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¢ ») Naame! REPUBLICA DE ANGOLA TRIBUNAL SUPREMO ACORDAO Cae PROCESSO n° 1754/14 Na Camara do Civel Administrativo, Fiscal e Aduaneiro do Tribunal Supremo, os Juizes acordam em conferéncia, em nome do Povo: )) RELATORIO Na 3° Secgéio da Sala do Civel e Administrativo do Tribunal Provincial do (vende, SS = ESPOSA (GEE'S, c2sicentes em Luanda, na Rua da QED interp0s ACCAO DE DESPEJO COM PROCESSO COMUM SUMARIO contra TQ residente nesta cidade e Comarca de Luanda, no Qi pedindo que, seja a presente Acgdo ser Julgada Procedente Porque Provada, por via disso, que seja a Ré condenada: a) A despejar imediatamente o imével arrendado, deixando-o devoluto de pessoas e bens; b) A pagar aos Autores as rendas vencidas até & presente data e as vincendas até ao transito em julgado da sentenga que decrete o despejo; c) A pagar aos Autores juros moratérios vencidos e vincendos sobre a quantia em divida desde a data da citagéio da Ré até integral pagamento, a taxa legal que vier a ser fixada nos termos das disposigées conjugadas dos artigos 559° n°1 do Cédigo Civil, na redaceao que Ihe foi dada pela Lei n® 3/03, de 14 de Fevereiro, e do ntimero 3 do Despacho Conjunto dos Ministérios do Planeamento, das Finangas e da Justiga n° 36/03, de 25 de Abril; d) Pagar uma indemnizagéo aos Autores a titulo de Cie indemnizacéo igual ao dobro do que é devido, nos termos do disposto no artigo 1041° do Cédigo Civil; e) Deve ainda ser a Ré condenada no pagamento de custas e procuradoria condigna e demais encargos. Requer-se a citagdo da Ré para Contestar, querendo, no prazo e sob cominacao da Lei, seguindo-se os demais termos até o final Para fundamentar a sua pretensdo, o Autor alega, em sintese, o seguinte: 1. Os Autores sao legitimos proprietérios de uma fracgéio auténoma, correspondente ao prédio urbano com entrada n°S8, Direito, no Bairro Santa Barbara, em Luanda, inscrito na matriz predial urbana sob n° 2718, do 1° Bairro da Reparti¢ao Fiscal de Luanda. 2. Sucede que, em 26 de Abril de 1977, por escrito particular 0 co-autor EEE cic. ic arrendamento a referida fracgdo auténoma a Ré, contrato esse devidamente registado sob n° 467, a {is.27, do Livro 118, do 1° Bairro da Repartiggo Fiscal de Luanda, 3. 0 referido contrato de arrendamento foi feito pelo prazo de um (1) més, renovavel automaticamente por igual periodo de tempo se nenhuma das partes o denunciar por escrito com a antecedéncia minima prevista na Lei nos termos do disposto na cléusula 2* do aludido Contrato. 4. O Contrato referido no artigo anterior foi sucessiva e reiteradas vezes prorragado por igual periodo de tempo, uma vez que nenhuma das partes resolveu pér termo dentro do prazo de antecedéncia nele previsto. 5. Nos termos do disposto na Clausula 3* do Contrato de Arrendamento, foi acordada a renda mensal de Akz 2.000,00 (Dois Mil kuanzas), paga sempre antecipadamente, até ao dia 8 do més a que disser respeito. Be \ 6. Até a presente data a Ré n&o procedeu ao pagamento de Cento e Trés (103) meses de renda, correspondente ao montante total de Akz 206.000,00 (Duzentos e Seis Mil kuanzas). Regularmente citada (fis.21 ) a Re CD ic contestar (fls.22 a 24), sustentando que, (= 41. E verdade que a R. havia firmado contrato de arrendamento com o A. 2. E verdade que havia acordado com o Sr. Anténio José Morais o pagamento de uma renda mensal de Akz 2.000,00. 