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Relatório Final
Fortaleza
SETEMBRO - 2006
MINISTÉRIO DA SAÚDE - MS II
FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE SAÚDE PÚBLICA – DENSP
COORDENAÇÃO DE DESENV. TECNOLÓGICO EM ENG. SANITÁRIA - CODET
APRESENTAÇÃO
PARTICIPANTES
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
The objective of this work was to evaluate two different systems of soil disposal of
sewage. The first, using fast infiltration, the effect of two organic superficial loading
rate, and three soil deepness were evaluated on the basis of physical, chemical
and bacteriological quality of the effluent, as well as on the changes of soil
characteristics. The second comprised of a subsurface flow system, which was
used for beans production. 18 land strips was built: nine were irrigated with water,
withdrawn from a shallow well; and the other nine were irrigated with pre-settled
domestic wastewater. This second experiment was evaluated on the basis of
effluent quality, soil changes, beans productivity and seed contamination. The
results show that both systems are suitable for sewage treatment in small rural
communities. However, there is a considerable risk, for both systems, of soil
salinization after a long term application of sewage. Subsurface flow system
seems to be more appropriate for poor communities, as it improves food
production. This system can be built by modules, where one module is a land strip
of 1 m wide and 6 m length which can treat the effluent produced by one person.
Therefore, there would be as much as land strips as the number of people in one
family or community.
MINISTÉRIO DA SAÚDE - MS VII
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 5.2 - Concentração de DQO nas amostras dos efluentes das unidades
do sistema IR 75
FIGURA 5.26 - Coliformes totais no afluente e efluente dos reatores R1, R2 e R3,
durante a fase 2 do experimento...................................................... 109
FIGURA 5.35 - Variação de cloretos nos afluentes e efluentes dos canteiros.......... 126
FIGURA 5.36 - Variação de DQO nos afluentes e efluentes dos canteiros.............. 127
FIGURA 5.37 - Variação de alcalinidade nos afluentes e efluentes dos canteiros.... 129
FIGURA 5.38 - Variação de amônia nos afluentes e efluentes dos canteiros........... 130
FIGURA 5.39 - Variação de nitrato nos afluentes e efluentes dos canteiros............. 131
FIGURA 5.40 - Variação de amônia nitrito e nitrato nos canteiros irrigados com
água no período de chuvas............................................................... 132
FIGURA 5.41 - Variação de amônia nitrito e nitrato nos canteiros irrigados com
esgoto no período de chuvas............................................................ 132
FIGURA 5.42 - Variação de amônia nitrito e nitrato nos canteiros no período seco. 133
FIGURA 5.43 - Variação de ortofosfato nos afluentes e efluentes dos canteiros...... 134
FIGURA 5.45 - Altura das plantas no estágio de frutificação no período chuvoso.... 141
MINISTÉRIO DA SAÚDE - MS X
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FIGURA 5.48 - Altura média das plantas ao longo dos canteiros irrigados com
água bruta e efluente primário, no período seco.............................. 145
FIGURA 5.52 Número médio de sementes por vagem ao longo dos canteiros
irrigados com água bruta e efluente primário, durante o período
seco................................................................................................... 148
FIGURA 7.1 - Esquema do sistema proposto para uma família de cinco pessoas. 169
MINISTÉRIO DA SAÚDE - MS XI
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LISTA DE TABELAS
TABELA 5.13 - Efeitos das águas de irrigação (água subterrânea e esgoto primário)
no pH, CE, nos teores de Al e Al+H, Na e demais macronutrientes, e
na capacidade de troca catiônica (CTC), saturação por bases (V) e
por alumínio (m), e no percentual de sódio trocável (PST). 1ª Etapa
(Sem vegetação).................................................................................. 138
TABELA 5.14 - Efeitos das águas de irrigação (água subterrânea e esgoto primário)
no pH, CE, nos teores de Al e Al+H, Na e demais macronutrientes, e
na capacidade de troca catiônica (CTC), saturação por bases (V) e
por alumínio (m), e no percentual de sódio trocável (PST). 1ª Etapa
(Com vegetação).................................................................................. 138
TABELA 5.15 - Efeitos das águas de irrigação (água subterrânea e esgoto primário)
no pH, CE, nos teores de Al e Al+H, Na e demais macronutrientes, e
na capacidade de troca catiônica (CTC), saturação por bases (V) e
por alumínio (m), e no percentual de sódio trocável (PST). 2ª Etapa
(Sem vegetação)................................................................................. 139
TABELA 5.16 - Efeitos das águas de irrigação (água subterrânea e esgoto primário)
no pH, CE, nos teores de Al e Al+H, Na e demais macronutrientes, e
na capacidade de troca catiônica (CTC), saturação por bases (V) e
por alumínio (m), e no percentual de sódio trocável (PST). 2ª Etapa
(Com vegetação).................................................................................. 139
TABELA 5.18 - Valores médios das análises de macro e micronutrientes dos grãos
no período chuvoso............................................................................. 151
TABELA 5.19 - Valores médios das análises de macro e micronutrientes dos grãos
no período seco................................................................................... 152
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO .................................................................................................. II
PARTICIPANTES .................................................................................................. III
AGRADECIMENTOS ............................................................................................ IV
RESUMO ............................................................................................................... V
ABSTRACT .......................................................................................................... VI
LISTA DE ILUSTRAÇÕES .................................................................................. VII
LISTA DE TABELAS ............................................................................................ XI
1.0 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 1
2.0 OBJETIVOS...................................................................................................... 4
2.1 Objetivo geral................................................................................................ 4
2.2 Objetivos específicos ................................................................................... 4
3.0 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................ 6
3.1 Tratamento de esgoto por disposição no solo .......................................... 6
3.2 Infiltração rápida........................................................................................... 8
3.2.1 Nível de tratamento para pré-aplicação e nível de carga.................. 9
3.2.2 Impactos na permeabilidade do solo devido à colmatação ........... 10
3.2.3 Remoção de matéria orgânica .......................................................... 12
3.2.4 Remoção de nutrientes...................................................................... 13
3.2.4.1 Nitrogênio ..................................................................................... 13
3.2.4.2 Fósforo .......................................................................................... 17
3.2.5 Principais microrganismos envolvidos............................................ 18
3.3 Infiltração subsuperficial ........................................................................... 20
3.3.1 Qualidade da água para irrigação ..................................................... 21
3.3.1.1 Salinidade ..................................................................................... 24
3.3.1.2 Capacidade de infiltração do solo .............................................. 25
3.3.1.3 Concentração de elementos tóxicos (Toxicidade) .................... 27
3.3.1.4 Excesso de nutrientes ................................................................. 29
3.4 Impacto da disposição de efluente no sistema solo-planta-ambiente .. 29
3.4.1.1 pH do solo ..................................................................................... 30
3.4.1.2 Capacidade de troca de cátions (CTC) ....................................... 31
MINISTÉRIO DA SAÚDE - MS XIV
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1.0 INTRODUÇÃO
2.0 OBJETIVOS
química e biológica. Compostos que são voláteis podem ser perdidos para a
atmosfera, enquanto a água é aplicada no solo em bacias de espalhamento ou
durante períodos secos nas bacias. Processos de adsorção retardam o
movimento de compostos orgânicos através do solo. Os componentes do solo de
maior importância na adsorção são a argila e o material inorgânico particulado ou
a matéria orgânica. Compostos que são mais hidrofílicos movem-se mais
prontamente com a água e concentram-se menos sobre o solo (BOUWER et al.,
1984).
Os últimos processos de remoção de compostos orgânicos são as
transformações química e biológica. A presença de aceptores de elétrons é um
fator importante que afeta a biodegradação. Alguns compostos são degradados
somente sob condições aeróbias, e outros somente sob condições anóxicas
(BOUWER et al., 1984).
O oxigênio, requerido pela decomposição biológica de substâncias
orgânicas no esgoto, penetra da atmosfera para o solo por difusão. Quando a
carga orgânica aplicada no solo excede certos limites, condições anaeróbias
podem se desenvolver, temporariamente, na camada de solo. Isto pode induzir a
decomposição anaeróbia, resultando em substâncias como: aldeídos, cetonas e
ácidos orgânicos, que podem ser perigosos para o biofilme aeróbio. Portanto, as
condições aeróbias devem ser mantidas no solo (KOWALIK et al., 1985).
Analogamente, em filtros biológicos de estágio simples, as bactérias
nitrificantes estarão competindo com as bactérias heterótrofas pelo suprimento de
oxigênio. A disponibilidade de oxigênio dentro de um filtro é uma função da
concentração de DBO, são requeridas concentrações de DBO solúvel menores
que 20,00 mg/L para que haja oxigênio suficiente que permita a nitrificação. Como
esta qualidade de efluente raramente é atingida, a nitrificação está,
freqüentemente, ausente (HORAN, 1997).
3.2.4.1 Nitrogênio
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Nitrificação
Segundo Yamaguchi et al. (1996), a alternância de períodos de alagamento
(aplicação de esgoto) e secagem (nenhuma aplicação) torna-se necessária para
introduzir períodos aeróbios e anaeróbios seqüenciados nos sistemas de
aplicação de esgoto no solo. Durante os períodos de alagamento, ocorrem os
processos aeróbio e anaeróbio, haja vista que o solo nunca conseguirá ficar
completamente saturado de água. A nitrificação total da amônia durante os
períodos aeróbios é um pré-requisito para que ocorra o processo de
desnitrificação durante os períodos anaeróbios subseqüentes, evitando o acúmulo
de NH 4 no solo.
De acordo com Russell et al. (1993), nos locais onde a irrigação é feita com
esgoto, forma-se nitrato durante os períodos aeróbios, entre eventos de irrigação.
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Desnitrificação
Segundo Horan (1997), na ausência de um suprimento de oxigênio
dissolvido, a utilização de oxigênio como aceptor final de elétrons é inibida. Sob
estas condições, a maioria dos microrganismos depende da fermentação, contudo
certos quimiorganotrofos são capazes de utilizar NO3 em vez de O2 como aceptor
3.2.4.2 Fósforo
Horan (1997) relata que dos nutrientes capazes de proporcionar
crescimento exagerado de algas em águas receptoras, o fósforo é o fator limitante
e a concentração de 10 g/l é requerida para que ocorra o crescimento das algas.
Muitos mecanismos têm sido propostos para explicar a retenção de fósforo pela
areia: remoção rápida ou adsorção, precipitação química envolvendo
transformação do fosfato solúvel aplicado para os fosfatos de cálcio alumínio e
ferro, relativamente insolúveis, imobilização biológica e retirada pelas plantas.
A capacidade de adsorção dos solos, particularmente aqueles contendo
argila e matéria orgânica, tem sido usada para promover a retenção de fósforo.
No entanto, o equilíbrio de adsorção é alcançado em poucas horas, quando
devem ocorrer subseqüentes mecanismos de mineralização lenta e
insolubilização, que envolve precipitação química, atividades biológicas ou ambas
(AULENBACH et al., 1988).
