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Governo do Estado
SANTA CATARINA
Fundação do Meio Ambiente – FATMA
CRÉDITOS INSTITUCIONAIS
DIRETORIA DE ADMINISTRAÇÃO
JÂNIO WAGNER CONSTANTE
OUTUBRO/2007
Equipe de Planejamento
Maria de Fátima Bleyer Bresola - FATMA
Beloni Marterer - FATMA
Marcos A. Da-Ré, Biólogo – Socioambiental
Eduardo de Castilho Salliés, Biólogo – Socioambiental
Eduardo Hermes Silva, Biólogo, – Socioambiental
José Olimpio da Silva Jr., Biólogo, M.Sc. – Socioambiental
Este trabalho foi realizado com recursos da medida compensatória da Usina Hidrelétrica
Campos Novos
FICHA CATALOGRÁFICA
APRESENTAÇÃO
SUMÁRIO
ANEXOS
ANEXO 1: MAPA DE ESTABILIDADE DOS TALUDES MARGINAIS – UHE
CAMPOS NOVOS – RM Nº 9-080-03 (PROSUL, 2004)
ANEXO 2: MAPA DE HIPSOMETRIA
ANEXO 3: MAPA DE DECLIVIDADE
ANEXO 4: MAPA DE VEGETAÇÃO E USO DO SOLO
ANEXO 5: LISTA DA VEGETAÇÃO
ANEXO 6: REGISTRO FOTOGRÁFICO - FLORA
ANEXO 7: LISTA DA FAUNA
ANEXO 8: DECRETO Nº 1.871, DE 27 DE MAIO DE 2004
LISTA DE FIGURAS
Figura 3.2.1-1: Excedente hídrico e a distribuição das chuvas ao longo do ano ................. 3-4
Figura 3.2.2-1: Contato entre derrames, mostrando uma descontinuidade bastante
pronunciada e formando relevo negativo no paredão rochoso, cachoeira
do lajeado do Roberto ................................................................................. 3-5
Figura 3.2.3-1: Lagoa Grande, situada nas coordenadas UTM x = 481836 e y =
6950370, zona 22 sul. A cota do espelho de água é de 834 m................... 3-7
Figura 3.2.3-2: Lagoa Bonita, situada nas coordenadas UTM x = 481588 e y = 6949800,
zona 22 sul, com cota na altitude de 846 m ................................................ 3-7
Figura 3.2.3-3: Lagoa Pequena, situada nas coordenadas UTM x = 483904 e y =
6950671, zona 22 sul, com cota aproximada de 782 m .............................. 3-7
Figura 3.2.3-4: Afloramento de brecha basáltica na estrada municipal no limite leste do
Parque Estadual Rio Canoas, a cerca de 300 m da lagoa Menor. Como
o local está muito alterado, a brecha se distingue principalmente pela
ocorrência de cores variadas e inclusões de fragmentos de basalto .......... 3-7
Figura 3.2.3-5: Planície do lajeado do Roberto, onde foi colocado o marco inaugural do
Parque. Provavelmente é originada do afloramento de um topo de
derrame ....................................................................................................... 3-8
Figura 3.2.3-6: Situação do relevo negativo abaixo da cachoeira do lajeado do Roberto ... 3-9
Figura 3.2.3-7: Cachoeira do lajeado do Roberto................................................................. 3-9
Figura 3.2.4-1: Situação da cobertura de solo em região de grande declividade no vale
do rio Canoas. A camada vegetal é centimétrica, ocorrendo abaixo um
solo de alteração de rocha, cujos fragmentos ainda são visíveis.............. 3-11
Figura 3.2.4-2: Trilhas e acessos em regiões de alta declividade são propensos a
processos erosivos. Entretanto, o solo de alteração de rocha, se não
permite o crescimento de mata secundária, é bastante estável, não
apresentando problemas a não ser pontualmente .................................... 3-11
Figura 3.2.5-1: Mapa de Sub-Bacias. ................................................................................. 3-12
Figura 3.2.5-2: Vista do lajeado do Roberto no ponto de monitoramento .......................... 3-13
Figura 3.2.5-3: Lagoa Grande, situada na sub-bacia do lajeado de Dentro....................... 3-14
Figura 3.2.5-4: Lagoa Bonita, conectada a sub-bacia do lajeado de Dentro...................... 3-14
Figura 3.2.5-5: Lagoa Bonita .............................................................................................. 3-15
Figura 3.2.5-6: Lagoa Pequena com seu leito seco ........................................................... 3-15
Figura 3.2.5-7: Mapa de localização dos pontos de coleta e monitoramento de água
realizados pela ENERCAN na bacia do rio Canoas .................................. 3-16
Figuras 3.2.5-8 (a e b): Condições de margem e da água na lagoa Grande nos pontos
de monitoramento...................................................................................... 3-16
Figura 3.2.5-9: Localização dos pontos de amostragem da qualidade da água do PERC 3-18
Figura 3.2.5-10: Índice de qualidade da água (IQA) dos pontos amostrados no PERC .... 3-20
Figura 3.2.6-1: Fitofisionomia de floresta primária localizada a oeste do PERC,
evidenciando o estrato emergente composto por Araucaria angustifolia
(pinheiro-brasileiro).................................................................................... 3-22
Figura 3.2.6-2: Fitofisionomia de floresta primária localizada a oeste do PERC,
evidenciando a ausência de Araucaria angustifolia (pinheiro-brasileiro)
no estrato emergente................................................................................. 3-22
Figura 3.2.6-3: Espécime de Araucaria angustifolia (pinheiro-brasileiro), no centro, em
área de floresta primária, representando um dos poucos indivíduos de
grande porte da espécie no PERC ............................................................ 3-22
Figura 3.2.6-4: Espécime de grande porte de Dicksonia sellowiana (xaxim-bugio)
próxima à clareira em área de floresta primária no PERC ........................ 3-22
Figura 3.2.6-5: Espécime de Aechmea recurvata (gravatá) sobre Nectandra lanceolata
(canela-amarela) em área de floresta primária no PERC.......................... 3-23
Figura 3.2.6-6: Fitofisionomia de capoeirão próximo à estrada interna central do PERC.. 3-23
Plano de Manejo do Parque Estadual Rio Canoas – Encarte 3 iii
Fundação do Meio Ambiente – FATMA
Figura 3.2.6-7: Fitofisionomia De Capoeira, Formada Predominantemente Pela Mimosa
Scabrella (Bracatinga), Próxima À Estrada Interna Central Do Perc ........ 3-24
Figura 3.2.6-8: Fitofisionomia de capoeira, formada predominantemente pela Mimosa
scabrella (bracatinga), próxima à estrada interna central do PERC.......... 3-24
Figura 3.2.6-9: Fitofisionomia de capoeirinha em área antropizada pela extração
madeireira no interior do PERC, evidenciando o predomínio da
Baccharis uncinella (vassoura-branca)...................................................... 3-24
Figura 3.2.6-10: Fitofisionomia de capoeirinha em área de “estaleiro” mais antigo ........... 3-24
Figura 3.2.6-11: Fitofisionomia do estágio pioneiro em área de “estaleiro”, evidenciando
uma porção de solo exposto, à esquerda.................................................. 3-25
Figura 3.2.6-12: Fitofisionomia de estágio pioneiro em área de manejo de Silvicultura de
pinus. ......................................................................................................... 3-25
Figura 3.2.6-13: Fitofisionomia de estágio pioneiro em área degradada na margem da
estrada interna central do PERC, em primeiro plano ................................ 3-26
Figura 3.2.6-14: Fitofisionomia de estágio pioneiro em área de manejo de Silvicultura de
pinus .......................................................................................................... 3-26
Figura 3.2.6-15: Fitofisionomia do banhado herbáceo/subarbustivo evidenciando as
inflorescências da Senecio jürgensii (margarida-do-banhado).................. 3-26
Figura 3.2.6-16: Fitofisionomia do banhado herbáceo/subarbustivo evidenciando o
Juncus densiflorus (junco), em primeiro plano, e o Andropogon sp.
(capim), ao centro...................................................................................... 3-26
Figura 3.2.6-17: Fitofisionomia do banhado arbóreo destacando os indivíduos arbóreos
estabelecidos sobre a vegetação herbácea/subarbustiva......................... 3-27
Figura 3.2.6-18: Indivíduos arbóreos de guamirim Gomidesia palustris, à esquerda, e de
Schinus terebinthifolius (aroeira-vermelha), à direita, entremeados à
vegetação herbácea/subarbustiva............................................................. 3-27
Figura 3.2.6-19: Fitofisionomia da vegetação aquática de ambientes lênticos em lagoa
no interior florestal evidenciando a presença de indivíduos arbóreos de
Sebastiania commersoniana (branquilho) ................................................. 3-27
Figura 3.2.6-20: Fitofisionomia da vegetação aquática de ambientes lênticos em lagoa
no interior florestal evidenciando a lâmina d’água perene com cerca de
50 cm de profundidade .............................................................................. 3-27
Figura 3.2.6-21: Fitofisionomia da vegetação aquática de ambientes lênticos em lagoa
no interior florestal evidenciando a densa cobertura vegetal da lâmina
d’água e a borda florestal, ao fundo .......................................................... 3-28
Figura 3.2.6-22: Fitofisionomia da vegetação aquática de ambientes lênticos em lagoa
no interior florestal evidenciando a cobertura vegetal da lâmina d’água e
a borda florestal, ao fundo ......................................................................... 3-28
Figura 3.2.6-23: Vista do interior do canyon do lajeado do Roberto .................................. 3-28
Figura 3.2.6-24: Cacto Notocactus linkii (ora-pro-nobis) sobre platô rochoso na margem
do canyon do lajeado do Roberto.............................................................. 3-28
Figura 3.2.6-25: Rechsteineria aggregata (cachimbo) em platô rochoso na borda do
canyon do lajeado do Roberto................................................................... 3-29
Figura 3.2.6-26: Araucaria angustifolia (pinheiro-brasileiro) no interior do canyon do
lajeado do Roberto .................................................................................... 3-29
Figura 3.2.6-27: Vista da pastagem localizada a leste do PERC, na planície aluvial do
lajeado do Roberto que cruza esta área à esquerda, evidenciando a
presença dos indivíduos do Araucaria angustifolia (pinheiro-brasileiro) ... 3-30
Figura 3.2.6-28: Vista do limite entre a área de pastagem na planície aluvial do lajeado
do Roberto, à esquerda, e a área remanescente com vegetação de
banhado, à direita ...................................................................................... 3-30
Figura 3.2.6-29: Silvicultura de pinus com cerca de 5 anos de idade localizada na
porção sul do PERC, evidenciando a galharia remanescente do
processo de retirada, em primeiro plano, e uma área de floresta
primária ao fundo....................................................................................... 3-30
Figura 3.2.6-30: Área de manejo de pinus na porção sul do PERC, evidenciando um
talhão de silvicultura no centro da foto e o vale do rio Canoas ao fundo .. 3-30
Plano de Manejo do Parque Estadual Rio Canoas – Encarte 3 iv
Fundação do Meio Ambiente – FATMA
Figuras 3.2.6-31 e 32: Vista da silvicultura de Araucaria angustifolia localizada numa
pequena porção a nordeste do PERC....................................................... 3-31
Figura 3.2.6-33: Vista do pomar a leste do PERC evidenciando Diospyros sp.
(caquizeiro), ao centro, e Butia eryosphata (butiazeiro), à esquerda,
com Silvicultura de pinus na ZA junto ao limite da UC, ao fundo .............. 3-31
Figura 3.2.6-34: Espécime florido de Erythrina falcata (corticeira-da-serra) na porção sul
do PERC, próximo à descida para o vale do rio Canoas .......................... 3-33
Figura 3.2.6-35: Parte do fuste de Parapiptadenia rigida (angico-vermelho) na porção
sul do PERC .............................................................................................. 3-33
Figura 3.2.6-36: Espécime de Cedrela fissilis (cedro), ao centro, em área de clareira
florestal no PERC ...................................................................................... 3-33
Figura 3.2.6-37: Plântulas de pinus oriundas da germinação do banco de sementes
formado pelo cultivo anteriormente existente na porção norte do PERC .. 3-38
Figura 3.2.6-38: Galharia remanescente da retirada de plantação de pinus depositada
sobre lagoa situada na margem da estrada interna principal do PERC .... 3-39
Figura 3.2.6-39: Galharia remanescente da retirada de plantação de pinus depositada
sobre lagoa próxima à estrada interna para o lajeado do Roberto............ 3-39
Figura 3.2.6-40: Galharia remanescente da retirada de plantação de pinus no PERC
evidenciando o amontoamento prejudicial deste material ......................... 3-40
Figura 3.2.6-41: Espécime de Dicksonia sellowiana (xaxim-bugio) em ambiente florestal
com sub-bosque raleado devido ao pisoteio do gado bovino.................... 3-41
Figura 3.2.7-1: Conectividade entre ambientes.................................................................. 3-50
Figura 3.2.7-2: Áreas prioritárias para a conservação de mamíferos................................. 3-51
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.2.3-1: Principais lagoas do Parque........................................................................ 3-6
Tabela 3.2.5-1: Vazões médias e mínimas para os principais lajeados do PERC............. 3-13
Tabela 3.2.5-2: Toponímias das quatro principais lagoas encontradas no interior do
PERC......................................................................................................... 3-14
Tabela 3.2.5-3: Localização dos pontos de monitoramento do PERC ............................... 3-17
Tabela 3.2.5-4: Resultados das análises laboratoriais nos pontos do PERC .................... 3-19
Tabela 3.2.5-5: Intervalos de classificação da qualidade da água segundo o IQA
(CETESB, 2003) ........................................................................................ 3-20
Tabela 3.2.5-6: Índice de qualidade da água (IQA) dos pontos amostrados no PERC ..... 3-20
LISTA DE QUADROS
Quadro 3.2.1-1: Dados climáticos regionais e estimativa do balanço hídrico local.............. 3-4
LISTA DE SIGLAS
BR – Rodovia Federal
CEFET – Centro Federal de Ensino Técnico
CETESB – Cia. Estadual de Tecnologia e Saneamento Ambiental
CIRAM – Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa
Catarina
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente
DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio
ENERCAN – Campos Novos Energia S.A.
EPAGRI - Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina S.A.
FATMA – Fundação do Meio Ambiente
IQA – Índice de Qualidade da Água
OD – Oxigênio Dissolvido
PERC – Parque Estadual Rio Canoas
RIMA – Relatório de Impacto Ambiental
RS – Rio Grande do Sul
SEUC – Sistema Estadual de Unidades de Conservação
SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação
UC – Unidade de Conservação
UHCN - Usina Hidrelétrica Campos Novos
UHE – Usina Hidrelétrica
ZA – Zona de Amortecimento
O acesso ao Parque Estadual Rio Canoas pode ser feito através de duas vias principais.
Eixo da BR 101, sendo:
- A partir do Vale do Itajaí (352 km) através da BR 470 até a BR 282, que leva a
Campos Novos, e de lá mais 15 km pela BR 470, sentido RS, até a estrada municipal
que liga Campos Novos a Abdon Batista, com mais 17 km até o Parque.
- A Partir da Grande Florianópolis (382 km) através da BR 282 até a BR 116 em
Lages, seguindo no sentido norte até o cruzamento com a BR 470. Daí segue em
sentido oeste até a conexão com a BR 282, e por esta a Campos Novos e de lá mais
15 km pela BR 470, sentido RS, até a estrada municipal que liga Campos Novos a
Abdon Batista, com mais 17 km até o Parque.
