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A Biblioteca Invisivel #2 A Cidade Das Mascaras Genevieve Cogman
A Biblioteca Invisivel #2 A Cidade Das Mascaras Genevieve Cogman
Agradecimentos
Manual do bibliotecário estudante
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
PRIMEIRO INTERLÚDIO: KAI APRISIONADO
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
SEGUNDO INTERLÚDIO: KAI NA TORRE
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
EXTRAS
Os cinco melhores roubos de Irene
Lendas da Biblioteca
Entrevista com a autora
A autora
AGRADECIMENTOS
INTRODUÇÃO
Você pode se perguntar: por que não nos aliamos diretamente aos
dragões? Eles procuram a Ordem, assim como os feéricos
procuram o Caos. E representam a realidade, da mesma forma que
os feéricos abraçam e se fortalecem mediante conceitos de ficção e
irrealidade. Dessa forma, os dragões estimam o mundo “real” e o
físico acima de tudo, tendo pouca paciência para questões da
imaginação. Então, por que não devemos abraçar2 a realidade
física? A resposta é que, da forma deles, os dragões são tão
tendenciosos e não humanos em seu ponto de vista quanto os
feéricos.
1
Se isso se trata de sociopatia ou psicopatia, é uma questão que extrapola o escopo deste
documento informativo.
2
Figurativamente falando. As vidas pessoais dos Bibliotecários só dizem respeito a eles.
3
Bibliotecários que tenham opiniões teológicas diversas são lembrados de que suas
crenças pessoais também só dizem respeito a eles.
4
Estamos cientes de que o tema é tratado aqui de modo extremamente simplista. Uma
discussão mais profunda está além do escopo deste documento informativo e exige um
alto nível de conhecimento da Linguagem.
PRÓLOGO
a noite anterior…
primeira coisa que Irene fez foi comprar comida e uma xícara
A de café.
Bom, esse era seu objetivo inicial. Primeiro, ela teve que
amaciar os sapatos até caberem, enrolar o xale novo na cabeça e
nos ombros, esconder a nova faca (pequena, mas afiada) e a bolsa,
depois andar até a Piazza San Marco. Ela encontraria um monte de
cafés lá, e precisaria avaliar a área próxima à Biblioteca Marciana.
Seus dedos roçaram no pingente de jade de novo. Ela só tinha até
meia-noite. O sentimento de urgência que a guiava fazia qualquer
tempo perdido parecer criminoso, incluindo parar para comer. Mas,
diferentemente dos feéricos, ela ainda era humana e tinha
necessidades humanas.
A Piazza San Marco ficava a poucos metros do Gritti Palace. Irene
confirmou sua condição de recém-chegada ao parar quando
alcançou a praça, sendo quase atropelada pelas pessoas atrás.
Era… tão cheia de luz. A enorme praça pública tinha o que devia ser
a Basílica em uma ponta, com domos enormes em cima e coberta
de mármore e mosaicos. Era imponente, gloriosa e, sim,
absurdamente bonita. A luz fluía ao seu redor como se ela tivesse
se erguido das ondas, e ardia em ouro e cores. À direita, junto à
Basílica, havia outra construção enorme. Era retangular, mais
prosaica, apesar da cor pastel. Fora construída de mármore em tons
de rosa e branco, e a coloração pareceria insossa sob o sol inglês,
mas à luz da manhã veneziana ela resplandecia, triunfante e
poderosa. Outras construções se alinhavam nas laterais da Piazza,
e havia uma torre alta com um sino no meio, construída de tijolos
vermelhos finos com mármore e bronze em cima. Deveria ter pelo
menos uns cem metros de altura. Bem, talvez fosse um pouco mais
baixa, mas parecia ter pelo menos cem metros de altura. Na noite
anterior, ela estava se afogando na água e na névoa onipresentes.
Agora, na luz do sol, parecia estar flutuando… Parecia que toda
Veneza estava flutuando.
A praça estava cheia de gente. E, com tantas pessoas, quais eram
as chances de alguém identificá-la como impostora? Grandes
demais para que ela pudesse ficar à vontade, pensou Irene.
Seu destino ficava bem perto da Piazza, com o Palácio do Doge
de um lado e um prédio que devia ser a Biblioteca Marciana do
outro. Também havia muitos pequenos cafés por ali, e isso foi uma
desculpa para ela se sentar com uma xícara de café e um pãozinho
e pensar.
