para uma comparação
é motivada por serem plataformas amplamente utilizadas pelos usuários.
O Arduino é o primeiro projeto de hardware de código aberto. Surgiu em 2005
com o intuito de ajudar estudantes que não possuíam experiência em programação
de microcontroladores e eletrônica. Desde então, é a plataforma de prototipagem mais
popular do mundo. (ARDUINO, 2020a).
O Arduino Uno é um modelo dos mais populares, o qual conta com um mi-
crocontrolador ATmega328, com a arquitetura de 8 bits e um núcleo com clock de
16 MHz. Possui uma Static Random Access Memory (SRAM) de 2 kB, 1 kB de Elec-
trically Erasable Programmable Read-Only Memory (EEPROM) e uma memória flash
de 32 kB. Conta também com 6 conversores analógicos-digitais. Possui interface SPI,
Inter-Integrated Circuit (I2C) e Universal Asynchronous Receiver-Transmitter (UART)
41

e é baseado em uma linguagem C e C++, em que é programável através do Arduino


IDE. (ARDUINO, 2020b).
O ESP8266 NodeMCU e o ESP32 são plataformas criadas pela Espressif
Systems, uma multinacional chinesa com sede em Xangai.
O NodeMCU conta com o módulo ESP8266MOD, o qual possui uma arqui-
tetura de 32 bits e um núcleo com clock 80 MHz. Possui 160 kB de Random Access
Memory (RAM), 4 MB de flash e um conversor analógico-digital. Tem interface SPI,
I2C, Inter-IC Sound (I2S) e UART. Se destaca por possuir comunicação Wireless Fide-
lity (Wi-Fi) integrada, abrindo várias possibilidades de projetos. (ELECTRODRAGON,
2020).
O ESP32 veio como sucessor do NodeMCU, com algumas melhorias. Seu
módulo é o ESP-WROOM-32 com arquitetura de 32 bits, dois núcleos com um clock
ajustável entre 80 MHz a 240 MHz. Possui 520 kB de memória RAM e 16 MB de memó-
ria flash. Conta com 18 conversores analógicos-digitais e 2 digitais-analógicos. Possui
as mesmas interfaces que seu antecessor, com adição do Controller Area Network
(CAN). Além da comunicação Wi-Fi, possui comunicação Bluetooth. (ESPRESSIF,
2020).
Tanto o ESP8266 NodeMCU quanto o ESP32 são programados em linguagem
LUA, entretanto possuem compatibilidade com o Arduino IDE.
No Tabela 6 mostra uma comparação entre as plataformas citadas.

Tabela 6 – Comparativo entre as plataformas de prototipagem


Arduino UNO R3 NodeMCU ESP32 Raspberry Pi 3
Chip ATmega328 ESP8266MOD ESP-WROOM-32 Broadcom BCM2837
Arquitetura 8 bits 32 bits 32 bits 64 bits
Núcleo 1 1 2 4
Clock 16 MHz 80 MHz 80 MHz - 240 MHz 1,2 GHz
Wi-Fi Não Sim Sim Sim
Bluetooth Não Não Sim Sim
RAM 2 kB 160 kB 520 kB 1 GB
Flash 32 kB 4 MB 16 MB Externo
GPIO 23 17 34 28
DAC 0 0 2 0
ADC 6 1 18 0
SPI / I2C / UART / I2S /
SPI / I2C / I2S / SPI / I2C / I2S /
Interfaces SPI / I2C / UART MIPI CSI-2 / DSI / CEC /
UART UART / CAN
SDIO
Fonte: Arduino (2020b), Electrodragon (2020), Espressif (2020), Pi4J (2019) e RaspberryPi (2020)
42

2.7 MÓDULO DE RELÓGIO DE TEMPO REAL

A Tarifa Branca diferentemente da Tarifa Convencional, leva em consideração


as faixas horárias e o dia da semana de consumo de energia elétrica. (ANEEL, 2020a).
Por esse motivo, é necessário um sistema que possua essas informações.
O dispositivo RTC DS1307, é um relógio de tempo real (do inglês, Real-Time
Clock (RTC)) o qual possui também um calendário completo e suporte para o sensor
de temperatura DS18B20. (INTEGRATED, 2020). A Figura 19 mostra esse dispositivo
em seus dois lados.
Figura 19 – RTC DS1307, a) Vista inferior b) Vista superior

a) b)

Fonte: Adaptado de FilipeFlop (2020)

Esse RTC possui um protocolo de comunicação I2C, compatível então com


o ESP8266 NodeMCU. É alimentado por uma tensão na faixa de 4,5 V a 5,5 V, mas
que segundo usuários do NodeMCU, pode ser alimentado com 3,3 V, já que o mesmo
possui um suporte para a bateria CR2032 de 3 V. (INTEGRATED, 2020).
Ele conta com um sistema de detecção de falha de energia, o qual é alimen-
tado então pela bateria. Isso é um ponto fundamental no projeto, já que caso ocorra
uma queda de energia na residência, o sistema não pode perder as informações de
hora e data.
Com ele é possível obter os segundos, minutos, horas, dias da semana, dias
do mês, mês e anos, com limitação até o ano de 2099. Tudo isso consumindo uma
baixa energia, com apenas 500 nA. (INTEGRATED, 2020)

2.8 INTERNET DAS COISAS

A Internet das Coisas (do inglês, Internet of Things (IoT)) é definida por Al-
meida et al. (2019) como "um ecossistema que combina redes de sensores sem fio,
43

computação em nuvem, dados analíticos, tecnologias interativas, bem como dispositi-


vos inteligentes".
Surgiu na segunda década do século XXI, em que a ideia era que qualquer
coisa pudesse enviar informações e que através do acesso em nuvem, fosse possível
acessar essas informações remotamente. Tudo isso graças à evolução do protocolo
ethernet e a mobilidade dos dispositivos de comunicação, em que dessa forma, pos-
sibilita endereçar qualquer dispositivo. (JUNIOR; FARINELLI, 2018).
A Internet das Coisas possibilita a comunicação de equipamentos desde do-
mésticos até industriais, que antes não se imaginava que era possível tal comunica-
ção. Com isso, hoje é possível comandar remotamente tais dispositivos, em que estes,
podem comandar outros dispositivos, criando assim, uma rede inteligente.
A Figura 20 ilustra a rede IoT, onde equipamentos e sensores estão interliga-
dos pela nuvem, na qual há a conexão com a Interface Homem Máquina (IHM), a qual
possibilita a interação entre a pessoa e o sistema/equipamentos.
Figura 20 – A rede IoT

Fonte: Autoria própria

Com o aumento expressivo dos números de dispositivos se conectando à in-


ternet, tem-se uma preocupação de como será realizada a comunicação entre eles.
Com isso, novos protocolos são necessários para que haja a compatibilidade de co-
municação entre essa nova rede de dispositivos. (AL-FUQAHA et al., 2015). Alguns
protocolos utilizados na IoT são: Wi-Fi, Bluetooth, LoRa, SigFox, entre outras.
Wi-Fi é uma tecnologia que utiliza ondas de rádio, geralmente na faixa de
2.4 GHz, a qual permite um alcance de até 100 m. (LEITE; MARTINS; URSINI, 2017).
44

