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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA E SOCIEDADE

MARIA ELISA POSPISSIL MOUTINHO

A COMUNICAÇÃO NA AGENDA DE POLÍTICA METROPOLITANA VOLTADA À


MUDANÇA CLIMÁTICA: Caso de estudo da Região Metropolitana de Curitiba

PROJETO DE DISSERTAÇÃO

CURITIBA
2021
MARIA ELISA POSPISSIL MOUTINHO

A COMUNICAÇÃO NA AGENDA DE POLÍTICA METROPOLITANA VOLTADA À


MUDANÇA CLIMÁTICA: Caso de estudo da Região Metropolitana de Curitiba

COMMUNICATION IN THE METROPOLITAN POLITICS AGENDA AIMED AT


CLIMATE CHANGE: A case study of the Metropolitan Region of Curitiba

Projeto de Dissertação apresentado como


requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Tecnologia e Sociedade, do
Programa de Pós-Graduação em
Tecnologia e Sociedade, Universidade
Tecnológica Federal do Paraná. Área de
Concentração: Tecnologia e Sociedade.
Orientador: Prof. Dr. Décio Estevão do
Nascimento
Coorientador: Dr. Sidarta Ruthes de Lima

CURITIBA

2021
RESUMO
MOUTINHO, Maria Elisa P. Proposta de: Comunicação sobre mudanças climáticas
para agenda de políticas públicas – Case de Estudo: Curitiba. 2021. 10 f. Projeto de
Dissertação (Mestrado em Tecnologia e Sociedade) – Programa de Pós-Graduação
em Tecnologia e Sociedade, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba,
2021.

Por ser a comunicação uma grande intermediadora e influenciadora, neste estudo,


optou-se por avaliar qual modelo de comunicação pode ser eficiente, em seus
objetivos de alcançar, apropriadamente a sociedade e os governos a respeito das
mudanças climáticas, suas causas, efeitos e possíveis soluções para que possam
ser inseridas, com prioridade e urgência, na agenda de políticas públicas do
município da cidade de Curitiba. A comunicação permite que diversos públicos
tenham acesso a informação e consequentemente estimule a cidadania, com seus
direitos e deveres. A importância e o reconhecimento de que as mudanças
climáticas é assunto de interesse da sociedade, além de global, despertando o
interesse da opinião pública, constitui questão a ser demandada a órgãos de
governo e ser inserida na agenda governamental para posteriormente serem
transformadas em políticas públicas pelos tomadores de decisão. A dissertação será
fundamentada no projeto: Painel de Indicadores de Mudança do Clima de Curitiba,
realizado pelo Observatório Sistema Federação das Indústrias do estado do Paraná,
em parceria com o Google, Action Fund Brazil, e pelo ICLEI – International Council
for Local Environmental Initiatives, e incluso a Prefeitura Municipal de Curitiba. A
dissertação também incluirá o estudo de caso da proposta ganhadora, entre alunos
do ensino fundamental, que visem a disseminação de conceitos sobre mudanças
climáticas e a implementação em seu território escolar.

Palavras-chave: Políticas Públicas. Mudanças Climáticas. Comunicação. Curitiba.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 5
1.1 TEMA 5
1.2 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA 9
1.3 PROBLEMA E PREMISSAS 9
1.4 OBJETIVOS 11
1.4.1 Objetivo geral 11
1.4.2 Objetivos específicos 11
1.5 JUSTIFICATIVA 12
1.6 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 13
1.7 EMBASAMENTO TEÓRICO 14
1.8 ESTRUTURA 15
1.9 CRONOGRAMA 16
REFERÊNCIAS..........................................................................................................17
5

1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo inicial, apresenta-se o tema de pesquisa, seguida da


explanação do problema e dos objetivos, geral e específico, tal como suas
justificativas. E, na continuidade, serão expostos os procedimentos metodológicos, o
marco teórico e a estrutura da pesquisa.

