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Um fato alarmante é que estes conceitos, na maioria das vezes, nos são

passados por nossos pais, avós, e parentes muito próximos – pessoas


que deveriam nos proteger, que confiamos plenamente, são justamente
aquelas que causam as feridas mais profundas em nosso coração. No
momento em que o menino espera ouvir do pai: “meu valentão, vai lá,
você vai conseguir, você é bom nisso!”, o pai se cala e ele passa o resto
da vida tentando descobrir se é um homem de verdade, ou um rato, como
muitas vezes foi chamado. E esta ferida da insegurança vai sangrar por
toda a sua vida.

Todos nós temos duas identidades: uma natural (representada pelas


informações em nosso RG) e uma espiritual (o que somos de fato diante
de Deus). Em Nm 13 vemos um bom exemplo de pessoas no povo de
Deus com problemas sérios em sua identidade espiritual. Moisés envia 12
príncipes a Canaã, selecionando o homem mais bem preparado de cada
tribo, a fim de espiar a terra que Deus havia prometido a eles. Todos os 12
ficaram maravilhados com a região, com a qualidade dos frutos
produzidos, confirmando que da terra realmente manava leite e mel, como
Deus havia falado. Josué e Calebe estavam animados em possuir a terra,
confiando em Deus, mas os outros dez espias chegaram a conclusões
totalmente opostas:

Josué e Calebe – diante das dificuldades, tinham consciência de sua


identidade espiritual, que Deus estava do lado deles e, mesmo sendo
mais fracos que o inimigo, venceriam todas as batalhas (Nm 13:26-30)

Os 10 espias – sentiam-se como gafanhotos diante dos inimigos e


inflamaram todo o povo para recuar (31-33)

Jesus veio para que tivéssemos não somente vida, mas vida em
abundância (Jo 10:10). A vida equivale a sair do Egito, ao perdão dos
pecados, a nossa salvação. Mas vida em abundância tem a ver com
nossa entrada em Canaã, com uma vida de vitórias, cheia do Espírito
Santo, com a plenitude, com tomar posse de todas as promessas de Deus
para o seu povo. Mas para isso enfrentaremos dificuldades, teremos que
guerrear, derrotar os gigantes que estão em nosso caminho. Mas muitos
de nós estamos nos sentindo como gafanhotos e estão amedrontados.
Outros se sentem mais inferiores ainda e não querem avançar. Já ouvi
histórias de pessoas que fazem parte da liderança de igrejas que não
gostam de expulsar demônios por medo do que estes possam lhes fazer.
São como gafanhotos diante dos demônios e dificuldades e esquecem
que quando o homem foi criado, a guerra já havia começado. Nossa
decisão não é se vamos entrar ou não nesta guerra – já estamos nela!
Precisamos decidir apenas se vamos ganhar ou perder.

O apóstolo Paulo orava pelos efésios para que fossem “iluminados os


olhos do vosso entendimento e Deus, o Pai da Glória, vos dê espírito de
sabedoria e de revelação” (Efésios 1:16-18). O nosso problema não é que
não estamos em Cristo; é que não vemos, não percebemos, não temos
revelação, não temos consciência do que somos e recebemos de Deus,
nosso Pai. Sem este entendimento, não experimentamos a liberdade e a
frutificação plena intrínseca à nossa verdadeira identidade espiritual em
Cristo, expressa em sua Palavra:

 Efésios
1:3 – Deus já nos abençoou com todas as bençãos espirituais
nas regiões celestiais em Cristo – já fomos abençoados, Deus já
nos deu tudo o que precisamos (note que o verbo está no
passado, algo que já foi feito);
1:4 – nos elegeu em Cristo antes da fundação do mundo –
antes de nascermos na Bahia, São Paulo ou Rio de Janeiro,
estávamos em Cristo; esta é a nossa verdadeira origem; temos
o sangue espiritual, somos cidadãos dos céus!
1:5 – nos predestinou para sermos seus filhos – Deus é o nosso
verdadeiro pai, ele nos adotou em sua família; estamos ficando
até parecidos com ele…
1:12 – nos predestinou para que fosse glorificado por nós; não
fomos criados para pecar, para fracassar; a vitória está em
nossa natureza;
2:6 – nos ressuscitou com Cristo e nos fez assentar em lugares
celestiais – o velho homem já morreu, somos nova criatura, e
estamos em lugares celestiais; não podemos lutar contra a
carne ou sangue, pois a nossa luta não é no campo natural,
mas no espiritual;
 Romanos
5:20 – onde abundou o pecado superabundou a graça
6:6 – nosso velho homem já foi crucificado
6:14 – o pecado não terá domínio sobre nós
8:31 – se Deus é por nós, quem será contra nós?
8:35 – quem nos separará do amor de Cristo?
8:37 – somos mais que vencedores
16:20 – Deus esmagará Satanás debaixo dos nossos pés –
podemos até ter nojo ou medo de baratas, mas se for demônio,
podemos pisar, esmagar!

Por isso não devemos nos sentir como gafanhotos. Alguns de nós se
sentem até menores, como uma pulga que fica no gafanhoto. Essa não é
a nossa identidade em Cristo. Aleluia!

Para concluir, todos nós temos traumas e feridas profundas, manias,


restrições e muitas dificuldades relacionadas com nossa origem, nossa
condição financeira, com a maneira pela qual fomos educados. Mas o que
temos em Cristo é maior e mais verdadeiro do que o nossa identidade
natural, pois já estávamos nele antes da fundação do mundo. E é assim
que nós vamos vencer: em Cristo! Persegui os meus inimigos, e os
alcancei, e só voltei depois de haver dado cabo deles. Esmaguei-os a tal
ponto, que não puderam levantar-se; caíram sob meus pés (Sl 18:37-38).

Mas só o fato de nos convertermos, não quer dizer que temos a nossa
identidade restaurada. Deus, o nosso Pai, quer nos livrar de todo
trauma,toda ferida causada em nossa alma, nos dar um novo nome, como
é prometido em Apocalipse (2:17): Ao vencedor, lhe darei uma pedrinha
branca, e sobre essa pedrinha escrito um nome novo, o qual ninguém
conhece, exceto aquele que o recebe. E como escreveu John Eldredge
em “Coração Selvagem” (Editora CPAD), esse nome novo apenas no
sentido de não ser o nome que o mundo nos deu e certamente não é
aquele que recebemos com a ferida. Nenhum homem encontrará escrito
naquela pedra “filhinho da mamãe” ou “fofinho” ou “gaivota”. Mas o novo
nome não é absolutamente novo enquanto você não entende que ele é o
seu verdadeiro nome, aquele que lhe pertence, aquele que o Senhor tinha
reservado para você em seu pensamento quando começou a formá-lo
como uma criança, e que ele conservou durante o longo processo da
criação e redenção.

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