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(e-STJ Fl.

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RECURSO ESPECIAL Nº 2097858 - SP (2023/0328926-2)

RELATOR : MINISTRO SÉRGIO KUKINA


RECORRENTE : WALTER GOMES FERNANDES - ESPÓLIO
ADVOGADOS : MÁRCIA APARECIDA DE SOUZA - SP119284
GABRIELA THAIS DELACIO - SP369916
RECORRIDO : FAZENDA NACIONAL
INTERES. : SILVA TUR TRANSPORTES E TURISMO S/A
INTERES. : GUERINO SEISCENTO TRANSPORTES LTDA

DECISÃO

Trata-se de recurso especial manejado por Walter Gomes Fernandes -


Espólio, com base no art. 105, III, a, da CF, contra acórdão proferido pelo Tribunal
Regional Federal da 3ª Região, assim ementado (fls. 1.064/1.065):
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DIREITO TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE


INSTRUMENTO. EXECUÇÃO FISCAL. ACOLHIMENTO DE EXCEÇÃO DE
PRÉ-EXECUTIVIDADE OPOSTA POR SÓCIO CORRESPONSÁVEL PARA O
FIM DE EXCLUI-LO DO POLO PASSIVO DA DEMANDA EXECUTIVA.
CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CABIMENTO.
ARBITRAMENTO EM CONFORMIDADE COM O ART. 85, §8º, DO
CPC/2015.
PRECEDENTES DO C. STJ. RECURSO PROVIDO.
1. O art. 85, §1º, do CPC/2015 dispõe que os honorários advocatícios são
devidos na reconvenção, no cumprimento de sentença, provisório ou definitivo,
na execução, resistida ou não, e nos recursos interpostos, cumulativamente.
Desse modo, se uma parte litigante instaura um processo executivo, mas a
outra (devedora ou corresponsável) é obrigada a atuar para reduzir ou afastar
o montante cobrado, então a verba honorária deve ser fixada, porque houve
necessidade de se recorrer a um patrono para extinguir o montante exigido,
cenário a justificar a imposição desta condenação em honorários advocatícios.
2. No caso dos autos, a Fazenda Pública ingressou com executivo fiscal e,
posteriormente, houve a exclusão do corresponsável do polo passivo do feito.
Com a extinção da demanda executiva originária em relação ao
corresponsável, a condenação em honorários advocatícios passou a se fazer
obrigatória, já que o terceiro foi obrigado a movimentar sua defesa para não
ser compelido a pagar os débitos tributários cobrados (princípio da
causalidade).
3. No que tange ao valor a ser arbitrado, denota-se que a matéria foi afetada
pela Corte Especial do C. STJ, para julgamento segundo o rito dos recursos
representativos de controvérsia, previsto nos arts. 1.036 e seguintes do
CPC/2015, no REsp 1.850.512/SP e no REsp 1.877.883/SP de relatoria do e.
Min. Og Fernandes. Concluído em 16/03/2022 o julgamento dos referidos
Recursos Especiais repetitivos, a Corte Especial firmou as seguintes teses: i) A
fixação dos honorários por apreciação equitativa não é permitida quando os
valores da condenação, da causa ou o proveito econômico da demanda forem

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Publicação no DJe/STJ nº 3728 de 28/09/2023. Código de Controle do Documento: 308569e3-ab5b-4901-9ae1-05d2c162ccd6
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elevados. É obrigatória, nesses casos, a observância dos percentuais previstos