O Bluetooth é uma tecnologia que utiliza ondas de rádio também, entretanto


possui um alcance menor que o Wi-Fi (cerca de 10 m). Difere-se também no con-
sumo de energia, em torno de 10x menos que o Wi-Fi. (LEITE; MARTINS; URSINI,
2017). Há também uma nova modalidade dessa tecnologia, denominada de Bluetooth
Low-Energy (BLE), a qual foi desenvolvida para consumir baixíssima energia, em que
uma bateria pode durar anos, comparada à versão anterior. Difere-se também que o
alcance é 10x maior que o Bluetooth convencional. (AL-FUQAHA et al., 2015).
Tanto o Wi-Fi quanto o Bluetooth podem sofrer ruídos, interferência, atraso de
rede, entre outros problemas. A LoRa então é uma tecnologia que promete resolver
esses problemas, já que conta com uma rede separada. O grande destaque é o seu al-
cance, mais de 10 km e com um baixo consumo de energia, em que utiliza a topologia
estrela para transmitir sinais entre o nó e o gateway. (SHENG et al., 2020).
Uma outra tecnologia é a SigFox, que também conta com um baixo consumo
de energia e longo alcance. Com ela, é possível transmitir pequenas quantidades de
dados em até 50 km. Utiliza a tecnologia Ultra Narrow Band (UNB), a qual permite a
transmissão de dados nessa longa distância, entretanto com uma baixa velocidade de
transmissão de dados. (AL-SARAWI et al., 2017).
O acesso remoto às informações de algum equipamento, é possível através
de uma plataforma online que irá gerenciar a comunicação com o dispositivo, sendo
possível então acessar via computador, tablets, celulares e afins.
Algumas dessas plataformas são:

• IBM Watson IoT Platform;

• ThingSpeak ;

• Microsoft Azure Platform;

• Amazon AWS IoT ; e

• Bosch IoT suíte.

2.8.1 Plataforma ThingSpeak

A plataforma ThingSpeak é uma das mais utilizadas para receber dados de


plataformas de prototipagem, devido a simplicidade de sincronização e visualização
45

de dados, além também de contar com uma versão gratuita na qual as limitações são
baixas. Essas limitações são:

• 3 milhões de mensagens enviadas ao ano (cerca de 8,2 mil por dia);

• 4 canais disponíveis;

• Envio de dados a cada 15 segundos;

• 8 campos de dados;

• 3 mil bytes a cada mensagem; e

• Compartilhar 3 canais de forma privada.

A criação de um canal é feita de forma simples e direta, como mostra a Fi-


gura 21. Percebe-se também a presença dos oito campos de dados, tags, anexo de
vídeo do projeto, entre outros campos.

Figura 21 – Criação de canal no ThingSpeak

Fonte: ThingSpeak (2020)


46

Para conectar a plataforma de prototipagem rápida com o ThingSpeak (atra-


vés do ArduinoIDE), necessita somente da biblioteca "ThingSpeak.h" e o seguinte
trecho de código:

ThingSpeak . s e t F i e l d ( NumeroDoCampo , ValorASerEnviado ) ;


httpCode = ThingSpeak . w r i t e F i e l d ( NumeroDoCanal , ChaveDeAcesso ) ;

O número do canal e a chave de acesso são obtidos na aba API Keys, como
mostra a Figura 22.

Figura 22 – Número do canal e da chave

Fonte: ThingSpeak (2020)


47

3 MATERIAIS E MÉTODOS

O projeto conta com duas frentes: desenvolvimento do medidor de energia


elétrica voltado para Tarifa Branca e também a verificação de viabilidade de migração
tarifária de uma residência.

3.1 METODOLOGIA

O ponto de partida para o desenvolvimento do medidor de energia elétrica foi


definir como seria realizada essa medição. Após isso, desejava-se desenvolver uma
forma de visualizar esse resultado para verificar a viabilidade de migração para a Tarifa
Branca.
Na Figura 23 está ilustrada a estrutura básica do projeto. Para que seja feita a
medição de energia, é necessário obter os sinais de tensão e corrente. Com a potência
obtida, é utilizado um microcontrolador para realização de cálculos e comunicação
com o dispositivo medidor de energia, além da comunicação com uma plataforma IoT,
para que o usuário consigo visualizar o consumo de forma fácil e remota.

Figura 23 – Diagrama da metodologia

Aquisição de tensão Aquisição de corrente

Medidor de potência elétrica

Microcontrolador

IoT

Usuário

Fonte: Autoria própria

3.1.1 Definições dos requisitos de projeto

Tratando-se de um medidor de energia elétrica voltado para a Tarifa Branca,


o primeiro requisito fundamental é que o mesmo realize a medição de potência ativa,
potência a qual é medida pela concessionária de energia, para que seja feito o fatu-
48

ramento. Deseja-se também obter o fator de potência na residência, apenas para fins
de conhecimento, já que não é necessário para a medição na Tarifa Branca.
A leitura do resultado da medição deverá ser feita em alguma plataforma IoT,
a fim de facilitar o acesso e a visualização de resultados. Com isso é necessário que
a residência em que o medidor esteja em funcionamento tenha acesso à internet com
conexão wireless, para que não haja a necessidade de instalar cabo de rede no local
de medição.
A residência em que o medidor estará sendo instalado é atendida por uma
tensão monofásica de 127 V. Portanto, deseja-se desenvolver um medidor monofásico
nesse nível de tensão.
Nessa residência em que será base do projeto, o equipamento que consome
maior corrente é o chuveiro elétrico, na faixa de 43 A. Com isso, projetou-se quais
poderiam ser os outros equipamentos que estariam ligados ao mesmo tempo e que
pudessem aumentar a corrente no alimentador. O resultado pode ser visto na Tabela 7.
Tabela 7 – Corrente dos equipamentos
Equipamento Corrente (A)
Chuveiro 43
Ferro de passar 10
Iluminação 1
Televisão 2
Micro-ondas 8
Máquina de lavar 12
Notebook 0,6
Aspirador de pó 8
Geladeira 2
TOTAL: 86,6
Fonte: Autoria própria.

Os valores de corrente da Tabela 7 são valores baseados nos equipamentos


da residência em questão. Percebe-se que com todos esses equipamentos ligados, o
consumo não é superior a 90 A, sendo esse valor considerado inicialmente o mínimo
desejável de capacidade de leitura do medidor.
Outro requisito é com a questão de quando ocorrer uma queda de energia.
O equipamento não poderá perder as informações contidas nele quando ocorrer esse
evento. Para isso, é necessário implementar um sistema que salve essas informações
constantemente.
Por fim, outro critério é o tempo em que será realizado a medição na residên-
cia. Optou-se por ser em torno de no mínimo 7 dias, para obter-se uma boa amostra
49

do comportamento de consumo na semana.

3.2 MATERIAIS

Apresentadas as opções e referencial teórico de alguns materiais, definiu-se


quais seriam utilizados e o motivo.

3.2.1 ADE7753

De início começou-se a pesquisar como realizar a medição de potência ativa,


uma vez que é necessário considerar a defasagem entre o sinal de tensão e corrente.
Uma ideia inicial era desenvolver um Detector de Passagem por Zero (no inglês, Zero
Crossing Detector ), em que através de um microcontrolador seria possível calcular
o fator de potência e chegar na potência ativa. Entretanto realizar o desenvolvimento
desse detector é algo um pouco complexo, em que há trabalhos focados somente com
esse objetivo. Como deseja-se realizar ainda um estudo de viabilidade de migração
tarifária, optou-se pela utilização de um circuito integrado multimedidor.
Entre as possibilidades de CI’s disponíveis para medição, optou-se pela esco-
lha do ADE7753.
Os motivos pelos quais ele foi escolhido são:

• Possui uma taxa de erro menor que 0,1% para a medição de potência ativa;

• Possui protocolo de comunicação SPI, o qual é compatível com diversas plata-


formas de prototipagem;

• Número considerável de referências bibliográficas; e

• Disponibilidade e baixo custo no mercado externo.

