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A hora e a vez do Suplemento Literário de Minas Gerais1

MARQUES,Fabrício2
NOVAES, Mariana3. Mestranda (UFMG)

RESUMO

Passando por diversas fases e vários diretores, a história do Suplemento é extremamente rica tanto no que se
refere ao passado e ao presente. Completando mais de mil edições e 47 anos de vida, o SLMG se configura como
uma das mais raras e importantes publicações culturais no Brasil. O jornal divulgou e ainda divulga não só a
literatura produzida na época, como também as outras artes (cinema, artes plásticas, teatro e música).O presente
trabalho têm como objeto de estudo o Suplemento Literário de Minas Gerais (SLMG): sua história, bastidores e
personagens. Dividido em duas partes, a primeira concentra-se em uma breve leitura do SLMG nos seus 47 anos
de existência, colocando o foco em algumas fases, histórias e caracteristicas do jornal ontem e hoje. Na segunda
parte, o objetivo é um estudo de caso do SLMG, estabelendo um recorte nos anos de 1966 a 1969 (do momento
em que o jornal foi criado até Murilo Rubião, seu diretor, deixar o jornal) e de alguns documentos presentes no
arquivo de Rubião para narração dos bastidores, história, personagens, estrutura e características do jornal na
época de Murilo.

Palavras-chave: História da Mídia Impressa. Suplemento Literário de Minas Gerais. Jornalismo Cultural. Murilo
Rubião.

Poucas, raríssimas publicações, podem se jactar de passar do número 1.000. É caso de


se espantar, portanto, que um periódico tenha atravessado décadas subvencionado com
recursos públicos estaduais, sendo gerido por governos de diversos espectros ideológicos e,
mesmo assim, mantendo na maioria das vezes sua identidade e autonomia; vencido crises de
toda ordem, da censura à falta de orçamento; conquistado legiões de leitores; ajudado na
formação de escritores até então desconhecidos e concedido espaço a autores consagrados;
aberto espaço para todas as artes, para além do literário que carregava no nome.
Talvez apenas uma publicação reúna todas essas característica: está-se falando do
Suplemento Literário de Minas Gerais (SLMG), que chegou ao número 1.347 no último mês

1
Trabalho apresentado no GT de História da Mídia Impressa, integrante do 9º Encontro Nacional de História da
Mídia, 2013. marques.fabricio@gmail.com
2
Fabrício Marques é doutor em Literatura Comparada pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários
da UFMG. É pesquisador e professor do curso de pós-graduação do Centro Universitário UNA.
3
Mariana de Souza Novaes é mestranda em Teoria da Literatura pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos
Literário da UFMG. É também pesquisadora do Acervo de Escritores Mineiros (AEM), onde desenvolve sua
pesquisa sobre o Suplemento Literário do Minas Gerais no arquivo de Murilo Rubião.
marianagonovate@hotmail.com
de abril de 2013, ano em que completa 47 anos de existência. Atualmente com periodicidade
bimestral, o jornal já foi semanal e mensal; já foi vendido em bancas; qualquer que fosse a
periodicidade, sempre se reservou uma parte da tiragem para ser encartada no diário oficial
Minas Gerais, chegando aos 853 municípios mineiros, decisão fruto do projeto editorial do
escritor Murilo Rubião, idealizador e primeiro editor do jornal.
É natural que, mesmo classificado como suplemento, o heroico SLMG integre o
volume Revistas de invenção - 100 revistas de cultura do modernismo ao século XXI,
organizado por Sergio Cohn (2011), que catalogou a história das revistas no Brasil, a partir do
advento do Modernismo, em seis momentos: 1992, a modernidade; 1928, a reflexão; 1950, a
invenção; 1969; alternativa; 1980, independência; e, de 2000 em diante, a era digital.
Seguindo essa classificação, o SLMG insere-se no período das publicações de invenção, e é
assim caracterizado por Cohn:
Talvez o mais longevo suplemento literário brasileiro, o SLMG foi criado em
setembro de 1966, tendo como primeiro editor o maravilhoso Murilo Rubião, e
permanece distribuindo cultura. Rubião o coordenou, com generosidade e discrição,
até 1969, e depois foi a vez de Wander Piroli tomar conta de suas páginas, até 1975.
Embora esse seja considerado o seu período áureo, certamente o Suplemento
Literário de Minas Gerais continuou sendo um dos mais influentes periódicos de
cultura do país décadas adentro. Por suas páginas passaram praticamente todos os
grandes nomes de nossa literatura, de Clarice Lispector a Dalton Trevisan, de Lygia
Fagundes Telles a Osman Lins. E formou leitores de todo o Brasil. Como lembra
Humberto Werneck, autor do delicioso O desatino da rapaziada, “Minas, aliás, é
preciso que se diga, era onde o semanário de Murilo Rubião fazia menos sucesso.
Julio Cortázar lia em Paris o suplemento que em Belo Horizonte era ignorado pela
pequenez liliputiana de escribas provincianos”.(COHN, 2011, p.118 )

Que se dê o desconto de atribuir a direção do jornal ao escritor e jornalista Wander


