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Como Jesus nos ensina a

lutar contra a depressão


Estudo “Letras e Graça” – 07.09. a 13.09.2020
Como Jesus nos Ensina a Lutar contra a
Depressão?
 Afirmar que um personagem bíblico experimentou depressão seria
anacronismo, pois o conceito contemporâneo de depressão não
pertencia à época das Escrituras. Nesse sentido, é seguro afirmar
que a Bíblia não fala sobre esse assunto. O que as Escrituras
fazem, porém, é descrever a tristeza e angústia de alma humana
por meio de vários outros termos, ou seja: abatimento (Sl 42.5, 6
e 11, 44.25 e 57.6), aflição (Sl 38.8 e 88.15), angústia (Is 61.3 e Jo
12.27), tristeza profunda (Mt 26.38) e muitas outras.
Consequentemente, é possível extrair lições e princípios inspirados
para a luta contra a depressão a partir da observação de como os
personagens bíblicos lidaram com suas persistentes sensações de
tristeza e perda de interesse pela vida, principalmente para os
pastores que lutam contra esse mal.
 Para um pastor, o combate à depressão pode ser uma das
experiências mais duras da vida. Em certo sentido, o ministro
foi chamado para ser um “colaborador da alegria” dos
membros da igreja de Cristo (cf. 2Co 1.24 e Fp 1.25). Como
ele pode fazer isso se sua tristeza é persistente? A situação
fica mais séria ainda quando se observa que somente quando
feito com alegria é que o trabalho dos líderes é proveitoso ao
rebanho (cf. Hb 13.17). Todavia, o episódio de Jesus no
Getsêmani é extremamente benéfico a esse respeito, pois
descreve Jesus sofrendo angústia e abatimento de alma. O
pastor que luta contra depressão pode extrair dali princípios
seguros para sustentá-lo e ajudá-lo a dar o próximo passo,
seguindo o exemplo do Redentor. Dessa forma, qualquer líder
aflito pela dor da alma angustiada poderá confessar que, ainda
que abatido, nunca será derrotado.
 Mateus 26.37-38 afirma que, quando no Getsêmani, o Senhor
foi “tomado de tristeza e angústia” e disse aos seus discípulos:
“a minha alma está profundamente triste até a morte” (Mt
26.37-38). As atitudes de Jesus naqueles momentos de aflição
apontam passos importantes na luta que qualquer cristão
contemporâneo trava contra a depressão. Em um artigo
devocional sobre esse texto, John Piper esboça, mas não
desenvolve, alguns pontos dignos de serem observados na ação
do Senhor Jesus.[1] Tomando as sugestões de Piper, procurei
desenvolver melhor o assunto e passo a ressaltar cinco
princípios encontrados diretamente no texto de Mateus e um
sexto retirado de Hebreus.
 Com relação ao texto de Mateus, devemos observar alguns
detalhes importantes nesses dois versos. Cada um desse pode
ser reafirmado pelos outros evangelistas.
07.09.2020 - Dia 1 - Em sua angústia, Jesus
escolheu alguns amigos próximos para
estarem com ele.
 1.Em sua angústia, Jesus escolheu alguns amigos próximos para estarem com
ele. O texto bíblico afirma que Jesus, “levando consigo Pedro e os dois filhos
de Zebedeu, começou a sentir-se tomado de tristeza e de angústia” (Mt
26.37). A iniciativa de Jesus em buscar a companhia dos seus amigos íntimos
no momento em que enfrentaria sua tristeza de alma é claramente declarada
por essas palavras. Ademais, é importante ressaltar que os amigos de Jesus
eram crentes, seus discípulos, pois somente o cristão consegue interpretar o
sofrimento humano à luz da cruz.
 A dor e a enfermidade geralmente isolam o aflito de outras pessoas. Quando
estamos enfermos não queremos estar perto de ninguém e muitos também
não querem estar próximos a nós. Talvez por essa razão, em sua aflição, o
profeta Elias tenha reclamado: “só eu fiquei” (1Re 19.10 e 14). No caso de
Jó, a grande maioria dos seus parentes e amigos o desamparou em meio ao
seu sofrimento (Jó 19.14). O salmista, em sua aflição, também se queixa:
“Olha à minha direita e vê, pois não há quem me reconheça, nenhum lugar
de refúgio, ninguém que por mim se interesse” (Sl 142.4). Em certo sentido,
o leito do sofrimento se transforma em leito da solidão.