1.1 TEMA

A necessidade de informação, como instrumento de poder e controle, é um


fenômeno já conhecido. Segundo Burke (2003), desde há muito, os governos e
estados procuravam coletar e estruturar informações sobre questões pertinentes de
suas sociedades. Para alguns, as informações coletadas faziam com que tivessem
controle e poder sobre seus cidadãos (BURKE, 2003). Já, durante a Idade Média, a
informação passou a ser monopolizada pela Igreja Católica, onde ela criava um
controle não somente sobre a informação, mas também de que maneira ela deveria
ser compreendida ou divulgada (BURKE, 2003). Muito mais tarde, com o invento da
impressora de Gutenberg, a informação passou a ser facilmente multiplicada e,
surgindo os jornais, periódicos, livros, o mercado consumidor começou a crescer e a
informação a chegar mais rapidamente. Nessa mesma época foi publicada a
Enccyclopédie por Denis Diderot e Jean D’Alembert, que tentou organizar de forma
simples o conhecimento das profissões artesanais (DRUCKER, 1997).
Já no século XX, em uma sociedade capitalista, desenvolveu-se a sociedade
de massa, onde predominava o conceito de padronização (BERNARDI, 2007).
Assim, na comunicação da informação ela tendia para a simplicidade, para atingir o
maior número de pessoas. Na sequência, com a evolução da eletrônica, e a
introdução da televisão e do rádio a comunicação de massa ganhou força e
expansão (BERNARDI, 2007).
Entre as décadas de 1940 e 1960, com o avanço das pesquisas militares na
área da eletrônica, houve o desenvolvimento dos computadores e da internet e a
ruptura da comunicação de massa, iniciando a comunicação de um para um ou, de
6

muitos para muitos, onde a cultura informacional passou a ser imensa e os


indivíduos passaram a selecionar conteúdos (BERNARDI, 2007).
Com toda essa nova cultura e informações disponibilizadas a qualquer dia e
hora, mudou a forma como os indivíduos se relacionam, consomem, trabalham e
consequentemente como entendemos e nos relacionamos com a sociedade e o
globo.
Segundo Pignatari (1971), a Teoria da Informação, pode também ser
conhecida por Teoria da Comunicação ou Teoria da Informação e Comunicação,
entretanto o termo “comunicação” tem aceitação mais rápida pelo público e que “os
homens e os grupos humanos, como os animais, de resto, só absorvem a
informação de que sentem necessidade e/ou que lhes seja inteligível” (PIGNATARI,
1971, p.11). Pignatari (1971) afirma ainda que não há informação fora de um
sistema qualquer de sinais ou fora de um veículo ou meio apto a transmitir esses
sinais e que “comunicação significa partilha de elementos ou modos de vida e
comportamento, por virtude da existência de um conjunto de normas” (PIGNATARI,
1971, p. 16).
Já, segundo França (2008), a comunicação precisa ser olhada como uma
interligação entre interlocutores, discursos, dispositivos, espaços conversacionais e
interpretações, encurta distâncias, apazigua diferenças e confere destaque à
singularidade da experiência por meio de um trabalho minucioso, que nunca aparece
sob uma única forma, pois é, ao mesmo tempo, afetivo e racional, consensual e
conflitivo, estético e político e, ainda não podemos desconsiderar “os gestos, as
atitudes, assim como as significações que as animam (dimensão simbólica,
presença do sentido), buscando captar o movimento reflexivo que orienta a
configuração do processo” (FRANÇA, 2008, p. 86).
Portanto, podemos entender comunicação como um processo de construção
de ações, expressões, identidades, cultura e que neste processo nos permite
entender o outro, o mundo, formular e atribuir valores, interagir individualmente e em
comunidade, construindo significados.
Atualmente, um dos assuntos mais abordados na esfera ambiental, com muitas
informações e um senso de urgência de comunicação eficiente, são as mudanças
climáticas. A cada ano, mês ou dia a emissão de gases do efeito estufa aumenta
consideravelmente e segundo a comunidade científica há indicações de impactos
climáticos gigantescos na esfera terrestre (NOBRE, 2001). Vê-se hoje alguns
7