Piroli, no período pós-Rubião. Vamos corrigir isso, começando do começo. O atual
superintendente, Jaime Prado Gouvêa, publicou no próprio SLMG um texto por ocasião do
milésimo número do Suplemento. Seguindo os passos de Gouvêa, descobrimos que, no início
do governo do então governador Israel Pinheiro, nos anos de 1960, o chefe do Executivo
notou que cerca de 200 localidades do Estado estavam virtualmente isoladas, sem receber
jornais ou informações de espécie alguma do resto do País. Apenas o “Minas Gerais”, órgão
oficial, e, portanto, obrigatório em repartições públicas, chegava até lá, mas levando apenas
leis, decretos e atos administrativos.
Preocupado com essa lacuna, o Governador recomendou ao então diretor da
Imprensa Oficial, Raul Bernardo Nelson de Senna, que preparasse uma seção
noticiosa e uma página de Literatura, revivendo uma antiga tradição do MINAS
GERAIS que, por algum motivo, fora interrompida. Raul Bernardo tinha, nessa
época, alguns intelectuais servindo na redação do jornal: Murilo Rubião, Aires da
Mata Machado Filho e Bueno de Rivera. Chamou-os e recomendou a página de
Literatura. Murilo Rubião sugeriu, então, que se fizesse um suplemento literário em
vez de uma simples página. Sugestão aceita, Murilo, encarregado de ser o secretário
da publicação (compondo com os dois colegas a comissão de redação) pediu um mês
para preparar seu lançamento. No dia 3 de setembro de 1966, com Paulo Campos
Guimarães na direção da Imprensa Oficial, surgia o primeiro número do Suplemento
Literário do MINAS GERAIS. (GOUVÊA, 1985, p.37).

Em dezembro de 1969, percebendo que o Suplemento já adquirira força para seguir


sem seu criador, Murilo Rubião convocou o escritor Rui Mourão, que já trabalhava no jornal,
para substitui-lo. Contudo, sob os auspícios da ditadura militar, Mourão foi impedido de
tomar posse. O poeta Libério Neves secretariou, interinamente, até maio, quando Ildeu
Brandão foi nomeado para dirigir o jornal, já contando com Garcia de Paiva para auxiliá-lo.
De maio de 1971 a setembro de 1973, Ângelo Oswaldo era empossado como
secretário. Música, cinema e artes plásticas ganham espaço no jornal. Com sua saída, assumiu
Mário Garcia de Paiva. De acordo com Jaime Prado Gouvêa, na gestão de Garcia de Paiva as
pressões continuaram e um suplemento especial, que pretendia ser uma amostra do Conto
Brasileiro Atual (24 textos de ficção), foi mutilado pela censura: “Seriam dois números, cada
um com dezesseis páginas. O primeiro saiu perfeito, mas o segundo teve apenas oito páginas.
A imprensa nacional começou a dar atenção a esses fatos, num apoio à
resistência”(GOUVÊA, 2013).
Em janeiro de 1975, foi a vez de a direção do SLMG ser concedida ao jornalista e
escritor Wander Piroli, que “trouxe o dinamismo do jornal diário a que estava acostumado,
inovou na parte gráfica, publicou cordel, abriu espaço aos escritores que quisessem desabafar,
agilizou o setor editorial e irritou os conservadores em geral.” (GOUVÊA, 2013).
Durante alguns meses, a independência do Suplemento entusiasmou seus
colaboradores; escritores de renome firmado quiseram participar da festa; a qualidade cresceu.
E, com ela, o perigo. Em maio de 1975, sem que seu secretário fosse sequer avisado o Minas
Gerais publicou um editorial informando que haveria uma reformulação no Suplemento.
Piroli demitiu-se imediatamente e, com ele, a grande maioria dos colaboradores, fato que
repercutiu, em tom de lamento e revolta, na grande imprensa nacional. O ciclo parecia
fechado. A partir do número 454, de 17 de maio, a circulação do jornal foi interrompida – fato
até então inédito-, só voltando em meados de junho, depois da nomeação de um novo
secretário, Wilson Castelo Branco que o dirigiria durante quase oito anos.
A vitória de Tancredo Neves nas eleições de 1982 foi fundamental para o SLMG.
Murilo Rubião foi nomeado diretor da Imprensa Oficial. Rubião impôs retomar a importância
que a publicação tivera em seus primeiros anos, quando chegou a ser reconhecido mesmo fora
do Brasil. Para dar uma nova identidade gráfico-visual ao periódico foi chamado o poeta
Sebastião Nunes. Essa nova fase publicou mais de 100 números do Suplemento, de junho de
1983 até 1986.
Nos últimos 27 anos, o jornal passou por diversas gestões. Não se pode deixar de
registrar que em 1994, o Suplemento foi desligado da publicação do Diário Oficial, tornando-
se um periódico autônomo, editado pela Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais, por
intermédio da Superintendência de Publicações e do Suplemento Literário.
Desde então, identificado como Suplemento Literário de Minas Gerais e impresso
com o apoio da Imprensa Oficial do Estado, passou a contar com a figura de um único editor,
não mais do secretário de redação ou da Comissão Editorial.
Nessa nova etapa, editaram o SLMG Carlos Ávila (1995 a 1998), Anelito de Oliveira
(1999 a 2003), Fabrício Marques (2004), Camila Diniz (2005 a 2008)e, a partir de 2009,
Jaime Prado Gouvêa.
É natural que uma publicação com quase cinco décadas de história se volte muitas
vezes para si mesma. Nos primeiros números, era comum a publicação de cartas de diversos
colaboradores que fizeram a fama do SLMG, como Guimarães Rosa, Haroldo de Campos,
João Cabral de Melo Neto, Murilo Mendes e Carlos Drummond de Andrade, que destacou o
seguinte, num dos primeiros números:
Suplementos Literários: até dá enjôo falar nêles. Que retrato falso costumam
oferecer da literatura! Entretanto, têm função importante a executar no quadro
cultural do país. Se não a executam, a culpa é de quem os faz, não da fórmula
jornalística. O SL do “Minas Gerais” põe o jornal a serviço da literatura e das artes,
mediador entre a criação e o consumidor, e o faz com dignidade e imaginação.
Merece ser lido.(DRUMMOND. Carta a Murilo Rubião. Rio de Janeiro, 1967).