 Em se tratando de sofrimento tão complexo como a
depressão da alma, porém, a comunhão fraternal é
instrumento divino para o coração ferido. Quando
nossa perspectiva está turva e obscura,
necessitamos ser guiados pelos olhos de quem nos
ama e está enxergando melhor. Quando a única
coisa que nosso coração nos diz é negativo e
desesperador, carecemos daqueles que nos falam
palavras de esperança. Amizades não são apenas
preciosas (cf. Pv 17.17), mas necessárias nesses
instantes. Jesus, mesmo sendo o Filho de Deus, não
abriu mão desse benefício em seu momento de
angústia.
08.09- Dia 2 - Em sua dor, Jesus abriu o
coração para os amigos.
 Segundo o texto bíblico, logo após se sentir entristecido e angustiado,
Jesus se voltou aos discípulos e disse: “A minha alma está profundamente
triste até a morte” (Mt 26.38). Em outras palavras, ele não cultivou sua
dor em segredo, mas abriu o seu coração acerca do seu estado de alma
naquele exato momento.
 Uma das dificuldades em ajudar aqueles que lutam contra a depressão ou
abatimento é o fato de que eles dificilmente compartilham sua dor com
outras pessoas ao redor. Em muitas ocasiões, é comum encontrar
familiares de indivíduos angustiados que atestam ter percebido algo
errado, mas que, ao perguntar o que estava acontecendo, o silêncio era a
resposta mais comum. Por outro lado, algumas pessoas aflitas explicam
que nunca compartilharam por não saber se poderiam confiar
plenamente nas pessoas ao redor. Outros ainda afirmam que ninguém
expressou verdadeiro interesse a ponto de justificar o difícil exercício de
abrir o coração com outros.
 Todavia, se considerarmos com quem Jesus se abriu, nenhum desses
argumentos prevalece. Ele compartilhou sua angústia com discípulos que
não demonstraram qualquer interesse pelo que estava acontecendo. Ao
final, eles até dormiriam nos momentos de oração. Além do mais, um
deles até iria negá-lo publicamente. Nada disso, porém, foi razão
suficiente para impedir que o Redentor expressasse sua dor e angústia de
alma com eles naquele momento.
 Outro fator importante a ser notado é que Jesus não parece ter tido
qualquer receio do que os discípulos pensariam a respeito dele. Sendo ele
o Mestre e Senhor, poderia ter se preocupado com sua reputação. Ao invés
disso, porém, apenas revelou sua dor aos seus discípulos. Há muitas
pessoas sofrendo a dor do abatimento e que nada compartilham porque
desejam “preservar sua imagem”. No caso do pastor, é comum que ele
tente proteger sua imagem “pelo bem da igreja”. No entanto, se o Senhor
da igreja não hesitou em compartilhar sua dor, tampouco seus “pastores
designados” deveriam se preocupar com isso. Quando isso ocorre, além de
se privarem de algo benéfico, esses irmãos acabam cultivando o elemento
maléfico do orgulho. Ainda assim, é preciso notar que Jesus se abriu com
amigos e não com qualquer um.
09.09 – Dia 3 - Em seu abatimento, Jesus
pediu a intercessão e participação dos
amigos em sua luta.
 Diferente do que algumas pessoas costumam fazer em
momentos de tristeza, Jesus não quis apenas “falar
sobre os seus problemas”. Ele também não quis apenas
“colocar para fora o que sentia no peito”, nem
“desabafar”. Jesus compartilhou sua dor e pediu aos
discípulos que participassem com ele na luta em oração
por causa de sua tristeza até à morte. Ele disse: “ficai
aqui e vigiai comigo” (Mt 26.38).
 A lição a ser aprendida a partir desse verso é que o
compartilhamento da dor do aflito deve ser proposital.