Esse CI conta com dois PGA, em que optou-se por trabalhar com o ganho
unitário, ou seja, com o máximo do sinal de entrada, ±0,5 V.

3.2.2 Sensoriamento de corrente e tensão

Para realizar a medição de corrente consumida pela residência, optou-se pela


utilização do sensor de corrente não invasivo SCT-013-000. Sua escolha é devido aos
50

seguintes motivos:

• Por ser um sensor não invasivo, ou seja, não é necessário abrir o alimentador
para realizar a medição;

• Cumpre com um dos requisitos iniciais, o qual é ter a capacidade de medição de


no mínimo 90 A;

• Encontra-se facilmente no mercado; e

• Há diversas referências bibliográficas sobre.

Como explicado na subseção 2.4.1.1, o ADE7753 necessita de um sinal de


tensão da rede elétrica em no máximo ±0,5 V. Para isso, optou-se pela utilização de
um divisor resistivo para o condicionamento do sinal da rede elétrica. O motivo de sua
escolha é principalmente a simplicidade do circuito.

3.2.3 ESP8266

Para comunicar-se com o ADE7753, realizar a leitura de dados e cálculos,


optou-se pela plataforma de prototipagem ESP8266 NodeMCU.
Sua escolha é dada principalmente pelos seguintes motivos

• Possui conexão wireless para comunicar-se com uma plataforma IoT;

• Possui comunicação SPI, para comunicar-se com o ADE7753;

• Conta com uma memória flash de 4 MB, possibilitando salvar informações; e

• Possui um dos melhores custo-benefício.

O ESP8266 conta com uma emulação de memória do tipo EEPROM, uma


memória do tipo não volátil, ou seja, que os dados não são perdidos mesmo com
a falta de energia. Essa emulação é dada através de um segmento de sua flash,
resultando em uma capacidade de armazenamento de 4096 kB. (MORAIS, 2020).
51

3.2.4 ThingSpeak

A plataforma IoT escolhida para visualizar os resultados de forma remota e


online foi o ThingSpeak.
O ThingSpeak se destaca pelo fato de ser uma plataforma muito fácil de se uti-
lizar e implementar no sistema, além de que possui uma grande variedade de materiais
disponíveis com exemplos de aplicações com o ESP8266, sendo essa característica,
o fator decisivo na sua escolha.
Para o projeto, um intervalo de envio de dados a cada 15 segundos é muito
mais do que o suficiente, tendo uma amostra de dados muito grande já. E com relação
aos canais, um somente basta, já que será o canal principal do projeto. Dentro desse
canal, serão utilizados os 8 campos de dados, trazendo os resultados como: potência
ativa, consumo total, consumo em horário de ponta, intermediário e fora de ponta,
valor na Tarifa Convencional, valor na Tarifa Branca e fator de potência.

3.3 PROTOCOLO EXPERIMENTAL

Inicialmente realizaram-se testes de circuito e comunicação em uma protobo-


ard, a fim de detectar possíveis problemas e soluções. Após essa análise preliminar,
implementou-se o circuito em uma placa de circuito impresso (do inglês, Printed Cir-
cuit Board (PCB)). Para isso, desenvolveu-se um desenho eletrônico que foi impresso
diretamente na placa, a qual então foi corroída e seus componentes soldados.
Com a parte de hardware pronta, desenvolveu-se a parte de software do sis-
tema, na qual foi desenvolvido o cálculo de consumo, fator de potência, calibração,
salvamento na memória e envio da dados para a plataforma IoT.
Com o medidor pronto, instalou-se o mesmo na residência, local onde ficou
ligado por 7 dias. Após esse período com os dados coletados na plataforma IoT, re-
alizou a análise e comparação entre a Tarifa Branca e Convencional. Foi realizada
uma análise por dia da semana, verificando o consumo em cada faixa horária e o
valor total tarifário acumulado em cada dia nas duas tarifas, chegando a um total ao
final da semana que indica qual a tarifa foi a mais vantajosa economicamente nessa
residência.
52

3.3.1 Calibração do medidor

Com toda a programação concluída e o medidor funcionando, chega-se à


etapa de calibração do equipamento.
O ADE7753 possui registradores com ajustes de ganhos e de offset. Entre-
tanto no projeto optou-se por uma calibração indireta utilizando um equipamento de
medição de referência para comparação, em que são ajustados então os ganhos dire-
tamente no código.
O equipamento utilizado para ser o medidor de referência foi o Peacefair
PZEM-022, observado na Figura 24, o qual realiza a medição de tensão (80 V a 260 V
AC), corrente (0,02 A a 100 A), potência ativa (0,5 W a 22 kW), consumo (0 kWh a
9999 kWh), frequência (45 Hz a 65 Hz) e fator de potência (0 a 1). O erro de leitura é
de apenas ±1%. (PEACEFAIR, 2020).

Figura 24 – Medidor PZEM-022

Fonte: Autoria própria

Devido à pandemia do COVID-19, não foi possível acessar os laboratórios da


universidade. Desse modo, além de utilizar um equipamento próprio para auxiliar na
calibração (PZEM-022), teve que ser utilizado as próprias cargas da residência para
tal ação.
Tratando-se uma calibração indireta, ligou-se os dois medidores e deu-se inicio
às medições. Foram anotados valores dos registradores de potência ativa e aparente
por parte do ADE7753 e os valores apontados da potência ativa e fator de potência
apontados pelo PZEM-022. Como o PZEM-022 não mostra diretamente a potência
aparente, utilizou-se a relação trigonométrica da Equação 15 para obtê-la.
Após várias medições em diferentes faixas de potências, obteve-se um ganho
médio tanto de potência ativa quanto de potência aparente. Entretanto esse ganho
53

médio trazia resultados ruins para faixa potência mais alta ou faixa de potência mais
baixa. Optou-se então por criar algumas faixas de potências e determinar um ganho
médio para cada faixa e não só um ganho universal para todas as faixas. Isso trouxe
um resultado muito mais preciso.
O ganho de maneira genérica é obtido pela Equação 11.

𝑉 𝑎𝑙𝑜𝑟_𝑃 𝑍𝐸𝑀 022


𝑔𝑎𝑛ℎ𝑜 = (11)
𝑅𝐸𝐺_𝐴𝐷𝐸7753
Em que REG_ADE7753 é o valor apontado pelo registrador do ADE7753 e
Valor_PZEM022 é o valor real apontado pelo PZEM-022.

𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑐𝑎𝑙𝑖𝑏𝑟𝑎𝑑𝑎 = (𝑅𝐸𝐺_𝐴𝐷𝐸7753 + 𝑜𝑓 𝑓 𝑠𝑒𝑡) · 𝑔𝑎𝑛ℎ𝑜


𝑃 𝑜𝑡ˆ (12)

A potência calibrada é então obtida pela Equação 12, na qual percebe-se a


presença do termo offset, em que foi necessário adiciona-lo pois quando não havia
carga ligada, o medidor marcava ainda sim um pequeno valor, o qual foi corrigido
adicionando um offset negativo.
54

4 DESENVOLVIMENTO

4.1 DESCRIÇÃO DO PROJETO

A estrutura básica do projeto está representada na Figura 25. O medidor é ins-


talado após o medidor comum da concessionária de energia, já dentro da residência
com alcance da rede wireless. O sensor de corrente SCT-013-000 é acoplado à linha
de fase da rede, em que o sinal resultante é recebido pelo CI ADE7753. O divisor de
tensão é ligado na fase (F) e neutro (N), em que o sinal resultante também é recebido
pelo CI.

