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LÍNGUA PORTUGUESA
LITERATURA INDÍGENA
Munduruku: formigas gigantes ou compridas. Por essa característica, também nomeia um povo nativo, conhecido por
ser guerreiro e poderoso. Está presente nos estados do Pará, Amazonas e Mato Grosso.
Karú-Sakaibê: forma como o povo Munduruku denomina seu herói criador e civilizador.
igarapé: pequeno córrego, onde normalmente ficam localizadas as aldeias Munduruku.
Os autores lidos anteriormente, Kaká Werá e Daniel Munduruku, foram precursores dessa produção escrita e publicada
por indígenas, que se iniciou abordando as tradições e a história sob o ponto de vista de seus povos. Atualmente, essa
vertente da literatura visa diminuir a invisibilidade que foi dada a essa cultura durante muito tempo, fazendo com que
seus textos não se detenham apenas a estética e técnicas de escrita, mas que ganhe ares de fenômeno político e
cultural relevante dentro da literatura brasileira, abordando temas de pertencimento, sentimento do ser indígena,
memória, identidade e resistência. A característica da ancestralidade é muito marcante na literatura indígena. No
entanto, não há somente contos que abordem mitos e lendas desses povos. A literatura de autoria indígena, ainda que
tenha surgido como movimento somente a partir de 1990, mostra-se como literatura diversa, que varia entre os gêneros
poesia, romance, contos sobre lendas, livros de não ficção e para o público infantil. O surgimento tardio desse tipo de
publicação evidencia a condição naturalizada de apagamento a que esses autores foram submetidos, havendo
resistência da sociedade em apoiar suas obras. E é por isso que escritores indígenas, como Daniel Munduruku,
defendem a prática da escrita e a consolidação dessa literatura como meio de resistência e disseminação da cultura de
seus povos.
A autora Macuxi Julie Dorrico escreveu um poema abordando o tema do pertencimento, no sentido de carregar consigo
a identidade indígena. O livro Eu sou macuxi e outras histórias (2019) exalta a cultura macuxi, comunidade indígena sul-
americana, localizada no estado de Roraima, na fronteira com a Guiana, e resgata a memória da sua infância e do povo
que vive nessa localidade. A seguir, leia o poema.
De um gosto a outro
Cruzeiro-do-sul
Kaingang, omágua/kambeba, pankararu
De um porto a outro
De norte a sul
Do meu ponto de referência
Viva os munduruku!
De um gosto a outro
De norte a sul
Wapichana, mura e mara-guaçús
Baniwa, Kadiwel e Guaicurús
THAYSA CAVALCANTE
LÍNGUA PORTUGUESA
No silêncio dos olhos de meus parentes amarelos
Ouço os sons dos maracás
Vejo a cor do urucum e do jenipapo em suas peles
Sinto o orgulho do pertencimento que sempre exala em seus cabelos!
Em suas sombras toca o tambor:
Eu sou! Eu sou! Eu sou!
Indígena eu sou!
De um porto a outro
De norte a sul
Do meu ponto de referência
Viva os kai-gua-ya-xucu
De um porto a outro
De norte a sul
Povos indígenas
Nessa vida e em tantas outras
Eu sou.
DORRICO, Julie. Não há fronteiras para o pertencimento. In: DORRICO, Julie. Eu sou macuxi e outras histórias. Minas
Gerais: Caos e Letras, 2019.
Leia a seguir um poema de Eliane Potiguara, do livro Metade cara, metade máscara.