Dessa forma, ele tanto permite que outras pessoas
ajudem, como também direciona quanto à natureza
mais importante da ajuda a ser recebida nessas
ocasiões. Os discípulos de Cristo foram convidados por
ele a se aliarem a uma luta em prol de sua alma. Ao
pedir por tal intercessão, a pessoa sofredora convida
seus irmãos a participarem de um aspecto
importantíssimo da vida cristã: a união do Corpo de
Cristo em meio às tribulações da vida (cf. Rm 12.15 e
1Co 12.26).
 Segundo Jesus, a forma correta de se travar a luta pela
alegria da alma seria pela oração. Mais uma vez o leitor
bíblico é lembrado da importância do cuidado e zelo
espiritual por alguém que está sofrendo. Enquanto no
geral raciocinamos em termos e categorias físicas e
materiais, Jesus nos ensina a importância da luta pelo
restabelecimento da alegria da alma através da
intercessão.
10.09 – Dia 4 - Em sua aflição, Jesus
derramou o coração diante do Pai em oração.

 Jesus não apenas pediu oração por si mesmo, mas ele mesmo
derramou o seu coração diante do Pai dizendo: “Meu Pai, se
possível, passa de mim este cálice!” (Mt 26.39). O clamor de Jesus,
além de real, foi também pedagógico. Nele, o Senhor indica que,
em última instância, nosso socorro vem somente do Senhor e, por
isso, nossas petições devem ser direcionadas a ele. Deus possui a
última palavra para todas as nossas dores e aflições. Como afirma o
salmista: “Ele é quem perdoa todas as tuas iniquidades; quem sara
todas as tuas enfermidades; quem da cova redime a tua vida e te
coroa de graça e misericórdia” (Sl 103.3-4).
 Também em sua oração, Jesus, como filho, se dirige a Deus
chamando-o de “Pai” (o texto de Marcos usa o
aramaico Aba, papaizinho, expressão de intimidade, cf. Mc
14.36). Isso ensina que, a despeito da angústia e dor que
ele sentia, ainda mantinha a clara perspectiva da bondade
paternal de Deus em perspectiva. A importância de se
atentar para esse princípio é que, como indica outro
salmista, nossa aflição muda nossa perspectiva sobre Deus
(cf. Sl 77.10). Comumente, nos momentos de dor,
confiamos mais em nossos sentidos e emoções do que nos
fatos e afirmações da Palavra. Mas o exemplo de Jesus em
oração deixa claro que Deus é bom e que, como filhos
amados, podemos derramar o coração diante dele.
 Por último, a atitude de Jesus deixa claro que não há qualquer
assunto que não possamos trazer à presença do gracioso Pai que
se interessa pela dor do nosso coração. Se observado
cuidadosamente, o leitor notará que Jesus apresentou seu desejo
ao Pai de que outra solução fosse encontrada para aquele
momento que não o cálice da dor. Ainda assim, ele o fez em
submissão, pois apenas disse “se possível”. Esse fato contrasta
com o que geralmente ocorre quando lutamos contra a
depressão, já que nossos sentimentos parecem “pregar para nós”
que nossos problemas não são importantes para Deus ou que ele
se faz indiferente para com nossa dor. Mas o exemplo de Cristo
confirma a verdade de que podemos nos aproximar “com sincero
coração, em plena certeza de fé,” do Pai celestial (cf. Hb
10.22).
11.09 – Dia 5- Em seu sofrimento, Jesus
descansou a alma na soberania e sabedoria
de Deus.
 Após apresentar ao Pai o seu desejo, o Senhor conclui sua
oração: “Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu
queres” (Mt 26.39). O que o leitor bíblico testemunha nas
páginas seguintes é que Jesus continua obediente “até a morte e
morte de cruz” (cf. Fp 2.8). Com exceção de um texto em Lucas
que não aparece nos melhores e mais antigos manuscritos gregos
existentes (cf. Lc 22.42-43), não há nenhuma outra indicação de
que ele tenha sido miraculosamente confortado. Para piorar, por
duas vezes Jesus se virou para os discípulos e os encontrou
dormindo. No entanto, suas palavras ao Pai indicam que sua
alma foi descansada na soberania e sabedoria do Altíssimo.