Figura 25 – Estrutura básica do projeto

Fonte: Autoria própria

O ADE7753 realiza as medições de potência ativa e aparente e envia então


para o ESP8266. O mesmo também recebe as informações de data e hora do RTC
DS1307 e daí então executa toda a programação desenvolvida, como cálculo de fator
de potência, de potência ativa consumida, acúmulo de potência em todas as faixas
horárias além de sua detecção, armazenamento em memória e envio dos dados para
o ThingSpeak.
55

4.2 AJUSTE DOS SINAIS DE ENTRADA

Os sinais de corrente e tensão, obtidos pelos seus respectivos transforma-


dores, devem ser ajustados de acordo com as limitações do circuito que irá fazer a
leitura, no caso o ADE7753.

4.2.1 Corrente

Como o sensor de corrente SCT-013-000 possui sinal de saída a corrente, é


necessário utilizar um resistor para transformar essa corrente em tensão.
A saída em corrente, I1, do sensor de corrente SCT-013-000 é no máximo
50 mA. Esse é um valor eficaz. O valor de pico é obtido aplicando a Equação 6, ficando
da seguinte forma:


𝐼1𝑝𝑖𝑐𝑜 = 50 𝑚𝐴 · 2

𝐼1𝑝𝑖𝑐𝑜 ≈ 70,71 𝑚𝐴

Como a leitura de tensão (𝑉𝑅𝐵 ) nos pares V1P e V1N, da Figura 13 devem
ser no máximo ±0,5 V, o valor do resistor RB é encontrado aplicando a Equação 7,
ficando da seguinte forma:

0,5 𝑉
𝑅𝐵 ≈
70,71 𝑚𝐴

𝑅𝐵 ≈ 7,07 Ω

Inicialmente optou-se pela utilização do resistor RB = 10 Ω, a fim de realiza-


ções de testes de leitura. Percebeu-se então que o sistema não era tão sensível, pois
só começava a detectar energia após cerca de 30 W, mesmo configurando os ganhos
no ADE7753. Uma saída então foi aumentar o valor do resistor RB, fazendo com que o
sistema fique mais sensível. Entretanto fazendo isso, limita-se a corrente máxima que
o sensor poderá fazer.
Como dito anteriormente, o sensor SCT-013-000 faz uma leitura de até 100 A,
resultando em uma saída de 50 mA, sendo aproximadamente 70,71 mA de pico. Na
56

Equação 7, aumentando o valor de RB, é necessário diminuir o valor de 𝐼1𝑝𝑖𝑐𝑜 , a fim


de manter constante o valor de 𝑉𝑅𝐵 .
Testou-se então aumentar em 20% o valor do resistor RB, indo para 12 Ω.
O resultado inicial foi satisfatório. O sistema começou a detectar uma baixa energia,
como por exemplo um carregamento de bateria de celular simples, de cerca de 8 W.
Realizando esse procedimento de aumentar o valor do resistor RB, cria-se
uma limitação para o sistema. O máximo valor de 𝐼1𝑝𝑖𝑐𝑜 , seguindo a Equação 7, deverá
ser de 41,67 mA, ou 29,46 mA eficaz.
Como a relação de transformação do sensor de corrente é de 1:2000, a cor-
rente máxima de leitura, em valor eficaz, deverá ser de 58,92 A.
Na subseção 3.1.1 (Definições dos requisitos de projeto) foi feito um estudo
prévio de que o sistema deveria realizar uma leitura mínima de 90 A. Entretanto vi-
sando ter um medidor mais sensível, que consiga medir uma baixa energia, teve-se
que limitar essa corrente. Mas isso não é um problema, já que a grande maioria das re-
sidências atendidas por uma tensão monofásica de 127 V são ligadas em um disjuntor
geral de 50 A, inclusive a casa em que será realizado o teste.
Então o ajuste de sinal de corrente é realizado com a necessidade de cada
projeto.

4.2.2 Tensão

Como a leitura de tensão (𝑉𝑜 ) nos pares V2P e V2N, da Figura 13 devem ser

no máximo ±0,5 V e o nível de tensão de pico da rede 𝑉𝑖 é 127 2, a Equação 8 fica
com dois graus de liberdade, R1 e R2.
No circuito elétrico base do ADE7753, Figura 13, para uma tensão da rede
de 110 V, foram utilizados os resistores 𝑅1 = 600 𝑘Ω e 𝑅2 = 1 𝑘Ω, o qual resulta em
um saída de aproximadamente 0,26 V de pico. Portanto para uma tensão de 127 V,
optou-se por manter o valor de R2 e obter-se o novo valor de R1.
Deseja-se também ajustar a tensão de saída 𝑉𝑜 para um valor de aproximada-
mente 0,3 V de pico, a fim de ter uma margem caso ocorra uma sobretensão na rede
elétrica.
Substituindo os valores na Equação 10, tem-se
57


127 2
𝑅1 = 1𝑘 ( − 1)
0,3

𝑅1 ≈ 598 𝑘Ω

O valor de R1 então é de 598 kΩ aproximado para a tensão de saída ser 0,3 V.


Entretanto os valores comerciais mais próximos são 560 kΩ e 620 kΩ. Daria para fazer
uma associação de resistores e chegar a um valor próximo do teórico. Optou-se aqui
utilizar o resistor em um valor de 620 kΩ. Aplicando esse valor na Equação 8, tem-se:

√ 1𝑘
𝑉𝑜 = 127 2
620𝑘 + 1𝑘

𝑉𝑜 ≈ 0,2892 𝑉

Percebe-se então que utilizando o valor de R1 comercial em 620 kΩ, o valor


de 𝑉𝑜 ficou muito próximo ainda do desejado 0,3 V.
Para encontrar o valor da tensão máxima de entrada para uma saída de 0,5 V
de pico, a qual é a máxima suportada pelo ADE7753, utiliza-se a Equação 9. Substi-
tuindo os valores, tem-se:

620𝑘 + 1𝑘
𝑉𝑖 = 0,5
1𝑘


𝑉𝑖 ≈ 220 2 𝑉

Ou seja, com essa configuração é possível que o nível de tensão da rede


chegue a aproximadamente 220 V eficaz, sem que ocorra danos ao ADE7753.

4.3 DIAGRAMA ELÉTRICO

Na Figura 26 são ilustradas as ligações entre o ESP8266, ADE7753, RTC,


rede elétrica e componentes eletrônicos.
58

Figura 26 – Diagrama elétrico

Fonte: Autoria própria

Os pinos de 17 ao 20 do ADE7753 estão conectados do D5 ao D8 no No-


deMCU. Essas são as ligações de comunicação SPI entre os mesmos.
Os pinos D1 e D2 são responsáveis pela comunicação em I2C com o RTC
DS1307, em que este é alimentado pelo próprio ESP8266 através do pino 3V3, o qual
possui uma saída de tensão em 3,3 V.
O NodeMCU é alimentado através de sua entrada micro USB, por uma fonte
externa de 5 V, em que nesse projeto utilizou-se uma fonte portátil de 5 V / 0,85 A. Essa
tensão é percebida no pino Vin do NodeMCU, em que utiliza-se então para alimentar
o ADE7553.
As ligações e componentes eletrônicos conectados ao ADE7753 seguiram as
59

recomendações de seu datasheet, apresentado na subseção 2.4.1.1. Algumas adap-


tações foram realizadas, como a inserção de um resistor de 1 kΩ no pino 1 (𝑅𝐸𝑆𝐸𝑇 ),
para que caso fosse necessário realizar um reset com sinal nível lógico baixo, não
fosse um curto-circuito.
Os led’s foram utilizados no intuito de indicar a conexão com a internet e gra-
vação na memória, que serão descritos com detalhes na sequência.