Em regiões áridas o fósforo solúvel é eliminado em grande quantidade, por
precipitação (60,00 %). Em regiões chuvosas, geralmente não ocorre retenção de
fósforo, porque a massa de areia é lavada pelas chuvas (TANIK et al., 1996).
MINISTÉRIO DA SAÚDE - MS 18
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a 25oC que a 13oC, com diferença significante entre a permeabilidade das colunas
do efluente e a água tratada somente para os primeiros 17 dias seguindo
aplicação do efluente.
Ainda segundo o autor, o desenvolvimento de um filme superficial de
materiais microbianos na superfície do solo, depois da aplicação de efluente,
inicia-se com um filme fino de material interpretado como consistindo de muco de
polissacarídeos, dentro do qual as formas bacterianas se tornam evidentes.
Gradualmente, o filme bacteriano se quebra e são eliminadas somente as formas
bacterianas. Ao longo do tempo, desenvolvem-se com fungos, actinomicetos e
uma ordem de bactérias coloniais aparece. O filme superficial e o consórcio
microbiano foram similares sob ambas as condições de campo e laboratório,
embora algas e diatomáceas que foram observadas nas amostras tomadas do
campo, não tenham sido em amostras do laboratório.
Em amostras nas quais se detecta presença relativamente alta de
actinomicetos, uma explicação razoável seria a habilidade de actinomicetos e
fungos para metabolizar substâncias que são de difícil decomposição (DIZER et
al., 1991).
Vírus usualmente não sobrevivem por períodos extensos sobre superfícies
expostas, devido à exposição direta a fatores ambientais supressivos como
radiação solar e temperaturas ambientais altas. A umidade do solo é um fator
adicional, permitindo a sobrevivência de vírus no solo (ORON et al., 1995). De
acordo com algumas observações preliminares condições de solo úmido retardam
o processo de morte dos vírus. O conteúdo de umidade alta é freqüentemente
associado a baixa temperatura do solo, que é um fator adicional, contribuindo
para a sobrevivência dos vírus.
Muitas propriedades definem a eficiência de filtração do solo e, portanto o
potencial para remoção de microrganismos: (a) distribuição das partículas do solo
e tamanho médio; (b) conteúdo de umidade e freqüência de flutuação que
influencia a viabilidade de vida dos organismos no solo (contudo, a quase
constante umidade na zona das raízes aumenta a disponibilidade de nutrientes);
(c) conteúdo de ar, que afeta atividade biológica e química; (d) conteúdo de
matéria orgânica, que pode influenciar a atividade de microrganismo dentro do
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solo; (e) reação do solo como definido por pH; (f) propriedades de adsorção, que
são relacionadas à composição química e área específica das partículas do solo.
Estas propriedades das partículas do solo podem impedir ou estimular reações
químicas com o líquido fluindo através do meio, e; (g) resposta magnética e
elétrica das partículas do solo para as partículas contidas no efluente (ORON et
al., 1995).
Em exames virológicos de um campo de irrigação de esgoto, vírus foram
descobertos a uma distância horizontal de 350,00 m do lugar de aplicação (DIZER
et al., 1991).
Nitrogênio
mg/L < 5,0 5,0 – 30,0 > 30,0
(NO3 - N )
Fonte: Adaptado e condensado de Ayers e Westcot (1991).
a Restrição de uso não significa que á água é inapropriada para o uso, mas pode haver limitações
DQO mg / L 700
Amônia mgNH 3 / L 30
Nitrito mgNO2 / L ≈0
Nitrato mgNO3 / L ≈0
Ortofosfato mgP / L 3
pH - 7,0
Cloretos mg / L 35
3.3.1.1 Salinidade
A salinidade da água de irrigação está relacionada com a concentração de
sais solúveis, expressa em função da condutividade elétrica (CE), que é utilizada
como procedimento padrão pela facilidade e rapidez de determinação, e permite a
classificação e diagnóstico das águas destinadas à irrigação (SALASSIER, 1995).
Além da origem geológica, a presença de sais nos solos está associada ao
transporte de águas subterrâneas e de irrigação de uma região para outra, bem
como ocasionada pela aplicação de lodo e águas residuárias, domésticas e
industriais, nos solos.
Segundo Coraucci et al. (1999), excesso de água de irrigação, drenagem
insuficiente do solo e ascensão capilar podem atingir a zona radicular da
vegetação e permitir acúmulo de sais na superfície do solo.
MINISTÉRIO DA SAÚDE - MS 25
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Na
RAS (1)
Ca Mg
2
3.4.1.1 pH do solo
O valor de pH pode ser utilizado como indicativo das condições gerais de
fertilidade do solo, pois condiciona o crescimento vegetal, a atividade dos
microrganismos e a disponibilidade de nutrientes (ISA, 2004). Segundo Costa et
al. (2001), o pH do solo determina a disponibilidade ou indisponibilidade de
elementos químicos, nutrientes ou não, às plantas. Solos com pH entre 6,5 e 7,0
promovem a indisponibilidade de elementos como cobre, ferro, manganês, zinco e
alumínio, além de metais pesados; e a disponibilidade às plantas de elementos
como boro, cálcio, cloro, enxofre, fósforo, magnésio, molibdênio, nitrogênio e
potássio.
De acordo com Coraucci et al. (1999), o pH dos solos ditos normais varia
de 4,00 a 7,00, sendo considerados ácidos no limite inferior e salinos (ou
calcários), no limite superior.
Valores de pH abaixo de 4,50 indicam pobreza em Ca, Mg, P e Mo, teores
elevados de Al e alta fixação de P, acima de 7,50; demonstram deficiência de
micronutrientes (ferro, zinco, manganês e boro) ou excesso de sais, que restringe
bastante o crescimento das plantas (EMBRAPA, 2004; ISA, 2004). Polprasert
(1996) cita que solo com pH acima de 6,5 geralmente indica um alto conteúdo de
sódio e possíveis problemas de permeabilidade; valores de pH abaixo de 5,50 e
acima de 8,50 são geralmente prejudiciais à maioria das plantas. Para Malavolta
(1978), a maioria das plantas cultivadas em solo pouco ácido, com pH próximo de
6,50, cresce melhor e produz mais.
Segundo Embrapa (2004), os solos brasileiros, na sua maioria, são ácidos,
com concentrações baixas de cálcio e de magnésio, elementos diretamente
envolvidos no desenvolvimento das raízes, e com teores elevados de alumínio
trocável, além de baixa disponibilidade de fósforo do solo.
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entanto, a análise dos dados obtidos do PST mostra que não houve acúmulo
progressivo de sódio no solo, viabilizando a disposição de esgotos em solos
arenosos, devido à sua alta permeabilidade e baixa CTC, que permitem a
lixiviação dos sais presentes nos esgotos e nas águas de chuva.
3.4.2.3 Toxicidade
A presença relativamente pequena de elementos tóxicos em esgotos
industriais e municipais pode exercer um efeito deletério no crescimento das
plantas ou pode produzir concentrações potencialmente tóxicas nas plantas que
são subseqüentemente consumidas pelos animais.
Os metais pesados e outros compostos orgânicos tóxicos nos esgotos
aplicados no solo podem ser assimilados pelas plantas e acumulados nas folhas,
caule e frutos. Além disso, alguns organismos essenciais à fertilização e irrigação
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TABELA 3.5 – Faixas de concentração dos nutrientes essenciais no feijoeiro em diferentes partes
da planta.
Parte da planta
Nutrientes
Raízes Vagens Grãos
Macronutrientes (%)
N 1,0 – 4,0 3,2 – 4,5 2,86 – 4,00
P 0,10 – 0,26 0,24 – 0,29 0,26 – 0,60
K 0,7 – 2,7 1,5 – 2,2 0,92 – 2,20
Ca 0,2 – 0,8 0,2 – 0,4 0,15 – 0,55
Mg 0,2 – 0,6 0,3 – 0,4 0,18 – 0,40
S 0,07 – 0,21 0,11 – 0,26 0,20 – 0,44
Micronutrientes ppm
B 24 – 77 40 – 51 13 – 19
Mn 30 – 385 27 – 42 15 – 27
Fe 16 – 100 1,2 – 30,0 60 – 78
Cu 7 – 56 3,6 – 18,0 6 – 12
Zn 60 – 185 45 – 66 32 – 65
Mo 0,7 – 1,6 0,03 – 0,07 0,09 – 2,46
TABELA 3.6 – Esquema do ciclo fenológico do feijão-caupi com a ocorrência das principais
pragas.
Paquinha, lagarta
elasmo, larva de Vaquinha, pulgão,
Percevejo, manhoso,
vaquinha, vaquinha, mosca branca,
Paquinha pragas dos grãos
cigarrinha, pulgão, minador-das-folhas,
armazenados
mosca branca, percevejo, manhoso
minador-das-folhas
0 5 35 55 80
Germinação Florescimento Maturação / Colheita
Fase vegetativa Fase reprodutiva
Fonte: Adaptada e condensada de EMBRAPA (2004).
4.0 METODOLOGIA
PONTOS DE
COLETA DE
AMOSTRAS DE
SOLO
LAGOA DE
MATURAÇÃO
ÁREA DE
ESTUDO
30 X 50m
LAGOA DE
MATURAÇÃO
SISTEMA
PRELIMINAR
(GRADE E
LAGOA CAIXA DE
FACULTATIVA AREIA)
4.1.1.2 Reatores
A concepção do sistema experimental, IR, foi baseada nas pesquisas
desenvolvidas por Andreolli et al. (1999) utilizando reatores em PVC com
diferentes alturas de leito filtrante.
Os reatores foram confeccionados em tubos de PVC de DN 150,00 mm,
fechados em uma das extremidades com CAP de mesmo diâmetro, com
dispositivo de saída de 8,00 mm de diâmetro. Foram montados três reatores nas
alturas de 40,00; 80,00 e 120,00 cm, em PVC de DN 150 mm, cujos leitos
filtrantes foram constituídos de material de solo da ETE de Beberibe. A base foi
composta por duas camadas: a primeira com 5,00 cm de brita nº 1 e a outra com
mais 5,00 cm de pedrisco, de forma a evitar a saída de material fino do leito.
Os resultados obtidos das análises deste solo, especificamente, de
umidade e densidade in situ, foram utilizados para dimensionamento e montagem
(massa e compactação necessárias) dos leitos dos reatores.
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4.1.2.2 Reatores
O sistema era composto por reatores, semelhantes aos da Etapa 1, ou
seja, constituídos por tubos de PVC, apoiados na parede e em posição vertical,
onde camadas específicas do material eram confinadas. Além dos reatores, foi
confeccionado também um sistema reduzido de sedimentação, bombeamento e
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FIGURA 4.4 – Planta baixa do módulo experimental: (1) canteiros irrigados com água bruta; (2)
canteiros irrigados com esgoto primário; (3) reservatório distribuidor com capacidade para 100L;
(4) reservatório coletor de amostras; (5) calha de drenagem; (6) tubo PVC de drenagem do
excesso de efluentes; (7) abrigo bomba d’água e suporte caixas d’água de armazenamento; (8)
poço amazonas.