nos §§ 2º ou 3º do art. 85 do CPC - a -, os quais serão subsequentemente
depender da presença da Fazenda Pública na lide calculados sobre o valor: (a)
da condenação; ou (b) do proveito econômico obtido; ou (c) do valor
atualizado da causa. ii) Apenas se admite arbitramento de honorários por
equidade quando, havendo ou não condenação: (a) o prove ito econômico
obtido pelo vencedor for inestimável ou irrisório; ou (b) o valor da causa for
muito baixo.
4. No caso concreto, tratando-se de questão relativa à legitimidade, tem-se que
o proveito econômico não é estimável, donde os honorários poderiam ser
arbitrados nos termos do art.
85, §8º, do CPC/2015 e dos Recursos Especiais representativos de controvérsia
nºs 1.358.837/SP, 1.850.512/SP e 1.877.883/SP. Note-se que essa conclusão
tem sido reforçada pelos precedentes mais recentes do C. STJ, nos quais se tem
compreendido que não há uma relação direta e objetiva entre a atuação dos
patronos e o proveito econômico obtido por seus clientes nas situações em que
há a extinção de execuções fiscais (AgInt no AgInt no AREsp n.
1.967.127/RJ, Rel. Min. Gurgel de Faria, Primeira Turma, julgado em
7/6/2022, DJe de 1/8/2022) Por fim, nem mesmo a previsão do §6º-A,
recentemente incluído no CPC/2015 pela .
Lei 14.365/2022, é capaz de infirmar a conclusão a que se chegou, porquanto
esse novel dispositivo excepciona as hipóteses previstas pelo §8º, de incidência
na presente hipótese.
Aplicando o §8º do art. 85 do CPC/2015, tem-se por suficiente a fixação da
verba honorária em R$ 5.000,00 (cinco mil reais), dado o fato de que a exceção
de pré-executividade revolveu a alegação de simples ilegitimidade passiva do
sócio corresponsável, sem a necessidade de qualquer dilação probatória em
ação de embargos de devedor.
5. Recurso provido para determinar a redução da verba honorária ao patamar
de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), com base no art. 85, §8º, do CPC/2015.
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A parte recorrente aponta violação ao art. 85, §2º e § 3º, do CPC. Sustenta,
em resumo, "a manutenção dos honorários advocatícios sucumbenciais fixados na origem
no patamar mínimo de 10% sobre o valor da causa, uma vez que o arbitramento da verba
honorária por equidade só se admite quando, havendo ou não condenação, o valor
econômico obtido pelo vencedor for inestimável ou irrisório, ou o valor da causa for
muito baixo, hipóteses que não se amoldam no caso em questão" (fl. 1.087).
Contrarrazões apresentadas às fls. 1.109/1.117.
É O RELATÓRIO. SEGUE A FUNDAMENTAÇÃO.
De início, a matéria de fundo debatida nos autos quanto à possibilidade da
fixação dos honorários por apreciação equitativa (artigo 85, § 8º, do Código de Processo
Civil) quando os valores da condenação, da causa ou o proveito econômico da demanda
forem exorbitantes, foi afetada pelo Supremo Tribunal Federal ao rito da repercussão
geral (RE 1.412.069 - Tema 1.255).
Mostra-se conveniente, assim, em observância ao princípio da economia
processual e à própria finalidade do CPC/2015, determinar o retorno dos autos à origem,
onde ficarão sobrestados até a publicação do acórdão a ser proferido nos autos do recurso
representativo da controvérsia.

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Confira-se, a propósito, precedente desta Corte:


TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.
OMISSÃO CONSTATADA. TEMA AFETADO AO RITO DA REPERCUSSÃO
GERAL (RE 928.984/SP - Tema 914). EXEGESE DOS ARTS. 1.040 e 1.041 DO
CPC/2015. DEVOLUÇÃO E SOBRESTAMENTO DO ESPECIAL NA CORTE
DE ORIGEM.
1. A matéria de fundo debatida nos autos, referente à constitucionalidade da
Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico - CIDE sobre remessas ao
exterior, instituída pela Lei 10.168/2000, posteriormente alterada pela Lei
10.332/2001, foi afetada pelo Supremo Tribunal Federal ao rito da repercussão
geral (RE 928.984/SP - Tema 914).
2. Mostra-se conveniente, em observância ao princípio da economia processual
e à própria finalidade do CPC/2015, determinar o retorno dos autos à origem,
onde ficarão sobrestados até a publicação do acórdão a ser proferido nos autos
dos recursos representativos da controvérsia.
3. Embargos de declaração acolhidos, com efeitos infringentes, para tornar sem
efeito as decisões anteriores, com a restituição dos autos ao Tribunal de
origem, para que, no momento oportuno, seja observado o disposto nos arts.
1.040 e 1.041 do CPC/2015.
(EDcl no AgInt no AREsp n. 584.511/RJ, relator Ministro Sérgio Kukina,
Primeira Turma, julgado em 11/2/2020, DJe de 20/2/2020)

EM RAZÃO DO EXPOSTO, julgo prejudicado o recurso e determino a


devolução dos autos, com a respectiva baixa, ao Tribunal de origem, onde, nos termos
dos arts. 1.040 e 1.041 do CPC, deverá ser realizado o juízo de conformação ou a
manutenção do acórdão local frente ao que vier a ser decidido pela Excelsa Corte.
Documento eletrônico juntado ao processo em 27/09/2023 às 12:00:02 pelo usuário: SISTEMA JUSTIÇA - SERVIÇOS AUTOMÁTICOS

Observa-se, ainda, que, de acordo com o artigo 1.041, § 2º, do referido


diploma legal, "quando ocorrer a hipótese do inciso II do caput do art. 1.040 e o recurso
versar sobre outras questões, caberá ao presidente ou ao vice-presidente do Tribunal
recorrido, depois do reexame pelo órgão de origem e independentemente de ratificação
do recurso, sendo positivo o juízo de admissibilidade, determinar a remessa do recurso
ao tribunal superior para julgamento das demais questões", cuja diretriz metodológica,
por certo, deve alcançar também aqueles feitos que já tenham ascendido a este STJ.
Publique-se.
Brasília, 27 de setembro de 2023.

Sérgio Kukina
Relator

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