Essa divulgação de opiniões sobre o próprio SLMG avançou até períodos mais
recentes. No ano em que o jornal completou 45 anos, na edição de outubro/novembro de
2011, foram publicados diversos depoimentos em um dossiê, no jornal, com a participação de
diversos escritores e artistas plásticos que foram publicados pelo jornal ou mesmo de leitores
privilegiados, como Ignácio de Loyola Brandão, Sérgio Sant’Anna, Luiz Costa Lima,
Augusto de Campos, Bartolomeu Campos Queiróz, Luiz Vilela, Márcio Sampaio e Milton
Hatoum.
A essa altura, não se pode deixar de reconhecer que o SLMG se insere em uma
tradição, para falar só da produção mineira, de periódicos lançados por escritores-jornalistas
ou apenas escritores, ou poetas. Só em Minas pode-se registrar um bom número de revistas
que começam a vir à luz em 1925, com A Revista. Na seqüência, Verde, de Cataguases,
Eletricta, de Itanhandu (ambas de 1927); Edifício (que revelou a geração de Autran Dourado,
de 1946); Complemento (da geração de Silviano Santiago, 1956); Tendência (tendo como um
dos diretores o poeta Affonso Ávila, de 1957); e Estória (lançada por Luiz Vilela, de 1965).
Dá-se no Brasil do pós-Segunda Guerra o momento áureo das revistas literárias, que
durou mais ou menos 30 anos e ocorreu lado a lado com o auge do modernismo tardio, tanto
na prosa quanto na poesia. Cada movimento literário importante apoiou-se, num primeiro
momento, numa revista que lhe serviu de alto-falante. As revistas funcionavam como polo
aglutinador de talentos. Também chamadas de “nanicas”, eram editadas de maneira quase
artesanal por jovens grupos de escritores (OLIVEIRA, 2003, p. 65). Leminski chegou a
afirmar: “os maiores poetas (escritos) dos anos 70 não são gente. São revistas” (2001, p. 89).
Em linhas gerais, pode-se caracterizá-las, com algumas variações, do seguinte modo:
essas revistas apresentam, além de textos de criação (poemas, contos, traduções), textos de
reflexão (resenhas críticas e ensaios), editorial, entrevistas, ensaios fotográficos, fotos,
ilustrações, desenhos, cartas de leitores, quadrinhos, perfis e, raramente, reportagens. Além
disso, apresentam periodicidade quadrimestral ou semestral. Caracterizam-se, também, a
maioria, pela curta duração – raras conseguem passar do quarto número.
Os grupos que se formam para lançá-las agem num espaço articulado como campos de
força que configuram uma estrutura especializada. As tomadas de posição no campo
intelectual ficam restritas aos verdadeiros impulsos que as regem: a busca de consagração e
legitimidade para as próprias obras, a competição entre artistas, suas estratégias de luta e
aliança (SARLO, p. 142-143).
Tal como questiona Sarlo (1997, p. 151), pode-se perguntar, em relação às revistas que
se dedicam à divulgação da poesia: “No mercado de bens simbólicos, qual será o futuro de
uma arte que ainda não é ou talvez nunca seja uma arte de massa, nem participa do mercado
como um bem atraente para os agentes capitalistas que definem suas tendências?”.
Não é nosso propósito avançar na discussão desse problema. De qualquer modo, já
que colocado, ele serve de pano de fundo para nos determos na história do SLMG em seus
primórdios.
Acervo de Escritores Mineiros. Carta de Carlos Drummond de Andrade a Murilo Rubião. Rio de Janeiro, 1967.
OS PRIMEIROS ANOS: O SLMG DE MURILO RUBIÃO (1966-1969)
Para começar essa história, destaca-se um trecho de correspondência do escritor e
crítico literário Fernando Py a Murilo Rubião:
Falei com o Drummond a respeito dos recados que você me pediu que lhe
trasmitisse. Ele se mostra totalmente avesso à ideia de um suplemento especial só
para ele e a alegação (absurda) é que já está excessivamente consagrado que o
suplemento deve dar mais atenção aos jovens, aos escritores residentes no estado,
pois êle, de certa maneira, já deixou de ser mineiro, pois tem mais anos de residência
no Rio do que em Minas. E coisas assim. Isto encobre evidentemente o horror que
êle tem a aparecer, que afinal não deixa de ser razoável . O que pareceu inteiramente
absurdo foi o fato de recusar-se e deixar, quando o adverti que o suplemento poderia
sair assim mesmo, de qualquer maneira, com sabe-se lá que espécie de colaboração.
Agora, Murilo, você decida. (PY. Carta a Murilo Rubião. Petrópolis, 3 de março de
1968).