4.4 CONFECÇÃO DO HARDWARE

Com o diagrama elétrico definido, deu-se início do desenvolvimento do hard-


ware.
A primeira etapa, foi o desenvolvimento de um adaptador. O ADE7753 é um
CI do tipo SMD (do inglês, Surface Mounted Device (SMD)), com encapsulamento
SSOP (do inglês, Shrink Small Outline Package (SSOP)), sendo necessário então
solda-lo diretamente na placa. Entretanto com o objetivo de realizar testes em uma
protoboard, foi necessário utilizar um adaptador do tipo SSOP-DIP 20 pinos, em que
o DIP (do inglês, Dual In-Line Package (DIP)) é compatível com a protoboard.
Na Figura 27 são apresentadas as etapas de desenvolvimento do adaptador,
iniciando com o desenho elétrico até sua finalização.
Com o adaptador pronto, realizou-se os devidos testes de comunicação com o
NodeMCU através da protoboard, verificando então o funcionamento do CI. O circuito
montado para testes na protoboard pode ser visto na Figura 28.
Após vários testes e confirmação de funcionamento de leitura e comunicação
entre todos os dispositivos, desenvolveu-se o desenho eletrônico PCB, no software
Fritzing, o qual é uma plataforma aberta e de fácil interação. O desenho final pode ser
observado na Figura 29.
60

Figura 27 – Desenvolvimento do adaptador SSOP-DIP, a) Desenho b) Corrosão c) Soldagem d)


Finalização

a) b)

c) d)

Fonte: Autoria própria

Figura 29 – Desenho PCB do projeto

Fonte: Autoria própria


61

Figura 28 – Montagem na protoboard para testes

Fonte: Autoria própria

4.5 PROGRAMAÇÃO DO ESP8266

O ESP8266 NodeMCU é responsável para comunicar-se com o ADE7753,


realizar os cálculos de interesse além de enviar os dados para o ThingSpeak. Para
isso, utilizou-se a a plataforma Arduino IDE para realizar a programação e gravação
do programa no NodeMCU.
O diagrama lógico básico do programa desenvolvido para o projeto está apre-
sentado na Figura 30.
62

Figura 30 – Firmware do sistema

Início Reinicia o NodeMCU

Pisca o led vermelho

Conecta-se a rede sem fio Não Faz 24 horas da Sim


última inicialização Grava os dados na
do NodeMCU? memória

Inicia a comunicação com o ADE7753 e


define os ganhos internos
Pisca o led vermelho
Não
Lê dados na memória e atribui nas devidas
variáveis

Houve mudança na Sim


faixa horária? Grava os dados na
memória

Sim Está conectado na Não Pisca o led vermelho


rede sem fio? Não

Led verde aceso Led verde apagado Faz 5 minutos Sim


da última gravação Grava os dados na
na memória? memória

Realiza a leitura dos registradores de


potência ativa e aparente Não

Faz 20 segundos Sim Grava os dados de


Tratamento dos dados, cálculo de consumo
do último envio para o interesse no
e fator de potência
ThingSpeak? ThingSpeak

Fonte: Autoria própria

A primeira etapa é a inicialização do sistema, em que o NodeMCU é conectado


à rede de internet, comunica-se com o ADE7753 atribuindo os ganhos definidos e lê
os dados salvos na memória, atribuindo esses dados nas devidas variáveis.
Em seguida são realizadas as leituras de potência ativa e aparente, em que
são calculados então o consumo e o fator de potência. Esses dados então são cali-
brados e enviado ao ThingSpeak a cada 20 segundos.
O sistema salva dados de interesse na memória em três casos. O primeiro
caso é a cada 5 minutos, o segundo é quando há uma mudança de faixa horária e o
terceiro é quando há um reinício programado do NodeMCU a cada 24 horas. Sempre
que há um salvamento na memória, um LED vermelho é piscado.
63

Após a verificação dessas etapas de salvamento, o sistema volta na etapa


de verificação de conexão com a internet e realiza as medições novamente. Caso o
sistemas reinicie, volta-se ao início. Mais adiante será explicado com mais detalhes
alguns pontos.

4.5.1 Armazenamento na memória

Quando há uma interrupção no fornecimento de energia elétrica, os dados que


estão sendo processados pelo ESP8266 são perdidos com o desligamento do mesmo.
Como um dos pontos fundamentais do projeto é a análise do consumo de energia em
determinado período, o consumo acumulado não pode ser perdido. É necessário então
que esses dados sejam salvos constantemente.
Cada byte da memória consegue armazenar dados do tipo UINT8, dessa
forma só é possível armazenar números inteiros de 0 a 255. Como o consumo será a
variável a ser salvo na memória e contém casas decimais, foi necessário salvar cada
número decimal em um byte da memória. A parte inteira do consumo será salva em
um único byte, limitando o projeto a gravar até 255 kWh. Mas como esse número é
maior do que a média mensal de consumo da residência, não será um problema. Já
a parte decimal não é possível, pois sempre irá variar entre 0 a 999. Por esse motivo
será salvo número a número.
Na Figura 31 é ilustrado um exemplo de como é salvo o número 255,987 por
exemplo. A parte inteira 255 é salva no byte 3, enquanto a parte decimal é quebrada
número a número, sendo salva nos bytes 0, 1 e 2.

Figura 31 – Exemplo de armazenamento

3 0 1 2

255,987
Fonte: Autoria própria

São salvas quatro variáveis: consumo total, consumo em horário de ponta,


intermediário e fora de ponta. Cada uma irá ocupar 4 bytes, idem ao exemplo da Fi-
gura 31, totalizando então 16 bytes da memória. Com isso, a organização é a seguinte:
64

• Consumo total - bytes de 0 a 3;

• Consumo em horário fora de ponta - bytes de 4 a 7;

• Consumo em horário de ponta - bytes de 8 a 11; e

• Consumo em horário intermediário - bytes de 12 a 15.

O trecho do código que realiza essa quebra no número e gravação na EE-


PROM é visto na Figura 32.

Figura 32 – Função de gravação na EEPROM do ESP8266

Fonte: Autoria própria

Como cada byte da EEPROM possui uma limitação de 100 mil gravações, de
acordo com MORAIS (2020), foi necessário limitar-se o número de gravações. Ao in-
vés de salvar a cada segundo, limitou-se para 5 minutos, em que dessa forma seria
possível utilizar o mesmo byte por quase um ano e mesmo assim ter um bom resul-
tado, perdendo informações de no máximo 5 minutos, em que não seria de grande
impacto comparado no período total de análise.
Outro ponto também definido é que há um salvamento a cada virada de faixa
horária, isto é, quando houver uma mudança da faixa horária de ponta para a faixa
horária intermediária por exemplo, haverá uma gravação, a fim de reduzir possíveis
perdas de informações.
E por fim há um salvamento sempre que o reset programado a cada 24 horas
é feito. Foi descoberta a necessidade de realizar esse reset pois estava ocorrendo al-
gum buffer overflow, ou no português, transbordamento de dados, em que o ESP8266
reiniciava sozinho e a variável consumo ia para zero. Com esse reset programado
esse problema foi resolvido.
65

O Gráfico 5 gerado no ThingSpeak retrata um exemplo de quando há uma


queda de energia, recuperando a última gravação. O medidor foi desligado às
13h18min e religado logo em seguida, em que a variável de consumo total recupe-
rou o último dado salvo em torno das 13h15min. Esse intervalo então no pior caso
será sempre de no máximo 5 minutos.