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FIGURA 4.6 – Diagrama esquemático dos canteiros: (1) reservatório distribuidor com capacidade
para 100L; (2) registro esfera ø ¾”; (3) tubo PVC ø 25mm; (4) brita nº 1; (5) lona plástica
impermeável; (6) solo arenoso (substrato); (7) tubo de drenagem ø 32mm; (8) reservatório coletor
de amostras.
FIGURA 4.8 – Reservatório distribuidor (100,00 L) dotado de registro de esfera para controle do
volume de água bruta a ser aplicado.
FIGURA 4.9 – Fotografia do dreno dos reatores e baldes de coleta – posicionados de maneira que
a gravidade permita o direcionamento do líquido drenado para os baldes de coleta.
hídrica das plantas. A irrigação dos canteiros ocorreu durante todo o período
experimental. Porém, os módulos que compõem o sistema já vinham sendo
irrigados há cinco meses.
Os canteiros foram submetidos a tratamentos diferenciados, e assim
identificados:
Canteiros 1, 2 e 3: irrigados com água e sem cultura;
Canteiros 4, 5, 6, 7, 8 e 9: irrigados com água e cultivados com feijão;
Canteiros: 10, 11, 12, 13, 14 e 15: irrigados com esgoto e cultivados
com feijão;
Canteiros 16, 17 e 18: irrigados com esgoto e sem cultura.
Poço
amazonas
FIGURA 4.10 – Caixas d’água de armazenamento das águas de irrigação e poço amazonas
FIGURA 4.11 – Desenho esquemático da caixa de “armazenamento” de esgoto bruto: (1) caixa
d’água; (2) tubo de alimentação ø 50mm; (3) registro esfera; (4) aviso; (5) mangueira de
alimentação dos baldes distribuidores ø 40mm; (6) dreno de descarte do lodo sedimentado.
com o solo, uma vez que a planta precisa de tutor (suporte). Além disso, os grãos
são consumidos após cozimento ou industrialização, o que minimiza riscos
potenciais associados à disposição de esgotos no solo.
As sementes utilizadas no experimento foram cedidas pelo Banco de
Germoplasma da UFC, o que garante segurança na sua procedência.
4.2.8.4 Produtividade
Visando melhor monitoramento das plantas quanto à produtividade de
grãos, os canteiros foram divididos em parcelas de 2,00 m cada, totalizando cinco
parcelas por canteiro. As vagens foram colhidas no período de maturação
fisiológica, já secas e fendendo-se à pressão dos dedos, para posterior contagem
e pesagem em balança de precisão de 0,01 g. A debulha foi feita manualmente,
sendo os grãos também submetidos à pesagem. Antes, porém, as vagens foram
postas para secar ao sol (secagem natural) para uniformização dos teores de
umidade das sementes, buscando-se um armazenamento seguro e a preservação
das qualidades fisiológicas.
O número de vagens por parcela, e a quantidade e peso dos grãos de cada
parcela, obtidos após a secagem, serviram como base à estimativa de
produtividade. A produção dos grãos foi expressa inicialmente em Kg/parcela,
sendo convertida a Kg/ha.
TABELA 5.1 - Valores médios dos parâmetros físico-químicos e microbiológicos durante a fase de
caracterização do esgoto doméstico da etapa 1 da pesquisa.
Faixa VON
N° Média SPERLING
Parâmetros Unidade
Amostras Minimo Máximo Aritmética
1996
Coliformes Totais NMP/100mL 10 31,95 x106 284,45 x106 133,33 x106 106 - 109
Coliformes Fecais NMP/100mL 10 7,10 x106 56,55 x106 32,07 x106 105 - 108
DQO mg/L 6 547 775 671 400 - 800
DBO mg/L 6 243 599 442 200 - 500
Amônia mg NH3 – N/L 3 46 49 47 20 - 40
pH - 5 6,67 7,25 6,89 6,7 - 7,5
Sólidos Suspensos
mg/L 6 144 273 190 200 - 450
Totais
Sólidos Suspensos
mg/L 6 23 42 33 40 - 100
Fixos
Sólidos Suspensos
mg/L 6 102 235 156 165 - 350
Voláteis
Sólidos
mg/L 6 4,00 7,50 5,25 10 - 20
Sedimentáveis
700 100
600
80
Precipitação (mm)
500
DQO (mg/L)
400 60
300 40
200
20
100
0 -
1° 2° 3° 4° 5° 6° 7° 8° 9° 10° 11° 12° 13°
Ciclo operacional
FIGURA 5.2 - Concentração de DQO nas amostras dos efluentes das unidades do sistema IR.
sólidos suspensos totais (SST), fixos (SSF) e voláteis (SSV) observou-se que
aproximadamente 80% de SS são constituídos por sólidos voláteis, indicando
maior teor de matéria orgânica que inorgânica.
350 90
80
300
70
SS, SSV e SSF (mg/L)
250
Precipitação (mm)
60
200 50
150 40
30
100
20
50
10
0 -
1° 2° 3° 4° 5° 6° 7° 8° 9° 10° 11° 12° 13°
Ciclo operacional
Preciítação SST SSV SSF
FIGURA 5.3 – Distribuição das frações de sólidos suspensos no esgoto bruto durante os ciclos da
Etapa 1 da pesquisa.
350 100
300
80
Precipitação (mm)
250
SS (mg/L)
200 60
150 40
100
20
50
0 0
1° 2° 3° 4° 5° 6° 7° 8° 9° 10° 11° 12° 13°
Ciclo operacional
a 70,00%, e Andreolli et al. (1999) com valores médios, entre 18,00 e 26,00 mg/L,
e remoção de 80,00 a 90,00%.
Possivelmente, os fatores que mais contribuíram para obtenção de um
resultado melhor foram a baixa condutividade hidráulica e a maior carga aplicada
(produto entre a taxa de aplicação e a concentração de SS afluente), que através
do melhor desenvolvimento de uma camada colmatante (no caso, em grau
desejável), proporcionou diminuição da porosidade do leito e melhor processo de
filtração de SS.
Com os dados obtidos nesta etapa da pesquisa, pode-se afirmar com
grande precisão que a altura do leito filtrante, na faixa de 40,00 a 120,00 cm, não
tem qualquer influência sobre o tratamento.
Amônia
O estabelecimento da nitrificação está relacionado às condições de
operação de um sistema de forma a adequá-lo às necessidades das bactérias
envolvidas neste processo: as Nitrossomonas e as Nitrobacter. O metabolismo de
cada uma contribui para a composição de uma situação de nitrificação em termos
de alguns parâmetros, tais como: pH, alcalinidade, temperatura, concentrações
das diferentes formas de nitrogênio, dentre outros, tornando possível caracterizar
duas fases: o período de aclimatação e o estabelecimento do processo de
nitrificação.
Considerando que as bactérias nitrificantes se aclimataram em todos os
reatores, é de se esperar que a concentração de amônia decresça enquanto que
a de nitrato aumente ao longo dos ciclos.
A primeira parte desta suposição (queda do teor de amônia) pode ser
confirmada através da Figura 5.5, onde estão apresentadas as concentrações de
amônia nos efluentes dos reatores (R1, R2 e R3). Além da diminuição das
concentrações ao longo do tempo, verifica-se que as eficiências de remoção
crescem na medida em que o processo de nitrificação vai se instaurando,
tendendo a uma estabilização no fim do período de aclimatação (11° ciclo) até o
término da pesquisa, com percentual acima de 90,00%.
MINISTÉRIO DA SAÚDE - MS 80
FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE SAÚDE PÚBLICA – DENSP
COORDENAÇÃO DE DESENV. TECNOLÓGICO EM ENG. SANITÁRIA - CODET
60 100
50
80
Concentração (mg/L)
Precipitação (mm)
40
60
30
40
20
20
10
0 0
1° 2° 3° 4° 5° 6° 7° 8° 9° 10° 11° 12° 13°
Ciclo operacional
Nitrito
Segundo Ferreira (2000), durante o período de aclimatação ou inoculação
das bactérias nitrificantes, o nitrito é acumulado durante as reações de conversão
de nitrogênio amoniacal, tendo em vista que a taxa de formação de nitrato é
superada pela taxa de geração de nitritos, fazendo com que as concentrações de
nitrito fiquem elevadas se comparadas às de amônia e nitrato.
MINISTÉRIO DA SAÚDE - MS 81
FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE SAÚDE PÚBLICA – DENSP
COORDENAÇÃO DE DESENV. TECNOLÓGICO EM ENG. SANITÁRIA - CODET
1200 100
1000
80
Concentração (mg/L)
Precipitação (mm)
800
60
600
40
400
20
200
0 0
1° 2° 3° 4° 5° 6° 7° 8° 9° 10° 11° 12° 13°
Ciclo operacional
Nitrato
As concentrações de nitrato, considerando a aclimatação das bactérias nos
reatores e o decréscimo nas concentrações de amônia nos efluentes,
aumentaram ao longo dos ciclos confirmando o estabelecimento do processo de
nitrificação no sistema IR experimental. Esta condição é confirmada na Figura 5.7,
na qual o aumento na concentração de nitrato é verificado a partir do quarto ciclo
pela instauração do período de aclimatação. De acordo com a análise estatística,
houve produção significativa de nitrato nos reatores. As produções médias para
R1, R2 e R3 (a partir do quarto ciclo) foram iguais a 93,47 ± 3,48; 97,66 ± 0,77 e
97,30 ± 0,72; respectivamente. As produções médias foram estatisticamente
iguais para os três reatores.
MINISTÉRIO DA SAÚDE - MS 82
FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE SAÚDE PÚBLICA – DENSP
COORDENAÇÃO DE DESENV. TECNOLÓGICO EM ENG. SANITÁRIA - CODET
60 100
50
80
Concentração (mg/L)
Precipitação (mm)
40
60
30
40
20
20
10
0 0
1° 2° 3° 4° 5° 6° 7° 8° 9° 10° 11° 12° 13°
Ciclo operacional
Preciítação Esgoto Bruto Esgoto Decantado
Efluente do R1 Efluente do R2 Efliuente do R3
Fósforo
A legislação brasileira não apresenta limites de concentração de fósforo
para lançamento em cursos d’água. Em termos de tecnologia de tratamento de
esgoto, são poucas aquelas que promovem alguma remoção significativa no
efluente. Segundo Ceballos (1999), os sistemas convencionais de tratamento de
esgoto removem apenas entre 10,00 e 25,00 % de fósforo associado a partículas
de matéria orgânica. von Sperling (2000) apresenta os seguintes sistemas que
alcançam efluentes com concentração média abaixo de 4,00 mg/L: lagoa de
estabilização seguida por lagoas à alta taxa, lodo ativado com remoção de fósforo
MINISTÉRIO DA SAÚDE - MS 83
FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE SAÚDE PÚBLICA – DENSP
COORDENAÇÃO DE DESENV. TECNOLÓGICO EM ENG. SANITÁRIA - CODET
100% 100
80%
Eficiência de Remoção (%)
60% 80
Precipitação (mm)
40%
60
20%
0%
40
-20%
-40% 20
1° 2° 3° 4° 5° 6° 7° 8° 9° 10° 11° 12° 13°
-60%
-80% 0
Ciclo Operacional
Precipitação Esgoto Decantado Reator R1 Reator R2 Reator R3
pH
Os reatores (R1, R2 e R3), em termos de pH, tiveram comportamento
similar, mantendo efluente na faixa de 6,3 a 7,9 até o 10º ciclo, e a partir de então,
verifica-se tendência de acidificação, atingindo pH abaixo de 6,0.