Eixo da BR 116, sendo:
- A partir do Paraná pela BR 116, sentido sul, até o cruzamento com a BR 470. Deste
segue em sentido oeste até a conexão com a BR282, e por esta segue a Campos
Novos; de lá são mais 15 km pela BR 470, sentido RS, até a estrada municipal que
liga Campos Novos a Abdon Batista, com mais 17 km até o Parque.
- A partir do Rio Grande do Sul pela BR 116, sentido norte, até o cruzamento com a
BR 470. Deste segue em sentido oeste até a conexão com a BR282, daí seguindo a
Campos Novos e de lá mais 15 km pela BR 470, sentido RS, até a estrada municipal
que liga Campos Novos a Abdon Batista, com mais 17 km até o Parque.
Região Oeste de Santa Catarina:
- Através da BR 282 até Campos Novos e de lá mais 15 km pela BR 470, sentido RS,
até a estrada municipal que liga Campos Novos a Abdon Batista, com mais 17 km
até o Parque.
Região Oeste do Rio Grande do Sul:
- Através da BR 470, sentido norte, até 15 km antes de Campos Novos, onde
encontra-se o trevo de acesso da estrada municipal que liga Campos Novos a Abdon
Batista, com mais 17 km até o Parque.
A área do Parque pertencia a uma fazenda conhecida na região como Fita Amarela, nome
da madeireira proprietária, cogitado pela comunidade como proposta para o nome do
Parque, porém a FATMA optou por “Parque Estadual Rio Canoas”, em referência ao rio que
faz limite com a Unidade e que neste ponto deixará de existir devido ao enchimento do
Reservatório da Usina Hidrelétrica de Campos Novos.
3.2.1 Clima 1
A temperatura na região apresenta uma distribuição espacial bem regular. As médias anuais
permitem verificar a influência do relevo e do fator continentalidade sobre a temperatura,
que aumenta gradualmente no sentido de leste para oeste acompanhando a diminuição de
altitude e o distanciamento do mar.
• a temperatura média anual, que pode variar de 15,8 a 17,9oC, é 16,5 oC, e o mês
mais quente (janeiro) tem média superior a 20o C, seguindo fevereiro e dezembro
com médias um pouco inferiores a 20o C. Os meses mais frios são junho e julho, com
temperaturas médias na casa dos 11o C. A amplitude térmica anual média é de 10o
C, característica de climas subtropicais e temperados. As máximas absolutas
alcançam 38o C, enquanto as mínimas absolutas são negativas, inferiores a -5o C. Na
estação meteorológica de Campos Novos, a média das mínimas do mês mais frio
(julho) é 7,8o C e a média das máximas é 17,5 oC, sendo 26,7o C a média das
máximas do mês mais quente. Apesar de afirmações populares considerarem que
nos dias de hoje “é mais frio” ou “é mais quente” do que antigamente, a média anual
das temperaturas no período 1948 a 1985, 37 anos, é a mesma encontrada para os
últimos 15 anos (agosto de 1985 a julho de 2002) ou seja 16,5 ºC;
• a precipitação pluvial média anual está na ordem de 1.600 mm, podendo variar entre
1.450 a 1.850 mm, com chuvas bem distribuídas por todo o ano. Em mais de 50 anos
de observações, a estação de Campos Novos tem registros de ocorrências de
precipitações com valores próximos a 60 mm em 24 horas em diversos meses do
ano (janeiro, abril, maio e outubro), e os dias de chuva variam de 120 a 145;
• as médias de umidade relativa são elevadas durante todo o ano, situando-se
próximas a 75%, o que é característica de clima úmido com chuvas bem distribuídas
1
Conforme o Plano de Conservação Ambiental e Uso do Entorno do Reservatório da UHE Campos Novos
(GOLD & GOLD, 2004)
As características agroclimáticas, inverno frio e verões amenos e úmidos todo o ano tornam
a área apta para uma gama bastante ampla de culturas feitas habitualmente no Planalto
Catarinense, entre as quais incluem-se: alfafa, ameixa, aveia, cebola, centeio, cevada, chá,
ervilha, espinafre, feijão, girassol, lentilha, maçã, milho, oliva, pêssego, trevo vermelho,
tomate, trigo, sorgo e videira. As culturas com certa sensibilidade às geadas, como abacaxi,
banana, cana-de-açúcar, cítrus e mandioca, não encontram condições climáticas favoráveis.
Devido a alta umidade relativa do ar, culturas como o trigo são suscetíveis a doenças e as
uvas têm teores de açúcar insuficientes para produção de vinhos de qualidade. Os
excedentes hídricos presentes em todos os meses eliminam qualquer hipótese de uso da
água para irrigação em grande escala. Seu efeito danoso é propiciar o carreamento de
sólidos e dos elementos químicos utilizados na agricultura, contribuindo para o
assoreamento e contaminação das águas.
O clima da área de abrangência é bastante propício para o lazer e esportes aquáticos, como
pescaria, passeios com barcos a motor e a vela (predominância de ventos entre 7 e 15
km/h), canoagem, banhos de sol ou esportes em locais abertos (apesar de grandes
quantidades de chuvas no verão, estas são em sua maioria intensas e de curta duração),
havendo algumas restrições para banhos pela temperatura do ar e da água. O regime de
chuvas garante belas visões das cachoeiras e quedas d’água na maior parte do tempo, bem
como água suficiente para canoagem. As condições para acampamentos (camping) são
boas no fim da primavera, verão e início do outono. No fim do outono e inverno existem
restrições pela umidade do solo, nevoeiros e chuvas. Nesta época existem condições
bastante favoráveis para apreciar a abóbada celeste.
Estações Jan. Fev. Mar Abr. Maio Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez ANO
Campos Novos 20,6 20,5 19,4 16,1 13,9 12,6 12,4 13,1 14,7 16,0 18,1 20,0 16,5
Curitibanos 19,4 19,0 18,0 14,7 12,9 11,3 10,3 12,3 13,5 15,0 16,9 18,3 15,1
Lages 20,4 19,8 18,7 15,0 12,8 11,2 10,7 11,8 14,1 15,4 17,6 19,6 15,6
Média Regional 20,1 19,8 18,7 15,3 13,2 11,7 11,1 12,4 14,1 15,5 17,5 19,3 15,7
Estações Jan. Fev. Mar Abr. Maio Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez ANO
Campos Novos 205 159 141 136 115 176 127 170 180 149 115 152 1825
Curitibanos 179 145 129 84 103 110 113 120 156 179 96 113 1527
Lages 144 168 116 88 86 86 91 103 141 139 111 115 1388
Média Regional 176 157 129 103 101 124 110 131 159 156 107 127 1580
Valores médios de outros elementos climáticos ärea de Abrangência - Estação Meteorológica de Campos Novos
Elemento Anos(*) Jan. Fev. Mar Abr. Maio Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez ANO
Insolação em h/mês 31 221,9 198,4 209,3 189,3 186,8 159,8 176,9 183,8 160,1 196 221,7 238,1 2342
Umidade relativa % 34 75,5 77,8 78 78,6 79,6 79,5 77,6 74,3 74,7 73,5 71,5 71,7 76
o
Dias de chuva - N 36 13,1 13,3 11,1 9,9 10,6 10,5 9,8 10,5 10,6 11,1 9,7 11,3 131,5
Veloc. do vento km/h 18 10,8 10,1 10,4 9,7 9,0 9,7 11,2 11,9 13,0 12,6 11,5 10,8 10,9
Direção Predominante 35 NE NE NE NE NE NE NE NE NE NE NE NE NE
Segunda Direção 36 NW * SW NE NW NW * * * * E SW *
Precip. Max. 24 h - mm 51 57,2 46,8 41,4 58,2 61,3 47,5 53,5 42,8 48,5 59,1 42,3 48,5 61,3
Temp max absoluta: °C 54 36,2 34,6 34 30,5 29,4 27,4 28,2 31,3 33,2 32,2 35,6 38 38
Temp min. Absoluta:°C 56 5,3 1 1,9 -1 -2,9 -3,8 -6,3 -6,5 -4,2 1 1,1 0 -6,5
Geadas - dias 38 0 0 0 0,4 2,24 3,84 3,82 2,48 0,9 0,024 0,04 0 *
Horas de frio = <7,5°C 14 0 0,5 0,8 11,8 53,1 121,3 136 86,9 39 10,7 2,5 0 462,6
(*) Anos de Observação
Dados Climáticos - Cálculo do Balanço Hídrico da Área de Abrangência - Estação Meteorológica de Campos Novos
Discriminação Jan. Fev. Mar Abr. Maio Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez ANO
Média Local ( ºC ) 20,7 20,4 19,5 16,5 13,7 12,5 12,1 13,3 14,4 16,2 18,2 20,1 16,5
EP Tabular não corrigida 3,05 3,05 2,65 2,05 1,52 1,35 1,25 1,42 1,65 2 2,4 3,1 -
Correção Tabular 35,4 30,6 31,5 28,8 27,9 26,1 27,6 29,1 30,0 33,3 33,6 35,7 -
Evapotranspiração Potencial 108 93 83 59 42 35 35 41 50 67 81 111 805
Média Local P ( mm ) 177 167 136 145 139 161 148 143 177 188 128 148 1857
Saldo ( P - EP ) ( mm ) 69 74 53 86 97 126 114 102 128 121 47 37 1052
Evapotranspiraçao Real -ER 108 93 83 59 42 35 35 41 50 67 81 111 805
Excedente hídrico 69 74 53 86 97 126 114 102 128 121 47 37 1052
Fonte: GOLD & GOLD, 2004
3.2.2 Geologia
No âmbito do Parque há, possivelmente, três derrames ácidos e pelo menos dois derrames
básicos sotopostos. Devido ao extenso manto de alteração para o solo e à cobertura
vegetal, não foi possível determinar os contatos entre esses derrames, com poucas
exceções pontuais. Entretanto, um exemplo bastante interessante ocorre na cachoeira do
lajeado do Roberto (Figura 3.2.2-1), onde se vê nitidamente um contato entre derrames,
mostrando aí uma pronunciada alteração, com formação de taludes negativos.
No Parque Estadual Rio Canoas o contato entre rochas básicas e ácidas se dá na cota
660 m, praticamente a mesma em que se situará o reservatório da Usina Hidrelétrica
Campos Novos.
3.2.3 Geomorfologia
3.2.3.1 Lagoas
A ocorrência de lagoas dentro do Parque Estadual Rio Canoas é um fenômeno geológico e
geomorfológico de interesse e de grande importância para a fauna local. Foram visitadas as
seguintes lagoas (Figuras 3.2.3-1, 3.2.3-2 e 3.2.3-3 e Tabela 3.2.3-1):
A similaridade das cotas de ocorrência dessas lagoas demonstra que pode haver um
mesmo mecanismo propiciando sua formação. A partir de caminhamentos na região do
Parque, constatou-se a ocorrência de brechas basálticas na cota de 770 m nas
proximidades da lagoa Pequena. Nas outras lagoas não foram encontrados indícios dessas
brechas devido ao grande manto de alteração existente. Entretanto, na estrada que faz o
limite oeste do Parque foi encontrada uma provável brecha basáltica na cota 795 m (figura
3.2.3-4).
A brecha basáltica é formada pela parte inferior do derrame basáltico. A lava em elevadas
temperaturas escorre sobre a superfície erodida do derrame anterior. Nesse processo,
engloba em sua parte inferior areia e fragmentos dos derrames anteriores, formando uma
camada de espessura variável. Brechas basálticas constituem-se em corpos razoavelmente
impermeáveis, com poucos fraturamentos, ocasionados pelos esforços de contração que
ocorrem no meio do derrame durante o resfriamento.
Figura 3.2.3-1: Lagoa Grande, situada nas Figura 3.2.3-2: Lagoa Bonita, situada nas
coordenadas UTM x = 481836 e y = coordenadas UTM x = 481588 e y =
6950370, zona 22 sul. A cota do espelho 6949800, zona 22 sul, com cota na altitude
de água é de 834 m de 846 m
Torna-se evidente o caminho das águas do lajeado ao longo de fraturas, num processo de
erosão regressiva. Isso significa que a cachoeira do lajeado do Roberto migrou desde a foz
deste, no rio Canoas, até o local atual, num percurso de aproximadamente 3.300 m.
Apenas para fins didáticos e considerando um período de atividade erosiva de 20.000 anos,
a cachoeira do lajeado do Roberto teria progredido na ordem de 6 metros por ano. Note-se
que essa situação, puramente hipotética, não leva em conta possíveis zonas de
cisalhamento na fratura, onde o progresso poderia ter sido de centenas de metro em um
ano.
O Parque Estadual Rio Canoas está situado em relevo caracterizado pela Unidade
Geomorfológica Planalto Dissecado Rio Iguaçu/Rio Uruguai. Esta caracteriza-se por um
relevo de grandes diferenças de cotas, provocado por vales profundos e encostas em
patamares, resultante dos processos de dissecação que atuaram na área associados a
fatores estruturais. Na vertente para o rio Canoas, os declives são muito pronunciados, da
ordem de 40 a 50º. Patamares originados da estrutura dos derrames basálticos ocorrem
nesses vales; em alguns locais encontram-se extensas escarpas verticais com até 50 m de
altura, originadas também da conjunção entre os fatores de erosão, fraturamento e
características petrográficas dos derrames basálticos. Esse tipo de escarpa ocorre, por
exemplo, ao longo do lajeado do Roberto
Nessas condições, a erosão atua em toda a região, principalmente, pela degradação lateral
de vales e pela queda de material por gravidade em estreita associação com o regime de
águas pluviais.
2) sulcos de erosão fluvial, sucessivos e profundos, inscritos nas linhas de maior declive
das encostas. Provocam um ravinamento nos solos de alteração de basalto e
normalmente, quando lineares, estão associados a fraturamentos;
3) áreas de rastejo sobre depósitos de solo ou tálus no sopé das encostas íngremes;
A sub-bacia do lajeado do Roberto drena o Parque em sua porção nordeste sendo a maior
no seu interior (com 6,08 km²). Possui um dos maiores afluentes daquele lajeado, o lajeado
de Dentro, que tem comprimento de 3,79 km e que futuramente (como o principal) terá seu
baixo curso alagado pelo reservatório do AHE Campos Novos.
A sub-bacia do rio Canoas, com área de 2,97 km², é composta por 03 córregos de pequena
contribuição que drenam do interior da Unidade (na sua porção sul) diretamente para o rio
Canoas e futuramente para o reservatório da AHE Campos Novos.
Em termos de vazões esses lajeados não possuem grandes descargas, uma vez que as
áreas de drenagem dos mesmos variam de pequena para média. Na região a contribuição
específica média de descargas líquidas varia entre 16 - 25 l/s/km², sendo que para as
vazões mínimas estes valores se reduzem, entre 1- 2,50 l/s/km². Geralmente, para
pequenas bacias tais valores tendem em média aos limites inferiores; assim, pode-se inferir
as vazões médias e mínimas para os lajeados do Roberto e de Dentro conforme a tabela
3.2.5-1.
Nota-se que as vazões médias estimadas não ultrapassam a casa de 0,5 m³/s e portanto
pode-se considerar como pequenas as descargas líquidas. Entretanto, esses rios afluentes
do rio Canoas, assim como o próprio, devido às suas condições topográficas e
hidromorfométricas, possuem regime torrencial, com respostas rápidas e de grande
magnitude para os volumes escoados durante eventos de chuvas intensas. Contudo, a
permanência dessas maiores vazões é pequena e portanto não pesa na média geral dos
valores.
