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Contexto histórico e político das mudanças

climáticas no Brasil – análise e caminhos


para o AGORA

Volume 2
Mudanças Climáticas,
Cidades e Urbanização
Contexto histórico e político das mudanças climáticas
no Brasil – análise e caminhos para o AGORA

Volume 2
Mudanças Climáticas,
Cidades e Urbanização

2023
Contexto histórico e político das mudanças climáticas
no Brasil – análise e caminhos para o AGORA
MUDANÇAS CLIMÁTICAS, CIDADES E URBANIZAÇÃO

Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais - redeclima.cemaden.gov.br

Sumário
COORDENADOR VICE-COORDENADOR
Moacyr C. Araújo Filho (UFPE) Jean Pierre Henry Balbaud Ometto (INPE)

Sub-redes temáticas ZONAS COSTEIRAS

5
Coordenadores: Alexander Turra (USP) Margareth Copertino
AGRICULTURA
Coordenadores: Renato de Aragão Ribeiro Rodrigues (UFF) e
(FURG) Apresentação
Stoécio Malta Ferreira Maia (IFAL)

BIODIVERSIDADE E ECOSSISTEMAS
Coordenadores: Lauro Barata (UFOPA) e Mariana Moncassim
Projetos Integrativos
SEGURANÇA HÍDRICA, ALIMENTAR E ENERGÉTICA
9 A Rede Clima

13
Vale (UFRJ) Coordenadores: Eduardo Delgado Assad, Enio Bueno Pereira,

CIDADES E URBANIZAÇÃO
Francisco de Assis Souza Filho e Stoécio Malta Maia
A sub-rede Cidades e Urbanização
Coordenadores: Alisson Barbieri (UFMG) e Gilvan Guedes (UFMG) SEGURANÇA SOCIOAMBIENTAL
Coordenadores: Marcel Bursztyn e Saulo Rodrigues Filho Introdução
DESASTRES NATURAIS
Coordenadoras: Regina Alvalá (Cemaden) e Regina Rodrigues (UFSC) O conteúdo desta publicação foi editado e organizado a As atividades da sub-rede
partir dos textos, informações e imagens submetidos pelos

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DESENVOLVIMENTO REGIONAL pesquisadores Alisson Flávio Barbieri, Gilvan Ramalho
Coordenadores: Marcel Bursztyn (UnB) e Saulo Rodrigues Filho Guedes, Isac Correia, Richard Eustáquio Moreira, Flavia Destaques científicos
(UnB/Embratur) Witkowski Frangetto e Gustavo Luedemann.
Pesquisas realizadas e suporte à construção de
ECONOMIA PROJETO EDITORIAL, ORGANIZAÇÃO, ELABORAÇÃO,
Coordenadores: Edson Paulo Domingues (UFMG) e Eduardo EDIÇÃO, PREPARAÇÃO DE TEXTOS E REVISÃO políticas de adaptação
Haddad (USP) ORTOGRÁFICA E GRAMATICAL

ENERGIAS RENOVÁVEIS
Coordenador: Marcos Aurélio Vasconcelos de Freitas (UFRJ)
Ana Paula Soares e Erica Menero

REVISÃO TÉCNICA
22 Principais resultados, contribuições e impactos
MODELAGEM CLIMÁTICA
Alisson Flávio Barbieri, Gilvan Ramalho Guedes, Flavia com base nos objetivos gerais da Rede Clima
Witkowski Frangetto e Gustavo Luedemann
Coordenadores: Lincoln Muniz Alves (INPE) e Silvio Nilo Grandes aglomerados urbanos: o caso de Belo
Figueroa Rivero (INPE) DESIGN GRÁFICO E CAPA
Magno Studio Horizonte
OCEANOS
Coordenadores: Leticia Cotrim da Cunha (UERJ) e Moacyr Cunha DIAGRAMAÇÃO Cidades médias: o caso de Governador Valadares
de Araújo Filho (UFPE) Gabriel Sá
Relações entre pequenas cidades e o Semiárido: o
POLÍTICAS PÚBLICAS APOIO INICIAL
Coordenadores: Gustavo Luedemann (Ipea) e Karen Silverwood Tainá de Luccas caso do Seridó Potiguar
(Governo Federal)
FOTO DA CAPA Assentamentos urbanos e sustentabilidade nas
RECURSOS HÍDRICOS iStockphoto
Coordenador: Francisco de Assis Souza Filho (UFC)
regiões metropolitanas brasileiras: desafios para a
Sedes construção de políticas públicas
SAÚDE

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Coordenadores: Christovam Barcellos (Fiocruz) e Sandra Hacon Centro Nacional de Monitoramento e
(Fiocruz) Alertas de Desastres Naturais Caminhos para o AGORA
SERVIÇOS AMBIENTAIS DOS ECOSSISTEMAS Estrada Doutor Altino Bondesan, 500 - Eugênio de Melo
Coordenador: Philip Martin Fearnside (INPA) 12247-016 - São José dos Campos - SP - Brasil Passado, presente e futuro da sub-rede Cidades e
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais Urbanização: contribuições à agenda científica e às
USOS DA TERRA
Avenida dos Astronautas, 1758 - Jardim da Granja,
Coordenadores: Jean Ometto (INPE) e Mercedes Bustamante (UnB)
12227-010 - São José dos Campos – SP - Brasil políticas de adaptação

Ficha Catalográfica. Elaborada por Cíntia Cássia Soares – CRB 8848 / 8R Contribuição sobre políticas públicas

R249m 73 Publicações vinculadas à sub-rede Cidades e


Rede Clima. Urbanização
Mudanças climáticas, cidades e urbanização – volume 2 /
Rede Clima. – São José dos Campos, SP: CEMADEN, 2023. Artigos completos publicados em periódicos
91p. : il. ; PDF. Livros e capítulos de livros
(15 anos da Rede Clima: contexto histórico e político das
mudanças climáticas no Brasil – análises e caminhos para o 79 Referências
agora , v.2).

ISBN: 978-65-84510-13-5

1.Mudanças Climáticas – Brasil. 2.Meio Ambiente e


Planejamento Urbano - Brasil. I. Título.
CDU:502/504(81)
CDD:577(81)

Sugestão de citação:
BARBIERI, A. F.; GUEDES, G. R.; CORREIA, I.; MOREIRA, R. E.; WITKOWSKI, F.; LUEDEMANN, G. 15 anos da Rede Clima: contexto histórico e
político das mudanças climáticas no Brasil – análises e caminhos para o agora. V.2. Mudanças Climáticas, Cidades e Urbanização. São José dos
Campos, SP, Brasil: Cemaden, 2023.
Amazônia/iStockphoto

Apresentação
P
ensar cidades, urbanização e natureza como elementos visceralmente associados cons- com os desafios associados às mudanças climáticas. Adota para tanto contextos de urbanização

titui-se não só em um salto de qualidade na compreensão e ação sobre os processos de em três escalas espaciais – a grande metrópole, as cidades de porte médio e as pequenas cidades

produção e apropriação do espaço, como configura-se como a utopia possível de futuro associadas aos seus entornos - para as quais são apresentados interessantes estudos de caso,

para a sociedade e seus territórios. respaldados por consistentes pesquisas empíricas e documentais.

Não é mais possível conceber a urbanização desvinculada dos metabolismos da natureza im- Tal perspectiva vem moldando as opções conceituais e metodológicas adotadas pela sub-rede

plícitos nos movimentos das águas, do clima, das terras com seus relevos, vegetações, geologia, Cidades e Urbanização ao longo dos últimos quinze anos, definindo também sua interação com

topografia, serras, paisagens naturais e culturais. Igualmente não é tolerável pensar na extrema as demais sub-redes da Rede Clima. Trata-se não só de um desafio face às mudanças climáticas,

desigualdade e vulnerabilidade socioambiental que marcam nossa urbanização, que negam di- mas também um desafio conceitual e epistemológico, ao associar o modus operandi e os pressu-

reitos, consolidam preconceitos e estigmas de toda ordem, associados ao acesso desigual à terra postos das ciências sociais, das geociências e das ciências ambientais de forma ampla. Um exer-

e à moradia, à urbanidade constitutiva da cidade, às políticas públicas, à alimentação adequada, cício de transdisciplinaridade motivado pelo objeto - a urbanização - e seu contexto, que nesta

ao saneamento e à saúde, à educação e à cultura, às oportunidades de forma geral. publicação se materializa, entre outras dimensões, pela formulação de estratégias de redução da
vulnerabilidade - social e ambiental -, bem como por diretrizes amplas para o enfrentamento da
Esse duplo processo de despossessão, social e natural, que marca a sociedade e o território bra- questão em toda sua complexidade.
sileiros de forma contundente, se agrava e se manifesta de forma bastante diferenciada face aos
cada vez mais frequentes eventos extremos e mudanças ambientais, entre elas as climáticas, Imprescindível apontar a relevância da discussão aqui proposta, ao associar novas questões de

motivando perdas irreparáveis, bem como respaldando propostas de enfrentamento via políticas âmbito global ao conhecido e muito pouco enfrentado passivo socioambiental da urbanização

públicas e, por que não, também via iniciativas privada e de base comunitária, essas últimas cada brasileira. Trata-se de um convite urgente à ampliação, ao aprofundamento e à necessária radi-

vez mais relevantes na produção de respostas e estratégias locais. Nessa perspectiva, questões calização do debate que, a meu ver, devemos todos aceitar.

associadas a diversas escalas espaciais, do local ao global, compõem a pauta do debate. Boa leitura!

O livro que ora se apresenta parte, a meu ver, dessa abordagem da multiplicidade de situações, re- Heloisa Costa
conhecendo e incorporando a diversidade da urbanização e o combate às muitas desigualdades. IGC/UFMG
O texto busca abordar as dinâmicas urbanas e ambientais em suas relações também variadas

7
Amazônia/iStockphoto

A Rede Clima
A
Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais – Rede Clima, como O posicionamento da Rede Clima como organização-chave no subsídio de informações à tomada
iniciativa do atual Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) (à época Ministé- de decisão do governo federal se evidencia, também, em ações relacionadas: (a) à elaboração do In-
rio da Ciência e Tecnologia), através da Portaria nº 728, de 20 de novembro de 2007, foi ventário Nacional de Gases de Efeito Estufa (GEE); (b) à elaboração do Plano Nacional de Adaptação
idealizada tendo como objetivo principal a geração e disseminação de conhecimentos sobre as à Mudança do Clima (PNA); (c) ao desenvolvimento, atualização e verificação das metas assumidas
mudanças climáticas globais, incluindo a produção de informações para formulação de políticas no Acordo de Paris (NDC); (d) à avaliação de vulnerabilidade e riscos às mudanças ambientais e cli-
públicas, além de dar apoio à diplomacia brasileira nas negociações internacionais sobre o tema. máticas dos diferentes biomas brasileiros e de áreas específicas; (e) à participação como membro
Em 2009, foi incluída como um instrumento de implementação da Política Nacional sobre Mu- da Rede Internacional de Centros de Excelência e Think Tanks para a Capacitação sobre Mudanças
dança do Clima (PNMC), previsto no artigo 7º da Lei nº 12.187/2009. Climáticas (The International Climate Change Centre of Excellence and Think Tanks for Capacity Building -
INCCCETT 4CB); (f) à parceria científica estabelecida com o InterAmerican Institute for Climate Change
Nesse contexto, a Rede Clima tem como objetivos específicos: (i) gerar e disseminar conhecimentos
Research (IAI) (g) à sua inclusão (e do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas - PBMC) como or-
e tecnologias para que o Brasil possa responder aos desafios representados pelas causas e efei-
ganismos nacionais responsáveis por subsidiar o Fórum Brasileiro de Mudança do Clima (FBMC),
tos das mudanças climáticas globais; (ii) gerar cenários futuros globais e regionais de mudanças
conforme Decreto n° 9.082, de junho de 2017; (h) à contribuição ao Plano de Ação em CT&I para
climáticas através de técnicas de modelagem do sistema terrestre; (iii) produzir dados e informa-
o Clima, o qual servirá de base para a melhoria do Plano Plurianual, através da revisão das metas;
ções necessárias ao apoio da diplomacia brasileira nas negociações sobre o regime internacional
(i) à colaboração e participação no processo de implementação no Brasil dos Objetivos de Desen-
de mudanças do clima; (iv) realizar estudos sobre os impactos das mudanças climáticas globais e
volvimento Sustentável (ODS); (j) à contribuição para atualização Inventário Nacional de Emissões
regionais no Brasil com ênfase nas vulnerabilidades do País às mudanças climáticas; (v) estudar
de Gases de Efeito Estufa – Setor Agricultura e Energia (sub-redes de Agricultura e Energias Re-
alternativas de adaptação dos sistemas sociais, econômicos e naturais do Brasil às mudanças cli-
nováveis, respectivamente); (k) à participação e elaboração dos textos relacionados às mudanças
máticas; (vi) pesquisar os efeitos de mudanças no uso da terra e nos sistemas sociais, econômicos
climáticas para Diagnóstico Brasileiro sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, que vem
e naturais nas emissões brasileiras de gases que contribuem para as mudanças climáticas globais;
sendo elaborado pelo Painel Brasileiro de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos – BPBES; e (l)
(vii) contribuir para a formulação e acompanhamento de políticas públicas sobre mudanças climá-
às contribuições com o Ministério do Meio Ambiente no capítulo de Biodiversidade e Ecossistemas
ticas globais no âmbito do território brasileiro; (viii) contribuir para a concepção e a implementação
do Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima; às contribuições e parcerias com o Instituto
de um sistema de monitoramento de alertas de desastres naturais para o país; (ix) realizar estudos
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade na avaliação da vulnerabilidade de unidades de
sobre emissões de gases de efeito estufa em apoio à realização periódica de inventários nacionais
conservação frente às mudanças climáticas; participando como ator-chave nas discussões sobre
de emissões de acordo com o Decreto nº 7.390 de 9 de dezembro de 2010; (x) promover a integra-
International Linking Climate Change and National Accounting – capitaneadas pelo PNUD, IPEA, IBGE, e
ção das pesquisas realizadas pelas sub-redes da Rede Clima de forma transversal; (xi) contribuir
outros órgãos da administração pública brasileira.
para a concepção e implementação de sistemas observacionais para detecção de impactos das mu-
danças climáticas, atribuição de suas causas e de seus efeitos nos sistemas humanos e naturais; e Outra importante contribuição da Rede Clima foi à coordenação e outras atividades científicas
(xii) apoiar os trabalhos do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas. relacionadas à elaboração da 4ª Comunicação Nacional para UNFCCC (4CN). E, por solicitação
do MCTI, a Rede Clima coordenará cientificamente a elaboração da 5ª Comunicação Nacional do
A Rede Clima envolve dezenas de grupos de pesquisa em universidades e institutos. Estas estão dis-
Brasil à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (5CN).
tribuídas nas diversas regiões do país, o que provê capilaridade para a Rede, assim como potencializa
a transferência e a difusão das informações geradas. Está estruturada em 15 sub-redes temáticas, a No início de 2023, vinculado à Rede Clima, houve a aprovação e implantação do SiMAClim -
saber: Agricultura, Biodiversidade e Ecossistemas, Cidades e Urbanização, Desastres Naturais, De- Centro de Síntese em Mudanças Ambientais e Climáticas (https://simaclim.com.br/), que vai gerar
senvolvimento Regional, Economia, Energias Renováveis, Modelagem Climática, Oceanos, Políticas informações e preencher lacunas de conhecimento científico nacional criteriosamente identifi-
Públicas, Recursos Hídricos, Saúde, Serviços Ambientais dos Ecossistemas, Usos da Terra e Zonas cadas. O projeto, estruturado pela área de clima do MCTI, será implementado pela Rede Clima a
Costeiras. Também desenvolve pesquisas transversais, por meio de projetos integrativos, tais como: partir da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Segurança Hídrica, Alimentar e Energética (PI SHAE) e Segurança Socioambiental (PI SSA).
Em meados de 2023, a Rede Clima assume assento no Comitê Interministerial sobre Mudança do
Em dezembro de 2021, através da Portaria MCTI nº 5.434, foi determinado que a Rede Clima, Clima (CIM). A ação foi formalizada em decreto presidencial (Decreto nº 11.550, de 5 de junho de
dentre outras finalidades, passaria também a subsidiar o planejamento do Estado com relação 2023), com o objetivo de aproximar a ciência dos tomadores de decisão e contribuir para a defini-
às demandas sobre as mudanças climáticas, em especial aquelas relacionadas aos estudos de ção das políticas públicas. O CIM é a instância responsável por acompanhar a implementação das
impactos, adaptação e vulnerabilidade para sistemas e setores relevantes, tais como a detecção ações e das políticas públicas relacionadas à Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC),
e atribuição de causas; entendimento da variabilidade natural versus mudanças climáticas de no âmbito do governo federal.
origem antrópica; ciclo hidrológico e ciclos biogeoquímicos globais e aerossóis; capacidade de
Em suma, a Rede Clima atua como braço científico em diversas iniciativas desenvolvidas pelo
modelagem do sistema climático; estudos de impactos, adaptação e vulnerabilidade para siste-
MCTI, agregando significativa contribuição de cunho científico. As contribuições da Rede Clima
mas e setores relevantes, quais sejam: agricultura e silvicultura, recursos hídricos, biodiversida-
permitem apoiar e subsidiar o Estado brasileiro nas tomadas de decisão relacionadas ao tema.
de e ecossistemas, zonas costeiras, cidades, economia, energias renováveis e saúde; e desenvol-
vimento de conhecimento e tecnologias para a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.

10 11
A sub-rede
Cidades e
Urbanização
São Paulo, SP/iStockphoto
Introdução problemas específicos de cada uma delas (DA COSTA & BRONDIZIO, 2009; GUEDES et al., 2009a).