No processo de nitrificação, além de uma demanda elevada de oxigênio, é
necessária alcalinidade suficiente para evitar que o pH diminua até níveis tóxicos
a ponto de coibir a nitrificação. O pH é um dos fatores mais decisivos na eficácia
deste processo, devendo-se manter acima de 7,0, para evitar a inibição das
nitrobactérias pelo ácido nitroso, e abaixo de 8,5, para assegurar a ação das
nitrossomonas, que seria prejudicada com a elevada concentração de amônia
livre (acima de 10,00 mg/L) para pH acima de 8,5 (FERREIRA, 2000).
O esgoto decantado (ED) manteve, até o décimo ciclo, pH entre 7,0 e 7,5
implicando uma taxa de nitrificação entre 70,00 e 80,00%. A partir do 11° ciclo, o
pH do ED passou para a faixa ótima (média de 8,0) implementando taxa de
nitrificação próxima a 100%, significando uma demanda maior de alcalinidade
que, não sendo suficiente, fez com que o pH dos efluentes dos reatores sofresse
uma queda para níveis abaixo do adequado (pH < 6,0). Além disso, deve-se
considerar o término do período de aclimatação, promovendo o estabelecimento
pleno do processo de nitrificação.
Coliformes Termotolerantes
A Portaria n°154/2002 da SEMACE estabelece o limite de lançamento para
coliformes termotolerantes (CF) de 5.000 NMP/100mL (5 x 103 NMP/100mL). No
que se refere à capacidade de alcance de tratamento, os efluentes dos sistemas
IR atingem em média concentrações na ordem de 10 4 (von SPERLING, 2000),
não atingindo a depuração disposta pela referida portaria.
Através da Figura 5.9 pode-se observar que, em termos gerais, a remoção
de CF pelo sistema IR experimental foi baixa, na ordem de apenas 1 a 2 casas
logarítmicas. O reator que apresentou melhor desempenho foi o R3, obtendo
efluente com concentração média por volta de 105 e média de remoção de duas
casas logarítmicas. O R2, com exceção da primeira medição, apresentou
resultados na mesma grandeza do R3, com efluente com concentração média um
pouco acima de 105 e eficiência média de remoção de duas casas logarítmicas. O
R1, não apresentou bom desempenho na remoção de CF, com concentração
efluente variando ponto a ponto, sendo este aspecto prejudicado pela ausência de
dados nos 8° e 9° ciclos (mudança do laboratório e problemas de saúde da
operadora) e variação da precipitação diária.
1,E+08 100
Coliformes Termotolerantes
80
1,E+07
Precipitação (mm)
(NMP/100mL)
60
1,E+06
40
1,E+05
20
1,E+04 0
1° 2° 3° 4° 5° 6° 7° 8° 9° 10° 11° 12° 13°
Ciclo operacional
Preciítação Esgoto Decantado Efluente do R1
Efluente do R2 Efliuente do R3
FIGURA 5.9 - Concentração de Coliformes Termotolerantes (CF) no esgoto decantado (ED) e nos
efluentes dos reatores R1, R2 e R3, na etapa 1 da pesquisa.
8,06
Solo
inicial
7,05 R1
R2
pH
6,03
R3
Limite
5,02 Superior
Limite
inferior
4,00
- 0,40 0,80 1,20 1,60
Profundidade (m)
O solo em sua fase inicial era ácido (pH = 4,5), apresentando tendência de
aumento em função da profundidade podendo indicar deficiência de fósforo,
baixos teores de cálcio, manganês e potássio, toxidez por alumínio, ferro ou
manganês, alta lixiviação de cátions ou ainda indicar boa disponibilidade de
micronutrientes como ferro, cobre, manganês ou zinco.
Observa-se que, após o término da pesquisa, o pH do solo aumentou,
apresentando taxa crescente ou não em relação à profundidade, podendo indicar
recuperação através do fornecimento de fósforo ou aumento nos teores de cálcio,
manganês e potássio.
Matéria Orgânica
O teor de matéria orgânica fornece informações mais importantes do ponto
de vista qualitativo do que quantitativo tendo, normalmente, teor decrescente ao
longo da profundidade do solo. A classificação do solo segue conforme Tabela
5.4.
MINISTÉRIO DA SAÚDE - MS 90
FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE SAÚDE PÚBLICA – DENSP
COORDENAÇÃO DE DESENV. TECNOLÓGICO EM ENG. SANITÁRIA - CODET
30,00
Alta concentração
Solo
25,00 de MO inicial
Matéria Orgânica (g/Kg)
R1
20,00 Concentração média
de MO R2
15,00
R3
Baixa concentração
10,00 de MO Limite
inferior
5,00 Limite
Superior
-
- 0,40 0,80 1,20 1,60
Profundidade (m)
Fósforo disponível
Existem diversas formas químicas de fósforo no solo que contribuem para
a nutrição das plantas, apresentando-se tanto na forma mineral e orgânica
(fazendo parte de compostos com Ca, Fe e Al), em solução, adsorvido de forma
trocável aos colóides e grande parte pode ser adsorvido de forma não-trocável
(não disponível às plantas). A fração que se encontra adsorvida de forma
reversível é liberada de forma muito lenta em comparação com os cátions
trocáveis.
A classificação do solo em relação ao teor de fósforo disponível varia em
função do extrator utilizado na análise, da textura do solo e da cultura a ser
utilizada. De uma maneira geral, teores menores que 3,00 mg P/dm³ será baixo
enquanto que acima de 60,00 mgP/dm³ será alto. Em relação ao seu
comportamento no solo, o teor de fósforo disponível tende a diminuir com a
profundidade, acompanhando o teor de matéria orgânica.
Pela Figura 5.12 observa-se que a capacidade do solo em assimilar o
fósforo presente no esgoto foi intensa, passando de teores muito baixos (1,00 a
2,00 mg/Kg) a concentrações altíssimas, em pouco mais de três meses,
principalmente, na superfície do solo. A taxa de assimilação de fósforo do R2
(obtida pela inclinação da curva) foi praticamente igual a do R3, o que sugere uma
possível caracterização do solo em termos desse parâmetro (como exemplo, nos
primeiros 30,00 cm do solo a taxa de assimilação foi de aproximadamente 267,00
mg P.Kg-1.m-1). Possivelmente, o R1 não apresentou mesmo comportamento por
MINISTÉRIO DA SAÚDE - MS 92
FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE SAÚDE PÚBLICA – DENSP
COORDENAÇÃO DE DESENV. TECNOLÓGICO EM ENG. SANITÁRIA - CODET
140,00
120,00
Solo inicial
100,00
P assimilável (mg/Kg)
80,00 R1
60,00 R2
40,00
R3
20,00
-
- 0,40 0,80 1,20 1,60
Profundidade (m)
TABELA 5.5 - Respostas das plantas a diferentes intensidades de condutividade elétrica (CE) a
25°C
CE a 25°C(dS/m) Resposta das plantas
2,50
R1
CE (dS/m)
1,50
R2
1,00
R3
0,50
Limite
negligenci
ável
-
- 0,40 0,80 1,20 1,60
Profundidade (m)
250
200
Chuva (mm)
150
100
50
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25
Ciclos (Semanas)
observou-se que houve redução significativa de DQO nos três reatores, porém
não houve diferença na porcentagem de remoção entre os três reatores.
As oscilações verificadas na concentração de DQO nos efluentes dos
reatores R1 (0,40 m), R2 (0,80 m) e R3 (1,20 m) foram decorrentes da diluição do
esgoto decantado afluente com água de chuva, principalmente no período de
janeiro a maio de 2003, que correspondem ao período da quarta à vigésima
quarta semana. Há uma tendência de ocorrência de picos de DQO no efluente
dos reatores R1 e R2, associados a picos na concentração de DQO afluente. Em
R3, estes picos não são tão visíveis, coerente com o que foi observado para SSV,
indicando que o sistema de infiltração rápida é afetado pela variação na
concentração orgânica afluente.
A redução na concentração de DQO efluente deve-se primeiramente à
filtração de matéria orgânica pelas partículas do solo e a um processo posterior
de degradação biológica efetuada pelo biofilme superficial formado por
microrganismos decompositores.
É importante ressaltar que nos períodos em que ocorreu colmatação na
superfície do solo, houve anoxia e perturbação no sistema. Esta situação
coincidiu com a liberação de flocos avermelhados (biofilme bacteriano) dos
reatores, que influenciou nos resultados de DQO como indicado pelos valores
mais altos de DQO nos reatores R1 e R2 nas Fases 2 e 3 e do reator R3 na Fase
3, por volta da 15ª semana.
A colmatação ocorrida na superfície dos reatores mostrou a necessidade
de intervenção, para que a situação retorne a uma condição de perfeito
funcionamento. Sendo assim, duas intervenções foram feitas: a primeira foi a
retirada da camada superficial, retornando o processo à condição inicial do meio
desprovido de biofilme e a segunda foi a escarificação desta camada, oferecendo
condição de aeração necessária à sobrevivência do biofilme, sendo considerada
como a mais indicada.
MINISTÉRIO DA SAÚDE - MS 96
FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE SAÚDE PÚBLICA – DENSP
COORDENAÇÃO DE DESENV. TECNOLÓGICO EM ENG. SANITÁRIA - CODET
450
400
350
DQO (mg/L)
300
250
200
150
100
50
0
0 5 10 15 20 25 30
Ciclo operacional (semanas)
ED R1 R2 R3
FIGURA 5.15 – DQO do esgoto decantado e efluente dos reatores R1, R2 e R3 ao longo do
tempo, na etapa 2 da pesquisa.
200
150
100
50
0
0 5 10 15 20 25 30
Ciclo operacional (semanas)
ED R1 R2 R3
FIGURA 5.16 – Sólidos suspensos do esgoto decantado e efluente dos reatores R1, R2 e R3 ao
longo do tempo, na etapa 2 da pesquisa.