3.2.5.2 Lagoas
Nas sub-bacia no interior do Parque observa-se a ocorrência de corpos hídricos do tipo
lagoas, com formação de área de alagamento dependendo das condições de saturação do
solo local e do pequeno gradiente de escoamento, fazendo com que as águas originadas
nessas regiões tenham pequenas velocidades e maiores tempos de detenção.
Foram encontradas 06 lagoas, sendo que duas delas (as maiores) estão conectadas ao
afluente do lajeado do Roberto, e duas ao lajeado de Dentro, na região de cabeceira,
alimentando estes cursos d’água como nascentes. As outras duas (menores) não estão
conectadas superficialmente a nenhum curso d’água e situam-se próximas a afluentes do
baixo curso do Ibicuí, conforme tabela 3.2.5-2 e figuras 3.2.5-3 a 3.2.5-6.
Figura 3.2.5-3: Lagoa Grande, situada na Figura 3.2.5-4: Lagoa Bonita, conectada a
sub-bacia do lajeado de Dentro sub-bacia do lajeado de Dentro
Figura 3.2.5-5: Lagoa Bonita Figura 3.2.5-6: Lagoa Pequena com seu
leito seco
O ponto P8 – Rio Ibicuí - que representa uma condição de afluente do rio Canoas, à jusante
ao PERC, foi um dos locais de pior qualidade de todo o monitoramento, conjuntamente com
o P2, obtendo-se valores elevados para a maioria dos parâmetros, destacando-se a clorofila
a, bem superior aos demais pontos. Também destacaram-se os resultados dos fenóis,
amônia e coliformes fecais.
O rio Ibicuí recebe uma carga de poluentes relativamente grande, sendo o corpo receptor da
cidade de Campos Novos e das águas de diversas propriedades com grandes lavouras,
principalmente no seu alto curso. Também ocorre o processamento de madeira nesta região
assim como o plantio de pinus, os quais, em grandes quantidades, podem estar contribuindo
para o aumento destas concentrações de fenóis nas águas.
Analisando-se o PERC dentro desse contexto da qualidade das águas que se apresenta
pelo amplo monitoramento que vêm sendo realizado pela ENERCAN, nota-se que em
relação ao rio Canoas ao futuro reservatório a ser formado, a qualidade da água no trecho
contíguo ao Parque possui boas condições para a vida aquática e não devem ocorrer
alterações nas concentrações dos parâmetros físico-quimico-bacteriológicos, assim como
biológicos, neste ponto.
Figuras 3.2.5-8 (a e b): Condições de margem e da água na lagoa Grande nos pontos
de monitoramento
Devido a essas condições de intenso uso pelas plantações de pinus no interior da Unidade e
na bacia do lajeado do Roberto, a qualidade das águas nestas áreas pode apresentar
alterações principalmente em relação aos fenóis e fósforo, entretanto os compostos
nitrogenados, coliformes fecais e amônia devem apresentar-se mais estáveis e enquadrados
nos limites da legislação de rios classe 2.
No caso do PERC essas atividades e usos são bastante reduzidos e, portanto, muito desses
problemas relacionados à qualidade dos cursos d’água não existirão, uma vez que estes
são bem protegidos e a carga de poluentes lançada é mínima e na maioria das áreas
inexistente.
Durante o período de coleta o tempo estava bom e nas 48 horas antecedentes também. A
região passava por uma estiagem onde os cursos d’água estavam bastante secos e em
condições hidrológicas reduzidas. O lajeado do Roberto, apresentou cor acinzentada e com
pouca turbidez. As lagoas Pequena e Grande também estavam bastantes reduzidas e com
lâminas de água pequenas, assim como baixo fluxo. As suas águas apresentavam-se mais
turvas e com coloração marrom.
Na tabela 3.2.5-6 e Figura 3.2.5-10 são apresentados os valores de IQA obtidos para os
três pontos monitorados de acordo com a classificação das águas em função dos intervalos
determinados pela CETESB, conforme tabela 3.2.5-5. Este índice nos dá uma base prática
para a comparação entre diversos corpos hídricos do ponto de vista da qualidade da água
para o consumo humano. Assim, atrelada a outros parâmetros complementares, pode-se
avaliar a qualidade destes ambientes do ponto de vista da vida aquática.
Tabela 3.2.5-6: Índice de qualidade da água (IQA) dos pontos amostrados no PERC
Ponto IQA
P1 – Lajeado do Roberto 77
P2 – Lagoa Pequena 41
P3 – Lagoa Grande 35
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Lageado Roberto Lagoa Pequena Lagoa Grande
Figura 3.2.5-10: Índice de qualidade da água (IQA) dos pontos amostrados no PERC
Pelos resultados obtidos para os índices observa-se que no conjunto de dados analisados a
qualidade da água para o lajeado do Roberto é “Boa”, enquanto que os pontos nas lagoas já
mostram algumas alterações, como para o nitrogênio, pH, turbidez e oxigênio dissolvido.
3.2.6 Vegetação
Desta forma, serão descritas a seguir as tipologias vegetais atuais encontradas na área do
PERC, representativas para a situação observada na ZA, estando divididas em dois grupos
principais conforme sua origem: Naturais, englobando floresta primária, os estágios
sucessionais da vegetação secundária e os tipos de vegetação edáfica (banhados,
vegetação aquática e rupestre); e Antropogênicas, englobando pastagem, as silviculturas de
pinus e de Araucaria angustifolia e pomar com frutíferas exóticas.
3.2.6.1.1 Naturais
a) Floresta Primária (figuras 3.2.6-1 a 3.2.6-5):
Abrange grande parte da área do PERC, configurando os ambientes florestais mais
representativos da Floresta Ombrófila Mista, alterados parcialmente pela extração intensa
de Araucaria angustifolia (pinheiro-brasileiro) sem que tenha havido a supressão total da
vegetação. Esta constatação é corroborada pela expressiva presença de áreas de
“estaleiros”, denominação local para os depósitos temporários de toras das árvores que
eram abatidas, e de clareiras florestais dominadas por Merostachys multirramea (taquara),
ambas ocasionando uma descontinuidade do dossel florestal bastante evidente.
Contudo, em parte destas áreas de floresta primária ainda é possível observar a presença
de Araucaria angustifolia no estrato emergente, com espécimes de 18 a 20 m de altura, com
um dossel florestal imediatamente inferior constituído de espécies típicas, atingindo cerca de
2
Ver: Anexo 4 – Mapa de Uso do Solo.
Nesta tipologia forma-se um tapete constituído por gramíneas e outras espécies herbáceas
ruderais, com densidade variável de arbustos, principalmente, de Baccharis uncinella, B.
elaeagnoides e B. dracunculifolia (vassouras), aparecendo ainda espécies como Baccharis
trimera (carqueja), Eryngium horridum (caraguatá), Schinus lentiscifolius (aroeira-cinzenta),
Eupatorium laevigatum (vassoura-braba), com ocorrência esparsa e isolada de indivíduos
arbóreos como Sapium glandulatum (pau-leiteiro), Solanum erianthum (canema), Schinus
terebinthifolius (aroeira-vermelha) e os pioneiros formadores do estágio subseqüente tal
como Mimosa scabrella (bracatinga) e Vernonia discolor (vassourão-preto).
Nas áreas onde as árvores de pinus encontram-se plantadas esse estágio está
representado, principalmente, por espécies de Pteridophyta, devido ao intenso
sombreamento, aparecendo Asplenium spp. (avencas) e Doryopteris spp. (samambaias). Já
nas áreas abertas, onde o pinus foi retirado, aparecem espécies ruderais como Senecio
brasiliensis (flor-das-almas), espécies de Solanum, Pteridium aquilinum (samambaia-das-
taperas), Mikania sp. (guaco) e a Leandra australis (pixirica).
3.2.6.1.2 Antropogênicas
a) Pastagem (figuras 3.2.6-27 e 3.2.6-28)
Localizada na planície aluvial do lajeado do Roberto, a leste do PERC, é constituída
predominantemente pela Axonopus sp. (grama-de-potreiro), por alguns indivíduos arbóreos
do Araucaria angustifolia (pinheiro-brasileiro) situados de forma esparsa, tal como mostra a
Figura 3.2.6-27, além da presença significativa de Baccharis trimera (carqueja).
Esta pastagem, formada para a criação de gado bovino, estende-se para fora da UC até a
ZA correspondente à microbacia do lajeado do Roberto, apresentando homologia florística e
fisionômica com as demais áreas de pastagem da ZA localizadas tanto na área de
abrangência desta microbacia quanto na porção a oeste da UC correspondente à Fazenda
Palmeira.
No entanto, a principal diferença entre essas áreas de pastagem reside no fato de que esta
pastagem do PERC está situada numa planície aluvial, de idade quaternária, representando
a modificação de uma ambiente de características edáficas específicas devido às condições
fluviais impostas pelo lajeado do Roberto, denotando significativa importância quanto à
conservação e restauração ambiental de suas condições originais. Neste sentido, a área
remanescente com vegetação de banhado (herbáceo/subarbustivo e arbóreo) contígua a
esta Pastagem (vide Figura 3.2.6-28) pode representar, ainda que em linhas gerais, o tipo
vegetacional que ocupava originalmente esta planície.
Figura 3.2.6-27: Vista da pastagem Figura 3.2.6-28: Vista do limite entre a área
localizada a leste do PERC, na planície de pastagem na planície aluvial do lajeado
aluvial do lajeado do Roberto que cruza do Roberto, à esquerda, e a área
esta área à esquerda, evidenciando a remanescente com vegetação de
presença dos indivíduos do Araucaria banhado, à direita
angustifolia (pinheiro-brasileiro)
Quando da efetiva decretação do PERC foi iniciado o processo de retirada destes cultivos,
no momento em vias de conclusão, com a retirada dos espécimes de pinus localizados na
porção ao sul da UC, os mais jovens destes cultivos, com cerca de 5 anos, em
contraposição àqueles plantados nas porções ao norte da UC, coincidindo com a entrada
principal da área em questão.
Figura 3.2.6-29: Silvicultura de pinus com Figura 3.2.6-30: Área de manejo de pinus
cerca de 5 anos de idade localizada na na porção sul do PERC, evidenciando um
porção sul do PERC, evidenciando a talhão de silvicultura no centro da foto e o
galharia remanescente do processo de vale do rio Canoas ao fundo
retirada, em primeiro plano, e uma área de
floresta primária ao fundo
Essa situação apresenta-se mais conspícua nas áreas de maior declividade da UC,
principalmente ao sul desta, as quais marcam o início da variação topográfica e altimétrica
que culmina com o vale do rio Canoas. Nesta porção do PERC foi observada uma maior
ocorrência de espécies típicas da Floresta Estacional Decidual, representadas,
principalmente, por Erythrina falcata (corticeira-da-serra) (figura 3.2.6-34), Luehea divaricata
(açoita-cavalo), Patagonula americana (guajuvira), Vitex megapotamica (tarumã-preto),
Sorocea bonplandii (cincho), Machaerium stipitatum (farinha-seca) e Parapiptadenia rigida
(angico-vermelho) (figura 3.2.6-35). Ainda nesta porção da UC, foi registrada a existência
de um significativo agrupamento populacional de Myrciaria trunciflora (jaboticabeira),
estando esta representada por poucos indivíduos e de forma esparsa nas porções de menor
declividade do PERC. Esta espécie, apesar da ampla distribuição geográfica, ocorrendo em
praticamente todas as formações florestais catarinenses, apresenta grande afinidade pelos
ambientes úmidos das zonas ripárias, com importante expressividade na área de
abrangência da Floresta Estacional Decidual.
No entanto, deve-se ressaltar que esta situação ecotonal é pouco evidente no sentido
fitofisionômico, sendo impossível sua delimitação espacial uma vez que estas formações se
interrelacionam através de um continuum vegetacional. A própria abrangência da Floresta
Ombrófila Mista é delimitada principalmente de acordo com a ocorrência de Araucaria
angustifolia, a qual por sua vez deixa de ocorrer com o aumento da declividade em direção
ao vale do rio Canoas; neste sentido, cabe afirmar que muitas das espécies arbóreas
componentes dos estratos florestais dominados são compartilhadas pelas duas formações
florestais em questão, sendo corroborada tal afirmação pela proximidade do limite leste de
distribuição da Floresta Estacional Decidual.
Conforme Klein (1972), a Floresta Subtropical do Alto Uruguai (aqui denominada de Floresta
Estacional Decidual), “na passagem da BR 116 Lages-Vacaria pelo vale do rio Pelotas, se
reduz praticamente a uma estreita faixa, que acompanha somente o fundo deste vale e onde
apenas se encontram as árvores pioneiras mais avançadas”. Esta constatação também é
válida para o trecho do rio Canoas junto ao limite sul do PERC, uma vez que o reservatório
da Usina Hidrelétrica Campos Novos atingirá integralmente a Floresta Estacional Decidual
ali existente e parte da Floresta Ombrófila Mista que adentra na UC.
Desta forma, pode-se observar que esse ecótono está representado pela interpenetração
florística de alguns poucos elementos da Floresta Estacional Decidual, de caráter pioneiro,
que conseguem conquistar os terrenos em cotas altimétricas superiores e acabam por
misturar-se à Floresta Ombrófila Mista.
Ressalva especial deve ser feita para a ocorrência do cedro Cedrela fissilis (figura 3.2.6-
36), representado no PERC por diversos indivíduos em diferentes faixas etárias, com
espécimes de grande porte, o qual apesar de possuir ampla distribuição geográfica, tal
como Myrciaria trunciflora (jaboticabeira), “é porém mais freqüente e abundante na Floresta
Subtropical do Alto Uruguai” (Reitz, Klein & Reis, 1978). Contudo, por se tratar de espécie
pioneira que coloniza áreas degradadas tanto pela supressão total da vegetação quanto
pela extração seletiva de madeira, ocupando clareiras e bordas florestais, sua abundância
populacional pode estar relacionada à ocorrência desses distúrbios na área do parque.
Com base nos dados publicados por Klein (1990;1996;1997) sobre as espécies raras ou
ameaçadas de extinção do Estado de Santa Catarina, foram selecionadas, conforme a área
de ocorrência, as espécies que potencialmente podem ocorrer na área do PERC, uma vez
que nenhuma destas foi registrada durante a elaboração dos estudos: Calyptranthes
reitziana e Myrceugenia grisea (guamirins), classificadas como “em perigo”, sendo
consideradas endêmicas do Alto Uruguai e afluentes; e Solanum catanduvae e S. iraniense
(joás-mansos), classificadas como “raras”, sendo consideradas endêmicas do meio oeste
catarinense, tendo sido coletadas apenas nos municípios de Catanduvas e Irani,
respectivamente.
Entre as espécies não incluídas nessa lista destacam-se aquelas que, por apresentarem alto
valor comercial, foram intensamente exploradas em Santa Catarina. Desse conjunto, e que
apresentam ocorrência registrada ou potencial para a área do PERC, aparecem as espécies
com alto valor madeireiro, representadas por Cedrela fissilis (cedro), Vitex megapotamica
(tarumã), Cordia trichotoma (louro), Myrocarpus frondosus (cabreúva), Patagonula
americana (guajuvira) e Tabebuia avellanedae (ipê-roxo). Neste sentido, cabe especial
menção à Podocarpus lambertii (pinheiro-bravo), que apresenta baixa densidade no PERC e
representa, com a Araucaria angustifolia, as únicas duas espécies de Gymnospermae
nativas da flora catarinense, tendo sido explorado de forma intensa em sua área de
ocorrência na Região Sul do Brasil.