3. E verdade que em Margo de 2006 recebeu uma carta da Sra. Dra. Fatima Freitas, dando conta de que havia interesse do Sr. > 1@BED 1» resolver extra-judicialmente um litigio que o opunha a R. 4, No 6 verdade que os AA. tenham interpelado a R. para que esta cumprisse com a sua obrigacdo contratual e ndo tenha feito. A verdade @ que o Sr. Morais havia desaparecido, e nunca mais havia dado qualquer sinal de vida. 5. AR. foi confrontada com a Direcgao Provincial da Habitagao por nao pagar as rendas que eram devidas ao Estado. 6. Apresentado o contrato que vinculava a R. e o Sr. Morais, foi alertada que foi enganada, na medida em que 0 prédio ocupado pela R. havia sido confiscado em 1989. 7. © prédio ocupado pela R. nao é 0 que se encontra situado na Rua Santa Barbara, mas sim na Rua Herdis de Mucaba n° 58 registado sob o n° 1389, no 1° Bairro Fiscal, que era pertenca de ED: a. 8. Acontece que o prédio em causa faz esquina com a Rua Herdis da Mucaba e a Rua Santa Barbara e situado no entéo Bairro da Santa Barbara 9. O Sr. Morais, de ma fé pretendeu fazer-se passar por proprietério do imével em que é habitado pela R. 10.Como néo podia deixar de ser, a R. firmou contrato com o Estado a quem pagava rendas e dele adquiriu por compra o referido imével 11.08 AA. no tém legitimidade para vir aqui e agora exigirem o despejo da R. porquanto, a R. no vive num imével pertencente aos AA, mas sim constitui propriedade propria, néo sendo por isso, esta a sede propria para discuss4o desta matéria 12.Possuido a R. um dirsito préprio sobre o imével, no pode dele ser despejado por forga de um contrato de arrendamento que deixou de fazer 16. Qualquer discussao sobre a matéria controvertida devera ser feita em processo proprio. Coneluiu, pedindo: @) A absolvigdo da instancia da R. por falta de legitimidade dos AA e por ter empregue uma forma de processo diferente para resolugéo de contflito. b) A absolvigéo da R. do pedido por néo proceder uma vez que ficou provado que 0 objecto em litigio possui dois titulares diferentes. ©) A absolvigaéo da R. do pedido por insuficiéncia de provas, capaz de afastar 0 direito titulado em posse da R. d) A condenagao dos AA. no pagamento das custas do processo © em Procurago condigna ao mandatario da R. Geant Notificado 0 Autor veio este apresentar a REPLICA (fls.41 a 43), impugnou \ alegando que deve este Tribunal efectuar a percepgo directa dos factos mediante Inspecgéo Judicial, nos termos do disposto no artigo 390° do Cédigo Civil, como expressamente se requer. \ A fls. 47 a 48, observa-se 0 Auto de Inspecgdo Judicial de que resultou eee Relator (a fls. 50 a 51), . Os autores subscreveram 0 Requerimento (a fis. 60 a 62). Seguidamente, 0 Tribunal “a quo” proferiu a SENTENGA (fls.63 a 65), no qual julgou a Acg&o em parte procedente e condenou a Ré a pagar aos AA. as rendas vencidas até a presente data e as vincendas até efectivo pagamento. Inconformado com a deciséo, veio a Ré dela interpér recurso de Apelagao com subida imediata, nos proprios autos ¢ com efeito suspensivo (fis.74). 0 Tribunal “a quo” admitiu 0 recurso com subida imediata nos préprios autos com efeito suspensivo (fls.75). Notificada a Apelante, veio apresentar as Alegagées (fls.89 a 92), formulando as seguintes conclusées A) Os documentos apresentados pelos Recorridos para fundamentar a Acgéo requerida de despejo, foram ilididos pelos correspondentes passados pela Direceao Provincial da Habitagao de Luanda, Contrato de Arrendamento e pela Comisséo Provincial para Venda do Patriménio Habitacional do Estado, o direito de propriedade, por confisco do imével onde a Ré habita hd mais de 30 anos, passados a favor da Recorrente. B) Os Autores na sua Acco néo interpelaram tais instituigées como Rés, 0 que gera a ilegitimidade activa ¢ passiva das partes na Accao. Ce C) Até a