extremos climáticos com forte impacto como: secas, inundações, geadas,


tempestades severas, vendavais, calor mais intenso, granizo entre outros.
Entre os anos de 1957 e 1958, por iniciativa dos EUA, iniciaram-se pesquisas a
nível global em aspectos relacionados às Ciências da Terra, e que envolviam
geologia, oceanografia, meteorologia, geofísica e outros conhecimentos (CONTI,
2005). Posteriormente, na década de 70, a preocupação com a atmosfera e
consequentemente a camada de ozônio ganhou força e alguns anos após, estudos
demonstraram que os gases responsáveis pela destruição da camada de ozônio não
eram somente os clorofluorcarbonetos (CFCs), mas também gases produzidos por
processos naturais e que eram até mais relevantes (CONTI, 2005).
Em 1997, em Kyoto, foi realizada a conferência da Convenção do Clima e
desta saiu o Protocolo de Kyoto, onde exigia que os países mais industrializados, os
maiores geradores dos gases bloqueadores da radiação de onda longa (dióxido de
carbono, metano, óxido nitroso ozônio e outros), restrinjam suas emissões e ainda
estabelecia sanções aos que não cumpriam (CONTI, 2005). O Protocolo de Kyoto
entrou em vigor em 2005.
Em 1988, foi criado o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
(IPCC), para fornecer avaliações abrangentes sobre o estado do conhecimento
científico, técnico e socioeconômico sobre mudanças climáticas, suas causas,
potenciais impactos e estratégias de resposta (NOBRE, 2001). O Painel também
realiza estudos sobre cenários de emissões e, baseado neste conhecimento, e em
simulações com modelos climáticos globais durante o período de 1870 a 2100, foi
elaborado diversos cenários de alterações climáticas para várias regiões do planeta,
e verificaram que as emissões continuam a crescer.
Segundo Conti (2005, p. 71), “A mudança climática envolve um dinamismo
mais complexo do que a simples elevação da média térmica, mesmo porque o clima
não se define só pela temperatura. Contudo, a reação em cadeia que se estabelece
a partir do aquecimento deve ser avaliada em profundidade.” O mesmo autor afirma
também que “A questão das mudanças climáticas precisa, portanto, passar por uma
apreciação mais refinada a fim de que se possa determinar, com maior consistência,
o papel da natureza e o da ação humana no processo, mesmo porque as duas
esferas podem atuar de forma solidária e intercambiar influências (CONTI, 2005, p.
74).
8

Segundo Nobre (2001) o Brasil possui uma carência de estudos sobre a


vulnerabilidade da sociedade, da economia e do ambiente, incluindo os
ecossistemas, às mudanças climáticas globais. Muito se deve pelo fato do Brasil ser
um país tropical, e os efeitos do aumento de temperatura seriam menores e a
adaptação a eles, mais fácil. Outra explicação para a relativa “despreocupação”
nacional, é a percepção de que o país tem problemas muito mais graves e
prementes a resolver, relacionados a um desenvolvimento com equidade e justiça
social visando a eliminação da pobreza (NOBRE, 2001). Entretanto, são exatamente
os países em desenvolvimento aqueles mais vulneráveis às mudanças climáticas e
ambientais, e as populações mais pobres serão as mais atingidas, haja visto que a
degradação ambiental sempre afeta mais profundamente os mais pobres e os
excluídos (NOBRE, 2001).
Nobre (2001) também defende que se deve identificar as vulnerabilidades da
sociedade, da produção de alimentos, das fontes energéticas, dos recursos hídricos
e do ar e também da biodiversidade, antes de quando e como ocorrerão as
alterações climáticas, para iniciar a busca de estratégias e tecnologias e as
respostas serem mais eficientes.
Nesse ambiente de mudanças climáticas cabe aos diferentes entes políticos
dos diferentes países buscar mitigar os impactos nos seus respectivos territórios por
meio de diferentes políticas públicas.
Segundo Souza (2006), na área de políticas públicas existem quatro grandes
teóricos: H. Laswell, H. Simon, C. Lindblom e D. Easton. Nos anos 30, Harold Dwight
Lasswell, em 1936, principiou o uso da expressão policy analysis, que teve tradução
para o português como “análise de políticas públicas, e combinava conhecimentos
científicos e também estabelecia uma comunicação entre cientistas sociais, governo
e associações de interesse (SOUZA, 2006). Já Simon, em 1957, introduziu o
conceito de policy makers, argumentando, que a lógica usada pelos decisores
públicos é restringida pela informação completa ou incompleta, muito tempo para
tomada de decisão ou ainda movida por interesses próprios (Souza, 2006).
Já Lindblom, questionou Laswell e Simon e sugeriu a inclusão de outras
variáveis, tais como as relações de poder e a agregação das diferentes fases que
resultavam do processo decisório (Souza, 2006). Easton, já em 1965, realizou sua
contribuição quando definiu política pública como um sistema, ou seja, como uma
relação entre formulação, resultados e o ambiente, onde são recebidas informações
9