Localizado no terceiro andar da Biblioteca Central, da Universidade Federal de Minas


Gerais (UFMG), a carta acima faz parte do Acervo de Escritores Mineiros (AEM), e, mais
especificamente, do fundo e arquivo de Murilo Rubião. No arquivo de Rubião, o maior
volume documental sobre a sua participação na vida pública é o que se refere ao Suplemento
Literário do Minas Gerais (SLMG)4. Totalizam-se mais de 1700 documentos, dentre recortes
de jornais e revistas, correspondências e fotografias que tratam sobre a história e os bastidores
do jornal criado por Murilo Rubião.
Mais do que uma negociação de colaboração e de pauta da edição que seria elaborada,
a carta de Fernando Py a Murilo Rubião testemunha um período importante na história do
Suplemento: a época em que Murilo foi diretor e fundador do jornal. Ampliando o olhar sobre
a correspondência, além dos bastidores literários, vê-se o jornal pelo que é: em mais de 45
anos continua sendo consagrado pela crítica literária e é ainda responsável pela divulgação de
novos autores (Ana Martins Marques, Ricardo Aleixo). Pelo que foi: um jornal que teve a
frente personagens como Drummond e Murilo Rubião e pelo que poderia ter sido: uma edição
especial sobre Carlos Drummond de Andrade sem a permissão e colaboração consentida pelo
autor.
(Matando a curiosidade, Murilo Rubião seguiu as orientações de Drummond e
somente em 1980 foi publicada uma edição especial sobre o poeta).

4
Durante os anos de 1966 a 1994, pertencia à Imprensa Oficial, como, inicialmente, parte das edições do Diário
Oficial e por isso era chamado de Suplemento Literário do Minas Gerais. Mais tarde, o jornal ficou sob a
responsabilidade da Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais, sendo chamado, desde então, Suplemento
Literário de Minas Gerais.
Somando mais de mil edições publicadas5 e passando por várias fases, a história do
Suplemento Literário de Minas Gerais (SLMG) é extremamente rica nas publicações,
bastidores e personagens. Os primeiros anos do Suplemento são fundamentais e decisivos para
uma compreensão do periódico, no seu passado e presente. A preocupação por mesclar em
suas páginas a tradição e a modernidade e a intenção por divulgar e revelar novos artistas e
escritores é visível na atuação de Murilo como na de tantos outros que o sucederam, Os anos
de 1966 a 1969, foi o período em que personagens como Humberto Werneck, Sérgio
Sant’Anna, Affonso Romano de Sant’Anna e Luiz Vilela iniciaram sua longa colaboração no
jornal, que se estende aos dias de hoje.
O primeiro número do Suplemento Literário contou com uma tiragem de 27 mil e a
publicação não tardou a se firmar como uma das melhores do gênero no país, podendo ser
comparada, na época, aos suplementos como o do Jornal do Brasil e Suplemento do Estado
de São Paulo.
A primeira comissão de redação do SLMG contou com Affonso Ávila, Laís Côrrea de
Araújo e Aires da Mata Machado Filho. A equipe contratada por Murilo era constituída,
inicialmente, pelos redatores Márcio Sampaio, Zilah Corrêa de Araújo, José Márcio Penido e
pelo diagramador Lucas Raposo. E mais tarde se juntariam Valdimir Diniz, João Paulo
Gonçalves da Costa, Carlos Roberto Pellegrino, Jaime Prado Gouvêa, Adão Ventura,
Humberto Werneck, Paulinho Assunção, dentre outros.
Com doze páginas, na primeira página do jornal, além de ilustração do artista plástico
Àlvaro Apocalypse e a publicação do poema “O país dos laticínios” de Buena Rivera,
encontramos o primeiro editorial do Suplemento. No texto de apresentação, lê-se a proposta
de um jornal multidisciplinar, aglutinador de gerações e com feição predominantemente
mineira, “no estilo de julgar e escrever, como na escolha da matéria publicável.”
(SUPLEMENTO, 1966).
Na carta de Claúdia Romano de Sant’Anna a Murilo Rubião, a exatos dez dias depois do
lançamento do jornal, além dos bastidores de redação (o envio de poema do irmão Affonso
Romano de Sant’Anna), lê-se a repercursão imediata do SLMG para além da academia e dos
escritores. A remetente narra o sucesso do jornal nas repartições públicas e numa cidade (Juiz
de Fora) que está localizada fora dos eixos culturais da época (Rio-São Paulo-Belo
Horizonte). Segue trecho:

5
Todas as edições do Suplemento Literário de Minas Gerais encontram-se digitalizadas e disponíveis nos
seguintes sites: <www.letras.ufmg.br/websuplit> e
<http://www.cultura.mg.gov.br/imprensa/publicacoes/suplemento-literario>.
Murilo Rubião,
Parabenizo-me com as primeiras edições do "Suplemento Literário" do órgão oficial
do Estado.
Afirmo-lhe que por aqui elas têm sido por demais procuradas e elogiadas. Em minha
secção do servição público estadual os exemplares que nos chegam as mãos estão se
tornando insuficientes para atender a todos aquêles que se interessam por lê-lo e
acompanhar o movimento literário através do "Suplemento". Aproveito do ensejo
para encaminhar-lhe o poema mais recente do mano Affonso Romano de Sant'Anna,
que se encontra desde setembro de 1965 em Los Angeles - EUA, lecionando
Português e Literatura Brasileira na UCLA, para que seja publicado logo que fôr
possível. (SANT’ANNA. Carta a Murilo Rubião. Juiz de Fora, 13 de setembro de
1966).