MINISTÉRIO DA SAÚDE - MS 97
FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE SAÚDE PÚBLICA – DENSP
COORDENAÇÃO DE DESENV. TECNOLÓGICO EM ENG. SANITÁRIA - CODET
140
120
SSV(mg/L) 100
80
60
40
20
0
0 5 10 15 20 25 30
Ciclo operacional (semanas)
ED R1 R2 R3
FIGURA 5.17 – Sólidos suspensos voláteis do esgoto decantado e efluente dos reatores R1, R2 e
R3 ao longo do tempo, na etapa 2 da pesquisa.
100
80
Sólidos Susp. (mg/L)
60
40
20
0
13 14 15 16 17 18 19
Ciclo operacional (Semanas)
Esgoto Decantado Reator 4
Amônia
Na Figura 5.19 estão mostradas as variações na concentração de amônia
do esgoto afluente decantado e dos efluentes dos reatores.
60
50
Amônia (mg/L)
40
30
20
10
0
0 5 10 15 20 25 30
Ciclo operacional (semanas)
ED R1 R2 R3
FIGURA 5.19 – Amônia do esgoto decantado e efluente dos reatores R1, R2 e R3 ao longo do
tempo, na etapa 2 da pesquisa.
35
30
25
Amônia (mg/L)
20
15
10
5
0
13 14 15 16 17 18 19
Ciclo operacional (Semanas)
Nitrito
Na Figura 5.21 são mostradas as variações na concentração de nitrito do
esgoto afluente decantado e dos efluentes dos reatores. Estatisticamente, houve
produção significativa nos três reatores sem diferença significante entre as
produções observadas para R1, R2 e R3.
25
20
Nitrito (mg/L)
15
10
0
0 5 10 15 20 25 30
Ciclo operacional (semanas)
ED R1 R2 R3
FIGURA 5.21 – Nitrito do esgoto decantado e efluente dos reatores R1, R2 e R3 ao longo do
tempo, na etapa 2 da pesquisa.
remoção desta camada bioativa do solo, não contribuindo com uma aeração
suficiente do solo para a nitrificação.
A presença de picos de nitrito nos efluentes dos reatores pode ser sinal da
carência de oxigênio para as bactérias nitrificantes, que por serem mais sensíveis
ao ambiente do que os organismos heterotróficos demandam uma atenção
especial às condições do solo. A intensidade com que se realiza a nitrificação
num solo depende, segundo Brady (1989), da quantidade de água existente,
sendo retardada por condições de pouca umidade ou por excesso desta.
Nitrato
Na Figura 5.22 são apresentadas as variações na concentração de nitrato
do esgoto afluente decantado e dos efluentes dos reatores. Do tratamento
estatístico observou-se que houve produção de nitrato em todos os reatores e que
não houve diferença significativa de produção nos três reatores.
30
25
Nitrato (mg/L)
20
15
10
5
0
0 5 10 15 20 25 30
Ciclo operacional (semanas)
ED R1 R2 R3
FIGURA 5.22 – Nitrato do esgoto decantado e efluente dos reatores R1, R2 e R3 ao longo do
tempo, na etapa 2 da pesquisa.
15
Nitrato (mg/L)
10
0
13 14 15 16 17 18 19
Ciclo operacional (Semanas)
Nitrificação e desnitrificação
A concentração de amônia do esgoto decantado afluente apresentou
oscilações, em função da diluição do esgoto com a afluência de águas pluviais na
rede de esgoto devido à estação chuvosa.
Existe um comportamento semelhante nos reatores R1, R2 e R3, não tanto
com relação à intensidade do processo, mas quanto à progressividade do
processo de oxidação da amônia. Com um comportamento cíclico, observa-se de
início uma elevação na concentração de amônia no efluente devido à oxidação de
nitrogênio orgânico do esgoto. Seguido de uma diminuição desta concentração
em relação ao esgoto afluente, decorrente da conversão de amônia a nitrito, que
deve ser instantaneamente convertido a nitrato.
Aumentos e reduções sucessivas de amônia ao longo de todo o período do
experimento estão associados a picos de nitrito e nitrato na fase 1. Na fase 2 não
se verificaram pulsos de nitrato ou nitrito, na Fase 3 observaram-se picos
menores de nitrato. Na fase 4, sucederam picos maiores de nitrito e menores de
nitrato.
Na fase 5, ocorreu uma associação de reações resultando num aumento
progressivo na concentração de nitrato do efluente, da mesma forma que
reduções na concentração de amônia e nitrito do efluente. Este fenômeno é
indicativo de ocorrência de nitrificação total nos reatores na etapa final do
experimento.
É importante notar que as concentrações de nitrito e nitrato no esgoto
decantado afluente foram muito baixas na fase 5 e que, além disso, ocorreram
reduções bruscas nas concentrações de amônia e nitrito nos efluentes dos
reatores.
MINISTÉRIO DA SAÚDE - MS 105
FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE SAÚDE PÚBLICA – DENSP
COORDENAÇÃO DE DESENV. TECNOLÓGICO EM ENG. SANITÁRIA - CODET
Ortofosfato
Na Figura 5.24 são mostradas as variações na concentração de ortofosfato
do esgoto afluente decantado e dos efluentes dos reatores.
7
6
Ortofosfato (mg/L)
5
4
3
2
1
0
0 5 10 15 20 25 30
Ciclo operacional (semanas)
ED R1 R2 R3
FIGURA 5.24 - Ortofosfato do esgoto decantado e efluente dos reatores R1, R2 e R3 ao longo do
tempo, na etapa 2 da pesquisa.
pH e Alcalinidade
Os resultados obtidos quanto a valores de pH atestam que não houve
variações significantes de pH, que permaneceu na faixa entre 6,5 e 7,5, tanto
para afluente quanto para efluentes, durante 22 semanas de experimento. A partir
da 23ª semana houve modificação dos valores de pH dos efluentes em relação ao
afluente, coincidindo com diminuição da alcalinidade (Figura 5.25) e variações nas
concentrações de nitrato e amônia, e, portanto com o início do estabelecimento
de nitrificação nos reatores. Estatisticamente, houve remoção de alcalinidade em
todos os reatores, sem variação significativa na eficiência de remoção, entre os
reatores.
Alcalinidade Total (mgCaCO3/L)
400
350
300
250
200
150
100
50
0
0 5 10 15 20 25 30
Ciclo operacional (semanas)
ED R1 R2 R3
FIGURA 5.25 - Alcalinidade do esgoto decantado e efluente dos reatores R1, R2 e R3 ao longo do
tempo, na etapa 2 da pesquisa.
1,E+08
1,E+07
1,E+06
1,E+05
1,E+04
1,E+03
0 5 10 15 20 25 30
Ciclo operacional (semanas)
ED R1 R2 R3
FIGURA 5.26 - Coliformes totais no afluente e efluente dos reatores R1, R2 e R3, durante a fase 2
do experimento.
Coliformes Termotolerantes
1,E+08
1,E+07
(NMP/100mL)
1,E+06
1,E+05
1,E+04
1,E+03
0 5 10 15 20 25 30
Ciclo operacional (semanas)
ED R1 R2 R3
FIGURA 5.27 - Coliformes termotolerantes no afluente e efluente dos reatores R1, R2 e R3,
durante a fase 2 do experimento.
Permeabiliade
Avaliaram-se neste item, as conseqüências da disposição controlada de
esgoto decantado na obstrução dos poros intergranulares (colmatação) da
camada superior do solo, principalmente quanto ao aspecto de sua
permeabilidade (fundamental para operacionalidade e sustentabilidade do
sistema). Os resultados dos ensaios de permeabilidade efetuados mensalmente
em cada coluna encontram-se discriminados na tabela 5.7.
TABELA 5.7 – Resultados dos ensaios de permeabilidade com o tempo, na etapa 2 da pesquisa.
Mês Medida Inicial Medida Alternativa Comentários
(cm/s) (cm/s)
Medição efetuada previamente ao início da
operação dos reatores, utilizando-se o
0 4,4. 10-3 -
permeâmetro.
1 5,4 . 10-4 - Descartou-se a coluna 7, submetendo-a ao
ensaio de permeabilidade.
2 2,8 . 10-4 - Descartou-se a coluna 6, submetendo-a ao
ensaio de permeabilidade.
Descartou-se a coluna 5, submetendo-a ao
3 7,6. 10-5 1,5. 10-4 ensaio de permeabilidade. Retirando-se
camada superficial colmatada de 4 cm, fez-se
novamente o ensaio.
Descartou-se a coluna 4, submetendo-a ao
4 1,1. 10-4 - ensaio de permeabilidade. Fez-se
escarificação ocasional da superfície durante
operacional.
Descartou-se a coluna 3, submetendo-a ao
6 5,2. 10-5 1,6. 10-4 ensaio de permeabilidade. Fez-se
escarificação da superfície entre as duas
medidas.
0,004
Permeabilidade (cm/s)
-0,6572x
0,003 y = 0,0015e
2
R = 0,7655
0,002
0,001
0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo (meses)
pH
Os dados referentes à determinação de pH do solo estão dispostos nas
curvas da Figura 5.29. Observa-se que as amostras do solo coletadas
inicialmente dos três furos efetuados na estação de tratamento de Beberibe
apresentaram pH ácido (abaixo de 6,0).
6
pH
0
Furo 1
Furo 2
Furo 3
Mês 1
Mês 2
Mês 6
Mês 3
Mês 4
0 - 0,40 m 0,40-0,80m 0,80-1,20m
FIGURA 5.29 – Mudanças nos valores de pH do solo ao longo do tempo, na etapa 2 da pesquisa.
Matéria Orgânica
Operando o sistema de Infiltração Rápida durante seis meses, obtiveram-
se os resultados relacionados na Figura 5.30. As três primeiras amostras retiradas
preliminarmente da ETE de Beberibe estão representadas nos Furos 1 a 3. Os
outros valores tratam dos reatores separados mensalmente do sistema que, ao
serem seccionados, permitem a coleta de uma camada representativa da camada
especificada na Figura 5.30.
8
Matéria Orgânica (g/kg)
0
Furo3
Furo 1
Furo 2
Mês 1
Mês 2
Mês 6
Mês 3
Mês 4
Fósforo Disponível
O Fósforo disponível, analisado no solo deste experimento, apresentou
comportamento semelhante ao da matéria orgânica, conforme visualizado na
Figura 5.31.
Na situação inicial do solo matriz, a concentração de fósforo existente nas
três amostras de solo controle era bastante reduzida, com relação aos requisitos
de plantas e microrganismos, conforme a classificação feita por Fernandes
(1993). Logo após o primeiro mês de funcionamento das colunas de infiltração,
ocorreu um forte aumento na concentração de fósforo na camada superior do solo
(0,00 a 0,40 metros) muito além do necessário para plantas. Quanto à camada
inferior (0,40 a 0,80 metros), a concentração é bem menor, não havendo
infiltração representativa de fósforo da superfície. Este resultado coincide com a
teoria proposta por Pierzynski et al. (1994), que defende que a aplicação de
resíduos líquidos e sólidos diretamente sobre a superfície de solos não cultivados,
não somente produz uma estratificação de fósforo no horizonte de solo superficial,
com níveis muito altos presentes nos três centímetros superiores sujeitos à
erosão, mas também deixa matéria orgânica altamente erodível enriquecida com
fósforo na superfície.