dos partidos, da mídia e dos grupos de interesse, que irão influenciar seus
resultados e efeitos (Souza, 2006). Já Dye (2001), acredita que política pública inclui
o que os governos escolhem fazer ou não fazer, que a não ação do governo tem
impacto também como a ação deste.
Segundo Souza (2006), “Não existe uma única, nem melhor, definição sobre o
que seja política pública”. Em geral, “as definições assumem o entendimento de que
o todo é mais importante do que a soma das partes e que indivíduos, instituições,
interações, ideologia e interesses contam, mesmo que existam diferenças sobre a
importância relativa destes fatores” (Souza, 2006, P. 25).

Neste sentido, percebe-se que políticas públicas é uma área de conhecimento


multidisciplinar e que repercutem na economia e nas sociedades, Souza (2006)
destaca que após desenhadas e formuladas, desdobram-se em planos, programas,
projetos, bases de dados ou sistema de informação, pesquisas e quando postas em
ação, são implementadas, ficando daí submetidas a sistemas de acompanhamento
e avaliação.

1.2 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA


Como delimitação geográfica e política da pesquisa será utilizada a cidade de
Região Metropolitana de Curitiba, objeto de estudo do projeto do Observatório da
Indústria do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná, em parceria
com o Google.

1.3 PROBLEMA E PREMISSAS

As mudanças climáticas caracterizam-se por ser um fenômeno global, mas


com repercussões, principalmente, locais (PESSOA; TEIXEIRA, 2020). Parte
considerável da emissão dos gases de efeito estufa, é gerada em centros urbanos,
sendo resultante de suas atividades e comportamentos sociais, assim sendo, as
influências das mudanças climáticas tem inferências diretas sobre eles e suas
infraestruturas (FERREIRA; MARTINS 2010, p.224-225). Se nenhuma ação for
tomada, principalmente nas grandes cidades dos países periféricos, o ambiente
urbano de diversos países serão afetados, deteriorando ainda mais a qualidade de
vida e a própria viabilidade das cidades (PARRY et al., 2008, p. 16).
10

Com ações para atenuação, pode-se reduzir consideravelmente o


impacto ambiental das áreas urbanas e, dessa forma, modificar padrões de
consumo e infraestruturas, com a finalidade de valorizar a sustentabilidade
ambiental (FERREIRA; MARTINS, 2010). É fundamental aumentar a resiliência das
cidades e sua população em relação aos impactos e aos riscos inerentes
ocasionados por eventos climáticos, além de incentivá-los a buscar soluções
inovadoras, tecnológicas ou sociais, que possam contribuir para melhorar o
ambiente urbano e auxiliar na mitigação do problema, fomentando soluções e
adaptações, para serem aplicadas no presente e futuro (FERREIRA; MARTINS,
2010). A resiliência enquanto conceito, aplicado sucessivamente à ciência ambiental
e aos sistemas sociais e ecológicos, através de várias abordagens, tem sido usada
em referência a regiões atingidas por desastres naturais e mudanças climáticas e,
mais recentemente, a cidades que enfrentam uma série de choques e tensões,
como a crise financeira global, mudanças na estrutura industrial, pressão
demográfica e desastres naturais (OCDE, 2018)