O Suplemento Literário deu espaço para que escritores novos, não conhecidos pela crítica
literária, publicassem no jornal e muitos se não mineiros, tinham relação com o estado. Os
primeiros contos de Luiz Vilela, Sérgio Sant’Anna, Jaime Prado Gouvêa, Luis Gonzaga
Vieira, Márcio Sampaio, Humberto Werneck e os primeiros poemas de Libério Neves, Bueno
de Rivera e Adão Ventura tiveram suas estreias nas páginas do jornal. Para esses escritores
em formação, que seriam mais tarde chamados pela crítica como a “Geração Suplemento” ou
o seu grupo como “Os Novos”, a divulgação e revelação promovidas pelo Suplemento
Literário e a influência de Murilo Rubião e de um ambiente literário, boêmio e fraterno que
efervescia na redação do Suplemento foram fundamentais.
Na Sala Carlos Drummond de Andrade, nome dado em homenagem ao escritor que na
mesma sala trabalhou como redator do Minas Gerais, em 1924, discutia-se a literatura latino-
americana na época (lia-se Gabriel Garcia Marques e Julio Cortázar), o cinema de Godard,
Luis Buñel e Glauber Rocha e falava-se sobre uma literatura participativa e militante num
contexto marcado pela ditadura militar. A sala era também onde os escritores trocavam
figurinhas e afinidades literárias: cada um lia o texto do outro, dava palpites, corrigia, riscava.
O jornalista Humberto Werneck, no texto “Meu Suplemento inesquecível”, em edição de
comemoração dos 45 anos do Suplemento, conta o caso quando a pedido de Murilo Rubião
leu e palpitou no conto Ex-mágico:
Um dia ele me pediu opinião sobre mexidas que dera em O ex-mágico da Taberna
Minhota, carro-chefe de seu livro de estreia. Puxei a cadeira para perto de sua mesa,
saquei a caneta e, impávido, fui em frente, seguríssimo de mim como nunca mais na
vida. Do alto da minha sobreloja literária, lá pelas tantas impliquei com o
substantivo “despautério”. Eu achava que a literatura se fazia de belas palavras, e
que despautério era um... despautério. “Não dá, Murilo!”, pontifiquei. “Se eu fosse
você, cortava imediatamente!” Muitos anos mais tarde, já provido de
desconfiômetro, me lembrei do episódio – mas não tive coragem de reler O ex-
mágico.
Recentemente, contei a história ao jovem jornalista e escritor Marcus Assunção – e
ele teve a maldade de me informar por e-mail, no dia seguinte, que a palavra já não
lá está. E o pior é que, Murilo morto, não posso remediar o meu despautério.
(WERNECK, 2011, p.5).
O texto de Luiz Vilela “Bola ao cesto na redação do Suplemento” mostra o ambiente
lúdico e descontraído que era a Sala Carlos Drummond de Andrade. No texto o escritor narra
o inusitado esporte que prendia os escritores mais horas na redação. Tratava-se de uma
competição de acertar o cesto de lixo com uma bola de isopor. Para o contista Luiz Vilela “se
tão importante foi para nós, os escritores novos, em Belo Horizonte, a publicação de nossos
textos nas páginas do Suplemento em seus primeiros anos de existência, não menos
importantes foram nossos encontros em sua sala de redação” (VILELA, 2011, p. 11).
Voltando para a primeira edição do Suplemento Literário do Minas Gerais, na
segunda página vê-se a publicação do artigo de Fábio Lucas “A poesia Renovadora” e o texto
de João Camilo de Oliveira Torres, “Missão de Minas”. Na página três, lê-se a coluna
semanal “Roda Gigante” e “Informais”, escrita e assinada por Laís Corrêa de Araújo”. A
coluna de crítica literária era dividida em duas partes, “Roda Gigante” e “Informais”,
permanecendo até a edição de maio de 1969 (nº140).
Dividida em subtítulos (“a editora”, “o autor”, “o livro” e “comentários”), a “Roda
Gigante” publicava a crítica de livros recém-lançados. .A coluna escrita por Laís foi
responsável por revelar e divulgar o movimento e o momento editorial brasileiro e
estrangeiro. Em “Roda Gigante” têm-se, por exemplo, notícia e crítica dos livros Tremor de
Terra, de Luiz Vilela, de Tutaméia, de Guimarães Rosa, de Paris é uma festa, de Hemingway,
do lançamento de antologia com vinte poemas de Maiakóvski, traduzidos pelos irmãos
Campos e do livro Coração Ferido, de Cornélio Penna. “Roda Gigante” também informava
sobre os concursos literários, conferências e a atuação de intelectuais mineiros, como os
cursos que uma boa parte deles ministrava no exterior, naquela época.
Na segunda parte, intitulada “Informais”, são noticiados, em pequenos parágrafos
numerados, separados por símbolos gráficos, lançamentos e notícias literárias variadas, como
recentes e futuras publicações de livros, lançamentos de revistas, antologias etc. A escritora
mineira encarregava-se de fazer resenhas, críticas literárias, selecionar textos, traduzir e
promover os contatos nacionais e internacionais com escritores de outros estados e de outros
países. Selecionava as matérias, o que era rigorosamente vistoriado por Murilo Rubião.
Viajava, fazia entrevistas e promovia encontros com escritores como Ana Hatherly, Roman
Jakobson, Tvzetan Todorov, Murilo Mendes, Octavio Paz. Além disso, fazia também muitas
traduções - foi a primeira no Brasil a traduzir o conto “Villefañe” de Julio Cortazar. Traduziu
muitos intelectuais que representavam o pensamento crítico e literário então contemporâneo:
Michel Butor, Erza Pound, T.S. Eliot, Sartre, Roland Barthes, Gabriel Garcia Lorca, Mário
Vargas Llosa, Octávio Paz, Jorge Luís Borges, este era ainda um desconhecido no Brasil,
Tzvetan Todorov, Robert Frost.
Na página quatro lê-se artigo de Affonso Ávila “Sousândrade: o poeta e a consciência
crítica”, sobre o relançamento da obra poética do escritor, em edição organizada pelos irmão
Haroldo e Augusto de Campos. O poeta de vanguarda e também marido de Laís Corrêa de
Araújo, Affonso Ávila publicou poemas e artigos sobre literatura, traduziu textos de escritores
latino-americanos e norteamericanos e organizou algumas edições especiais importantes,
como as duas edições dedicadas ao barroco mineiro (de 5 e 8 de julho de 1967) e a edição
sobre Guimarães Rosa (25 de novembro de 1967), publicada em homenagem ao escritor de
Grande Sertão Veredas, que seis dias antes falecera.
Se coube ao escritor Ayres da Mata Machado Filho o contato e articulação com os
escritores consagrados (a ala mais conservadora da intelectualidade belo-horizontina, como os
irmãos Djalma e Moacyr Andrade, Eduardo Frieiro, Mário M. Campos), ao casal, Affonso e
Laís, coube o diálogo com a vanguarda, articulando e organizando as publicações de
escritores jovens e modernos, como as dos concretistas de São Paulo, o poema processo de
Cataguases e a publicações da “Geração Suplemento”. Graças ao casal, o Suplemento
divulgou e discutiu a literatura brasileira e estrangeira que se produzia na época. Também na
casa dos Àvilas recebiam-se escritores como os irmãos Campos, João Cabral de Melo Neto, a
escritora portuguesa Ana Hatherly, Murilo Mendes e a escritora do Noveau Roman Nathalie
Sarraute. Sérgio Sant’Anna em entrevista diz o seguinte sobre a influência que teve do poeta:

O Affonso Ávila influenciou o meu pensamento, minha obra não, até mesmo porque
ele é um poeta e eu um ficcionista. Ele me dava força pessoal, achava legal o que eu
escrevia e tinha coragem de criticar, falava assim: “Não, essa palavra não está bem”,
às vezes até frases... Eu me lembro muito bem que um dia, num boteco, eu disse:
“Eles bebiam sopa todo dia” e ele disse: “Não, tomavam sopa”. Quer dizer que coisa
desse tipo ele fazia também, se dispunha a fazer. E o Affonso era relacionado com
todo o pessoal da Poesia Concreta, com muita gente. E sempre foi muito generoso,
quando passava alguém por lá, por exemplo, Murilo Mendes, ele dava uma festa,
recebia na casa dele e convidava a gente também, que era para o escritor novo
conhecer o Murilo Mendes. (SANT’ANNA, 2009, p.140).

Também se sobressaem no Suplemento as entrevistas, algumas seguidas de reportagens,


que o jornal fez com alguns e escritores e famliares. Na edição nº1, nas páginas 6 e 7, lê-se a
reportagem de Zilah Corrêa de Araújo “Eduardo Frieiro no depoimento de sua espôsa”. Zilah
foi encarregada de uma série que estabelecia o perfil de escritores e da vida literária sob a
perspectiva doméstica e familiar. Dentre as reportagens feitas pela escritora, cito: “Mário
Matos no depoimento de Maria, sua esposa”, “Lúcia Machado de Almeida no depoimento de
seu marido Antônio Joaquim de Almeida”, “Henriqueta Lisboa no depoimento de sua
sobrinha Abigail de Oliveira Carvalho” e “Emílio Moura, no depoimento de seu filho Antônio
Luiz Moura”. Em carta de Lygia Fagundes Telles a Murilo Rubião, além dos elogios ao
SLMG, lê-se justificativa pelo atraso de envio de questionário enviado por Zilah:

Antes de mais nada devo dizer-lhe que achei excelente os números do Suplemento
Literario que você - foi você , não?- teve a lembrança de me enviar. A Zilá Corrêa
de Araújo deixou-me umas perguntas a serem respondidas para uma entrevista mas
só ontem terminei o roteiro e diálogos de um filme a ser feito, baseado no "Dom
Casmurro"; o trabalho foi bárbaro, há um mês que não faço outra coisa;diga-lhe, por
favor, que não esqueci. Na próxima semana ela receberá o questionário respondido.
(TELLES. Carta a Murilo Rubião. Sem local e sem data.)