Gráfico 5 – Exemplo de recuperação de dados

Fonte: Autoria própria

Como na hora de gravar o valor na memória a parte decimal é "quebrada",


na hora de fazer a leitura é necessário então reagrupar esses números. A Figura 33
mostra a metodologia de leitura e reagrupamento do mesmo exemplo apresentado na
Figura 31. É feito a leitura dos bytes 0, 1, 2 e 3 e remontado o valor com a parte inteira
e decimal.

Figura 33 – Exemplo de leitura

3 255
0 9 x 100 =+900
1 8 x 10 =+80
2 7x1 =7 +
255
987 / 1000 = 0,987
255,987
Fonte: Autoria própria

A parte do código responsável por fazer essa parte descrita anteriormente


66

está na Figura 34

Figura 34 – Função de leitura na EEPROM do ESP8266

Fonte: Autoria própria

4.5.2 Cálculo de consumo e fator de potência

O consumo de energia elétrica possui a unidade de medida quilowatt-hora


(kWh), o qual pode ser calculado pela Equação 13.

𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 = 𝑃𝑐𝑜𝑛𝑠 · ∆𝑡 (13)

Em que 𝑃𝑐𝑜𝑛𝑠 é a potência ativa em kW e ∆𝑡 é o intervalo de tempo conside-


rado, em horas.
No código esse consumo é incrementado a cada looping, o qual esse período
é em torno de 1 segundo e a potência ativa é em watts. O consumo então é calculado
pela Equação 14, a qual transforma a potência de watts para quilowatts e o período
de segundos para horas.

𝑛
∑︁ 𝑃𝑘
𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 = 60 (14)
𝑘=1
1000 Δ𝑡𝑘
60
Em que 𝑃𝑘 é a potência ativa em watts e ∆𝑡𝑘 é o período em segundos, tudo
no looping k.
A ideia inicial era deixar o ∆𝑡𝑘 fixo em 1 segundo, entretanto percebeu-se que
a execução de cada looping do código não é fixa. Para isso foi necessário deixar em
período variável, mas em torno de 1 segundo.
A parte do código na qual realiza essa ação é apresentada na Figura 35.
67

Figura 35 – Cálculo de consumo

Fonte: Autoria própria

Nesse trecho do código existem ainda quatro tipos de consumos: o de fora de


ponta, ponta, intermediário e o total. Exceto o consumo total, todos são incrementados
em suas respectivas faixas horárias.
O fator de potência é obtido pela relação do triângulo de potências, observado
na Figura 36.

Figura 36 – Triângulo de potências

Fonte: Autoria própria

A relação trigonométrica é obtida então pela Equação 15.

𝑃 𝑜𝑡ˆ
𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎 𝐴𝑝𝑎𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒
𝐹 𝑃 = 𝑐𝑜𝑠(𝜙) = (15)
𝑃 𝑜𝑡ˆ
𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑎
Esse é o modo utilizado para calcular o fator de potência no código, utilizando
as potências ativa e aparente oriundas de seus respectivos registradores do ADE7753,
mas já calibradas.
68

4.5.3 Envio de dados para o ThingSpeak

Na subseção 2.8.1 foi comentada a possibilidade de envio de até oito campos


de dados a cada 15 segundos para a plataforma ThingSpeak. Optou-se então pelo
envio desses dados a cada 20 segundos, deixando uma pequena margem de tempo.
Esses oito campos do tipo float são enviados então para o canal criado na
plataforma, sempre nesse intervalo de tempo, utilizando funções da biblioteca ThingS-
peak.h, como mostra o trecho do código na Figura 37.

Figura 37 – Função para gravar dados no ThingSpeak

Fonte: Autoria própria


69

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 MEDIDOR

Após o desenvolvimento do desenho PCB, foi realizada a produção da placa


de circuito impresso. Utilizou-se uma placa de fenolite face simples 10 x 10 cm.
Para conectar o ESP8266, o ADE7753 e o RTC DS1307 à placa, utilizou-se
barras de pino fêmea para reutilização dos mesmos. Para a entrada do sinal de tensão
e corrente, utilizou-se conectores borne KRE 2 vias.
O resultado da placa com todos os componentes soldados e dispositivos en-
caixados pode ser visto na Figura 38.

Figura 38 – Placa com a) componentes e b) dispositivos

a) b)

Fonte: Autoria própria

5.1.1 Calibração e teste de repetibilidade

Após a realização da calibração do medidor com base no PZEM-022, obteve-


se algumas medidas de potência ativa e fator de potência de diversas cargas da resi-
dência, desde potência abaixo de 10 W até acima de 4 kW.
A tabela Tabela 8 mostra os resultados da calibração e o erro comparativo
entre os dois medidores.
É possível perceber que de modo geral o erro de medição de potência ativa é
70

Tabela 8 – Comparação entre o projeto e o PZEM-022


Projeto com ADE7753 PZEM-022 Erro comparativo (%)
Potência Ativa (W) FP Potência Ativa (W) FP Potência Ativa FP
8,89 0,53 8,94 0,51 0,56 3,92
12,1 0,56 12,0 0,55 0,83 1,82
19,0 0,69 19,4 0,73 2,06 5,48
61,4 0,74 61,7 0,73 0,49 1,37
159 0,89 159 0,90 0,00 1,11
237 0,92 236 0,91 0,42 1,10
529 0,91 530 0,91 0,19 0,00
768 0,99 768 0,99 0,00 0,00
894 0,99 894 0,99 0,00 0,00
1370 0,99 1360 0,99 0,74 0,00
1770 0,98 1760 0,99 0,57 1,01
2850 0,99 2830 1,00 0,71 1,00
4730 0,99 4680 0,99 1,07 0,00
Média 0,59 1,29
Fonte: Autoria própria

menor que o erro de medição do fator de potência. Para a potência, o maior erro foi de
2,06%, enquanto que para o fator de potência o maior foi 5,48%. Percebe-se também
que o erro na medição do FP é maior para um FP abaixo de 0,90.
O resultado da média de erro comparativo de leitura entre o projeto com o
ADE7753 e o PZEM-022 foi de 0,59% e do FP de 1,29%. Lembrando que o o PZEM-
022 tem um erro de leitura indicado pelo fabricante de 1%.
Foi realizado também um teste de repetibilidade, em que foi medido a potência
ativa e o fator de potência de uma mesma carga, durante três dias, duas vezes por dia
em horários distintos.
Na Tabela 9 é possível observar os resultados desse teste de repetibilidade.
Foram seis medidas no total, em que quatro apontaram uma potência ativa de 53,59 W
e duas 53,29 W. E três apontaram um FP de 0,95 e três 0,94. Percebe-se então que o
projeto possui uma boa precisão.

Tabela 9 – Teste de repetibilidade


Dia Hora Potência Ativa (W) Fator de Potência
1 16h00 53,59 0,95
1 22h20 53,29 0,95
2 08h30 53,29 0,94
2 11h00 53,59 0,95
3 14h40 53,59 0,94
3 19h00 53,59 0,94
Fonte: Autoria própria
71

5.2 ANÁLISE ENTRE TARIFAS CONVENCIONAL E BRANCA

Desde o início, o intuito principal do projeto era analisar o consumo de energia


elétrica de uma residência, comparando a Tarifa Convencional com a Tarifa Branca e
verificar qual é a mais vantajosa economicamente.
O medidor foi instalado na residência e ficou funcionando durante o período
de 7 dias. Durante esse período, a rotina de uso de energia por parte dos moradores
não se alterou, ou seja, mantiveram seus horários comuns de banho e uso de seus
equipamentos elétricos.
Durante esse período era possível acompanhar remotamente os resultados
dessa coleta de dados, pela plataforma ThingSpeak, como pode ser visto num exem-
plo de amostra durante esse período, na Figura 39.