Também deve ser ressaltada a importância na preservação das espécies típicas da Floresta
Estacional Decidual que adentram no PERC, configurando em parte o sistema ecotonal,
ainda mais devido à supressão total de sua principal fonte de dispersão com a formação do
reservatório da Usina Hidrelétrica Campos Novos.
Baseado em Simões et al. (1998) pode-se enumerar diversas espécies vegetais nativas com
potencial para uso farmacológico e medicinal, as quais encontram-se presentes ou
apresentam potencial de ocorrência nas formações vegetais existentes na área do PERC.
Importante ressaltar que, apesar dos dados atualmente existentes, muitas outras espécies
podem apresentar potencial para uso medicinal, devendo ser ampliados os estudos sobre
estas potencialidades, dada a grande riqueza específica registrada para estas formações
vegetais.
Com a extração seletiva há a formação de áreas abertas de longa durabilidade, tais como as
clareiras, que permanecem longos períodos dominadas pela Merostachys multirramea
(taquara-mansa), e os “estaleiros” que, conforme exposto anteriormente, oferecem
dificuldades para a regeneração natural pela forma como são originados.
Neste sentido observa-se que a silvicultura de pinus desenvolvida hoje nesta região do país,
com uso de espécies com potencial invasor como Pinus elliottii e P. taeda, além de poder
converter diretamente os ambientes naturais, como no caso do PERC, onde foi implantada
em área originalmente florestal através da supressão total desta, propicia a dispersão de
espécies invasoras que podem contaminar e alterar ecossistemas campestres e florestais.
Segundo Ziller (2000), dentre os impactos mais citados no meio científico pela contaminação
biológica por espécies invasoras
Os cultivos de espécies do gênero Pinus são utilizados para produção de madeira, painéis,
polpa, papel, resina e outros subprodutos e, quando introduzidos a ambientes similares aos
seus hábitats de origem, tornam-se invasoras agressivas, causando uma série de impactos
ao ambiente de introdução. Ambas espécies introduzidas para cultivo na área do PERC
apresentam potencial invasor em outros lugares do planeta, sendo Pinus elliottii (plantado
em maior proporção na UC) espécie invasora na África do Sul, Argentina, Austrália e Brasil
e Pinus taeda na África do Sul, Argentina, Brasil e Nova Zelândia.
Neste processo de implantação desses cultivos podem ser relacionados diversos impactos
negativos sobre os ambientes do PERC, dos quais destaca-se sobremaneira a supressão
total de amplas áreas de florestas primárias. Esta supressão acarreta diretamente na perda
de importantes estruturas de hábitat com conseqüente redução da diversidade florística e
alteração das relações sociológicas entre as comunidades vegetais; gera também
significativo efeito de borda sobre as formações remanescentes, ampliado pela abertura de
acessos auxiliares para manutenção destes cultivos, ocasionando a degradação parcial da
qualidade ambiental destes habitats; e junto a estes impactos vem a própria alteração da
paisagem natural e dos valores cênicos correspondentes.
Atualmente está sendo realizada a remoção destes cultivos do PERC, tendo sido iniciada
pelos mais antigos, com geração de alguns impactos sobre o ambiente local. Devido ao
lapso de tempo decorrente entre os plantios realizados nestas áreas, com os mais velhos
com cerca de 22 anos e os mais jovens com cerca de 5 anos, observa-se um processo
diferenciado na germinação das sementes de pinus. Nas áreas onde havia os plantios mais
antigos foi registrada intensa germinação das sementes de pinus oriundas da chuva de
sementes, produzida pelos indivíduos em idade reprodutiva, que permanecem no solo
formando um banco de sementes por um período de cerca de 3 meses. A Figura 3.2.6-37
mostra esta germinação de sementes ocorrente nas áreas manejadas ao norte da UC.
Nas áreas de cultivo situadas ao sul da UC e que se encontram em processo de retirada das
árvores de pinus, devido ao fato destas serem predominantemente jovens com cerca de 5
anos e não terem alcançado ainda a idade reprodutiva, não foi observada a germinação de
sementes. No entanto, verificou-se a existência de um talhão de pinus mais antigo nesta
área, com cerca de 10 a 15 anos, e que poderia representar uma fonte de sementes na
eventual dispersão desta espécie.
Nas demais áreas não foi observado este processo de germinação das sementes de pinus,
o que não significa que tal não possa ocorrer devido à falta de informações mais precisas
sobre as idades e o comportamento reprodutivo destes indivíduos, sendo necessária a
efetivação de um monitoramento programado através de um projeto técnico-executivo.
Contudo, deve-se considerar que alguns problemas decorrentes da retirada desses cultivos
poderiam ser evitados pela simples adoção de técnicas e atitudes que auxiliam na
recuperação ambiental destas áreas. A mais evidente destas atitudes é a não deposição
desta galharia remanescente sobre corpos hídricos, especialmente, no caso das lagoas, fato
este não considerado pelos responsáveis pela retirada, como pode ser visto nas figuras
3.2.6-38 e 3.2.6-39, e que acarreta na eutrofização das águas destes ambientes com sérios
prejuízos para a flora e a fauna aquáticas.
Uma das principais técnicas utilizadas para auxiliar na recuperação ambiental destas áreas
onde houve retirada de plantação de pinus. é o enleiramento da galharia remanescente,
objetivando, especialmente nas áreas onde verifica-se a germinação de sementes, o
sombreamento destas plântulas ou sementes de pinus e a abertura do solo para
colonização por espécies nativas. Este processo não foi efetuado na retirada destes cultivos
no PERC, como pode ser visto na figura 3.2.6-40.
Apesar de favorecer os processos de alteração das condições de solo devido a sua lenta
decomposição, com possíveis conseqüências sobre a microflora e mesofauna de solo, a
permanência da serrapilheira de pinus nestes locais evita o aumento dos processos erosivos
que agem na lixiviação dos nutrientes das camadas orgânicas do solo através da água das
chuvas. Esta cobertura provisória ainda pode auxiliar no sombreamento parcial do solo
evitando a evaporação intensa da umidade superficial que pode afetar os processos de
degradação da matéria orgânica.
Ziller (2000) cita que a principal ameaça da invasão por espécies do gênero Pinus se dá
sobre ambientes abertos, tais como restingas, campos e cerrados, na medida em que
ocorrem alterações substanciais nas condições ecossistêmicas destes ambientes,
especialmente devido ao sombreamento intenso.
O pisoteio do gado sobre os ambientes florestais ocasiona efeitos diretos sobre o sub-
bosque florestal na medida em que exclui ou impede o desenvolvimento de espécies
herbáceas e arbustivas típicas deste estrato, gerando um raleamento dos estratos inferiores
como pode ser visto na Figura 3.2.6-41, e efeitos indiretos sobre a própria sobrevivência
destes ambientes devido ao impedimento da regeneração das espécies arbóreas que
compõem o dossel florestal.
Já o pisoteio deste animais sobre ambientes abertos, tal como nos banhados, leva à
compactação do solo e à alteração das condições hidrológicas superficiais, ocasionando
mudanças nestas condicionantes edáficas e podendo levar à substituição das espécies
típicas, e perfeitamente adaptadas às condições de saturação hídrica do solo, por espécies
pioneiras indiferentes, de características ruderais.
Neste âmbito cabe especial menção à área de pastagem localizada na planície aluvial do
lajeado do Roberto, citada anteriormente e visualizada nas figuras 3.2.6-27 e 3.2.6-28,
devido ao fato de se tratar de ambiente ripário, importante na manutenção da qualidade das
águas do referido curso d’água, mas profundamente alterado pelo uso para pastoreio destes
animais. Atualmente esta área encontra-se dominada por Axonopus sp. (grama-de-potreiro),
espécie exótica utilizada para formação de pastagens artificiais, a qual é selecionada devido
a sua palatabilidade.
A homogeneidade fisionômica registrada nessa pastagem pode indicar ainda o uso de fogo
em queimadas periódicas, principalmente, ao final do período hibernal, como forma de
incentivar o rebrote vegetal e a retirada de biomassa vegetal seca, propiciando melhores
condições para o gado bovino. Esta atividade, além de alterar a disponibilidade de nutrientes
do solo, evita o desenvolvimento das espécies nativas típicas destes ambientes, dificultando
todo e qualquer processo regenerativo.
No entanto, o principal impacto decorrente desse alagamento, que atinge não apenas a
Floresta Estacional Decidual, mas também um trecho de Floresta Ombrófila Mista
estabelecida num continuum com as formações inseridas na área do PERC, é a criação de
uma nova margem, com características menos fluviais e mais lacustres, e a formação de um
novo ambiente ripário em condições amplamente diferentes daquelas naturalmente
encontradas.
Esta nova margem do lago irá atingir cotas altimétricas em torno dos 660 m s.n.m.,
referentes à encosta superior do início do vale do rio Canoas, onde as condições ecológicas
de incidência luminosa, umidade relativa, escoamento hidrológico superficial, microclima e
tipos de solo são muito diferentes daquelas encontradas nas margens atuais do referido
curso d’água e onde se estabelecem comunidades vegetais específicas e perfeitamente
adaptadas ao ambiente ripário fluvial.
A formação dessa nova margem irá condicionar o estabelecimento de uma zona ripária num
ambiente originalmente de encosta, acarretando em profundas alterações nas condições
ecossitêmicas; uma das principais, negativas, sobre esta área é a implantação de uma faixa
de exclusão florística, na qual muitas das espécies não adaptadas às condições ripárias
poderão morrer cedendo lugar para as espécies pioneiras e para as espécies que suportam
tais condições, ocasionando uma significativa mudança na comunidade florestal ali
estabelecida. Vale ressaltar que, como a nova margem do lago irá coincidir com os limites
do PERC, esta faixa de exclusão encontra-se inserida integralmente na área da UC.
3.2.7 Fauna
3.2.7.1.1 Invertebrados
No levantamento efetuado para a elaboração do Estudo de Impacto Ambiental da Usina
Hidrelétrica Campos Novos consta uma baixa densidade de insetos para a região de
influência do reservatório, onde se situa o Parque Estadual Rio Canoas, o que é atribuído às
práticas agrícolas da região. Os dados apontam também para um número pequeno de
espécies comuns aos diversos pontos amostrados, o que seria conseqüência da diferença
entre as atividades humanas relacionadas com cada ponto, contribuindo como fator limitante
para algumas espécies e favorável a outras.
arborícolas prevaleçam sobre as terrícolas, uma vez que os ambientes florestais são aí
preponderantes e os afloramentos basálticos pouco significativos.
3.2.7.1.2 Peixes
Não foram encontrados levantamentos de espécies de peixes ocorrentes no lajeado do
Roberto e seu afluente maior da margem direita (que nasce no coração do Parque), nem de
espécies porventura existentes nas áreas alagadas no interior do Parque. Dessa forma, a
inexistência de informações aponta para a necessidade de estudos visando suprir essa
lacuna.
Não foram relatadas coletas de espécies introduzidas, como a Salmo irideus (truta),
Cyprinus sp. (carpas), Ictalurus punctatus (bagre africano), Oreochromis sp. (tilápia), etc. A
truta é encontrada próxima às nascentes do rio Canoas, no município de Urubici. As outras
espécies têm sido encontradas em diversos rios brasileiros, inclusive na região do Planalto
Catarinense, introduzidas que foram, intencional ou acidentalmente, a partir de pisciculturas,
constituindo-se em competidoras das espécies autóctones.
3.2.7.1.3 Anfíbios
Por ocasião dos trabalhos de monitoramento de fauna da UHE Campos Novos, realizados
entre junho de 2002 e junho de 2004, 25 espécies de anfíbios foram identificados no interior
do Parque Estadual Rio Canoas, o que corresponde a aproximadamente 7% das espécies
de anfíbios brasileiros, conferindo a esta Unidade de Conservação uma grande importância
no contexto da conservação da biodiversidade do Brasil.
Além de várias das espécies de anfíbios relatadas para á área do Parque, outras doze foram
relatadas fora da mesma, em áreas marginais àquelas que serão inundadas pela UHE
Campos Novos, ao longo dos rios Ibicui e Canoas. Todas estas são de provável ocorrência
no Parque.
3.2.7.1.4 Répteis
Por ocasião do monitoramento de fauna de áreas do entorno do reservatório da UHE
Campos Novos, no período de junho de 2002 a junho de 2004, seis espécies de répteis,
pertencentes a quatro famílias, foram encontradas no interior do Parque Estadual Rio
Canoas (1 Teidae, 1 Viperidae, 1 Aguidae e 3 Colubridae). Outras 19 espécies (8 famílias)
foram encontradas em áreas marginais àquelas que serão inundadas pela hidrelétrica ao
longo dos rios Canoas e Ibicuí. Todas essas espécies são de provável ocorrência no
Parque. Não foram relatados encontros de espécies de répteis introduzidas.
Das espécies de répteis registradas cerca de 90% são de hábitos terrícolas, sendo as outras
semi-aquáticas: Heliocops infrataeniatus (cobra-d’água) ou fossoriais: Amphisbaena sp.
(cobra-cega). A serpente conhecida como cotiara (Bothrops cotiara), é tida como espécie
ameaçada de extinção por necessitar de grandes extensões de mata, sendo endêmica da
Floresta Ombrófila Mista. Cnemidophorus vacariensis, um pequeno lagarto muito ágil,
existente na região e provávelmente no Parque, também é considerado ameaçado de
extinção na categoria “vulnerável” (IBAMA, 2003).
3.2.7.1.5 Aves
As aves são elementos importantes no estudo da avaliação da qualidade dos ecossistemas,
por ser a classe mais facilmente observável e por que ocupam diferentes hábitats e níveis
tróficos, além de serem muito sensíveis às modificações ambientais, apresentando variações
quantitativas e qualitativas ante qualquer alteração do ambiente. Assim, são consideradas
excelentes bioindicadores (Bege e Marterer, 1991). Na área do Parque foram encontradas
128 espécies de aves, sendo 77% típicas de ambientes florestais, 12% de ambientes
abertos e 9% de ambientes aquáticos.
Das aves encontradas no Parque Estadual Rio Canoas uma é espécie nacionalmente
considerada ameaçada de extinção: Amazona vinacea (papagaio-de-peito-roxo).
Leptastenura setaria (grimpeiro), também ali encontrado, é um furnarídeo endêmico das
matas de araucária (Sick, 1997).
Amazona pretrei (papagaio charão), ave também ameaçada de extinção, que se reunia em
bandos nos invernos das décadas de 1970 e 1980, na Estação Ecológica de Aracuri-
Esmeralda, no Rio Grande do Sul, é uma espécie de possível ocorrência no Parque
Estadual Rio Canoas. Também é encontrado no município gaúcho de Barracão, em áreas
que se localizam cerca de 15 km ao sul. Alteração de hábitos, com o passar do tempo e
provavelmente em função das alterações ambientais, fizeram com que atualmente os
bandos do papagaio charão concentrem-se, no inverno, em áreas de silvicultura dos
gêneros Eucalyptus e Pinus, inclusive no município de Campos Novos, a cerca de 15 km ao
norte do Parque Estadual Rio Canoas. Este psitacídeo nidifica em ocos, cada vez menos
disponíveis com os desmatamentos, a exploração florestal (pela retirada das árvores
maiores e mais velhas) e os plantios de espécies madeireiras introduzidas (pinus e
Eucaliptus spp.), fazendo com que a preservação das florestas do Parque Estadual Rio
Canoas o torne atraente como local de nidificação.