Irene podia ver a lagoa da mesa onde estava: o espaço amplo de
água margeado pela própria Veneza de um lado e pelas ilhas do
Lido de outro. O Trem era uma mancha escura ao longe, parado
sobre a água em seu trilho impossível e brilhando sob o sol forte
como uma centopeia tão negra quanto a noite.
Ela observou a multidão e as pessoas na Biblioteca Marciana.
Ouviu as conversas ao redor, planejou e avaliou rotas de fuga. Não
podia esperar mais nada de Silver. Mas, com sorte, não precisaria
de mais nada. A Biblioteca Marciana devia dar acesso à Biblioteca.
Ela então precisava encontrar esses Carceri onde Kai estava,
depois tirá-lo de lá e correr até a biblioteca.
Ela olhou para a xícara quase vazia, permitindo-se absorver o
fluxo de idioma italiano ao redor. Não era uma de suas melhores
línguas, mas a imersão total estava ajudando. Ela já conseguia
distinguir uma discussão sobre os acontecimentos escandalosos em
um convento local, mesmo que o significado preciso de certos
substantivos fosse um pouco vago.
Ela olhou para cima e observou a Biblioteca Marciana. Não era tão
alta como alguns dos outros prédios, e ela contou um térreo, um
primeiro andar e um telhado um pouco inclinado que podia ser de
um segundo andar, ou pelo menos um sótão, tudo em mármore liso
rosa e branco ornamentado de dourado. Uma galeria com colunas
cercava o prédio, e ela conseguia ver uma sacada com mais
colunas no primeiro andar, conectadas por arcos. Havia frisos
entalhados no mármore brilhante, exibindo bestas ou cabeças
grandiosas com colares de flores decorativos. Qualquer tentativa de
entrar pelas janelas ou pelo telhado seria dolorosamente óbvia, o
que significava ter que usar a porta principal. Mas, considerando a
quantidade de gente que fazia a mesma coisa, ela provavelmente
não chamaria a atenção.
Enquanto se dirigia para a entrada, Irene não conseguiu afastar a
imagem de si mesma como um besourinho andando pela pele
exposta de um humano. Saber como o poder dos Dez se estendia
pela cidade deu a ela uma sensação adicional de paranoia. E de
fato, como feéricos maiores, eles poderiam notá-la até nas ruas da
cidade. O quão sensíveis são esses Dez e será que conseguem me
sentir? Se importariam comigo ou sou uma barreira momentâneo
para eles? Se lhes provoco coceira, eles coçariam?
Irene subiu por uma escadaria enorme de metal e estuque logo
atrás de um grupo de jovens acadêmicos que discutiam Petrarca.
Passou por pilares de mármore e por janelas cuja vista dava para a
Piazza abaixo.
Aqui e ali, havia pessoas sentadas nas mesas, virando
cuidadosamente as páginas de manuscritos ou desenrolando
pergaminhos e fazendo anotações. Isso a tranquilizou. Este lugar foi
feito para guardar livros, por pessoas que queriam preservar livros,
e é usado por pessoas que querem ler esses livros. Eu não estou
sozinha.
Ela finalmente entrou em uma sala grande de leitura. A sensação
repentina de espaço e vazio a fez parar. Ela olhou para cima e viu o
teto a mais de dois andares acima. Nos dois andares superiores,
galerias abertas cercavam o ambiente, com balaustradas na frente.
Atrás delas, ela conseguia ver as estantes e portas que levavam às
profundezas do local. Era isso que ela queria.
les andaram por pelo menos meia hora até ouvirem algum
A saga Skjöldunga
Acho que foi Agatha Christie que disse uma vez que o melhor
momento para planejar um livro é a hora de lavar a louça. Para mim,
as ideias vêm a qualquer momento, mas raramente em um
momento conveniente, como quando estou na frente do
computador, pronta para colocá-las em uso. É por isso que costumo
ter anotações rabiscadas à mão quando me sento em frente ao
computador. Às vezes, eu anoto frases particularmente brilhantes (!)
que não quero esquecer (ou pelo menos frases que me parecem
brilhantes naquele momento, embora nem sempre pareçam tão
boas algumas horas depois). Eu até tenho ideias enquanto estou no
meu trabalho regular, durante o dia. No entanto, felizmente para
meus personagens, ainda não os fiz sofrer das doenças e
ferimentos sobre os quais leio enquanto estou lá.
Fora os livros (eu sei, o que mais existe além de livros?!), o que
seria um prazer procurado por um Bibliotecário perceptivo?
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares, organizações e situações são
produtos da imaginação do autor ou usados como ficção. Qualquer semelhança com fatos
reais é mera coincidência.
D I C P (CIP)
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