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ANOTAÇÃO AO ACóRDÃO DO
TRIBUNAL CONSTITUCIONAL N.º 396/2011
Processo n.º 72/11
Plenário
Acordam, em Plenário,
no Tribunal Constitucional
I — RELATÓRIO
1. Requerente e pedido
«CAPÍTULO III
Disposições relativas a trabalhadores do sector público
SECÇÃO I
Disposições remuneratórias
Artigo 19.º
Redução remuneratória
Artigo 20.º
Alteração à Lei n.º 21/85, de 30 de Julho
“Artigo 32.º-A
Redução remuneratória
1 — As componentes do sistema retributivo dos magistrados,
previstas no artigo 22.º, são reduzidas nos termos da lei do Orça-
mento do Estado.
2 — Os subsídios de fixação e de compensação previstos nos
artigos 24.º e 29.º, respectivamente, equiparados para todos os
efeitos legais a ajudas de custo, são reduzidos em 20 %.”
Artigo 21.º
Alteração à Lei n.º 47/86, de 15 de Outubro
É aditado ao Estatuto do Ministério Público, aprovado pela
Lei n.º 47/86, de 15 de Outubro, o artigo 108.º-A, com a seguinte
redacção:
“Artigo 108.º-A
Redução remuneratória
1 — As componentes do sistema retributivo dos magistrados,
previstas no artigo 95.º, são reduzidas nos termos da lei do Orça-
mento do Estado.
2 — Os subsídios de fixação e de compensação previstos nos
artigos 97.º e 102.º, respectivamente, equiparados para todos os
efeitos legais a ajudas de custo, são reduzidos em 20 %.”».
1232 TRIBUNAL CONSTITUCIONAL
2. Fundamentos do pedido
«A) introdução
4. Memorando
II — FUNDAMENTAÇÃO
Aí se pode ler:
«Uma medida como a da redução remuneratória só é adoptada
quando estão em causa condições excepcionais e extremamente
adversas para a manutenção e sustentabilidade do Estado Social.
Não se pretende instituir qualquer tipo de padrão ou retrocesso
social, mas sim assegurar a assumpção das responsabilidades e dos
compromissos do Estado português, quer internamente, conti-
nuando a prestar um serviço público de qualidade, quer internacio-
nalmente, desde logo na esfera da União Europeia, no quadro do
Pacto de Estabilidade e Crescimento».
Estando estas medidas instrumentalmente vinculadas à conse-
cução de fins de redução de despesa pública e de correcção de um
excessivo desequilíbrio orçamental, de acordo com um programa
temporalmente delimitado, é de atribuir-lhes idêntica natureza
temporária, nada autorizando, no presente, a considerar que elas se
destinam a vigorar para sempre. Independentemente dos juízos e
dos cálculos previsionais, do ponto de vista económico-financeiro,
quanto à evolução das contas públicas e à possibilidade de conten-
ção do défice orçamental nos limites e na data fixados — matéria
de que é inarredável um forte grau de subjectividade — o certo é
que não se visiona, no momento actual, qualquer base normativa
que objectivamente permita dar por assente que as reduções remu-
neratórias perdurarão indefinidamente.
9. Princípio da igualdade
são igualmente pagos com dinheiros públicos e que não foram atin-
gidos por uma idêntica medida”.
Dada a abrangência do universo dos trabalhadores incluídos
na redução remuneratória, são certamente limitadas as situações de
trabalhadores que sejam pagos por dinheiros públicos e não
tenham sido abrangidos pela medida.
Na verdade, esta medida abarca todo o perímetro da Adminis-
tração Pública (entendida no seu conceito mais lato), incluindo
nomeadamente, nos termos das alíneas p), s), t) e u) do n.º 9 do
artigo 19.º, da lei do Orçamento do Estado, os gestores públicos, ou
equiparados, os membros dos órgãos executivos, deliberativos,
consultivos, de fiscalização ou quaisquer outros órgãos estatutários
dos institutos públicos de regime geral e especial, de pessoas colec-
tivas de direito público dotadas de independência decorrente da sua
integração nas áreas de regulação, supervisão ou controlo, das
empresas públicas de capital exclusiva ou maioritariamente
público, das entidades públicas empresariais e das entidades que
integram o sector empresarial regional e municipal, das fundações
públicas e de quaisquer outras entidades públicas; os trabalhadores
dos institutos públicos de regime especial e de pessoas colectivas
de direito público dotadas de independência decorrente da sua inte-
gração nas áreas de regulação, supervisão ou controlo; os trabalha-
dores das empresas públicas de capital exclusiva ou maioritaria-
mente público, das entidades públicas empresariais e das entidades
que integram o sector empresarial regional e municipal, com as
adaptações autorizadas e justificadas pela sua natureza empresarial;
e, ainda, os trabalhadores e dirigentes das fundações públicas e dos
estabelecimentos públicos não abrangidos pelas alíneas anteriores.
Ficam exceptuadas da medida as pessoas que aufiram menos
de 1500 euro. Mas, quanto a estas, não se pode considerar que haja
uma violação do princípio da igualdade. Na verdade, o princípio da
igualdade determina que se trate de forma igual o que é igual e de
forma diferente o que é diferente na medida da diferença. Ora a
situação das pessoas que auferem remunerações mais baixas é dife-
rente da situação das pessoas que auferem remunerações mais altas.
E é diferente muito em especial para efeitos de redução salarial. De
facto, os efeitos negativos de uma redução salarial sentem-se de
1266 TRIBUNAL CONSTITUCIONAL
III — DECISÃO
DECLARAÇÃO DE VOTO
DECLARAÇÃO DE VOTO
J. Cunha Barbosa
DECLARAÇÃO DE VOTO