presente data ndo se levantou o referido confisco D) A Requerente apresentou tais documentos na e com a contestagao e arguiu as ilegitimidades das partes. E) Os Recorridos no se opuseram, 0 que alias ndo ser facil, porquanto 0 confisco ser um acto da soberania do Estado Angolano, o que nos termos do artigo 490° do CPC, gera em cominagéo serem tais documentos aceites pelos Recorridos. F) O Tribunal “a quo” ndo fez a Especificagéo do processo onde deveria conhecer das ilegitimidades arguidas pela Recorrente. G) O Tribunal ‘a quo" n&o realizou a Sess4o de Discuss4o e Julgamento, para se ter o necessario juizo de certeza. H) O Tribunal “a quo” decidiu violando os artigos 668° e) e 661° n° 1 ambos do CPC, por ter decidido_em matéria_diversa_da_solicitada pelos Recorridos, gerando assim nulidade da decisdo proferida pelo Tribunal. Terminou pedindo, que seja declarada nula e de nenhum efeito a Deciséo do Tribunal “a quo” e ser substituida por outra que; 1. Absolva_a Ré da instancia por nao ter sido dirimida a questo da ilegitimidade das partes, ¢ por a deciséo ser nula por ter violado os dispositivos dos artigos 668° e) e 661° n°1 ambos do CPC. 2. Que se absolva ainda a R6 do pedido porque a Ré ¢ proprietaria de pleno direito do objecto do proceso pelo confisco e venda a si pelo Estado Angolano, e este ser um acto da soberania do Estado Angolano, deixando de existir os fundamentos favordveis aos autores para vir com outra acgdo. Notificados os Apelados (fis.135) vieram estes proceder a jungéio de Contra- Alegagées (fls.141 a 149) concluindo em sintese: oe a x A Apclnte TD 2\292 que o Tribunal ‘a quo’ no apreciou a questéo da ilegitimidade das partes; O Tribunal “a quo” néo realizou Despacho Saneador e no convocou as partes para 0 Necessério acto de discussdio e julgamento e ver arguir a nulidade da douta deciséo do Tribunal "a quo" por alegada condenago da Apelante (— em objecto diverso do pedido . A legitimidade para acgo em causa nestes autos, no se centra na qualidade de “propriet mas sim de “senhorio’, nao relevando, em termos principais, dirimir a questéo da propriedade, sendo certo que, os Autores, aqui Apelados, alegaram a qualidade (de proprietérios e) de senhorios e demonstraram que celebraram um contrato de arrendamento com a Ré, aqui Apelante. Os documentos apresentados pela aqui Apelante para invocar um alegado direito de propriedade sobre 0 locado, foram impugnados pelos aqui Apelados, tendo sido comprovado pelo Tribunal a quo conforme Auto de Inspeceao Judicial constante de fls.47 dos autos e por oficio n® 167/GAB.DPHL/O8 emitido pela Direcgdo Provincial da Habitagao de Luanda a fis.50 dos autos, que se tratavam de iméveis distintos, ou seja, ‘0 imével que aqui a Apelante adquiriu ndo corresponde locado. Pelo que, bem andou o Tribunal “a quo” quando entendeu que a Ré aqui Apelante 6, efectivamente, inquilina do imével que 0 A. pede o despejo. In casu © Tribunal ‘a quo” proferiu uma deciséo de mérito, de acordo com 0 disposto no artigo 510° n®1 alinea c) do CPC, aplicavel ex vi dos artigos 972° e 787° do CPC, em sede de Despacho Saneador, pelo que, no tinha que indicar os factos provados e ndo provados, bastando, para que a fundamentago de facto esteja completa, indicar-se os factos que integram essa matéria, como aliés resulta do douto Despacho Saneador Sentenga ora recorrido. Ga 6. Verifica-se, assim, que o Tribunal ‘a quo” néo omitiu qualquer formalidade/acto, legalmente, exigide, pelo que também quanto a esta matéria néio merece qualquer reparo. 7. Quanto aos pedidos, os Autores, aqui Apelados, efectuaram na sua P.