Humberto Werneck e Carlos Roberto Pellegrino também foram os responsáveis pela série
“O escritor mineiro quando jovem”(que inicia-se em julho de 1969 e termina em janeiro de
1970). A série continha entrevistas e depoimentos de escritores sobre a literatura atual, e teve
como entrevistados os escritores Luiz Gonzaga Vieira, Sérgio Sant’Anna, Sebastião Nunes,
Valdimir Diniz, Márcio Sampaio, Lázaro Barreto e Ronaldo Werneck. Destacam-se ainda as
entrevistas de Affonso Romano de Sant’Anna a José Márcio Penido, de Yara Tupynambá a
Márcio Sampaio , de Michel Burtor e Mário Vargas Llosa a Laís Corrêa de Araújo e de Jean
Renoir à revista francesa Cinema 65.
Na primeira edição, na coluna “Artes Plásticas”, Márcio Sampaio escreve artigo sobre a
arte em Ouro Preto (“Ouro Preto: dois séculos de arte”, página 11) e também assina com o
pseudônimo M. Procópio o texto de crítica musical “Arthur Bosmans: de marinheiro a cantor
do planeta Marte” (página 5). O artista plástico ilustrava, redigia matérias e fazia revisão, era
o responsável pela parte gráfica e pelas ilustrações. Era ele que selecionava e garimpava as
ilustrações, trouxe às páginas do Suplemento ilustrações como as de Álvaro Apocalypse,
Chanina, Jarbas Juarez, Yara Tupinambá, Eduardo de Paula, Nello Nuno, Petrônio Bax,.
Henfil, Amilcar de Castro e Inimá de Paula.
Márcio Sampaio era o ponto de contato entre o Suplemento e as novas gerações de artistas
plásticos, como os alunos da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG) e Escola Guignard. Na coluna “Artes Plásticas” encontramos, por exemplo, textos
sobre Kandinsky, Mondrian, Lasar Segall , Marcel Duchamp, Tarsila do Amaral, Álvaro
Apocalypse, Yara Tupinambá, Aloísio Magalhães, José Alberto Nemer. Em 1968, o
Suplemento Literário do Minas Gerais, no lançamento de número especial dedicado aos
novos escritores de Minas, organizou a exposição de artes plásticas “Arte Jovem de Minas”,
expondo, na Imprensa Oficial, pinturas, gravuras e desenhos de quarenta artistas residentes
em Belo Horizonte.
O cinema e o teatro eram assuntos de pauta no SLMG. Numa coluna dedicada ao
cinema, geralmente localizada na última página, colaboraram frequentemente Flávio Márcio,
publicando na primeira edição um texto sobre Godard, intitulado "Godard: carta de
princípios"; Marco Antônio Gonçalves de Rezende (colaborou na coluna de outubro de 1966
a agosto de 1967), Victor de Almeida (iniciou colaboração em setembro de 1967 até março de
1968). Em um número bem grande de textos, são assuntos tratados nas colunas os filmes de
Orson Welles, Luis Bruñel, Samuel Fuller, Federico Fellini, Godard, Glauber Rocha,
Humberto Mauro, o cinema mineiro, o cinema novo, os cineclubes, o cinema americano
experimental, os filmes de faroeste, cinema e literatura, filmes brasileiros, etc.
No espaço dedicado às artes cênicas, cabia ao dramaturgo Jota D’Ângelo a elaboração
da maior parte dos textos. Na edição nº 3 do jornal, Jota D’Ângelo escreve sua primeira série,
com cinco ensaios, “À margem do método: Brecht e Stanislavski”, em que compara o Método
de Stanislavski com as proposições de Bertold Brecht. Se destacam também a transcrição de
entrevista de Lee Strasberg e os textos sobre a situação do teatro no Brasil e em Belo
Horizonte: “Da participação obrigatória I e II”, que tratam sobre a participação política do
teatro como uma arte que, apesar da censura e restrições impostas, proporciona o debate.