A
Em particular, são os pequenos municípios brasileiros os que sofrem com uma maior incapacida-
s cidades concentram hoje 50% da população mundial e, segundo as estimativas das de de enfrentar os desafios ambientais, pois a falta de recursos financeiros, qualificação técnica
Nações Unidas, chegarão a 70% até 2050, e com os países em desenvolvimento absorven- e infraestrutura fazem com que as prioridades de investimentos no campo dos serviços sociais
do grande parte desse percentual. O crescimento das cidades acarreta maior demanda sejam muito mais corretivas e emergenciais do que preventivas e planejadas. Quando pensamos
global de recursos. Por exemplo, os recursos agrícolas, muito sensíveis às alterações climáticas. nas catástrofes ambientais, como as que ocorrem a cada período de chuvas, ou em situações es-
Impactos climáticos na agricultura estão intimamente associados ao seu impacto nas áreas urba- pecíficas, como no rompimento de barragens de mineração em Mariana e em Brumadinho, Minas
nas em razão de um potencial choque de oferta de alimentos para as cidades (YADAV et al., 2019). Gerais, os pequenos municípios são totalmente afetados e devastados, colocando em situação de
risco a manutenção dos serviços mais essenciais para toda a população da localidade. Assim, se
Grandes desafios da humanidade em termos de desenvolvimento, redução da pobreza, mitiga-
por um lado as grandes cidades apresentam maiores volumes de pessoas afetadas a cada evento
ção e adaptação às mudanças climáticas serão problemas tipicamente urbanos. Como boa parte
extremo, por outro, os menores municípios possuem menor capacidade de responder aos desa-
do planejamento das cidades envolve variáveis climáticas e decisões de longo prazo, a sub-rede
fios criados por problemas ambientais, devido à limitação de recursos, estudos e políticas.
Cidades e Urbanização tem discutido estratégias para lidar com as incertezas trazidas pelas mu-
danças climáticas. Tais estratégias envolvem pesquisas inovadoras para compreender a vulnera- Outro aspecto que justifica uma análise mais detalhada das questões ambientais em cidades
bilidade e promover medidas de adaptação e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas nas menores é o fato de que o ritmo de crescimento populacional nas grandes cidades hoje é bem
cidades brasileiras. A sub-rede também tem contribuído com a formulação de políticas públicas mais reduzido. O grande fluxo migratório rural-urbano de longa distância para grandes cidades
de adaptação, publicações científicas e sua divulgação ao público, e na formação de recursos hu- já perdeu seu fôlego e os dados censitários já indicam, desde 1991, uma participação mais ex-
manos voltados ao tema das mudanças climáticas, desde a iniciação científica até a pós-gradua- pressiva dos fluxos urbano-urbano (CUNHA, 2005). Além disso, as taxas de crescimento popu-
ção e pós-doutorado. lacional passam a ser mais significativas nas pequenas e médias cidades. Praticamente metade
da população brasileira no ano de 2010 vivia em municípios de até 100 mil habitantes. E, apesar
A sub-rede Cidades e Urbanização tem como objetivos principais, i) sintetizar e desenvolver o co-
do grau de urbanização nos municípios pequenos ser menor do que nas grandes cidades, essa
nhecimento, tanto da literatura acadêmica especializada quanto em termos de políticas públicas,
diferença não é tão expressiva a ponto de se desconsiderar os desafios para a sustentabilidade
sobre as estratégias de adaptação frente ao aumento da incerteza climática, considerando sua
nessas localidades.
eficácia e limitação para atenuar ou eliminar a vulnerabilidade nas cidades; ii) propor estraté-
gias de adaptação robustas num cenário de incerteza climática que sejam replicáveis e factíveis Apesar dos maiores municípios (com mais de 500 mil habitantes) concentrarem quase 30% da
(política, cultural e tecnicamente); e iii) através de estudos de caso, avaliar e testar práticas adap- população brasileira no ano de 2010, outros 30% dos habitantes do país residem em municípios
tativas, bem como identificar seus gargalos técnicos institucionais e culturais objetivando gerar de até 50 mil habitantes. Assim, se por um lado a concentração de pessoas em grandes cidades
subsídios para elaboração de políticas públicas. tende a ser percebida como o principal problema para a gestão e para o planejamento das cida-
des, por outro, a dispersão dos tantos municípios pequenos ao longo do vasto território brasileiro
Atender aos três objetivos acima envolve um grande esforço e desafio, especialmente ao pen-
gera um desafio para o planejamento e investimentos sociais. A diversidade climática, em parti-
sarmos a heterogeneidade e a complexidade do processo de urbanização brasileiro e de suas
cular, e ambiental de modo amplo, produz uma camada adicional de complexidade para a gestão
cidades. Não há, a rigor, um padrão de urbanização que se materializa na definição morfológica
de políticas adaptativas nas cidades brasileiras.
e funcional de uma ou um conjunto de cidades, mas sim diferentes padrões de urbanização e
configuração das cidades. Por exemplo, em espaços tipicamente caracterizados como rurais na Embora suscite questões complexas para o planejamento urbano face aos crescentes desafios
Amazônia e no semiárido brasileiros, a extensão de funções tipicamente urbanas (serviços, in- impostos pela mudança climática, a concentração de pessoas nos centros urbanos em si pode
fraestrutura, valores culturais) e a diversificação de estratégias de sobrevivência rurais, incluindo ser entendida como uma forma de uso sustentável do espaço e uma maneira de otimizar os in-
atividades urbanas, têm produzido uma diversidade de formas urbanas que ultrapassam os limi- vestimentos e serviços sociais (UNFPA, 2007; HOGAN; OJIMA, 2008). Por outro lado, incentivar
tes das cidades, estendem-se ao rural e criam espaços que desafiam categorizações simplistas as migrações de pequenas para grandes cidades reitera os problemas já amplamente explora-
entre o que é urbano e rural (BARBIERI et al., 2009; BARBIERI E OJIMA, 2022). dos pela literatura sobre as mazelas das grandes cidades. Essas mazelas, inclusive, já produzem
alguma evidência de tendência de atração das cidades médias brasileiras como forma alternativa
O reconhecimento da importância do desenvolvimento sustentável avançou significativamente
de qualidade de vida urbana (CARMO, 2006; DOS SANTOS, 2009). Esse fenômeno, apesar de ser
nestes últimos vinte anos, mas efetivamente poucas políticas públicas apresentaram mudanças
mais concentrado no Sudeste e ainda incipiente, é sintomático dos limites para a urbanização.
significativas, sobretudo na escala local. Assim, apesar da internalização da questão ambiental
no discurso político e social, ainda há muito caminho pela frente quando se pensa na aplicação É nesse sentido que um dos objetivos desta publicação é abordar as dinâmicas urbanas e ambien-
de políticas que considerem os dilemas ambientais e, por vezes, encontramos no debate sobre tais em relação aos desafios associados à adaptação às mudanças do clima, a partir de três tipos
desenvolvimento e meio ambiente uma contradição quase que insolúvel. de urbanização no Brasil: no contexto metropolitano, em cidades médias e em cidades pequenas
de grande articulação com áreas rurais. Através de estudos de caso, essa discussão permite não
Frequentemente, a discussão sobre os impactos das mudanças climáticas nas cidades pode levar
apenas compreender a diversidade dessas formas, como também definir diferentes situações de
o imaginário coletivo aos problemas típicos dos grandes aglomerados urbanos. Embora o foco de
vulnerabilidade e de estratégias de adaptação às mudanças climáticas em contextos urbanos. Um
políticas de adaptação nesse tipo de urbanização seja fundamental, não se deve perder de vista a
resultado importante dessa estratégia foi o desenvolvimento de metodologias de análise, assim
estrutura e as funcionalidades de redes que articulam pequenas, médias e grandes cidades, e os

14 15
Figura 1: Recursos Humanos (graduação e pós-graduação) e publicações da sub-rede Cidade e Urbanização.
como modelos conceituais e teóricos que têm sido utilizados tanto em diversas formas de produ-
ção científica, quanto na informação de políticas públicas voltadas à redução de vulnerabilidades
SUB-REDE CIDADES E URBANIZAÇÃO
e da construção de capacidade de adaptação nas cidades que sejam robustas às incertezas gera-
das no contexto das mudanças climáticas globais.

As atividades da sub-rede
A difusão dos conhecimentos produzidos pela sub-rede Cidades e Urbanização envolveu diversas
28 88
Bolsistas de Iniciação Artigos publicados
atividades nos últimos 15 anos. Dentre elas, citamos i) a formação de recursos humanos em níveis Científica e Graduação
de graduação e pós-graduação, ii) a publicação de artigos em periódicos científicos, a divulgação

16 36
em eventos científicos (congressos e seminários), bem como a organização de encontros com
outros cientistas e com gestores públicos e afins, iii) o desenvolvimento de projetos de pesquisa
nacionais e internacionais, e iv) a colaboração e assessoria em diversos fóruns internacionais,
nacionais, regionais e locais sobre adaptação às mudanças climáticas nas cidades, levando con-
tribuições a partir do conhecimento gerado na sub-rede. Livros e Capítulos de Livros Bolsistas de Pós-graduação

As atividades realizadas pela sub-rede Cidades e Urbanização estão descritas de forma detalhada
ao longo desta publicação. Publicações

Equipe e Formação de Recursos Humanos Ao longo dos 15 anos da Rede Clima, a sub-rede Cidades e Urbanização tem produzido ou cola-
borado com diversos trabalhos científicos, de caráter nacional ou internacional, e em termos de
A coordenação da sub-rede Cidades e Urbanização é do quadro permanente de docentes do
artigos em periódicos, livros ou capítulos de livros e artigos em congressos, seminários e confe-
Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar), da Universidade Federal de
rências. O volume dessa produção está listado na Figura 1. Ressalta-se a capacidade da sub-rede
Minas Gerais (UFMG). O Cedeplar “foi criado em 1967 como órgão suplementar da UFMG e ao
de articular produções em diversos aspectos relacionados aos impactos das mudanças climáti-
longo de mais de cinco décadas se tornou referência nacional e internacional de ensino, pesquisa
cas, como por exemplo, adaptação de cidades de diversos portes (pequenas, médias e grandes,
e extensão com seus programas de Mestrado e Doutorado em Demografia e em Economia, que
incluindo regiões metropolitanas) e em diferentes biomas às mudanças climáticas, impactos da
atualmente são avaliados com conceitos 7 e 6 pela CAPES, respectivamente. Desde sua fundação,
incerteza climática sobre seguros, taxação ótima sob incerteza climática, impactos de mudan-
o Cedeplar tem se caracterizado por desenvolver atividades em temáticas de grande impacto
ças e extremos climáticos sobre morbi-mortalidade, fecundidade e mobilidade. Essas linhas de
social, contribuindo, também, para a implementação e melhoria de políticas públicas voltadas
pesquisa incorporam uma grande quantidade de autores e redes de pesquisa em trabalhos cola-
para o desenvolvimento social, econômico, político e cultural do país”1.
borativos.
A sub-rede Cidades e Urbanização tem envolvido não apenas outros departamentos e centros
de pesquisa da UFMG, como principalmente de diversas universidades do Brasil e exterior. Des-
tacamos, por exemplo, a Universidade Federal do Paraná (UFPR), a Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN), Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), a
Universidade de Campinas (UNICAMP), a Universidade Vale do Rio Doce (UNIVALE), o Wittgens-
tein Centre/IIASA, Vienna, e a Universidade do Texas (Austin).

A sub-rede tem envolvido dezenas de bolsistas de iniciação científica, pós-graduação e pós-dou-


torado, os quais têm trabalhado em diferentes áreas de pesquisa. Diversos bolsistas têm partici-
pado de workshops para treinamento em softwares e técnicas de análise de dados. O conhecimento
gerado pelos projetos da sub-rede tem sido utilizado na publicação de artigos e apresentados em
congressos pelos bolsistas, bem como elaboração de monografias de graduação, dissertações de
mestrado e teses de doutorado. O envolvimento de alunos de graduação visa, também, despertar
o interesse por carreira no tema através de estudos de pós-graduação e nas futuras atividades
profissionais.

A Figura 1 demonstra o número de recursos humanos discentes envolvidos nas atividades da


sub-rede ao longo dos últimos anos, nos níveis de graduação, pós-graduação e pós-doutorado.

1
Fonte: https://cedeplar.ufmg.br/o-cedeplar-site/site-sobre/

16 17
Belo Horizonte, MG/NASA

científicos
Destaques
Pesquisas realizadas e suporte à construção de políticas de apresentam taxas de crescimento acima da média brasileira; (2) é uma cidade cortada pelo Rio

adaptação Doce, um dos mais importantes rios do Sudeste, e que incorre em inundações regulares; (3) a alta
poluição das águas do Rio Doce configura-se como uma questão epidemiológica importante para
o município; (4) o município enfrenta diversos impactos socioambientais e econômicos deriva-

U
dos do desastre da mineração Samarco sobre o Rio Doce como, por exemplo, crise de abasteci-
ma das áreas de fronteira da pesquisa climática é a problemática das cidades e mudanças mento hídrico, gerando armazenamento irregular de água e aumento da proliferação do vetor da
climáticas. Como grande parte do planejamento das cidades envolve variáveis climáticas dengue na região. A sub-rede tem trabalhado em coleta de dados para entender como os agentes
e decisões de longo prazo, a sub-rede Cidades e Urbanização busca definir estratégias que se protegem desses eventos, a quem atribui as causas e a responsabilidade pela mitigação de
lidem com a incerteza para que as estratégias escolhidas sejam adequadas à realidade futura. possíveis danos, e como percebem a relação entre esses eventos e o seu potencial agravamento
A sub-rede tem desenvolvido pesquisas para compreender a vulnerabilidade e promover medi- por força das mudanças climáticas. É um dos poucos estudos na América Latina com esse tipo
das de adaptação e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas nas cidades brasileiras. de questões coletadas de forma representativa através de um cuidadoso desenho amostral e um
amplo questionário quali-quanti capaz de captar esse tipo de fenômeno.
A primeira pesquisa foi realizada no município de Governador Valadares (Minas Gerais), envol-
vendo uma abordagem quantitativa e qualitativa; em 2015-2016 foi realizada coleta de informa- Uma característica importante das pesquisas realizadas no âmbito da sub-rede é a capacidade de
ções relacionadas às redes de apoio da população vulnerável. captação de financiamento de diversas outras instituições financiadoras, como o Conselho Na-
cional de Pesquisa (CNPq), a Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de Minas Gerais (FAPE-
Em 2017, com os mesmos objetivos e instrumentos de pesquisa, foi realizada pesquisa em mu-
MIG), o Inter-American Institute (IAI), o National Institutes of Health (NIH/EUA), a Association of
nicípios da região do Seridó Potiguar, no Rio Grande do Norte.
American Geographers (AAG/EUA), dentre outras. Esse arranjo no financiamento e execução de
Ainda em 2017 foi iniciado um novo projeto visando estimar e incorporar o impacto energético pesquisas tem sido fundamental para estender o alcance dos resultados das atividades de pes-
e de emissões de carbono de empreendimentos urbanos (público e privado) em instrumentos de quisa e ampliar a rede de colaboradores, recursos humanos e publicações científicas.
planejamento urbano para a adaptação.
As pesquisas desenvolvidas pela sub-rede servirão de piloto para a compreensão dos desafios
Outro novo projeto, de acompanhamento longitudinal das pessoas entrevistadas em Governa- das mudanças climáticas em outras cidades de tamanhos distintos e em biomas e sob riscos
dor Valadares no período de 2013-2015, foi aprovado, com recursos do CNPq, FAPEMIG e Rede distintos no Brasil. Alguns resultados importantes têm sido gerados para políticas públicas – por
Clima. A coleta longitudinal incluiu novas vulnerabilidades, como o impacto do rompimento da exemplo, estabelecemos modelos comportamentais econômicos, mostrando como a incerteza
barragem da Samarco e a reemergência de doenças vetoriais sensíveis a condições climáticas climática pode afetar a escolha ótima dos agentes, especialmente entre os que possuem alta aver-
específicas (como dengue, chikungunya, zika vírus e febre amarela). Nesta nova coleta, dados são ao risco. Nessa situação, eles sobrecontrataram seguros, gerando uma perda de bem-estar
sobre saúde sexual e reprodutiva, bem como o histórico de nascimento dos filhos de mulheres social se comparado a uma situação de informação completa. Também mostramos que os agen-
de 15 anos ou mais de idade, foram incorporados. O campo foi realizado em 2018-2019, com tes consideram a efetividade do seguro (ou outras medidas protetivas contra eventos naturais
acompanhamento longitudinal dos 1.226 domicílios e das 4.054 pessoas entrevistadas na fase relacionados com o clima) mais importante do que o seu custo de oportunidade em relação à sua
anterior, desde que residindo dentro da microrregião de Governador Valadares. probabilidade de adoção. Também mostramos que a maioria dos agentes reconhece as mudan-
ças climáticas locais e globais (essas numa proporção menor), mas que atribuem causas dessas
Os projetos executados pela sub-rede em Governador Valadares no Seridó Potiguar, no âmbito do
mudanças que são superficiais ou cientificamente incorretas. Quais, então, são as mensagens
Projeto Integrativo Socioambiental da Rede Clima (PI-SSA - que combina atividades de pesqui-
para as políticas públicas?
sa de diversas sub-redes), propõem metodologias para identificação e avaliação de situações de
vulnerabilidade e consequentemente direcionar estratégias focadas de adaptação e mitigação. As pesquisas sugerem que uma boa comunicação científica, traduzida de forma clara e acessível,
é fundamental para reduzir a incerteza dos agentes e melhorar sua forma de precificar suas ações
Destarte, grande parte das obras de infraestrutura e de planejamento urbano lidam com horizon-
protetivas. Nesse contexto em que os agentes possuem informações mais claras e completas, é
tes temporais de longo prazo, em que as variáveis climáticas são fundamentais para a infraestru-
provável que aumente a eficiência na escolha ótima por medidas protetivas contra eventos rela-
tura planejada como habitação, saneamento, estradas, pontes, aproveitamentos hidroelétricos.
cionados ao clima, reduzindo a perda de bem-estar social.
Nesse contexto, as mudanças climáticas trazem uma grave implicação para o planejamento de
longo prazo porque não existe mais acurácia sobre o comportamento do clima futuro. As incer- Por fim, deve-se destacar que a sub-rede tem contribuído para a construção de documentos rele-
tezas sobre o clima futuro trazem implicações para o planejamento de infraestruturas, tanto do vantes para embasar a diplomacia brasileira em fóruns internacionais relacionados às mudanças
ponto de vista de sua resiliência quanto de seu custo. Desse modo, toda política pública que ne- climáticas. São exemplos dessas contribuições o Diagnóstico Brasileiro sobre Biodiversidade e
cessite considerar aspectos climáticos na sua elaboração, como a construção de barragens para Serviços Ecossistêmicos (BPBES) e os planos nacionais de adaptação aos efeitos adversos das
geração de energia, precisará incorporar a incerteza climática. mudanças climáticas.