| uma cumulago de pedidos (o que é legalmente admissivel de acordo com 0 artigo 470° do CPC). 8. No douto despacho Saneador Sentenga, 0 Tribunal “a quo” limitou-se em condenar a aqui Apelante no pagamento das rendas vencidas vincendas, contudo ndo condenou a Apelante em objecto diverso do pedido, 9. Concluiu-se, assim, que nao se verifica a violacéo dos artigos 668° alinea e) e 661° n° ambos do CPC, pelo que o Despacho Saneador Sentenga é valido e nao enferma de qualquer nulidade. 10.Em face da fundamentagdo da decisdo proferida pelo Tribunal "a quo” entendem os Apelados que a presente lide deveria ter cominado na condenagaio da aqui Apelante néo sé no pagamento aos aqui Apelados das rendas vencidas e vincendas, como deveria igualmente ter determinado a rescisdo do contrato por falta de pagamento das rendas e, em consequéncia, decretar 0 despejo e a devolugao do locado aos aqui Apelados. 11.Com efeito, mal andou o Tribunal “a quo” quando decidiu na continuidade do contrato de arrendamento, porquanto, a falta de pagamento das rendas pelo inquilino é causa de rescistio do contrato de arrendamento, e consequentemente despejo (salvo se, 0 inquilino a aqui Apelante procedesse ao depésito das rendas em falta, 0 que nao aconteceu) em conformidade com o disposto no Decreto n°43525 de 7 de Margo de 1961, em vigor & data da celebracéo do contrato de arrendamento em causa nestes autos. 12.Consequentemente, deveré o Tribunal “ad quem” manter a deciséo proferida pelo Tribunal a quo e condenar a Apelante nos termos acima Teferidos, ordenando a desocupagao do locado e a entrega do mesmo aos aqui Apelados livre de pessoas e bens. Remetidos ao Ministério Publico, este emitiu 0 seguinte parecer (fls.121 v) “Vi os autos nos termos do art. 707° do CPC e em consequéncia constatei 1. O Autor, ora Apelado nao apresentou qualquer titulo que prove o seu direito de propriedade, mas celebrou contrato de arrendamento com a Ré, Apelante, onde o Autor figura como senhorio. 2. No entanto, julgo que estamos diante de dois iméveis diferentes: o que foi objecto do contrato de arrendamento e o que a Apelante pretende adquirir e de que ja tem titulo de quitagao. 3. O Autor pediu despejo, mas o juiz “a quo” condenou a Ré apenas no pagamento de rendas e custas. Correram os vistos legais. Tudo visto cumpre apreciar e decidir. Il) Objecto do Recurso Sendo 0 Ambito e 0 objecto do recurso, delimitados para além das meras razées de direito e das questées de conhecimento oficioso, pelas conclus6es formuladas pelas partes artigos 660.°, n.° 2, 664.°, 684.°,n° 3.e 691.°, n° 1 @ n° 3, todos do C.P.C emerge, “in casu", como objecto do recurso, saber se: ax (st 1. O Tribunal “a quo” violou ou nao o disposto no n°1 da al. e) do art, 668° do CPC? 2. Devia ou no o Tribunal “a quo” conhecer da ilegitimidade arguida pela ora Apelante? 3. Devia ou ndo o Tribunal “a quo” realizar Sesséio de Discusséo e julgamento? Ill) Fundamentagao O Tribunal “a quo” deu como provados os seguintes factos: A) Que a Ré 6, efectivamente inquilina do imével sito em Luanda, no bairro Santa Barbara n® 50, 1° Andar Direito, inscrito na Matriz Predial Urbana sob 0 n° 2718 do 1° Bairro da Reparti¢ao Fiscal de Luanda. B) Que o referido imével é propriedade dos AA; C) Que a Ré deixou de pagar as rendas desde 1999; D) Que o imével cuja compra a Ré efectuou nao corresponde ao imével que ocupa; Com os factos supra, condenou a Ré no pagamentos das rendas vencidas até presente data e &s vincendas até efectivo pagamento. Condenou, ainda nas custas e procuradoria condigna e demais encargos. Apreciagao, Passando a apreciagao das questées objecto do Recurso