Ictinia plumbea (sovi), também conhecido como gavião-pombo, habita a região a partir de
setembro e desaparece no outono, depois de se reproduzir, quando migra para o norte. O
sovi, assim como Buteogalus urubitinga (gavião-preto), tem o hábito de ser um seguidor de
queimadas, onde encontra facilidade de obter alimentação, constituída principalmente de
insetos, formigas e cupins, que apanha em vôo, e pequenos répteis.
A preservação de hábitats, tanto nos locais de reprodução, como nos locais de invernagem
e assim também ao longo das rotas de migração, são de fundamental importância para as
aves migratórias. Nesse sentido, acrescenta ao Parque Estadual Rio Canoas sua
participação especial como refúgio, por se constituir em um maciço florestal relativamente
grande, em uma região onde restam apenas fragmentos florestais bem menores.
Dentre as aves mais características do Parque Estadual Rio Canoas, além das
anteriormente comentadas, algumas chamam atenção pela sua abundância, forma,
vocalização ou hábitos. São elas Theristiscus caudatus (curicaca); Sarcoramphus papa
(urubu-rei), quase extinto no Rio Grande do Sul e mesmo raro em Santa Catarina; as
marrecas Amazonetta brasiliensis e Oxyura vittata; Rupornis magnirostris (gavião-carijó); os
falconídeos Micrastur semitorquatus e M. ruficollis; Penelope obscura (jacú) e Odontophorus
capoeira (urú), ambos pertencentes à família dos galináceos; Aramides saracura (saracura-
do-mato); Gallinula chloropus (frango-d´água-comum); as pombas Columba picazuro,
Leptotila verreauxi e Geotrygon montana; Pyrrura frontalis (tiriba-de-testa-vermelha) e
Pionus maximiliani (maritaca), barulhentos psitacídeos que vivem em pequenos bandos;
Piaya cayana (alma-de-gato), com seu vôo silencioso por entre as copas das árvores;
Ramphastus dicolorus (tucano-verde); os beija-flores Chlorostilbon aureoventris e
Leucochloris albicolis e os pica-paus Picumnus nebulosus, Dryocopus lineatus e Melanerpes
flavifrons; além de várias espécies de passeriformes.
Além dos acima citados, os membros de outras famílias de passeriformes habitam o Parque
Estadual Rio Canoas, dos quais fazem parte os furnarídeos Leptastenura striolata
(grimpeirinho) e Synallaxis cinerascens (joão-teneném-da-mata); os tiranídeos Myodinastes
maculatus (bentevi-rajado), Myornis auriculatus (miudinho) e Tolmomyas sulphurescens
(bico-chato-de-orelha-preta); o piprídeo de chamativas cores azul e vermelho Chiroxiphia
caudata, popularmente conhecido como tangará; Cyanocorax caerulescens (gralha-azul),
corvídeo muito associado às florestas com araucárias; e ainda Turdus rufiventris (sabiá
laranjeira) e Turdus subalaris (ferreirinho), da família Muscicapidae. Das famílias
Vireonidae, Emberizidae e Fringilidae foram identificadas no Parque outras 23 espécies,
dentre as quais Cyclarhis gujanensis (pitiguari), Basileuterus culicivorus (pula-pula), a rara
Hemithraupis guira (saíra-de-papo-preto), Stephanophorus diadematus (sanhaçu-frade),
Poospiza lateralis (quete), Saltator similis (trinca-ferro-verdadeiro) e Carduelis magellanicus
(pintassilgo).
Quando a noite cai sobre o Parque Estadual Rio Canoas começam a movimentar-se Tito
alba (coruja-das-torres ou suindara), as corujas típicas de matas como Otus choliba
(corujinha-do-mato), Otus sanctaecatarinae (corujinha-do-sul), Strix hylophila (coruja-
listrada); além de Nyctibius griseus (urutau), de canto prolongado e triste, e Hydropsalis
brasiliana (bacurau-tesoura), de longa cauda bifurcada. O pequeno número de aves
essencialmente noturnas identificado no Parque (5 espécies), correspondente a
aproximadamente 4% do total, evidencia ou uma baixa ocorrência de espécies com essa
característica de hábitos ou insuficiente esforço de pesquisa nesse sentido, o que seria
indicativo de maior necessidade de estudos.
Outras 55 espécies de aves foram relatadas fora do Parque Estadual Rio Canoas, em áreas
marginais àquelas que serão inundadas pela UHE Campos Novos. Todas elas são de
ocorrência possível no Parque, perfazendo para essa Unidade de Conservação um total de
178 espécies de aves. Delas se destacam, como as de ocorrência mais provável, Butorides
striatus (socozinho), Sirigma sibilatrix (maria-faceira) e Jacana jacana (jaçanã) nos
ambientes aquáticos. Nos ambientes típicamente florestais devem ocorrer Buteo brachyurus
(gavião-de-cauda-curta), Coccyzus melanocoruphus (papa-lagarta), Picumnus nebulosus
(pica-pau-anão-carijó), Pyriglena leucoptera (papa-taóca-do-sul), Syndactyla rufosuperciliaris
(trepador-quite), Campylorhamphus falcularius (arapaçú-de-bico-torto), Knipolegus
cyanirostris (maria-preta-do-bico-azulado), Colonia colonus (viuvinha), Pachyramphus
castaneus (caneleiro-verde), Hylophilus poicilotis (verdinho-coroado), Tersina viridis (saí-
andorinha), Amaurospisa moesta (negrinho-do-mato), Passerina glaucocerulea (azulinho) e
Cacicus haemorrous (guaxe). Finalmente, devem habitar os ambientes não florestais
Furnarius rufus (joão-de-barro), Xolmis cinerea (maria-branca) e Gnorimopsar chopi
(graúna).
3.2.7.1.6 Mamíferos
Das 28 espécies de mamíferos que foram registradas no Parque Estadual Rio Canoas, três
são consideradas ameaçadas: Leopardus tigrina, Leopardus pardalis, Leopardus wiedii
(IBAMA, 2003).
Para duas espécies de cervídeos encontradas no Parque Estadual Rio Canoas, veado-
mateiro e veado-virá (Mazama americana e M. gouazoubira), existem estimativas de
densidade populacional em matas mistas de araucária e bosque subtropical feitas por
Schneider e Barbosa de Oliveira (1996): M. americana com um habitante por 3,7 km2 e M.
gouazoubira com um por 5,7 km2. Desta forma o Parque poderá, se efetivamente protegido,
comportar uma população bem significativa das duas espécies (entre 30 e 50 indivíduos de
M. americana e entre 60 e 100 de M. gouazoubira), servindo como um pequeno banco
genético, dentro do corredor ecológico onde se insere, e fonte de dispersão.
Outras 23 espécies de mamíferos foram registradas fora do Parque Estadual Rio Canoas,
em áreas marginais àquelas que serão inundadas pela UHE Campos Novos, entre elas o
Puma concolor e Mazama rufina. Todas são de ocorrência provável ali. O veado identificado
fora do Parque como sendo M. rufina é tido por Eisenberg e Redford (1999) como habitante
das faldas andinas da Colômbia e Equador, portanto inexistente na Região Sul do Brasil.
Provavelmente, no caso, trata-se de uma confusão com Mazama nana, pequeno cervídeo,
vulgarmente conhecido como veado-póca ou veado-mão-curta-do-sul, com características
morfológicas parecidas com as de M. rufina, que tem ocorrência comprovada nesta região,
tendo inclusive sido registrada no Parque Nacional dos Aparados da Serra e no Parque
Nacional da Serra Geral. Estas duas Unidades de Conservação federais, relativamente
próximas (cerca de 250 km) do Parque Estadual Rio Canoas, fazem parte das áreas
consideradas como de extrema prioridade para a conservação de mamíferos pelo MMA
(figura 3.2.7-2). O Parque Estadual Rio Canoas situa-se a oeste e relativamente próximo
das mesmas.
Além das espécies encontradas fora do Parque Estadual Rio Canoas acima citadas,
ressalta-se também Tamandua tetradactyla (tamanduá-mirim), Artibeus sp. (morcego-
fruteiro), os morcegos insetívoros (Histiotus velatus e Myotis ruber), Galictis cuja (furão),
Sphiggurus villosus (ouriço-cacheiro), Agouti paca (paca) e Nectomys squamipes (rato-
d´água).
Outras 16 espécies de mamíferos são ainda de ocorrência possível no Parque Estadual Rio
Canoas e em seu entorno (com base em Eisenberg e Redford, 1999 e Emmons, 1997 –
Anexo 7), dentre as quais destacamos como mais prováveis: Lutreolina crassicaudata
(cuíca-de-cauda-grossa), Chotopterus auritus (morcego-orelhudo), Molossus molossus
(morcego), Akodon nigrita (rato-do-mato ou rato-da-taquara), Oxymycterus hispidus (rato-
narigudo), Holochilus brasiliensis (rato-d´água) e Silvilagus brasiliensis (tapeti).
Outras espécies animais, entretanto, são mais exigentes quanto a hábitats e o estado de
suas populações, ou mesmo sua simples presença é indicador de melhor qualidade dos
mesmos. A seguir são apresentados os conjuntos faunísticos, com ênfase nessas espécies
ambientalmente mais exigentes, em relação às diferentes tipologias vegetais do Parque
Estadual Rio Canoas. Também são comentadas as tendências da dinâmica populacional
desses conjuntos, como conseqüência da implantação e funcionamento do Parque.
Dentre os répteis são característicos dessas áreas abertas Tupinambis merianae (lagartos-
de-papo-amarelo), as serpentes conhecidas como Thamnodynastes spp. (corredeiras-do-
campo), Bothrops jararaca (jararaca), Waglerophis merrenii e Xenodon neuwiedii (boipevas),
estas últimas sendo eficientes predadoras dos anfíbios. Predadora das outras serpentes,
aparece também na pastagem Clelia plumbea (muçurana). De hábitos sub-fossoriais a
Micrurus altirostris (coral verdadeira) se arrasta em galerias do solo em busca de anelídeos
e de Amphisbaena sp. (cobras-cegas). Comum nas pastagens, Cariama cristata (seriema) é
uma predadora de serpentes, gafanhotos e pequenos anfíbios.
Além das espécies acima citadas, são típicos desses ambientes abertos Vanellus chilensis
(quero-quero), Speotyto cunicularia (corujinha-do-campo), Colaptes campestroides (pica-
pau-do-campo) e Theristiscus caudatus (curicaca), esta uma das aves símbolos dos campos
com araucárias. Dentre os mamíferos de maior porte, esse tipo de ambiente pode ser
freqüentado por Mazama gouazoubira (veados-virá) e Hydrochaeris hydrochaeris
(capivaras) em busca de gramíneas das quais se alimentam, sujeitando-se então ao ataque
de Puma concolor (puma), um freqüentador de praticamente todas as tipologias vegetais.
A retirada do gado deve permitir a regeneração da vegetação original, fazendo com que, ao
passar do tempo, a fauna típica dos campos perca expressão, tanto em termos qualitativos,
como quantitativos, em benefício daquelas espécies mais afeitas ao ambiente florestais
originais: banhado arbóreo, no caso do lajeado do Roberto, e Floresta Ombrófila Mista,
quanto à mancha à noroeste. Isto não significará um prejuízo para as espécies de campo,
pois estas têm se beneficiado das áreas desmatadas para o estabelecimento de pastagens,
comuns em toda a região e contíguas às atuais áreas de pastagem do Parque.
Com manejo adequado, objetivando impedir a re-ocupação dessas áreas pelos pinus, as
mesmas devem apresentar uma regeneração florestal rápida e contínua, tornando-se
importante área de pesquisa para a busca de conhecimentos relacionados não só às
transformações da vegetação, como também da dinâmica da fauna local.
Quanto ao leito das estradas, comumente utilizado por diversos animais para seus
deslocamentos, pela facilidade que proporciona (principalmente para felídeos, canídeos,
procionídeos e cervídeos, mas também para algumas aves como saracuras e jacus), torna-
se meio apropriado para a interpretação das pegadas dos mesmos pelos visitantes do
Parque.
solo e exposto o sub-solo, impedindo uma regeneração florestal rápida. Apresentam uma
cobertura herbácea e arbustiva constituída por gramíneas, samambaias, asteraceas do
gênero Senecio, solanáceas e alguns arbustos, como Baccharis dracunculifolia (vassoura-
branca).
Por se tratarem de áreas pequenas ou faixas estreitas, não apresentam uma fauna
característica, sendo ambientes propícios para aquelas espécies de hábitos mais
cosmopolitas, ainda que relacionadas fortemente às florestas próximas. Nelas são mais
observáveis algumas aves passeriformes granívoras e insetívoras, como Tamnophilus
ruficapillus (choca-de-chapéu-vermelho), Tyranus melancholicus (suiriri), Zonotrichia
capensis (tico-tico), Passerina glaucocaerulea (azulinho) e Passerina brissonii (azulão); além
de umas poucas frugívoras, como Thraupis sayaca (sanhaço-cinzento) e Stephanophorus
diadematus (sanhaço-frade). Também as freqüentam os beija-flores Leucochloris albicolis e
Chlorostilbon aureoventris, Piaya cayana (alma-de-gato) e Columba picazuro (pomba asa-
branca).
Em função da retirada do solo mais fértil e da compactação a que essas áreas foram
submetidas é de se esperar uma recuperação florestal muito lenta e, da mesma forma, a
sua ocupação por espécies animais tipicamente florestais. Aliado à recomposição das
espécies florestais, o aumento qualitativo e quantitativo de espécies de aves pertencentes
às famílias Dendrocolaptidae, Picidae, Pipridae e, principalmente, Formicaridae é um bom
indicador da recuperação das capoeirinhas.
Por possuírem árvores mais antigas, os capoeirões também apresentam maior número de
cavidades e fendas nos troncos, possibilitando a utilização por espécies animais que
dependem delas para a reprodução. Assim concorrem pela ocupação desses espaços o
Amazona vinacea (papagaio-de-peito-roxo), pica-paus de diversas espécies, Ramphastus
dicolorus (tucanos), Didelphis albiventris (gambá) e abelhas, tanto as nativas (Meliponidae)
Os maciços florestais e a continuidade dos mesmos para fora da Unidade, com maior
expressão nos limites oeste e leste, completados por corredores de matas de galeria ao
longo do rio Ibicui e seus afluentes (lageado do Aguapé, lageado do Jacu e sanga Buevas),
entre outros, e do próprio rio Canoas, garantem condições para a manutenção de
populações viáveis de uma fauna florestal ainda bastante diversificada, apesar das
alterações provocadas pela exploração madeireira, agricultura e pecuária de toda a região.
A existência de fragmentos florestais não muito distantes um do outro, permeando as áreas
mais antropizadas, reforça esses corredores ecológicos que, em maior ou menor grau, se
estendem até as nascentes dos rios Canoas e Pelotas, próximas às encostas da Serra do
Mar, na Porção Leste do Estado de Santa Catarina.