A crise
Não apenas de sucessos viveu a história do SLMG. O provincianismo mineiro, a
descrença da parte mais conservadora de escritores mineiros (a maioria da Academia Mineira
de Letras) e, principalmente, a ditadura fizeram com que se intalasse no jornal e culminasse
com a saída de Murilo Rubião. Em 1967, Affonso Romano de Sant’Anna publica, na primeira
página do jornal, o poema “O poeta mede a altura do edifício” em que chama o prédio Empire
State de maior “pênis do mundo”. O poema foi despreciado e causou a maior polêmica,
ganhando protestos de juízes, religiosos e promotores. Sérgio Sant’Anna, em entrevista, diz
que a redação do SLMG era vista como um antro de “maconheiros, comunistas e gays”
(SANT’ANNA, 2009).
Apesar do SLMG ser um encarte de um jornal oficial do governo, vê-se - seja pelas
matérias ou pelo arquivo de Murilo-, que o Suplemento tinha um posicionamento político que
ia contra ao regime da época. Em Toronto, Silviano Santiago escreve carta a Murilo em que
acusa o recebimento de exemplar “pingado” do jornal e diz: “ envio-lhe um longuíssimo
poema. Sei dos incovenientes que isso traz para o Suplemento, mas sei também que com suas
mãos de ex-mágico será capaz de dar um jeito. ” (SANTIAGO, 1969). Segundo Jaime Prado
Gouvêa, a censura era um desafio. “ Driblar o censor era ótimo, um quase-gol. E nos dava a
certeza de que alguém estava lendo nossas coisas, nem que fosse para nos ferrar. Minhas
lembranças desse atrevimento são as melhores” (GOUVÊA,2009).
Para Duílio Gomes, “as crises não faltaram na vida do Suplemento Literário do Minas
Gerais, sempre provocadas por questões políticas ou de moral e sempre fomentadas, é claro,
por setores conservadores e ligados à literatura igualmente conservadora e de má
qualidade”(GOMES,2006).
Murilo Rubião, denunciado como subversivo, saiu do cargo de diretor do SLMG em
1969, assinando até a edição nº 174, de 27 de dezembro de 1969. O escritor seria substitúido
por Rui Mourão, que chegou a assumir a direção do Suplemento apenas dois meses, sendo
vetado pelas autoridades militares e substituído por Libério Neves. Depois de Rui Mourão e
Libério Neves, o jornal passaria por uma nova fase, a de Ângelo Oswaldo como Secretário do
SLMG. Independente de qualquer juízo de valor, é inegável que não só os primeiros anos do
Suplemento foram fundamentais e importantes para a sua história.
Há escritores que defendem, como Sérgio Sant’Anna, que a melhor fase do jornal foi
quando esteve nas mãos de Ângelo Oswaldo, alegando que, ao contrário do que possa pensar,
foi justamente a partir de Oswaldo que o SLMG desafiou mais ainda os censores e publicou
matérias de cunho mais engajado e de vanguarda. Muito há que ser estudado e todas as fases
merecem igual atenção. No entanto, aqui nesse trabalho deixa-se registrado os primeiros anos
Suplemento, o início do jornal com Murilo Rubião e os ecos na sua história de um jornal
conciliador : que aglutina a tradição e a vanguarda, Minas e Brasil, literatura e outras artes,
velhos e novos escritores.
REFERÊNCIAS:
Bibliografia:

COHN, Sergio. Revistas de invenção - 100 revistas de cultura do modernismo ao século XXI,
organizado. Rio de Janeiro: Beco do Azougue, 2011.

GOMES, Duílio. Literatura Portuguesa no Suplemento Literário do Minas Gerais: relações


Brasil/Portugal. Dissertação de Mestrado. Belo Horizonte: UFMG, 2006, p.210-215.
Entrevista concedida a Eliana da Conceição Tolentino.

GOUVÊA, Jaime Prado. Suplemento Ano XX: Mil números de história. In: Suplemento
Literário do Minas Gerais. Belo Horizonte, nov. 1985, n. 1000, p.35

GOUVÊA, Jaime Prado. Entrevista a Jaime Prado Gouvêa. Nos rastros dos novos: o fazer
crítico e literário do Suplemento Literário do Minas Gerais (1966-1975). Dissertação de
Mestrado. Belo Horizonte: UFMG, 2009, p. 123-129. Entrevista concedida a Viviane
Monteiro Maroca.

OLIVEIRA, Nelson de. Ascensão e queda das revistas literárias. In: Verdades provisórias.
São Paulo: Escrituras, 2003.

SANT’ANNA, Sérgio. Entrevista com Sérgio Sant’Anna. Nos rastros dos novos: o fazer
crítico e literário do Suplemento Literário do Minas Gerais (1966-1975). Dissertação de
Mestrado. Belo Horizonte: UFMG, 2009, p. 137-153. Entrevista concedida a Viviane
Monteiro Maroca.

SARLO, Beatriz. Cenas da vida pós-moderna. Intelectuais, arte e vídeo-cultura na Argentina.


Trad. Sérgio Alcides. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1997.

SUPLEMENTO LITERÁRIO DO MINAS GERAIS. Secretaria de Cultura de Minas Gerais:


Belo Horizonte, 3 set. 1966. Ano 1, n 1, p.1-12.

VILELA, Luiz. Bola ao cesto na redação do Suplemento. Suplemento Literário de Minas


Gerais, Belo Horizonte, jul./ago. 2011, n. 1337, p. 11.

WERNECK, Humberto. Meu Suplemento inesquecível. Suplemento Literário de Minas


Gerais, Belo Horizonte, jul./ago. 2011, n. 1337, p. 3-6.

Fontes primárias:

PY, Fernando. Carta a Murilo Rubião. Petrópolis, 03 de março de 1968. Acervo de Escritores
Mineiros, Universidade Federal de Minas Gerais.

SANT’ANNA, Claúdia Romano de. Carta a Murilo Rubião. Juiz de Fora, 13 de setembro de
1966. Acervo de Escritores Mineiros, Universidade Federal de Minas Gerais.

SANTIAGO, Silviano. Carta a Murilo Rubião. Toronto, 1969. Acervo de Escritores


Mineiros, Universidade Federal de Minas Gerais.

TELLES, Lygia Fagundes. Carta a Murilo Rubião. Sem local. Sem data. Acervo de
Escritores Mineiros, Universidade Federal de Minas Gerais.

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