O projeto desenvolvido na cidade de Governador Valadares é um excelente exemplo para com-


preender como eventos relacionados ao clima e as percepções sobre mudanças climáticas locais
e globais são distribuídas entre subgrupos populacionais em áreas urbanas. A escolha de Go-
vernador Valadares não é aleatória: (1) é um representante das cidades médias, que atualmente

20 21
Principais
resultados,
contribuições e
impactos com
base nos objetivos
gerais da Rede
Clima
Governador Valadares, MG/PicasaWeb
A
elaboração de políticas de adaptação que incorporem explicitamente a incerteza climá- O estudo de caso para Belo Horizonte, realizado no âmbito da sub-rede Cidades e Urbanização,
tica é fundamental para a diminuição de vulnerabilidades e o aumento da capacidade buscou identificar como a realocação planejada reflete, no espaço belorizontino, a materialização
adaptativa das populações. Tais estratégias são particularmente importantes no contexto das dimensões espaço-temporais de vulnerabilidade socioeconômica, ambiental e demográfica.
das cidades e do processo de urbanização em todo o mundo, e no Brasil em particular. Atender tal objetivo requer, principalmente, identificar quais perfis socioeconômicos e demográ-
ficos das populações em domicílios são mais frequentes nas áreas de vilas e favelas onde existe a
As atividades desenvolvidas pela sub-rede delinearam uma metodologia inovadora e resultados
atuação da Prefeitura de Belo Horizonte para mitigar o risco de desastres.
valiosos para informar políticas e estratégias de adaptação e mitigação dos impactos climáticos
nas cidades brasileiras. A integração das análises geradas entre as sub-redes Cidades e Econo- Conhecer as características socioeconômicas e demográficas das populações em áreas de risco
mia, por exemplo, garante a consolidação de análise em redes, utilizando metodologias integra- é essencial para melhor provê-las de políticas públicas e muni-las de ferramentas de adapta-
das (campo, análise demográfica e econômica a partir de uso de parâmetros climáticos como ção (ver, por exemplo, Quadro 1, que ilustra ações específicas da Prefeitura de Belo Horizonte na
choque exógeno). Grande parte das obras de infraestrutura e de planejamento urbano lidam com gestão de desastres em áreas de risco). Faz-se necessário entender se existe um diferencial de
horizontes temporais de longo prazo, em que as variáveis climáticas são fundamentais para a vulnerabilidade entre os removidos e os não removidos, bem como discutir como políticas urba-
infraestrutura planejada como habitação, saneamento, estradas, pontes, aproveitamentos hi- nas se fazem necessárias em um mundo que atravessa mudanças climáticas que podem expor e
droelétricos. impactar populações vulneráveis.

Essa seção discute quatro estudos de caso desenvolvidos no âmbito da sub-rede que, ao mesmo Eventos extremos, desastres e realocação planejada em Belo Horizonte
tempo em que discutem os desafios dos vários tipos de cidade e processos de urbanização no
O município de Belo Horizonte (BH), capital do estado de Minas Gerais, é a sexta maior capital
Brasil, apontam possibilidades de propostas concretas de políticas de adaptação relacionadas às
do Brasil (Figura 2). Localizada na região central do estado, tem uma população de aproximada-
mudanças climáticas e aos eventos climáticos extremos. Apesar de diferentes recortes territo-
mente 2 milhões e 375 mil pessoas de acordo com estimativas do último censo (IBGE, 2010). Sua
riais e escalas (tamanhos de cidades), o conjunto dos estudos de caso indica a relevância de pes-
área metropolitana compreende uma população de aproximadamente 6 milhões de habitantes,
quisas sobre mudanças e extremos climáticos em populações urbanas, particularmente aquelas
os quais transitam entre os municípios de Contagem, Santa Luzia, Vespasiano, Betim, Ribeirão
residentes em áreas vulneráveis (encostas, regiões inundáveis etc.) e que apresentem um perfil
das Neves, Nova Lima, Sete Lagoas, Ibirité e Sabará, dentre outros. Segundo dados de 2015 da
de alta vulnerabilidade socioeconômica. Os resultados gerais derivados dos estudos caso para
pesquisa Arranjos Populacionais e Concentrações Urbanas no Brasil, o município ocupava o ter-
áreas urbanas não contradizem nem reduzem os consideráveis impactos sobre áreas e popula-
ceiro lugar no ranking de maiores aglomerações urbanas brasileiras.
ções rurais, como por exemplo em termos de efeitos de segurança alimentar e mobilidade entre
áreas rurais e urbanas. Entretanto, a rápida transição urbana brasileira e a crescente expansão Figura 2: Localização de Belo Horizonte no Brasil e na Região Metropolitana.

do modo de vida urbana sobre áreas rurais sinaliza a importância de empreender estudos sobre
mudanças e extremos climáticos em áreas urbanas.

Grandes aglomerados urbanos: o caso de Belo Horizonte2


Antecedentes e justificativa

Políticas urbanas podem viabilizar a mitigação de fatores de risco e aumentar a capacida-


de de resposta e resiliência dos mais vulneráveis e sujeitos aos riscos de desastres associados
aos extremos ou mudanças climáticas. Pensando nisso, políticas urbanas de mitigação do risco
e reassentamento de populações mais vulneráveis se tornam uma opção de forma a evitar que
impactos sociais e econômicos, derivados do risco ambiental, prejudiquem ainda mais o espaço
de vida dos mais expostos (PELLING, 2003).

Belo Horizonte possui o Programa Estrutural de Áreas de Risco (PEAR), que, por meio de sua
Política Municipal de Habitação Popular, realoca indivíduos habitantes em áreas de risco de des-
lizamentos de encostas e enchentes. Essa política é parte da realidade da capital mineira desde o
final dos anos 1990 e, mesmo com a queda do número de domicílios em situação de alto risco, o
número de remoções realizadas tende a aumentar com as previsões para o futuro do clima (PBH,
2015; WAYCARBON, 2016; IPCC, 2021). Nesse contexto, faz-se necessário, com base na literatura Fonte: Nunes, Pinto, Baptista (2018).

de População e Ambiente, entender de que forma características sociodemográficas impactam


Belo Horizonte apresenta indicadores de renda e qualidade de vida maiores do que a média de
na vulnerabilidade domiciliar em áreas afetadas por desastres de centros urbanos.
outras capitais nacionais. De acordo com dados do censo de 2010, Belo Horizonte tem renda
média de 3,6 salários-mínimos e IDH de 0,810, maior que capitais como Rio de Janeiro (0,799)
2
O estudo de caso de Belo Horizonte foi baseado em Moreira (2022). e São Paulo (0,805) (IBGE, 2010). Com uma taxa de dependência de 38,12%, a população passa

24 25
por um processo intenso de envelhecimento populacional proporcionado pela transição demo- A expansão urbana entre as décadas de 1940 e 1970, por meio da industrialização e migração
gráfica. A taxa de alfabetização em BH também é alta, cerca de 97%. No que se refere ao acesso da população do interior para a capital, ensejou o crescimento demográfico dos anos seguintes
a serviços básicos de infraestrutura como saneamento e acesso à água, o município conta com em Belo Horizonte. Entretanto, a expansão domiciliar do município, seja pelo aumento de fluxos
96% dos domicílios com esgotamento sanitário, 44,2% dos domicílios construídos em áreas com migratórios e o crescimento vegetativo dos grupos populacionais, criou desafios para o planeja-
urbanização adequada. mento urbano conforme se observa nas ocorrências de enchentes, deslizamento e desastres re-
lacionados a extremos climáticos (BRITO, SOUZA, 2005; PARIZZI et al, 2010; UMBELINO, 2012).
O município aparece também entre as primeiras posições no ranking de proporção de pessoas
vivendo em áreas de risco no país. De acordo com o relatório “Populações em Área de Risco no Belo Horizonte é marcada por diferenças socioeconômicas entre suas regionais e bairros, e ainda
Brasil” do IBGE e do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cema- marcada por características geomorfológicas que acentuam as desigualdades entre essas re-
den), o município aparece em quarto lugar, com 16,4% da sua população, aproximadamente 390 giões. Enquanto as partes centrais, próximas aos pólos econômicos, foram ocupadas pela classe
mil domicílios, construídos em áreas de risco (IBGE, 2018). Ademais, o município é dividido em 9 média que teve seu acesso garantido por vias financeiras e econômicas, áreas com declives e iso-
regionais: Norte, Nordeste, Noroeste, Leste, Centro Sul, Oeste, Pampulha, Venda Nova e Barreiro. ladas, por consequência mais baratas, foram ocupadas pelos trabalhadores informais da cidade
Dentre essas regionais, Barreiro, Leste, Oeste e Centro-Sul, acumulam a maior parte dos setores (ARAÚJO, MOURA, NOGUEIRA, 2018; ANDRADE, MENDONÇA, 2020). As regiões sul e sudeste do
censitários classificados como área de risco e cerca de 50% dos domicílios removidos pela pre- município contêm as maiores altitudes e maiores índices de declividade. Nessas regiões também
feitura entre 2010 e 2019. está concentrada boa parte das atividades econômicas e financeiras do setor de serviços. Ade-
mais, está concentrada também a maior parte dos setores censitários que são classificados como
Projetada para abrigar 200 mil pessoas, o município hoje, mais de 100 anos após a sua fundação,
áreas de risco, conforme a Figura 4.
tem uma população mais do que 10 vezes maior (MONTE MÓR, PAULA, 2001). Conforme se ob-
serva na Figura 3, a mancha urbana do município expandiu-se consideravelmente entre 1918 e Belo Horizonte foi fundada, construída e então povoada em um vale inundável e cercado de en-
2018, gerando impactos sociodemográficos e econômicos notáveis atualmente. Entre as décadas costas íngremes que pautaram a distribuição espacial da população entre os espaços impermeá-
de 1950 e 1970, quando o município experimentou suas maiores taxas de crescimento demo- veis e urbanizados das regiões centrais e dos amontoados com péssima infraestrutura dos aglo-
gráfico, a expansão ocorreu de forma mais intensa nas zonas de periferia a partir de loteamentos merados subnormais e vilas que estão, em sua maioria, em áreas de encostas (BAGGIO, 2009).
populares mais baratos, todavia escassos em acesso a serviços públicos (MONTE MÓR, PAULA,
Figura 4: Mapa de Áreas de Risco e Carta de Declividade de Belo Horizonte.
2001; COSTA, MONTE MÓR, 2002).

Costa e Monte Mór (2002) argumentam que a expansão da mancha urbana de Belo Horizonte
se deu das áreas centrais para as periferias, a partir da formação do município e seu processo
de crescimento tanto físico quanto demográfico fomentado pelo desenvolvimento econômico da
época de sua formação. Umbelino (2012), por outro lado, aponta que a expansão se deu princi-
palmente nas áreas periféricas de BH, por meio de urbanização desordenada e espraiamento
domiciliar, principalmente no vetor norte do município. A formação de uma periferia fractal foi,
portanto, a consequência dos processos econômicos que geram exclusão dos mais pobres, distin-
guindo vilas e áreas ambientalmente inseguras no vetor norte dos condomínios fechados e áreas
privilegiadas do vetor sul do município (COSTA, MONTE MÓR, 2002; UMBELINO, 2012).

Figura 3: Expansão da Mancha Urbana de Belo Horizonte.

Fonte: Moreira (2023), baseado em IBGE (2018).

Assim como o restante do Brasil, Belo Horizonte também experimentará mudanças no regime
de chuvas de acordo com as previsões do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima
(IPCC). Historicamente, BH já é impactada por chuvas intensas que vão do período de novembro
a abril. Ainda, segundo o relatório de 2016, Análise de Vulnerabilidade às Mudanças Climáticas do Mu-
Fonte: Prodabel (2021).

26 27
Figura 5: Áreas de Risco e Renda Domiciliar Média em Belo Horizonte.
nicípio de Belo Horizonte da Prefeitura de Belo Horizonte em parceria com a empresa WayCarbon,
a tendência é que com as mudanças climáticas haja um aumento de 32% na variação relativa à
exposição climática de eventos associados a chuvas intensas no município, como por exemplo
enxurradas, deslizamentos e inundações, prejudicando ainda mais comunidades já vulneráveis e
marginalizadas com menores condições de adaptação e mobilidade (WAYCARBON, 2016).

Ademais, uma população fragilizada e exposta a riscos externos, como é o caso estudado, poderia
se tornar ainda mais vulnerável num cenário de mudanças climáticas que poderão multiplicar os
riscos existentes. Por exemplo, bairros como Aglomerado da Serra, Taquaril, Morro das Pedras e
Aglomerado Santa Lúcia são aqueles com maior concentração de trechos íngremes na cidade e
socioeconomicamente mais frágeis (PBH, 2016).

Conforme estudos recentes de Nunes, Pinto e Batista (2018), a tendência pluviométrica para Belo
Horizonte é de que as chuvas intensas e curtas se tornem cada vez mais frequentes. De acordo
com os autores, no intervalo entre os anos 1979 e 2014, as chuvas intensas (> 50 mm) se torna-
ram mais concentradas em períodos específicos, ao passo que a ocorrência de dias consecutivos
sem chuva aumentou. Dessa forma, evidencia-se que as chuvas acumuladas têm se tornado cada
vez mais fortes e concentradas num curto intervalo de tempo, o que aumenta os impactos sobre
o sistema de drenagem da cidade e leva a eventos como enchentes e deslizamentos de encostas.
Ademais, dias com precipitações acima dos 30 mm se tornaram mais frequentes, modificando
o padrão pluviométrico da cidade que tem se tornado mais chuvosa no decorrer dos anos, com
precipitações mais concentradas em pequenos intervalos consecutivos (NUNES, PINTO, BATIS- Fonte: IBGE (2018), Ferreira (2019).

TA, 2018).
O IBGE considera áreas de risco enquanto áreas sujeitas a ação de fenômenos e eventos naturais
O período de chuvas na cidade se inicia a partir de novembro, caracterizado por pancadas con- ou humanamente induzidos que podem ameaçar a integridade física, material e humana daque-
vectivas intensas e provenientes das altas temperaturas características da primavera e posterior- les que habitam essas áreas (IBGE, 2018). A PBH, ao orientar suas ações junto à Companhia Urba-
mente verão na capital mineira. Desde a década de 1990 nota-se aumento acentuado da frequên- nizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel), considera, para além da exposição a eventos
cia de chuvas com volume maior que 100 mm em toda Região Metropolitana de Belo Horizonte ambientais e o risco iminente, as condições socioeconômicas das populações que ali habitam
(REIS, SIMÕES, 2007; PARIZZI et al., 2010). principalmente no contexto de vilas e favelas, nivelando o risco conforme o Quadro 1 e adotando
Por mais que a urbanização tenha se expandido nas últimas décadas, a ocorrência das chuvas, as medidas necessárias para a mitigação do risco.
conforme caracterizadas anteriormente, podem intensificar a exposição de populações vulne- As desigualdades habitacionais do município passaram a ser confrontadas a partir da década de
ráveis a deslizamentos de encostas, como é o caso das áreas de risco hidrogeológico da cidade. 1970, principalmente através de ações pontuais da prefeitura que foram incorporadas ao Plano
Parizzi et al. (2010) pontuam que a ocorrência de movimentos de massa não está ligada apenas Diretor da cidade em 1996 e centradas na política municipal de habitação popular. A Urbel foi
ao padrão construtivo das residências em áreas íngremes, ocorrendo tanto em condomínios de criada em 1983 com o objetivo de integrar o planejamento urbano voltado para a assistência da
luxo quanto em aglomerados subnormais. Destaca-se a característica da formação rochosa do população de baixa renda em situação de vulnerabilidade habitacional por meio da urbanização
solo belorizontino que, em um contexto de chuvas intensas, se torna propenso a sofrer rupturas de favelas e recuperação de assentamentos urbanos. Dentre suas principais ações estão o ma-
planares e tombamentos advindos de processos erosivos causados muitas vezes pelas constru- peamento e avaliação do risco, reassentamento de moradias, assistência social, coordenação de
ções em determinadas áreas da cidade. A intervenção humana sobre as áreas de alta declividade, atividades de recuperação de vilas e favelas e promoção de ações de conscientização, atenção e
em muitas vezes, não leva em consideração as práticas necessárias de manejo da terra e a com- treinamento ao risco e estratégias de proteção (PBH, 2020).
posição geomorfológica e lito-estrutural dos locais, removendo depósitos da superfície da terra
ou promovendo cortes verticalizados sobre o solo que geram acúmulos nos níveis mais baixos
com menor consistência e solidez.

A Figura 5 mostra a localização das áreas de risco de Belo Horizonte e a distribuição de renda no
município. É possível observar que as manchas classificadas como áreas de risco pelo IBGE coinci-
dem com as áreas de menor renda média de acordo com dados do Censo de 2010. As áreas verme-
lhas, de menor renda média, marcam também as áreas periféricas de BH, e cobrem regionais como
Venda Nova, Norte e Barreiro, indicando o baixo nível de renda média das populações locais, o que
evidencia a associação da vulnerabilidade ambiental à vulnerabilidade socioeconômica.

28 29
Quadro 1: Avaliação de Diagnóstico de Risco.
ções de risco por todo município. No que se refere à Vilas e Favelas, de acordo com diagnósticos
Avaliação de Risco Ações Executadas da Urbel, os riscos geológicos de maior intensidade em 2016 estavam distribuídos em: 319 casos
na regional Centro Sul; a Leste, com 225; e a Oeste, com 196 casos lideravam os casos de risco
Sem risco (Áreas que, no momento da análise, não apresentavam Monitoramento do
geológico. Os riscos de inundação foram transferidos para o Programa de Preservação Ambiental
qualquer indício de desenvolvimento de processos destrutivos, surgimento de possíveis
de Belo Horizonte (DRENURBS) e, portanto, não serão abordados neste trabalho (PBH, 2020).
mantidas as condições atuais). indícios de risco iminente.
Risco Baixo (a observação de campo não detectou indícios de Como pode ser observado no Gráfico 1, o número de edificações com grau de risco considerado
Ações de mitigação e muito alto pela prefeitura, ou seja, aqueles que necessitam de remoção imediata, diminuiu con-
instabilização aparentes, sendo consideradas áreas estáveis no
monitoramento do risco. sideravelmente entre 1994 e 2016, de acordo com a PBH. As necessidades de remoção diminuí-
momento da análise).
ram e a Urbel monitora um grupo menor de pessoas. Sua principal atividade hoje, para além das
Risco Médio (Processo destrutivo encontra condições potenciais Reformas, mitigação do
remoções, é a campanha de conscientização do risco, para que moradores evitem a ocupação de
de desenvolvimento, constatando-se condicionantes físicas risco e assessoria técnica
lugares de maior fragilidade ambiental e, por conseguinte, não estejam expostos a um maior risco
predispostas ao risco e/ou indícios iniciais do desenvolvimento para recuperação da
por meio do manejo errado da terra sem suporte técnico profissional.
do processo). benfeitoria.
Gráfico 1: Edificações em risco muito alto em Belo Horizonte.
Risco Alto (Processo destrutivo está instalado, constatando-se
Remoção Temporária ou
indícios de seu desenvolvimento e a possibilidade de destruição
Definitiva, assistência
de moradias em curto espaço de tempo. É possível acompanhar
social e isolamento da
a evolução do processo na área, podendo ocorrer evolução rápida
área comprometida.
com uma chuva mais intensa e/ou de longa duração).
Risco Muito Alto (Processo destrutivo em adiantado estágio
Remoção Temporária ou
evolutivo, constatando-se evidências e indícios claros de seu
Definitiva, assistência
desenvolvimento, com a possibilidade de destruição imediata
social e isolamento da
de moradias, não sendo necessária a observação do registro de
área comprometida.
chuvas elevadas em termos de duração e/ou intensidade).
Fonte: Moreira (2022), a partir de Urbel (2014).