importa verificarmos 0 seguintes: 1. O Tribunal “a quo” violou ou no © disposto no n°1 da al. e) do art. 668° do CPC? 10 Gas a A Apelante concluiu que apresentou os documentos tais como 0 Contrato de Arrendamento celebrado com a Direcgdo Provincial de Habitagéo de Luanda, sob 0 n° 1178/DNGAW/02, de 3 de Setembro; Termo de Quitagao n? 717/03 de 04 de Dezembro de 2003 da Comiss&o Nacional para Venda do Patriménio Habitacional do Estado, todos a favor da Ré, tendo por objecto o imével situado (Gen @ Rua Heréis de Mucaba n? 58, 1° andar, bairro Kinanga, Zona n°, Ingombota em Luanda onde reside hé mais de trinta (30) anos; (.) Que 0 Tribunal “a quo” decidiu de forma diversa do pedido dos AA, ora Apelados porquanto estes pediram a Cessacéo do Contrato de Arrendamento e a_entrega do imével livre de pessoas @ bens e o Tribunal decidiu pela continuidade do contrato de Arrendamento, devendo a ora Apelante liquidar as rendas consideradas em divida, acrescido de um valor como indemnizagao. E nosso o negritado. Assistirthe-A razAo? Vejamos: A presente Acco foi registada e autuada como — Acgao de despejo — Proceso Sumario, cuja causa de pedir 6 a falta de pagamentos de rendas, & data, Cento @ Trés (103) meses de rendas e a data correspondia a Akz. 206.000,00, (Duzentos e Seis Mil Kwanzas) isto aos 21 de Abril de 2006, data da propositura da presente Acgéo. Pediu, atendendo a causa de pedir “despejar imediatamente o imével arrendado, deixando-o devoluto de pessoas e bens (...)” entre outros pedidos. 0 Tribunal “a quo" sem qualquer fundamentago factual e legal julgou a Acgo ‘em parte procedente @ condenou a Ré a pagar aos AA as rendas vencidas até 1 CA ., & presente data e as vincendas até ao efectivo pagamento. Condenou, ainda no pagamentos nas custas e procuradoria condigna e demais encargos. Ora, Preceitua a al. e) do n°1 do art. 668° do CPC que “ Que a Sentenga é nula: (.) () (.) (.) al. @) Quando condene em quantidade superior ou em objecto diverso do pedido, Trata-se de um normativo que nos conduz, directo ¢ imediatamente para o que estabelece o artigo 661° do CPC, norma reguladora dos limites da condenagao a0 dispor que * 1. A sentenga néo pode condenar em quantidade superior ou em objecto diverso do que se pedir (..) A aludida Deciso recorrida é, flagrantemente, violadora do que fixa 0 artigo 661° do CPC. Tribunal “a quo" no s6, foi para além do pedido como condenau em objecto diverso do que se pediu Como elemento identificador da Acc&o o pedido é, na terminologia do 0 efeito juridico que se pretende obter da Acgéio” ao passo que a causa de pedir, de acordo com a teoria da substanciagdo, 6 facto juridico genérico do direito, ou seja 0 acontecimento concreto, correspondente a qualquer “fattispecie” juridica que a Lei admita como criadora de Direito, (Cir. Anselmo de Castro, Ligbes de Processo Civil, |, 1979, Pag. 366). De resto, 0 Principio do pedido tem consagragao inequiveca na nossa lei processual, n°1 do art. 3° do CPC *O Tribunal nao pode resolver o conflito de 12 aye interesses que a acgéio pressupée som que a resolugao Ihe seja pedida por uma das partes e a outra seja devidamente chamada para deduzir oposig&o. No caso conereto os AA expuseram claramente a causa de pedir e 0 pedido, no qual a Ré, ora Apelante apresentou oposigao. Ora, surpreendentemente, o Tribunal “a quo” em vez de apreciar e julgar factos que as partes levaram em dissidio (cada uma das partes em defesa do suposto direito de propriedade sobre o mesmo imével), foi para além da acusa de pedir, do pedido e da oposigéo — considerando os AA proprietarios (sem o minimo de fundamentagdio