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Diagrama de Nyquist

Paulo R. Brero de Campos

UTFPR

June 24, 2022

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Introdução
A análise de Nyquist é um método de resposta em frequência
essencialmente gráfico para determinar a estabilidade relativa e absoluta
de um sistema de controle em malha fechada.

Figure 1: Percurso fechado no plano s


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Definições
Um contorno fechado em um plano complexo é uma curva contı́nua
começando e terminando no mesmo ponto.

Figure 2: Contorno fechado

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Todos os pontos à direita de um contorno enquanto ele percorre uma
determinada direção são ditos serem envolvidos por ele.

Figure 3: Envolvimento do contorno

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Um contorno no sentido dos ponteiros do relógio é definido como sendo
positivo.

Figure 4: Direção do contorno

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Circundado e envolvido
É necessário diferenciar circundado e envolvido.
Um ponto é circundado por um contorno fechado se ele se situar dentro do
contorno.
Tudo que estiver à direita do contorno é dito ser envolvido por este
contorno.

Figure 5: Circundado e envolvido

O ponto A é circundado e envolvido pelo contorno. O ponto B é


circundado, mas não é envolvido. O ponto C não é circundado, mas é
envolvido.
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Mapeamento
Dado um ponto no plano s, ele é representado por s = σ + jω. Dada
uma função de transferência P(s), não é possı́vel representar esta função
no plano s.
Mas é possı́vel representá-la em outro plano denominado plano P(s). A
correspondência entre pontos nestes planos é chamado mapeamento ou
transformação. Isto é mostrado na figura 6:

Figure 6: Mapeamento

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Qual o objetivo do método de Nyquist?
O objetivo do diagrama de Nyquist é fazer uma varredura no
semiplano direito do plano s, utilizando um contorno fechado, para
verificar se há pólos em malha fechada no semiplano direito.
Para fazer a varredura escolhe-se um percurso fechado, como mostrado na
figura 7:

Figure 7: Percurso fechado no plano s

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Percurso fechado no Plano S

1 O percurso começa no ponto a e vai para o ponto b, no eixo s = jω.


Isto é, variação de jω = 0 até jω = ∞.
2 O percurso do ponto b para o ponto c e para o ponto d, é feita
com um cı́rculo de raio infinito: s = lim Re (jθ) , −900 ≤ θ ≤ 900 .
R→∞
3 O percurso final vai do ponto d para o ponto e, no eixo s = jω. Isto
é, variação de jω = −∞ até jω = 0.

Estes valores da variável S são substituı́dos na função de transferência


G (s)H(s), gerando um percurso fechado no plano G (s)H(s).

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Exemplo
1
Dada a função de transferência GH(s) = s+1 , o mapeamento do
semiplano direito do plano S resulta no percurso mostrado na figura 8.
Note que a região de limR→∞ Re jθ é mapeada no ponto b 0 , c 0 , d 0 .

Figure 8: Percurso fechado no plano GH(s)

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Se houver alguma singularidade (pólo ou zero) no trajeto, ela deve ser
evitada. Faz-se um desvio contornando a singularidade com um raio
tendendo a zero, como mostrado na figura 9.

Figure 9: Percurso fechado no plano s

O percurso fechado no plano s resulta em um percurso fechado equivalente


no plano GH(s), isto é, o percurso no plano s é mapeado no plano GH(s).

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Um contorno fechado no plano P(s) é dito fazer N envolvimentos
positivos da origem se uma linha radial, traçada da origem a um ponto
sobre a curva P(s), está no sentido dos ponteiros do relógio (SP) por 360
N graus, percorrendo completamente o percurso fechado, como mostrado
na figura 10. Se o percurso é percorrido no sentido contrário dos ponteiros
do relógio(SI), é obtido um envolvimento negativo.

Figure 10: Um envolvimento da origem no Plano P(s)

O número total de envolvimentos N é igual aos envolvimentos SP menos


os envolvimentos Si.
Se a origem estiver envolvida: N > 0.
Se a origem não estiver envolvida: N ≤ 0.
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No que se baseia o critério de Nyquist?
Veja o seguinte exemplo, na figura 11:

Figure 11: a) Percurso fechado no plano s; b) Percurso fechado no plano


F(s)=GH(s)

Será feito um percurso fechado no plano S ao redor do pólo s=1, mostrado


em (a) na figura 11. Através desta trajetória no plano s, obtém-se a
trajetória no plano F(s), mostrado em (b) na figura 11. Note que o
percurso F(s) circunda mas não envolve a origem dos eixos, assim N=-1.
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Diferença entre os planos GH(s) e 1 + GH(s)
O desenho do gráfico no plano (1 + GH(s)) é o mesmo que o desenho
do gráfico de GH(s), apenas deslocado de 1.

A análise no plano GH(s) verifica se há envolvimento da origem.

No plano (1 + GH(s)), verifica se há envolvimento do ponto (−1, 0j). Pois


a origem do plano (1 + GH(s)) equivale ao ponto (−1, 0j) no plano G (s).

Figure 12: Comparando GH(s) e (1+GH(s))


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Comparação plano G(s) e plano (1+G(s))

Figure 13: Comparando GH(s) e (1+GH(s))


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Dada uma função 1 + GH(s), ao percorrer um contorno fechado no plano
s, os pólos e zeros externos a este contorno terão defasamento zero.
Os pólos zeros dentro do contorno terão defasamento ±2π, como
mostrado na figura 14.