O desenvolvimento das políticas de habitação para o atendimento exclusivo de áreas de risco


ambiental não foi desenvolvido até 1993, sendo mapeadas somente iniciativas pontuais que se Fonte: PBH (2020).

tornaram robustas após a redemocratização do país e a participação popular no processo de de-


Ainda entre os anos de 2010 e 2020, cerca de 1660 domicílios foram removidos devido ao risco e/
senho e elaboração das políticas. A política habitacional prima por atender a população mais
ou a ocorrência de desastre hidrogeológico pela Urbel. Destes, 42,5% foram removidos de forma
vulnerável, tendo em seu escopo principal grupos habitantes de Cortiços, Vilas/Favelas, Lotea-
definitiva, sendo realocados para outras casas em outros endereços, e 57,5% de forma temporá-
mentos Privados Regulares e Irregulares, Povos e Comunidades Tradicionais, Conjuntos Habita-
ria. Por mais que a Urbel alegue que as edificações de risco muito alto tenham diminuído com o
cionais implantados pelo Poder Público e Ocupações Organizadas que necessitam da prestação
passar dos anos, observa-se no Gráfico 2 que o número de remoções diminuiu a partir de 2011,
de serviços de infraestrutura e construção civil ou, em casos mais extremos, da realocação.
porém teve um pico devido às chuvas e deslizamentos de 2020.
Os programas que compõem a política habitacional são o Programa Estrutural de Áreas de Risco
Gráfico 2: Total de remoções por ano em Belo Horizonte entre 2010 e 2020.
(PEAR), o Programa de Intervenção Integrada, Programa de Remoção e Reassentamento e o Bolsa
Moradia. Ademais, projetos que também fazem parte da política são Provisão Habitacional, In-
tervenção em Assentamentos de Interesse Social e Assistência e Assessoria Técnica. A política
e seus programas e projetos atuam tanto em relação à vulnerabilidade social quanto ambien-
tal. Dessa forma, as populações atendidas estão distribuídas em vários locais da cidade como
os cortiços localizados na região central, ocupações, vilas e favelas em encostas e comunidades
tradicionais quilombolas. Os programas são regidos por um plano central, o Plano Global Es-
pecífico (PGE), que serve como base de dados e informações acerca das regiões vulneráveis da
cidade e possui informações amostrais das populações nessas localidades. Por estar ainda em
fase de coleta de dados, as informações que se possui não retratam a totalidade dos domicílios
vulneráveis em Belo Horizonte, mas já servem para nortear a aplicação de programas e projetos
de algumas regionais e suas respectivas captações de recursos (PBH, 2020).

A necessidade da política é sustentada pelas características do município. Belo Horizonte possui


Fonte: Elaborado pelos autores a partir de dados da PBH (2020).
relevo acidentado que acrescido das condições vulneráveis de muitas dessas famílias gera situa-

30 31
Resultados principais e implicações para políticas públicas Cidades médias: o caso de Governador Valadares
O caso de Belo Horizonte torna patente a necessidade de identificar e focalizar os grupos mais
Antecedentes e justificativa
realocados pela política municipal e conhecer quais dimensões de vulnerabilidade permeiam
suas condições de vida para além da vulnerabilidade socioambiental. A sub-rede tem desenvolvido uma pesquisa inovadora para compreender a vulnerabilidade e
promover medidas de adaptação e mitigação dos efeitos dos desastres relacionados ao clima, e
A população das áreas de risco em Belo Horizonte é, em média, composta por grupos com menor
desastres ambientais de forma geral, nas cidades brasileiras. A seguir discute-se o caso de Go-
renda, negros e no geral mais jovens e com mais filhos. Dentre os realocados as diferenças se
vernador Valadares, em Minas Gerais, como um exemplo de laboratório de pesquisa em cida-
intensificam quando comparados os grupos realocados permanentemente e temporariamente,
des médias para entender como múltiplos choques (ambientais, epidemiológicos e econômicos)
sendo os primeiros com maior nível de renda. A composição familiar desempenha um papel
afetam o comportamento e a percepção da população local, e como políticas de adaptação e mi-
importante entre aqueles que vivem em áreas de risco de desastres e optam por algum tipo de
tigação podem ser empreendidas de modo a atenuar possíveis reduções no bem-estar social.
realocação. Ter filhos, idosos e companheiros no agregado familiar aumenta a probabilidade de
realocação definitiva. Esses resultados podem ser usados para diferenciar os realocados pela A justaposição de desastres, vulnerabilidade e adaptação em Governador Valadares
Prefeitura de Belo Horizonte do restante da população, e ainda fornecer informações para os for-
A pesquisa foi realizada no município de Governador Valadares (Figura 6), envolvendo uma abor-
muladores de políticas sobre o reassentamento de grupos específicos em um contexto de risco
dagem quantitativa e qualitativa, e em 2015-2016 foi realizada uma segunda onda no município
socioambiental.
com coleta de informações relacionadas às redes de apoio da população vulnerável. Um novo
Percebe-se que no caso de Belo Horizonte, as características das populações que vivem em áreas projeto de acompanhamento longitudinal das pessoas entrevistadas em Governador Valada-
de risco mostram uma desvantagem em relação às características médias da população do mu- res no período de 2013-2015 foi aprovado, com recursos do CNPq, FAPEMIG e Rede Clima. A
nicípio, o que pode diminuir a capacidade responsiva de adaptação e mobilidade frente ao risco coleta longitudinal incluiu novas vulnerabilidades, como o impacto do rompimento da barragem
de um desastre. A política pública municipal poderia servir como um fator facilitador e promotor da Samarco e a reemergência de doenças vetoriais sensíveis a condições climáticas específicas
dessa adaptação entre os mais vulneráveis, diminuindo o contingente daqueles que se encon- (como dengue, chikungunya, zika vírus e febre amarela). O campo, realizado em 2018-2019, com
tram “presos” em condições socioeconômicas frágeis sobrepostas por adversidades ambientais. acompanhamento longitudinal dos 1.226 domicílios e das 4.054 pessoas entrevistadas na fase
anterior, desde que residindo dentro da microrregião de Governador Valadares, incluiu quase
Observa-se ainda que a população em áreas de risco pertence a minorias sociais como as po-
1.000 domicílios entrevistados em função da equipe de entrevistadores com financiamento do
pulações negra e parda e com baixo nível de renda. Por um lado, as que deixaram áreas de risco
CNPq, FAPEMIG e Rede Clima.
parecem ser menos vulneráveis, devido ao maior nível de renda e características que aparen-
temente aumentam a probabilidade de deixar definitivamente as áreas de risco. Por outro lado, Figura 6: Localização de Governador Valadares na Mesorregião do Vale do Rio Doce.

os que optam pela realocação temporária contam como maioria nessas áreas e o deslocamento
temporário significa que essas famílias retornarão à situação de risco em um horizonte temporal
que poderá, em algum momento no futuro, gerar calamidades como a aquelas vistas em BH em
2020 onde em 15 dias de janeiro choveu o equivalente à metade do ano de 2019 (PBH, 2020).
Esses resultados podem servir como insumo para políticas urbanas serem melhor delineadas
para esses grupos específicos que são mais vulneráveis e tendem a ficar “presos” em áreas de
risco, melhorando a capacidade dos formuladores de políticas de tomarem decisões e um melhor
desenho de políticas para fornecer respostas mais precisas para esse tipo de evento que tende a
ocorrer com mais frequência nos próximos anos.

Assumimos que os moradores dessas áreas de risco para além da vulnerabilidade socioeconô-
mica, convivam com outras vulnerabilidades atreladas às características individuais, como por
exemplo: arranjo familiar, capital financeiro e acesso a serviços públicos que diferenciam esses
indivíduos dentro da própria realidade. Ainda, os diferenciais de vulnerabilidade seriam deter-
minantes no processo decisório de mobilidade e adesão à realocação feita por meio da política
urbana municipal frente aos riscos de desastres conforme a literatura em diferencial de vulne-
rabilidade, populações presas e características predisponentes à mobilidade em caso de desas-
tres (MUTTARAK et al., 2016; BLACK et al., 2011; NAWROTZKI, DE WAARD, 2018; HUGO, 1996).
Ademais, discute-se a possibilidade de vulnerabilidades coexistentes construírem um arcabouço
de características que penalizam alguns grupos mais do que outros, principalmente no caso de
indivíduos realocados. A imobilidade seria, em hipótese, mais notada em domicílios mais vulne-
ráveis seja por características próprias ou “camadas” de vulnerabilidade que fazem com estes se
encontrem presos em uma situação de risco.
Fonte: Elaborada pelos autores.

32 33
Resultados principais e implicações para políticas públicas para pagamentos de seguros e para preços de seguros que ficam acima de seus níveis atuarialmente
justos. O markup surge quando eventos extremos selecionam seguradoras maiores, aumentando seu
Os resultados derivados das pesquisas desenvolvidas em Governador Valadares podem ser segmen-
poder de mercado. Para evitar variações ambíguas na demanda, como encontrado em Dionne et al.
tados em três grandes eixos: a) consequência da incerteza climática sobre bem-estar social; b) os
(2013), impomos um limite na relação entre aversão ao risco e elasticidade da contaminação. O limite
padrões de erros de percepção sobre mudanças climáticas locais e mecanismos de tributação ótima
é robusto no sentido de previsão de a demanda por seguros diminuir mesmo quando a contaminação
para redução desses erros, e c) medidas preventivas contra inundações.
das crenças levar a um aumento na probabilidade de grandes perdas. Nos casos em que o risco de
Incerteza climática e bem-estar social fundo muda, a escolha de seguro ótima diminui (como em Tibiletti, 1995). Mostramos ainda que os
Os efeitos de uma mudança na riqueza, no preço e na distribuição de risco têm sido estudados há contratos não são eficientes, resultando em uma perda de bem-estar no longo prazo.
muito tempo em economia de seguros (DIONNE E GOLLIER, 1992; TIBILETTI, 1995; DIONNE et al., Nosso modelo estabelece as condições suficientes acerca da elasticidade total da contaminação sobre
2013). Esses efeitos são relevantes, pois podem impactar a demanda por seguros, com consequên- as crenças dos agentes que levam a uma redução na demanda por seguros. A elasticidade total da
cias negativas para o bem-estar econômico (GUEDES et al., 2019; EINAV et al., 2010). No entanto, a contaminação pode ser dividida em dois componentes. O primeiro componente representa o efeito
magnitude e a direção desses efeitos combinados são ambíguas, com pouca evidência de suas conse- da contaminação nas probabilidades de eventos exógenos. No segundo componente, esse efeito de-
quências para a demanda de seguros. pende da distribuição de probabilidade de contaminação. Embora o efeito parcial nas probabilidades
Nos casos em que os preços são atuarialmente justos, o Teorema de Mossin (MOSSIN, 1968) assegura sobre eventos exógenos reduza trivialmente a demanda por seguros, na elasticidade total sua magni-
que a demanda não varia porque os agentes estão sempre totalmente segurados, independentemen- tude e direção são indeterminadas.
te de seu nível de aversão ao risco e de seu risco de fundo. Quando o preço do seguro está acima de seu As condições de contorno, no entanto, impedem essa indeterminação e são uma condição suficiente
nível atuarialmente justo, Dionne et al. (2013) mostram que a demanda por seguros pode aumentar, para reduzir a demanda, mesmo nos casos em que o risco de fundo muda. Além de mostrar uma
diminuir ou permanecer inalterada como resultado do aumento da riqueza. A direção neste caso será queda na demanda nessas condições, constatamos que os contratos não são eficientes. Como conse-
orientada pela natureza da aversão ao risco. Os autores decompõem explicitamente os efeitos riqueza quência, os agentes incorrem agregadamente em perda de bem-estar no longo prazo. A incorporação
e substituição, caracterizando o seguro como um bem de Giffen. Além disso, Dionne et al. (2013) e de soluções para eliminar a ineficiência causada pela contaminação é objeto da próxima seção. Isso é
Tibiletti (1995) mostram como uma mudança no risco de fundo pode influenciar a demanda. Tibi- particularmente importante para contratos de seguro contra eventos extremos relacionados ao clima,
letti (1995), em particular, estuda as mudanças no risco de fundo representadas por um aumento na pois a evidência de incerteza trazida pelas mudanças climáticas aumenta rapidamente.
correlação entre um ativo não segurado e uma perda aleatória. O autor conclui que a demanda por
Padrões de erros de percepção sobre mudanças climáticas locais e mecanismos de tributação ótima para eli-
seguros diminui sempre que ocorre uma mudança benéfica na distribuição da riqueza final.
minação de assimetria de informação
Todos os resultados discutidos acima são válidos apenas sob condições ceteris paribus. Certos choques
As mudanças climáticas alteraram a capacidade dos agentes de antecipar a ocorrência futura de
agregados, no entanto, podem levar a uma mudança simultânea no preço, na riqueza e nas crenças
eventos com alto grau de precisão (PARKER, 2010; DASGUPTA, 2008; REGAN et al., 2005). Essa ante-
dos agentes. As mudanças climáticas contemporâneas são um bom exemplo de como a contami-
cipação subjetiva pode ser imprecisa, levando a escolhas Pareto inferiores quando comparadas a uma
nação global nos mercados de seguros pode ocorrer. As seguradoras que estabelecem prêmios com
situação em que os agentes têm expectativas racionais (SAVAGE, 1951; YOHE et al., 2004; PRATO,
base na probabilidade de eventos catastróficos a partir de experiências passadas são suscetíveis
2008). Nesse caso, o equilíbrio de mercado e a demanda por seguros são mais bem compreendidos
de inadimplência em sinistros mútuos após a ocorrência do evento (contaminação simultânea no
por meio de modelos que incorporam explicitamente a heterogeneidade dos agentes no grau de pre-
preço e na transferência). Isso foi observado no mercado de seguros americano depois que o fura-
cisão das previsões.
cão Andrew devastou muitas casas ao longo da costa leste americana (BROWNE E HOYT, 2000). Os
preços aumentaram rapidamente devido ao poder de mercado, mas a demanda em declínio colocou A maioria dos modelos usados em economia de seguros com agentes heterogêneos tentaram expli-
o mercado sob risco de colapso. Esta situação exigiu a intervenção do governo e reforçou o papel car a alocação de mercado de seguros usando informações diferenciais. Os resultados desses mo-
do National Flood Insurance Program no subsídio dos prêmios de seguro para casas em áreas sob delos se concentram em questões relacionadas à seleção adversa e ao risco moral (MIRLEES, 1971;
risco de inundação (KUNREUTHER et al., 1993). Sob esse tipo de risco de fundo, a contaminação em ATKISON E STIGLITZ, 1972; LAFFONT E TIROLE, 1987). Esses tipos de heterogeneidade, como os
contingências contratuais é difícil de ser implementada como uma típica reclamação de contingência usados nos modelos de Crocker e Snow (1985) e Picard (1987), consideram diferenças na estrutura
em um contrato de seguro, pois essa contaminação é regida por alguma variável exógena latente. Essa de informação do consumidor, mas não diretamente em suas probabilidades subjetivas. Nesse caso,
restrição pode ser vista como uma incompletude do mercado. as falhas de mercado surgem devido a uma escassez de oferta causada por lucro negativo ou escassez
de demanda como consequência de preços excessivamente altos.
Apesar de todos os esforços anteriores na tentativa de compreender fatos estilizados nos mercados
de seguros, faltavam resultados que caracterizassem as consequências de uma contaminação global. Em mercados nos quais o seguro contratual não está disponível, o risco moral e a seleção adversa são
Carlier et al. (2003) é uma das poucas exceções. Os autores mostram que uma contaminação por aver- de pouca relevância para a alocação de mercado. Muitos estudos que analisam o trade-off entre a de-
são à ambiguidade resulta em seguro total para valores elevados da perda. Com base na experiência manda por seguro, autosseguro e autoproteção reforçam esse argumento, seja olhando para o preço
de percepção e respostas dos residentes em Governador Valadares às recorrentes inundações do Rio de reserva dos agentes ou tomando o preço do seguro como efetivamente justo (EHRLICH E BECKER,
Doce, propusemos um modelo teórico e estabelecemos condições para a elasticidade da contamina- 1972; DIONNE E EECKHOUDT, 1985; LAKDAWALLA E ZANJANI, 2005; SNOW, 2011; ALARY et al.,
ção sobre as crenças dos agentes levando a uma redução na demanda por seguros. Nossa abordagem 2013).
difere de Carlier et al. (2003) em dois aspectos: primeiro, os agentes são avessos ao risco e distorcem A maioria dos modelos anteriores analisa o efeito da assimetria de informações sobre a demanda por
suas crenças sobre eventos exógenos; segundo, estudamos o resultado estendendo essa distorção seguros usando um agente representativo. Ao assumir homogeneidade nas preferências dos agentes,