Figura 39 – Amostra de dados

Fonte: Autoria própria

A plataforma ThingSpeak permite exportar todos os dados salvos, em formato


CSV (do inglês, Comma-Separated Values (CSV)). Com isso, através do Excel foi pos-
sível perceber que houve uma queda de energia nesse período. Em um dia, no período
da noite, o consumo total era de 8,983 kWh às 20h10min. O próximo dado foi obtido
somente 13 minutos depois no valor de 8,962 kWh, em que a partir de então, voltou a
ser incrementado, como mostra a Tabela 10. Isso mostra que o projeto funcionou de
72

acordo com o planejado, recuperando o dado salvo momentos antes de ser desligado.

Tabela 10 – Queda de energia


Hora Consumo Total (kWh)
20:09:56 8,980
20:10:18 8,982
20:10:39 8,983
20:23:03 8,962
20:23:24 8,964
20:23:45 8,966
20:24:07 8,967
Fonte: Autoria própria

Concluída a semana de coleta de dados, os resultados finais encontram-se na


Tabela 11. Nessa tabela é possível analisar o consumo e gasto por dia, tanto na Tarifa
Branca quanto na Tarifa Convencional.

Tabela 11 – Resultados finais


Consumo (kWh) Valor (R$)
Dia
Ponta Intermediário Fora de Ponta Total Convencional Branca
dom 0,000 0,000 2,870 2,870 2,16 1,84
seg 0,094 0,452 1,428 1,974 1,49 1,43
ter 1,159 0,654 3,199 5,012 3,78 3,97
qua 1,073 0,418 2,496 3,987 3,00 3,21
qui 0,638 1,448 1,972 4,058 3,06 3,30
sex 1,137 0,181 1,620 2,938 2,21 2,51
sáb 0,000 0,000 3,640 3,640 2,74 2,33
TOTAL 4,101 3,153 17,225 24,479 18,44 18,59
Fonte: Autoria própria

A Tabela 11 mostra ainda que, apesar de que o consumo na faixa horária fora
de ponta ser a maior parcela, cerca de 70% do total e ter uma tarifa menor que a Tarifa
Convencional para esse horário, ainda sim no final o valor da Tarifa Branca ficou acima
do valor da tarifa convencional.
O Gráfico 6 explicita o consumo por faixas horárias durante a semana, em que
todos os dias o consumo na faixa horária fora de ponta foi maior. Vale destacar que
aos finais de semana, sábado e domingo, o consumo na faixa de ponta e interme-
diário foi igual a zero, sendo essa uma característica da Tarifa Branca, comentada na
subseção 2.1.1.
73

Gráfico 6 – Consumo (kWh) x dias da semana - em faixas horárias

Fonte: Autoria própria.

O Gráfico 7 mostra a evolução do valor acumulado diariamente entre as duas


tarifas. Iniciando ao domingo, em que o dia todo é considerado fora de ponta, o valor
da Tarifa Branca naturalmente sai na frente na quesito de ser o mais barato. Entretanto
conforme vai passando a semana, a Tarifa Convencional vai se tornando menor e na
quarta-feira essa virada é observada. Ao final da semana, no sábado, o custo total da
Tarifa Branca é de R$ 18,59 e o da Tarifa Convencional é de R$ 18,44. Uma diferença
pequena de 0,81%.
74

Gráfico 7 – Evolução do valor na tarifa branca e convencional durante a semana

Fonte: Autoria própria.

Percebe-se que essa residência não foge muito do perfil típico de consumo
mostrado no início do trabalho, na subseção 2.1.1, em que na média a Tarifa Branca é
cerca de 1,20% mais cara que a Tarifa Convencional para um consumo típico residen-
cial.
75

6 CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS

O desenvolvimento do medidor teve alguns pontos de dificuldades. O


ADE7753 por ser um CI do tipo SMD acaba exigindo ferramentas e técnicas ade-
quadas para o seu manuseio, além de que é um componente que não é encontrado
facilmente no mercado brasileiro. Sabendo disso desde o início, foi adquirido cerca de
dez CI’s em uma única compra no mercado externo, dos quais foram utilizados alguns
para aprimorar técnicas de soldagem e testes.
A possibilidade de acompanhamento do consumo de forma remota pela pla-
taforma ThingSpeak é algo muito vantajoso. Na palma da mão, com o uso do celular,
era possível a todo momento verificar o quanto estava sendo consumido e o quanto
estava sendo gasto. É uma forma de controlar o consumo dia a dia e evitar surpresas
no final do mês.
A Tarifa Branca ainda é uma modalidade de tarifação pouco conhecida pela
população. Muitos se quer sabem que têm a possibilidade de escolher outra tarifa.
Uma parte que conhece a opção, fica em dúvida se vale a pena migrar. Com o desen-
volvimento desse trabalho foi possível verificar realmente qual tarifa é mais vantajosa
para uma unidade residencial específica.
Com o uso do medidor pôde se concluir que para a residência em especi-
fico, a migração para a Tarifa Branca não é vantajosa mantendo os mesmo hábitos de
consumo. Entretanto, se esses hábitos fossem mudados minimamente, com o deslo-
camento de uma pequena parte do consumo para o horário fora de ponta, possivel-
mente a Tarifa Branca se tornaria mais vantajosa financeiramente, já que a diferença
entre as duas tarifas foi pequena.
Pequenos comércios, que são atendidos pelo grupo B, têm uma grande
chance da Tarifa Branca ser mais vantajosa financeiramente, já que quase todo o
horário comercial está dentro da faixa horária fora de ponta. É uma oportunidade de
estudo e verificação para trabalhos futuros. Outra perspectiva para trabalhos futuro é
o desenvolvimento de um medidor polifásico com outro CI da família ADE775-, como
o ADE7752, ADE7754 e o ADE7758 que são voltados para a medição polifásica.
76

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página 38.
APÊNDICES
82

APÊNDICE A – FIRMWARE DESENVOLVIDO PARA O MEDIDOR

A.1 TRECHOS DO CÓDIGO

Nessa seção serão apresentados alguns trechos do firmware desenvolvido no


software Arduino IDE, nos quais são executados pelo ESP8266.

A.1.1 Declaração de variáveis

unsigned l o n g myChannelNumber = SECRET_CH_ID ;


c o n s t char * myWriteAPIKey = SECRET_WRITE_APIKEY ;
char s s i d [ ] = SECRET_SSID ; / / nome da rede
char pass [ ] = SECRET_PASS ; / / senha da rede
i n t keyIndex = 0 ;
unsigned l o n g m i l l i s I n c r e m e n t a T S = m i l l i s ( ) ;
unsigned l o n g m i l l i s I n c r e m e n t a M e m o r i a = m i l l i s ( ) ;
l o n g e1 , e3 ;
double e2 , e4 , consumoT , consumoP , consumoI , consumoFP , FP , tempo , aux ,
tarifaConvencional , tarifaBrancaP , tarifaBrancaI , tarifaBrancaFP ;
f l o a t precoTC , precoTB ;
int faixaAtual ;

A.1.2 Setup

pinMode ( D0 ,OUTPUT ) ;
pinMode ( D3 ,OUTPUT ) ;
S e r i a l . begin ( 9 6 0 0 ) ;
delay ( 1 0 0 ) ;
WiFi . mode ( WIFI_STA ) ;
ThingSpeak . begin ( c l i e n t ) ;
Wire . begin ( ) ;
RTC. begin ( ) ;
if ( ! RTC. i s r u n n i n g ( ) ) {
S e r i a l . p r i n t l n ( " RTC nao e s t a funcionando " ) ;
}