Quanto aos répteis, Cnemidophorus sp. (lagartixa-verde), Micrurus altirostris (cobra coral) e
Amphisbaena sp. (cobras-cegas) são dignos de nota como predadores de invertebrados.
São muitas as aves de florestas que se alimentam principalmente de insetos, com destaque
para os pica-paus (Colaptes melanochlorus, Dryocopus lineatus e Veniliornis spilogaster),
falsos-pica-paus (Sittasomus griseicapillus, Xiphocolaptes albicollis, Dendrocolaptes
platyrostris e Lepidocolaptes falcinellus), formicarídeos (Thamnophilus caerulescens,
Drimophyla malura e Pyriglena leucoptera), furnarídeos (como os grimpeiros Leptasthenura
setaria e L. striolata, o pichororé, Synallaxis ruficapilla, trepadorzinho, Heliobletus
contaminatus e o vira-folhas, Sclerus scansor), tiranídeos (Serpophaga subcristata,
Myonectes rufiventris, Myiornis auricularis e Pachyramphus castaneus) e piprídeos
(Chiroxiphia caudata e Schyfornis virescens), esses últimos também se nutrindo de frutos.
Os capoeirões são mais ricos nessas espécies insetívoras típicamente florestais. No chão,
sob as ramadas das taquaras, são comuns (Basileuterus culicivorus e B. leucoblepharus
(pula-pula). Hábeis predadores de lepidópteros, Trogon surrucura e T. viridis (surucuás),
bem típicos das capoeiras, se movimentam em vôos silenciosos sob a copa das árvores.
Todo um outro conjunto de animais tem nas frutas e sementes a sua base alimentar, muitos
dos quais agem como dispersores de sementes colaborando para a regeneração das
florestas do Parque Estadual Rio Canoas. Deste grupo fazem parte, entre as aves, Tinamus
solitarius (macuco), Crypturellus obsoletus (inambú), Odontophorus capoeira (urú), pombas
de várias espécies (Leptotila verreauxii, L. rufaxilla e Geotrygon montana), periquitos e
papagaios (Pyrrura frontalis, Pionus maximiliani e Amazona vinacea) e diversos
passeriformes, com destaque para os corvídeos Cyanocorax caeruleus (gralha-azul) e
Cyanocorax chrysops (gralha-picaça) e emberizídos, entre os quais a Hemithraupis guira
Dentre os mamíferos frugívoros o maior destaque deve ser creditado aos morcegos-fruteiros
(Artibeus sp. e Sturnira lilium) e aos roedores Dasyprocta azarae (cotia) e Sciurus aestuans
(esquilo) pela intensa atividade como dispersores de sementes, este último principalmente
de Syagrus romanzoffiana (palmeira gerivá). Também chamam atenção Allouata guariba
(bugio) e Cebus apella (macaco-prego), os únicos primatas do Parque, Agouti paca (paca) e
Sphiggurus villosus (ouriço-cacheiro).
Nos anos em que sementam as taquaras (Chusquea spp. e Merostachys spp.), como
aconteceu em 2004, os ratos do gênero Akodon e Olygorizomys, entre outros, encontram
nas mesmas uma abundante fonte de nutrição e se reproduzem em grande número, um
fenômeno comumente conhecido como “ratada”. Quando acabam as sementes de taquaras,
esses roedores invadem plantações, paióis e até residências em busca de alimento. Como
os ratos silvestres podem ser transmissores de hantavirose para os seres humanos, através
da urina, reside aí uma preocupação do ponto de vista do manejo do Parque. Por ocasião
das ratadas deve ser aumentada a vigilância sanitária nos locais fechados freqüentados por
visitantes, como centro de interpretações, lanchonetes, etc.
As espécies típicamente florestais acima citadas constituem a base alimentar para vários
predadores. Alguns desses predadores são espécies onívoras, como Ramphastus dicolorus
(tucano), que costuma predar ovos e filhotes de outras aves, Didelphis albiventris (gambá),
Nasua nasua (coati), Cerdocyon thous (graxaim-do-mato) e Eira barbara (irara). Outros
predadores são essencialmente carnívoros, como a serpente ameaçada de extinção
Bothrops cotiara (cotiara), Strix hylophila (coruja-listrada), Buteo brachyurus (gavião-de-
cauda-curta), Micrastur semitorquatus (gavião-relógio) e M. ruficollis (gavião-caburé), entre
as aves, e Leopardus tigrinus e L. wiedii (gatos-do-mato), Herpailurus yaguaroundi
(jaguarundi), Leopardus pardalis (jaguatirica) e Puma concolor (puma), entre os mamíferos.
Dentre os anfíbios dos ambientes aquáticos do Parque destacam-se: Bufo ictericus (sapo-
cururu), cujos girinos podem ser encontrados nas margens de quase todas as lagoas; Hyla
uruguaya (perereca-tic-tac) e Scinax berthae (perereca-de-inverno), ambas arborícolas que
se reproduzem junto às lagoas; Physalaemus nanus (rãzinha), que constrói seus ninhos de
espuma presos às gramíneas e Cyperus sp. (tiriricas) das lagoas; Sphaenorhynchus surdus
(perereca-verde-do-brejo) e Leptodactylus ocellatus (rã-manteiga), de hábitos aquáticos; e
Rana catesbeiana (rã-touro), espécie introduzida, que é uma predadora feroz dos anfíbios
nativos, necessitando de alguma forma de controle. Estas e outras espécies dependem de
Nas lagoas do Parque Estadual Rio Canoas deve ocorrer Heliocops infrataeniatus (cobra
d’água) e, em torno delas e nos banhados herbáceos e subarbustivos, bem como nos
arbóreos, a Liophis miliaris (cobra-de-banhado) e Waglerophis merreni e Xenodon neuwiedi
(boipevas).
Algumas aves dependem exclusivamente das lagoas, como Gallinula chlorops (frango
d’água), Jacana jacana (jaçanã), Tachybaptus dominicus (mergulhão-pequeno), Amazonetta
brasiliensis (marreca-pé-vermelho), Oxyura dominica (marreca-bico-roxo) e Oxyura vittata
(marreca-pé-na-bunda). Nas bordas das matas às margens das lagoas se movimenta o
Pitangus sulphuratus (bentevi) e Poospiza lateralis (quete).
3.2.7.3 Considerações
Levando-se em conta as espécies da fauna existentes no Parque Estadual Rio Canoas e em
seu entorno, verifica-se que a área abrangida ainda apresenta uma boa diversidade,
possivelmente pela característica de ser o maior contínuo florestal de uma região onde os
fragmentos florestais permaneceram conectados, principalmente pelas matas de galeria do
rio Canoas. Em que pese a exploração florestal que a área sofreu nos últimos 30 anos,
ainda existem condições que lhe garantem importância no contexto nacional, reforçada pela
presença de espécies ameaçadas de extinção e por endemismos regionais. Essas espécies
ameaçadas e muitas outras identificadas no interior do Parque e no seu entorno só terão
sua viabilidade genética garantida se forem mantidos os elos de união entre os diversos
frangmentos florestais, fator seriamente ameaçado pelo enchimento do reservatório da UHE
Campos Novos. A par das ações de manejo voltadas para o interior desta Unidade de
Conservação, outras deverão ser empreendidas para o restabelecimento de corredores de
fauna englobando os fragmentos florestais, mesmo aqueles mais distantes do Parque, na
direção dos Parques Nacionais da Serra Geral e dos Aparados da Serra e dos Parques
Estaduais da Serra do Tabuleiro (SC) e de Espigão Alto (RS).
O Parque Estadual Rio Canoas é composto pela unificação de uma área de 1.067,8592 ha
do imóvel rural situado entre as localidades de Palmeira do Ibicuí, no município de Campos
Por ser uma Unidade de Conservação recentemente criada (27/05/04), por estar às
margens do futuro reservatório da UHE Campos Novos e por seu Plano de Manejo estar em
fase de elaboração, esta ainda apresenta atividades não condizentes com os objetivos
específicos de sua categoria de conservação segundo o SEUC ou não regulamentadas,
como:
- ainda são encontrados rebanhos de gado utilizando o Parque como área de
pastoreio;
- a atividade de retirada da madeira e lenha oriundas do desmatamento do
reservatório utilizando os acessos internos do Parque, ou mesmo abrindo novos;
- a prática da caça;
- a visitação e prática do rapel na cachoeira do lajeado do Roberto ( enquanto esta
atividade não estiver regulamentada deve ser considerada como conflituosa); e
- manifestação religiosa realizada em novembro (Dia de Finados), quando o pequeno
cemitério presente no interior do Parque é visitando pelos familiares.
Por outro lado, já foram executadas atividades objetivando a erradicação do pinus do interior
da Unidade com a retirada e controle da germinação através do “Projeto de Controle e
Recuperação Ambiental das Áreas Degradadas pela silvicultura de pinus no Parque
Estadual Rio Canoas, Campos Novos, Santa Catarina”.
3.5 Significância
CETESB, São Paulo. Relatório de Qualidade das Águas Interiores do Estado de São
Paulo. 2002/CETESB – São Paulo: CETESB, 2003.
EISENBERG, J.F. & K.H. REDFORD. (1999). Mammals of the Neotropics. The Central
Neotropics. V. 3.: Ecuador, Peru, Bolivia, Brazil. University of Chicago Press, Chicago.
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EMMONS, L.H. (1997). Neotropical rainforest mammals: a field guide. Illust. F. Feer. 2
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MARQUES, A.A.B. et al. (2002) – Lista de referência da fauna ameaçada no Rio Grande do
Sul. P. Alegre: FZB/MCT-PUCRS/PANGEA. 52p.
REITZ, R., KLEIN, R.M. & REIS, A. (1978). Projeto Madeira de Santa Catarina. Itajaí:
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_______. (1997) Ornitologia Brasileira. Edição revista e ampliada por José Fernando
Pacheco. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.
SIMÕES, C.M.O. et al.. (1998). Plantas da Medicina Popular no Rio Grande do Sul.
Porto Alegre: Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 5 ed. 173p.
ANEXOS
s
provocará
Página 12 de 13
QUADRO 2 - Lista das espécies vegetais exóticas de Gymnospermae e Angiospermae com ocorrência registrada no Parque Estadual Rio Canoas,
com respectivos nomes científicos, nomes populares, hábito e potencial invasor.
Divisão Família Espécie - Nome Científico Nome Popular Hábito Potencial Invasor
* Esta espécie é nativa da flora catarinense e componente das formações campestres (savanícolas), sendo considerada alóctone pois não faz parte de formações florestais e foi
cultivada no Pomar existente no PERC.
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Fundação do Meio Ambiente – FATMA
Flora e Vegetação
do Parque Estadual Rio Canoas (PERC)
FOTO Nº 1 FOTO Nº 2
FOTO Nº 3 FOTO Nº 4
FOTO Nº 5 FOTO Nº 6
FOTO Nº 7 FOTO Nº 8
FOTO Nº 9 FOTO Nº 10
FOTO Nº 11 FOTO Nº 12
FOTO Nº 13 FOTO Nº 14
Capoeirão e estrada interna NE-SW do PERC Capoeirão e estrada interna NE-SW do PERC
FOTO Nº 15 FOTO Nº 16
FOTO Nº 17 FOTO Nº 18
FOTO Nº 19 FOTO Nº 20
FOTO Nº 21 FOTO Nº 22
FOTO Nº 23 FOTO Nº 24
Lagoa florestal com vegetação aquática, Lagoa florestal com vegetação aquática,
porção central do PERC porção central do PERC
7
FOTO Nº 25 FOTO Nº 26
Lagoa florestal com tronco de açoita-cavalo Lagoa florestal com espécimes de branquilho
Luehea divaricata, Sebastiania commersoniana,
porção central do PERC porção central do PERC
FOTO Nº 27 FOTO Nº 28
Lagoa florestal com vegetação aquática, Lagoa florestal com vegetação aquática,
nordeste do PERC nordeste do PERC
8
FOTO Nº 29 FOTO Nº 30
Salto do lajeado Roberto próximo à cachoeira, Salto do rio Ibicuí próximo da Zona de
limite leste do PERC Amortecimento a oeste do PERC
FOTO Nº 31 FOTO Nº 32
Cachoeira do rio Ibicuí junto à Iguaçu Celulose e Cachoeira do rio Ibicuí junto à Iguaçu Celulose
próxima da Zona de Amortecimento a norte do e próxima da Zona de Amortecimento a norte
PERC do PERC
9
Elementos da Flora
FOTO Nº 33 FOTO Nº 34
FOTO Nº 35 FOTO Nº 36
Elementos da Flora
FOTO Nº 37 FOTO Nº 38
FOTO Nº 39 FOTO Nº 40
FOTO Nº 41 FOTO Nº 42
FOTO Nº 43 FOTO Nº 44
Elementos da Flora
FOTO Nº 45 FOTO Nº 46
FOTO Nº 47 FOTO Nº 48
Elementos da Flora
FOTO Nº 49 FOTO Nº 50
FOTO Nº 51 FOTO Nº 52
Elementos da Flora
FOTO Nº 53 FOTO Nº 54
FOTO Nº 55 FOTO Nº 56
FOTO Nº 57 FOTO Nº 58
FOTO Nº 59 FOTO Nº 60
Silvicultura de Pinus spp. manejada e vale do rio Silvicultura de Pinus spp. manejada,
Canoas ao fundo, sul do PERC sul do PERC
16
FOTO Nº 61 FOTO Nº 62
FOTO Nº 63 FOTO Nº 64
Galharia de Pinus spp. sobre deixada sobre lagoa Galharia de Pinus spp. sobre deixada sobre
após manejo de silvicultura lagoa após manejo de silvicultura
17
FOTO Nº 65 FOTO Nº 66
FOTO Nº 67 FOTO Nº 68
1
ANFÍBIOS:
2
Anfíbios identificados fora do Parque Estadual Rio Canoas, em áreas marginais
àquelas que serão inundadas pela UHE Campos Novos ao longo dos rios Ibicui e
Canoas, em encontros casuais, estudos em transecções, escuta de vocalizações ou
capturados em armadilhas de queda (pitfall), durante os trabalhos de monitoramento
de áreas tratadas como possíveis destinos de fauna resgatada na UHE.
3
REPTEIS
4
AVES
Aves identificadas, no interior do Parque Estadual Rio Canoas, entre julho de 2002 e
julho de 2004, através de avistamentos ou registro de vocalizações, durante os
trabalhos de monitoramento de áreas tratadas como possíveis destinos de fauna
resgatada na UHE Campos Novos.