34 35
eles ignoram a influência desse efeito sobre os preços de equilíbrio, que seria o problema econômico cesso de antecipação dos eventos climáticos não são expulsos do mercado, como em Blume e Easley
mais interessante a ser estudado. A escassez de estudos sobre modelos de seguros com preços endó- (2006). Ao incluir um planejador central que fornece uma tecnologia para acesso a informações pre-
genos é explicada principalmente pela dificuldade de obtenção das soluções de preços. cisas, nosso exemplo ilustra que a intervenção pública (via tributação) só seria viável se o gasto pú-
Outra questão importante a ser considerada nos modelos de seguros é o papel desempenhado por blico na oferta dessa tecnologia não ultrapassasse 9,188% da renda agregada auferida pelos agentes
um planejador central para atenuar o efeito da assimetria de informação na alocação de mercado com expectativas imprecisas. Esse limite é calculado com base em uma medida relativa de bem-estar
(CAILLAUD et al., 1988). Arnott e Stiglitz (1990), por exemplo, mostram que políticas de tributação social que é robusta para transformações de escala.
e subsídios que oferecem incentivos para evitar e reduzir perdas não são eficazes em mercados nos Medidas preventivas contra inundações
quais o risco moral decorre da assimetria de informação. Quando a intervenção pública é usada para As inundações são uma das principais causas de perdas econômicas e de saúde entre os desastres
resolver o problema da segurabilidade usando o aumento da tributação (MANGAN, 1995), o risco naturais em todo o mundo (KELLENBERG et al., 2011). O nível de comportamento de preparação
pode aumentar no longo prazo. Pressão adicional sobre o governo para aumentar a cobertura, man- contra os riscos de inundação, no entanto, é baixo em muitas partes do mundo, incluindo regiões
tendo os prêmios de risco inalterados, também é uma consequência provável do risco moral da tri- com altos níveis de educação, consciência ambiental e desenvolvimento econômico (LINDELL E
butação (DIONNE et al., 2000). Essa situação é semelhante a um mercado com aquisição obrigatória PERRY, 2012). Alguns estudos em psicologia social e estudos de economia de seguros dedicaram
de seguros, com prêmios parcialmente financiados pelo governo. No entanto, mostramos que ainda alguns esforços teóricos e empíricos para explicar o comportamento de preparação das pessoas para
é possível implementar uma tecnologia pública suportada por uma carga tributária para corrigir a inundações (TERPSTRA E LINDELL, 2013; ALARY et al., 2013). O Protective Action Decision Model
assimetria de informação representada por erros nas probabilidades de eventos naturais. Uma vez (PADM) é uma abordagem conceitual bem estabelecida que representa esses esforços. O PADM foi
que a intervenção afeta a formação de grupos selecionados em vez de afetar diretamente o seguro, o proposto na psicologia social (LINDELL E PERRY, 1992; 2012) para explicar a forma como as pes-
problema do risco moral é irrelevante e pode ser ignorado. soas tomam decisões em relação à adoção de ações de proteção contra desastres iminentes ou riscos
Estudamos as consequências de bem-estar do atrito entre dois grupos, aqueles com e aqueles sem ambientais. O objetivo principal é identificar os fatores ou atributos que influenciam a decisão do
expectativas racionais, em um mercado de seguros incompleto. Validamos esse atrito buscando evi- indivíduo. Entre os fatores, o PADM assume os fatores relacionados ao perigo (percepção de eficácia) e
dências empíricas de erros persistentes em uma subamostra de indivíduos em relação à percepção os relacionados aos recursos (custos de oportunidade). São considerados três fatores relacionados ao
de mudanças nos parâmetros climáticos locais. Em segundo lugar, testamos a existência de hetero- perigo, denominados eficácia percebida para (i) proteger a pessoa e (ii) proteger a propriedade, e (iii)
geneidade adicional na probabilidade de pertencer ao grupo que comete erros persistentes na anteci- a utilidade percebida das ações para outros fins. A necessidade percebida de dinheiro, equipamentos,
pação de eventos climáticos com base em modelos econométricos. Em terceiro lugar, desenvolvemos conhecimento, tempo e esforço para implementar a ação de proteção estão entre os fatores relaciona-
um modelo de seguro privado de dois períodos sob incerteza com preços endógenos para explicar dos aos recursos. O comportamento desejável do PADM deve indicar que, fixando o nível de aversão
como a coexistência desses grupos pode desviar os preços de mercado dos fundamentos, levando a ao risco, as ações contra inundações estão positivamente associadas à percepção de efetividade da
uma redução do bem-estar social no longo prazo. Nosso modelo proposto difere daquele de Rotschild ação de proteção e negativamente relacionadas aos seus custos diretos e indiretos (de oportunidade).
e Stiglitz (1976) por considerar crenças heterogêneas e tributação de renda para corrigir falhas de Embora o PADM permita identificar os efeitos da percepção de efetividade e custos de oportunidade
mercado (assimetria de informação). A carga tributária é empregada para financiar uma tecnologia das medidas privadas na adoção de ações protetivas, ele omite a aversão ao risco, que é fator chave em
pública que fornece informações precisas aos agentes que cometem erros persistentes. A cobran- qualquer modelo de seguro privado. Isso pode possivelmente induzir um viés de omissão.
ça somente sobre os agentes sem expectativas racionais é uma forma de evitar comportamentos de Propomos um modelo empírico capaz de avaliar o comportamento de pessoas que vivem sob risco
risco moral entre aqueles com expectativas racionais (MIRLEES, 1971; ATKISON E STIGLITZ, 1972). de enchentes frequentes com base nos dados coletados em Governador Valadares. A bacia do Rio
Por fim, resolvemos o modelo proposto algebricamente com uma solução de forma fechada e simula- Doce desempenha um papel importante no desenvolvimento econômico das regiões Leste de Minas
mos o limite de tributação como proporção da renda dos agentes que melhora qualquer alocação de Gerais e Norte do Espírito Santo. Apesar de sua importância para a economia da região, as enchentes
mercado sem intervenção do governo (melhora de Pareto). do Rio Doce também vêm impondo grandes perdas às cidades de seu quadro, não apenas do ponto
Com base nas amostras coletadas em Governador Valadares, identificamos a existência de um grupo de vista econômico. Governador Valadares tem grande parcela da população sob risco de enchentes.
de indivíduos cometendo erros persistentes na antecipação de eventos climáticos. Nossos modelos As três grandes enchentes que ocorreram em 1979, 1997 e 2012 destruíram casas, meio ambiente e
econométricos sugerem ainda que a probabilidade de pertencer a esse grupo varia significativamen- mataram muitas pessoas.
te pelos atributos sociodemográficos dos entrevistados e pelos atributos geofísicos de seus locais de Conforme pressuposto no PADM, a intenção do indivíduo adotar cada ação de proteção depende de
residência. Essa constatação empírica de heterogeneidade dentro e entre grupos ajuda a explicar sua percepção de efetividade e custos de oportunidade da ação, bem como de algumas características
por que não há oferta de mercado de informações sobre eventos naturais. A ausência de empresas pessoais como sua aversão ao risco, sexo e condição socioeconômica. Os efeitos podem variar de
que forneçam esse tipo de informação ocorre porque a discriminação de preços via diferenciação de acordo com as medidas protetivas. A aversão ao risco e as percepções de efetividade e custos de opor-
produtos é economicamente inviável em mercados privados. Portanto, propomos um modelo teórico tunidade são traços latentes do indivíduo que são medidos indiretamente. Além disso, as respostas
com agentes heterogêneos e tributação para financiar uma tecnologia pública que fornece informa- individuais às ações de risco de inundação são naturalmente correlacionadas, pois são dependentes
ções sobre eventos naturais. do indivíduo.
Os resultados do nosso modelo de seguro com mercados incompletos mostram que o grupo com Desenvolvemos um modelo estatístico para acomodar todos esses recursos de dados, fornecendo
expectativas corretas precifica o seguro como os fundamentos econômicos (ROTSCHILD E STIGLITZ, um modelo alternativo para analisar adequadamente esse tipo de dados. Apresentamos um modelo
1976), enquanto os agentes com expectativas imprecisas distorcem os preços do seguro no longo de dois estágios. Na primeira etapa, um modelo de teoria de resposta ao item (TRI) é usado para esti-
prazo. A solução de forma fechada sugere que os agentes que cometem erros persistentes no pro-

36 37
mar as percepções de efetividade e custos de oportunidade, permitindo quantificar adequadamente Esses resultados mostram a importância dos esforços para modelar percepções em modelos de au-
a incerteza inerente a tais quantidades. Na segunda etapa, um modelo de regressão logística mista toproteção e autosseguro contra riscos naturais. Esses esforços melhorarão o conjunto de evidências
relacionando a probabilidade de adoção de medidas de proteção contra enchentes às covariáveis de que os preços relativos podem ser de segunda importância quando se trata de proteção privada
medidas diretamente dos indivíduos e aos traços latentes que representam aversão ao risco e per- contra riscos, com prováveis consequências de bem-estar no longo prazo. Uma área-chave de pes-
cepções sobre a efetividade e o custo de oportunidade dessas medidas é construída. Assumimos uma quisa na tomada de decisões sobre ações de proteção é a combinação ideal de estratégias de proteção
abordagem bayesiana para inferência e investigamos se as hipóteses que sustentam o PADM são sa- quando os indivíduos enfrentam várias restrições. A maximização da sobrevivência e a minimização
tisfeitas em um estudo envolvendo indivíduos sob risco de enchentes em Governador Valadares. Um das perdas são objetivos simultâneos que podem exigir diferentes estratégias de comunicação, de-
efeito aleatório refletindo características de indivíduos não medidos é incluído no modelo para corre- pendendo das características dos indivíduos sob risco, algum nível de subsídio para melhorar a adap-
lacionar as respostas individuais às diferentes medidas de proteção consideradas em nosso estudo. tação in situ em comunidades socialmente vulneráveis e mais pesquisas sobre o papel da incerteza na
Nossos resultados mostram que a intenção de adotar medidas de proteção contra riscos de inundação percepção do risco, eficácia e preço das ações no comportamento de preparação.
é mais sensível ao efeito positivo da efetividade percebida do que ao efeito negativo das medidas de
preço relativo. Este resultado foi encontrado por trabalhos empíricos sobre seguros contra terremotos Relações entre pequenas cidades e o Semiárido: o caso do
e inundações na Europa (TERPSTRA E LINDELL, 2013). A maioria das estratégias de autosseguro Seridó Potiguar3
apresentadas neste estudo (e estudos semelhantes em outros lugares) mostra que a eficácia perce-
bida é relativamente alta e os custos de oportunidade associados são baixos. Então, por que existem Antecedentes e justificativa
muitos ainda desprotegidos e vivendo em áreas de risco, mesmo quando a restrição de renda, uma O objetivo da pesquisa foi analisar as vulnerabilidades socioambientais e os mecanismos de adapta-
provável causa de desproteção, não é um problema? ção das cidades e população residente na região do Seridó Norteriograndense. A região tem passado
A literatura sobre comportamento de preparação levanta muitos problemas que levam a muitos indi- uma das mais graves crises hídricas dos últimos 50 anos. Ao contrário do que o imaginário social
víduos sem seguro. O viés heurístico é uma das principais causas de equívocos de risco. Esse tipo de pressupõe, o grau de urbanização dessa região é da ordem de 85%, ou seja, é uma região tão ou mais
viés é causado quando a interpretação do risco se desvia da avaliação objetiva do risco, aumentando urbanizada que muitas regiões do Sudeste. Entretanto, a maior parte dos 216 mil habitantes da região
a exposição a situações prejudiciais. O modelo de demanda por seguro de Kunreuther e Pauly sugere reside em pequenos municípios, sendo os maiores Caicó (62 mil) e Currais Novos (42 mil). Conside-
que a baixa demanda geral por seguro (que inclui autoproteção e autosseguro) pode ser explicada rando os efeitos futuros de mudanças climáticas e até contextos de desertificação iminentes, este
por outra causa: os altos custos de informação incorridos pelos agentes (KUNREUHTER et al., 2013). recorte é de fundamental importância para se entender as interações entre as pequenas e grandes
Erros subjetivos na avaliação de risco é uma área muito importante para pesquisa em psicologia localidades urbanas.
social, comunicação de risco e economia comportamental, uma vez que esse tipo de assimetria de
Articulações rural-urbano e estratégias de adaptação às secas no Seridó Potiguar
informação tem implicações importantes para o bem-estar dos indivíduos e da sociedade.
O Seridó Potiguar está localizado no semiárido norteriograndense e é composto por duas microrre-
Ao modelar a efetividade percebida como um traço latente, espelhamos empiricamente o análogo
giões, Seridó Ocidental e Seridó Oriental (Figura 7). As duas microrregiões também estão incluídas no
da incerteza subjetiva nas transferências de seguros, conforme discutido em modelos econômicos
Núcleo de Desertificação do Seridó, que é composta por municípios do semiárido norteriograndense
teóricos de demanda por seguros (vistos nas duas seções acima). Apesar do efeito positivo desse
e paraibano.
traço latente na probabilidade de intenção de adoção, a baixa demanda geral por autosseguro contra
eventos de baixa probabilidade e alta perda provavelmente é causada por um mecanismo que imita a Figura 7: Localização dos municípios do Seridó Potiguar (Rio Grande do Norte, Brasil), 2010.

antecipação dos consumidores da inadimplência das seguradoras no mercado de seguro contratual


tradicional. Ou pode ser simplesmente o resultado de uma adaptação in situ.
A percepção do custo de oportunidade parece afetar apenas a demanda por seguro formal e contra-
tual, mas não por outras medidas. Isso é esperado, uma vez que muitas das outras medidas (incluindo
a busca de informações sobre as consequências das enchentes, rotas de evacuação e locais seguros/
altos no bairro, a criação de uma lista dizendo o que fazer em caso de evacuação e acordos com fa-
miliares/familiares, amigos e vizinhos sobre como ajudar uns aos outros durante uma evacuação)
podem ser percebidos como um custo compartilhado. Novamente, a recorrência de eventos pode
explicar por que essas medidas de proteção são menos sensíveis aos preços relativos: a prática repe-
titiva do comportamento de preparação do grupo funciona como um tipo de estratégia de adaptação
contra produtos com custos decrescentes.
Finalmente, encontramos um impacto positivo e significativo da aversão ao risco no autosseguro
contra riscos de inundação para todos os tipos de medidas utilizadas. Também descobrimos que o
impacto da eficácia percebida e dos custos no comportamento de preparação é modificado depen-
dendo do nível de aversão. Especialmente para contratos de seguro muito caros, a demanda seria Fonte: IBGE, Malha Municipal Digital (2010).

suficientemente baixa mesmo entre indivíduos altamente avessos. 3


O estudo de caso do Seridó Potiguar foi baseado em Correia (2022).

38 39
O clima do Seridó é influenciado pelos fenômenos El Niño e La Niña, que reproduzem variações no tinham o meio rural como o centro das atividades econômicas. Mesmo após a crise da atividade
tempo e no volume das chuvas (BARBIERI et al., 2019). O período mais chuvoso na região ocorre açucareira, esta é substituída pelo cultivo do algodão, permanecendo uma economia ainda de base
entre fevereiro e maio, época de atuação da La Niña, que tem efeitos opostos ao El Niño. Além disso, agrícola. O crescimento econômico dos municípios, de base agrária e atrasada, é dificultado pela ine-
na região predomina a baixa fertilidade do solo devido ao processo de desertificação em curso, acen- ficiência nos serviços de transporte, que inviabilizava a circulação de pessoas, mercadorias, informa-
tuando situações de vulnerabilidade da população, que é fortemente dependente das atividades agro- ções e, consequentemente os negócios ainda até a década de 1980 no estado (CLEMENTINO, 1995;
pastoris (CORREIA, 2018). MORAIS, 1999; CORREIA, 2018).

Figura 8: Seridó Potiguar: chuvas acumuladas no período (por quantis), 2000-2016. Nos anos 2000, contudo, o Seridó Potiguar já apresentava um grau de urbanização superior à região
Nordeste como um todo (69%), na ordem de 80%. A população urbana dessa região em 2010 era
de 182.894 habitantes, o que correspondia a 84,5% da população total, como mostra a Figura 9. Em
2017 o IBGE estimou a população urbana em torno de 195.550 habitantes, com pouca alteração no
grau de urbanização em relação a 2010. No entanto, a população urbana teve um crescimento de 7%
no período de 2010-2017 (IBGE, 2010).

Figura 9: Seridó Potiguar, Semiárido e lugares selecionados: população total, urbanização (%) e Taxas de Fecundidade Total
(TFT), 2000 e 2010.

Fonte: EMPARN (2019).

No período de 2011-2016, o Nordeste como um todo enfrentou uma das maiores estiagens dos úl-
timos 30 anos e a sua maior crise hídrica dos últimos 50 anos (CORREIA, 2018; CORREIA; OJIMA,
2019). No Seridó, é possível perceber uma queda nos volumes de chuvas anuais no período, onde
predominam os regimes pluviométricos muito secos em boa parte dos municípios da região (Figura
8). As temperaturas observadas também são elevadas, chegando a ultrapassar os 37ºC em alguns
períodos (BARBIERI et al., 2019).
O processo de urbanização nessa região, que tem suas singularidades, com os domicílios concentra-
dos sob as margens de açudes que abastecem a população (LINDOSO et al., 2018) pode estar asso-
ciado às estratégias de sobrevivência que respondem às condições socioambientais típicas da região.
Além dos impactos das secas nas atividades agrícolas (KHAN et al., 2005), que podem estimular
dentre outras a migração rural-urbana (BLACK et al., 2011), os períodos longos de estiagem, eviden-
temente, têm contribuído para o que pode ser chamado de seca urbana, à medida que os mananciais
se esgotam e produzem uma demanda reprimida por recursos naturais como a água para atender às Fonte: Elaborado a partir de Correia (2022).

necessidades básicas (CORREIA; OJIMA, 2019).