Figure 14: Fase dentro e fora do contorno C

Este contorno fechado no plano s corresponde a um contorno fechado no


plano 1 + GH(s). Quando o contorno de 1 + GH(s) engloba a origem,
como mostrado em (b) da figura 11, significa que o contorno no plano s
envolveu um pólo.
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Figure 15: Plano G(s)

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Figure 16: Plano 1 + G(s)

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Figure 17: Comparação Plano G(s) e Plano 1 + G(s)

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Princı́pio do argumento ou teorema de Cauchy

Seja P o número de pólos e Z o número de zeros de 1 + GH(s) envolvidos


por Γ.

Como para cada zero envolvido, o vetor 1 + GH(s) sofre uma rotação de
(−2π) em torno da origem do plano 1 + GH(s) (sentido dos ponteiros do
relógio).

Como para cada pólo envolvido, o vetor 1 + GH(s) sofre uma rotação de
(+2π) em torno da origem do plano 1 + GH(s) (sentido contrário dos
ponteiros do relógio).

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Conclui-se que a variação de fase resultante ∠1 + GH(s), ou seja, o
número de vezes que a origem do plano 1 + GH(s) é envolvida indica a
diferença entre o número de pólos (P) e o número de zeros (Z) envolvidos
pelo contorno Γ.

∠(1 + GH(s)) = 2π(Z − P)

N =Z −P

onde, N = é o número de envolvimentos da origem; e Z e P são os


números de zeros e polos envolvidos pelo contorno no plano S, que são os
polos e zeros da função 1 + GH(s).
G
Lembrando que F (s) = 1+GH , então os zeros de 1 + GH(s) são os pólos
da função de transferência em malha fechada. E os pólos de 1 + GH(s)
são conhecidos, pois são os pólos de GH(s).

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Critério de estabilidade de Nyquist

Os diagramas de 1 + GH(s) e GH(s) são iguais, apenas deslocados de


uma unidade. Então em vez de verificar se o ponto 0 no plano 1 + GH(s)
foi envolvido pelo contorno, verifica-se o ponto −1 no plano GH(s).
Assim, o critério de Nyquist já é enunciado para o plano GH(s).

Critério de Nyquist: Uma condição necessária e suficiente para a


estabilidade em malha fechada de um sistema definido por GH(s) é que:

Z =N +P =0

Ou seja, que N = −P ≤ 0, onde N é igual ao número de envolvimento do


ponto -1 no plano GH(s) e P corresponde ao número de pólos instáveis de
GH(s).

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Exemplo
Z =N +P

N =Z −P

N= número de envolvimentos

Z=número de raizes da equação 1+GH(s) envolvidos (zeros)

P=número de polos envolvidos (polos instáveis que estão no Semi-plano


direito)

Se a função de transferência não tiver polos instáveis: P=0.

Então: N=Z.
K
Dada a função G (s) = s(s+1)(s+5) , os diagramas de Nyquist para K=1 e
K=40 são mostrados:

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Figure 18: Exemplo

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Exemplos

1
Considere o sistema G (s) = s(s+1) . O percurso a ser seguido no plano S é
mostrado na figura 9.
Inicia-se pelo caminho ab: faz-se s = jω para 0 < w < ∞. A função de
transferência pode ser escrita como:
1 1
GH(jω) = = √ ∠−900 − tan−1 ω (1)
jω(jω + 1) 2
ω ω +1
Para os valores extremos, tem-se:

lim GH(jω) = ∞∠−900 lim GH(jω) = 0∠−1800 (2)


s→0 s→∞

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Na medida que ω cresce no intervalo 0 < ω < ∞, a magnitude de GH
decresce de ∞ a 0 e a fase decresce de −90 a −180.
O caminho de é o espelho de ab.
O caminho bcd é mapeado na origem.
Para o caminho efa, busca-se evitar o pólo, fazendo um cı́rculo de raio
tendendo a zero: s = limρ→0 ρe jθ para −90 ≤ θ ≤ 90

1 1
lim GH(ρe jθ ) = lim = lim = ∞e −jθ = ∞∠−θ (3)
ρ→0 ρ→0 ρe jθ (ρe jθ+1 ) ρ→0 ρe jθ

O caminho efa é mapeado em um semicı́rculo de raio infinito.

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Figure 19: Contorno fechado no plano GH

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Resumo

Um sistema linear em malha fechada é absolutamente estável se as raı́zes


da equação caracterı́stica tem partes real negativa.

De forma equivalente, os polos da função de transferência em malha


fechada, que são os zeros do denominador de 1 + GH(s), devem estar no
semi plano esquerdo.

O critério de Nyquist determina o número de zeros da equação


caracterı́stica 1 + GH(s) no lado direito do plano s, diretamente do
desenho no plano GH(s).

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Equação em malha fechada
G
MF = (1+GH)

1 + GH é a equação caracterı́stica.

Ela determina os polos em malha fechada, pois está no denominador.

Os polos da função de transferência em malha fechada equivalem aos


zeros da equação caracterı́stica.

No critério de Nyquista avaliamos os zeros da equação caracterı́stica


(1 + GH).

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Figure 20: Resumo

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Dúvidas?

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