factual e legal) e, colocou a Ré, que alega ser proprietéria do imével em que habita e, que alega ter adquirido do Estado, na posigéo de arrendataria com as rendas vencidas e vincendas, ( também aqui sem qualquer fundamentaco factual e legal Ora, O Juiz esta vinculado ao dever de fundamentagéio das decisdes, art. 158° do CPC; Respeitando os limites estabelecidos artigos 661° do CPC e, atendendo, sempre 0 principio do pedido disposto no n° do art. 3° do CPC. Embora nao conste como objecto do Recurso mas aqui fica chamada de atengao a titulo didactico 0 facto de que a Decisao recorrida pela falta de quaisquer fundamento legal violou o Principio da Fundamenta¢ao, legitimadora das Decisées proferias pelos Tribunais e consagrado na Constituigéo da Republica de Angola, vide art. 177°. Violou, ainda, o disposto no art. 158° e, parte final do n°2 do art. 659° ao proferir a ‘Sentenga sem aplicagao da lei aos factos. Negritado nosso. Face aos acima expendido mal andou o Tribunal “a quo’ ao decidir como decidiu. Procedem, por isso, os argumentos trazidos pela ora Apelante e, em consequéncia declara-se nula a Decisao recorrida 13 Or Contudo e nos termos do art. 715° do CPC esta instancia nao deixaré de conhecer 0 objecto da presente Apelagdo, tomando-se despicienda o conhecimento das restantes questées objecto do Recurso. Dos Autos resultam os seguintes factos: A) Os AA celebraram com a Ré Contrato de Arrendamento sobre a moradia situada no seu prédio no Bairro de Santa Barbara n° 58, 1° Direito, isto no ano de 1977, aos 26 de Abril, vide Doc. a (fis. 11 a 12); B) A Ré6 sustenta que, é verdade que havia firmado contrato de Arrendamento com 0 AA; C) Que é verdade que havia acordado com 0 AA o pagamento de uma renda mensal de Akz. 2000,00; D) Que é verdade que em Margo de 2006 recebeu uma carta da senhora Doutora Fatima Freitas dando conta de que havia interesse do Senhor Anténio José Morais em resolver extrajudicialmente um Ii que o opunha a R E) Que nao 6 verdade que os AA tenham interpelado a Ré para que esta comprimisse com a sua obrigacao e nao tenha feito. F) Que a verdade é que p Senhor Morais havia desaparecido, e nunca mais havia dado qualquer sinal de vida; G) Que a Ré foi confrontada pela DPH por ndo pagar as rendas que eram devidas ao Estado; H) Que mostrou 0 Contrato que a vinculava aos RR e foi alertada de que prédio havia sido confisco em 1989, constante do Diario da Republica n° 21 de 3 de Junho; 4 !) Que 0 prédio ocupado pela Ré nao 6 0 que se encontra situado na Rua Santa Barbara, mas sim na Rua Heréis de Mucaba n° 58, registado sob 0. n° 1389, no 1° Bairro Fiscal, que era pertenga de Sam J) Que os AA, de ma fé pretenderam passar por proprietarios do imével onde a Ré habita; ene K) Que a Ré firmou Contrato com a DPH; L) Que os AA no tém legitimidade para exigir o Despejo da R. porquanto a Ré no vive num imével pertencente aos AA mas sim propriedade propria, néo sendo por isso esta a sede propria para discussdo desta matéria; M) Juntou parte da cépia do DR. que confiscou o Prédio urbano situado na Rua Herdis de Mucaba n°58, nesta cidade, inscrito na Matriz Predial da Repartiggéo de Finangas do 1° Bairro Fiscal sob 0 n° 1389, cujo proprictic @ i : : EDs, 1. 20; NN) Juntou, ainda, contrato de arrendamento, vide doc. a fis. 30 a 32; Q) Juntou o Termo de Quitagao, a fis. 33; P) Foi realizada a Inspecgao Judicial; Q) A Direcgao Provincial de Habitagéo, DPH, prestou as informagées que podem ser observadas a fls. 50 e 51; Apreciando, 4. E ou nao a Ré parte legitima na presente Acco? 15 C

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