Fósforo Assimilável (mg/kg)
180
150
120
90
60
30
0
Furo3
Mês 1
Mês 2
Mês 6
Furo 1
Furo 2
Mês 3
Mês 4
1,2
0,9
0,6
0,3
0
Furo3
Furo 1
Furo 2
Mês 1
Mês 2
Mês 6
Mês 3
Mês 4
7
6
5
4
PST
3
2
1
0
Furo3
Furo 1
Furo 2
Mês 1
Mês 2
Mês 6
Mês 3
Mês 4
0 - 0,40 m 0,40-0,80m 0,80-1,20m
FIGURA 5.33 - Percentual de sódio trocável no solo ao longo do tempo, na etapa 2 da pesquisa.
TABELA 5.9 – Caracterização física e química do esgoto proveniente de uma fossa séptica, da
rede coletora de esgotos e da água proveniente do poço que abasteceu o sistema piloto.
Parâmetro Unidade Fossa Rede EAC EAS Poço
Sólidos Totais mg/L 1172 929 1339 800 15
Sólidos
mg/L 448 184 87 194 8
Suspensos
Sólidos
mg/L 15 10 Ndet Ndet nd
Sedimentáveis
Sólidos
mg/L 723 745 Ndet Ndet 7
Dissolvidos
Condutividade mg/L 2,5 2,2 0,9 1,1 0,37
Amônia mg/L 49,30 30,77 23,42 45,79 0,12
Nitrito mg/L 0,01 0,01 0,04 0,29 nd
Nitrato mg/L 0,04 0,03 0,13 0,74 nd
Fósforo mg/L 3,02 6,76 3,21 9,61 1,16
Fosfato mg/L 1,30 0,63 2,18 8,87 0,14
DBO mg/L 369 132 Ndet Ndet 18
DQO mg/L 406 201 267 315 nd
pH - 7,0 7,1 7,0 7,2 6,5
Ovos de
№ 46 266 70 70 0
Helmintos
Coliformes
NMP/100ml >2419 >2419 7,15E+06 1,60E+06 0
Termotolerantes
Nota: nd – não detectado pelo método; NDet – não determinado; EAC – esgoto afluente ao
sistema no período chuvoso; EAS – esgoto afluente ao sistema no período seco.
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Condutividade Elétrica
Houve eficiência de remoção de íons de aproximadamente 50% nos
canteiros que receberam água e de 70% naqueles que receberam esgoto, sendo
que o valor de condutividade elétrica seja nos canteiros que receberam água ou
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nos que receberam esgoto foi, em média, 0,20 mS/cm (Figura 5.34) indicando que
houve diluição causada pelas chuvas da época, uma vez que para o período
seco, não houve variação de condutividade elétrica entre os períodos de chuva e
seca, seja para os canteiros irrigados com água ou para os irrigados com esgoto.
Como mostrado na Figura 5.34, não houve diferença na condutividade devido à
presença de culturas.
0,5 1,2
0,4 1,0
CE (mS/cm)
CE (mS/cm)
0,8
0,3
0,6
0,2
0,4
0,1 0,2 4
0,0 0,0
0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100
Tempo (dias) Tempo (dias)
A ASC AF AM E ESC EF EM
(a) (b)
3,0
0,9
2,5
CE (mg/L)
CE (mg/L)
2,0
0,6
1,5
1,0
0,3
0,5
0,0 0,0
170 190 210 230 250 170 190 210 230 250
Tempo (dias) Tempo (dias)
A ASC AF E ESC EF
(c) (d)
FIGURA 5.34 – Variação de condutividade elétrica nos afluentes e efluentes dos canteiros: (a)
canteiros irrigados com água no período chuvoso; (b) canteiros irrigados com esgoto no período
chuvoso ; (c) canteiros irrigados com água no período seco; (d) canteiros irrigados com esgoto no
período seco.
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Cloretos
A água utilizada na pesquisa não apresentou cloretos durante o período de
chuvas e foi constatada presença de cloretos no efluente dos canteiros que
receberam água como afluente.
300 200
250
Cloretos (mg/L)
Cloretos (mg/L)
150
200
150 100
100
50
50
0 0
0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100
Tempo (dias) Tempo (dias)
A ASC AF AM E ESC EF EM
(a) (b)
140 600
120 500
Cloretos (mg/L)
Cloretos (mg/L)
100 400
80
300
60
40 200
20 100
0 0
170 190 210 230 250 170 190 210 230 250
Tempo (dias) Tempo (dias)
A ASC AF E ESC EF
(c) (d)
Figura 5.35 – Variação de cloretos nos afluentes e efluentes dos canteiros: (a) canteiros irrigados
com água durante o período chuvoso; (b) canteiros irrigados com esgoto durante o período
chuvoso; (c) canteiros irrigados com água no período seco; (d) canteiros irrigados com esgoto no
período seco.
irrigados com água. Observa-se também que as concentrações nos efluentes dos
canteiros irrigados com esgoto foram próximas daquelas dos canteiros irrigados
com água.
No período seco, a concentração de cloretos seja na água afluente ou no
esgoto foi muito superior àquela para o período chuvoso, porém, praticamente
não houve retenção de cloretos no solo o que mostra que a diminuição no teor de
cloretos no período de chuvas foi conseqüência da diluição causada pelas chuvas
intensas e não por retenção no solo propriamente dita.
DQO
Era de se esperar que a DQO dos efluentes dos canteiros que receberam
água fosse maior que a do afluente e mais uma vez não houve variação na DQO
como função de o canteiro conter ou não uma cultura específica. Para os
canteiros irrigados com esgoto, no período de chuvas, observou-se redução de
DQO de 55,71 ± 3,24 % entre afluente e efluente, contudo se for considerado que
parte da DQO efluente dos canteiros que receberam esgoto é contribuição do solo
como comprovado quando se compara os resultados nas Figuras 5.36a e 5.36b, a
eficiência passa a ser de 86,00 %, o que dá indícios de um bom tratamento.
200 400
DQO (mgO2/L)
DQO (mgO2/L)
150 300
100 200
50 100
0 0
0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100
Tempo (dias) Tempo (dias)
A ASC AF AM E ESC EF EM
(a) (b)
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600
300
500
DQO(mg/L)
DQO (mg/L)
400
200
300
200
100
100
0
0
170 190 210 230 250
170 190 210 230 250
Tempo (dias)
Tempo (dias)
E ESC EF
A ASC AF
(c) (d)
Figura 5.36 – Variação de DQO nos afluentes e efluentes dos canteiros: (a) canteiros irrigados
com água no período chuvoso ; (b) canteiros irrigados com esgoto no período chuvoso; (c)
canteiros irrigados com água no período seco; (d) canteiros irrigados com esgoto no período seco.
Alcalinidade
A alcalinidade não variou nos efluentes dos canteiros em função de serem
ou não cultivados, no período de chuvas; este resultado foi o mesmo tanto para
os efluentes dos canteiros que receberam água quanto para os que receberam
esgoto (Figura 5.37). Porém houve redução significativa, aproximadamente 73,33
± 2,16 % e 79,43 ± 2,23 % nos efluentes dos canteiros que receberam esgoto,
nos períodos chuvoso e seco, respectivamente. Nos canteiros que receberam
água houve variação muito pequena entre afluente e efluentes, sendo que nos
canteiros cultivados com milho e feijão houve redução de aproximadamente 31,61
± 5,45 % e nos canteiros sem culturas de 3,5% no período de chuvas e
praticamente nenhuma variação na época seca.
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150 300
Alcalinidade (mg/L)
Alcalinidade (mg/L)
120 250
200
90
150
60
100
30 50
0 0
0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100
Tempo (dias) Tempo (dias)
A ASC AF AM E ESC EF EM
(a) (b)
80 400
Alcalinidade (mg/L)
Alcalinidade (mg/L)
60 300
40 200
20 100
0 0
170 190 210 230 180 200 220 240
Tempo (dias) Tempo (dias)
A ASC AF E ESC EF
(c) (d)
Figura 5.37 – Variação de alcalinidade nos afluentes e efluentes dos canteiros: (a) irrigados com
água durante o período chuvoso; (b) irrigados com esgoto durante o período chuvoso; (c) irrigados
com água no período seco; (d) irrigados com esgoto no período seco.
Amônia
Durante esta fase da pesquisa, os efluentes dos canteiros irrigados com
esgoto apresentaram concentrações de amônia bem menores que os do afluente,
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6,0 30,0
25,0
Amônia (mg/L)
Amônia (mg/L)
4,0 20,0
15,0
2,0 10,0
5,0
0,0 0,0
0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100
Tempo (dias) Tempo (dias)
A ASC AF AM E ESC EF EM
(a) (b)
3,0 80
Amônia (mg/L)
Amônia(mg/L)
60
2,0
40
1,0
20
0,0 0
170 190 210 230 250 170 190 210 230 250
Tempo (dias) Tempo (dias)
A ASC AF E ESC EF
(c) (d)
Figura 5.38 – Variação de amônia nos afluentes e efluentes dos canteiros: (a) canteiros irrigados
com água durante o período chuvoso; (b) canteiros irrigados com esgoto durante o período
chuvoso; (c) canteiros irrigados com água no período seco; (d) canteiros irrigados com esgoto no
período seco.
Nitrato
Embora a análise deste parâmetro esteja prejudicada pela falta de
resultados no período chuvoso, observa-se da Figura 5.39 que houve aumento de
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nitrato nos efluentes e que os valores de nitrato no efluente dos canteiros que
receberam esgoto são equivalentes a três vezes os valores daqueles que
receberam água. Este resultado isoladamente sugere que houve nitrificação nos
canteiros o que não é verdadeiro quando são comparados conjuntamente os
resultados de amônia, nitrato e alcalinidade.
Durante o período seco, a variação de nitrato foi mais homogênea e melhor
definida sugerindo ter havido nitrificação tanto nos canteiros irrigados com água
quanto naqueles irrigados com esgoto até o 210º dia.
1,5 5,0
1,2 4,0
Nitrato (mg/L)
Nitrato (mg/L)
0,9 3,0
0,6 2,0
0,3 1,0
0,0 0,0
0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100
A ASC AF AM E ESC EF EM
(a) (b)
6,0 12,0
5,0 10,0
Nitrato (mg/L)
Nitrato (mg/L)
4,0 8,0
3,0 6,0
2,0 4,0
1,0 2,0
0,0 0,0
170 190 210 230 250 170 190 210 230 250
Tempo (dias) Tempo (dias)
A ASC AF E ESC EF
(c) (d)
Figura 5.39 – Variação de nitrato nos afluentes e efluentes dos canteiros: (a) irrigados com água
durante o período chuvoso; (b) irrigados com esgoto durante o período chuvoso; (c) irrigados com
água no período seco; (d) irrigados com esgoto no período seco.