NOME CIENTÍFICO NOME POPULAR SITUAÇÃO AMBIENTE
Tinamidae
Tinamus solitarius macuco Ameaçada/endêmica florestal
Crypturellus obsoletus inhambu-guaçu florestal
Rhynchotus rufescens perdigão ambientes abertos
Podicipedidae
Tachybaptus domunicus mergulhão-pequeno aquático
Threskiornithidae
Theristicus caudatus curicaca ambientes abertos
Cathartidae
Sarcoramphus papa urubu-rei ameaçada ambientes abertos/florestal
Coragyps atratus urubu-de-cabeça-preta ambientes abertos/florestal
Cathartes aura urubu-de-cabeça-vermelha ambientes abertos/florestal
Anatidae
Amazonetta brasiliensis pé-vermelho aquático
Oxyura dominica bico-rocho aquático
Oxyura vittata* Marreca-pé-na-bunda aquático
Accipitridae
Elanoides forficatus gavião-tesoura florestal
Ictinia plumbea sovi florestal
Rupornis magnirostris gavião-carijó ambientes abertos/florestal
Buteogallus urubitinga gavião-preto florestal
Falconidae
Micrastur semitorquatus gavião-relógio florestal
Micrastur ruficollis gavião-caburé florestal
Milvago chimachima carrapateiro ambientes abertos
Caracara plancus caracará ambientes abertos
Cracidae
Penelope obscura jacuaçu florestal
Phasianidae
Odontophorus capueira uru Ameaçada/endêmica florestal
Rallidae
Aramides saracura saracura-do-mato endêmica florestal
Gallinula chloropus frango-d’água-comum aquático
Cariamidae
Cariama cristata seriema ambientes abertos/florestal
Charadriidae
Vanellus chilensis quero-quero ambientes abertos/aquático
Columbidae
Columba picazuro aza-branca ambientes abertos/florestal
Leptotila verreauxi juriti florestal
Leptotila rufaxilla gemedeira florestal
Geotrygon montana pariri florestal
Psittacidae
Pyrrhura frontalis tiriba-de-testa-vermelha endêmica florestal
Pionus maximiliani maritaca-de-maximiliano florestal
Amazona vinaceae papagaio-de-peito-roxo Ameaçada/endêmica florestal
Cuculidae
Piaya cayana alma-de-gato florestal
Crotophaga ani anu-preto ambientes abertos
Guira guira anu-branco ambientes abertos
Tytonidae
Tyto alba suindara ambientes abertos
Strigidae
Otus choliba corujinha-do-mato florestal
Otus sanctaecatarinae corujinha-do-sul endêmica florestal
Speotyto cunicularia buraqueira ambientes abertos
Strix hylophila coruja-listrada endêmica florestal
Nyctibiidae
5
NOME CIENTÍFICO NOME POPULAR SITUAÇÃO AMBIENTE
Nyctibius griseus urutau florestal
Caprimulgidae
Hydropsalis brasiliana bacurau-tesoura ambientes abertos
Trochilidae
Stephanoxis lalandi beija-flor-de-topete endêmica ambientes abertos/florestal
Chlorostilbon aureoventris besourinho-de-bico-vermelho ambientes abertos/florestal
Leucochloris albicolis papo-branco endêmica florestal
Trogonidae
Trogon rufus surucuá-de-barriga-amarela florestal
Trogon surrucura surucuá-de-peito-azul endêmica florestal
Alcedinidae
Ceryle torquata martim-pescador-grande aquático, florestal
Nystalus chacuru joão-bobo ambientes abertos/florestal
Ramphastidae
Ramphastos dicolorus tucano-do-bico-verde endêmica florestal
Picidae
Colaptes campestris pica-pau-do-campo ambientes abertos
Colaptes melanochloros pica-pau-verde-barrado florestal
Piculus aurulentus pica-pau-dourado endêmica florestal
Dryocopus lineatus pica-pau-de-banda-branca florestal
Melanerpes flavifrons benedito-de-testa-amarela endêmica florestal
Veniliornis spilogaster pica-pauzinho-verde-carijó endêmica florestal
Formicariidae
Batara cinerea matracão florestal
Mackenziaena leachii borralhara-assobiadora florestal
Thamnophilus caerulescens choca-da-mata florestal
Drymophila malura choquinha-carijó Ameaçada/endêmica florestal
Chamaeza campanisona tovaca-campainha florestal
Conopophagidae
Conopophaga lineata chupa-dente endêmica florestal
Furnariidae
Leptasthenura setaria grimpeiro endêmica florestal
Leptasthenura striolata grimpeirinho florestal
Synallaxis spixi joão-teneném florestal
Synallaxis ruficapilla pichororé endêmica florestal
Synallaxis cinerascens joão-teneném-da-mata florestal
Philydor rufus limpa-folha-testa-baia florestal
Heliobletus contaminatus trepadorzinho ra, en florestal
Xenops rutilans bico-virado-carijó ra, en florestal
Sclerurus scansor vira-folhas ra, en florestal
Lochmias nematura joão-porca florestal
Dendrocolaptidae
Sittasomus griseicapillus arapaçu-verde florestal
Xiphocolaptes albicollis arapaçu-de-garganta-branca florestal
Dendrocolaptes platyrostris arapaçu-grande florestal
Lepidocolaptes falcinellus arapaçu-escamado-do-sul endêmica florestal
Tyrannidae
Serpophaga subcristata alegrinho florestal
Mionectes rufiventris abre-asa-cabeça-cinza endêmica florestal
Leptopogon amaurocephalus cabeçudo florestal
Myiornis auricularis miudinho endêmica florestal
Tolmomyias sulphurescens bico-chato-de-orelha-preta florestal
Platyrinchus mystaceus patinho florestal
Lathrotriccus euleri enferrujado florestal
Muscipipra vetula tesoura-cinzenta endêmica florestal
Sirystes sibilator gritador florestal
Myiarchus ferox maria-cavaleira florestal
Pitangus sulphuratus bentevi ambientes abertos/florestal
Megarynchus pitangua neinei florestal
Myiodynastes maculatus bemtevi-rajado florestal
Legatus leucophaius bentevi-pirata florestal
Empidonomus varius peitica florestal
Tyrannus savana tesoura ambientes abertos
Tyrannus melancholicus suiriri ambientes abertos/florestal
Tityra cayana anambé-branco-de-rabo-preto florestal
Tityra inquisitor anambé-branco-de-bochecha-parda florestal
6
NOME CIENTÍFICO NOME POPULAR SITUAÇÃO AMBIENTE
Pipridae
Chiroxiphia caudata tangará endêmica florestal
Schiffornis virescens flautim endêmica florestal
Hirundinidae
Progne chalybea andorinha-doméstica-grande ambientes abertos
Corvidae
Cyanocorax caeruleus gralha-azul endêmica florestal
Cyanocorax chrysops gralha-picaça florestal
Troglodytidae
Troglodytes musculus curruíra ambientes abertos
Muscicapidae
Turdus subalaris sabiá-ferreiro endêmica florestal
Turdus rufiventris sabiá-laranjeira florestal
Turdus amaurochalinus sabiá-poca florestal
Turdus albicolis sabiá-coleira florestal
Vireonidae
Cyclarhis gujanensis pitiguari florestal
Vireo olivaceus juruviara-norte-americano florestal
Emberizidae
Parula pitiayumi mariquita florestal
Geothlypis aequinoctialis pia-cobra ambientes abertos/aquático
Basileuterus culicivorus pula-pula florestal
Basileuterus leucoblepharus pula-pula-assobiador endêmica florestal
Pyrrhocoma ruficeps cabecinha-castanha endêmica florestal
Hemithraupis guira saíra-de-papo-preto florestal
Tachyphonus coronatus tiê-preto endêmica florestal
Trichothraupis melanops tiê-de-topete florestal
Thraupis sayaca sanhaço-cinzento ambientes abertos/florestal
Stephanophorus diadematus sanhaço-frade ambientes abertos/florestal
Pipraeidea melanonota viúva florestal
Conirostrum speciosum figuinha-de-rabo-castanho florestal
Zonotrichia capensis tico-tico ambientes abertos/florestal
Poospiza lateralis quete ambientes abertos/florestal
Sicalis flaveola canário-da-terra-verdadeiro ambientes abertos
Sporophila caerulescens coleirinho ambientes abertos
Saltator similis trinca-ferro-verdadeiro florestal
Saltator maxillosus bico-grosso endêmica florestal
Passerina brissonii azulão ambientes abertos/florestal
Cacicus chrysopterus tecelão florestal
**
Molothrus bonariensis chopim, vira-bosta ambientes abertos/florestal
Fringillidae
Carduelis magellanicus pintassilgo ambientes abertos/florestal
Fonte: ENERCAN (2004) Programa de Monitorização e Conservação da Flora e da Fauna
Obs.: Por ambientes abertos se entende os ambientes agrícolas, campos, savanas e bosques abertos.
* Um macho e duas fêmeas observados e identificados em ambiente lótico (Coordenadas UTM
481816/6950377), no interior do PE Rio Canoas, pela equipe da Sócioambiental no dia 16/11/2004.
** Identificado pela equipe da Socioambiental em área de pastagem à Noroeste e em área de onde
recentemente haviam sido retirados Pinus sp. à Norte do P E Rio Canoas, no dia 16/11/2004.
7
Aves identificadas fora do Parque Estadual Rio Canoas, entre julho de 2002 e julho de
2004, em áreas marginais àquelas que serão inundadas pela UHE Campos Novos ao
longo dos rios Ibicuí e Canoas, durante os trabalhos de monitoramento de áreas
tratadas como possíveis destinos de fauna resgatada na UHE.
NOME CIENTÍFICO NOME POPULAR SITUAÇÃO AMBIENTE
Tinamidae
Nothura maculosa codorna-comum ambientes abertos
Phalacrocoracidae
Phalacrocorax brasilianus biguá aquático
Ardeidae
Ardea cocoi socó-grande aquático
Casmerodius albus garça-branca-grande aquático
Egretta thula garça-branca-pequena aquático
Bubulcus ibis garça-vaqueira ambientes abertos
Butorides striatus socozinho aquático
ambientes abertos/
Syrigma sibilatrix maria-faceira
aquático
Threskiornithidae
ambientes abertos/
Mesembrinibis cayennensis corocoró ameaçada
aquático
Anatidae
Dendrocygna viduata irerê aquático
Anas georgica marreca-parda aquático
Accipitridae
Buteo brachyurus gavião-de-cauda-curta florestal
Falconidae
Milvago chimango chimango ambientes abertos
Caracara plancus caracará ambientes abertos
Jacanidae
Jacana jacana jaçanã aquático
Columbidae
Zenaida auriculata avoante ambientes abertos
Columbina talpacoti rolinha ambientes abertos
Columbina picui rolinha-branca ambientes abertos
Psittacidae
Cuculidae
Coccyzus melacoryphus papa-lagarta florestal
Tapera naevia saci ambientes abertos
Strigidae
Trogonidae
Trogon rufus surucuá-de-barriga-amarela florestal
Trogon surrucura surucuá-de-peito-azul endêmica florestal
Alcedinidae
Ceryle torquata martim-pescador-grande aquático, florestal
Chloroceryle amazona martim-pescador-verde aquático, florestal
Chloroceryle americana martim-pescador-pequeno aquático, florestal
Bucconidae
ambientes abertos/
Nystalus chacuru joão-bobo
florestal
Picidae
Picumnus nebulosus pica-pau-anão-carijó florestal
Formicariidae
ambientes abertos
Thamnophilus ruficapillus choca-de-chapéu-vermelho
florestal
Dysithamnus mentalis choquinha-lisa florestal
Pyriglena leucoptera papa-taoca-do-sul endêmica florestal
Furnariidae
ambientes abertos
Furnarius rufus joão-de-barro
florestal
Syndactyla rufosuperciliata trepador-quiete florestal
Dendrocolaptidae
Campylorhamphus falcularius arapaçu-de-bico-torto florestal
Tyrannidae
Xolmis cinerea maria-branca ambientes abertos
Knipolegus cyanirostris maria-preta-de-bico-azulado ambientes abertos
8
NOME CIENTÍFICO NOME POPULAR SITUAÇÃO AMBIENTE
florestal
Colonia colonus viuvinha florestal
ambientes abertos/
Satrapa icterophrys suiriri-pequeno
florestal
Machetornis rixosus bentevi-do-gado ambientes abertos
Pachyramphus castaneus caneleiro-verde florestal
Hirundinidae
Tachycineta leucorrhoa andorinha-de-sobre-branco ambientes abertos
Notiochelidon cyanoleuca andorinha-pequena-de-casa ambientes abertos
ambientes abertos
Stelgidopteryx ruficollis andorinha-serrador
aquático
Muscicapidae
Turdus leucomelas sabiá-barranco florestal
Mimidae
Mimus saturninus sabiá-do-campo ambientes abertos
Vireonidae
Hylophilus poicilotis verdinho-coroado endêmica florestal
Emberizidae
Tersina viridis saí-andorinha florestal
Ammodramus humeralis tico-tico-do-campo-verdadeiro ambientes abertos
Volatinia jacarina tiziu ambientes abertos
Amaurospiza moesta negrinho-do-mato florestal
ambientes abertos/
Coryphospingus cucullatus tico-tico-rei
florestal
ambientes abertos/
Passerina glaucocaerulea azulinho
florestal
Cacicus haemorrhous guaxe florestal
Pseudoleistes guirahuro chopim-do-brejo florestal
ambientes abertos/
Gnorimopsar chopi graúna
florestal
Fonte: ENERCAN (2004) Programa de Monitorização e Conservação da Flora e da Fauna
Obs.: Por ambientes abertos se entende os ambientes agrícolas, campos, savanas e bosques abertos.
9
MAMÍFEROS
10
Mamíferos identificados, fora do Parque Estadual Rio Canoas, entre julho de 2002 e
julho de 2004, em áreas marginais àquelas que serão inundadas pela UHE Campos
Novos ao longo dos rios Ibicuí e Canoas, através de capturas, registro de pegadas,
pelos, fezes e vocalizações, e por meio de armadilhas fotográficas, durante os
trabalhos de monitoramento de áreas tratadas como possíveis destinos de fauna
resgatada na UHE Campos Novos.
FAMÍLIA E ESPÉCIE NOME POPULAR STATUS HÁBITO
Didelphidae
Insetívoro-
Monodelphis brevicaudis cuíca
onívoro/terrestre
Myrmecophagidae
Tamandua tetradactyla tamanduá-mirim mirmecófago/scansorial
Dasypodydae
Cabassous sp.
tatu-de-rabo-mole mirmecófagoMY/SF
(provavelmente C. tatouay)
insetívoro-
Dasypus hybridus tatu-mulita
onívoro/terrestre
insetívoro-onívoro/semi-
Euphractus sexcinctus tatu-peludo
fossorial
Phyllostomidae
Artibeus sp. morcego-fruteiro frugívoro-onívoro/voador
Vespertilionidae
Epitesicus brasiliensis morcego-borboleta-grande
Histiotus cf. velatus morcego-orelhudo insetívoro/voador
Lasiurus borealis morcego-grisalho
morcego-borboleta-
Myotis ruber ameaçada insetívoro/voador
vermelho
Myotis sp. morcego-borboleta insetívoro/voador
Molossidae
Molossidade (não
morcego -
identificado)
Canidae
carnívoro-
Pseudalopex gymnocercus graxaim-do-campo
onívoro/terrestre
Mustelidae
Galictis cuja furão carnívoro/terrestre
carnívoro/terrestre-
Lutra longicaudis lontra
aquático
Felidae
Puma concolor leão-baio ameaçada carnívoro/terrestre
Cervidae
Mazama rufina veado-bororó herbívoro/terrestre
Erethizontidae
frugívoro-
Sphiggurus villosus ouriço-cacheiro
herbívoro/arborícola
Agoutidae
frugívoro-
Agouti paca paca
herbívoro/terrestre
Capromyidae
frugívoro-herbívoro/semi-
Myocastor coypus ratão-do-banhado
aquático
Caviidae
frugívoro-herbívoro-
Cavia aperea preá
granívoro/terrestre
Cricetidae
frugívoro-hebívoro-
Holochilus brasiliensis rato-do-junco
granívoro/semi-aquático
frugívoro-hebívoro-
Nectomys squamipes rato-d’água
granívoro/semi-aquático
Fonte: ENERCAN (2004) Programa de Monitorização e Conservação da Flora e da Fauna
11
Espécies de mamíferos de possível ocorrência no Parque Estadual Rio Canoas, com
base em Eisenberg e Redford (1999) e Emmons (1997)
FAMÍLIA E ESPÉCIE NOME POPULAR STATUS HÁBITO
Didelphidae
onívoro/semi-aquático
Lutreolina crassicaudata cuíca-de-cauda-grossa
scansorial
Caluromis philander mucura onívoro/arborícola
Noctilionidae
Noctilio leporinus morcego-pescador carnívoro/voador
Phyllostomidae
Chotopterus auritus morcego-orelhudo insetívoro/voador
nectívoro-
Glossophaga soricina morcego-beija-flor
insetívoro/voador
Carolla perspicillata morcego frugívoro/voador
frugívoro-insetívoro-
Platyrrhinus lineatus morcego
nectívoro/voador
Vespertilionidae morcegos-de-cauda-curta
Lasiurus cinereus insetívoro/voador
Lasiurus ega insetívoro/voador
Molossidae morcegos-rabo-de-rato insetívoro/voador
Molossus temminckii insetívoro/voador
Molossus molossus insetívoro/voador
Tadarida brasiliensis insetívoro/voador
Nyctymycterus hispidus insetívoro/voador
Cervidae
Mazama nana veado-mão-curta herbívoro/terrestre
Cricetidae
rato-do-mato, rato-da-
Akodon nigrita onívoro/terrestre
taquara
Oxymycterus hispidus rato-narigudo onívoro/semi-fossorial
Leporidae
Silvilagus brasiliensis tapeti herbívoro/terrestre
OBSERVAÇÕES:
1. A onça-pintada (Panthera onca), o queixada (Tayassu pecari), o cateto (Tayassu tajacu) e a anta
(Tapirus terrestris) são mamíferos de grande porte que certamente já existiram no Parque
Estadual Rio Canoas. Panthera onca é espécie ameaçada de extinção.
