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Aluno (a):________________________________________________________________________ Turma: _____ Data: ___/___/___

GÊNERO RESENHA

○ A resenha é um texto que remete a outro texto (texto base/fonte ou obra resenhada); por isso mesmo é um metatexto, assim como o resumo. Como
todo e qualquer gênero de texto, elaborar e/ou ler uma resenha implica o uso de determinadas técnicas e estratégias de leitura e de redação.

O objetivo de uma resenha é, além de avaliar criticamente uma obra, indicar ao leitor se ele deve ou não ler aquela obra, se a obra é ou não útil para o
que o leitor almeja. Ao ler uma resenha, o leitor fica sabendo se a obra é interessante ou não para ele, se deve ou não ler o livro ou que foi resenhado,
assistir ao filme, comprar o álbum de música, o CD etc. Para isso, o resenhista deve deixar claro seu posicionamento a respeito da obra,
argumentando cada ponto de vista, cada crítica feita.

○ A resenha requer maturidade intelectual. Isso significa que, além de selecionar as informações principais do texto que você leu, é necessário
estabelecer relações com outros textos, com outros dados de conhecimento, desenvolver a capacidade de sumarização, de interpretação e de crítica
justificada.

○ Características da resenha
✓ Há uma ligação permanente entre a resenha de uma obra e a obra resenhada, isto é, desde o título da resenha que, normalmente nos
remete à obra resenhada até a crítica mais ou menos contundente a essa obra resenhada.
✓ Quando se critica a obra (texto-base), pode-se fazer isso por meio de adjetivos, de citações do próprio autor da obra, de comparações com
outras obras que tratem do mesmo tema etc., com o intuito de justificarmos nosso posicionamento.
✓ Quando se faz uma resenha, além de informar, ao leitor, o nome da obra resenhada e o autor da obra resenhada. Outras informações
necessárias são em quantas partes ou capítulos o texto resenhado divide-se, ou quantas são as páginas que compõem a obra. Esse
caminho facilita a leitura da resenha e dirige o leitor para esta ou aquela obra, de acordo com o que o leitor necessita para seu conhecimento
ou para um trabalho acadêmico, por exemplo.
✓ É importante perceber que uma resenha apresenta certas marcas linguísticas bem próprias como: No primeiro capítulo..., De acordo com o
autor..., Na segunda parte.... Isto é, todo o texto de uma resenha, a todo o momento, remete-nos à obra em questão (obra resenhada) e ao
seu autor.
✓ As críticas do resenhista podem aparecer logo após o resumo da obra ou durante o resumo como no exemplo que você vai ler.

No exemplo a seguir, o título do livro (obra a ser resenhada) é Carandiru (antigo presídio, hoje demolido). O título da resenha é Parada no Inferno. O
autor da resenha, Guilherme Werneck, provavelmente escolheu esse título porque Carandiru onde ficava o presídio também é uma parada do metrô de
São Paulo; inferno, pois um presídio que reunia tantos e tão diversos criminosos assemelha-se, ao ver do resenhista, a um inferno mesmo.