Outro ponto interessante é que o Nordeste ainda é concentrado essencialmente por municípios
O estado do Rio Grande do Norte, de um modo geral, teve um processo de urbanização considerado pequenos como os do Seridó, ou seja, aqueles com menos de 100 mil habitantes, onde os ritmos
lento durante um longo período devido à manutenção de sua estrutura produtiva baseada na agro- tanto de crescimento populacional quanto de urbanização são mais acelerados (OJIMA, 2013).
pecuária. As cidades, que estavam de certa forma assentadas sob os velhos caminhos do gado, ainda Contudo, a migração com origem em áreas rurais não pode ser considerada o único nem o prin-

40 41
cipal fator responsável pelo crescimento dessas cidades, ao passo que na média a migração ru- Por outro lado, o Nordeste brasileiro, com exceção do Rio Grande do Norte e do Sergipe, possuía
ral-urbana representou 30% do crescimento da população urbana entre 1975 e 2000 na América saldos migratórios negativos até o último censo demográfico (IBGE, 2010). A literatura regional
Latina e 46% entre 1970 e 2010 no Nordeste brasileiro (TACOLI; MCGRANAHAN; SATTERTH- argumenta que as políticas de desenvolvimento regional, desconcentração da atividade econô-
WAITE, 2008; OJIMA, 2013). mica e de expansão do ensino superior nas décadas recentes têm ajudado a região a arrefecer
esses saldos migratórios negativos, inclusive com o aumento da migração de retorno (QUEIROZ,
Nesse sentido, ainda de acordo com os indicadores sociais e demográficos da região mostrados
2015; FUSCO; OJIMA, 2017).
na Figura 9, outro aspecto importante é a Taxa de Fecundidade Total (TFT)4, que diz respeito ao
número médio de filhos por mulher em idade reprodutiva. Este indicador já atingia um valor de Assim, indivíduos nordestinos que outrora tenham sido motivados pelas secas a buscar melhores
1,9 filhos por mulher em 2000, quando o país apresentava uma média em torno de 2,4 filhos condições de vida por meio da migração rural-urbana e de longa distância, especialmente para a
por mulher em idade reprodutiva e que só atingiria essa mesma marca de uma TFT de 1,9 dez região o Sudeste do país, têm retornado para suas regiões de origem, contudo com destino predo-
anos depois. Em todas as localidades apresentadas na Figura 7, a fecundidade já mostrava uma minantemente para as áreas urbanas (OJIMA, 2013). Essa migração de retorno para o semiárido,
tendência de queda pelo menos a partir dos anos 2010. Na região do Seridó, contudo, a fecundi- inclusive, tem sido estudada no contexto dos programas de transferência de renda (OJIMA; AZE-
dade já era inferior ao nível do país e estava abaixo do nível de reposição na década de 2000. No VEDO; OLIVEIRA, 2015).
semiárido como um todo, as TFT são menores do que nas outras regiões selecionadas nos dois
Figura 10: Semiárido Brasileiro: Taxas Líquidas de Migração (por mil), 2005/2010.
períodos, exceto para o Seridó Potiguar com taxas ligeiramente inferiores (IBGE, 2000; 2010).

As taxas de crescimento da população total e por situação do domicílio também sinalizam estra-
tégias de sobrevivência da população em função das secas nas últimas décadas no Seridó Poti-
guar (Gráfico 3). Assim, o Seridó, além de uma menor fecundidade em relação à média nacional
e às regiões selecionadas, manifesta uma taxa de crescimento negativa da população rural, que
pode ser em função da migração e também da queda da fecundidade. Essa taxa de crescimento
para a população rural nas outras regiões selecionadas também é negativa, mas a magnitude da
taxa no Seridó é superior às demais (IBGE, 2000; 2010).

Gráfico 3: Seridó Potiguar, Semiárido e lugares selecionados: Taxas de Crescimento da população total e por situação do domi-
cílio, 2000-2010.

Fonte: Censo Demográfico 2010 – Dados da amostra (IBGE).

Com base nos censos demográficos de 2000 e de 2010, é possível observar essa tendência, onde
a chance de migração tem uma queda no Nordeste, especialmente em se tratando dos fluxos
migratórios inter-regionais, com perda relativa da sua participação na migração como um todo
(RIGOTTI; CAMPOS; HADAD, 2015; DANTAS, 2017; PAMPANELLI, 2018), que podem ser justi-
ficados pelas políticas de desconcentração das atividades econômicas e serviços de saúde e de
educação, reduzindo a necessidade de migração para outras regiões do país para ter acesso à
esses benefícios (QUEIROZ, 2015; FUSCO; OJIMA, 2017). Contudo, a Figura 11 mostra que até o
Censo Demográfico de 2010 a maior parte dos municípios do semiárido tinha Taxas Líquidas de
Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 2000 e 2010. Migração (TLM) negativas, mostrando que a migração ainda representa um papel importante no
crescimento da população dessa região.
4
A TFT é uma taxa anual calculada por meio da divisão do número total de crianças nascidas no ano anterior por mulheres de 15 a 49 anos
(que correspondem às mulheres no período reprodutivo, ou seja, expostas ao risco de ter filhos), multiplicada por cinco.

42 43
Figura 11: Seridó Potiguar e regiões selecionadas: imigrantes e emigrantes de cinco ou mais anos de idade na data do censo, e os
2011. Como poderíamos, então, avaliar os potenciais impactos das secas nos anos mais recentes
consequentes saldos migratórios e Taxas Líquidas de Migração (TLM) por cem habitantes – 1995/2000 e 2005/2010.
para definir estratégias de sobrevivência da população?

Resultados principais e implicações para políticas públicas

Os dados das pesquisas no semiárido mostram que os fluxos de migrantes no período da seca
aumentaram se comparados aos dados dos Censos Demográficos de 2000 e 2010, com algumas
exceções. A Figura 12 mostra que os fluxos de migrantes internos e urbano-urbano aumenta-
ram no período da seca tanto em termo de volume quanto em termos de participação relativa na
migração quando são comparados os dados das pesquisas de 2017 com os dois últimos censos
demográficos. Para os migrantes inter-regionais, apesar da queda na participação relativa na mi-
gração total, há um aumento no volume. O migrante rural-urbano, contudo, representa a exceção
com uma queda no volume e na sua participação relativa. Esses resultados corroboram com a
literatura que mostra uma relação positiva entre os períodos de seca e a migração (GRAY; MUEL-
LER, 2012; ZANDER et al., 2022).

Figura 12: Seridó Potiguar: número absoluto e relativo de migrantes residentes na zona urbana, com tempo de residência de até
cinco anos na data de referência da pesquisa, 1995/2000, 2005-2010 e 2011-2016.

Fonte: Elaborado a partir de Correia (2022).

Não por acaso, essas TLM negativas têm se concentrado especialmente na região semiárida do
país, onde as secas são mais recorrentes (CORREIA, 2018). No Seridó Potiguar essa dinâmica
não poderia ser tão diferente da região semiárida como um todo, com um crescimento do saldo
migratório negativo no quinquênio de 2005/2010 em relação ao quinquênio anterior, conforme
indicado na Figura 9. Contudo, esse aumento expressivo no saldo migratório negativo do Seridó
não se reproduziu nas outras regiões analisadas na Figura 11. Isso permite que o Seridó tenha
uma TLM negativa mais elevada em comparação às outras regiões e, assim, um impacto negativo
da migração no crescimento populacional superior às regiões selecionadas (CORREIA; OJIMA,
BARBIERI, 2020).

Isso mostra que existem particularidades dentro dos municípios do Nordeste e da própria região
semiárida que merecem uma investigação mais detalhada que não pode ser facilmente reali-
zada com as fontes de dados disponibilizadas pelos órgãos do governo federal, como os censos
demográficos (OJIMA, 2013; CORREIA, 2022). Assim, pesquisas mais regionalizadas são impor-
Fonte: Elaborado a partir de Correia (2022).
tantes para entender os impactos das mudanças ambientais e definir estratégias de adaptação
(ALVALÁ; BARBIERI, 2017). Um bom exemplo disso é que o último censo demográfico brasileiro
realizado até a presente data é o de 2010 e a última seca na região teve início por volta do início de

44 45
Nesse contexto, outros estudos foram realizados para o Seridó Potiguar utilizando o banco de Desse modo, é necessário reconhecer a relevância dessa agenda de pesquisa no Semiárido
dados da Rede Clima. Esses trabalhos, dentre outros resultados, mostraram a importância dos brasileiro para compreender como as secas e a urbanização afetam as condições de vida da
programas de transferência de renda como o Programa Bolsa Família e das remessas de migran- população e, assim, sugerir medidas de convivência diante dos desafios que se colocam. Para
tes nos períodos de secas para reduzir a vulnerabilidade socioeconômica dos domicílios (BAR- a sua manutenção, portanto, é importante que haja uma continuidade nos investimentos em
BIERI et al., 2019; CORREIA; OJIMA; BARBIERI, 2020). pesquisas mais regionalizadas (ALVALÁ; BARBIERI, 2017), inclusive para entender melhor os
efeitos dos programas sociais dos governos das remessas de migrantes para a região de origem,
Outro ponto importante apontado nesses estudos é o acesso à água e a capacidade de armazena-
como já apontados na literatura (OJIMA; AZEVEDO; OLIVEIRA, 2015; CORREIA; OJIMA; BAR-
mento no período da seca na região, que são limitados (CORREIA, 2018; LOPES; MYRRHA; QUEI-
BIERI, 2020) e, de um modo mais amplo, de outras estratégias de sobrevivência durante as
ROZ, 2020). A Figura 13 mostra, inclusive, que o abastecimento nos períodos de seca geralmente
secas. Em uma região como o Seridó, onde a capacidade institucional para lidar com desastres
é feito por meio de carro-pipa ou até por uma caixa de água instalada no centro da cidade para
ambientais como as secas é considerada baixa devido a sua dependência por recursos dos es-
uso coletivo. Lopes, Myrrha e Queiroz (2020) mostraram que essa capacidade é limitada prin-
tados e da união (OJIMA, 2013), entender esses mecanismos é essencial para definir a atuação
cipalmente nos domicílios chefiados por mulheres, que também são aqueles com os menores
das políticas públicas.
níveis de renda per capita.

Figura 13: Seridó Potiguar: imagens ilustrativas sobre o abastecimento de água nas cidades de Acari (a) e Caicó (b) durante o
período da seca de 2011-2016. Assentamentos urbanos e sustentabilidade nas regiões
(a) (b) metropolitanas brasileiras: desafios para a construção de
políticas públicas
Antecedentes e justificativa

As Regiões Metropolitanas (RMs) são palcos das grandes transformações sociais e econômicas
ocorridas no Brasil a partir de meados do século XX (DINIZ, 1993; BAENINGER, 1998; PACHECO,
1998; OBSERVATÓRIO DAS METRÓPOLES, 2005). Conforme Ojima et al. (2010) e Ojima e Ma-
Fonte: Imagens capturadas durante a pesquisa. randola (2012), o crescimento das RMs é marcado pela desorganização e pela formação de uma
periferia pobre, carente de infraestrutura e com dificuldade de acesso aos serviços públicos que
Barbieri et al. (2019) sugerem que nos períodos de seca severa, que correspondem aos tempos acentuaram a desigualdade social brasileira. Nessa fase, o crescimento se concentrava na expan-
mais difíceis para a população na região do Seridó, as formas de mobilidade sem desvincu- são de uma zona urbana contígua, dentro de um mesmo município, marcada pelo rápido cresci-
lação com o domicílio de residência são preferíveis pelos homens e a migração só volta a ser mento e carência de planejamento urbano (OJIMA, et al., 2010; OJIMA; MARANDOLA, 2012). O
praticada em condições de retorno à normalidade (BARBIERI et al., 2019). Nesse aspecto, os segundo momento é de uma migração urbana-urbana, com a desconcentração de algumas me-
programas de transferência de renda podem ser importantes para definir tais estratégias, onde trópoles em direção às cidades médias e também das cidades pequenas para as cidades médias.
a existência de programas sociais pode compensar os efeitos das secas na renda das famílias Essa fase é marcada por formas urbanas mais dispersas espacialmente, mas conectadas pelo
e, consequentemente, na migração (BARBIERI et al., 2019; CORREIA; OJIMA; BARBIERI, 2020). aumento da intensidade dos fluxos de troca. Como resultado desse processo, as áreas urbanas
Outras pesquisas para o Nordeste brasileiro estudaram os efeitos dos choques climáticos, in- passaram a se expandir de forma mais horizontalizada, com baixa densidade populacional e com
clusive as secas, sobre a migração, contudo trata-se de um grupo de trabalhos ainda limitado grande dependência do transporte individual (OJIMA, et al., 2010; OJIMA; MARANDOLA, 2012).
(BARBIERI et al., 2010; OJIMA; COSTA; CALIXTA, 2014; BARBIERI et al., 2019; DELAZERI et al., A expansão de áreas urbanas gera uma série de impactos econômicos, sociais e ambientais
2022), o que pode ser resultado da falta de bases de dados específicas para analisar os efeitos negativos para a sociedade. Por exemplo, quanto maiores as distâncias entre as áreas de re-
das mudanças ambientais nas estratégias de adaptação. Barbieri et al. (2010), por exemplo, sidência e as de trabalho, comércio e serviços, maiores são o tempo de deslocamento e a de-
encontraram padrões de migração interna em função das mudanças no setor agrícola da região manda para o uso do automóvel, acentuando os problemas de mobilidade urbana e poluição
potencialmente influenciadas pelos choques climáticos. Delazeri, Cunha e Oliveira (2021), por atmosférica. A escolha por modais de transporte ainda dependentes de combustíveis fósseis
sua vez, observaram que a migração rural-urbana ocasionada pelos choques nessa região é tem graves implicações para a poluição atmosférica e consequentemente para a saúde pública
também condicional ao nível de renda da agricultura e da escolaridade da população. nas metrópoles e para o agravamento das mudanças climáticas locais e globais. Vale lembrar
Ojima, Costa e Calixta (2014) já tinham observado que os programas de transferência de renda que, na última década, o país apresentou taxas superiores a 10% ao ano de crescimento da
constituem um elemento relevante no processo migratório e, consequentemente, como um me- frota de caminhões, automóveis e motocicletas, passando de 24 para 50 milhões de veículos,
canismo de adaptação às secas. Os autores mostram que os indivíduos do semiárido setentrional um crescimento da frota aproximadamente 11 vezes maior que o crescimento populacional
que recebem os benefícios sociais do governo têm uma maior chance de permanecer no muni- (DENATRAN, 2015). Além de impactar a mobilidade nas metrópoles, o aumento das frotas de
cípio de residência do que migrar para outros (OJIMA; COSTA; CALIXTA, 2014). Desse modo, a veículos, ao gerar engarrafamentos nas cidades, acarreta custos indiretos via perda de produ-
perda de renda provocada pelos choques poderá ser compensada pela migração de pessoas com tividade. Estimativas recentes, que tiveram grande repercussão na imprensa, mostram que a
alta escolaridade para áreas urbanas, enquanto a capacidade de resposta via migração para os perda de produtividade devido aos engarrafamentos é extremamente significativa e atinge o
mais empobrecidos é limitada pela renda e baixa escolaridade (DELAZERI et al., 2022). patamar de 150 bilhões de reais somente para a RM de São Paulo (HADDAD; VIEIRA, 2015).

46 47
Regiões metropolitanas: um caso especial A partir da Lei Complementar nº 14, de 1973, são estabelecidas oito regiões metropolitanas no
Brasil (São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador, Curitiba, Belém e Fortaleza)
O planejamento nas regiões metropolitanas tem se beneficiado de abordagens interdisciplina-
(BRASIL, 1973), como parte de uma política nacional de desenvolvimento urbano fortemente
res, capazes de estabelecer soluções mais condizentes com a natureza dos problemas urbanos.
relacionado à expansão industrial no país (MOURA et al., 2001). No mesmo esteio, em 1974
De acordo com Lima e Mendonça (2001, p. 135), os problemas urbanos “demandam a busca
é instituída a Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Em 1988, a competência de criação de
de soluções que ultrapassam o campo restrito de disciplinas isoladas, levando o urbanismo a
RMs sai da esfera federal e passa à esfera estadual, como consta da Constituição Federal6. Essa
atingir o patamar de campo básico da interdisciplinaridade”.
mudança trouxe importantes desdobramentos, como a proliferação da formalização legal de
Segundo Freitas (2009), o fenômeno da metropolização é parte recente de um longo processo novas regiões metropolitanas que não apresentam as características socioeconômicas que
de urbanização em escala global e que decorre da polarização de uma região em torno de uma caracterizam as aglomerações metropolitanas originais, o que gerou uma série de distorções
cidade (cidade-núcleo) de relevante porte populacional e elevadas densidade demográfica e quantitativas e qualitativas entre as RMs brasileiras (BARRETO, 2012). No entanto, estes locais
taxa de urbanização. A metrópole constitui-se por essa cidade-núcleo e por cidades ao redor concentram significativa parcela das riquezas e poderio econômico, além da produção e das
que estabelecem uma dependência econômica com intensos fluxos pendulares, ou se integram atividades estratégicas (MOURA et al., 2001).
a ela de forma física e funcional. Ainda segundo Freitas (2009), existem sete aspectos refe-
Assim, o país passou a ter um grande número de RMs de caráter apenas formal, sem apresentar
renciais para a identificação de uma região metropolitana: grande concentração populacional;
as características dinâmicas e funcionais de uma metrópole. Desde a formalização legal das
conurbação; alto grau de urbanização; polarização dentro de uma rede de cidades; destaque
primeiras regiões do país em 1973, muitas alterações foram feitas, tanto no número quanto na
no cenário estadual e nacional; e existência de relação funcional de interdependência. Além
composição das regiões metropolitanas (OBSERVATÓRIO DAS METRÓPOLES, 2005; GARSON
disso, a institucionalização de uma região metropolitana permite a implantação de sistemas de
et al., 2010).
gestão comuns.
O Observatório das Metrópoles, que produz boa parte da pesquisa sobre regiões metropolitanas
A história da expansão urbana brasileira mostra um momento inicial de rápido crescimento
no país, considera que apenas 15 das 38 RMs formalmente reconhecidas apresentam as carac-
nos anos 1940-70 em função da imigração de longa distância com destino às principais metró-
terísticas típicas de regiões metropolitanas. Todas as demais são consideradas aglomerações
poles do país (São Paulo e Rio de Janeiro). O processo de metropolização é identificado a partir
urbanas não-metropolitanas e possuem apenas parte dessas características (OBSERVATÓRIO
da década de 1970 em São Paulo e no Rio de Janeiro e, posteriormente, em outras grandes
DAS METRÓPOLES, 2005). Independentemente de suas características, as transformações das
cidades brasileiras (MOURA et al., 2001; FREITAS, 2009). Tal processo decorre de uma série de
RMs brasileiras têm demandado crescentes esforços de planejamento e monitoramento por
transformações, em um momento no qual o país apresenta seus primeiros sinais concretos de
parte dos gestores urbanos (UNFPA, 2007). O planejamento da ocupação humana é um instru-
industrialização, e em que as metrópoles brasileiras foram os polos de atração populacional e
mento essencial para avaliar e orientar essas transformações ao longo do tempo, demandando
de concentração de riqueza, contribuindo para transformar o Brasil em um país eminentemen-
conhecimentos sobre formas diferenciadas de organização, produção e gestão, sendo assim
te urbano5. Este crescimento urbano acelerado contribuiu para que a dinâmica populacional
um importante mecanismo voltado para uma orientação racional do futuro (BUARQUE, 2003;
exercesse grande pressão nas maiores cidades, explicitando a incapacidade governamental na
PDDI, 2011).
gestão de questões de interesse público tais como habitação, transporte intra e intermunicipal,
defesa civil, violência urbana, recursos hídricos, saneamento, e acesso ao mercado de trabalho Contribuições da demografia e das geociências para o planejamento metropolitano
(HOGAN, 1999; RIOS-NETO et al., 2009; PDDI, 2011).
Diante dos novos desafios na esfera do planejamento metropolitano, as transformações demo-
O processo de urbanização brasileira é um dos mais acelerados do mundo, comparado aos gráficas e as demandas associadas assumiram grande importância. Instrumentos de análise
países capitalistas ocidentais (COSTA; MONTE-MÓR, 2002; BRITO, 2007). Em poucas décadas, espacial aplicados à demografia em escalas intraurbanas são uma demanda crescente para o
o Brasil passa de uma sociedade com características eminentemente rurais para uma socie- planejamento de curto, médio e longo prazos, pois permitem a realização de uma avaliação do
dade urbana. Esse processo foi resultado de uma intensa migração rural urbana direcionada espaço metropolitano que reflita de forma mais fidedigna a sua heterogeneidade espacial e a
especialmente, e em maior escala, para as capitais do Sudeste, com destaque para São Paulo. evolução temporal do uso e ocupação do solo (BUARQUE, 2003; PDDI, 2011). De fato, avanços
A acelerada urbanização e metropolização contribuíram para profundas transformações no metodológicos significativos na avaliação interdisciplinar dos problemas urbanos e nas inicia-
perfil da sociedade brasileira, criando uma hegemonia do urbano em termos populacionais e tivas de planejamento territorial foram impulsionados pelo surgimento de novas tecnologias de
de geração de riqueza (BRITO, 2007). Além disso, levaria à intensificação das contradições da análise, tais como grandes bancos de dados demográficos e geoespaciais, imagens de satélite
sociedade brasileira nas metrópoles, permitindo dizer que o coração dos problemas brasileiros de livre acesso, softwares de estatística e análise espacial. Essas inovações ocorreram sobre-
se encontra nessas regiões (OBSERVATÓRIO DAS METRÓPOLES, 2005). tudo nas duas últimas décadas e são aplicadas inclusive à análise das relações entre popula-
ção, espaço e ambiente (UMBELINO, 2012). Assim, teorias e conceitos desenvolvidos em uma