As mudanças climáticas causadas pela ação humana são um fenômeno


irreversível e emergencial comprovado pela Ciência. Dessa forma, trata-se
de um fenômeno complexo, multidisciplinar e abrangente e, de uma forma
ou de outra, em maior ou menor escala, suas consequências afetarão a
todos, em todos os lugares, por isso somos todos responsáveis nas ações
pela sua reversão. (SILVA, 2020, p. 7)

Todavia, como contribuir com uma eficiente comunicação para informar a


sociedade sobre as mudanças climáticas e seus riscos, e para que a pressão
exercida pela sociedade possa influenciar a agenda de políticas públicas, para
fomentar ações sociais e tecnológicas voltadas à mitigação dos efeitos das
mudanças climáticas. Segundo Chapman et al. (2020) a comunicação visa provocar
emoções específicas com a finalidade de promover ação pública e deve-se usar
fontes que são percebidas como críveis. Já Roser-Renouf e Maibach (2018) falam
que as campanhas de comunicação estratégica mais bem-sucedidas devem
transmitir mensagens simples e claras, com certa frequência de repetição e, por
meio de múltiplas fontes confiáveis
Isso evidencia o papel fundamental da comunicação influenciando e
pressionando a agenda política (DUARTE, 2011, p. 7). Segundo Duarte (2011), na
11

década de 1980, despontou uma sociedade à qual é preciso dar satisfações e com a
qual negociar e interagir; cresceu o estímulo à manifestação pública, e a sociedade
passou a ser mais informada e mais exigente, e, governos, empresas e instituições
perceberam que precisavam comunicar-se com seus públicos de interesse
(DUARTE, 2011). A comunicação digital fez surgir possibilidades de interação e as
exigências nesta área aumentaram e ficaram mais complexas, difusas e cada vez
mais multifacetada, exigindo da comunicação a adoção de uma série diversificada
de instrumentos e, mais do que isso, líderes e gestores que compreendam o uso e a
potencialidade de cada um deles. (DUARTE, 2011). A adequação da comunicação
sobre as mudanças climáticas para influenciar na agenda política, pode antecipar-se
nas inserções de ações preventivas para conter ou minimizar os impactos
decorrentes das mudanças no clima, poderão dialogar e promover políticas públicas
“que compreendem a produção e divulgação de informações; o intercâmbio de boas
práticas e a disseminação de tecnologias; a definição de normas, regulamentos,
instrumentos econômicos e as decisões de investimento público” (SAFATLE, 2016).

Portanto, nesse sentido, a pergunta de pesquisa que norteia essa dissertação


é: De que maneira comunicar a temática das mudanças climáticas de modo
que ela entre na agenda de políticas metropolitanas.

Parte-se da premissa inicial que as mudanças climáticas afetam as cidades e a


sociedade como um todo, no presente e no futuro, e que uma forte estratégia de
comunicação poderá envolver distintos atores e influenciar a percepção da
vulnerabilidade e dos riscos, e inserir a temática das mudanças climáticas na
agenda política com a finalidade de implementação de ações na direção da
mitigação e adaptação em distintos territórios.

1.4 OBJETIVOS

Nesta seção, apresentam-se os objetivos geral e específicos da pesquisa.

1.4.1 Objetivo geral


12

O objetivo geral desta dissertação será caracterizar estratégias de


comunicação voltadas à inserção da temática de mudanças climáticas nas agendas
políticas.