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Concentração (mg/L)
6,0 8,0
Concentração
6,0
(mg/L)
4,0
4,0
2,0
2,0
0,0
0,0
0 20 40 60 80 100
0 20 40 60 80 100
Tempo (dias)
Tempo (dias)
Amônia Nitrato Nitrito Amônia Nitrato Nitrito
(a) (a)
Concentração (mg/L)
6,0 8,0
Concentração
6,0
(mg/L)
4,0
4,0
2,0 2,0
0,0 0,0
0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100
(b) (b)
6,0 8,0
Concentração
Concentração
6,0
(mg/L)
(mg/L)
4,0
4,0
2,0 2,0
0,0 0,0
0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100
Tempo (dias) Tempo (dias)
(c) (c)
FIGURA 5.40 – Variação de amônia nitrito e FIGURA 5.41 – Variação de amônia nitrito e
nitrato nos canteiros irrigados com água no nitrato nos canteiros irrigados com esgoto no
período de chuvas: (a) sem cultura, (b) feijão, (c) período de chuvas: (a) sem cultura, (b) feijão, (c)
milho. milho.
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Concentração (mg/L)
2,0
4,0
1,5
1,0
2,0
0,5
0,0 0,0
170 190 210 230 250 170 190 210 230 250
Tempo (dias) Tempo (dias)
(a) (b)
12,0 18,0
16,0
Concentração (mg/L)
Concentração (mg/L)
10,0
14,0
8,0 12,0
10,0
6,0
8,0
4,0 6,0
4,0
2,0
2,0
0,0 0,0
170 190 210 230 250 170 190 210 230 250
Tempo (dias) Tempo (dias)
(c) (d)
FIGURA 5.42 – Variação de amônia nitrito e nitrato nos canteiros no período seco: (a) canteiros
irrigados com água e sem cultura; (b) canteiros irrigados com água e plantados com feijão; (c)
canteiros irrigados com esgoto e sem cultura; (d) canteiros irrigados com água e plantados com
feijão
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Ortofosfato
Na Figura 5.43 estão apresentados os resultados da variação de
ortofosfato durante a pesquisa. Nos canteiros irrigados com água, nos dois
períodos estudados, houve liberação de fosfato pelo efluente dos canteiros e não
houve diferença entre canteiros com e sem cultura. Nos canteiros irrigados com
esgoto, houve excelente remoção de fosfato, 92 e 82% no período chuvoso para
os canteiros com e sem cultura e de 94 e 93% no período seco para os mesmos
canteiros. Os resultados de nutrientes no feijão confirmam estes resultados.
2 5
Ortofosfato (mg/L)
Ortofosfato (mg/L)
1,6 4
1,2 3
0,8 2
0,4 1
0 0
0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100
A ASC AF AM E ESC EF EM
(a) (b)
2,0 25,0
Ortofosfato (mg/L)
Ortofosfato (mg/L)
20,0
1,5
15,0
1,0
10,0
0,5
5,0
0,0 0,0
170 190 210 230 250 170 190 210 230 250
Tempo (dias) Tempo (dias)
A ASC AF E ESC EF
(c) (d)
FIGURA 5.43 – Variação de ortofosfato nos afluentes e efluentes dos canteiros: (a) irrigados com
água durante o período chuvoso; (b) irrigados com esgoto durante o período chuvoso; (c) irrigados
com água no período seco; (d) irrigados com esgoto no período seco.
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40
150
[SSV] (mg/L)
[SSV] (mg/L)
30
100
20
50
10
0 0
0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100
Tempo(dias) Tempo(dias)
A ASC AF AM E ESC EF EM
(a) (b)
18 600
16
500
14
SSV (mg/L)
SSV(mg/L)
12 400
10
300
8
6 200
4
100
2
0 0
170 190 210 230 250 170 190 210 230 250
Tempo (dias) Tempo (dias)
(c) (d)
FIGURA 5.44 – Variação de sólidos suspensos voláteis nos afluentes e efluentes dos canteiros:
(a) irrigados com água durante o período chuvoso; (b) irrigados com esgoto durante o período
chuvoso; (c) irrigados com água no período seco; (d) irrigados com esgoto no período seco.
para interpretação da qualidade da água para irrigação (Ayres & Westcot, 1991) e
estão apresentados na Tabela 5.11. Os resultados referentes aos esgotos
primários apresentaram valores mais preocupantes, que devem ser considerados
quando da aplicação dessas águas no solo por períodos mais prolongados. As
concentrações referentes à água subterrânea indicam a não ocorrência de
restrições quanto ao uso.
PH CE PST
Ca Mg Na K Al H+Al CTC V (%) m (%)
(H2O) (dS/m) (%)
5,9 0,9 1,0 0,9 0,1 0,1 0,1 0,8 3,1 76,0 3,0 5,0
Obs: Os parâmetros Ca, Mg, Na, K, Al, H+Al, CTC estão em cmolc/kg.
MINISTÉRIO DA SAÚDE - MS 137
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Efeitos no solo
As alterações nas características químicas do solo ao longo dos canteiros
podem ser vistas nas Tabelas 5.13 a 5.16 onde constam os resultados obtidos ao
término dos períodos seco e chuvoso.
MINISTÉRIO DA SAÚDE - MS 138
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TABELA 5.13 – Efeitos das águas de irrigação (água subterrânea e esgoto primário) no pH, CE, nos teores de Al e Al+H, Na e demais macronutrientes, e
na capacidade de troca catiônica (CTC), saturação por bases (V) e por alumínio (m), e no percentual de sódio trocável (PST). 1ª Etapa (Sem vegetação).
Intervalos pH CE Ca Mg Na K Al H+Al CTC V m PST
(m) (dS/m) (cmolc/kg) (cmolc/kg) (cmolc/kg) (cmolc/kg) (cmolc/kg) (cmolc/kg) (cmolc/kg) (%) (%) (%)
Água 0–5 6,6 0,30 0,67 0,43 0,07 0,06 0,03 1,04 2,3 54 9 3
subterrânea
5 – 10 6,3 0,28 0,97 2,80 0,08 0,04 0,03 0,77 2,6 70 6 3
Esgoto 0–5 6,3 0,52 0,77 0,53 0,20 0,05 0,03 0,66 2,2 70 3 9
primário
5 – 10 5,7 0,32 0,70 0,57 0,10 0,05 0,18 1,04 2,4 58 11 4
TABELA 5.14 – Efeitos das águas de irrigação (água subterrânea e esgoto primário) no pH, CE, nos teores de Al e Al+H, Na e demais macronutrientes, e
na capacidade de troca catiônica (CTC), saturação por bases (V) e por alumínio (m), e no percentual de sódio trocável (PST). 1ª Etapa (Com vegetação).
Intervalos pH CE Ca Mg Na K Al H+Al CTC V m PST
(m) (dS/m) (cmolc/kg) (cmolc/kg) (cmolc/kg) (cmolc/kg) (cmolc/kg) (cmolc/kg) (cmolc/kg) (%) (%) (%)
Água 0–5 6,2 0,27 0,77 0,53 0,17 0,05 0,03 0,93 2,3 61 4 3
subterrânea
5 – 10 5,7 0,22 0,78 0,55 0,05 0,03 0,14 0,93 2,3 61 9 2
Esgoto 0–5 6,3 0,53 0,77 0,50 0,19 0,09 0,03 0,77 2,3 67 5 8
primário
5 – 10 5,8 0,34 0,75 0,60 0,15 0,06 0,11 0,93 2,5 63 7 6
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TABELA 5.15 – Efeitos das águas de irrigação (água subterrânea e esgoto primário) no pH, CE, nos teores de Al e Al+H, Na e demais macronutrientes, e
na capacidade de troca catiônica (CTC), saturação por bases (V) e por alumínio (m), e no percentual de sódio trocável (PST). 2ª Etapa (Sem vegetação).
Intervalos pH CE Ca Mg Na K Al H+Al CTC V m PST
(m) (dS/m) (cmolc/kg) (cmolc/kg) (cmolc/kg) (cmolc/kg) (cmolc/kg) (cmolc/kg) (cmolc/kg) (%) (%) (%)
Água 0–5 6,2 1,11 1,17 0,97 0,32 0,07 0,05 0,33 2,9 87 7 10
subterrânea
5 – 10 6,1 0,73 1,10 1,00 0,19 0,06 0,05 0,88 3,2 73 6 6
Esgoto 0–5 6,0 1,91 1,25 1,10 0,48 0,14 0,08 0,41 3,4 89 3 14
primário
5 – 10 5,6 1,43 0,90 0,90 0,34 0,09 0,15 0,82 3,1 74 7 11
TABELA 5.16 – Efeitos das águas de irrigação (água subterrânea e esgoto primário) no pH, CE, nos teores de Al e Al+H, Na e demais macronutrientes, e
na capacidade de troca catiônica (CTC), saturação por bases (V) e por alumínio (m), e no percentual de sódio trocável (PST). 2ª Etapa (Com vegetação).
Intervalos pH CE Ca Mg Na K Al H+Al CTC V m PST
(m) (dS/m) (cmolc/kg) (cmolc/kg) (cmolc/kg) (cmolc/kg) (cmolc/kg) (cmolc/kg) (cmolc/kg) (%) (%) (%)
Água 0–5 6,0 0,96 1,07 0,85 0,32 0,06 0,08 0,71 3,0 77 4 10
subterrânea
5 – 10 5,7 0,74 0,98 0,97 0,19 0,04 0,14 0,88 3,1 71 12 6
Esgoto 0–5 6,2 1,33 1,07 0,92 0,39 0,12 0,03 0,35 2,8 87 3 14
primário
5 – 10 6,0 1,03 0,95 0,82 0,29 0,07 0,10 0,71 2,8 74 5 10
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Período chuvoso
Os resultados da variação no crescimento do feijão tanto irrigado com água
como com esgoto, ao longo dos intervalos do canteiro, durante o período chuvoso
podem ser vistos na Figura 5.45. Na Tabela 5.17 estão apresentados os valores
médios referentes à altura da planta, os quais mostraram que o crescimento foi
alterado entre os intervalos de 2 a 4 metros, para os canteiros irrigados com
esgoto e de 6 a 8 metros, para os canteiros irrigados com água.
50
40
Altura (cm)
30
20
10
0
0 a 2 2 a 4 4 a 6 6 a 8 8 a 10
Intervalo
água esgoto
TABELA 5.17 - Valores médios referentes à altura da planta no período de frutificação, durante o
período chuvoso.
Intervalos Altura média da planta (cm)
(m) Canteiros irrigados com água subterrânea Canteiros irrigados com Esgoto
0a2 34,42 35,25
2a4 31,08 25,58
4a6 31,33 36,17
6a8 28,67 40,83
8 a 10 41,83 38,42
FIGURA 4.46 – Índices pluviométricos nos meses de janeiro a maio de 2003 comparados à
precipitação histórica dos últimos 31 anos. (Fonte: Estação Agrometeorológica da UFC, 2003)
frutificação (Figura 5.47). Este fato, além de ter indicado o excesso de umidade no
solo, suscitou a hipótese de que a planta sofria efeito da lixiviação de nitrogênio.