5
Nos últimos anos, diversos estudos vêm destacando uma reversão dessa tendência, com um arrefecimento do poder de atração das metró-
poles e um movimento em direção às cidades médias (Diniz, 1993; Pacheco, 1998; Baeninger, 1998a; Matos, 2000, 2005; Matos e Braga,
2005a). O movimento de desconcentração constituiu-se em um fenômeno importante, mas não diminuiu a relevância da questão metropo-
litana do país, pois as metrópoles se mantém crescendo, e ainda concentram boa parte da população e geração de riqueza, bem como as 6
Conforme se verifica no terceiro parágrafo do artigo 25 da Constituição Federal: “Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir
enormes contradições da sociedade brasileira como a desigualdades social, formas precárias de urbanização, problemas de mobilidade, entre regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a orga-
outros (IBGE, 2015). nização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum” (BRASIL, 1988).

48 49
Figura 14: Localização dos 5 municípios da RMBE e seus 1.303 assentamentos subnormais.
perspectiva interdisciplinar encontram sustentação no uso de novas técnicas e ferramentas
inteligentes, voltadas para a manipulação e integração de bancos de dados e informações de
diversas naturezas (BATTY, 2005). Nesse aspecto, as novas possibilidades de utilização de geo-
tecnologias associadas a bancos de dados convencionais merecem destaque, principalmente
a partir de aplicações de Sistemas de Informação Geográfica (SIGs) que procuram simular o
espaço através do armazenamento, manipulação e análise de dados geográficos em um am-
biente computacional (DAVIS; FONSECA, 2001; DE BY et al., 2001; LONGLEY et al., 2005).

Em suma, o geoprocessamento constitui-se em uma ferramenta fundamental para simulação


em diversas escalas urbanas e intraurbanas, permitindo que diversas representações espaciais
possam ser combinadas. Atualmente, um dos grandes desafios dos planejadores é pensar nas
alterações no uso e ocupação do solo da sua região, como por exemplo, a expansão da área
urbana, conseguindo responder “onde”, “como” e “quando” essa expansão urbana irá ocorrer,
caso determinados critérios forem seguidos (UMBELINO, 2012).

Impactos de vetores de expansão urbanos sobre a biodiversidade e os serviços ecossistê-


micos nas Regiões Metropolitanas Brasileiras
Evolução dos espaços metropolitanos

A tendência verificada em todas RMs analisadas é de que os aglomerados não têm importância
significativa como agentes de expansão horizontal do tecido urbano. No caso da Região Metro-
politana de Belém, foi observado que os 1.303 setores classificados como aglomerados sub-
normais estão presentes nos 5 municípios, ao longo de toda a mancha urbana, ocupando em
2010 uma área de 143,1 km² que aumentou para 146,6 km² em 2016, o que equivale a 59,5%
do total da área da mancha urbana nesta data (Figura 14). Essa é a única região analisada onde
os valores de setores classificados como aglomerados são alarmantes, ultrapassando metade
da área construída da RM. Em nenhuma outra RM analisada esse valor supera 9% do total da
mancha urbana. Em relação aos vetores de crescimento urbano mostrados na Figura 15, per-
cebe-se que as áreas expandidas quase não se encontram dentro das regiões de aglomerados.

50 51
Figura 15: Expansão urbana na RMBE entre 2010 e 2016.
Na RMBH, dos 34 municípios, 77 não possuem aglomerados. Os 27 municípios restantes pos-
suem um somatório de 1.017 setores classificados como aglomerados, distribuídos de forma ho-
mogênea ao longo da mancha urbana, ocupando em 2010 uma área de 70,3 km² que se expandiu
para 71,8 km² em 2016, equivalente a 5,6% da área total da mancha urbana nesta data (Figura
18). Em relação aos vetores de crescimento urbano, na Figura 19 é possível verificar que os maio-
res locais nos quais a expansão urbana ocorre são áreas do entorno da capital, não formadas por
aglomerados.

Figura 16: Localização dos 11 municípios de Brasília e Entorno e seus 252 assentamentos subnormais.

Já em Brasília e Entorno, os 11 municípios possuem um somatório de 252 setores classificados


como aglomerados, distribuídos de forma homogênea ao longo de toda a mancha urbana, ocu-
pando em 2010 uma área de 42,4 km² que aumentou para 46,4 km² em 2016, o que equivale a
5,5% do total da área da mancha urbana nesta data (Figura 16). Em relação aos vetores de cresci-
mento urbano, assim como mostrado na Figura 17, a expansão predominante nos vetores leste e
sul de Brasília quase não ocorreu dentro das áreas de aglomerados. 7
Pedro Leopoldo, Confins, Taquaraçu de Minas, Caeté, Nova Lima, Florestal e Rio Manso.

52 53
Figura 17: Expansão urbana em Brasília e Entorno entre 2010 e 2016. Figura 18: Localização dos 34 municípios da RMBH e seus 1.017 assentamentos subnormais.

54 55
Figura 19: Expansão urbana na RMBH entre 2010 e 2016.
Na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, foi observado que os 3.315 setores classificados como
aglomerados subnormais estão presentes em todos os 17 municípios, distribuídos em toda a
mancha urbana, em uma área de 139,2 km² que aumentou para 141,3 km² entre 2010 e 2016,
o que equivale a 8,5% do total da área da mancha urbana da RMRJ (Figura 20). Em relação aos
vetores de expansão urbana (Figura 21), a quase totalidade se encontra diante do centro da RMRJ
e afastado dos aglomerados, que não apresentaram expansão significativa.

Por fim, na RMSP, dos 39 municípios, 38 não possuem aglomerados subnormais. Os 36 municí-
pios restantes apresentam um total de 4.074 setores classificados como aglomerados, distribuí-
dos principalmente na capital e municípios limítrofes (Figura 22). Os aglomerados ocuparam em
2010 uma área de 155 km² que se expandiu discretamente para 155,6 km² em 2016, equivalente
a 5% da área total da mancha urbana da RMSP. Na Figura 23, é possível verificar que os vetores
de expansão urbana são generalizados no sentido centro – periferia e praticamente não ocorrem
dentro dos aglomerados.

Figura 20: Localização dos 17 municípios da RMRJ e seus 3.315 assentamentos subnormais.

8
São Lourenço da Serra, Vargem Grande Paulista e Pirapora do Bom Jesus.

56 57
Figura 21: Expansão urbana na RMRJ entre 2010 e 2016. Figura 22: ELocalização dos 39 municípios da RMSP e seus 4.074 assentamentos subnormais.

58 59
Figura 23: Expansão urbana na RMSP entre 2010 e 2016.
Resultados principais e implicações para políticas públicas

Resultados gerais

A partir da segunda metade do século XX, o Brasil assistiu à metropolização de seus princi-
pais centros urbanos, fenômeno até então inédito do país e que criou uma série de desafios em
termos de gestão pública, incluindo principalmente aspectos sobre habitação, mobilidade e seus
rebatimentos ambientais. Além da dimensão econômica, traduzida na insuficiência de renda, a
pobreza está associada a outras formas de vulnerabilidade. Recentemente, várias metodologias
têm surgido com o propósito de mensurar as dimensões da pobreza em diferentes contextos. No
ambiente urbano, o estabelecimento de pessoas em moradias sem a necessária infraestrutura
de abastecimento de água e esgotamento sanitário exerce pressões ambientais dificilmente re-
versíveis. Mesmo quando os indivíduos ou famílias nessa condição atingem melhorias socioeco-
nômicas que lhes permitem migrar para outros locais, as áreas continuam sendo ocupadas por
outras famílias em pior situação, usualmente em moradias precárias sem infraestrutura básica
adequada e que amplificam as pressões ambientais.

Em suma, a assimetria entre a atratividade populacional das cidades e a capacidade de interven-


ção e desenvolvimento de infraestrutura por parte do poder público tem levado à proliferação de
assentamentos precários e aglomerados urbanos em condições que ameaçam a sustentabilidade
ambiental. Tais ameaças à sustentabilidade vão desde a contaminação de cursos d’água e lençóis
freáticos pela deposição de lixo ou esgoto, ocupação de áreas suscetíveis a movimentos de massa,
até a supressão de vegetação nativa em áreas antes não urbanizadas.

Nesse contexto, faz-se necessária uma análise dos assentamentos precários e aglomerados das
regiões metropolitanas brasileiras e os potenciais impactos ambientais relacionados a essa ocu-
pação. Os resultados apresentados a seguir trazem ao poder público informações que ajudam a
compreender as especificidades dos assentamentos no que se refere à relação entre vulnerabi-
lidade e os desafios ambientais, embasando a tomada de decisões que busquem a sustentabili-
dade.

Procurou-se caracterizar e analisar os assentamentos precários e aglomerados das regiões me-


tropolitanas brasileiras e os seus potenciais impactos ambientais relacionados. Busca-se, dessa
forma, compreender as especificidades dos assentamentos no que se refere à relação entre vulne-
rabilidade e os desafios ambientais, sobretudo pressões sobre unidades de conservação ambien-
tal, embasando a tomada de decisões que busquem a sustentabilidade em áreas metropolitanas.

O fenômeno da metropolização ocorreu em todo território nacional, e mais intensamente em


cinco regiões metropolitanas escolhidas como objeto específico de análise nesse estudo: Brasí-
lia e Entorno, Região Metropolitana de Belém, Região Metropolitana de Belo Horizonte, Região
Metropolitana do Rio de Janeiro e Região Metropolitana de São Paulo. Foram utilizados méto-
dos de análise espacial que permitiram avaliar a dimensão espacial do estado e expansão dos
assentamentos urbanos subnormais nas regiões metropolitanas, incluindo uma caracterização
demográfica e socioeconômica e os possíveis impactos ambientais decorrentes da expansão da
mancha urbana e dos assentamentos subnormais sobre biomas.

A análise das cinco regiões metropolitanas permitiu identificar o maior número possível de pro-
cessos urbanos decorrentes do fenômeno da metropolização, assim como avaliar os impactos
ambientais associados em distintos pontos no tempo. Neste cenário, novas estratégias de (re)
ocupação do espaço surgem cotidianamente, e sua caracterização, acredita-se, serve como parâ-
metro para o entendimento da maior parte dos processos urbanos presentes nas demais metró-
poles do país.

60 61
A expansão das moradias informais nas regiões metropolitanas selecionadas não é adequada- • As taxas de analfabetismo chegam a ser quatro vezes superiores nos assentamentos precá-
mente acompanhada pelo poder público, o que amplifica os desafios para a gestão ambiental e rios, e a renda média 2,5 vezes menor. Já os indicadores de saneamento são semelhantes
implica um mosaico de paisagens com dinâmicas próprias. Observou-se que a tendência verifi- àqueles dos setores não precários;
cada em todos os locais analisados é de que os aglomerados não têm importância significativa
• As unidades de conservação de uso sustentável com habitantes de assentamentos precá-
como agentes de expansão horizontal do tecido urbano. O maior impacto decorrente da expansão
rios se mostraram mais vulneráveis do que aquelas de proteção integral.
horizontal da mancha urbana nessas regiões não é decorrente dos aglomerados subnormais e
sim de outros tipos de edificações, como indústrias, conjuntos habitacionais, condomínios fecha- 4. Região Metropolitana do Rio de Janeiro
dos e edificações típicas de classe média e alta. Esta constatação reforça a necessidade de novas • Na RMRJ, pouco mais de 15% da população e dos domicílios encontra-se em assentamentos
abordagens analíticas com foco nestas unidades imobiliárias. Outro desdobramento necessário é precários, sendo a densidade domiciliar 10% superior em relação aos demais domicílios;
a revisão dos limites das UCs em áreas urbanas, visto que existem locais nos quais estes limites
• Nos assentamentos precários, o nível de analfabetismo chega a ser três vezes superior ao
não são precisos, levando a resultados espacialmente pouco precisos. Isto pode levar a uma supe-
dos demais setores, e a renda média é de somente um terço da renda dos demais setores;
restimação dos setores de assentamentos subnormais inseridos em UCs e suas zonas de entorno,
apesar de que, a proximidade destes em relação às UCs, são um sinal de alerta. • Há presença de população dos assentamentos precários nas unidades de conservação de pro-
teção integral e de uso sustentável, sendo o segundo caso mais alarmante do que o primeiro.
Especificidades das regiões metropolitanas
5. Região Metropolitana de São Paulo
O fenômeno da metropolização ocorreu em todo território nacional, e mais intensamente em
cinco regiões metropolitanas escolhidas como objeto específico de análise nesse estudo. Essa • Verifica-se que na RMSP, 12% da população reside em assentamentos precários, o que re-
escolha se deve, em grande medida, à importância dessas regiões nas articulações das redes presenta 2,6 milhões de habitantes. Nesses assentamentos, a densidade domiciliar chega a
regionais e nacionais. As regiões escolhidas e algumas de suas principais características são: ser 15% superior à dos demais setores;

1. Brasília e Entorno • As taxas de analfabetismo nos assentamentos precários são três vezes superiores aos dos
demais setores da RMSP, e a renda média é um terço daquela observada nos setores não
• Os moradores e domicílios em assentamentos precários representam aproximadamente
precários.
5% do total, e possuem densidade domiciliar 11,5% superior aos domicílios normais;
Uma das discussões centrais é sobre como os assentamentos precários representam fator de pres-
• Nos assentamentos precários, as taxas de analfabetismo chegam a ser duas vezes maior
são às áreas de influência das unidades de conservação. Verifica-se que aquelas de uso sustentável
e a renda média três vezes menor que nos demais setores, o que indica uma condição de
estão em situação mais crítica que as de proteção integral. Por outro lado, a expansão urbana das
vulnerabilidade social. Há também nesses locais, questões relacionadas ao saneamento,
metrópoles brasileiras gerou situações de incapacidade governamental de gestão do espaço, o que
sobretudo em relação às ligações a rede geral de esgoto, uma vez que apenas 12 de cada 100
resultou na ocupação por vezes indiscriminada dessas áreas ambientalmente sensíveis.
domicílios têm esse acesso;

• Dentre a população de assentamentos precários que reside em unidades de conservação, o


maior ponto de atenção está relacionado àquelas de uso sustentável, com 187 moradores
em 2010.

2. Região Metropolitana de Belém

• Na RMBE, praticamente dois terços da população reside em assentamentos precários, com


densidade domiciliar 835% superior aos demais setores censitários;

• Nos assentamentos precários da RMBE as taxas de analfabetismo chegam a ser cinco vezes
superiores às dos demais setores, e a renda três vezes inferior. Como agravante, 45% dos
domicílios não têm acesso à rede geral de água e 80% não tem acesso à rede geral de esgoto;

• Em relação aos assentamentos precários em unidades de conservação, verifica-se que


aquelas de uso sustentável estão em situação de vulnerabilidade superior àquelas de prote-
ção integral, situação que se reflete em suas respectivas áreas de influência.

3. Região Metropolitana de Belo Horizonte

• Na RMBH, pouco mais de 10% da população e dos domicílios encontra-se em assentamen-


tos precários. Ali, a densidade domiciliar é 10% maior que nos domicílios dos demais seto-
res censitários;

62 63
Brasília, DF/CBERS4/MUX/INPE

o AGORA
Caminhos para
Passado, presente e futuro da sub-rede Cidades e Urbanização: independentemente da ocorrência ou não de mudanças climáticas (HALLEGATE, 2009). HEL-

contribuições à agenda científica e às políticas de adaptação TBERG et al. (2008) destacam que lidar com a vulnerabilidade humana e os riscos associados às
mudanças climáticas oferece oportunidades para o desenvolvimento e redução da pobreza atra-
vés de estratégias que sejam orientadas pelos princípios de não-arrependimento e pró-pobres.