A.1.3 Inicializações e definições de tarifa

conectaWifi ( ) ;
83

ADE7753 meter ;
u i n t 8 _ t _AFECS = 1 5 ;
u i n t 3 2 _ t _ s p i F r e q = 4000000;
meter . I n i t (_AFECS, _ s p i F r e q ) ;
meter . gainSetup (INTEGRATOR_OFF, FULLSCALESELECT_0_5V , GAIN_1 , GAIN_1 ) ;
meter . r e s e t S t a t u s ( ) ;
consumoT=leMemoria ( 0 ) ;
consumoFP=leMemoria ( 4 ) ;
consumoP=leMemoria ( 8 ) ;
consumoI=leMemoria ( 1 2 ) ;
faixaAtual = verificaFaixaHoraria ( ) ;

//−−−− t a r i f a s grupo B1 r e s i d e n c i a l Copel , em v i g e n c i a 23/06/2020 ( TE+TUSD)−−−−


t a r i f a C o n v e n c i o n a l = 0.38460+0.36837;
t a r i f a B r a n c a P = 0.36533+0.78446;
t a r i f a B r a n c a I = 0.36533+0.53043;
t a r i f a B r a n c a F P = 0.36533+0.27639;
//−−−−

A.1.4 Incrementação do consumo

tempo =( m i l l i s () − aux ) / 1 0 0 0 ;
aux = m i l l i s ( ) ;
i f ( e2 ! = 0 ) {
i f ( verificaFaixaHoraria ()==0){
consumoFP = ( consumoFP +( e2 / ( 1 0 0 0 * ( 6 0 / tempo ) * 6 0 ) ) ) ;
} else i f ( v e r i f i c a F a i x a H o r a r i a ()==1){
consumoP = ( consumoP +( e2 / ( 1 0 0 0 * ( 6 0 / tempo ) * 6 0 ) ) ) ;
} else {
consumoI = ( consumoI +( e2 / ( 1 0 0 0 * ( 6 0 / tempo ) * 6 0 ) ) ) ;
}
consumoT = ( consumoT +( e2 / ( 1 0 0 0 * ( 6 0 / tempo ) * 6 0 ) ) ) ;
}

A.1.5 Gravação na memória a cada 5 minutos

i f ( ( m i l l i s ( ) − m i l l i s I n c r e m e n t a M e m o r i a ) < 300000){
} else {
i f ( verificaFaixaHoraria ()==0){
gravaMemoria ( consumoFP , 4 ) ;
84

} else i f ( v e r i f i c a F a i x a H o r a r i a ()==1){
gravaMemoria ( consumoP , 8 ) ;
} else {
gravaMemoria ( consumoI , 1 2 ) ;
}
gravaMemoria ( consumoT , 0 ) ;
millisIncrementaMemoria= m i l l i s ( ) ;
}

A.1.6 Gravação na memória a cada virada de faixa horária

i f ( fa ixaA tual != v e r i f i c a F a i x a H o r a r i a ( ) ) {
i f ( f a i x a A t u a l ==0){
gravaMemoria ( consumoFP , 4 ) ;
} else i f ( f a i x a A t u a l ==1){
gravaMemoria ( consumoP , 8 ) ;
} else {
gravaMemoria ( consumoI , 1 2 ) ;
}
faixaAtual=verificaFaixaHoraria ( ) ;
}

A.1.7 Reinicialização a cada 24 horas

i f ( m i l l i s ( ) > 86400000){
i f ( verificaFaixaHoraria ()==0){
gravaMemoria ( consumoFP , 4 ) ;
} else i f ( v e r i f i c a F a i x a H o r a r i a ()==1){
gravaMemoria ( consumoP , 8 ) ;
} else {
gravaMemoria ( consumoI , 1 2 ) ;
}
gravaMemoria ( consumoT , 0 ) ;
ESP . r e s e t ( ) ;
}

A.1.8 Envio dos dados para o ThingSpeak

v o i d gravaTS ( f l o a t v1 , f l o a t v2 , f l o a t v3 , f l o a t v4 , f l o a t v5 , f l o a t v6 , f l o a t v7 ,
f l o a t v8 ) {
85

i f ( ( m i l l i s ( ) − m i l l i s I n c r e m e n t a T S ) < 20000){
} else {
ThingSpeak . s e t F i e l d ( 1 , v1 ) ;
ThingSpeak . s e t F i e l d ( 2 , v2 ) ;
ThingSpeak . s e t F i e l d ( 3 , v3 ) ;
ThingSpeak . s e t F i e l d ( 4 , v4 ) ;
ThingSpeak . s e t F i e l d ( 5 , v5 ) ;
ThingSpeak . s e t F i e l d ( 6 , v6 ) ;
ThingSpeak . s e t F i e l d ( 7 , v7 ) ;
ThingSpeak . s e t F i e l d ( 8 , v8 ) ;
i n t httpCode = ThingSpeak . w r i t e F i e l d s ( myChannelNumber , myWriteAPIKey ) ;
i f ( httpCode == 200) {
S e r i a l . p r i n t l n ( " Canal gravado com sucesso . " ) ;
} else {
S e r i a l . p r i n t l n ( " Problema ao g r a v a r c a n a l . Codigo de e r r o HTTP " + S t r i n g ( httpCode ) ) ;
}
millisIncrementaTS = m i l l i s ( ) ;
}
}

A.1.9 Gravação na EEPROM

v o i d gravaMemoria ( double num , i n t n ) {


i n t p a r t e _ i n t e i r a = num ;
double p a r t e _ d e c i m a l = num − p a r t e _ i n t e i r a ;
i n t parte_decimalINT = parte_decimal *1000;
i n t numeros [ ] = { p a r t e _ d e c i m a l I N T %1000/100 , p a r t e _ d e c i m a l I N T %100/10 ,
p a r t e _ d e c i m a l I N T %10, p a r t e _ i n t e i r a } ;
i n t aux =0;
EEPROM. begin ( 1 6 ) ;
w h i l e ( aux < 4 ) {
EEPROM. w r i t e ( aux+n , numeros [ aux ] ) ;
EEPROM. commit ( ) ;
aux ++;
}
EEPROM. end ( ) ;
piscaLed ( ) ;
}
86

A.1.10 Leitura da EEPROM

double leMemoria ( i n t m) {
double deci0 , deci1 , deci2 , inteiro ;
EEPROM. begin ( 1 6 ) ;
d e c i 0 =EEPROM. read (0+m) * 1 0 0 ;
d e c i 1 =EEPROM. read (1+m) * 1 0 ;
d e c i 2 =EEPROM. read (2+m) * 1 ;
i n t e i r o =EEPROM. read (3+m) ;
EEPROM. end ( ) ;
r e t u r n ( i n t e i r o +( d e c i 0 + d e c i 1 + d e c i 2 ) / 1 0 0 0 ) ;
}

A.1.11 Verifica a faixa horária atual

int verificaFaixaHoraria ( ) {
DateTime now = RTC. now ( ) ;
i f ( now . dayOfTheWeek ( ) = = 0 | | now . dayOfTheWeek ( ) = = 6 ) { / / F i n a i s de semana
r e t u r n 0 ; / / Fora de Ponta
} e l s e i f ( now . hour () >=18 && now . hour ( ) < 2 1 ) { / / 18:00 − 2 0 : 5 9 : 5 9
r e t u r n 1 ; / / Ponta
} e l s e i f ( now . hour () >=22 | | now . hour ( ) < 1 7 ) { / / 22:00 − 1 6 : 5 9 : 5 9
r e t u r n 0 ; / / Fora de Ponta
} e l s e { / / 17:00 − 17:59 e 21:00 − 21:59
return 2; / / Intermediario
}
}

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