Texto I – Uma parada no inferno


Guilherme Wernek
VARELLA, Drauzio. Estação Carandiru. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. 297 páginas. Disponível em: <http://w w w. l e i t u r a c r i t i c a . c o m . b r / a p o i o p r o
f /aprecia/002varela_carandiru.asp>.
Como procurar a verdade em um ambiente onde o silêncio confunde-se com a arte de esconder o que se faz, fez e pensa? Estação Carandiru
(Companhia das Letras, 297 p., R$26,00), de Drauzio Varella, oferece a resposta de forma inteligente e gradual, reservando ao leitor o ônus das
conclusões. Um livro que permite conhecer, com olhar distante, mas envolvente, um dos aspectos mais sombrios da realidade do país.
Médico reconhecido, sobretudo por sua luta conta a AIDS, Varella começou seu trabalho de prevenção na Casa de Detenção de São Paulo o
Carandiru – em 1989. Ao clinicar na cadeia, seu universo de ação expandiu-se para além do tratamento de detentos infectados pelo HIV ou com
tuberculose. Do contato com os presos e seus problemas, que muitas vezes ultrapassam os limites da medicina, é que nasce toda a riqueza da obra.
Para narrar sua experiência no maior presídio do país, Varella opta por sobrepor pequenas histórias, descrevendo os códigos que regem a vida de
funcionários e detentos, encarcerados juntos em um “Barril de pólvora”.
O livro é dividido em duas partes. Na primeira, praticamente uma introdução, há uma descrição detalhada do presídio – que abriga hoje mais de sete
mil presos –, com suas instalações, divisões de pavilhões e dinâmica própria. Nas primeiras historias que compõem a segunda parte, o talento
narrativo se impõe. Valendo-se da relação íntima que se estabelece entre médico e paciente, Varella consegue abrir brechas na lei do silêncio que
impera nos presídios. Com isso, constrói uma visão abrangente e livre de preconceitos.
Para se aproximar o máximo possível da realidade, o tratamento que Varella dispensa a linguagem. Impressiona sua capacidade de transcrever
fielmente o modo de falar pelos pavilhões do Carandiru. As histórias ligam-se umas às outras num crescente que acompanha o próprio processo de
adaptação do autor à instituição em que trabalha. Isso permite ao leitor acompanhar as dúvidas e perplexidades que surgem do convívio mais próximo
com presos.
Na introdução, o autor diz que não se propõe a “denunciar um sistema penal antiquado, apontar soluções para a criminalidade brasileira ou defender
direitos humanos de quem quer que seja”. De fato, Varella mostra que o encarceramento não leva à barbárie, mas sim ao desenvolvimento de regras
bastante rígidas para preservar a integridade do grupo. Contudo, é impossível não tomar partido. As violações de direitos humanos e o descaso com
que são tratados não só os detentos, mas também os funcionários do sistema carcerário, conduzem a um reflexão sobre a validade de presídios como
esse, onde convivem reincidentes e presos que esperam julgamento, alcaguetes e pistoleiros, travestis e estupradores. Todos à mercê da
superlotação, de instalações em estado de calamidade, de ratos, insetos e fungos que contribuem para o depauperamento físico e moral.
Embora o tema seja denso, Varella abre janelas para que o leitor respire, dosando humor, observação e crítica de forma eficaz. O resultado é um
livro de cadência acelerada, que prende a atenção do começo ao fim. No entanto, mesmo valendo-se de uma forma que muitas vezes se aproxima da
crônica, a ficção passa longe de Estação Carandiru. O livro é um exercício de objetividade e tem a precisão que provém de anos de observação. Se
outro episódio ganhou dimensões maiores do que deveria, isso não importa, porque o livro revela-se uma grande reportagem, dessas que andam cada
vez mais raras na imprensa.
Educação 96, outubro, 1999.
Analisando...
➢ Observe que o autor da resenha já nos informa no primeiro parágrafo o autor da obra, a editora, o número de páginas e o nome do livro, ao
mesmo tempo em que usa os adjetivos “inteligente e gradual”, “mais sombrios”, “distante” e “envolvente” .
➢ O resenhista expressa que o autor da obra “narra” uma experiência e coloca a expressão barril de pólvora entre aspas mostrando que esta foi
cunhada pelo próprio autor do livro, ou seja, é uma citação direta.
➢ O resenhista resume como o livro foi escrito: sua forma, suas partes, sem deixar de adjetivar: “descrição detalhada”; “visão abrangente e livre
de preconceitos”, afirmações que ele justifica.
➢ No quinto parágrafo, há o argumento de um dos porquês de se ler o livro: linguagem fiel às personagens; histórias que se entrelaçam [resumo]
o autor da resenha elabora um jogo discursivo entre resumo e avaliação.
➢ Em seguida, é apresentada uma descrição detalhada com citações do próprio autor. Mais argumento para a leitura de um livro que retrata uma
realidade hostil que provoca obrigatória reflexão do leitor.
➢ Ao final, O autor da resenha continua avaliando a obra, utiliza, inclusive, uma crítica negativa, mas informa ao leitor da resenha que o livro
“prende a atenção do começo ao fim”. Em outras palavras, é um texto a ser lido e sobre o qual se deve refletir, mesmo que atualmente o
Carandiru, presídio tenha sido desarticulado, sabemos que há outros tantos pelo Brasil afora.