A
Nesse contexto, estratégias que reduzam a vulnerabilidade dos pobres e que sirvam de adaptação
s cidades brasileiras, que já concentram 80% da população do país, serão o ambiente- às mudanças climáticas consistem em estratégias de não-arrependiemnto, pois geram benefícios
-chave para a adoção e eficácia de medidas de adaptação às mudanças climáticas. Ao e reduzem a vulnerabilidade mesmo se não estiverem perfeitamente ajustadas ao clima futuro.
planejarem suas medidas de adaptação, as cidades precisam incorporar o contexto de
Um segundo exemplo é o das estratégias reversíveis. Essas estratégias se caracterizam pela fa-
incerteza climática futura para que as estratégias escolhidas sejam robustas frente ao enorme
cilidade de reversão das medidas em caso de falhas ou ineficiência destas. Outro exemplo são as
desafio que enfrentaremos no futuro.
estratégias não-técnicas que através de melhorias institucionais consigam melhorar a capacida-
Todas as escolhas onde os fatores climáticos de longo prazo precisam levar em conta o clima de de lidar com as mudanças institucionais. Entre os exemplos estão mudanças institucionais e
do futuro serão afetadas pelas mudanças climáticas. Além das mudanças nas condições climá- nas metodologias de planejamento (HALLEGATE, 2009).
ticas, o que as mudanças climáticas trazem é um grande aumento na incerteza (HALLEGATE,
O cenário para o planejamento das cidades precisa incorporar os elementos de definição de es-
2009). Ainda é incerto o comportamento das variáveis climáticas no futuro frente às mudanças
tratégias robustas orientadas pró-pobres, pró-desenvolvimento e de não arrependimento. Esse
esperadas. As condições climáticas históricas que serviram de base para o planejamento de uma
último é fundamental ao considerarmos um cenário de rápida urbanização intrinsecamente as-
série de escolhas não servem mais como base para a tomada de decisão, o que exige que tanto
sociado às necessidades de um país em desenvolvimento. Assim, mesmo que as escolhas não
as medidas de adaptação quanto decisões de políticas públicas levem em conta a incerteza na
estejam adequadas para o que acontecerá com o clima futuro, elas ainda serão benéficas para a
tomada de decisão.
sociedade. Caso contrário, o custo das mudanças climáticas associado ao de políticas ineficientes
Nesse sentido, as implicações para um país em desenvolvimento são grandes, pois as políticas serão maiores complicadores.
públicas, além de lidar com os desafios do desenvolvimento e das mudanças climáticas, precisam
Barbieri (2018) propõe três diretrizes para a construção de políticas e capacidade de planejamen-
levar em conta a incerteza. Isso implica especialmente as grandes obras públicas de infraestru-
to para a adaptação e redução da vulnerabilidade nas cidades brasileiras. Tal construção envolve,
tura e as formas de ocupação das cidades onde a variável climática é relevante para a tomada de
como pré-requisito essencial, a construção de uma agenda de pesquisa científica que conecte as
decisão. Tomar decisões de longo prazo que envolvem grandes recursos públicos com base em
ciências climáticas ao conhecimento inter e multidisciplinar que tem sido gerado sobre a dinâ-
modelos climáticos históricos pode levar a grandes prejuízos para uma sociedade que carrega
mica, a morfologia e a funcionalidade das cidades e áreas urbanas. Tais diretrizes são (BARBIERI,
ainda graves problemas estruturais. Grande parte das obras de infraestrutura e de iniciativas
2018):
de planejamento urbano lida com horizontes temporais de longo prazo e demanda informações
sobre as condições climáticas locais, como por exemplo obras como estradas, pontes, aproveita- “Diretriz 1: investimento em conhecimento científico para o mapeamento de vulnerabilidades. Políticas
mentos hidroelétricos e estruturas para abastecimento de água, projetos de urbanização, cons- eficientes de adaptação requerem uma agenda científica consistente de longo prazo (...) um in-
trução e melhoria de obras infraestrutura, o gerenciamento de recursos hídricos, e medidas de vestimento crucial envolve a obtenção de informações sobre a dinâmica socioeconômica e demo-
gerenciamento de risco. gráfica em uma escala urbana e intraurbana para avaliar características de vetores de expansão
populacional sobre áreas de alto valor ecológico e de serviços ecossistêmicos, assim como sobre
Apesar do desenvolvimento dos modelos de previsão do clima futuro, as incertezas surgem, em
áreas de risco. Essas informações devem ir além daquelas constantes em censos demográficos,
boa parte, da velocidade de ocorrência das mudanças climáticas esperadas, como por exemplo
os quais apresentam periodicidade limitada e um número limitado de informações para desven-
a velocidade em que as mudanças previstas irão ocorrer. É difícil saber quando as mudanças
dar a natureza multidimensional da vulnerabilidade (...) dentre medidas para criar sociedades
previstas nos modelos do clima futuro irão ocorrer precisamente. Além disso, existe ainda pouca
resilientes aos desastres, sugere “a necessidade de dados mais detalhados com vistas a contabi-
precisão espacial nos resultados dos modelos climáticos, o que resulta em incongruência entre
lizar o custo humano completo dos desastres associados ao clima” (ALVALÁ E BARBIERI, 2017,
as escalas dos modelos e a escala exigida para o planejamento. Isso ocorre porque mesmo com
p. 219-220).
as atuais técnicas de downscalling dos modelos globais ainda existe grande incerteza e pouca pre-
cisão espacial nas estimativas. Os modelos climáticos apresentam resultados para áreas muito A geração de evidências científicas permite construir indicadores de vulnerabilidade socioam-
grandes e existe ainda pouca precisão para as estimativas do clima futuro para áreas pequenas. biental que contemplem múltiplas dimensões de risco (inclusive a dimensão física), assim como
Mesmo entre os vários modelos climáticos desenvolvidos, existe ainda grande variabilidade nos projeções mais refinadas de expansão da população e de mudanças em sua estrutura e compo-
resultados regionais, com modelos sugerindo forte redução na pluviosidade de uma região en- sição, e em assentamentos e infraestrutura em áreas de valor ecológico em uma escala urbana e
quanto outros apontam no sentido oposto. Por conta desses motivos, os modelos de previsão do intraurbana. Pode-se, dessa forma, construir um sistema de monitoramento de riscos e vulnera-
clima futuro não fornecem a segurança necessária para uma tomada de decisão livre de incerte- bilidades populacionais que quantifique e qualifique os vetores de transformação urbana, consti-
zas (HALLEGATE, 2009) tuindo, assim, uma ferramenta fundamental para intervenção e construção de políticas públicas.

Existem princípios conceituais que permitem gerar escolhas mais robustas nesse contexto de Se por um lado as mudanças climáticas representam novos riscos, como por exemplo a elevação
incerteza. Entre esses princípios estão as estratégias de não-arrependimento. Como o próprio do nível do mar e seus impactos sobre populações costeiras, elas não necessariamente implicam,
nome diz, essas estratégias se caracterizam pelo não arrependimento, ou seja, geram benefícios

66 67
sempre, na criação de novas vulnerabilidades. De fato, é provável que as populações mais vulne- nalmente ao Produto Interno Bruto per capita, de investimentos em saúde e educação que afetem
ráveis às mudanças climáticas sejam aquelas cujo perfil presente de vulnerabilidade seja maior a formação de capital humano essencial para maior inserção e produtividade laboral no longo
(determinado, dentre outros fatores, pelo nível educacional, renda, acesso a redes de suporte) en- prazo e para a criação de atributos individuais que maximizem a eficácia da capacidade adapta-
quanto populações com características antagônicas teriam maior capacidade adaptativa. Nesse tiva, iv) da redução nos investimentos em conservação e proteção ambiental e flexibilização da
caso, as mudanças climáticas representariam não necessariamente uma mudança no padrão (ou legislação ambiental que tendem a diminuir a quantidade e qualidade de serviços ecossistêmicos
nos aspectos históricos e estruturais) que definem a vulnerabilidade populacional, mas apenas e o estoque de biodiversidade em nome de um “modelo de desenvolvimento” incompatível com
no nível de vulnerabilidade de populações atualmente expostas a diferentes riscos. a sustentabilidade do país em um contexto de mudanças climáticas e transições populacionais.

Diretriz 2: Políticas de Adaptação Urbana. (...) o que define a vulnerabilidade da população urbana é
um conjunto de fatores suscetíveis de intervenção de políticas de adaptação em escalas variadas, Contribuição sobre políticas públicas
e a eficácia em políticas requer articulação e sintonia em função da conexão e não separação das
As lógicas de desenvolvimento urbano trabalham fundadas em planejamento de visão para um
escalas (embedded scales). As políticas de adaptação devem também identificar ações específicas
uso e ocupação do espaço de forma sustentável, com durabilidade. As funções das cidades são,
para ordenar a ocupação do espaço e aumentar a resiliência de espaços com alto valor ambiental
no Brasil, foco de atenção da Constituição Federal (1988), por meio de seu Capítulo II (Da Política
em termos do estoque de biodiversidade e produção de serviços ecossistêmicos, particularmente
Urbana). Esta serve de respaldo para as especiais desde o âmbito federal, a mais abrangente
nas grandes regiões metropolitanas. Em particular, os planos diretores municipais devem, como
delas sendo o Estatuto das Cidades (Lei nº 10.257/2021); entre outras que respondem a preo-
ferramenta de organização e gestão do território, constituir instrumentos mandatórios que sigam
cupações pontuais, valendo citar a Lei de Ocupação e Utilização da Área Pública Urbana (Lei nº
diretrizes nacionais adaptadas às realidades estaduais e locais. Nesse sentido, uma política de
13.311/2016). Abaixo delas, seguem os regulamentos, normatização advinda do Executivo; como
adaptação deve incluir cinco eixos: i) priorizar a criação de serviços e infraestrutura em assenta-
também novas leis, de esferas subnacionais, estaduais (dependendo do assunto) e sobretudo
mentos de baixa renda em áreas de risco mínimo a desastres, ii) reordenar e aumentar a resiliên-
locais, uma vez que no município é que “acontece” a cidade.
cia de espaços ocupados de alto valor ambiental, iii) coibir ou inviabilizar a ocupação de áreas de
risco, iv) priorizar estratégias de adaptação e de mitigação de gases de efeito estufa no médio e O tema da mudança do clima entra, nessas matérias orbitadas nas políticas públicas, como o con-
longo prazos através da (re)construção do capital físico urbano de uso coletivo e que gerem inclu- teúdo substancial de impactos sobre o território natural e construído (FRANGETTO, 2021), bens
são social e redução de desigualdades no acesso a sistemas de transportes, construções públicas ambientais (no leque social, ecológico e econômico da abordagem integrada do desenvolvimento
e privadas, equipamentos urbanos em geral, além de serem baseados em matrizes energéticas e sustentável). Nesses regimes normativos se instalam as medidas de prevenção da mudança do
de insumo limpas, e v) garantir a manutenção e conservação do estoque de bens públicos e ser- clima, consistentes nas proporcionais ações de mitigação das emissões de gases de efeito estufa
viços ecossistêmicos (águas, florestas etc). Alvalá e Barbieri (2017, p. 219-220) sugerem, ainda, (GEE) a corroborar para a diminuição dos respectivos níveis de concentração na atmosfera; como
a “necessidade de reforçar a governança para a gestão do risco de desastres com visão clara, competência, também medidas de adaptação aos efeitos adversos.
planos, diretrizes e coordenação entre setores associados”.
Na ótica do uso, há reflexos para o setor de transportes (Ex.: acesso a combustíveis menos in-
Diretriz 3: Construção de uma “Nova Agenda de Sustentabilidade” baseada na redução da pobreza e da tensivos em carbono), relações de produção verdes e consumo sustentável (Ex.: absorção da
desigualdade. A discussão das duas diretrizes anteriores explicita a necessidade de políticas de economia circular integrada e ciclo de vida dos produtos com mecanismos de logística reversa
adaptação que privilegiem o aumento da capacidade adaptativa de populações mais pobres e em dos resíduos associados, aplicáveis por meio da preferência de uma indústria ou manufatura
estratos menos privilegiados da população, através de políticas de transferências condicionais locais, bens menos emissores dos referidos gases e de mais qualidade em termos composição
de renda, de aumento do nível de capital humano e produtividade do trabalho, e de acesso a para evitar contaminações humana e do solo, água e ar). Já sob o viés da ocupação, a forma mais
serviços e infraestrutura urbanos. (...) pode-se considerar duas justificativas que reforcem a sua definitiva de estar no território das cidades recebe conotação de abarcadora de fluxos e estoques
necessidade: primeiro, ao reforçar a priorização de políticas sociais de redução de pobreza e de na medida em que sobrecarregam sistemas como de saneamento, de energia, de moradia. Não
desigualdade com uma acentuada transferência de renda e de serviços públicos de estratos mais se trata de vincular infraestrutura e equipamentos afetando-os a áreas demarcadas, tampouco de
ricos para mais pobres da população, há um resultado socialmente desejável independente das imputar ao administrado o preenchimento de requisitos obrigatórios para que possa usufruir das
incertezas relacionadas aos cenários de risco mudanças climáticas; segundo, tais políticas asse- “benesses” decorrentes do fato de ser cidadão, no caso, particularmente direitos urbanísticos e
gurariam uma maior eficiência na redução dos impactos do clima ao modificar o padrão estru- ambientais – esses últimos compreendendo as facetas várias do tipo, recursos hídricos, limpeza
tural de vulnerabilidade da população, e não apenas a atenuação de seu nível através de políticas pública e serviços em gestão de resíduos, áreas verdes, hortas urbanas, acesso à saúde e higiene,
paliativas ou remediais como aquelas relacionadas à transferência de recursos em situações de ao alimento, à cultura, ao bem-estar, à qualidade de vida, ao lazer, à segurança individual e de
desastre. grupos, comunidades, coletividades; e correlatos mais instrumentais, como os procedimentos de
concessão de licenças, autorizações, alvarás, outorgas de uso da água e outras, servidões, usuca-
Um desafio adicional para a sustentabilidade do país em um cenário de mudanças climáticas é
pião, elaboração de planos diretores, utilização de outorga onerosa, ICMS ambiental, Taxa do Lixo
a continuidade de políticas que constrangem e reduzem a eficácia da capacidade adaptativa da
ou Ambiental, IPTU urbano, Pagamento por Serviços Ambientais Urbanos (PSAU) (IPEA, 2010;
população e dos sistemas socioambientais e econômicos no longo prazo através i) da redução de
FRANGETTO, 2021).
programas de transferência e redistribuição de renda que privilegiem os mais vulneráveis (espe-
cialmente as populações mais jovens, idosas e pobres), ii) da redução ou supressão de direitos e Vê-se, no contexto da publicação “Mudanças Climáticas, Cidades e Urbanização” que os tópicos
benefícios que levem à degradação do trabalho urbano, iii) da limitação ou redução, proporcio- de “alerta” passíveis de se extrair dos levantamentos correspondem a esses subtemas menciona-

68 69
dos. Assim, a política pública vem para agregar reconhecimento ao valor de haver melhores con- caminhar em prol desses tantos, fica a dica de que o conhecimento climático apontado nesta
dições no micro e macroclima nesses locais e, ao lado delas, a satisfação dos interesses legítimos publicação voltada para as cidades, no ensaio apresentado, seja fonte de conteúdo para a im-
dos habitantes ou visitantes de cada cidade. plantação das políticas públicas e coleta de contribuições para incrementar novas, a título de
formulacão ex post também.
Parece haver necessidade de juntar o ideal com o real (FRANGETTO, 2004), mas um real que
não se exima de cumprir a lei protetiva do ambiente, do espaço urbano e da sua população ou
povos propriamente ditos quando a diferença de “classes” dissocia os modos de vida e benefícios
da cidade na legítima comparação por força das dissonâncias e afastamentos [propositais] entre
pobres e ricos.

Seriam, a título de sugestão, importantes as soluções para problemas concretos que, no entanto,
são comumente ignorados, inaceitável política e administrativamente: é o caso da carência de
moradia e condições de vida saudável sobretudo das pessoas em situação de rua, mais vulne-
ráveis socialmente e aos eventos extremos climáticos. Sem dúvida, impera haver um enfrenta-
mento direto da injustiça à qual, gestores ou co-habitantes, muitas vezes tapamos os olhos na
dimensão coletiva. É aí que vem o achado da política pública, pois disciplinada a questão con-
segue o delineamento de um caminho para resolver conjuntamente os efeitos das desigualda-
des sociais e da mudança do clima. Detectado gerarem-se prejuízos no dia-a-dia daqueles que
precisam de condução por longas distâncias a fim de voltar para casa porque só frequentam os
centros urbanos para trabalhar, estudar, circular, mas não habitar (PEREIRA, 2013). Semelhante
é a “calamidade” em que vivem os moradores em situação de rua, os quais sofrem diretamente
com poluição de várias ordens: quase inesquecida a sonora, a da água, do ar, a climática (inten-
sificados os períodos frios e os quentes, as chuvas, os ventos, as secas e demais intempéries ou
fenômenos fragilizadores), destruições (arquitetura hostil, pavimentação e imóveis degradados,
elementos de estética e paisagem). Para esses, reforça-se o trazido no estudo de prioridades de
anteparo principiológicos operacionais sob o trinômio:

“Melhor Tecnologia necessária em escala, então, a começar nas relações so-


ciais para quem mais precisa” (Princípio 1);

“Resolver as problemáticas ambientais no lugar de ignorá-las (...) Na visão do


ser humano em situação de vulnerabilidade” (Princípio 2); e

”Evolutivamente pessoa a pessoa e de geração em geração, (...) gerando conhe-


cimento ambiental aplicado e com impactos ambientais positivos na direção
da sustentabilidade, (...) longuíssimo prazo (...) sob o olhar dos mais necessita-
dos nas suas perspectivas de melhoras” (Princípio 3).

Desenvolvendo-os, a orientação é “induzir investimentos à correção de erros do passado, inter-


rompendo o avolumar dos passivos ambientais preexistentes (...) combinado com ‘não-ignorar’ e
fazer acontecer mudanças, englobando, nas relações de investimento internacional, a potencia-
lidade das explicadas mudanças transformacionais” + “atenção principal às pessoas em situação
de maior vulnerabilidade social e climática” + “mediante manifestação de percepção ambiental
sensível” (FRANGETTO, 2004; 2008; 2021). Um exemplo seria a instalação (que juridicamente é
plausível por requerimento de uso de área pública nos termos da lei anteriormente mencionada,
bem como da lei de PSA, no artigo destinado à promoção da moradia) de leitos eco-energéticos
paliativos mas com vistas à migração para estabilidade v.g. a diretriz “adequação do imóvel rural
e urbano à legislação ambiental” da Política Nacional de Pagamentos por Serviços Ambientais
(PNPSA) dos seres humanos das presentes gerações que estão espalhados sem dignidade pela
cidade, nelas jogados em ambientes sórdidos, “esquecidos” e aqueles ainda não lembrados en-
quanto já são titulares dotados de direitos sob expectativa e preservação dos cenários com sus-
tentabilidade que precisam vir, as futuras gerações (FREITAS & FRANGETTO, 2022). Para um

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Publicações
vinculadas
à sub-rede
Cidades e
Urbanização
São Paulo, SP/iStockphoto
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