Período seco
Visualmente, as plantas irrigadas com esgoto apresentaram mais vigor e
encorpadura. Na análise de variância dos dados referentes à altura de plantas,
verificou-se que as plantas apresentaram alturas significativamente diferentes em
função da qualidade da água aplicada (água de irrigação) e da disposição das
plantas ao longo dos canteiros (parcela).
Através do teste de Tukey, pôde-se constatar que as médias da variável
altura de plantas somente diferiram significativamente entre as seguintes
parcelas: 2-4m com as parcelas 0-2m, 4-6m e 8-10m, e parcelas 6-8m e 8-10m
entre si.
As diferenças significativas de altura de plantas entre as parcelas
supracitadas demonstraram resultados aceitos como realmente diferentes.
Variações ditas não-significativas podem ser atribuídas ao acaso, ou seja, podem
ser efeito de fatores não controlados, como pequenas diferenças de fertilidade do
solo, variações ligeira no espaçamento ou na profundidade de semeadura, etc
(GOMES, 1978).
Os valores médios referentes à altura de plantas por parcela, em
função da água de irrigação utilizada, podem ser vistos na Figura 5.48.
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80
60
Altura (cm)
40
20
0
Água bruta Efluente primário
Águas de irrigação
0 - 2m 2 - 4m 4 - 6m 6 - 8m 8 - 10m
FIGURA 5.48 – Altura média das plantas ao longo dos canteiros irrigados com água bruta e
efluente primário, no período seco.
60
50
30
20
10
0
0a2 2a4 4a6 6a8 8 a 10
Intervalo do canteiro (m )
Água Esgoto
FIGURA 5.49 – Número de vagens produzidas com água e esgoto no período chuvoso.
250
Número de vagens (un)
200
150
100
50
0
Água bruta Efluente primário
Águas de Irrigação
0 - 2m 2 - 4m 4 - 6m 6 - 8m 8 - 10m
FIGURA 5.50 - Número médio de vagens produzidas ao longo dos canteiros irrigados com água
bruta e efluente primário.
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Número de sementes
Costa (1995) e Menezes et al. (1967), observaram que a influência do fator
hídrico na produção tem sido bastante pesquisada em praticamente todas as
espécies vegetais cultivadas e algumas silvestres. Por isso, as melhores
produções são obtidas quando a umidade do solo permanece em torno da
capacidade de campo. O excesso ou a deficiência da disponibilidade hídrica são
prejudiciais aos rendimentos. Resende et al. (1981), observaram também, que
tanto o grau de estresse como a freqüência na irrigação reduz a produção de
sementes. Mais uma vez foi verificado que a produção de sementes por intervalo
teve reflexo das condições pluviométricas.
Na Figura 5.51 estão apresentados os valores na produção de sementes
no período de chuvas e constatou-se que o número de sementes foi maior nos
canteiros irrigados com esgoto. Neste caso, verificou-se que o metabolismo do
feijão-caupi respondeu positivamente ao esgoto aplicado, mostrando que a cultura
conseguiu converter eficientemente os nutrientes existentes no esgoto em
produção vegetal. Foram produzidos em média 151 sementes por canteiro
irrigado com água e 337 por canteiro irrigado com esgoto, o que fornece um
percentual de 123,00 % .
MINISTÉRIO DA SAÚDE - MS 148
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600
400
300
200
100
0
0a2 2a4 4a6 6a8 8 a 10
Intervalo do canteiro (m )
Água Esgoto
FIGURA 5.51 – Produção média de sementes irrigadas com água residuária e água subterrânea
no período chuvoso.
180
Número sementes/10
160
vagens (un)
140
120
100
Água bruta Efluente primário
Águas de irrigação
0 - 2m 2 - 4m 4 - 6m 6 - 8m 8 - 10m
FIGURA 5.52 – Número médio de sementes por vagem ao longo dos canteiros irrigados com água
bruta e efluente primário, durante o período seco.
Produtividade
A produtividade média dos grãos secos sob temperatura de 40°C, durante
o período de chuvas, está apresentada na Figura 5.53 e observa-se que a
produtividade, coerentemente com os resultados do número de sementes e de
vagens, foi maior na extensão de 4 a 10m para os canteiros irrigados com esgoto,
enquanto nos canteiros irrigados com água, foi de 6 a 10m. Este comportamento
poderia ser explicado pelo fato de que nestes intervalos, a capacidade de campo
do solo diminuía à medida que se aproximava do dreno e por isso, aumentavam
as trocas gasosas entre o solo e o sistema radicular da cultura, favorecendo a
respiração necessária ao desenvolvimento fisiológico. Segundo CORAUCCI
FILHO 1999 “o excesso de água no solo reduz as trocas gasosas entre o interior
do solo e a atmosfera”.
0,45
0,4
Produtividade (Kg/intervalo)
0,35
0,3
0,25
0,2
0,15
0,1
0,05
0
0a2 2a4 4a6 6a8 8 a 10
Intervalo do canteiro (m )
Água Esgoto
0,5
0,4
Produtividade
(kg/parcela)
0,3
0,2
0,1
0,0
Água bruta Efluente primário
Águas de irrigação
0 - 2m 2 - 4m 4 - 6m 6 - 8m 8 - 10m
TABELA 5.18 - Valores médios das análises de macro e micronutrientes dos grãos no período
chuvoso
Nutrientes
Intervalos (m) Macro g/kg Micro mg/kg
N P K Mn Fe Zn
0a2 45,94 7,47 14,8 20,1 51,6 45,9
2a4 40,78 7,48 14,4 16,8 48,6 41,7
Água 4a6 45,69 7,5 14,8 17,6 42,4 50,5
6a8 45,41 7,61 14,0 17,6 31,5 47,5
8 a 10 44,08 4,54 12,8 17,7 36,2 45,7
0a2 43,28 6,05 15,2 20,7 14,6 36,3
2a4 42,42 12,03 14,8 18,9 45,2 49,7
Esgoto 4a6 41,97 12,29 14,0 19,7 57,3 42,7
6a8 44,61 12,29 14,4 19,7 27,7 43,9
8 a 10 44,56 12,31 13,6 19,2 20,1 42,7
Faixas de 28,6 a 9,2 a 15,0 a 60,0 a 32,0 a
2,6 a 6,0
concentração* 40,0 22,0 27,0 78,0 65,0
*Faixas de concentração de nutrientes (Fonte: OLIVEIRA e THUNG, 1948).
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TABELA 5.19 - Valores médios das análises de macro e micronutrientes dos grãos no período
seco
Nutrientes
Intervalos (m) Macro (g/Kg) Micro (mg/Kg)
N P K Fe Zn Mn
0-5 36,8 12,0 15,0 59,0 72,1 37,5
Água
5 - 10 39,6 10,9 14,4 145,6 79,4 38,7
0-5 43,4 13,8 39,5 133,7 64,3 44,8
Esgoto
5 - 10 43,1 14,0 39,6 188,4 84,5 49,1
Faixas de
28,6 a 40,0 2,6 a 6,0 9,2 a 22,0 60,0 a 78,0 32,0 a 65,0 15,0 a 27,0
Concentração *
* Faixa de concentração de nutrientes, determinadas por diferentes pesquisadores (Fonte: Oliveira
e Thung, 1948)
TABELA 5.20 - Identificação dos ovos de helmintos e seus respectivos tamanhos, encontrados no
esgoto doméstico e no efluente dos canteiros
Identificação do parasita Tamanho relativo (µm) *
Ovo de Ancilostomideo 60 a 70
Ovo de Enterobius vermiculares 50 a 60 X 20 a 32
Ovo de Trichuris trichiura 50 a 55 X 22 a 24
Ovo não viável de Trichuris trichiura. Aumento em 40X 50 a 55 X 22 a 24
Larva rabditóide de Ancilostomídeo 250 X 17
Ovo de Ascaris lumbricoides 55 a 75 X 35 a 50
Ovo de Ascaris lumbricoides. Desenvolvimento do ovo após 6 55 a 75 X 35 a 50
dias.
Ovo fecundado de Ascaris lumbricoides. 55 a 75 X 35 a 50
Ovo de Hymenolepis diminuta 70 a 80 de diâmetro
Larva filarióide de Strongyloides stercoralis (vida livre) 2,2mm X 50
TABELA 5.21 - Valores de coliformes totais e fecais observados na água de lavagem das vagens
irrigadas com água subterrânea e esgoto doméstico no período chuvoso
Intervalos Valores médios de Valores médios de coliformes
Água de irrigação (m) coliformes totais* termotolerantes*
0a2 1,21E+06 5,05E+01
2a4 1,21E+06 5,05E+01
Água bruta 4a6 1,21E+06 5,05E+01
6a8 1,21E+06 5,05E+01
8 a 10 1,21E+06 5,20E+01
0a2 1,21E+06 1,91E+03
2a4 1,21E+06 3,24E+04
Esgoto doméstico 4a6 1,21E+06 1,39E+03
6a8 1,21E+06 5,10E+01
8 a 10 1,21E+06 5,41E+02
* Valores médios expressos em NMP/100mL.
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TABELA 5.22 – Valores de coliformes totais e fecais observados na água de lavagem das vagens
irrigadas com água subterrânea e esgoto doméstico no período seco
Coliformes
Água de irrigação Parcela (m) Coliformes totais*
termotolerantes*
0–5 1,01 E+06 0,00 E+00
Água bruta
5 – 10 7,06 E+05 0,00 E+00
0–5 1,82 E+05 1,16 E+04
Esgoto doméstico
5 – 10 2,03 E+05 9,42 E+02
* Valores médios expressos em NMP/100mL.
6.0 CONCLUSÕES
Indicativos de Custo
O sistema experimental montado nas dependências da UFC teve custo
aproximado de R$19.000,00, o que daria um custo médio de R$1.000,00 por
canteiro. Porém, em pequenas comunidades e áreas rurais o custo é bem menor
porque pode ser utilizada mão de obra local, em regime de mutirão. Este custo
pode ainda ser reduzido se for empregado material argiloso para construção, em
substituição à alvenaria; se não for feita impermeabilização com manta plástica
e se o efluente for lançado por gravidade.
O esquema do sistema proposto para uma família de cinco pessoas é
apresentado na Figura 7.1.
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Corte A-A
Caixa de
passagem Brita n. 4 Terra Caixa de
passagem
By-pass
Planta Baixa
A A
Figura 5.1 - Esquema do sistema proposto.
Canteiros para uma família de 5 pessoas
FIGURA 7.1 – Esquema do sistema proposto para uma família de cinco pessoas
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MINISTÉRIO DA SAÚDE - MS 173
FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE SAÚDE PÚBLICA – DENSP
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