1. O trecho abaixo foi extraído de uma resenha de um show da banda de A autora é presidente do Teaching Smart/Learning Easy, em Stuart,
rock Aerosmith. Flórida/Estados Unidos da América, uma empresa de consulta e
seminários sobre a promoção do pensamento crítico. A obra em questão
obteve destaque por facilitar o entendimento de conteúdos difíceis e no
auxilio a estudantes, enfermeiros, professores e gestores no
desenvolvimento do pensamento crítico, crescimento profissional e
processo de enfermagem.
O guia de estudo eletrônico está apresentado sob a forma de seis
capítulos que contemplam as cinco etapas do processo de Enfermagem
(PE), conforme modelo adotado pela autora 1. Nursing Process
Overview; 2. Assessment; 3. Diagnosis; 4. Planning; 5. Implementation;
6. Evaluation.
No decorrer dos seis capítulos, a autora define diversos termos com
o intuito de trazer para os seus leitores um roteiro que subsidie a prática
profissional instrumentalizada pelo PE. São alguns termos: processo de
Sobre o gênero textual resenha, exemplificado no texto acima, afirma-se enfermagem, diagnóstico de enfermagem, ausculta, constipação,
corretamente que NANDA, promoção da saúde, palpação, sinais vitais, protocolos,
a) resenhas escritas para um público jovem sobre produções culturais, intervenção, classificação das intervenções de enfermagem e
como o público leitor da revista Rolling Stone, admitem um uso mais gerenciamento da dor. A obra é de grande relevância para todos os
coloquial da linguagem. profissionais de enfermagem, principalmente aos profissionais que
b) o autor da resenha não apresenta nenhum juízo de valor e nenhuma iniciam a prática do PE de acordo com as seis etapas preconizadas, já
avaliação sobre o show da banda de rock Aerosmith. que a autora define termos utilizados com frequência na pratica cotidiana
c) apresenta ao leitor apenas os pontos negativos de todos os momentos dos profissionais.
do show do Aerosmith no Estádio do Morumbi em 2007. Nesta obra, a autora conduz o leitor à compreensão do PE em
d) influencia o leitor para que não vá ao show da banda Aerosmith. etapas e, posteriormente o processo como um todo, de forma dinâmica e
e) o autor defende a ideia que senhores, que chama de “megatios”, indissociável, de modo a constituir um instrumento que busca o
acima de 52 anos não possam dançar. desenvolvimento do pensamento crítico nos profissionais, visto que o
pensamento crítico (PC) é uma atividade complexa, que inclui o
2. Sobre a escrita de resenhas, temos que raciocínio clínico e auxilia na tomada de decisão.
a) o objeto resenhado pode ser de qualquer natureza: um romance, um A partir do segundo capítulo, a autora aborda alguns conceitos que
filme, um álbum, uma peça de teatro ou mesmo um jogo de futebol. já foram definidos em capítulos anteriores, com o intuito de ratificar o seu
b) o autor não necessita ter conhecimento prévio sobre o assunto de que conceito, uma vez que o conhecimento aprofundado do termo facilita o
tratará em sua resenha. entendimento e a assistência de enfermagem no contexto clínico.
c) a citação do nome do autor e obra não é importante em uma resenha Os exercícios de aplicação sob a forma de questionários
de livro. apresentados ao final de cada capítulo apresentam-se de forma objetiva
d) na resenha crítica não se deve apresentar as ideias principais de uma e simplificada que permitem ao leitor a retomada do conteúdo discutido,
obra. entretanto, apresenta pouca contribuição para a reflexão sobre o PE,
e) é muito comum realizar leituras complementares para um melhor pois são perguntas prioritariamente objetivas e que não fazem relação às
entendimento do tema resenhado. suas etapas e ao PC.
Ao final do livro, como característico de uma obra do tipo Guia de
3. Leia atentamente a resenha a seguir e faça o que se pede. Estudo, não houve uma conclusão que reafirme o seu objetivo, assim
ALFARO-LEFREVE, Rosalinda. E-Study Guide for: Applying Nursing como não possui uma progressão da complexidade dos conceitos
Process: A Tool for Critical Thinking. Cram101 Textbook Reviews, 2014. abordados no decorrer de cada capítulo. Sugere-se, portanto, aos
66p. profissionais de enfermagem que demonstram interesse no assunto,
Diana Paula de Souza Rego Pinto Carvalho aprofundar o conhecimento por meio dos outros livros da autora que
Jéssica Valeska Herculano Lima complementam e ampliam a discussão do objeto em questão.
Anna Larissa de Castro Rego O guia atinge o objetivo proposto pela autora, e é possível concluir a
Priscila Fernandes Meireles Câmara partir dos achados deste estudo que as fases do PE e a sua manutenção
Isabelle Campos de Azevedo de forma contínua e natural ao exercício profissional, vinculam-se aos
Marcos Antonio Ferreira Júnior conhecimentos que estes profissionais possuem para execução destas
atividades e da conscientização da importância desta prática para a sua
A obra apresenta um tema de grande interesse a todos que profissão, assim como estimulam o pensamento crítico e a habilidade
compõem a enfermagem, uma vez que estimula o desenvolvimento do reflexiva, que resultam em um cuidado mais qualificado por meio de
processo de Enfermagem desde o ensino até a prática assistencial. atitudes críticas, criativas e transformadoras.
Dessa forma, é objetivo dessa resenha realizar uma análise crítica do
Guia enquanto ferramenta para promoção do pensamento crítico a) Indique onde se localiza, no texto acima, cada elemento da estrutura
desenvolvida por um processo de leitura exaustiva do tema, de uma resenha: (i) informações sobre a obra resenhada; (ii)
principalmente por meio de outras obras da autora. informações sobre a autora da obra resenhada; (Iii) resumo da obra
Lançado em 2014 pela editora Cram101 - Textbook Reviews, o E- resenhada; (iv) avaliações sobre a obra resenhada.
Study Guide for: Applying Nursing Process: A tool for Critical Thinking é
um guia de estudo eletrônico, disponível apenas no idioma inglês no b) A avaliação da obra é positiva ou negativa? Aponte elementos que
formato e-book, que descreve termos conhecidos pelos profissionais da comprovem sua afirmação.
área de enfermagem de uma forma didática, além de oferecer testes
práticos ao final de cada capítulo. c) Há alguma forma de menção à autora do texto-fonte ou ao próprio
texto-fonte? Cite exemplos.

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