 Certa vez li (embora nem me lembre mais onde) uma
ilustração interessante sobre Charles H. Spurgeon, que
lutou por anos contra sentimentos depressivos. Quando um
membro da igreja, querendo consolá-lo, o encontrou e
disse: “Pastor Spurgeon, que lamentável que Satanás o
tenha afligido com tantas dores e aflições!”. Ao que
Spurgeon respondeu: “Caro irmão, seria um tormento,
uma verdadeira angústia insuportável, se eu acreditasse
que qualquer um dos meus males viesse de Satanás sem a
permissão do Soberano Deus!”. Naquele momento, o
príncipe dos pregadores deixou claro que ele pregava para
si mesmo a mensagem confortadora da soberania e
sabedoria do Deus que por nós tudo executa!
 Mas Deus não é apenas Soberano, ele também é
Sábio! Isso significa que tudo o que ele realiza
possui um propósito, sendo que o objetivo maior
de Deus é conformar seus filhos à imagem de
Cristo Jesus (cf. Rm 8.29). Essa conformação não
ocorre somente nos privilégios das bênçãos, mas
também nas bênçãos do sofrimento. O que é
importante lembrar é que assim como o Filho não
foi desamparado, nenhum dos filhinhos será. Essas
verdades deveriam nos ajudar a descansar em
Deus.
12.09 – Dia 6 - Em sua perplexidade, Jesus
fixou os olhos no futuro glorioso reservado
pelo Pai.
 Finalmente, outro verso das Escrituras que ensina
como Jesus lidou com sua aflição e angústia de
alma é o de Hebreus 12.2, que diz que: “Jesus, o
qual, em troca da alegria que lhe estava proposta,
suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e
está assentado à destra do trono de Deus”. Isso
mesmo, Jesus utilizou sua expectativa da glória
que lhe seria revelada para suportar os
sofrimentos da cruz.
 Dessa maneira, o Senhor Jesus não focalizou apenas nas
circunstâncias imediatas que o cercavam, sua mente não se
ocupou em pensar apenas nos sofrimentos que
experimentava. Ele ocupou sua meditação com as glórias
que lhe seriam concedidas pela graça de Deus ao se assentar
à destra do Pai. Certamente por essa razão, o escritor de
Hebreus exorta a cada um dos seus leitores a “olhar
firmemente” para Jesus, pois, pelo seu exemplo, também se
pode aprender a lidar com os sofrimentos terrenos. Aqueles
irmãos do passado certamente enfrentavam lutas
desconhecidas a muitos de nós hoje, mas, somente
considerando atentamente o modelo de Jesus, não
desmaiaremos em nossas almas (cf. Hb 12.3).
 De fato, a depressão é uma dor tão complexa que não se encontra
tratamento ou medicina fácil para ela. Muitas pessoas, talvez por
não compreenderem ou por desejarem uma “cura rápida”, acabam
apresentando inúmeras “receitas” ou “lista do que deve ser feito
ou evitado”. No entanto, nada melhor do que o modelo de como
Jesus lutou contra o abatimento de sua alma para ajudar seus
discípulos que no presente lutam contra a depressão. Até nessa
esfera ele nos deixou exemplo para seguirmos os seus passos (cf.
1Pe 2.21). Todavia, devemos lembrar que Cristo não é apenas nosso
modelo, mas nosso Redentor, aquele que sofreu e triunfou para que
pudéssemos ter livre acesso ao Pai por meio dele. Em nossa
angústia, podemos recorrer a ele, pois, naquilo que ele mesmo
sofreu, é poderoso para socorrer os que são tentados (cf. Hb 2.18).
Que o Senhor nos ajude na caminhada com Jesus em um mundo
caído, mas aguardando o retorno do Supremo Pastor.
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“Venham a mim, todos os que


estão cansados e sobrecarregados, e
eu lhes darei descanso. Tomem sobre
vocês o meu jugo e aprendam de mim,
pois sou manso e humilde de coração, e
vocês encontrarão descanso para as suas
almas. Pois o meu jugo é suave e o meu
fardo é leve”.
Mateus 11: 28-30
Referências

 https://www.ipb.org.br/informativo/como-jesus-ensina-a-lutar-contra-a-
depressao-4258. Acesso em 06.09.2020
 [1] PIPER, John. Six ways Jesus fought
depression. https://www.desiringgod.org/articles/six-ways-jesus-fought-
depression. Acesso em: 06.09.2020.

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