1.4.2 Objetivos específicos

Para alcançar ao objetivo geral proposto, a seguir são apresentados os


objetivos específicos:

a) Mapear estratégias e ferramentas de comunicação utilizadas em


comunicação de risco, de massa, e outras relacionadas à sociedade;
b) Reconhecer as diversas estratégias para tentar encontrar as mais adequadas
e com maior chance de sucesso e alcance;
c) Interpretar estratégias adequadas para informar sobre a temática das
mudanças climáticas para inserção na agenda política;

1.5 JUSTIFICATIVA

A presente pesquisa abordará o tema, mudanças climáticas, extremamente


preocupante para as cidades e seus habitantes, assim como para tomadores de
decisão em políticas públicas, pois enquanto as grandes concentrações urbanas são
as causadoras da intensificação das mudanças climáticas em curso, elas também
exercem um papel de fundamental importância no enfrentamento e na redução das
situações de risco (PESSOA e TEIXEIRA, 2019). A compreensão dos fatores
determinantes causadores das mudanças climáticas desafia os pesquisadores
especializados e a população, sendo que um dos principais desafios é proteger a
sociedade desses fatores (MORENO e RAVACHE, 2021). Diversos estudos e
artigos relevantes sobre as mudanças climáticas e seus efeitos nas cidades
demonstram a preocupação para a sociedade e tomadores de decisão, portanto
uma análise do assunto, informa que se as mudanças climáticas, se não forem
controladas, podem proporcionar o retrocesso de muitos progressos realizados até
agora em termos de desenvolvimento (MORENO e RAVACHE, 2021).
13

Conjuntamente com o tema de Mudanças Climáticas, será abordado a


influência da comunicação e as agendas de políticas públicas, pois, é de interesse
das ações das políticas públicas, implementar estratégias de mitigação e adaptação
das mudanças climáticas, com a finalidade de tornar as cidades menos vulneráveis
e mais sustentáveis (PESSOA e TEIXEIRA, 2019). Segundo Pessoa e Teixeira
(2019), as cidades brasileiras apresentam o desafio de implementar e efetivar a
adaptação climática como estratégia de gestão do território, e, portanto, a
comunicação assume papel fundamental, pois o poder de divulgação de
informações, estimula a sociedade ao exercício da participação na vida política e
nos assuntos com ela relacionados, interferindo na formação da agenda para a
construção da política pública para o enfrentamento das mudanças climáticas
(LAYON, 2018).

Outra característica desta pesquisa é o transversalidade entre as contribuições


dos estudos de comunicação para influenciar nas agendas das políticas públicas,
considerando as mudanças climáticas o fator relevante, além da aderência aos
objetivos do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia e Sociedade (PPGTE),
onde ...“ a sociedade humana se destaca pela capacidade de alterar o meio em que
está inserida e essas modificações implicam também em alterações na fisionomia
dessa sociedade” ( site PPGTE, 2021), produzindo conhecimento na perspectiva do
Desenvolvimento Territorial Sustentável.

1.6 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

De acordo com os critérios de pesquisa proposto por Gil (2010), quanto a


classificação com relação à natureza ela será aplicada e com base em seus
objetivos gerais, a pesquisa será de caráter exploratório pois têm como objetivo
principal o aprimoramento de ideias (GIL, 2010, p.41) e complementando, com base
nos procedimentos técnicos será adotado basicamente a pesquisa bibliográfica
constituída de pesquisa em livros, periódicos, teses, dissertações e artigos
científicos de bases nacionais e internacionais. Com relação ao procedimento de
coleta de dados e técnicas de tratamento será uma pesquisa qualitativa com análise
dedutiva.
14

O desenvolvimento da pesquisa bibliográfica será sucessivo e com base na


identificação das etapas demonstradas na figura 1 a seguir:

Figura 1- Etapas da pesquisa

1. Estratégia de buscas

Definição das palavras chaves e suas combinações: Políticas


Públicas. Mudanças Climáticas. Comunicação
Definição das plataformas a serem utilizadas: Web of Science;
Periódicos Capes; Latindex; Google Scholar
Definição da língua a ser pesquisada: português, inglês e espanhol.

2. Pesquisa documental
Início da pesquisa documental nas bases selecionadas;
Leitura dos resumos de artigos para verificação da consistencia com
o tema de pesquisa proposto.

3. Base de dados

Inserção dos documentais encontrados, numa base de dados, com o


referencial de busca .