12
Fundação do Meio Ambiente – FATMA
Considerando que este fato foi motivado pelo licenciamento ambiental, efetuado pela
Fundação do Meio Ambiente - FATMA, do Aproveitamento Hidrelétrico de Campos Novos no rio
Canoas, município de Campos Novos, e em atendimento à Resolução CONAMA 02/96, à Lei nº
11.986/01 que cria o Sistema Estadual de Unidades de Conservação, equivalente à Lei Federal nº
9.985/00 e ao Decreto nº 4.340/02 que cria e regulamenta, respectivamente, o Sistema Nacional de
Unidades de Conservação;
1
Considerando que a criação de um parque estadual é uma ação propositiva para o
desenvolvimento de uma política territorial direcionada, em especial, para o turismo e para
desenvolvimento regional em bases ambientalmente sustentáveis;
DECRETA:
Artigo 1º - Fica criado o Parque Estadual Rio Canoas com área total de 1.133,2552
hectares visando a proteção e a preservação de uma amostra de Floresta Ombrófila Mista situada na
localidade Palmeira do Ibicuí, município de Campos Novos, de acordo com memorial descritivo.
Memorial descritivo:
O Parque Estadual Rio Canoas é composto pela unificação de uma área de 1.067,8592ha do
imóvel rural situado na localidade de Palmeira do Ibicuí, no município de Campos Novos, estado de
Santa Catarina e de uma área de 65,3960 ha correspondente à área de preservação permanente com
faixa de 100m a partir da cota altimétrica de inundação 660m, do reservatório da Usina Hidrelétrica de
Campos Novos (UHE Campos Novos) em sua margem direita, perfazendo área total de 1.133,2552
hectares.
Perímetro:
Partindo-se do marco no 0=PP (N=6948650.996,E=479430.568), localizado na lateral da
Estrada Municipal Palmeira, segue-se pela mesma estrada, numa extensão de 2.889,93 metros,
com os seguintes Azimutes e distâncias parciais e coordenadas UTM: Az 55o46'00" e 122,81 metros
até o ponto no EM1 (N=6948720.083,E= 479532.100); Az 28o32'39" e 99,74 metros até o ponto
no EM2 (N=6948807.697, E=479579.758); Az 51o13'13" e 35,86 metros até o ponto no EM3
(N=6948830.157, E=479607.713); Az 76o26'00" e 41,87 metros até o ponto no EM4
(N=6948839.978,E=479648.413); Az 57o53'53" e 43,49 metros até o ponto no EM5 (N=6948863.090,
E=479685.254); Az 39o50'18" e 44,16 metros até o ponto no EM6 (N=6948897.000, E=479713.545);
Az 29o28'25" e 57,71 metros até o ponto no EM7 (N=6948947.244,E=479741.941); Az 42o43'25" e
39,64 metros até o ponto no EM8 (N=6948976.364,E=479768.835); Az 54o41'23" e 71,51 metros até
o ponto no EM9 (N=6949017.695, E=479827.186); Az 54o23'30" e 23,34 metros até o ponto no EM10
(N=6949031.283, E=479846.159); Az 27o35'41" e 33,39 metros até o ponto no EM11
(N=6949060.872, E=479861.625); Az 47o30'44" e 27,73 metros até o ponto no EM12
(N=6949079.600, E=479882.072); Az 29o55'30" e 23,18 metros até o ponto no EM13
(N=6949099.688, E=479893.635); Az 36o14'14" e 35,38 metros até o ponto no EM14
(N=6949128.225, E=479914.549); Az 20o22'59" e 12,37 metros até o ponto no EM15
(N=6949139.818, E=479918.856); Az 5o43'14" e 51,46 metros até o ponto no EM16
(N=6949191.018, E=479923.985); Az 16o01'48" e 43,20 metros até o ponto no EM17
(N=6949232.541, E=479935.915); Az 352o31'17" e 51,50 metros até o ponto no EM18
(N=6949283.598, E=479929.213); Az 358o02'28" e 38,65 metros até o ponto no EM19
(N=6949322.221, E=479927.892); Az 17o14'43" e 37,30 metros até o ponto no EM20
(N=6949357.843, E=479938.950); Az 1o37'04" e 57,65 metros até o ponto no EM21
(N=6949415.474, E=479940.578); Az 30o48'43" e 73,45 metros até o ponto no EM22
(N=6949478.561, E=479978.203); Az 42o01'08" e 79,61 metros até o ponto no EM23
(N=6949537.709,E=480031.495); Az 20o22'23" e 53,77 metros até o ponto no EM24
(N=6949588.112, E=480050.213); Az 351o47'41" e 17,13 metros até o ponto no EM25
(N=6949605.070, E=480047.767); Az 313o27'57" e 18,79 metros até o ponto no EM26
(N=6949617.998, E=480034.128); Az 296o38'04" e 39,92 metros até o ponto no EM27
(N=6949635.892, E=479998.448); Az 321o49'01" e 18,67 metros até o ponto no EM28
(N=6949650.567, E=479986.907); Az 352o32'34" e 22,90 metros até o ponto no EM29
(N=6949673.278, E=479983.934); Az 2o07'32" e 69,85 metros até o ponto no EM30
(N=6949743.085, E=479986.525); Az 13o08'20" e 21,90 metros até o ponto no EM31
2
(N=6949764.414, E=479991.504); Az 33o06'55" e 41,71 metros até o ponto no EM32
(N=6949799.347, E=480014.289); Az 41o36'13" e 104,69 metros até o ponto no EM33
(N=6949877.625, E=480083.797); Az 23o05'36" e 22,74 metros até o ponto no EM34
(N=6949898.547, E=480092.718); Az 2o39'33" e 60,89 metros até o ponto no EM35
(N=6949959.367, E=480095.543); Az 22o29'01" e 17,31 metros até o ponto no EM36
(N=6949975.366, E=480102.165); Az 36o29'41" e 49,77 metros até o ponto no EM37
(N=6950015.375, E=480131.764); Az 51o02'12" e 48,21 metros até o ponto no EM38
(N=6950045.693, E=480169.253); Az 58o38'14" e 64,01 metros até o ponto no EM39
(N=6950079.007, E=480223.910); Az 54o59'44" e 47,42 metros até o ponto no EM40
(N=6950106.208, E=480262.750); Az 35o06'55" e 110,60 metros até o ponto no EM41
(N=6950196.681, E=480326.371); Az 48o33'33" e 34,84 metros até o ponto no EM42
(N=6950219.741, E=480352.490); Az 67o57'52" e 45,79 metros até o ponto no EM43
(N=6950236.918, E=480394.930); Az 87o07'42" e 43,38 metros até o ponto no EM44
(N=6950239.092, E=480438.259); Az 112o58'34" e 34,32 metros até o ponto no EM45
(N=6950225.696, E=480469.854); Az 131o47'44" e 112,36 metros até o ponto no EM46
(N=6950150.812, E=480553.621); Az 110o37'12" e 21,49 metros até o ponto no EM47
(N=6950143.245, E=480573.732); Az 65o59'36" e 23,73 metros até o ponto no EM48
(N=6950152.899, E=480595.409); Az 31o47'00" e 19,34 metros até o ponto no EM49
(N=6950169.338, E=480605.595); Az 357o03'00" e 29,03 metros até o ponto no EM50
(N=6950198.331, E=480604.101); Az 334o32'02" e 47,66 metros até o ponto no EM51
(N=6950241.364, E=480583.607); Az 358o07'35" e 83,85 metros até o ponto no EM52
(N=6950325.167, E=480580.865); Az 9o28'15" e 52,77 metros até o ponto no EM53 (N=6950377.223,
E=480589.549); Az 32o36'43" e 67,84 metros até o ponto no EM54 (N=6950434.371, E=480626.114);
Az 43o25'23" e 59,82 metros até o ponto no EM55 (N=6950477.816, E=480667.230); Az 64o10'01" e
72,01 metros até o ponto no EM56 (N=6950509.195, E=480732.047); Az 48o01'19" e 21,28 metros até
o ponto no EM57 (N=6950523.428,E=480747.866); Az 13o31'10" e 44,91 metros até o ponto no EM58
(N=6950567.099, E=480758.366); Az 39o35'30" e 13,50 metros até o ponto no EM59
(N=6950577.503, E=480766.971); Az 65o14'47" e 28,19 metros até o ponto no EM60
(N=6950589.307, E=480792.572); Az 53o25'50" e 21,04 metros até o ponto no EM61
(N=6950601.845, E=480809.473); Az 43o39'33" e 23,29 metros até o ponto no EM62
(N=6950618.698, E=480825.555); Az 31o02'50" e 14,21 metros até o ponto no MD061/02
(N=6950630.871, E=480832.883).
3
91 (N=6951462.496, E=482709.184); Az 72o11'48" e 38,35 metros até o ponto no 92
(N=6951474.221, E=482745.696); Az 62o58'44" e 42,98 metros até o ponto no 93 (N=6951493.749,
E=482783.987); Az 67o52'14" e 80,48 metros até o ponto no 94 (N=6951524.064, E=482858.534); Az
74o09'18" e 107,60 metros até o ponto no 95 (N=6951553.443, E=482962.046); Az 69o58'01" e 55,69
metros até o ponto no 96 (N=6951572.520, E=483014.366); Az 66o57'57" e 114,35 metros até o ponto
no 97 (N=6951617.261, E=483119.595); Az 66o24'49" e 303,15 metros até o ponto no 98
(N=6951738.560, E=483397.419); Az 64o47'41" e 44,80 metros até o ponto no 99 (N=6951757.638,
E=483437.952); Az 60o11'19" e 108,14 metros até o ponto no MD061/03 (N=6951811.400,
E=483531.782).
Do ponto no MD061/04, segue-se à jusante pelo Lajeado do Roberto, divisa natural entre os
Municípios de Abdon Batista e Campos Novos, numa extensão de 2.531,33 metros, com os seguintes
Azimutes, distâncias e coordenadas UTM: Az 234o35'16" e 98,27 metros até o ponto no LR111
(N=6951112.408, E=484214.408); Az 196o40'08" e 50,29 metros até o ponto no LR112
(N=6951064.231, E=484199.982); Az 231o49'51" e 85,92 metros até o ponto no LR113
(N=6951011.131, E=484132.429); Az 256o21'14" e 48,58 metros até o ponto no LR114
(N=6950999.670, E=484085.220); Az 207o37'50" e 51,62 metros até o ponto no LR115
(N=6950953.936, E=484061.280); Az 144o05'03" e 70,78 metros até o ponto no LR116
(N=6950896.616, E=484102.797); Az 125o14'56" e 85,30 metros até o ponto no LR117
(N=6950847.384, E=484172.461); Az 172o26'36" e 90,40 metros até o ponto no LR118
(N=6950757.768, E=484184.350); Az 185o30'12" e 80,10 metros até o ponto no LR119
(N=6950678.037, E=484176.668); Az 171o11'14" e 123,58 metros até o ponto no LR120
(N=6950555.920, E=484195.601); Az 83o56'40" e 72,23 metros até o ponto no LR121
(N=6950563.540, E=484267.426); Az 142o26'38" e 99,57 metros até o ponto no LR122
(N=6950484.604, E=484328.119); Az 201o39'17" e 72,03 metros até o ponto no LR123
(N=6950417.661, E=484301.540); Az 155o39'25" e 39,89 metros até o ponto no LR124
(N=6950381.319, E=484317.983); Az 176o15'53" e 122,79 metros até o ponto no LR125
(N=6950258.790, E=484325.982); Az 254o07'55" e 48,72 metros até o ponto no LR126
(N=6950245.468, E=484279.116); Az 122o51'32" e 65,22 metros até o ponto no LR127
(N=6950210.084, E=484333.898); Az 208o19'26" e 130,36 metros até o ponto no LR128
(N=6950095.330, E=484272.048); Az 270o48'37" e 81,01 metros até o ponto no LR129
(N=6950096.476, E=484191.043); Az 178o00'01" e 115,07 metros até o ponto no LR130
(N=6949981.479, E=484195.058); Az 261o57'49" e 48,19 metros até o ponto no LR131
(N=6949974.742, E=484147.343); Az 175o38'25" e 202,53 metros até o ponto no LR132
(N=6949772.799, E=484162.739); Az 227o03'37" e 118,28 metros até o ponto no LR133
(N=6949692.221, E=484076.148); Az 198o26'38" e 143,93 metros até o ponto no LR134
(N=6949555.687, E=484030.613); Az 224o10'17" e 172,15 metros até o ponto no LR135
(N=6949432.212, E=483910.658); Az 166o14'14" e 124,91 metros até o ponto no LR136
(N=6949310.892, E=483940.374); Az 189o18'25" e 89,61 metros até o ponto no LR137
(N=6949222.462, E=483925.882).
Do ponto no MD074/02, segue-se por cerca confrontando com a área de Nadir Lopes, numa
extensão de 829,91 metros, com os seguintes Azimutes, distâncias e coordenadas; Az 309o46'50" e
67,21 metros até o ponto no 165 (N=6948165.712, E=480018.916); Az 308o53'40" e 304,94 metros até
o ponto no 166 (N=6948357.180, E=479781.581); Az 309o42'35" e 295,35 metros até o ponto no 167
(N=6948545.881, E=479554.367); Az 310o25'20" e 84,34 metros até o ponto no 168 (N=6948600.566,
E=479490.163); Az 310o14'18" e 78,07 metros até o ponto no 0=PP, fechando a referida Poligonal.