4. Seleção

Leitura dos documentos na integra, para confirmação de


compatibilidade com o tema de pesquisa proposto.
Interpretação e seleção de documentos.

5. Organização

Organização dos textos, lidos na íntegra, por assuntos relacionados,


com anotações pessoais para facilitação da busca.

6. Redação

Início da redação final

Fonte: Autoria própria, baseada em GIL (2010).


15

1.7 EMBASAMENTO TEÓRICO

Com o propósito de compreender os temas relacionados à comunicação,


mudanças climáticas e agenda política e as interações entre si, a presente pesquisa
utiliza como referencial teórico o levantamento bibliográfico de fontes principalmente
como artigos e periódicos científicos, teses e dissertações, num intervalo de tempo
entre os últimos cinco anos e a presente data. Nos temas relacionados a
comunicação, os autores abordados são Burke (2003), Bernardi (2007), França
(2008), Chapman et al. (2020), Roser-Renouf e Maibach (2018), Duarte (2011) além
de Décio Pignatari (1971). No aspecto de políticas públicas, os seguintes autores
serão utilizados como referência: Souza (2006), Dye (2001), Safatle (2016) e Layon
(2018). Finalizando, na área de mudanças climáticas serão utilizados os autores
Nobre (2001), Conti (2005), Parry et al. (2008), Ferreira e Martins (2010), Hughes et
al (2018), Safatle (2021) e Moreno e Ravache (2021).

1.8 ESTRUTURA

A presente dissertação está organizada em 7 divisões que estão estruturados


em capítulos, sendo que o capítulo 1, introdução, são apresentados o tema de
pesquisa, seguida da explanação do problema e dos objetivos, geral e específico, tal
como suas justificativas. Na sequência, nos capítulos 2, 3 e 4 serão abordados os
temas específicos de comunicação, mudanças climáticas e agenda de política
pública, embasados na revisão de literatura, que subsidiará o desenvolvimento da
pesquisa de acordo com o referencial teórico levantado em artigos e periódicos
científicos nos últimos cinco anos. Mais especificamente no capítulo 2 será abordado
uma perspectiva da comunicação, responsável também pela divulgação de
informações à sociedade. No capítulo 3, será dedicado à investigação e
entendimento das mudanças climáticas, de seus riscos e formas de enfrentamento
no contexto da sociedade contemporânea. No capítulo 4 será abordado sobre
agenda de políticas públicas, ou seja, das alternativas possíveis para melhor
enfrentar os riscos oriundos das mudanças climáticas com a finalidade de entrar na
discussão e na agenda das políticas metropolitanas, das cidades de Curitiba e
Região Metropolitana.
16

No capítulo 5 abordará a metodologia e suas características de análise, no


capítulo 6 abordará a etapa de análise conectiva entre os três assuntos abordados
com a finalidade de interpretar quais estratégias são adequadas para informar sobre
a temática de mudanças climáticas com a finalidade de serem inseridas na agenda
de políticas públicas. E finalmente no capítulo 7 são apresentadas as considerações
finais e as sugestões para trabalhos futuros. A estrutura desta dissertação é
encerrada com as referências, os apêndices e os anexos utilizados na pesquisa.

1.9 CRONOGRAMA

Na figura 2 a seguir, segue o cronograma estimado para a pesquisa com as


etapas referentes ao planejamento do projeto de pesquisa, a pesquisa que inclui o
levantamento bibliométrico, a produção da dissertação, as avaliações de cada etapa
e inclui as bancas de qualificação e defesa desta dissertação.

Figura 2 - Cronograma

Fonte: Autoria própria


17

REFERÊNCIAS

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BURKE, P. Uma história social do conhecimento: de Gutemberg a Diderot. Rio


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https://doi.org/10.7154/RDG.2005.0016.0007. Disponível em:
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DRUCKER, P.F. A sociedade pós capitalista. São Paulo: Pioneira, 1997.

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GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

FERREIRA, L. C; MARTINS, R. A. Oportunidades e barreiras para políticas locais e


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LAYON, C.C., Reflexões sobre a comunicação em políticas públicas: proposta de


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